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Gestão dos resíduos sólidos urbanos domiciliares em São Paulo e Vancouver

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Academic year: 2017

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

Verônica Rosária Polzer

Gestão dos resíduos sólidos urbanos domiciliares em

São Paulo e Vancouver

Dissertação de Mestrado

São Paulo

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Verônica Rosária Polzer

Gestão dos resíduos sólidos urbanos domiciliares em

São Paulo e Vancouver

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, na linha de pesquisa de Urbanismo Moderno e Contemporâneo: Representação e Intervenção da Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo.

Orientadora: Profª. Drª. Maria Augusta Justi Pisani

São Paulo

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3 P783g Polzer, Verônica Rosária.

Gestão dos resíduos sólidos urbanos domiciliares em São Paulo e Vancouver. / Verônica Rosária Polzer – 2012. 229 f.: il.; 30cm

Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2012.

Bibliografia: f.201-210.

1. Resíduos sólidos urbanos. 2. planejamento urbano. 3. Sustentabilidade. 4. São Paulo. 5. Vancouver I. Título

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Verônica Rosária Polzer

Gestão dos resíduos sólidos urbanos domiciliares em

São Paulo e Vancouver

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, na linha de pesquisa de Urbanismo Moderno e Contemporâneo: Representação e Intervenção da Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo.

Aprovado em

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________________________

Profª. Drª. Maria Augusta Justi Pisani – Orientadora Universidade Presbiteriana Mackenzie

______________________________________________________________________

Profª. Drª. Gilda Collet Bruna Universidade Presbiteriana Mackenzie

______________________________________________________________________

Prof. Dr. Witold Zmitrowicz

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AGRADECIMENTOS

• À minha mãe, pelo carinho e por toda a determinação e força que me foram passadas, e ao meu marido, pela paciência e pelas noites de formatação do trabalho;

• À minha orientadora, Profa. Dra. Maria Augusta Justi Pisani, por todo o incentivo, pela grande experiência e conhecimento;

• À Profa. Dra. Célia Regina Moretti Meirelles e à Profa. Nádia Somekh, que se disponibilizaram a ler e a criticar o trabalho;

• À Profa. Dra. Gilda Collet Bruna e ao Prof. Dr. Witold Zmitrowicz, pelas sugestões feitas durante a banca de Qualificação, de grande importância para a finalização do trabalho;

• Ao Mackenzie e a CAPES/CNPQ, pela concessão da bolsa de estudos que viabilizou o desenvolvimento da pesquisa;

• Aos funcionários da EcoUrbis Ambiental S/A, em especial à Assistente Técnica Ambiental Maysa Fernandes Santaella, e da Loga, em especial ao Coordenador Francisco de Andrea Vianna, por todas as informações, visitas e materiais cedidos ao trabalho.

• À funcionária da Metro Vancouver, Susana Harder, pela paciência e disponibilidade em explicar os processos da gestão de RSU da Grande Vancouver;

• À Profa. Erika de Castro, da Universidade da Columbia Britânica, pelos esclarecimentos sobre a cidade e a Grande Vancouver;

• À equipe da estação de transbordo de Vancouver, em especial ao funcionário Mike Fliy, por me acompanhar durante toda a visita à estação de transbordo e também à estação de compostagem avançada, em Richmond;

• À equipe do incinerador com geração de energia de Burnaby e também ao Aterro Sanitário de Vancouver, pelas explicações e visitas;

• Aos amigos e familiares, pela compreensão das ausências constantes;

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RESUMO

Devido ao grande crescimento populacional das cidades, o aumento proporcional da geração de resíduos e a falta de políticas públicas, o problema relativo à destinação dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) tem-se agravado. Com o objetivo de compreender esse quadro, foram desenvolvidos dois estudos de caso nas cidades e regiões metropolitanas de São Paulo e Vancouver, no Canadá. Para ambos foram estudados todos os equipamentos que fazem parte da gestão dos RSU, desde a coleta, a estação de transbordo, a compostagem, a triagem de materiais reciclados, o incinerador com geração de energia e, por fim, o aterro sanitário, de forma a identificar o fluxo dos resíduos na cidade, analisando as legislações e planos diretores e de gestão de resíduos vigentes a fim de verificar se as diretrizes estão sendo atendidas e como as cidades estão enfrentando o problema. A gestão integrada dos RSU é uma das políticas públicas que, alinhada às demais, como saneamento básico, saúde, moradia e transporte público, garante qualidade de vida ao cidadão, cabendo ao planejamento urbano integrar todas essas questões no desenho da cidade e do edifício para que o problema dos RSU seja minimizado.

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ABSTRACT

Due to the large population growth of the cities, the proportional increase in the generation of waste and to the lack of public policies, the problem of the disposal of municipal solid waste (MSW) has become worse. In order to understand this situation, we developed two case studies in the city and the metropolitan area of São Paulo and Vancouver, Canada. For both studies all forms of management of MSW were considered, from the collection, transfer station, composting, sorting of recycled materials, the incinerator with energy generation and, finally, the landfill, in order to identify the waste stream in the city, analyze the laws and master plans and existing waste management in order to check if the guidelines are being met and how cities are facing the problem. The integrated management of MSW is a public policy that aligned with the others, such as sanitation, health, housing and public transportation, ensures quality of life for citizens, being the urban planning responsible for integrate all these issues in the design of the city and the building so that the problem of MSW is minimized.

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9

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 Habitação do período paleolítico Ucrânia 25

Figura 1.2 Tempo de degradação de diversos resíduos 38

Figura 1.3 Foto: Empreendimento em Santo Amaro, São Paulo, exemplo de um Plano de Gestão de Resíduos em condomínios comerciais 40

Figura 1.4 Foto: Triturador de RCD. Visita à Estação Resgate 7 Praias 43

Figura 1.5 Fluxograma dos resíduos sólidos urbanos 44

Figura 1.6 Corte de um aterro sanitário típico 48

Figura 1.7 Fluxograma de uma usina típica de triagem de materiais recicláveis 55

Figura 1.8 O caminho dos resíduos na cidade até chegarem aos oceano 57

Figura 1.9 Fotos do Rio Citarum - Oeste da ilha de Java na Indonésia 58

Figura 1.10 Mapa das correntes circulares (giros oceânicos) 59

Figura 2.1 Família alemã separando os resíduos nos containers 64

Figura 2.2 Foto do centro de Vancouver a partir do Stanley Park 66

Figura 2.3 Mapa dos municípios da Grande Vancouver 67

Figura 2.4 Localização dos aterros sanitários, estações de transbordo e o incinerador (WTE) 76

Figura 2.5 Fluxo dos RSU na Grande Vancouver 76

Figura 2.6 Estação de transbordo da cidade de Vancouver 77

Figura 2.7 Foto externa da estação de transbordo da cidade de Vancouver 78

Figura 2.8 Estação de transbordo da cidade de Vancouver – acesso principal 79

Figura 2.9 Estação de Transbordo da Cidade de Vancouver – Exemplos de armazenamento de materiais entregues pelos munícipes

