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Rede de relacionamentos: compreendendo o desenvolvimento da carreira do empreendedor de um hospital privado de referência em Pernambuco

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Academic year: 2017

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(1)

Faculdade Boa Viagem

CPPA

Centro de Pesquisa e Pós-graduação em Administração

Mestrado em Administração

Vivianne Maria de Paula Ferreira Costa

REDE DE RELACIONAMENTOS: COMPREENDENDO O

DESENVOLVIMENTO

DA

CARREIRA

DO

EMPREENDEDOR DE UM HOSPITAL PRIVADO DE

REFERÊNCIA EM PERNAMBUCO

(2)

FACULDADE BOA VIAGEM

CPPA – CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

CLASSIFICAÇÃO DE ACESSO A TESES E

DISSERTAÇÕES

Considerando a natureza das informações e compromissos assumidos com suas fontes, o acesso a monografias do Mestrado em Administração do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação – CPPA – da Faculdade Boa Viagem é definido em três graus:

 Grau 1: livre (sem prejuízo das referências ordinárias em citações diretas e indiretas);

 Grau 2: com vedação a cópias, no todo ou em parte, sendo, em conseqüência, restrita a consulta em ambientes de bibliotecas com saída controlada;

 Grau 3: apenas com autorização expressa do autor, por escrito, devendo, por isso, o texto, se confiado a bibliotecas que assegurem a restrição, ser mantido em local sob chave ou custódia;

A classificação desta dissertação se encontra, abaixo, definida por seu autor.

Solicita-se aos depositários e usuários sua fiel observância, afim de que se preservem as condições éticas e operacionais da pesquisa científica na área de administração.

Título da Dissertação: “REDE DE RELACIONAMENTOS: COMPREENDENDO O DESENVOLVIMENTO DA CARREIRA DO EMPREENDEDOR DE UM HOSPITAL PRIVADO DE REFERÊNCIA EM PERNAMBUCO”

Nome da autora: Vivianne Maria de Paula Ferreira Costa

Data da Aprovação: 31 de julho de 2008.

Classificação conforme especificação acima:

Grau 1

Grau 2

Grau 3

Recife, 31 de julho de 2008.

(3)

Ferreira Costa, Vivianne Maria de Paula

Rede de Relacionamentos: Compreendendo o Desenvolvimento da Carreira do Empreendedor de um Hospital Privado de Referência em Pernambuco / Vivianne Maria de Paula Ferreira Costa. – Recife: O Autor, 2008.

108 folhas ; figuras, quadro

Dissertação (mestrado) – Faculdade Boa Viagem. Administração, 2008.

Inclui bibliografia, apêndice e anexos

1. Rede de Relacionamentos 2. Carreira 3. Empreendedorismo 4. Hospitais 5. História de Vida I. Título

CDU

65.016:725.51

(4)

VIVIANNE MARIA DE PAULA FERREIRA COSTA

REDE DE RELACIONAMENTOS: COMPREENDENDO O

DESENVOLVIMENTO

DA

CARREIRA

DO

EMPREENDEDOR DE UM HOSPITAL PRIVADO DE

REFERÊNCIA EM PERNAMBUCO

Dissertação apresentada ao Centro de Pós-graduação e Pesquisa em Administração da Faculdade Boa Viagem, como requisito complementar para obtenção do título de Mestre em Administração.

Orientador: Prof°. Dr. Helder Pontes Régis.

(5)

Vivianne Maria de Paula Ferreira Costa

Rede de relacionamentos: Compreendendo o desenvolvimento da

Carreira do Empreendedor de um Hospital Privado de Referência em

Pernambuco

Dissertação submetida à Banca Examinadora do Centro de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da Faculdade Boa Viagem, como requisito complementar para obtenção do título de Mestre em Administração.

Aprovada em _____ / ____ / ____

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________ Prof. Emanuel Ferreira Leite, Doutor, UPE (examinador externo)

__________________________________________________________ Prof. James Anthony Falk, Ph.D., FBV (examinador interno)

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Agradecimentos

Primeiramente a Deus, que me possibilitou o dom da vida e sem a sua permissão eu não teria chegado onde cheguei; que em Jesus me ajudou a superar os momentos de desânimo, me deu forças e me fez confiante no amanhã.

Ao meu marido que possibilitou a minha participação e pelas muitas vezes que me emprestou sua paciência ouvindo meus questionamentos.

Aos meus filhos Constâncio, Luiz Henrique e Maria Victória pela ausência que fui obrigada a fazê-los sentir.

Aos meus pais, que sempre presentes nos momentos em que precisei me impulsionaram a seguir em frente em busca deste objetivo. Às minhas cunhadas Karla e Daniella, pelas inúmeras substituições no meu papel de mãe, acolhendo meus filhos.

Ao meu orientador, que com sua calma, conhecimento e confiança com que pautou suas orientações foi decisivo para a realização desta pesquisa. Ter a oportunidade de cursar as suas disciplinas foi um privilégio e um prazer.

Ao Prof. James Falk, pelas críticas e sugestões fornecidas e, principalmente, pela experiência com que ministrou as aulas de metodologia, essenciais para esse estudo; ao Prof. Eduardo Lucena pela inspiração que o seu trabalho com profissionais na área de varejo me proporcionou; ao Prof. Emanuel Leite pela presteza em aceitar a participação como examinador externo, contribuindo imensamente com suas sugestões.

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Não poderia esquecer a minha network pelos inúmeros e constantes pedidos para

que fosse possível minha entrevista. Meus sinceros agradecimentos a Paulo Almeida, Guilherme Ferreira Costa, Vera Moura e Silvana Abreu. As amigas do terço e Joanita pelas orações muito valiosas.

À Rita Castellan, amiga querida, que fiz na graduação, e que esteve ao meu lado nesta jornada, pelas vezes que compartilhamos nossos momentos de angústia e pelas inúmeras vezes que compartilhamos nossas alegrias também.

Não poderia deixar de agradecer aos colegas da turma II pela amizade e aos que fazem a FBV, especialmente Albina.

Enfim, a todos que direta e indiretamente contribuíram, apoiaram, ajudaram para que esse trabalho fosse possível.

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Resumo

Este estudo buscou compreender como o diretor do Hospital Santa Joana, dotado de capacidades e recursos, organiza a gestão dos seus relacionamentos e como obtém os melhores resultados dessa interação.

A inspiração para este trabalho surgiu através da leitura do artigo “Como os

executivos de pequenas empresas varejistas aprendem” de Eduardo de Aquino Lucena,

no ano de 2001, onde identificou que o aprendizado em ambientes organizacionais ocorre por intermédio das interações com outras pessoas. Essas interações podem ocorrer de diversas formas e o conteúdo transacionado entre elas pode ser analisado como sendo de amizade, de informação e de confiança. O foco do estudo está sobre a influência da network no desenvolvimento da carreira de um profissional de destaque, o

fundadordo Hospital Santa Joana, Dr. Eustácio Vieira.

Utilizando-se de uma abordagem qualitativa, do tipo descritiva, a metodologia de pesquisa utilizada foi a história oral. Essa metodologia visa reconstruir uma experiência humana vivida que ajuda a compreender o comportamento das pessoas.

A coleta de dados foi realizada em dois momentos. Primeiro, através de entrevista semi-estruturada, gravada e transcrita para capturar a história de vida do Dr. Eustácio Vieira, e segundo com o preenchimento do cartão gerador de nomes (REGIS, 2005) para capturar os papéis sociais desempenhados pela sua rede de relacionamentos. Os dados gerados pela entrevista foram analisados segundo as prescrições da Análise de Conteúdo (BARDIN, 2004).

Os resultados sugerem a forte influência da rede de relacionamento no desenvolvimento da carreira do profissional focal com destaque para o conteúdo transacionado relativo à informação. A busca do conhecimento através de sua rede de relacionamento também foi identificada como um valor fundamental na vida deste profissional.

