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Análise dos índices de variabilidade da frequência cardíaca em jovens obesos

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Academic year: 2017

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FERNANDA ALVES FERRANTE

KARINA MAYUMI HIGASHIBARA YAMADA

ANÁLISE DOS ÍNDICES DE VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA EM JOVENS OBESOS

(2)

FERNANDA ALVES FERRANTE

KARINA MAYUMI HIGASHIBARA YAMADA

ANÁLISE DOS ÍNDICES DE VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA EM JOVENS OBESOS

Trabalho de Graduação II, do curso de Fisioterapia, da Universidade Julio de Mesquita Filho- UNESP, orientado pelo Prof. Dr. Luiz

Carlos Marques Vanderlei e co orientado pela Prof. Dr. Carlos Marcelo Pastre.

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TERMO DE APROVAÇÃO

FERNANDA ALVES FERRANTE

KARINA MAYUMI HIGASHIBARA YAMADA

ANÁLISE DOS ÍNDICES DE VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA EM JOVENS OBESOS

Trabalho de Graduação II, do curso de Fisioterapia, da Universidade Julio de Mesquita Filho- UNESP, orientado pelo Prof. Dr. Luiz

Carlos Marques Vanderlei e co orientado pela Prof. Dr. Carlos Marcelo Pastre.

Orientador: ___________________________________ Prof. Dr. Luiz Carlos Marques Vanderlei

Co-orientador: ___________________________________ Prof. Dr. Carlos Marcelo Pastre

Membros: _______________________________________

Prof. Dr. Susimary Aparecida Trevizan Padulla

___________________________________ Prof. Dr. José Carlos Silva Camargo Filho

(4)

Agradecimentos

Eu agradeço,

Primeiramente, a Deus, pelo amparo nos momentos de dificuldade, e de me dar coragem e a esperança de vencer. E, pelo privilégio de minha formação na Unesp, da qual sempre sonhei e tenho orgulho.

Ao meu pai que sempre me deu apoio para continuar a batalhar para ser fisioterapeuta e me ensinar a enxergar que na vida temos que ser perseverantes e se esforçar a cada dia.

A minha mãe, pelos melhores conselhos, pela paciência de me ouvir quando eu dizia não aguentar mais, pela compreensão e por compartilhar comigo todos os momentos de conquistas...

Aos meus irmãos, Jaqueline e Guilherme que sempre demontraram ter orgulho da irmã que tem...

A minha “irmazinha japonesa”, Karina, que vai sim deixar muita saudade de

uma amizade verdadeira. Foram quatro anos de faculdade dos quais passamos por momentos de dificuldades sim, porém os quais nos fez crescer e que por fim fez valer a pena pois nos trouxe momentos de alegrias e conquistas como resultado do nosso trabalho são os que vão ficar...

A minha “família prudentina”, minhas amigas, que me compreenderam e que

sempre estavam ao meu lado nas horas de nervoso e ansiedade, fazendo de meus dias os melhores possíveis.

(5)

Agradeço a realização e finalização desse trabalho primeiramente a Deus, por mais esta dádiva conquistada.

Especialmente aos meus pais, Mitsuhiko e Lucia, os quais foram fundamentais na educação, carinhos, incentivos e que sempre estiveram presentes em minhas decisões, oferecendo apoio e lutando ao meu lado.

Aos meus irmãos Priscila e Guilherme, que são companheiros e estão torcendo por minhas vitórias.

A minha avó Matsuko que me acolheu e conviveu comigo durante esses quatro anos de formação acadêmica, sempre muito carinhosa e cuidadosa.

A Fernanda pelos bons e importantes momentos que passamos juntas esses anos de faculdade, com muita alegria, horas difíceis e muito trabalho, mas sempre com muita compreensão, companheirismo, gerando uma amizade verdadeira e imprescindível.

Agradeço também a meu orientador e co-rientador, as mestrandas em cardiologia aos meus professores, a todos os voluntários participantes do projeto, amigos e colegas que cruzaram o meu caminho, que de forma direta ou indireta, contribuíram para o desenvolvimento desse trabalho e para enriquecer o meu conhecimento.

(6)

Agradecimentos especiais

Ao nosso orientador, Prof. Dr. Luiz Carlos Marques Vanderlei, pela paciência, serenidade, carinho, compreensão e disponibilidade. Extremamente competente, que muito nos ensinou e nos fez crescer. São momentos que vão ficar pra sempre e que já deixam saudade, pois estes sim fizeram parte de uma formação profissional da qual temos a alegria de ter passado com pessoas como ele, que se tornou uma pessoa especial, e do qual podemos dizer que foi como um

“pai” e temos uma admiração enorme...

E também ao Prof. Dr. Marcelo Pastre, que também como orientador, esteve presente na resolução de nosso trabalho, sempre paciente e com dedicação, e nos deu o presente de conseguirmos bolsa cientifica em seu nome. As intensas reflexões teóricas, as perguntas sem fim, e a paciência com que sempre as respondia, foram o incentivo que precisava para avançar na conclusão desta etapa e nos ceder uma visão mais ampla do quanto podemos enxergar além...

A mestranda Renata, sempre muito colaborativa, presente, paciente e dedicada. Foram momentos, de muita risada e ao mesmo tempo de trabalho. Sofremos juntas, mas conseguimos finalizar esse trabalho devido a sua importante colaboração do início ao fim seguindo suas orientações, auxílios e dicas e de sua capacidade de nos ensinar...

Ao Sidney por estar sempre presente, prestativo e atencioso em todos os aspectos e qualquer atividade.

(7)

1. ÍNDICE DE SIGLAS

IMC Índice de Massa Corpórea SNA – Sistema Nervoso Autônomo

VFC Variabilidade da Frequência Cardíaca

pNN50 – Porcentagem de intervalos RR adjacentes com diferença de duração maior que 50 ms

rMSSD – Raiz quadrada da média do quadrado das diferenças entre intervalos RR normais adjacentes, expressa em ms

SDNN - Desvio-padrão da média de todos os intervalos RR normais, expresso em ms

SDANN - Desvio-padrão das médias dos intervalos RR normais a cada 5 minutos, expresso em ms

SDNN index – Média dos desvios-padrão dos intervalos RR normais a cada 5 minutos, expresso em ms

RRtri - Índice triangular

TINN - Interpolação Triangular dos Intervalos RR HF – Banda de Alta Frequência

LF Banda de Baixa Frequência

VLF Banda de Muito Baixa Frequência ULF Banda de Ultra Baixa Frequência

LF/HF Relação entre Alta Frequência e Baixa Frequência DC Dimensão de correlação

DFA Análise das Flutuações Depuradas de Tendência TAU Função de correlação

HE Expoente de Hurst LE Expoente de Lyapunov ApEn Entropia Aproximada SD1 Standard Deviations 1 SD2 – Standard Deviations 2

SD1/SD2 Relação entre Standard Deviations 1 e Standard Deviations 2 FC – Frequência cardíaca

PA – Pressão arterial

(8)

PAD Pressão arterial diastólica

(9)

SUMÁRIO

1. RESUMO ... 11.

2. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ... 13.

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 17.