80

Figura 2.10 Estação de Transbordo da Cidade de Vancouver e Estação de Compostagem acelerada de Richmond

81

Figura 2.11 Processo de Compostagem acelerada 82

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10

Figura 2.13 Vista Aérea – Geração de Energia – Maxim 84

Figura 2.14 Geração de Energia Maxim 85

Figura 2.15 Aterro Sanitário da cidade de Vancouver. Local para descarte de gesso e eletrodomésticos

85

Figura 2.16 Aterro sanitário da cidade de Vancouver. Locais de destinação específica de materiais

86

Figura 2.17 Aterro sanitário da cidade de Vancouver. Fila para entrar no aterro. 87

Figura 2.18 Aterro sanitário da cidade de Vancouver. Área de compostagem. 88

Figura 2.19 Aterro sanitário da cidade de Vancouver. Usina de Biogás 88

Figura 2.20 Aterro sanitário da cidade de Vancouver. Vista geral do aterro 88

Figure 2.21 Vista Aérea do Aterro Cache Creek 90

Figura 2.22 Baias para materiais recicláveis do Aterro de Cache Creek. 91

Figura 2.23 Incinerador de Vancouver. 92

Figura 2.24 Diagrama de funcionamento de uma linha de processamento de lixo

do incinerador (WTEF) de Vancouver 93

Figura 2.25 Incinerador de Vancouver. A: Geração de energia elétrica e B: Sala

de controle 94

Figura 2.26 Incinerador de Vancouver. A: Entrada dos caminhões e B: Fosso 95

Figura 2.27 Incinerador de Vancouver. A: caminhão carregado com escória. B: escória de alto forno

95

Figura 2.28 Incinerador de Vancouver. A: tanque de água de condensação. B: instalações

96

Figura 2.29 Caminhão Prefeitura 98

Figura 2.30 Planta e Elevação esquemática de como dispor os coletores 98

Figura 2.31 Mapa Coleta Seletiva por regiões 98

Figura 2.32 Ciclos econômicos 108

Figura 3.1 Mapa do Brasil – Destinação final dos resíduos sólidos urbanos 120

Figura 3.2 Quantidades de municípios por região em que existem iniciativas de coleta seletiva em 2009

(11)

11

Figura 3.3 Passo a passo para elaboração do PGIRS 131

Figura 3.4 Mapa da Região Metropolitana de São Paulo 137

Figura 3.5 Fluxograma dos RSU na RMSP 139

Figura 3.6 Mapa do destino dos RSU na região metropolitana de São Paulo 139

Figura 3.7 Enquadramento dos municípios quanto as condições de tratamento e disposição dos resíduos domiciliares

140

Figura 3.8 Aterro Sanitário de Osasco 141

Figura 3.9 Aterro Sanitário de Mauá 142

Figura 3.10 Mapa da coleta seletiva na RMSP, dados de 2004 144

Figura 3.11 Fluxograma dos RSU na cidade de São Paulo 149

Figura 3.12 Mapa das Concessões 149

Figura 3.13 Localização dos aterros sanitários do município de São Paulo 154

Figura 3.14 Estação de transbordo da Vergueiro 161

Figura 3.15 Vista aérea do Aterro Bandeirantes 163

Figura 3.16 Diagrama do fluxo do metano no aterro sanitário até a usina Biogás 164

Figura 3.17 Planta da Usina de Biogás e foto dos moto-geradores 164

Figura 3.18 Foto aérea do Aterro São João (desativado) 165

Figura 3.19 Usina Biogás e Lagoas de Contenção de Chorume do Aterro São João

165

Figura 3.20 Foto aérea com a montagem da configuração final do aterro CTL 166

Figura 3.21 Aterro CTL. Fotos da autora, visita 26/09/2011 167

Figura 3.22 Drenagem de água pluvial e manta PEAD de impermeabilização do Aterro CTL

167

Figura 3.23 Descarregamento do lixo na célula, queimadores de gás metano, construção da lagoa de contenção do Aterro CTL e viveiro da EcoUrbis

168

Figura 3.24 Aterro Sanitário de Caieiras 169

Figura 3.25 Foto aérea - localização da estação de triagem de materiais recicláveis Coopere-Centro

(12)

12

Figura 3.26 Fachada da estação de transbordo Ponte Pequena em reforma e caminhões da Loga descarregando em frente a estação que ainda não está concluída

174

Figura 3.27 Fluxograma da estação de triagem de materiais recicláveis 175

Figura 3.28 Estação de triagem de material reciclável 176

Figura 3.29 Estação de triagem de material reciclável 177

Figura 3.30 Exemplos de materiais enfardados prontos para serem comercializados

178

Figura 3.31 Armazenamento de sucata eletrônica 179

Figura 4.1 Exemplos de Urbanização na cidade de Vancouver: A – Bairro West End, próximo ao centro; B – Bairro de Nanaimo, periferia; C – Rua Georgia no Centro

181

Figura 4.2 Horta Comunitária próxima ao centro da cidade de Vancouver 182

Figura 4.3 Fluxo sugerido dos resíduos na cidade 190

LISTA DE TABELAS

Tabela 1.1 Crescimento Populacional 27

Tabela 1.2 Marcos significativos 33

Tabela 1.3 Materiais Recicláveis e não-recicláveis 36

Tabela 2.1 Quantidade de resíduos desviado dos aterros sanitários e incinerador na região metropolitana de Vancouver 74

Tabela 2.2 Evolução Histórica da Gestão de Resíduos da Grande Vancouver 96

Tabela 2.3 Setores da sociedade e a quantidade de RSU produzida 100

Tabela 3.1 Destino final dos resíduos sólidos, por unidades de destino dos resíduos Brasil – 1989/2008 120

Tabela 3.2

Quantidade diária de RSU coletados e/ou recebidos, por unidade de destino final, de acordo com os grupos de tamanho dos municípios e a densidade populacional – Brasil

123

(13)

13

Tabela 3.4 Antes e depois da PNRS 134

Tabela 3.5 Desenvolvimento do PERS 135

Tabela 3.6 Destino dos RSU na região metropolitana de São Paulo 138

Tabela 3.7 Situação da coleta seletiva na RMSP, dados de 2004 143

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1.1 Crescimento Populacional 27

Gráfico 1.2 Maiores geradores de resíduos industriais perigosos (Classe I) no Estado de São Paulo (1996) 40