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Abstract

This paper has the purpose to point out how the director of Santa Joana Hospital, provided of resources and capacity, carries on the management of his relationships, and how he obtains better results due to this level of interaction.

The idea of carrying on this study came up by reading the article “Como os

executivos de pequenas empresas varejistas aprendem (How the businessmen of small

retail companies learn)”, written by Eduardo de Aquino Lucena in 2001, in which it was

identified how the learning process within organizational environments occurs by the interaction among people. This interaction may occur in several ways and the content of their transactions may be analyzed under different perspectives like friendship, information, and reliability. This study focuses on the relationships network influence upon the career development of a highlighted professional, the founder of Santa Joana Hospital, Dr. Eustácio Vieira.

Using a qualitative approach of descriptive nature, the methodology used for this research was the oral report. This methodology has the purpose of rebuilding a human life history that helps to better comprehend the behavior of people.

A two step data collecting process was utilized. First, a semi-structured interview was recorded and transcribed in order to capture the life history of Dr. Eustácio Vieira, and next names generator card was filed out (REGIS, 2005) to identify the social roles carried out by Dr. Vieira`s relationships network. The data collected from the interview was analyzed in accordance to the requirements of Content Analysis (BARDIN, 2004).

The results suggest a powerful influence of the relationships network upon the career development of the professional on focus, highlighting the content of transactions related to information. The constant search for knowledge through his relationships network was also identified as a fundamental characteristic of this professional life.

Key words: relationships network, careers, entrepreneurships, hospitals, life history.

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Lista de Figuras

Figura 1 – Interseções dos Objetos de Investigação... 21

Figura 2 – As Correntes que Desembocaram na Moderna Análise de Redes Sociais.... 24

Figura 3 - Dimensões do Capital Social... 32

Figura 4 – Modelo da Carreira Empreendedora... 41

Figura 5 – Papel Social da Rede de Relacionamentos do Dr. Eustácio Vieira... 74

Figura 6 – Papel Social Gerado pela Entrevista... 80

(13)

Lista de Quadro

(14)

Lista de Esquema

(15)

Sumário

1 Introdução... 13

1.1 Pergunta de Pesquisa...16

1.2 Objetivo Geral...18

1.3 Objetivos Específicos... 18

1.4 Justificativa... 18

2 Referencial Teórico...21

2.1 História da Análise das Redes Sociais...22

2.2 Capital Social...26

2.3 Dimensão Cognitiva... 30

2.4 Dimensão Estrutural...33

2.5. Dimensão Relacional... 35

2.6 Carreira Empreendedora...36

2.7 Amizade... 44

2.8 Informação... 45

2.9 Confiança... 46

3 Metodologia... 48

3.1 Delineamento do Estudo...48

3.2 Hospital Santa Joana...57

3.3 Coleta de Dados...59

3.4 Sujeito da Pesquisa...60

3.5 Análise dos Dados...61

4 Resultados... 63

4.1 Carreira empreendedora do Dr. Estácio Vieira...64

4.2 Influência da rede de relacionamentos na carreira do Dr. Estácio Vieira...66

4.3 Papéis sociais desenvolvidos pela rede de relacionamentos do Dr. Estácio Vieira. 68 4.4 Limitações... 81

5 Conclusões... 82

Referências... 85

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Apêndice B – Roteiro da Entrevista... 96

Apêndice C – Cartão Gerador de Nomes... 98

Anexo 1 – Notícias da ANAHP... 100

Anexo 2 – Notícias Sobre o Monsenhor Vieira ...102

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1 Introdução

O homem sempre teve a necessidade de se agrupar para conseguir atingir seus objetivos, sejam estes voltados para a sobrevivência ou para um fim específico. Os resultados conseguidos através dessa união agregaram valores para cada indivíduo pertencente ao grupo em termos de competências adquiridas, conhecimentos compartilhados, conteúdos transacionados e para o grupo como um todo.

O capital social é o complemento contextual do capital humano na explicação da vantagem obtida por certas pessoas. Ele explica como as pessoas podem obter resultados mais eficazes e eficientes por estarem melhores conectadas com outras pessoas, dentro do próprio grupo ou fora dele. Essas conexões podem estar centradas na confiança, na amizade ou na simples troca de informações. A posição do indivíduo na estrutura do relacionamento pode ser um ativo a seu favor (BURT, 2005).

Bourdieu (1986) afirma ser o capital social formado de recursos, atuais e virtuais gerados para o indivíduo ou para o grupo, pelo mérito de possuírem uma rede de relacionamentos duráveis mais ou menos institucionalizadas de conhecimento mútuo e reconhecimento.

A idéia de que as relações sociais compõem um tecido que condiciona a ação dos indivíduos nele inseridos é do início do século XX. A metáfora do tecido ou rede, utilizada inicialmente na sociologia e depois na psicologia e antropologia, procura associar o comportamento individual à estrutura da rede a qual o indivíduo pertence. Essa associação transformou-se em uma metodologia denominada sociometria, que é uma técnica de pesquisa em ciências sociais a qual avalia a proximidade e a distância entre as pessoas, resultando assim em uma estrutura denominada sociograma (MATELETO, 2004).

A abordagem das redes sociais é recente nos estudos organizacionais. Somente a partir da década de 70 é que esse tema começa a interessar a comunidade acadêmica da área, e hoje, a análise das redes sociais vem crescendo em diversos campos do conhecimento (REGIS, FALK; DIAS; BASTOS, 2007). No Brasil, apenas por volta de 1990 é que se iniciou o interesse por essa temática. Segundo Marteleto (2001), essas

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podem ser os indivíduos, um grupo ou organizações que estejam conectados por alguma relação.

A análise de redes sociais desperta grande interesse dos pesquisadores que tentam explicar o impacto dos relacionamentos na vida social das pessoas. Souza (2006) e Régis (2005) mapearam as redes de relacionamento informais e mostraram os benefícios recebidos pelos indivíduos com sua utilização. Da mesma forma, Lucena (2001), em sua tese sobre a aprendizagem, conclui que a construção de uma rede é um aspecto importante no trabalho dos executivos da área de varejo.

A dinâmica complexa do mundo corporativo, com sua concorrência acirrada, com a escassez cada vez maior de empregos formais e uma grande apologia ao auto-emprego, despertam em determinadas pessoas a iniciativa de se aventurar a abrir seu próprio negócio, sem ter a noção da ajuda que recebe de sua rede de relacionamentos.

Dyer (1994) afirma que o empreendedor passa por várias etapas no trajeto de sua carreira. Em um primeiro momento, estaria a escolha da carreira; em um segundo, a socialização da carreira que descreve os tipos de experiências sociais que influenciam no trajeto dessa carreira.

Os diferentes caminhos que o indivíduo utiliza para executar os vários papéis desempenhados e, por último, as mudanças ocorridas nos papéis desempenhados pelo indivíduo, nos negócios, na família e pessoalmente (SCHEIN, 1978).

De uma maneira simplificada, podemos afirmar que as atividades principais de um empreendedor à frente de sua organização dizem respeito ao estabelecimento de objetivos para o desempenho dos grupos, a distribuição de tarefas, a forma de execução do trabalho, a tomada de decisões e as resoluções de problemas (RIBEIRO, 2001). Administrar uma organização hospitalar que serve como referência de qualidade e atuação na região onde está localizada, requer desse executivo, além das habilidades já citadas (liderança, gerenciamento), a capacidade de saber articular sua rede de relacionamento, compartilhando e gerando conhecimentos.