3.1. Obesidade ... 17.

3.2 Questionários ... 23.

3.2.1 IPAQ ... 23.

3.2.2. Questionário Nórdico Musculoesquelético ... 26.

3.3 Variabilidade da Frequência Cardíaca ... 27.

3.3.1. Métodos lineares ... 29.

3.3.2. Métodos não lineares ... 34.

4. OBJETIVOS ... 37.

5. METODOLOGIA ... 38.

5.1. População e amostra ... 38.

5.2. Avaliação inicial ... 38.

5.3. Coleta de dados ... 40.

5.4. Análise da variabilidade da frequência cardíaca ... 42.

5.4.1. Métodos lineares ... 42.

5.4.1.1 Domínio do Tempo (DT) ... 43.

5.4.1.2 Domínio da Frequência (DF) ... 43.

5.4.2. Métodos não lineares ... 43.

5.5. Análise dos dados ... 44.

6. RESULTADOS ... 46.

(10)

6.2. Parâmetros Cardiovasculares ... 47.

6.3. Análise da Variabilidade da Frequência Cardíaca ... 47.

6.3.1. Análise Linear – Domínio do Tempo ... 47.

6.3.2. Análise Linear – Domínio da Freqüência ... 48.

6.3.3. Análise não-linear ... 49.

6.4 Relação dos índices de VFC com nível de atividade física e sintomas osteomusculares ... 52.

6.4.1.Questionário Nórdico ... 52.

6.4.2. Questionário IPAQ ... 57.

7. DISCUSSÃO ... 59.

7.1. Pressão arterial ... 59.

7.2. Frequência cardíaca ... 60.

7.3. Análise da VFC – Métodos lineares ... 61.

7.4. Análise da VFC – Métodos não lineares ... 63.

7.5. Correlação das variáveis dos questionários e a VFC ... 68.

8. CONCLUSÃO ...70.

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 71.

(11)

1. RESUMO

Introdução: A variabilidade da frequência cardíaca (VFC) descreve o comportamento dos intervalos RR que está relacionado às ações do sistema nervoso autônomo (SNA) sobre o

nódulo sinusal. Essa pode ser influenciada por diversos fatores dentre eles a obesidade,

doença de etiologia multifatorial definida como um acúmulo excessivo de gordura corporal.

Objetivo: Avaliar em jovens obesos com idade entre 18 e 23 anos o comportamento autonômico cardíaco, durante o repouso, por meio da análise linear e não linear dos índices

da VFC bem como associá-lo a eventos de desconforto músculoesquelético influenciados ou

não pela prática regular de exercício físico nessa população. Metodologia: Para a realização

deste estudo foram analisados dados de 68 voluntários jovens, de ambos os sexos,

distribuídos de forma não randomizada em dois grupos: o G1 constituído por 32 obesos,

20,21 ± 1,66 anos e o G2 por 36 não obesos, 20,8 ± 1,47 anos sendo considerado como

critério de classificação dos voluntários o índice de massa corpórea (IMC). O protocolo

experimental consistiu da captação da frequência cardíaca batimento a batimento, por meio

de uma cinta de captação fixada no tórax do voluntário juntamente com um receptor de

frequência cardíaca fixado no punho. Para esta captação o voluntário foi orientado a

permanecer em repouso na posição de decúbito dorsal sobre um colchonete, durante 30

minutos, com a respiração espontânea. Além disso, foram aplicados dois questionários, ou

seja: versão curta do International Physical Activity Questionaire (IPAQ) - Questionário

Internacional de Atividade Física, a fim de classificar o nível de atividade física e o

Questionário Nórdico, para detectar eventuais sintomas osteomusculares decorrentes das

atividades de vida diária e/ou atividades física. Os índices da VFC analisados foram: análise

linear: domínio do tempo (SDNN e RMSSD) e domínio da frequência (LF, HF e LF/HF);

análise não linear: Expoente de Hurst (HE), Expoente de Lyapunov (LE), Dimensão de

(12)

Depurada de Tendências (DFA total, α1 e α2), além do gráfico de Poincaré (componentes

SD1, SD2 e relação SD1/SD2) e do Recurrence Plot (componentes Taxa de Recorrência,

Determinismo e Entropia). O tratamento estatístico foi composto primeiramente pela

aplicação do teste Shapiro Wilk para verificar a normalidade dos dados seguidos dos testes t

de student para dados pareados ou teste de Mann-Whitney. Odds ratio foi também utilizado

para associação de índices de VFC e o resultado dos questionários. Diferenças foram

consideradas com valor de p menor que 0,05. Resultados: Os resultados apontam para um

decréscimo da VFC neste tipo de população marcada pela diminuição significativa dos

índices lineares: intervalos RR, SDNN, RMSSD e HFun e aumento significativo de LFun e

LF/HF. Do mesmo modo, indivíduos obesos apresentam uma perda da dinâmica da

frequência cardíaca observada pelos resultados significativos da Entropia, Expoente de

Hurst, Alfa 1. Em relação ao perfil cardiovascular os achados demonstram um aumento

significante de PAS, PAD e FC quando comparados ao grupo controle. Foi observada a

presença de dores osteomusculares em obesos sem associação com variáveis autonômicas

cardíacas. Conclusão: Indivíduos obesos apresentaram alterações do sistema nervoso

autônomo caracterizadas pelo aumento da atividade simpática e redução da parassimpática,

o que reflete em uma baixa VFC nesses indivíduos. Não houve associação de dores

osteomusculares e nível de atividade física com os índices de VFC em ambos os grupos

envolvidos no estudo.

(13)

2. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA.

A obesidade é um distúrbio de etiologia multifatorial definida como um

acúmulo excessivo de gordura corporal, derivado de um desequilíbrio crônico entre a

energia ingerida e a energia gasta. Neste desequilíbrio podem estar implicados diversos

fatores relacionados com o estilo de vida (dieta e exercício físico) e alterações

neuro-endócrinas, juntamente com um componente hereditário, o qual constitui um fator

determinante de algumas doenças congênitas e um elemento de risco para diversas doenças

crônicas.1,2

Segundo a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS)3, a obesidade

atinge todas as faixas etárias. Entretanto, nas últimas décadas o número de adolescentes

obesos aumentou cerca de 70% nos Estados Unidos e 240% no Brasil. Dados do Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)4 indicaram que o excesso de peso e a obesidade

atingiram, respectivamente, 16% e 2% dos adolescentes brasileiros. Estima-se que 2,3 mil

milhões de adultos terão excesso de peso e que mais de 700 milhões serão obesos em 2015.5

A prevalência de excesso de peso tanto em crianças como em adolescentes

aumentaram acentuadamente nas últimas décadas tanto nos países desenvolvidos, como

naqueles em desenvolvimento, tornando-se uma epidemia mundial e consequentemente

agravando ainda mais o sistema público de saúde.6,7

A obesidade na adolescência está associada à maior ocorrência de disfunções

cardiovasculares e distúrbios metabólicos na idade adulta. De acordo com o Harvard Growth

Study, adolescentes obesos do sexo masculino apresentam um risco relativo de morte por

doença arterial coronária na idade adulta duas vezes maior que adolescentes não obesos.

Contudo, os mecanismos fisiopatológicos responsáveis por essa associação ainda não estão

(14)

Vários relatos têm procurado demonstrar que um desequilíbrio no sistema

nervoso autônomo (SNA), sobretudo no sistema nervoso simpático (SNS), representa um

importante mecanismo tanto para o desenvolvimento da obesidade quanto de distúrbios

associados. Isto representa um fator negativo importante, já que o funcionamento

autonômico controla parte das funções internas do corpo e, nesse sentido, merece atenção.8

Uma das formas de avaliar o comportamento autonômico é a variabilidade da

frequência cardíaca (VFC), uma ferramenta investigativa simples e não invasiva direcionada

à detecção e ao estudo das disfunções autonômicas cardíacas em diversas patologias, entre

elas a obesidade.9

A mensuração da VFC permite analisar o controle neural cardíaco durante

períodos curtos ou prolongados, em diversas condições fisiológicas (sono, repouso,

exercício físico, bloqueio farmacológico) e patológicas.10

A VFC reflete alterações na frequência cardíaca que são comuns e esperadas

em indivíduos saudáveis e pode ser avaliada por métodos lineares, analisados tanto no

domínio do tempo quanto da frequência, e por métodos não lineares.11,12

Os métodos do domínio do tempo e da frequência medem a magnitude global

das flutuações dos intervalos entre dois batimentos cardíacos consecutivos (intervalo RR)

em torno de seu valor médio ou a magnitude das flutuações em algumas frequências de

vibração pré-determinadas. São métodos distintos de avaliar o mesmo fenômeno,

tornando-se possível evidenciar uma correlação entre alguns índices dos dois domínios.13,14