Gráfico 2.1 Taxas de reciclagem de RSU de 1960 a 2008, nos EUA 63

Gráfico 2.2 Destino dos RSU na Europa 65

Gráfico 2.3 Gráfico Material Coletado 72

Gráfico 2.4 Destino dos resíduos sólidos coletados na Grande Vancouver 73

Gráfico 2.5 Resíduos eliminados e reciclados na região metropolitana de

Vancouver, 2008. 74

Gráfico 2.6 Keep Vancouver (cidade) Spectacular 75

Gráfico 2.7 Total acumulado de minhocários e composteiras. 76

Gráfico 3.1 Entidades prestadoras de serviço de manejo de resíduos sólidos, por natureza jurídica da entidade, segundo as Grandes Regiões 119

Gráfico 3.2

Municípios com manejo de resíduos sólidos, nos quais as entidades prestadoras de serviço tem conhecimento de catadores em seus vazadouros ou aterros

122

Gráfico 3.3 Distribuição da quantidade total de RSU coletado no Brasil (%) 125

Gráfico 3.4 População atendida pela Coleta Seletiva em 2010 e modelos existentes 124

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14

LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

a.C. antes de Cristo

ABRELPE Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais

ABNT Associação de Normas Técnicas AMRF Algalita Marine Research Foundation

CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental CEMPRE Compromisso Empresarial para Reciclagem

CH4 Gás metano

CMC Centre for Marine Conservation (Centro de Conservação Marinha) CO2 Gás carbônico

CTL Centro de Tratamento de Resíduos Leste (aterro sanitário) CMDS Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável

CNUMAH Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano CPLEA Coordenadoria de Planejamento Ambiental Estratégico e Educação

Ambiental da Secretaria do Meio Ambiente - SP CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

EPA Environmental Protection Agency (EUA) EPR Extended producer responsability

(Plano de responsabilidade do produtor) FUNASA Fundação Nacional da Saúde

GEEs Gases de efeito estufa

GVRD Greater Vancouver Regional District (Grande Vancouver) ICLEI Internacional Council for Local Environmental Initiatives

(Conselho Internacional para Iniciativas Ambientais Locais) MMA Ministério do Meio Ambiente

MDF (medium-density fiberboard ou placa de fibra de madeira de média densidade)

MIT Massachusetts Institute of Technology NBR Norma Brasileira Registrada

(15)

15 PDE Plano Diretor Estratégico

PEV Postos de Entrega Voluntária PEAD Polietileno de alta densidade

PERS Plano Estadual de Resíduos Sólidos

PGIRS Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos PMSP Prefeitura Municipal de São Paulo

PNMC Plano Nacional sobre Mudança do Clima PNSB Pesquisa Nacional de Saneamento Básico PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos RCD Resíduos de Construção e Demolição RMSP Região Metropolitana da Grande São Paulo RSU Resíduo sólido urbano

SMA Secretaria do Meio Ambiente

SSO Secretaria de Serviços e Obras do Município de São Paulo UNEP United Nations Environment Programme

(16)

16

SUMÁRIO

RESUMO ABSTRACT

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS

LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

INTRODUÇÃO 18

1 O PROBLEMA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS 25

1.1CONTEXTO HISTÓRICO 25

1.2CONCEITOS 34

1.3TIPOS DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS 39

1.3.1 Resíduos de origem urbana (domiciliar e comercial) 39

1.3.2 Resíduos de origem industrial 40

1.3.3 Resíduos de origem hospitalar 41

1.3.4 Resíduos perigosos 42

1.3.5 Resíduos da construção civil 43

1.4EQUIPAMENTOS DE GESTÃO DE RSU 44

1.4.1 Coleta 44

1.4.2 Estação de Transbordo 45

1.4.3 Aterro Sanitário 46

1.4.4 Usinas de Compostagem 50

1.4.5 Incineração 51

1.4.6 Usinas de Triagem de materiais reciclados 54

1.5OS RESÍDUOS NO OCEANO 56

1.5.1 A contaminação dos Oceanos pelos RSU 58

2 GESTÃO DE RSU INTERNACIONAL 63

2.1 PANORAMA INTERNACIONAL 63

2.2 GESTÃO DE RESÍDUOS NA GRANDE VANCOUVER 66

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17

2.2.2 Aterro Sanitário de Vancouver 83

2.2.3 Aterro Sanitário de Cache Creek 89

2.2.4 Incinerador (WTEF – “Waste-to-Energy Facility”) 91

2.2.5 Progama Zero Waste Grande Vancover 99

2.2.6 Programa Zero Waste (Talk Green to us) – Vancouver 110

3 GESTÃO DE RSU NACIONAL 119

3.1 GESTÃO DE RESÍDUOS NO BRASIL 119

3.1.1 Política Nacional de Resíduos Sólidos 125

3.2 GESTÃO DE RESÍDUOS NA GRANDE SÃO PAULO 137

3.2.1 Coleta Seletiva na RMSP 143

3.3 GESTÃO DE RESÍDUOS EM SÃO PAULO 148

3.3.1 Legislação de resíduos na cidade de São Paulo 154

3.3.2 Plano Diretor Estratégico e Estatuto da Cidade 157

3.3.3 Estações de Transbordo 160

3.3.4 Aterro Sanitário Bandeirantes (desativado) 162

3.3.5 Aterro Sanitário São João (destivado) 165

3.3.6 Aterro Sanitário Caieira 169

3.3.7 Incineradores 170

3.3.8 Programa de Coleta Seletiva e Ecopontos 171

3.3.9 Estação de Triagem de resíduos recicláveis Coopere Centro 173

4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 180

4.1 ASPECTOS AMBIENTAIS, SOCIAIS E ECONÔMICOS DO DESTINO

CORRETO DOS RESÍDUOS 190

4.2 O DESAFIO DAS CIDADES 196

CONSIDERAÇÕES FINAIS 199

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GLOSSÁRIO

(18)

18

INTRODUÇÃO

O presente trabalho busca compreender a gestão atual de resíduos sólidos na cidade e região metropolitana de São Paulo e identificar políticas de sucesso em importantes centros urbanos no mundo. Com mais de 18 milhões de habitantes em sua região metropolitana, São Paulo não apresenta um plano de gerenciamento de resíduos amplo e eficaz. As iniciativas privadas locais, como cooperativas de catadores e sucateiros, tentam sobreviver por meio da coleta e comercialização de resíduos, nem sempre com a preocupação de garantir o correto destino aos itens descartados. Esta realidade causa impacto no modo de vida contemporâneo das cidades, com reflexos diretos na natureza. Desta forma, será estabelecida uma breve análise das consequências da ação do ser humano sobre o ambiente construído, sobretudo as cidades, e o natural.

Foi escolhida a cidade de Vancouver para representar uma metrópole com preocupações ambientais e constante busca de respostas para minimizar o problema. Centro econômico do estado da Columbia Britânica e localizada na costa oeste canadense, Vancouver apresenta soluções técnicas eficientes para o reaproveitamento e reciclagem de resíduos, além de uma população ativa e participante do processo de coleta seletiva.