Nesta pesquisa, pretende-se abordar as redes de relacionamentos do fundador de uma organização hospitalar de referência. Essa escolha deu-se por ser a cidade do Recife considerada um pólo de saúde de referência nacional, ocupando o segundo lugar no país em qualidade, modernidade e avanço tecnológico (GRUPO FERNANDES VIEIRA, 2008). A área de saúde passa a ocupar a primeira posição do ranking das 50

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formais; paralelamente a isso, propicia a oferta de empregos informais na área de hotelaria, recepção, transportes, restaurantes,

Com a intenção de preencher uma lacuna existente na literatura nacional da área e buscar evidência sobre o apoio que o diretor obtém de sua rede de relacionamentos para o desenvolvimento de sua carreira, este estudo volta-se para a rede social informal do diretor do Hospital Santa Joana e o desenvolvimento da sua carreira empreendedora.

A metodologia escolhida se pauta na abordagem qualitativa e utiliza como estratégia de pesquisa um Estudo de Caso. Apoiada em Vergara (2006), foi utilizada para a coleta de dados a história oral, através de uma entrevista semi-estrturada para capturar a história de vida do Dr. Eustácio Vieira.

(20)

1.1 Pergunta de Pesquisa

O conflito entre diferentes correntes nas ciências sociais, quanto à definição de

„redes‟, que criam a dicotomia entre indivíduo e sociedade, ator e estrutura, abordagens subjetivistas e objetivistas, enfoques micro e macro da realidade social, têm feito com que os pesquisadores dêem ênfase analítica de acordo com as suas correntes científicas em uma das partes (RÉGIS, 2005; MARTELETO, 2001).

Marteleto (2001) considera que as redes sociais ou network são representações

de um conjunto de participantes autônomos, que une idéias e recursos em torno de valores e interesses compartilhados. Assim, o estudo das redes interessa a pesquisadores de várias correntes que tentam explicar o impacto da rede na vida social (MARTELETO, 2004).

As redes são compostas por conexões que ligam os indivíduos, grupos e organizações por algum tipo de relação. A partir das redes sociais é possível conhecer como a sua dinâmica opera no contexto dos empresários que buscam apoio para o desenvolvimento de suas carreiras (RÉGIS, 2006), como também os efeitos das transferências de informações (MARTELETO, 2004).

Na visão de Kuipers (1999), a estrutura social informal nas organizações refere-se aos padrões das interações, onde as regras de comportamento que definem a posição social do indivíduo e a maneira como ele se relaciona não são explicitadas pelas organizações, pois dependem muito mais dos atributos pessoais dos seus participantes. Esses padrões vão além do organograma formal. As conexões informais facilitam a transferência de informação. Os resultados podem ser a ajuda para realizar uma atividade, a confiança surgida entre os indivíduos e o suporte social entre as pessoas. Essas ligações informais são importantes fontes de identidade e amizade na organização e não exigem nada em troca.

As redes sociais ou networks podem ser denominadas de redes, sistemas de

novos elos, de estrutura sem fronteira, comunidade não geográfica ou um sistema de apoio (MARTELETO, 2001). Norbert Elias (1994), citado por Marteleto (2004) em sua

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diferentes das planejadas pelos indivíduos que participam dela. Os indivíduos influenciam e são influenciados pelas mudanças e transformações da rede. Assim, parte do ambiente de um ator é fruto da herança recebida pela posição social, emprego, raça, religião e, parte, desenvolvida pelo próprio ator ao longo de sua vida (MARTELETO, 2004).

Para Scott (2000), as redes são constituídas a partir de dois tipos ideais de ação que se combinam de vários modos para formar redes de interação concretas. São elas: a comunicação e a ação instrumental. A primeira envolve transferência de informação entre os indivíduos e a segunda envolve a transferência de bens e serviços entre as pessoas.

Mais recentemente, Régis (2005) abordou os fenômenos das redes sociais através das três dimensões do capital social apresentadas por Nahapiet e Ghoshal (1998) para investigar a forma como os empresários buscam apoio nas suas redes de relacionamentos.

Neste estudo, será focada apenas a dimensão cognitiva para identificar a percepção do empresário sobre o desenvolvimento da sua carreira e a influência da sua rede de relacionamentos.

Desse contexto, surge a seguinte pergunta de pesquisa: Qual o papel da rede de relacionamentos no desenvolvimento da carreira do diretor do Hospital Santa Joana na cidade do Recife?

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1.2 Objetivos Geral

Compreender o papel da rede de relacionamentos no desenvolvimento da carreira do fundador do Hospital Santa Joana, na cidade do Recife.

1.3 Objetivos Específicos

1. Descrever como a carreira empreendedora do fundador do Hospital foi construída;

2. Descrever a influência da rede de relacionamentos no início dacarreira do fundador estudado;

3. Identificar quais os papéis sociais desempenhados pela rede de relacionamentos do fundador com relação à amizade, à informação e à confiança.

1.4 Justificativa

A motivação deste estudo deve-se à escassez de pesquisas sobre redes sociais informais nas dimensões relacional e cognitiva do capital social. Esta lacuna é resultante da carência de estudos empíricos que ultrapassem o nível individual e possibilitem a análise da construção social das redes de desenvolvimento e dos conteúdos transacionados nessas redes (RÉGIS; BASTOS; DIAS, 2006).

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Figura 1: Interseções dos objetos de investigação

As dimensões relacionais, estruturais e cognitivas, foram destacadas no estudo de Régis (2005), como um dos pioneiros a abordar redes de relacionamentos. Neste estudo abordar-se-ão interseções entre a estrutura das redes sociais, a cognição da carreira empreendedora e o conteúdo transacionado a partir dos conhecimentos existentes sobre os temas, FIGURA 2. Neste sentido, entende-se como fundamental, para o bom desempenho dos profissionais, a compreensão deste imbricamento.

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Por esta razão, é importante o desenvolvimento das bases teóricas dos conteúdos transacionados nas redes sociais informais para que enriqueçam a literatura já existente.

Assim, o presente estudo se justifica pela contribuição à literatura no campo dos estudos organizacionais: a constituição e dinâmica de redes sociais informais, as redes de amizade, de informação e de confiança e os significados introjetados pelo ator pesquisado. A aproximação desses fenômenos contribui para uma melhor compreensão do papel das redes no desenvolvimento da carreira de um empreendedor de sucesso.

Diante do exposto as justificativas teóricas por si só já salientam a importância de estudar as redes sociais informais, ainda mais quando a teoria caminha lado a lado com a prática. Na prática os efeitos são mais visíveis e os relacionamentos existentes na organização podem ser melhores observados.

Este estudo se justifica por possibilitar um melhor entendimento dos conflitos e desafios enfrentados pelo empresário na execução dos seus diversos papéis durante as etapas vividas na sua carreira, como também entender de que forma o empresário é motivado a ingressar numa carreira empreendedora.

As relações pessoais são um recurso valioso para enfrentar os desafios e mudanças que surgem na rotina de um empresário. Este trabalho ajudará os gestores a organizarem os seus relacionamentos e assimilarem os conhecimentos sobre redes sociais informais, valorizando o ser humano, fonte de conhecimento nas organizações, capaz de transformar a realidade.

O trabalho nas organizações vem se tornando cada vez mais dinâmico e complexo, principalmente nas relações humanas. Castells (1996) sugere que o próprio capitalismo passa por profundas reestruturações caracterizando-se por flexibilidade de gerenciamento, descentralização das empresas e sua organização em redes, tanto internamente quanto em suas relações com outras empresas.

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2 Referencial Teórico

A proposta do presente capítulo é apresentar o referencial teórico-conceitual que serve de embasamento para a pesquisa realizada e apóia o processo de análise dos dados coletados. Contextualiza-se o tema com uma breve revisão teórica sobre a evolução histórica das Redes nas Ciências Sociais e o capital social gerado em três dimensões. No esquema 1, é apresentada a organização da fundamentação teórica em seus temas e sub-temas. A dimensão cognitiva refere-se à carreira do empresário e ao papel da

network para o desenvolvimento dessa carreira, gerando o mapa cognitivo do

empresário pesquisado. Os laços da network são abordados através da dimensão

estrutural e a dimensão relacional trata dos conteúdos transacionados, amizade, informação e confiança.