No domínio do tempo, os índices mais utilizados para comparação das

diferenças entre dois intervalos R-R adjacentes são o pNN50, o RMSSD e o SDNN

(definidos na tabela 03, pg. 24). Já no domínio da frequência podem ser utilizados os

métodos de transformação rápida de Fourier ou modelo auto-regressivo, obtendo os índices

(15)

Os métodos não lineares baseiam-se na teoria do caos, ou seja, fenômenos

altamente irregulares, mas não ao acaso. Essa análise vem ganhando crescente interesse,

pois existem evidências de que os mecanismos envolvidos na regulação cardiovascular

provavelmente interagem entre si de modo não linear.15,16

Dentre os índices não lineares para análise da VFC podemos citar a Função

de Correlação (Tau), o Expoente de Hurst (EH), o Expoente de Lyapnov (EL), a Entropia

(ApEn), o Plot de Poincaré, o Recurrence Plot (componentes - Taxa de Recorrência,

Determinismo e Entropia), a análise de flutuações depuradas de tendências (DFA), e a

Dimensão de Correlação (DC).12

Apesar de incipientes os métodos não lineares vigentes estão auxiliando na

compreensão de comportamentos de sistemas, que os modelos lineares não explicam, o que

têm possibilitado melhor entendimento da natureza de sistemas dinâmicos complexos que

ocorrem no corpo humano tanto na saúde como na doença.14

A VFC está alterada em muitas condições patológicas, onde existe um

desequilíbrio entre os componentes simpático e parassimpático, como ocorre na obesidade.

Em indivíduos obesos se observa mudanças na VFC, refletindo modificações autonômicas

adversas que desempenham um papel importante na fisiopatologia da doença.17,18,19

Além disso, alguns autores evidenciaram relações diretas entre a obesidade e

desconfortos musculoesqueléticos. Ao analisar o grau de obesidade com os principais locais

de dor, verifica-se que quanto maior este grau maior a frequência da presença de dor nas

regiões da coluna lombar, joelho e tornozelo/pé, sugerindo a este quadro álgico um resultado

de sobrecarga presente nestes indivíduos.20,21

Entender a obesidade, seus fatores causais, consequências e repercussões

faz-se importante pelo descrito anteriormente, reiterando faz-seu status como problema de saúde

(16)

dados referentes à análise deste comportamento em jovens são poucos e controversos,

constituindo-se em situação-problema. Além disso, os trabalhos existentes abordando este

comportamento na obesidade por meio de métodos não lineares são escassos. A dor

musculoesquelética crônica é uma complicação comum da obesidade e com o passar do

tempo, acarreta incapacidades e redução na qualidade de vida. Além disso, as doenças

musculoesqueléticas compõem o segundo montante de gastos totais com os pacientes obesos

e suas co-morbidades, superadas apenas pelas complicações cardiovasculares.

Assim, com intuito de acrescentar elementos à literatura relacionados ao tema

exposto, pretende-se, com este trabalho, avaliar em jovens obesos com idade entre 18 e 23

anos, o comportamento da frequência cardíaca durante o repouso através da análise linear e

não linear dos índices da VFC bem como associá-lo a eventos de desconforto

músculoesquelético influenciados ou não pela prática regular de exercício físico nesta

(17)

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.

3.1. Obesidade.

A obesidade pode ser definida, como uma doença crônica e multifatorial,

caracterizada pelo aumento excessivo da quantidade total de gordura corporal, causada por

hiperplasia ou hipertrofia do tecido adiposo ou gorduroso. Ocorre como consequência da

ingestão energética de alimentos maior que o gasto calórico do organismo, que resulta em

um balanço energético positivo, o que repercute diretamente na saúde do indivíduo com

perda importante não só na qualidade como na quantidade de vida. Envolve fatores

genéticos, psicológicos e psicossociais, costumes e cultura, sobretudo os hábitos dietéticos e

atividades sedentárias. Afeta todos os grupos etários e prevalece em países desenvolvidos e

em desenvolvimento.5,22,23,24

A prevalência da obesidade apresenta números cada vez mais elevados,

tornando-se uma epidemia global. Cerca de 1,1 bilhões de adultos e 10% das crianças do

mundo são atualmente considerados portadores de sobrepeso ou obesos. Kelly et. al.26,

estimaram para 2030 uma elevação de 25% e 32% nos casos de sobrepeso e obesidade,

respectivamente, em todo o mundo.25,27

No Brasil, em um universo de 95,5 milhões de pessoas de 20 anos ou mais de

idade há 3,8 milhões de pessoas (4,0%) com déficit de peso e 38,8 milhões (40,6%) com

excesso de peso, das quais 10,5 milhões são considerados obesos (IBGE)28. O problema se

acentua na faixa de 25 a 64 anos.29

De preocupação governamental e de setores da área de saúde, por se tratar de

uma pandemia presente no início deste século, a obesidade apresenta elevado custo em seu

tratamento bem como de suas patologias associadas, principalmente das doenças

(18)

As medidas de adiposidades são utilizadas como parâmetros indicadores do

estado nutricional. O Índice de Massa Corporal (IMC) é o mais amplamente utilizado em

todo o mundo, uma vez que é barato, de fácil aplicação e apresenta correlações consistentes

com a gordura corporal total. É obtido através da fórmula IMC = peso/altura2. Segundo a

ABESO33, um índice abaixo de 18,5 kg/m2 indica déficit de peso; igual ou acima de 25

kg/m2 aponta excesso de peso e igual ou acima de 30 kg/m2, obesidade. Contudo, há

limitações de seu uso por não considerar as variações de idade, sexo e etnia, e

principalmente por não ser possível distinguir o aumento de peso por hipertrofia muscular

(massa magra) naqueles indivíduos que praticam atividades físicas intensas; e excesso de

gordura (massa gorda), naqueles que não praticam.24,29,30,34

Frente a esse fato têm-se aumentado nos últimos anos a preocupação com o

desenvolvimento de métodos mais eficientes e precisos para estimar a composição corporal.

Os mais importantes consistem de equações derivadas, direta ou indiretamente, da densidade

corporal (pesagem hidrostática, bioimpedância) ou de imagens (tomografia, RX). Exames

como tomografia computadorizada, ressonância magnética, densitomiografia, DEXA

(Absorciometria de raios-x de dupla energia) são eficazes, porém apresentam altos custos e

baixa disponibilidade. Também se recorre à análise da relação cintura/quadril (RCQ) para

avaliar a distribuição da gordura corporal.34,35

Na obesidade, o peso corporal como um todo excede a determinados limites,

acima dos padrões normais. Os componentes causadores de variações na determinação do

peso corporal são os músculos, ossos e gorduras. As alterações que ocorrem nesses

componentes são devido aos fatores de crescimento, de envelhecimento, alimentação,

doenças e exercícios físicos.34

Em relação à composição bioquímica, o organismo é formado por água,

(19)

água, 15-20% gordura, em torno de 15% proteína e um pouco mais de 5% corresponde aos

componentes minerais como cálcio dos ossos. A faixa percentual de gordura recomendável

para adultos jovens é 8-15% para homens e 16-23% para as mulheres. Considera-se risco à

saúde quando se atinge o percentual de gordura igual ou superior a 25% no homem e 32%

na mulher.34,36

Os indivíduos podem ser considerados pesados e não obesos por meio do

desenvolvimento muscular e ósseo (massa magra) e não pelo excesso de gorduras, logo não

comprometem seu estado de saúde. Há casos de indivíduos com menor peso corporal que

possuem certa quantidade de gordura que comprometem sua saúde devido à deficiência

muscular e óssea.34,37

A quantidade de gordura corporal é distinguida em essencial e de reserva

sendo a essencial caracterizada como aquela encontrada na medula óssea, no coração, no

pulmão, no baço, nos rins e nos tecidos lipídicos espalhados por todo o sistema nervoso

central. Já a de reserva é aquela acumulada no tecido adiposo.34

Existem diversas classificações quanto à obesidade: exógena ou endógena;

central ou periférica; tipo I, II, III e IV; hiperplásica e hipertrófica sendo suas definições

(20)

Tabela 01 – Tipos de classificações da obesidade.