Hoje, um dos maiores desafios das cidades é a redução do grande volume de resíduos sólidos gerados. Considerando que a extração de matéria-prima para a produção de bens de consumo está além da capacidade do planeta, a recuperação dos resíduos é apresentada como uma forma a garantir a continuidade deste ciclo, pois o reaproveitamento dos materiais, principalmente os que são diretamente recicláveis, como plástico, metal, vidro e papel, poupam cada vez mais a custosa e difícil extração de recursos naturais.

(19)

19 p.27). Com o aumento da população urbana, há também o aumento dos resíduos produzidos dentro destas cidades. As cidades brasileiras produzem um total diário de 173 mil toneladas de lixo, pouco mais de 1 kg de lixo por dia por pessoa. Na região Sudeste, este valor é quase 15% maior, alcançando 1,2 kg por dia por pessoa. (ABRELPE, 2011)

O consumo sem precedentes e o modo de vida urbano tende a agravar a situação nas cidades aumentando o nível de degradação ambiental e comprometendo a qualidade de vida do cidadão, que é atingido, de maneira direta e indireta, pela necessidade de consumir algo até então desnecessário. A economia dos anos 1960 pregava que os recursos naturais eram infinitos ou facilmente substituíveis. Enquanto não houver uma desmistificação entre os termos “crescimento econômico” e desenvolvimento, sobretudo sustentável, a humanidade continuará usufruindo os recursos naturais disponíveis sem a preocupação com o futuro (VEIGA, 2008). Embora essa forma de pensar esteja em mudança, ainda assim a produção de resíduos, vinculada ao consumo supérfluo, tem se agravado nas cidades, pois, conforme há desenvolvimento econômico e melhora das condições sociais, o padrão de vida é elevado, aumentando o consumo e a geração de resíduos. Sendo assim, é necessária uma maneira de quebrar o vínculo entre crescimento econômico e produção de resíduos, de forma que as cidades possam apresentar um crescimento econômico verdadeiramente sustentável.

(20)

20 Atualmente, os RSU produzidos nas cidades brasileiras têm como destino os aterros sanitários ou lixões, sendo este último o mais prejudicial ao meio ambiente. Os lixões consistem em grandes depósitos de RSU sem nenhum tratamento prévio do solo, sem a canalização do líquido produzido pela fração orgânica, conhecido como chorume, que é altamente poluente, sem impermeabilização do solo e outras medidas que visam minimizar a contaminação. Os aterros sanitários, embora uma solução mais adequada, estão saturados na maioria dos grandes centros urbanos. A ausência de um sistema eficiente de coleta seletiva amplia este problema, pois cerca de 40% dos resíduos domésticos são recicláveis (CEMPRE, 2012) e, se não forem separados na fonte, terão esses tipos de depósito como destino final. Produtos como plástico, por exemplo, presente em larga escala na vida urbana, leva centenas de anos para se decompor. Trata-se de um problema não só ambiental, mas também de cunho social, econômico e educacional.

Estes números podem variar de acordo com o padrão de vida da cidade ou mesmo do bairro, sobretudo considerando que quanto maior a renda da família, maior a fração reciclável do RSU. Por isso, a separação dos resíduos na fonte geradora é tão importante, pois permite que estes materiais tenham outro destino que não seja aterros e lixões, podendo voltar ao ciclo novamente e trazer benefícios ambientais, sociais e econômicos.

A produção do resíduo de cada cidadão não se limita somente ao que ele consumiu na sua rotina diária; o fato de morar em uma cidade e participar de uma sociedade já é suficiente para contribuir para a geração de resíduos. O cotidiano de cada pessoa está impregnado deles, desde o simples deslocamento de ida e volta do trabalho, até sua moradia e todos os sistemas que são responsáveis pela manutenção da vida produzem, de alguma forma, resíduos.

(21)

21 Vancouver foi a cidade desenvolvida escolhida para ser estudada, pois é apontada como uma das melhores cidades para se viver, segundo o ranking da Economist Unit’s Global Liveability. Com alto índice de qualidade de vida e com uma política eficaz de gestão de

resíduos, a cidade de Vancouver, dentre outras cidades que também possuem políticas eficientes de gestão de RSU, pode ser tomada como exemplo.

Em relação ao planejamento urbano das cidades estudadas, tanto o Plano Diretor Estratégico de São Paulo e o Estatuto da Cidade (vide capítulo 3), assim como o plano diretor da cidade de Vancouver (vide capítulo 2), demonstram a preocupação no gerenciamento de RSU, assunto que aparece nestes instrumentos regulatórios como um dos itens a ser planejado e incorporado ao desenho da cidade. No caso de Vancouver, a cidade é planejada para garantir todo o fluxo de resíduos necessários (coleta, passagem pelas estações de transbordo, estações de reciclagem e compostagem e destinação final), sendo que as novas edificações têm como diretrizes do código de obras destinarem áreas específicas para os resíduos de materiais recicláveis, orgânicos e indiferenciáveis de forma a garantir o espaço e o acesso necessários à realização das coletas. Já as edificações mais antigas têm um prazo de até 2015 para se adequarem.

Em São Paulo, embora o gerenciamento de RSU apareça como sendo uma das diretrizes do Plano Diretor Estratégico, os desenhos dos tecidos urbanos não atendem as necessidades que o fluxo dos resíduos exige dentro das cidades, ou seja, arquitetos e urbanistas devem se atentar a mais esta premissa ao desenhar a cidade e também os edifícios, lembrando que a gestão de resíduos nos edifícios, sobretudo nos comerciais, é algo muito discutido atualmente, principalmente depois da lei que obriga os grandes geradores a participarem da coleta seletiva (privada). Frequentemente itens como: fluxo dos resíduos dentro de edifícios, locais para armazenamento específico de lixo úmido e seco nos andares, lixeiras específicas para cada tipo de resíduo gerado no local, containers e demais formas de armazenamento final são esquecidos nos projetos de arquitetura.

(22)

22 e o meio ambiente. Também será importante para as prefeituras das cidades da região metropolitana de São Paulo, pois oferece dados e descrição dos fluxos atuais dos resíduos, além de servir como um documento de consulta e apresentação de modelos bem sucedidos, disponibilizando sugestões de melhoria para o sistema como um todo. Além disso, oferece informações gerais e que podem ser uteis para outras cidades que queiram melhorar seus processos ou que necessitem de um plano de gestão mais eficaz de resíduos.

OBJETIVO

O objetivo desta pesquisa é analisar as técnicas adotadas para a gestão dos resíduos sólidos considerando todo o fluxo destes na cidade, desde a coleta até o destino final. A pesquisa realizada abrange a forma de disposição final dos resíduos em aterros ou incineradores, as estações de transbordo e a triagem de materiais recicláveis. Foram escolhidos dois estudos de caso: um na cidade e região metropolitana de São Paulo e outro na cidade e região metropolitana de Vancouver, expondo as técnicas adotadas por cada cidade para a gestão de resíduos sólidos urbanos e analisando, caso a caso, o que vem sendo feito para solucionar ou minimizar o problema dos resíduos.