(26)

2.1

História da Análise das Redes Sociais

Scott (2000) realizou uma síntese das diversas correntes sociológicas que marcaram o desenvolvimento da análise das redes. A FIGURA 2, a seguir, retrata as correntes que influenciaram essa evolução histórica.

Figura 2: As correntes que desembocariam na moderna Análise de Redes Sociais

Fonte: Scott, 2000, p.8.

(27)

Os analistas sociométricos, na década de 30, criaram a teoria dos grafos: um conjunto de axiomas matemáticos que possibilitam a resolução de problemas complexos, por meio da representação gráfica, utilizando pontos, arcos, linhas e setas, para demonstrar ligações entre os elementos – nodos ou nós – envolvidos na relação

(MARINHO DA SILVA, 2003; OPPEL SILVA, 2007). Nessa perspectiva, um grafo é

um conjunto de nodos ou nós, ligados entre si por linhas, também chamada arcos. Com

base nessa teoria, autores como Moreno, Kurt Lewin e Franz Heider investigaram padrões de relações sociais informais e a constituição de subgrupos, convertendo em grafos de nodos conectados por arcos as relações entre um grupo de pessoas.

As configurações sociais definidas por Moreno (SCOTT, 2000) são o resultado de padrões concretos de escolhas interpessoais, atração, repulsão, amizade e outras relações nas quais as pessoas se envolvem. O autor desenvolveu os sociogramas, representações gráficas das configurações sociais que permitem identificar líderes, indivíduos isolados, descobrir assimetrias e reciprocidade, mapear cadeias de conexão, mapear canais de comunicação, uma vez que representam forças de atração, repulsão e indiferença que operam nos grupos, ratificado por Oppel Silva (2007), quando sugere que os objetos não são percebidos independentemente dos esquemas mentais, mas constituídos por eles. Seu propósito era revelar a estrutura de escolhas de amizade em grupos, usando experimentação, observação controlada e questionários, explorar as maneiras pelas quais as relações entre as pessoas de um grupo serviam como limitantes e oportunas para suas ações e, conseqüentemente, seu desenvolvimento psicológico.

Outro conceito criado por essa corrente é o da “estrela sociométrica”, que

permite uma rápida visualização dos relacionamentos entre os atores de um grupo, identificando o indivíduo que recebe numerosas e freqüentes escolhas de outros indivíduos e que, por conseguinte, tem uma posição de elevada popularidade e liderança.

A segunda fonte de contribuição aos estudos das redes sociais foi a dos pesquisadores de Harvard, com a identificação dos padrões de relações interpessoais informais e a formação de subgrupos. Esses padrões serviram como base para os estudos na fábrica de Hawthorne (comparativo entre as condições físicas de trabalho e a produtividade), em que se utilizou, pela primeira vez em situação real, o sociograma quando do registro das relações informais do grupo investigado.

Através dos estudos Yakee City, relatados por Scott (2000), foi definido o

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informais, ou seja, associações informais de pessoas, em torno das quais há um grau de sentimento de grupo e intimidade e onde certas normas de conduta são tacitamente estabelecidas e aceitas.

Já Warner, refere-se às configurações sociais como teias de relações, através das quais as pessoas interagem entre si. Essas configurações sociais compõem-se de vários tipos de subgrupos, tais como, família, igreja e associações. Para Warner e Lunt (1941), citado por Scott (2000), “essa sobreposição de cliques espalha-se em uma rede de inter-relações que integram uma comunidade em um único e vasto sistema de inter-relações de

cliques”.

Em outro estudo denominado Old City, relatado por Scott (2000), os cliques foram definidos como interseções de círculos sociais. A inovação desse estudo foi analisar as afiliações dos cliques definidos pela idade e pela classe social tentando explorar a estrutura interna destes. Os pesquisadores entenderam que um clique pode ser dividido em três camadas: núcleo, círculo primário e círculo secundário. O núcleo é composto de pessoas que interagem mais freqüentemente e intimamente; um círculo primário compõe-se daqueles que se unem ao núcleo ocasionalmente, mas nunca como um grupo em si e, o círculo secundário compõe-se daqueles que muito raramente se reúnem ao núcleo.

A estrutura dos “cliques” foi baseada nesses dois estudos. No primeiro, foram realizadas uma análise formal estrutural e uma análise posicional ou distância geodésica das estruturas definidas e, no segundo, foi feita uma interseção dos círculos sociais concluindo-se com a análise interna dos cliques.

Assim, de acordo com os estudos pioneiros de Hawthorne, de Yakee City e Old City, as pessoas são integradas às comunidades por meio de relações informais e pessoais da família e dos subgrupos (cliques) e não só por meio das relações formais,

advindas dos aspectos econômicos e políticos. Surge, então, o embrião para o desenvolvimento das primeiras pesquisas que adaptaram os diagramas antropológicos ao mapeamento de relações no contexto organizacional. Esse mapeamento demonstrou a existência e a importância de relações informais não previstas no organograma formal da empresa (OPPEL SILVA, 2007).

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interações essas que variam em freqüência, duração e sentido. Para ele, as interações são a base sobre a qual os sentimentos entre as pessoas se desenvolvem; é a ação que se exerce mutuamente entre duas ou mais pessoas.

De acordo com a FIGURA 2, a terceira contribuição aos estudos das redes sociais veio com os antropólogos de Manchester que aplicaram os conceitos das vertentes anteriores, porém enfatizaram em seus estudos uma abordagem estrutural que reconhecia a importância do conflito e do poder tanto em estruturas sociais estáveis quanto em momentos de mudança ou transformação. O principal pesquisador dessa corrente foi Gluckman. Para ele, conflito e poder eram elementos que estavam presentes na estrutura social e, em suas análises, destacava as atividades de negociação, barganha e coerção na produção de integração social. Dava-se maior importância às reais configurações das relações que surgiam no conflito e poder nos grupos, em detrimento das instituições e das normas formalizadas nas sociedades.

Nas décadas de 60 e 70, as citadas correntes uniram-se em Harvard e estruturaram as bases da moderna teoria de redes sociais. São notórios os trabalhos de Max Gluckman, John Barnes, Elizabeth Bott, Siegfried Nadel e Clyde Mitchell. Mais recentemente surgem os trabalhos do Prof. David Krackhardt que representam um marco para a análise de redes sociais (OPPEL SILVA, 2007).

Outros trabalhos foram influenciados pelos estudos de Barnes, com relação aos relacionamentos de parentesco, que emprega o conceito de rede como instrumento para investigar as várias formas tomadas pelas relações de parentesco. Elizabeth Bott, uma psicóloga canadense interessada em psicoterapia, foi uma dessas pessoas influenciadas por ele. Barnes e Bott exploraram os estudos da corrente sociométrica de Moreno, pois o conceito de rede social parecia ir ao encontro da necessidade de entender sociedades mais complexas. Outro psicólogo, Siegfried Nadel, influenciado pelos trabalhos de Barnes e Bott abraçou a abordagem estrutural. O ponto de partida desses trabalhos foi

sua definição de estrutura „como a articulação ou o arranjo de elementos para formar o

todo‟(MARINHO DA SILVA, 2003).

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crescente interesse nas relações, nos processos, na busca de fenômenos elementares e na construção de modelos regenerativos.

A análise de redes sociais trabalha com alguns conceitos desenvolvidos nas áreas da sociologia e da antropologia. Régis (2005), citando Emirbayer e Goodwin (1994), define redes sociais como um conjunto de relações ou ligações sociais entre determinados atores. Lipnack e Stamps (1992 apud MARTELETO, 2001 p. 72) afirmam que:

“O que é novo no trabalho em redes de conexões é sua

promessa como uma forma global de organização com raízes na participação individual. Uma forma que reconhece a independência enquanto apóia a interdependência. O trabalho em redes de conexões pode conduzir a uma perspectiva global baseada na

experiência pessoal”.