TIPOS DEFINIÇÔES

Exógena

Endógena

Causada pela ingestão calórica excessiva, sendo responsável por 99% dos casos de obesidade. Seu principal agente causador se dá pelo típico estilo de vida moderno que favorece a ocorrência de hábitos nutricionais incorretos, predispondo à inatividade física ou ao sedentarismo.

Causado por distúrbios hormonais e metabólicos representa porcentagem mínima de 1%. Portanto, vale ressaltar que a prática de atividade física e boa alimentação poderão evitar o desenvolvimento da obesidade em pessoas com predisposição genética.

Central (andróide)

Periférica (ginecóide)

Acúmulo de gordura na região abdominal, ao redor das vísceras, apresenta maior risco à saúde, pois os lipídios são metabolicamente mais ativos. Encontrada com maior frequência em homens. Caracterizada por uma circunferência abdominal em homens > 94 cm e em mulheres > 80 cm.

Acúmulo de gordura nas regiões femorais e glúteas. Com prevalência em mulheres e oferece um menor risco à saúde.

Tipo I Tipo II Tipo III Tipo IV

Excesso de massa corporal total

Gordura nas regiões abdominal e tronco-andróide Gordura víscero-abdominal

Gordura glúteo femural Hiperplásica

Hipertrófica

Aumento do número de células adiposas. Aumento no tamanho das células adiposas.

É altamente provável a herança poligênica como determinante da obesidade.

O risco de obesidade quando nenhum dos pais é obeso é de 9%, enquanto, quando um dos

(21)

A adolescência é um dos períodos críticos no desenvolvimento de maior

acúmulo de gordura corporal. Os adolescentes obesos têm 70% de chance a mais de se

tornarem adultos obesos quando comparados à sua mesma faixa etária com IMC normal. É

proporcional a precocidade da instalação da doença, pois depende da sua intensidade e

duração e pode acarretar o aumento da morbidade e diminuição da expectativa de

vida.23,24,40,41

A prática regular de atividade física pode ser considerada um fator exógeno

que atua diretamente na prevenção de futuros agravantes da doença, por essa razão é

recomendada para esse tipo de população. Pode ser definida como qualquer movimento

produzido pela musculatura esquelética que inclui aumento do metabolismo com maior

gasto energético acima dos níveis de repouso. Dessa forma as atividades domésticas, no

trabalho, transporte e mesmo um programa de exercícios físicos estão reunidos sob o termo

atividade física.42,43

Pesquisas demonstram que níveis ideais de atividade física oferecem além da

prevenção de doenças cardiovasculares, diabetes mellitus, câncer e doenças osteoarticulares,

a melhora na qualidade de vida. Esses níveis ideais normalmente se concentram em torno de

30 minutos de atividade aeróbica, preferencialmente todos os dias da semana, com

intensidade moderada. Essa prática regular associada à redução da ingestão de alimentos,

constitui formas eficazes para o controle do peso, levando-se em conta que com o exercício

físico há uma tendência à alimentação de baixa caloria.24,42,44,45

Estudos em todo o mundo têm tentado analisar a relação existente entre a

atividade física habitual e a composição corporal em populações compostas por jovens. No

entanto, há controvérsia nos resultados, alguns indicando a existência de uma relação de

(22)

Muitos pesquisadores admitem que tem sido difícil de determinar se a

inatividade causa a obesidade ou se a obesidade leva à inatividade. De forma geral, muitos

estudos indicam que a atividade física diminui proporcionalmente ao grau de obesidade.

Para Bouchard46, o paradoxo resultante da obesidade contra um referencial de nível alto de

atividade física pode indicar que, adquirir a prática de atividade física é certamente uma

prevenção, e a sua não realização pode ser considerada como um fator que a predispõe.29

A obesidade encontra-se igualmente associada a problemas não fatais, porém

debilitantes, tais como dificuldade respiratória, dermatológicos, infertilidade e disfunções

crônico degenerativas que apresenta complicações, dentre eles distúrbios osteomusculares,

osteoartrite de grandes e pequenas articulações, diminuição da estabilidade, problemas

mecânicos no movimento e aumento das necessidades de adaptação corporal.5,41,47,48,49

As estruturas mecânicas do organismo, em especial as articulações, são

comumente desgastadas (artrite e artrose) em função dos estresses sofridos ao longo da vida

de indivíduos com massa corporal normal. Sendo assim, uma criança que, desde jovem,

carrega uma massa extra em seu corpo, potencializa tais estresses, podendo antecipá-los e

agravá-los, ou seja, problemas articulares tendem a se desencadear precocemente em

crianças obesas. Segundo Goulding et. al.50, crianças obesas apresentam menores

quantidades de massa e área óssea com relação à sua massa corporal total.48

Obesos apresentam alterações no aparelho locomotor e no sistema

musculoesquelético, levando a alterações posturais importantes. A presença de abdômen

protuso determina o deslocamento anterior do centro de gravidade, com aumento da lordose

lombar e inclinação anterior de pelve (anteroversão). A cifose torácica se acentua,

ocasionando aumento da lordose cervical e o deslocamento anterior da cabeça. Com a

evolução do quadro, instalam-se encurtamentos e alongamentos excessivos que em

(23)

aparecimento dos joelhos valgos e pés planos. Sacco et. al.51 observaram que a associação

da obesidade com alterações posturais levam à diminuição da estabilidade e aumento das

necessidades mecânicas para a adaptação corporal.41,47

3.2 Questionários.

3.2.1 IPAQ.

O IPAQ é um questionário proposto pela OMS (1998) para avaliação da

atividade física (AF) em nível mundial e, atualmente, tem sido utilizado em 12 países.

Apresenta-se sob duas formas, a versão curta e longa, têm sua validade e reprodutibilidade

comparadas com as de outros instrumentos já aceitos e utilizados internacionalmente para

medir nível de atividade física.52,53

No Brasil, o questionário foi validado por Matsudo et.al.54, perante o sensor

de movimento Computer Science & Aplications (CSA) - modelo 7164, com um coeficiente

de correlação de Spearman r = 0,69 (p < 0,01) e um coeficiente de fidedignidade de r = 0,73,

quando analisadas todas as atividades da versão curta.55,56

O IPAQ foi desenvolvido para estimar transversalmente o tempo semanal

“habitual” gasto em atividades físicas (caminhadas e esforços físicos de intensidades

moderada e vigorosa) e inatividade física (posição sentada) em diferentes contextos do

cotidiano, tanto em atividades ocupacionais, quanto de locomoção, lazer ou prática

esportiva.57

Segundo o questionário, as atividades são divididas em caminhadas (que

somente são consideradas se pelo menos ocorrerem durante dez minutos contínuos), em

moderadas (são as que precisam de algum esforço físico e que fazem as pessoas respirar um

(24)

que precisam de grande esforço físico e que fazem respirar muito mais forte que o normal

também no mínimo por dez minutos). A versão curta do IPAQ é composta por sete questões

abertas e traz informações sobre o seu devido preenchimento.55,57

A tabela 02 abaixo apresenta a tabulação do nível de atividade física dado

(25)

Tabela 02 – Classificação do nível de atividade física segundo o Questionário IPAQ. 1. MUITO ATIVO a) vigorosa: ≥ 5 dias/sem e ≥ 30 minutos por sessão

b) vigorosa: ≥ 3 dias/sem e ≥ 20 minutos por sessão + moderada e/ou caminhada: ≥ 5 dias/sem e ≥ 30 minutos

por sessão.