Não serão considerados, neste trabalho, os resíduos originários dos serviços de saúde, entulho (construção civil), radioativo, tóxico e perigoso devido à grande complexidade destes assuntos e por merecerem pesquisas direcionadas a cada tipo especial de resíduo. Esses resíduos merecem uma análise particular, soluções e estudos de caso específicos.

(23)

23 MÉTODO

Para realizar a pesquisa e atingir os objetivos desejados, foi considerado como método para a estruturação dos estudos de caso o livro do Robert K. Yin, Estudo de Caso – Planejamento e Métodos, no qual consta que o estudo visa a responder questões do tipo

“como” e “por que”, em situações nas quais o pesquisador tem pouco controle do que está sendo pesquisado e cujo motivo do estudo é um fenômeno atual inserido no contexto da vida real.

O estudo de caso, segundo Yin (2006), é a pesquisa que tenta esclarecer uma decisão ou um conjunto de decisões e que investiga um acontecimento contemporâneo cujos limites não estão totalmente definidos. Consiste na análise das decisões, porque foram implantadas e quais são suas implicações.

Os dois estudos de caso desenvolvidos nesta pesquisa pretendem analisar as decisões tomadas pelas duas regiões metropolitanas estudadas em relação à gestão de RSU a fim de compreender os motivos dessas decisões e, por fim, discutir outras possibilidades.

“Como estratégia de pesquisa, utiliza-se o estudo de caso em muitas situações, para contribuir com o conhecimento que temos dos fenômenos individuais, organizacionais, sociais, políticos e de grupo, além de outros fenômenos relacionados. (...) a clara necessidade pelos estudos de caso surge do desejo de se compreender fenômenos sociais complexos. Em resumo, o estudo de caso permite uma investigação para se preservar as características holísticas e significativas dos acontecimentos da vida real – tais como ciclos de vida individuais, processos organizacionais e administrativos, mudanças ocorridas em regiões urbanas, relações internacionais e a maturação de setores econômicos.” (YIN, 2006, p.20)

O levantamento dos dados foi realizado in loco e em duas etapas: a primeira, na região

metropolitana de Vancouver e, a posterior, na cidade de São Paulo. A base de dados que compõe a pesquisa compreende a análise de dados primários e secundários, sendo:

• Dados primários:

a) Em Vancouver: foram realizadas visitas in loco e entrevistas com a MetroVancouver,

órgão responsável por regulamentar e gerenciar a coleta de resíduos urbanos na Grande Vancouver. Visitas in loco e entrevistas aos equipamentos: aterro sanitário público de

(24)

24 b) Em São Paulo: foram realizadas visitas in loco e entrevistas com órgãos responsáveis

pela coleta de resíduos sólidos urbanos no município (EcoUrbis Ambiental S/A e Loga) e com a Limpurb. Também foram realizadas visitas in loco e entrevistas nos

equipamentos: estação de transbordo Vergueiro, Aterros Sanitários São João e CTL, Aterro Sanitário Bandeirantes e estação Coopere-Centro de triagem de resíduos para reciclagem.

• Dados secundários:

Pesquisa de bibliografia em geral, como livros, manuais técnicos de instituições públicas, artigos, dissertações, teses, monografias, revistas, sites especializados, leis e normas brasileiras ambientais.

Após a coleta dos dados, as fases seguintes de estruturação dos estudos de caso foram:

• A consolidação dos dados primários por meio da investigação e confirmação das variáveis obtidas nas visitas e entrevistas. Devido à quantidade de fontes de evidências, foi necessário verificar os resultados da pesquisa e, assim, organizar e analisar os dados com base em teorias já documentadas;

• A realização da revisão da bibliografia sobre RSU e o desafio que as cidades vêm enfrentando para mitigar o problema;

• E, por fim, foram apresentadas análises realizadas, discussão dos resultados e conclusões.

A pesquisa foi estruturada em quatro capítulos, cujos assuntos principais são:

• Capítulo 1 – Conceitos e a apresentação do problema;

• Capítulo 2 – Estudo de caso sobre a cidade e região metropolitana de Vancouver;

• Capítulo 3 – Estudo de caso sobre a região metropolitana de São Paulo com aprofundamento na cidade de São Paulo;

(25)

25

1 O PROBLEMA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

Este capítulo desenvolve os conceitos de gestão de RSU, considerando a classificação e a origem dos resíduos, as formas de tratamento, os equipamentos necessários utilizados no fluxo dos resíduos no meio urbano, assim como o tempo de degradação e as consequências para as cidades, o meio ambiente e os oceanos.

1.1 CONTEXTO HISTÓRICO

Por meio de escavações, foi possível identificar os tipos de resíduos produzidos nos acampamentos nômades, na Ucrânia, durante o período paleolítico; nesses acampamentos, a habitação era uma adaptação do ambiente natural e o modo de vida era extrativista. Os resíduos produzidos encontrados foram basicamente restos de alimentos, madeira e peles de animais abandonados ou enterrados - vide figura 1.1 (BENEVOLO, 2011).

Conforme o homem foi deixando de ser nômade, aprendeu a trabalhar com materiais como cerâmica e metal e descobriu a agricultura. A população se concentrou em vilas próximas aos plantios, que, mais tarde, tornaram-se cidades. A partir da introdução desses novos materiais, os resíduos passaram a representar um problema ainda maior, então, surgiu a necessidade de destiná-los para outros locais, distantes das habitações. Uma dessas cidades, Roma, durante o seu apogeu no século II, chegou a ter 1,6 milhões de habitantes e o lixo era jogado em rios e oceanos. Naquele tempo, a população era de 130 milhões de habitantes, hoje, são quase 7 bilhões (MEIO AMBIENTE, 2003).