Este estudo está alicerçado na teoria das redes sociais, com ênfase no capital social gerado pelos relacionamentos entre os atores das redes. Esses relacionamentos geram o capital social, um relacionamento afinado que soma conhecimento, que pode e deve ser utilizado pelos membros que compõem a rede, no sentido de melhorar esses relacionamentos, visto que estão diretamente relacionados ao sucesso organizacional. Segundo Marteleto (2004), a construção de redes sociais e a conseqüente aquisição de capital social estão condicionadas por fatores culturais, políticos e sociais.

Para responder à pergunta de pesquisa “Qual o papel da rede de relacionamentos

no desenvolvimento da carreira do fundador do hospital?” é necessário abordar o capital social e suas dimensões mais detalhadamente, o que será apresentado a seguir.

2.2 Capital Social

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privilégios no acesso a conhecimento e informação, oportunidades preferenciais para novos negócios, reputação, influência e uma melhor compreensão das normas sociais do grupo como um bem do qual os indivíduos se apropriam. É quase impossível detalhar os diversos entendimentos sobre capital social, mas vale salientar alguns autores. Putnam (1995) reconhece que o capital social está relacionado com o engajamento cívico. A união das comunidades depende do relacionamento social, reconhecimento das normas de comportamento e confiança. Ele afirma que esses componentes constroem o capital social em comunidades e que é necessário para melhorar a qualidade de vida, o engajamento cívico e o desenvolvimento da comunidade. Kay e Pearce (2003), citando Bourdieu (1986), mostrou que o capital social caminha lado a lado com o capital econômico e cultural e pode fazer parte das estratégias dos indivíduos e grupos para produzir mais capital social e/ou converter isso em outras formas de capital social. Hirschman citado por Kay e Pearce (2003), usa o termo “energia social” e sugere que o termo seja composto de três componentes – “amizade”, enfatizando o impacto pessoal do capital social; “ideais”, os quais podem levar a compartilhar idéias baseadas em valores; e “idéias”, as quais levam grupos e indivíduos a apresentarem novas soluções para os problemas.

O capital social pode ser desdobrado em cinco elementos que facilitam o entendimento e se tornam aplicáveis no dia a dia das pessoas: redes sociais e reciprocidade (Dimensão estrutural), normas compartilhadas (Dimensão cognitiva) e confiança e comprometimento (Dimensão relacional) (KAY; PEARCE, 2003). O conteúdo transacionado na dimensão relacional do capital social e as normas compartilhadas são o foco deste estudo.

Algumas implicações são necessárias para a construção do capital social, tais como: a construção de uma consciência sobre o capital humano no sentido de reforçar os valores desenvolvidos na comunidade, incentivar as redes sociais, formar grupos de apoio comunitário para ajudar na tomada de decisão, encorajar as interações sociais, especialmente em áreas desprivilegiadas onde o capital social pode ser pouco observado; construir infra-estrutura comunitária que suporte e promova o desenvolvimento do capital social local, compensando os baixos níveis de capital humano. O baixo nível de capital humano entende-se como o capital intelectual, em que haja pouca escolaridade entre o grupo(KAY; PEARCE, 2003).

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características pessoais e esforços despendidos, aumentam as possibilidades de produção e de bem-estar pessoal, social e econômico. Já o capital social, é definido como as normas, valores, instituições e relacionamentos compartilhados, que permitem a cooperação dentro dos diferentes grupos sociais ou entre eles. É gerado a partir desses relacionamentos e depende da interação de pelo menos dois indivíduos (Régis, 2005).

O capital social é um recurso neutro e suas conseqüências podem ser negativas ou positivas, dependendo de como é utilizado, com a possibilidade de excluir ou incluir indivíduos ou grupos, dentro de uma rede. Um esforço para garantir o equilíbrio entre os laços que unem e os que separam o capital social gera um maior equilíbrio, considerando que muita união pode levar à exclusão e muitas pontes podem levar a uma diminuição da coesão do grupo (KAY; PEARCE, 2003).

Esses conceitos de capital social auxiliam na busca da eficiência no trabalho, numa sociedade econômica. É importante reconhecer o que se propõe do capital social, pois esse reconhecimento pode levar a um uso ativo como recursos para dentro da comunidade.

A confiança entre os indivíduos é um elemento chave do capital social, pois quanto mais se desenvolvemmais dão resultados, possibilitando maior entendimento de como as pessoas estão interagindo. A identificação do comprometimento dos indivíduos possibilita a geração dos benefícios do capital social. Essa idéia certamente não é nova, mas faz as pessoas pensarem sobre isso e entenderem a importância e a utilidade do capital social; sem dúvida é uma nova forma de disseminar esse conceito.

A sociologia norte-americana tem utilizado o conceito de capital social para demonstrar a importância das redes sociais informais na construção de relações sociais nas quais interesses pessoais e coletivos se imbricam. O conceito de capital social surgiu no âmbito dos estudos das redes sociais. Granovetter (1973) foi um dos autores que mostrou os recursos disponíveis, através dos contatos ou conexões de uma rede de

relacionamentos na sua obra “The Strength of Weak Ties”.

Entender como se constitui o capital social leva à otimização dos recursos disponíveis

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informação, gerando redes entre indivíduos similares do ponto de vista de suas características demográficas, neste caso, capital social de ligação (MARTELETO, 2004).

Outras formas são capital social de ponte que amplia a rede com outras comunidades e capital social de conexão que identifica os laços com indivíduos que estejam em posição de autoridade, isto é, podem intermediar recursos adicionais para o desenvolvimento da comunidade. (MARTELETO, 2004). No conceito de capital social de ligação e de ponte está inserido o entendimento de laços fortes e laços fracos, conforme Granovetter (1973) conceituou. Segundo Nahapiet e Ghoshal (1998), o capital social tem mostrado ser um importante fator que explica o desempenho por toda a área do fenômeno. Fatores esses incluem a carreira de sucesso, a inovação e o empreendedorismo. Assim, o capital social, quando bem conectado entre si, traduz um valor social e é um componente bastante significativo como fonte de vantagem.

Régis (2005) usou a abordagem teórica do capital social para investigar como empresários buscam apoio nas suas redes de relacionamentos, a partir da ótica de cada uma das três dimensões do Capital social apresentada por Nahapiet e Ghoshal (1998). Para o autoros relacionamentos são um recurso disponibilizado pelas redes para a ação social e o capital social é o resultado dos benefícios causados pelas relações entre os indivíduos (REGIS, 2005). Lima (2001) entende capital social como o conjunto de normas de reciprocidade, informação e confiança presentes nas redes sociais informais desenvolvidas pelos indivíduos em sua vida cotidiana, que resulta em benefícios diretos ou indiretos, sendo determinantes na compreensão da ação social.

A tipologia das três dimensões do capital social oferece um ponto de partida para a compreensão de diferentes tipos de redes de desenvolvimento que os indivíduos tecem à medida que navegam em suas carreiras.

A representação gráfica das dimensões do capital social, idealizada por Régis (2005), mostra a sua natureza multidimensional. O referido estudo considera que essas dimensões operam de forma concomitante para formar a complexidade das relações em rede.

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refere-se ao entendimento do mapa cognitivo do empreendedor pesquisado, com relação a sua carreira e ao papel da rede de relacionamentos para o seu desenvolvimento.

A dimensão estrutural, mostrada na parte inferior, traz tanto aspectos de nível micro, como a força das relações, quanto aspectos de nível macro, como a configuração da network. A maioria dos estudos sobre redes sociais limita-se a esta dimensão do

capital social, incluindo aqui os estudos sobre centralidade nas redes (MARINHO-DA-SILVA, 2003).