2. ATIVO a) vigorosa: ≥ 3 dias/sem e ≥ 20 minutos por sessão; ou

b) moderada ou caminhada: ≥ 5 dias/sem e ≥ 30 minutos

por sessão; ou

c) Qualquer atividade somada: ≥ 5 dias/sem e ≥ 150

minutos/sem (caminhada + moderada + vigorosa). 3. IRREGULARMENTE

ATIVO

Aquele que realiza atividade física, porém insuficiente para ser classificado como ativo, pois não cumpre as recomendações quanto à frequência ou duração. Para realizar essa classificação soma-se a frequência e a duração dos diferentes tipos de atividades (caminhada + moderada + vigorosa). Este grupo foi dividido em dois subgrupos de acordo com o cumprimento ou não de alguns dos critérios de recomendação:

A) aquele que atinge pelo menos um dos critérios da recomendação quanto à frequência ou quanto à duração da atividade:

1) Frequência: 5 dias /semana ou 2) Duração: 150 min / semana

B) aquele que não atingiu nenhum dos critérios da recomendação quanto à frequência nem quanto à duração. 4. SDENTÁRIO Aquele que não realizou nenhuma atividade física por pelo

menos 10 minutos contínuos durante a semana.

Silva23 aplicou o IPAQ em 1229 adolescentes obesos de idade entre 15 a 17

anos, e não encontrou diferença estatisticamente significante entre o nível de atividade física

(26)

Segundo estudo realizado por Santos et. al.59 foi relatado que o maior número

de sujeitos ativos pertence ao grupo dos indivíduos com um IMC > 25 kg/ m2. Este dado

pode ser explicado não só porque os níveis de atividade física avaliados através de

questionários tendem a ser superestimados, mas também, porque a natureza transversal deste

estudo não permite saber se os indivíduos mais pesados utilizam a atividade física como

estratégia de redução do seu peso ou se sempre foram ativos.

3.2.2. Questionário Nórdico Musculoesquelético.

O Nordic Musculoskeletal Questionnaire (NMQ) foi desenvolvido e adaptado

culturalmente para língua portuguesa por Barros e Alexandre60. O objetivo foi padronizar a

mensuração de relato de sintomas osteomusculares e, assim, facilitar a comparação dos

resultados entre os estudos. Os autores desse questionário não o indicam como base para

diagnóstico clínico, mas para a identificação de distúrbios osteomusculares e, como tal, pode

constituir importante instrumento de diagnóstico do ambiente ou do posto de trabalho.61,62,63

Há três formas do NMQ, sendo uma forma geral, compreendendo todas as

áreas anatômicas, e outras duas específicas para as regiões lombar, pescoço e ombros. O

instrumento consiste em escolhas múltiplas ou binárias quanto à ocorrência de sintomas nas

diversas regiões anatômicas nas quais são mais comuns. O respondente deve relatar a

ocorrência dos sintomas considerando os 12 meses e os sete dias precedentes à

entrevista.61,62

Apesar das limitações inerentes aos instrumentos de auto-avaliação, a

simplicidade e os bons índices de confiabilidade do NMQ indicam-no para utilização em

investigações epidemiológicas e estudos que busquem mensurar a incidência dos sintomas

(27)

3.3 Variabilidade da Frequência Cardíaca.

O sistema nervoso autônomo (SNA) desempenha um papel importante na

regulação dos processos fisiológicos do organismo humano tanto em condições normais

quanto patológicas. Os ajustes autonômicos não são normalmente acessíveis à consciência;

por essa razão, é frequentemente chamado de sistema motor involuntário ou

neurovegetativo, que regula a si próprio e influencia tônica e reflexamente a pressão arterial,

resistência periférica, frequência cardíaca e o débito cardíaco.12,64

O coração tem uma densa rede de inervação de origem simpática responsável

por acelerar os processos que estão sendo controlados pelo SNA; e parassimpática (nervo

vago), que atua nas situações em que seja necessário diminuir o ritmo de funcionamento do

sistema em questão.5,65

A estimulação simpática libera noradrenalina que age em receptores beta

adrenérgicos o que acarreta o aumento da velocidade de despolarização das células do SNA,

aumento da contratilidade, da frequência cardíaca e do fluxo sanguíneo através dos vasos

coronários visando suprir o aumento da nutrição do músculo cardíaco. Esse efeito gera

diminuição dos intervalos RR.65,66,67

A estimulação dos nervos parassimpáticos apresenta efeitos exatamente

opostos sobre o coração, ocorre discreta hiperpolarização das células, redução da velocidade

de despolarização, da frequência cardíaca, da velocidade de condução dos impulsos através

do nódulo AV (átrio-ventricular) e diminuição do fluxo sanguíneo através dos vasos

coronários que mantêm a nutrição do próprio músculo cardíaco. O hormônio que atua na

ação parassimpática é a acetilcolina que age nos receptores muscarínicos tipo 2. Portanto, a

estimulação parassimpática diminui todas as atividades do coração, levando ao aumento dos

(28)

Como consequência das adaptações constantes promovidas pelo SNA, os

batimentos cardíacos variam para manter o equilíbrio do sistema cardiovascular, por ação

simultânea do simpático e parassimpático.64,65

O controle da frequência cardíaca é de fundamental importância para adequar

o débito e a pressão arterial no repouso e durante atividades físicas, pois está diretamente

relacionado no controle cardiovascular (Débito Cardíaco = Volume Sistólico x FC).65

A frequência cardíaca em repouso é habitualmente referencial para a

condição da função do organismo humano, sendo ponto de referência para determinação das

faixas de intensidade para prescrição de exercício físico. É influenciada por diversos fatores,

como características genéticas, antropométricas (massa corporal e estatura), faixa etária,

gênero, fatores hormonais, emocionais, condicionamento físico, estado de saúde, entre

outros, e as influências destes podem ser analisadas a partir de testes posturais.68,69

Sabe-se, que o coração, de um indivíduo saudável na condição de repouso,

bate ininterruptamente entre 70 a 80 vezes por minuto, portanto, valores inferiores de

frequência cardíaca podem em geral estar relacionados com uma boa condição funcional e

valores elevados podem estar relacionados a distúrbios funcionais e risco cardiovascular.

Em um indivíduo na condição de repouso, tanto o simpático como o parassimpático estão

tonicamente ativos, com um efeito predominante vagal.69

A magnitude das flutuações da FC pode ser indicadora de disfunção

autonômica cardíaca, sendo que o aumento na FC de repouso e a redução da atividade vagal

estão normalmente associados a uma redução no nível de aptidão física relacionada à saúde.