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26 No início da Idade Média, século V, o Império Romano entrou em decadência e as cidades começaram a se encolher ou se estagnar. Não se dispunha de esgotos e o lixo ficava acumulado em ruas estreitas. Em decorrência dessa degradação ambiental, houve a proliferação de ratos e de epidemias como a peste negra, que matou mais de 25 milhões de pessoas, entre 1347 e 1351. (MEIO AMBIENTE, 2003)

Com o fim do Feudalismo europeu, houve aumento da população que migrou do campo para as cidades e a sua concentração populacional se acentuou ainda mais durante a Revolução Industrial (século XIX). Nesse período as cidades eram consideradas insalubres, pois não havia coleta de esgoto e, tanto os locais de trabalho como as moradias, ofereciam à população mínimas condições de higiene, o que levou o problema dos resíduos a tomar proporções devastadoras. Em seu livro The Condition of

the Working-Class in England in 1844, Engels descreve o centro de Manchester como

sendo formado por ruas estreitas, casas amontoadas, sem ventilação, extremamente miserável, não muito diferente de algumas periferias das cidades atuais. (in BENEVOLO, 2001)

No Brasil, na segunda metade do século XIX, a situação das cidades não era diferente; Gilberto Freyre, em seu livro Sobrados e Mucambos, abordou a questão das moradias,

desde as choças de palha, construídas sobre solo desfavorável à habitação humana, até a formação das favelas que se deu quando a população começou a construir suas casas nos morros, como no caso do Rio de Janeiro. (FREYRE, 2006)

A qualidade de vida, tanto nas cidades brasileiras quanto nas europeias, em geral, diminui com a concentração populacional, acarretando o desequilíbrio entre os recursos naturais disponíveis e a quantidade de resíduos produzidos. Estes dois fatores que levam ao desequilíbrio são diretamente proporcionais, pois quanto maior for o número de pessoas, maior será a quantidade de resíduos gerados e, consequentemente, haverá maiores danos ao meio ambiente, resultando em uma situação alarmante.

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27 de esgoto, fatores estes que proporcionaram a redução das taxas de mortalidade em todo mundo.

Ao analisar a tabela 1.1, é possível perceber que a população passou a dobrar de tamanho em períodos cada vez menores. A população, que era de 2,5 bilhões de habitantes em 1950, passou a ser de 6.928.919.367, ou seja, quase sete bilhões em 2011. (GEOHIVE, 2011)

Nos anos de 1960, iniciaram-se os debates a respeito dos limites do crescimento populacional e suas consequências para o meio ambiente. O Clube de Roma1, fundado em 1968, publicou, em 1972, o relatório intitulado “Os limites do Crescimento” que foi elaborado por uma equipe do MIT (Massachusetts Institute of Technology) sob comando de Dennis Meadows e, em 1972, na cidade de Estocolmo, aconteceu a primeira Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano (CNUMAH).

Do relatório citado, é possível extrair três conclusões básicas:

1 Associação informal e independente formada por políticos e outras personalidades do meio científico e

comercial que tem como interesse comum o futuro da humanidade. Dentre os objetivos do grupo estão: identificar os problemas mais cruciais que coloquem em risco a humanidade, avaliar cenários alternativos para o futuro, desenvolver e propor soluções para os desafios identificados e outros. (ROME, 2011)

Gráfico 1.1 - Crescimento Populacional. Fonte: Gráfico da autora baseado na tabela 1 (World population, year 0 to near

stabilization). UNITED NATIONS,2011, p.5

Tabela 1.1 Crescimento Populacional. Fonte: MEIO AMBIENTE, 2003, p.4

Ano Habitantes

8000 a.C. 5 milhões 4000 a.C. 86 milhões 1 da era cristã 133 milhões

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28 1. Se o crescimento populacional, industrial, assim como suas consequências (poluição, devastação dos recursos naturais, geração de resíduos e outros) continuar sem limites, dentro dos próximos cem anos a sobrevivência da humanidade estará ameaçada;

2 – Deve-se buscar uma condição de equilíbrio entre as necessidades humanas de forma que seja possível manter uma estabilidade ecológica e econômica;

3 – Com a escolha do segundo caminho, Meadows sugere a estabilização do crescimento populacional, chama a atenção para os recursos naturais limitados e rediscute a velha tese de Malthus.

O relatório de Meadows gerou muitas críticas na época e as questões foram novamente discutidas, anos depois, na UNCED-1992 (United Nations Conference on Environment and Development), no Rio de Janeiro. (CAVALCANTI, 1994 e MEADOWS, 1972)

Segundo Cavalcanti (1994), foi Maurice Strong que, em 1973, utilizou pela primeira vez o termo ecodesenvolvimento e foi Ignacy Sachs quem formulou os seis princípios básicos a fim de orientar os caminhos do desenvolvimento; são eles:

“a) A satisfação das necessidades básicas; b) A solidariedade com as gerações futuras; c) A participação da população envolvida;

d) A preservação dos recursos naturais e do meio ambiente em geral

e) A elaboração de um sistema social garantindo emprego, segurança social e respeito a outras culturas, e

f) Programas de educação.” (CAVALCANTI, 1994, p.17)

(29)

29 Desenvolvimento no Rio de Janeiro – ECO-92, como ficou conhecida – que, apesar da falta de adesão dos Estados Unidos nas metas em limitar a emissão de CO2, serviu para

conscientizar a todos dos perigos do atual modelo de desenvolvimento sócioeconômico e os impactos no meio ambiente. (CAVALCANTI, 1994)

Na ECO-92, foi apresentada a Agenda 21, que é um plano de ações que pode ser aplicado de forma global, nacional ou local em áreas em que o homem cause impactos ao meio ambiente. Os capítulos 20 a 22 da Agenda tratam da questão dos resíduos, dando ênfase à minimização da geração de resíduos na fonte, às mudanças nos padrões de consumo, ao incentivo a reciclagem, à destinação correta dos resíduos, entre outras prerrogativas. (AGENDA 21, 2011).

A ECO-92 foi importante também para a publicação dos seguintes documentos: a Carta da Terra, a Declaração de Princípios sobre Florestas, as Três Convenções, que engloba: biodiversidade, desertificação e mudanças climáticas, a Declaração do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento e a Agenda 21.

Em 1997, o Protocolo de Quioto, ocorrido no Japão, também embasado na ECO-92, estabeleceu que os países do Anexo I - uma lista de países desenvolvidos e industrializados - deveriam reduzir suas emissões de carbono em 5,2% no período de 2008 a 2012 em relação aos níveis de 1990. A grande repercussão que esse documento trouxe foi a não adesão dos Estados Unidos, responsável por 36% da emissão de carbono na tabela dos países do Anexo I, segundo os dados do próprio protocolo. (PROTOCOLO DE QUIOTO, 1998)

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30 Um dos desafios proposto pela Rio +10 para o Brasil é a diminuição, pela metade, da população sem saneamento básico (HENS e NATH, 2003). Segundo dados da PNSB - Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (IBGE, 2008) -, dos 5564 municípios, 2810 destinam seus RSU para lixões, 1254 para aterros controlados, 14 para lixões em áreas alagadas e somente 1540 para aterros sanitários, além disso, apenas 3069 municípios têm rede coletora de esgoto, ou seja, o Brasil tem até 2015 para, dentre outras prioridades estabelecidas na Rio +10, substituir os lixões e aterros controlados por aterros sanitários e levar a rede de esgoto para as áreas que não são atendidas, de forma a conseguir atingir a meta de atendimento da metade da população.