A dimensão relacional, mostrada na parte superior esquerda, aborda o conteúdo transacionado e a diversidade das ligações entre os atores da network. Considera os

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Figura 3: Dimensões do capital social

Fonte: Régis (2005)

A seguir, o referencial teórico passa a detalhar os aspectos relacionados a cada dimensão do capital social. A dimensão cognitiva, de natureza mais qualitativa, inicia a apresentação dos temas.

2.3 Dimensão Cognitiva

A dimensão cognitiva aborda os significados que são compartilhados pelos atores da rede. São idéias comuns, com relação a assuntos diversos, que fazem parte do contexto da rede e orientam as decisões e comportamentos (RÉGIS, 2005). Autores como Nahapieth e Ghoshal (1998) destacam a importância dessa dimensão por

idéia idéia

idéia

idéia

idéia

idéia

Significados Introjetados

Dimensão Cognitiva Dimensão

Relacional

Informação

Amizade

Confiança

Força dos laços

Configuração da network

centralidade

densidade

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acreditarem que ela representa uma série de avaliações pouco estudadas na literatura sobre o capital social no que se refere à teoria das organizações. Esses autores entendem que o capital social, através da sua dimensão cognitiva, facilita o desenvolvimento do capital intelectual, criando as condições necessárias para que a troca e o compartilhamento entre os atores aconteçam.

O capital intelectual pode ser definido como o conhecimento único de cada indivíduo e a sua compreensão da capacidade da coletividade social. Isso reflete a crença de que o capital intelectual é um fator social e que o conhecimento e os significados estão inseridos no contexto social, ambos criados e sustentados através das relações entre os atores da rede social. Pesquisadores reconhecem que a inovação geralmente acontece através da combinação de diferentes conhecimentos e experiências e que a diversidade de opiniões é uma maneira de expandir esse conhecimento. Uma parte essencial dessa troca social é realizada através do compartilhamento da linguagem, dos vocabulários e das narrativas coletivas. Esses elementos constituem facetas compartilhadas pela cognição que facilitam a criação do capital intelectual, especialmente através da capacidade de comunicação, agindo tanto como mediadores como produto na interação social (NAHAPIETH; GHOSHAL, 1998).

Mapas Cognitivos

Lord e Maher (1991) consideram que o processamento da informação social é uma questão desafiadora de se explicar, a partir de uma perspectiva da ciência cognitiva. Percepções sociais são baseadas tanto sobre fatores implícitos quanto explícitos e os indivíduos podem ter pouco insight com relação aos processos

implícitos, afetando as cognições sociais.

A dimensão social dos processos cognitivos humanos resultou em uma área específica de pesquisa, na Psicologia Social, com interesses nos processos usados pelas pessoas, para gerarem o conhecimento e a compreensão dos aspectos da vida cotidiana.

Neste sentido, a “cognição social” resgata, cientificamente, tópicos como: os processos

de atribuição, formação de impressões, estereótipos, atitudes, protótipos, schemas e scripts. (BASTOS, 2001).

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organizações existem largamente na mente, e sua existência toma a forma de mapas cognitivos. Então, o que une uma organização é o mesmo que vincula, ou coloca junto,

pensamentos” (WEICK; BOUGON, 1986).

Além da dicotomia entre indivíduo e organizações (BASTOS, 2000a; 2001) cabe afirmar que “organizações” podem ser, para diferentes indivíduos, realidades

distintas. Tichy Hornstein e Nisberg (1977) consideram que aquilo que se vê de uma organização depende daquilo que se procura. Juntos, o que se procura e o que se vê determinam as ações dos indivíduos. Há quase meio século, Zajonc e Wolf (1966) demonstraram que os membros de uma organização buscam diferentes coisas. Os mapas ou estruturas cognitivas representam os modelos ou teorias de organização que são interiorizadas pelas pessoas. Esses modelos guiam a análise das situações organizacionais e ações subseqüentes.

Os mapas cognitivos são ferramentas para representar dados verbais (informações orais ou escritas que expressam afirmações, predições, explanações, argumentos, regras) através dos quais se pode ter acesso a representações internas e a elementos cognitivos (imagens, conceitos, crenças causais, teorias, heurísticas, regras,

scripts etc.) (LAUKKANEN, 1992). Neste sentido, Bastos (2002) esclarece que os

mapas podem dar acesso a pressupostos do respondente, mesmo quando estes não são visíveis para o próprio participante.

Nicolini (1999) apresenta o mapa cognitivo como uma das estratégias possíveis

para representar cognições sociais: “mapas poderiam ser considerados apenas

instrumentos de descrição e representação, que ajudam na discussão e análise de alguns

modos de pensamento e explicações dos eventos” (p.836). Dessa forma, o trabalho de mapear estruturas cognitivas envolveria “explorar as maneiras pelas quais essas

entidades representacionais são unidas, transformadas ou contrastadas” (p. 836).

Fiol e Huff (1992) destacam três tipos de mapas cognitivos. Esses mapas já têm sido explorados por autores nacionais da área das organizações (BASTOS, 2000c/2002; MACHADO-DA-SILVA et al. 2000). Esses mapas são descritos a seguir:

Mapas de identidade: apóiam-se numa análise de conteúdo para identificar

conceitos e temas centrais nos discursos enunciados pelos indivíduos, apontam as principais características do terreno cognitivo e as atividades envolvidas na sua construção são básicas para todos os demais tipos de mapas;

Mapas de categorização: buscam descrever os schemas utilizados por gestores

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acesso ao sistema de categorias de pensamento utilizado e a dimensão de hierarquia que existe entre esses conceitos;

Mapas causais: são os mais difundidos nos estudos gerenciais e fornecem uma

compreensão dos vínculos que indivíduos estabelecem entre ações e resultados ao longo do tempo.

Os mapas de identidade serão adotados neste estudo para capturar o significado que o empresário tem com relação à sua carreira empreendedora de sucesso e sobre o papel da rede de relacionamentos para o desenvolvimento da sua carreira. No capítulo da metodologia, serão descritas as técnicas utilizadas para a elaboração desses mapas.

Como visto, a dimensão cognitiva do capital social destaca os aspectos da rede de relações que dizem respeito aos significados introjetados, que permitem a existência de uma rede de relacionamentos, institucionalizada em campos sociais. Quando se trata de grupos, o compartilhamento de significados ocorre como resultado da interação dos indivíduos, em uma estrutura social, com características próprias (RÉGIS, 2005). Nesta perspectiva, a seção seguinte discorre sobre a dimensão estrutural.

2.4 Dimensão Estrutural

A dimensão estrutural do capital social envolve os aspectos estruturais dos relacionamentos entre os atores da network e pode ser analisada a partir de duas

perspectivas: a perspectiva dos laços da network e a perspectiva da configuração da network (NAHAPIEST e GHOSHAL, 1998). A maioria dos estudos sobre redes sociais

limita-se a essa dimensão do capital social, incluindo aqui os estudos sobre a força dos laços.

Laços da Network

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cluster”, como se as pessoas estivessem conectadas mutuamente. As informações

obtidas através dos laços da rede são mais redundantes e a rede, portanto, não é um canal de inovação. Em contraste, laços fracos, muitas vezes, constituem uma “ponte local” para partes do sistema social que são de outras maneiras desconectadas e, portanto, laços fracos proporcionam informações novas de partes do sistema. Essa teoria argumenta que a força dos laços impactam as variáveis dependentes enquanto que a ausência de laços (ou laços extremamente fracos) traz poucas conseqüências. Para Granovetter, os laços fracos proporcionam o máximo de impacto e os laços fortes proporcionam pouco impacto.