Sugere-se que a estimulação vagal apresenta um efeito protetor sobre a vulnerabilidade

elétrica ventricular, ao contrário, uma baixa atividade parassimpática estaria correlacionada

de forma significativa ao desenvolvimento de arritmias potencialmente letais, exercendo

(29)

Uma das formas de avaliar o comportamento autonômico é a variabilidade da

frequência cardíaca (VFC), uma ferramenta investigativa simples e não invasiva direcionada

à detecção, estudo e à estratificação de risco da prevalência de disfunções autonômicas

cardíacas (neuropatias autonômica, transplante cardíaco, insuficiência cardíaca congestiva,

infarto do miocárdio); não-cardíacas, como a obesidade e em condições fisiológicas (sono,

respiração, postura, repouso, exercício físico e bloqueio farmacológico). É vista como sendo

refletiva e preditiva da saúde e da doença psicológica em geral.69,70,71,72,73

Os índices de variabilidade da frequência cardíaca (VFC) são obtidos pela

análise dos intervalos entre as ondas R, as quais podem ser captadas por instrumentos como

eletrocardiógrafos, conversores analógicos digitais e os cardiofrequencímetros, a partir de

sensores externos colocados em pontos específicos do corpo.12

A variabilidade pode ser quantificada por diferentes métodos: lineares, nos

domínios do tempo e da frequência; e não-lineares baseados no domínio do caos.12,65

3.3.1. Métodos lineares.

No domínio do tempo, são usadas técnicas matematicamente simples para

mensurar a variabilidade presente num período de tempo pré-estabelecido em um

eletrocardiograma contínuo, por meio de cálculos da média dos intervalos RR normais

(batimentos sinusais) e das variações do desvio padrão da frequência cardíaca ao longo do

tempo. A partir daí, com base em métodos estatísticos ou geométricos (média, desvio padrão

e índices derivados do histograma ou do mapa de coordenadas cartesianas dos intervalos

RR), calculam-se os índices tradutores de flutuações na duração dos ciclos cardíacos.12

Os índices estatísticos, no domínio do tempo, obtidos pela determinação de

intervalos RR correspondentes em qualquer ponto no tempo, são demonstrados na tabela

(30)

Tabela 03 - Definições dos índices de variabilidade da frequência cardíaca analisados no domínio do tempo por métodos estatísticos.

ÍNDÍCES DEFINIÇÕES

SDNN Desvio padrão de todos os intervalos RR normais gravados em um intervalo de tempo, expresso em ms.

SDANN Desvio padrão das médias dos intervalos RR normais, a cada 5 minutos, em um intervalo de tempo, expresso em ms.

SDNNi Média do desvio padrão dos intervalos RR normais a cada 5 minutos, expresso em ms.

RMSSD Raiz quadrada da média do quadrado das diferenças entre intervalos RR normais adjacentes, em um intervalo de tempo, expresso em ms. pNN50 Porcentagem dos intervalos RR adjacentes com diferença de duração

superior a 50ms.

Os índices SDNN, SDANN e SDNNi são obtidos a partir de registros de

longa duração e representam as atividades simpática e parassimpática, porém não permitem

distinguir quando as alterações da VFC são devidas ao aumento do tônus simpático ou à

retirada do tônus vagal. Já os índices rMSSD e pNN50 representam a atividade

parassimpática, pois são adquiridos a partir da análise de intervalos RR adjacentes.12

A partir dos métodos geométricos, também é possível processar os intervalos

RR no domínio do tempo, sendo o índice triangular (RRtri), a interpolação triangular dos

intervalos RR (TINN) os mais conhecidos. Os métodos geométricos apresentam os

intervalos RR em padrões geométricos e várias aproximações são usadas para derivar

medidas de VFC a partir delas. Suas definições estão expostas no Tabela 04.12,75,76

(31)

ÍNDÍCES DEFINIÇÕES

Índice Triangular (RRtri) O índice triangular (RRtri) é calculado a partir da construção de um histograma de densidade dos intervalos RR normais, o qual mostra, no eixo horizontal (eixo x – base do triângulo), o comprimento dos intervalos RR e, no eixo vertical (eixo y – altura do triângulo), a frequência com que eles ocorreram. A união dos pontos das colunas do histograma forma uma figura semelhante a um triângulo e a largura da base deste triângulo expressa a variabilidade dos intervalos RR. Este índice tem uma íntima correlação com o desvio padrão de todos os intervalos RR e não sofre a influência dos batimentos ectópicos e artefatos, pois os mesmos ficam fora do triângulo.

Interpolação Triangular dos Intervalos RR (TINN)

Consiste na medida da base de um triângulo, sendo o método da diferença dos mínimos quadrados utilizado para determinação do triângulo.

Outra forma de avaliar a VFC de modo linear é por meio do domínio da

frequência, que permite decompor a variação da FC num determinado tempo nos seus

componentes oscilatórios fundamentais, onde o sinal do eletrocardiograma oriundo da série

temporal é decomposto em diferentes componentes de bandas de frequência. Admite

caracterização quantitativa e qualitativa, individualizada e simultânea, em termos absolutos

e relativos, das atividades simpáticas e parassimpáticas, por meio das frequências das ondas

e de suas respectivas origens fisiológicas.12

Para obtenção dos índices espectrais, o tacograma de frequência sofre

processamento matemático, gerando um gráfico que expressa a variação dos intervalos RR

(32)

tempo e que é processado por algoritmos matemáticos, como a transformada rápida de

Fourier (FFT) ou modelos auto-regressivos (AR).12

O método FFT é utilizado para obter uma estimativa de potência espectral da

VFC durante fases estacionárias do experimento com a finalidade de permitir comparações

entre os resultados de estudos. Possibilita que o sinal do tacograma seja recuperado mesmo

após a transformação pela FFT, o que demonstra a objetividade da técnica, uma vez que

informações não são perdidas durante o processo. A facilidade de aplicação desse método e

a boa apresentação gráfica são as principais razões para sua maior utilização.12

No modelo AR, a estimativa dos parâmetros pode ser feita facilmente pela

resolução de equações lineares. Dessa maneira, os componentes espectrais podem ser

distinguidos independentemente de bandas de frequência pré-selecionadas e a potência

contida nos picos pode ser calculada sem a necessidade de bandas espectrais pré-definidas.12

Estas análises decompõem a VFC em componentes oscilatórios

(33)

Tabela 05 - Definições dos índices de variabilidade da frequência cardíaca analisada no domínio da frequência.

ÍNDÍCES DEFINIÇÕES

High Frequency – HF Variação de 0,15 a 0,4Hz, modulada pelo Sistema Nervoso Parassimpático (SNP) corresponde à modulação respiratória e é um indicador da atuação do nervo vago sobre o coração; controla o estado de repouso.

Low Frequency – LF Variação entre 0,04 e 0,15Hz, modulada pelo SNP e SNS, é decorrente da ação conjunta dos componentes vagal e simpático sobre o coração, com predominância do simpático e que tem sido relacionada ao sistema barorreceptor e termorregulador, à atividade vasomotora e ao sistema renina-angiotensina.

Very Low Frequency – VLF e Ultra Low Frequency – ULF

VLF com variação entre 0,01 a 0,04 Hz; e ULF com variação entre 10-5 a10-2 Hz. Índices menos utilizados devido a não apresentarem uma correspondência fisiológica clara. Parece estar relacionada ao sistema renina-angiotensina-aldosterona, à termorregulação e ao tônus vasomotor periférico, considerada um marcador da atividade simpática.

Os componentes de alta e baixa frequência são assim chamados devido ao

fato do nervo vago e o sistema simpático enviarem, respectivamente, uma maior ou menor

frequência de impulsos sobre o nodo sinusal. Eles são mensurados em unidades absolutas de

potência (ms2) ou podem ser expressos em valores relativos à potência total subtraindo-se o

componente de muito baixa frequência (unidades normalizadas). A relação entre a potência

(34)

A normalização dos dados da análise espectral pode ser utilizada para

minimizar os efeitos das alterações da banda de VLF. Essa é determinada a partir da divisão

da potência de um dado componente (LF ou HF) pelo espectro de potência total, subtraída

do componente de VLF e multiplicada por 100.12

Muitos dos conhecimentos em medicina se devem à aplicação de abordagens

lineares. Aliás, a maioria dos métodos atuais para análise de dados baseia-se em modelos

lineares, ou seja, levam em consideração proporcionalidades entre duas ou mais variáveis e

nas quais essas relações são descritas por equações lineares.14

3.3.2. Métodos não lineares.

Outro método de análise mais complexo é o não linear, baseia-se na teoria do

caos, ou seja, fenômenos altamente irregulares, mas não ao acaso, que descreve elementos

manifestando comportamentos que são extremamente sensíveis às condições iniciais,

dificilmente se repetem, mas apesar de tudo são determinísticos. A análise da VFC por esse

método vem ganhando crescente interesse, porém não são capazes de explicar toda a

complexidade presente nos sistemas humanos e mais estudos ainda devem surgir buscando

seu refinamento, pois existem evidências de que os mecanismos envolvidos na regulação

cardiovascular provavelmente interagem entre si de modo não linear.14

Estes métodos descrevem as flutuações complexas do ritmo e conseguem

separar estruturas de comportamento não linear nas séries temporais de batimentos cardíacos

mais adequadamente do que os métodos lineares, pois não se destinam a avaliar a magnitude

da VFC, mas sim características do comportamento dinâmico da FC que não podem ser

verificadas por métodos baseados em estatística. Esta condição permite uma melhor

(35)

interpretar, explicar e prever o comportamento dos fenômenos biológicos. Os índices não

lineares estão apresentados na Tabela 06.12,14,77,78,79,80

Tabela 06 – Definições dos índices de variabilidade da frequência cardíaca analisados por meio de métodos não lineares.