Na Conferência Mundial sobre Diversidade Biológica, de 2004, foi assinada a declaração Kuala Lumpur, o que gerou descontentamento dos países pobres e dos ricos que não foram plenamente satisfeitos. (OLIVEIRA, 2011)

Paralelamente, a Europa realizou a Conferência Aalborg +10, um apelo para que os países europeus fizessem parte da Campanha Europeia das Cidades Sustentáveis; nela reuniram-se mais de 650 governantes locais, que se comprometeram com as metas estabelecidas pelo comitê Aalborg. Em 2010, na cidade de Dunkerque, houve um novo encontro intitulado 6ª Conferência das Cidades Sustentáveis. De acordo com essa conferência, cada município deveria avaliar os resultados da implementação dos compromissos de Aalborg e elaborar uma Agenda 21 local. Dez compromissos foram estabelecidos pelo Comitê de Aalborg; são eles:

1 – Governança:

Neste item, o município indica quais serão as diretrizes para se atingir uma democracia mais participativa baseada num governo transparente, no qual a sociedade participa efetivamente nas decisões.

2 – Gestão local para a sustentabilidade:

(31)

31 3 – Bens comuns naturais:

Garantir que todos tenham acesso aos bens naturais por meio da redução do consumo de energia, da melhoria da qualidade do solo, da água e do ar e do aumento da biodiversidade.

4 – Consumo responsável e opções de estilos de vida:

Incentivar a reutilização e a reciclagem, evitar o desperdício e a geração de resíduos, promover a produção e o consumo sustentável.

5 – Planejamento e desenho urbano:

O papel do planejamento e do desenho urbano nas questões ambientais, sociais, econômicas, culturais e da saúde é revitalizar áreas degradadas, evitando a expansão urbana e dando prioridade ao desenvolvimento dos centros urbanos.

6 – Melhor mobilidade, menos tráfego:

Promover o transporte público, a pé ou de bicicleta e desenvolver um plano de mobilidade integrado e sustentável.

7 – Ação local para a saúde:

Disseminar informações para a população sobre os fatores essenciais para uma vida saudável e promover o planejamento urbano para o desenvolvimento saudável das cidades.

8 – Economia local dinâmica e sustentável:

Criar condições para uma economia local que estimule o emprego, o turismo e os produtos locais e sustentáveis.

9 – Equidade e justiça social:

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32 10 – Do local para o Global:

Reduzir o impacto ao meio ambiente através da integração das políticas de proteção climática e das políticas de energia, transporte, consumo, resíduos, agricultura e florestas.

Dos compromissos estabelecidos acima, é importante ressaltar o item 4 (Consumo responsável e opções de estilo de vida), que visa evitar e reduzir os resíduos na fonte e aumentar a taxa de reciclagem, a reutilização e a compostagem; já o item 5 (Planejamento e desenho urbano), visa a regeneração de áreas degradadas e a construção sustentável; esses dois compromissos somados irão garantir a redução dos RSU e a melhoria da qualidade de vida urbana. (AALBORG, 2010)

Ainda no contexto europeu, em 2006, ocorreu o Sexto Programa de Ação Ambiental para a União Europeia que teve a intenção de promover o desenvolvimento urbano a partir do aumento da qualidade de vida dos cidadãos; para isso, foram sugeridas diversas medidas como a redução da poluição e do desperdício. A partir disso, em 2007, foi divulgada a Carta de Leipzig sobre as cidades europeias sustentáveis. (OLIVEIRA, 2011)

Ainda em 2007, a Cimeira de Bali, com metas mais exigentes em relação às mudanças climáticas, tinha a intenção de suceder o Protocolo de Quioto e, em 2009, durante o I Fórum Internacional do Condomínio da Terra, foi publicada a Declaração de Gaia, que implantou o Condomínio da Terra. (OLIVEIRA, 2011)

Em junho de 2012, ocorrerá mais um encontro da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável no Rio de Janeiro. Chamada de Rio+20, pois marca os vinte anos após a ECO-92, tem como objetivo renovar o compromisso de desenvolvimento sustentável e também tratar de assuntos atuais. (Rio+20, 2012)

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33 Tabela 1.2 – Marcos significativos:

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34 1.2 CONCEITOS

A gestão de resíduos sólidos urbanos numa cidade compreende a organização das atividades de coleta, o armazenamento e o destino final dos resíduos de forma a garantir a manutenção da saúde pública e o controle da poluição. Segundo Zanta & Ferreira (2010), os termos gestão e gerenciamento apresentam, tecnicamente, conotações

distintas, sendo o termo gestão mais apropriado para a tomada de decisões, ações e procedimentos e o termo gerenciamento mais adequado para a operação em si. No presente trabalho, os termos gestão e gerenciamento serão utilizados como sinônimos.

Dessa forma, o gerenciamento de resíduos sólidos urbanos deve estar integrado com os demais agentes responsáveis pelo sucesso das políticas de saneamento ambiental, tais como governo, sociedade e iniciativa privada, a fim de estimular a não-geração e garantir a disposição adequada dos resíduos. Cabe também ao gerenciador a administração e o atendimento dos aspectos políticos, econômicos, sociais, ambientais, institucionais e legais. (ZANTA & FERREIRA, 2010)

É o gestor municipal quem irá decidir a melhor forma de destinar os resíduos, seja em aterros sanitários ou através de incineradores, visando à prevenção da poluição que traz melhorias à saúde pública. Também será o responsável por implantar sistemas de coleta seletiva e compostagem que diminuam a quantidade de resíduos nas suas formas de disposição final. Cada país, estado ou cidade possui diferentes sistemas e ferramentas para tratar o problema dos resíduos urbanos e as soluções variam de acordo com a formação cultural, os níveis de consciência ambiental e educação e com a situação econômica, política e social de cada região.

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35 Para amenizar esses efeitos, ações como a diminuição da quantidade de resíduos na fonte e o estímulo da não-geração de resíduos proporcionarão menores volumes de resíduos, que poderão ser encaminhado para aterros sanitários e incineradores, se houver. Ainda pensando nessa etapa, algumas atitudes podem ser tomadas no caso da fração não-orgânica, são elas: redesenho e reuso de embalagens, incentivo de produtos ambientalmente mais corretos, logística reversa, programas de conscientização ambiental, entre outras.

Em relação ao armazenamento, para que os resíduos sejam destinados corretamente, eles precisam ser separados na fonte e acondicionados de forma a evitar a contaminação e a perda de suas propriedades. Quanto maior a segregação, melhores são as condições dos materiais entregues às empresas de reciclagem. Um exemplo concreto disso é o papel, material que deve ser armazenado num local livre de umidade e, por isso, não pode estar nem sujo com comida nem molhado; caso isso aconteça, poderá contaminar o restante do material. No caso do vidro, se este estiver separado em colorido e incolor, como acontece em Berlim (BMU, 2006), permitirá que a fábrica já receba os materiais separados e o processo de reciclagem como um todo será mais eficiente, pois, uma vez que o vidro incolor estiver misturado ao colorido já triturado, não há como separar mais; isso ocorre com os demais materiais.