Pesquisas têm confirmado a teoria de Granovetter (1973), porém duas questões têm sido negadas nessa linha de pesquisa. Primeiro, existe uma considerável ambigüidade no que constitui laços fortes e o que constitui laços fracos. Granovetter identificou quatro propriedades dos laços fortes: a quantidade de tempo, a intensidade emocional, a intimidade e serviços recíprocos. Na prática, laços fortes têm sido medidos de diferentes formas. Alguns medem a força dos laços como nominações recíprocas, a fraqueza dos laços como nominações não recíprocas e a ausência de laços como sem nominação (FRIEDKIN, 1980). Outras medidas incluem contato recente (LIN, DAYTON e GRENWALD, 1978). Algumas vezes rótulos, tais como: “amigo”,

“parente” ou “vizinho” são usados para identificar laços fortes (LIN, ENSEL e

VAUGHN, 1981). A interação como um substituto para definir laços fortes também é utilizado. Intuitivamente, concorda-se que a medida dos laços fortes é mais definida do que o conjunto dos laços fracos. Todas essas medidas capturam a essência do que Granovetter (1973) entende como “laços fortes”.

Outra questão é com relação ao caráter afetivo dos laços fortes. Das suas quatro características, duas delas – intensidade emocional e intimidade – são inerentemente subjetivas interpretativas. A categoria “Serviços recíprocos” é talvez comportamental, mas alguém poderá argumentar que a troca eqüitativa implica em algo também subjetivo. Somente o critério “tempo” usado no relacionamento é claramente objetivo.

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“desarmonia” para descrever o que acontece a uma pessoa que se depara com uma situação de desequilíbrio. Esse estado de intranqüilidade, presumivelmente, motiva o indivíduo a resolver o desequilíbrio. Além do mais, a tendência a resolver o desequilíbrio do trio é mais forte, quando a força “afeição” é forte. Uma vez as tríades balanceadas, não podem existir pontes locais. A seção seguinte discorre sobre a dimensão relacional.

2.5 Dimensão Relacional

A dimensão relacional aborda o conteúdo transacionado entre os atores da

network. Considera os papéis que os atores assumem como amigo, informante e

confidente (RÉGIS, 2005). A análise da dimensão relacional das redes pode ocorrer através da diversidade de papéis e do conteúdo transacionado (INKPEN; TSANG, 2005), possibilitando mapear as redes de amizade, informação e confiança, entre outras, tais como, afiliação partidária e mentoria. Os elementos transacionados dependem, em parte, do papel e, em parte, da maneira como o papel é desempenhado pelos atores (RÉGIS, 2005). Porém, para este estudo, aborda-se apenas o conteúdo transacionado nas redes de amizade, informação e confiança.

Conteúdo Transacionado

Define-se conteúdo transacionado como sendo os elementos materiais e não-materiais trocados entre dois atores, em uma situação ou relação particular (BOISSEVAIN, 1974). Kuipers (1999) cita Tichy, Tushman e Fombrum (1974) que identificam as redes baseadas na troca entre os laços: a troca de informação, a troca de bens e recursos e a troca de afeto. Os três elementos transacionados dependem, em parte, do papele, em parte, da maneira como o papel é desempenhado pelos atores.

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qual é formada e os laços não podem ser usados para transferência indiscriminada de qualquer tipo de recurso. É uma das precursoras na abordagem das redes de amizade, de informação e de confiança. Para ela, o conteúdo transacionado em cada um desses tipos de rede é específico. As definições de Kuipers (1999) para essas três redes são as redes: de amizade, que é uma rede informal baseada na troca de amizade e socialização que fornece apoio e melhora a auto-estima, além de encorajar certos comportamentos que aumentam a aceitação junto a grupos, dentro das organizações; a de informação, que é uma rede informal em que o conteúdo transacionado diz respeito ao que está acontecendo na organização como um todo, em relação a oportunidades de ascensão, processo decisório em outras divisões e/ou sucesso organizacional e afeta todos os seus membros; e por último a de confiança, que é uma rede de laços informais em que um ator corre riscos ao abrir mão do controle dos resultados, por aceitar a dependência em relação a outro ator, sem força ou coação da relação contratual, estrutural ou legal.

Santos (2004) sugere que os laços de confiança são mais centrados na pessoa do que na posição ou no cargo que esta ocupa. Relações de amizade e suporte social, por outro lado, desenvolvem-se rapidamente, exigindo um período de tempo mais curto para ocorrerem, enquanto que o desenvolvimento de laços de confiança (correr riscos) requer mais tempo e são mais duradouros.

Devido ao fato dos comportamentos dos atores de uma rede de relacionamento diferirem de acordo com os conteúdos nela transacionados, esta fundamentação teórica deu ênfase às redes de amizade, informação e confiança.

2.6 Carreira Empreendedora

Faz-se necessário, para uma melhor compreensão do conceito “empreendedor”

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dirigente de uma empresa ('organização'), ou que opera no agenciamento de negócios; homem de negócios; que dirige ou administra uma empresa (HOUAISS, 2004). Não é necessariamente proprietário da organização ou fundador da mesma.

São várias as definições encontradas para o termo empreendedor. Pesquisadores como Schumpeter (1985), Drucker (1987) associam o empreendedor com a inovação. Para eles o empreendedor busca mudanças, reagem a elas e as exploram como sendo uma oportunidade, nem sempre vista pelos demais; criam valores novos e diferentes; são inovadores, com capacidade de conviver com riscos e incertezas envolvidas nas decisões.

O empreendedor é descrito também como um indivíduo com bastante iniciativa agressiva para os negócios, farejador de oportunidades, ansioso em montar seu próprio empreendimento e explorar seu potencial, sendo dinâmico e inquieto (AQUINO, 1987).

De acordo com a teoria de McClelland (1972) o comportamento dos empreendedores está dividido em três grupos. O primeiro é o conjunto de realizações, abordando a busca de oportunidades e iniciativa, persistência, propensão ao risco calculado, exigência de qualidade, eficiência e comprometimento. No segundo grupo, são abordados aspectos referentes ao planejamento englobado, busca de informações, estabelecimento de metas, planejamento e monitoramento. O terceiro é o conjunto de poder, integrando as características de independência e auto confiança, persuasão e rede de contatos. O autor menciona, ainda, que o empreendedor é um indivíduo confiante, perseverante, diligente, habilidoso, criativo, visionário, versátil, inteligente e perceptivo. Historicamente, as pesquisas em empreendedorismo têm a intenção de articular os fatores individuais que influenciam as pessoas a embarcarem numa carreira empreendedora e de entender como os indivíduos progridem, através dos vários papéis que desempenham. Em uma visão mais profunda, todo empreendedor de sucesso é um caso inspirador e importante que gera negócios bem sucedidos, ao transformar visões em realidades lucrativas; rompem com velhos hábitos, gerando respostas novas às carências e desejos do mercado. São construtores incansáveis, pois quando começam não param mais (LEITE, 2000). Por outro lado, os pesquisadores em carreira parecem mais confortáveis em estudar como o negócio começou e se obteve sucesso ou fracasso. O estudo do empreendedorismo tem, como principal foco, as habilidades utilizadas pelo empreendedor para encontrar novos empreendimentos (DYER, 1994).

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influenciada pelo que acontece na vida pessoal e familiar do indivíduo. Goffman (1961) define a carreira como “qualquer posição social de uma pessoa ao longo de sua vida”.

Schein (1978) considera a carreira como sendo um dos pontos de ancoragem social pelos quais a pessoa passa através do curso de sua vida, promovendo uma interação entre o trabalho, a família e a vida pessoal. Essa forma de abordar a carreira provê um contexto mais abrangente, necessário para se estudar a carreira empreendedora. Leite (2000), quando analisa o conceito de empreendedorismo de Schumpeter, sugere que o empreendedor tem um comportamento racional, no sentido de explorar prosperamente as possibilidades de inovação, porém age de forma intuitiva, quando almeja resultados.

Dyer (1994) apresenta um modelo que descreve a dinâmica da carreira empreendedora, conforme exemplificado na FIGURA 4, na página seguinte. Segundo

Dyer (1994), uma teoria sobre carreira empreendedora deve conter quatro “sub-teorias”.