ÍNDÍCES DEFINIÇÕES

Plot de Poincaré É uma representação gráfica bidimensional da correlação entre intervalos RR consecutivos, em que cada intervalo é plotado contra o próximo intervalo e a sua análise pode ser feita de forma qualitativa, por meio da avaliação da figura formada pelo seu atrator, a qual mostra o grau de complexidade dos intervalos RR, ou quantitativa, pelo ajuste de uma elipse à figura formada pelo plot, de onde se obtém os índices – SD1, SD2 e a razão SD1/SD2.

Dimensão de Correlação Representa a dispersão ou densidade de um atrator em um espaço de fase, sendo pois, uma medida da complexidade do processo vital

investigado e representa uma das formas mais populares de se calcular a dimensão do atrator neste espaço. De acordo com a literatura, o seu valor será alto para séries RR caóticas e diminuirá quando a variação da série tornar-se menor ou rítmica, indicando baixa VFC.

Entropia (-APEN) Medida no qual quantifica a regularidade e a probabilidade logarítima de que os padrões de séries temporais permaneçam semelhantes uns aos outros após nova comparação adicional.

Função de Correlação (TAU)

(36)

Expoente de Hurst (EH) Avalia a perda da ordem natural dos intervalos entre os batimentos como resultado de uma ruptura da relação quantitativa natural, entre os espaços de toda série natural.

Expoente de Lyapunov (EL)

Mede a média exponencial de divergência ou convergência entre trajetórias que possuem diferenças infinitesimais em suas condições iniciais. Importante para classificar os diferentes tipos de comportamentos dinâmicos. Quantifica a sensibilidade do sistema às condições iniciais.

Recurrence Plot

Taxa de Recorrência

Determinismo

Entropia

RR – Porcentagem de pontos recorrentes no período.

Det – Percentual de pontos recorrentes que formam linhas diagonais.

Ent – distribuição do comprimento da linha diagonal. Análise de Flutuações

Depuradas de Tendência (DFA)

(37)

4. OBJETIVOS.

O presente estudo teve como objetivo avaliar o comportamento da FC de

jovens obesos com idade entre 18 e 23 anos durante o repouso através da análise da

variabilidade da frequência cardíaca através dos métodos lineares, no domínio do tempo

(RMSSD e SDNN) e da frequência (LF, HF e LF/HF) e dos métodos não lineares (Expoente

de Hurst, Expoente de Lyapunov, Dimensão de Correlação, Entropia, Função de Correlação,

Análise de Flutuações Depurada de Tendências, gráfico de Poincaré e Recurrence Plot) bem

como associá-lo a eventos de desconforto músculoesquelético influenciados ou não pela

(38)

5. METODOLOGIA.

5.1. População e amostra.

Para a realização deste trabalho foram analisados dados de 68 voluntários

jovens universitários, de ambos os sexos, com faixa etária entre 18 e 23 anos. Os indivíduos

foram distribuídos de forma não randomizada em dois grupos sendo o G1 constituído por 36

voluntários eutróficos e o G2 por 32 voluntários obesos. O critério de classificação foi

realizado a partir do valor de índice de massa corpórea (IMC), obtido pela divisão da massa

corporal (em quilogramas) pela estatura (em metros ao quadrado), conforme descrito por

Silveira et. al.81 e Batista Filho et. al.82.

Foram excluídos do estudo os indivíduos que apresentaram pelo menos uma

das seguintes características: tabagistas; etilistas; que fazem uso de narcóticos; uso de

medicamentos que influenciem a atividade autonômica do coração, como por exemplo,

propanolol e atropina; que possuam infecções, doenças do sistema cardiorespiratório

conhecidas e doenças metabólicas, exceto a obesidade, as quais possam interferir no

controle autonômico cardíaco.

Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa processo nº.

11/2009 e obedeceu a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, de 10/10/1996 e

após concordarem com o procedimento do estudo, os voluntários assinaram um termo de

consentimento livre e esclarecido. (Anexo I)

5.2. Avaliação inicial.

Antes do início da coleta de dados, os voluntários foram submetidos a um

(39)

massa corpórea (IMC), aferição da pressão arterial (PA), em mmHg e da frequência cardíaca

(FC), em bpm.

A altura foi mensurada por meio de um estadiômetro da marca Sanny (Figura

1), onde o voluntário foi orientado para que retirasse os calçados permanecendo em posição

ereta, com os calcanhares, panturrilha, nádegas e dorso em contato com o antropômetro e a

cabeça foi ajustada de modo que a margem orbital inferior estivesse alinhada com o meato

auditivo externo. O peso corporal foi obtido por meio de uma balança eletrônica digital

marca Welmy (Figura 2). Os procedimentos foram realizados seguindo critérios de Lohman

et al.83.

Figura 1 – Estadiômetro Sanny Figura 2 – Balança Welmy

A pressão arterial foi mensurada de forma indireta, pela utilização de um

esfigmomanômetro aneróide e estetoscópio da marca BD (Figura 3) a partir dos critérios

estabelecidos pelo V Diretriz de Hipertensão Arterial84 e o valor de frequência cardíaca

(40)

Figura 3 – Esfigmomanômetro e estetoscópio BD

Figura 4 – Polar 810i

Além disso, os voluntários responderam dois questionários de forma

individual e auto aplicada - a versão curta do IPAQ (Questionário Internacional de

Atividade Física), que por meio da autopercepção da autonomia funcional, quantificou o

nível de atividade física do indivíduo e o Questionário Nórdico no qual de forma adaptada

estabeleceu relações entre presença e intensidade de sintomas osteomusculares com

atividades de vida diária e atividades físicas. (Anexo II e III respectivamente)

5.3. Coleta de dados

A coleta dos dados foi realizada no Laboratório de Fisiologia do Estresse da

Faculdade de Ciências e Tecnologia – FCT/UNESP. O controle da temperatura ambiente

(temperatura entre 21°C e 23° C), umidade (umidade entre 40 e 60%) e a preparação dos

(41)

destinado aos testes. Foi permitida a circulação de quantidade mínima de pessoas pelo

laboratório durante a execução das coletas de modo a reduzir a ansiedade destes indivíduos.

Os voluntários foram orientados para que 12 horas antes da realização do

protocolo experimental não utilizassem bebidas alcoólicas e/ou estimulantes, como café e

chá a fim de que não houvesse influência direta sobre o comportamento autonômico

cardíaco no momento da realização do protocolo.

Após a caracterização inicial, foi explicado aos participantes todo o

procedimento necessário para realização da coleta de dados, realizada de forma individual.

No tórax dos voluntários, ao nível do terço distal do esterno, foi posicionada a cinta de

captação e, no seu punho, o receptor de frequência cardíaca Polar S810i, equipamento

previamente validado para a captação da frequência cardíaca, batimento a batimento.74

Este equipamento consiste em dois eletrodos montados em um transmissor

eletrônico selado. Essas unidades telemétricas captam os impulsos elétricos do coração e

transmitem tais informações por meio de um campo eletromagnético para o monitor que está

no punho do participante.12

Após a colocação da cinta e do monitor os indivíduos foram posicionados em

decúbito dorsal em um colchonete e permaneceram em repouso em respiração espontânea

(42)

Figura 5 – Captação dos intervalos RR

5.4. Análise da variabilidade da frequência cardíaca.

Para análise da variabilidade da frequência cardíaca, o padrão de seu

comportamento foi registrado batimento a batimento durante todo o protocolo experimental.

Foi selecionado um período de maior estabilidade do sinal contendo 1000 intervalos RR

consecutivos. A série temporal de intervalos RR foi submetida a uma filtragem digital pelo

software Polar Precision Performance SW (versão 4.01.029), complementada por manual,

para eliminação de batimentos ectópicos prematuros e artefatos, e somente séries com mais

de 95% de batimentos sinusais foram incluídas no estudo.

A análise da VFC foi realizada por meio de métodos lineares, analisados nos

domínios do tempo e da frequência, e por meio de métodos não lineares.

5.4.1. Métodos lineares.

Dentre os métodos de análises lineares, as medidas do domínio do tempo são

(43)

dos intervalos RR normais, expressos em milisegundos, resultantes da despolarização do

nodo sinusal.11

5.4.1.1 Domínio do Tempo (DT).

No domínio do tempo foram utilizados para análise da variabilidade da

frequência cardíaca os índices SDNN e RMSSD. Esses índices podem ser distinguidos em

duas categorias - índice baseado na medida dos intervalos RR individuais (SDNN) que

reflete a atividade parassimpática e simpática caracterizando a variabilidade global; e índice

baseado na diferença entre dois intervalos RR adjacentes (RMSSD) no qual demonstra o

predomínio vagal.11

5.4.1.2 Domínio da Frequência (DF).

A análise da variabilidade da frequência cardíaca no domínio da frequência

foi realizada por meio do algoritmo da Transformada Rápida de Fourier foram utilizados os

componentes espectrais de baixa frequência (LF) e alta frequência (HF), em unidades

normalizadas, que representam o valor relativo de cada componente espectral em relação à

potência total, e em ms2, e a razão entre estes componentes (LF/HF). Não foram analisados

os componentes de muito baixa frequência (VLF) e os de ultra baixa frequência (ULF).

5.4.2. Métodos não lineares.

A análise da VFC por meio de métodos não lineares é sustentada pela teoria

do caos fundamentada pela busca de padrões organizados de comportamento dentro de um

sistema aparentemente aleatório.11,14,80

Foram utilizados os seguintes índices: Expoente de Hurst (HE), Expoente de

(44)

(Tau), Análise de Flutuações Depurada de Tendências (DFA total, α1 e α2), além do gráfico

de Poincaré (componentes SD1, SD2 e relação SD1/SD2) e do Recurrence Plot

(componentes Taxa de Recorrência, Determinismo e Entropia).

5.5. Análise dos dados.

Para comparação dos grupos, inicialmente foi determinada a normalidade dos

dados (teste de Shapiro Wilk) e quando a distribuição foi normal o teste t de Student para

dados não pareados foi aplicado. Nas situações em que a distribuição normal não foi aceita,

foram aplicados testes não paramétricos (teste de Mann-Whitney). Diferenças nesses testes

foram consideradas estatisticamente significantes quando o valor de "p" era menor que 0,05.

A análise dos dados do perfil da população foi feita utilizado o método

estatístico descritivo e os resultados foram apresentados com valores de médias, desvios

padrão e intervalos de confiança.

Para correlação dos questionários com os índices de VFC foi utilizado como

parâmetro de classificação da variabilidade da frequência cardíaca o intervalo de confiança.

Quando o valor do índice encontrado era maior ou encontrava-se inserido no intervalo de

confiança esse indivíduo era considerado de alta VFC, quando o valor era menor que o valor

mínimo do intervalo de confiança o indivíduo era considerado de baixa VFC.

Já a análise do questionário IPAQ, os indivíduos foram divididos em duas

classes: ativos ou irregularmente ativos. Sendo que pertenciam à primeira classe os

indivíduos muito ativos e os ativos e da segunda classe os indivíduos classificados como

irregularmente ativo e os sedentários, sucessivamente. Para a classificação do questionário

Nórdico a presença ou ausência de dor osteomusculares nas diferentes regiões do corpo foi

(45)

A partir dos resultados encontrados na VFC e nos questionários, foi feita a

análise estatística pelo programa Odds Ratio, que expressa o risco relativo e os respectivos

intervalos de confiança. O enfoque de risco se baseia na observação de que nem todos têm a

mesma probabilidade (risco) de padecer um dano, mas que para alguns este risco

(probabilidade) é maior do que para outros. Esta diferença gera um gradiente de necessidade

de cuidados, que vai deste um mínimo para os indivíduos de baixo risco a um máximo para

aqueles de alto risco (alta probabilidade de padecer o dano na sua saúde no futuro). Esta

medida é particularmente indicada para estudos de caso-controle, como é o caso de nosso

estudo.85

Para análise dos números de indivíduos, quando o valor fosse igual a 1

significa que não houve diferença entre os grupos estudados. Se o risco relativo fosse < 1,

significa que o risco do evento é menor no grupo de obesos que no controle. Porém, quando

o valor 1, que se refere à nulidade da associação, não estivesse contido no intervalo, temos

uma confiança que o grupo de obesos apresentou risco de evento maior que o grupo

controle.85

Os controles são selecionados a partir da população em estudo por processo

de amostragem. Toda a amostra por melhor que seja feita está sujeita ao acaso, e é por isto

que o "odds ratio" deve ser expresso na forma de intervalo de confiança, calculado a partir

(46)

6. RESULTADOS.

Os resultados são apresentados em quatro tópicos: caracterização da

população estudada, análise dos parâmetros cardiovasculares, análise da variabilidade da

frequência cardíaca e, por fim, relação dos índices de VFC com nível de atividade física e

sintomas osteomusculares. Os valores são apresentados segundo sua média, desvio padrão

ou mediana, intervalo de confiança de 95% e valor p<0,05, segundo os testes utilizados na

análise estatística.

6.1. Caracterização da População do Estudo.

Na tabela 07, são apresentados os valores da idade, peso, altura e índice de

massa corpórea dos voluntários estudados. Diferenças estatisticamente significante entre os

grupos para as variáveis peso e índice de massa corpórea foram observadas, sendo os

valores mais elevados no grupo de obesos quando comparado ao controle.

Tabela 07 – Características gerais de adultos jovens obesos e eutróficos.

Variáveis Eutróficos Obesos Valor p

Idade (anos)

Peso (Kg)

Altura (m)

IMC (Kg/m2)

20,806 ± 1,470 [20,31 – 21,30]

58,950 a [58,92 – 66,83]

1,690 ± 0,108 [1,66 – 1,73]

21,955a [21,07 – 22,28]

20,219 ± 1,660 [19,62 – 20,82]

102,000 [99,06 – 114, 45]

1,726 ± 0,094 [1,69 – 1,76]

35,620 [34,10 – 37,04]

0,1269

0.0001*

0,2178

0.0001 *

a

Imagem

Tabela 01  – Tipos de classificações da obesidade.
Tabela  03  -  Definições  dos  índices  de variabilidade da frequência  cardíaca analisados  no domínio do tempo por métodos estatísticos
Tabela 05 - Definições dos índices de variabilidade da frequência cardíaca analisada no  domínio da frequência
Tabela 06  – Definições dos índices de variabilidade da frequência cardíaca analisados  por meio de métodos não lineares
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