A primeira delas se refere à teoria da escolha da carreira, que explica porque alguém escolhe uma profissão específica. No contexto da carreira empreendedora, essa teoria é necessária para articular fatores individuais, sociais e econômicos que influenciam indivíduos a optarem por uma determinada profissão.

O autor identifica três fatores que influenciam o indivíduo na escolha de sua carreira: os fatores individuais, sociais e econômicos. A necessidade de realização, de ter controle da situação, de tolerar a ambigüidade e atitudes empreendedoras seriam fatores individuais fortes, que estimulariam o indivíduo a iniciar uma carreira empreendedora.

O segundo fator está relacionado com às relações sociais, como suporte a familiares, apoio à comunidade e modelagem de papéis. Os primeiros estudos de Collins e Moore (1964) notaram que muitos empreendedores surgiram de um ambiente social desprovidos de riquezas e foram negligenciados pelos pais. Indivíduos que crescem sob tais condições são motivados a ter o controle, levando-os a criarem negócios que podem moldar como queiram. Por outro lado, crianças cujos pais eram donos do próprio negócio percebem a carreira de empreendedor como mais aceitável.

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network. Através dela o indivíduo pode conseguir recursos como matéria prima, capital

ou informações sobre recursos humanos necessários.

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A segunda teoria é a da socialização da carreira que descreve os tipos de experiências sociais, tais experiências vividas na infância, experiências de trabalho anteriores e educação que servem como base para o indivíduo atuar nos diversos papéis de empreendedor.

A terceira teoria, da orientação da carreira, identifica os diferentes caminhos que o indivíduo utiliza para executar os vários papéis desempenhados por um empreendedor. E por fim, a quarta, teoria da progressão da carreira que, segundo Solomon (1968), observa que “a carreira sempre consiste em uma seqüência de papéis”.

Desta forma, a teoria da carreira empreendedora deve proporcionar um entendimento de como os papéis do empreendedor nos negócios, na família e pessoalmente mudam no decorrer de sua carreira (SCHEIN, 1978). Esse é o estágio mais avançado do empreendedorismo e que leva a alguns dilemas vividos nas suas diversas fases, que podem estar relacionados a dilemas pessoais, familiares e aos negócios.

Outros autores estudam o empreendedorismo a partir da perspectiva cognitivista (SHAVER, SCOTT, 1991), por identificarem fatores significativos na escolha da carreira. Os avanços nos estudos do empreendedorismo, a partir da adoção da perspectiva cognitivista são mostrados por Mitchell et al. (2002) que sugere:

“Após algum período de frustração acadêmica, durante as últimas três décadas, provavelmente agora existe, dentro da pesquisa sobre cognição empreendedora maquinário técnico suficiente para dar aos pesquisadores os meios para melhor definir e mensurar as contribuições das

“pessoas empreendedoras” para as tarefas do

empreendedorismo: avaliação de oportunidade, criação

do empreendimento e geração de riqueza”.

Artigos que foram reunidos em um volume especial da revista Entrepreneurship Theory and Practice trataram da cognição empreendedora. Esses autores definem cognição empreendedora como “as estruturas de conhecimento que as pessoas usam

para fazer avaliações, julgamentos ou tomar decisões sobre oportunidades, inovações e

crescimento de um empreendimento” (RÉGIS, 2005). A preocupação volta-se para os

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Régis (2005) aponta as lacunas deixadas pelos resultados das pesquisas que têm tentado associar os traços pessoais ao comportamento empreendedor (GARTNER, 1988). Alguns autores têm notado que as medidas de atitudes podem ser mais preditivas do comportamento empreendedor do que os traços psicológicos (ROBINSON et al., 1991).

Após o esclarecimento sobre as bases teóricas que envolvem a carreira empreendedora, a seção seguinte inicia a apresentação dos componentes cognitivos que embasam a análise das redes sociais informais.

Papel da Network em uma Carreira empreendedora

Além das dimensões estruturais e relacionais já tratadas nas seções anteriores, a dimensão cognitiva assume um papel fundamental na compreensão da construção das redes de apoio aos empresários (RÉGIS, 2005). No caso da cognição empreendedora, há uma necessidade de revisão dessas bases para que a teoria melhor explique as atuais mudanças nas relações de trabalho. Portanto, espera-se que as dimensões estruturais e relacionais que participam da geração da mudança de comportamento nas relações em rede estejam intimamente relacionadas à dimensão cognitiva. A dimensão cognitiva é representada pelo compartilhamento de significados nas redes (RÉGIS, 2005).

Estudos recentes na área do empreendedorismo têm aplicado os conceitos da ciência cognitiva e são agrupados por Mitchell et al. (2002), na área da cognição empreendedora. Esses estudos têm trazido contribuições para a compreensão do processamento de informações e da cognição de gestores com relevante contribuição para a literatura na área do empreendedorismo. Esses autores também esclarecem que os estudos em empreendedorismo não estão totalmente explorados, quando se trata da cognição social, da cognição gerencial e do processamento de informações. Há, portanto, a necessidade de expansão dos horizontes da pesquisa na área através da criação de uma agenda de pesquisa para o domínio da cognição empreendedora (RÉGIS, 2005).

(48)

O behaviorismo teve conseqüências importantes para a sociologia, para a psicologia e para a teoria organizacional. Contudo, a extrema ênfase de alguns behavioristas em excluir conceitos, tais como atitudes, motivos e valores provocou oposição considerável entre os teóricos. As principais críticas estão relacionadas à falta de atenção do behaviorismo para com a subjetividade da experiência. Para os behavioristas, só é fato aquilo que é criado pela experiência e, aquilo que é conhecido, o é pela experiência (RÉGIS, 2005).

Bastos (2001) argumenta que a fragilidade do modelo mentalista, anterior ao behaviorismo, associado às evidências científicas levantadas pelo behaviorismo sobre a aprendizagem tornaram essa escola dominante na psicologia por várias décadas. No seu início, a ciência cognitiva já trazia grandes contribuições para o campo da cibernética, da teoria da informação e da compreensão de síndromes neuropsicológicas. Questões cognitivas, como a linguagem, também começaram a ser desenvolvidas.

Bastos (2001) também resgata a definição de Gardner (1995) que trata do nascimento da ciência cognitiva como sendo uma reação ao domínio do behaviorismo, tanto conceitual como metodológico. Na visão de Gardner (1995), deve haver um nível

de análise separado, denominado “nível da representação”, que permite ao cientista da

cognição trafegar por entidades representacionais, tais como símbolos, regras e imagens. Assim, pode-se explicar a variedade do comportamento, da ação e do pensamento humano.

Os teóricos behavioristas argumentam que a aprendizagem não exige do indivíduo uma reflexão aprofundada sobre os estímulos e as respostas. Por outro lado, os cognitivistas explicam que a aprendizagem é um processo intencional que envolve o raciocínio, a percepção, a organização e o insight. Desta forma, as pessoas aprendem

através da solução de problemas, das experiências passadas e da reunião de informações, de tal forma que possa haver um insight. Esses tipos de atividades

cerebrais normalmente envolvem processos tais como a memorização, a formação de conceitos e o uso de símbolos e linguagens. Assim, as abordagens cognitivistas atentam para a maneira como as pessoas absorvem as informações a partir do seu ambiente, fazem uma seleção mental e aplicam o que aprenderam em suas atividades diárias (RÉGIS, 2005).

Imagem

Figura 1: Interseções dos objetos de investigação
Figura 2: As correntes que desembocariam na moderna Análise de Redes Sociais  Fonte: Scott, 2000, p.8
Figura 3: Dimensões do capital social  Fonte: Régis (2005)
Figura 5: Papel social das pessoas da rede de relacionamentos do Dr. Eustácio Vieira
+3

Referências

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