Quanto à coleta dos resíduos sólidos urbanos, é possível dividi-la de forma simplificada em três grandes grupos a fim de organizá-la: o resíduo indiferenciado (que não pode ser reciclado ou compostado como, por exemplo, o papel higiênico), o resíduo orgânico (pode ser compostado como, por exemplo, frutas, verduras, podas de jardim etc.) e material reciclável (papel, plástico, vidro e metal). Outros resíduos são considerados especiais, pois necessitam de uma entrega voluntária ou programada, como é o caso de pilhas e baterias, mobiliários, eletrodomésticos etc.

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36 Tabela 1.3 – Materiais recicláveis x não-recicláveis:

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37 Segundo ZANIN, (2004):

“A palavra lixo, que associada a qualquer coisa imprestável, nociva e que não tem valor, passa a ser substituída por resíduo. Essa substituição dá a conotação de que não tendo valor ou utilidade para uns, para outros corresponderá a benefícios, ou seja, com um valor de uso positivo.” (ZANIN, 2004, p.17)

Desta forma, o resíduo deixa de ser imprestável e se torna matéria-prima para as indústrias recicladoras, formando um ciclo contínuo dentro da sociedade.

Segundo a NBR 10004, de 2004, os resíduos sólidos são definidos como:

“Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.” (NBR 10004, 2004, p.1)

Os resíduos podem ser classificados de diversas formas, segundo a CEMPRE (2012):

1) Pela origem: urbanos, industriais, hospitalar e outros estabelecimentos relacionados à saúde (veterinários, clínicas, consultórios etc.), agrícolas, portos e aeroportos;

2) Pela periculosidade: perigosos, inertes e não-inertes (classificação também da ABNT NBR 10004);

3) Pela natureza: seco ou úmido;

(38)

38 Sabe-se que o tempo de degradação estimado para cada tipo de material é estabelecido em condições normais, considerando principalmente o efeito da umidade, porém, nas cidades onde não há coleta seletiva, a maioria desses materiais tem como destino os aterros sanitários o que retarda ainda mais a decomposição, pois a célula do aterro sanitário é impermeabilizada embaixo e recebe uma camada de terra em cima, isolando o resíduo do contato com o solo e com o ar, por isso, neste ambiente os materiais recicláveis acabam tendo o seu período de decomposição prolongado.

O incentivo à reciclagem, reuso e a não-geração dos resíduos na fonte tem como objetivo desviar estes resíduos dos aterros sanitários e incineradores, tornando-os matérias-primas para indústrias da reciclagem.

A figura 1.2 mostra a decomposição dos resíduos na natureza, em condições normais de degradação2:

2

Sem ação de umidade, acidez, sol, vento ou outro elemento que venha acelerar a decomposição.

(39)

39 1.3 TIPOS DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

Neste item, os tipos de resíduos produzidos numa cidade são identificados com base em sua origem. A partir da sua identificação, é feita uma breve introdução sobre o grau de periculosidade desses resíduos e, de acordo com essa periculosidade, é discutido o destino correto para eles.

1.3.1 Resíduos de origem urbana (domiciliar e comercial)

Os resíduos de origem domiciliar e comercial são basicamente formados por uma parte orgânica, uma indiferenciável e uma reciclável. O presente trabalho visa tratar especificamente destes três tipos de resíduo.

Compreende-se por material orgânico a fração dos resíduos domésticos, também denominada de “lixo úmido”, como: restos de verduras, legumes, frutas, vegetais em geral, cascas de ovos, borra de café, papel sujo de comida, jornal molhado ou sujo de comida, esterco de animais, poda de jardim e outros. Este material pode ser encaminhado para a compostagem.

A fração mais importante é a dos materiais recicláveis: plásticos, metais, papéis e papelão e vidros. Estes resíduos devem ser separados na fonte e destinados à reciclagem. Uma vez que o material não é separado dificilmente ele terá o destino correto.

No município de São Paulo, cabe à limpeza pública a responsabilidade em recolher os resíduos indiferenciáveis e encaminhá-los ao aterro sanitário. Já a coleta seletiva do município acontece em outro horário; nela, os resíduos separados pelos moradores são destinados para os centros de triagem existentes na cidade. Este assunto será melhor detalhado no capítulo 03.

(40)

40

Figura 1.3 - Foto: Empreendimento em Santo Amaro, São Paulo, exemplo de um Plano de Gestão de Resíduos em condomínios comerciais. Visita em 29/01/2010. Fonte: POLZER, 2010.

Para os grandes geradores não-residenciais, que produzem acima de 200 litros diários, a Prefeitura não recolhe os resíduos; portanto, faz-se necessário contratar uma empresa particular para realizar a coleta. Isso é o que acontece com edifícios comerciais de grande porte, como o exemplo da figura 1.3. Neste caso, o edifício necessita de um Plano de Gestão de Resíduos a fim de destinar corretamente todos os resíduos produzidos no empreendimento. (PMSP, 2012)

1.3.2 Resíduos de origem industrial

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41 Devido à alta taxa de periculosidade da maioria dos resíduos industriais, a CETESB tem realizado levantamentos e orientado as indústrias desde o final da década de 1970, sendo que em 1983 iniciou um programa para controle da poluição que começou no Polo Petroquímico de Cubatão, passando para o Vale do Paraíba, Sorocaba, Campinas e Grande São Paulo, em 1986. Já em 1988, após a aprovação da Resolução 006/88 pelo CONAMA, realizou-se um inventário no qual constavam 1923 indústrias do Estado de São Paulo como fontes poluidoras. Em outro levantamento, realizado em 1996, verificou-se que as indústrias do Estado de São Paulo eram responsáveis pela geração de mais de 500 mil toneladas de resíduos sólidos perigosos por ano, cerca de 20 milhões de toneladas de resíduos sólidos não-inertes e não-perigosos e acima de um milhão de toneladas de resíduos inertes. Destes resíduos, 53% dos perigosos são tratados, 31% são armazenados e os 16% restantes são depositados no solo. (CETESB, 2011)

1.3.3 Resíduos de origem hospitalar 3

Os resíduos de origem hospitalar e outros estabelecimentos relacionados à saúde (veterinários, clínicas, consultórios etc.) são extremamente perigosos no sentido de propagação de doenças e, por oferecem riscos à saúde pública, estão classificados como perigosos Classe I, segundo a norma NBR 10004 de 2004, que trata da classificação dos resíduos sólidos quanto a sua periculosidade. Esse tipo de resíduo é destinado à incineração ou a outro tipo de descontaminação. Os hospitais e demais locais de saúde possuem uma caixa para perfurocortantes4 e containeres para outros materiais contaminados. Os demais resíduos, como copos descartáveis, embalagens de soro, frascos, em geral podem e devem ser encaminhados à reciclagem, participando da coleta seletiva convencional.

Em outubro de 2011, as agências de vigilância sanitária estadual e federal, junto com a receita federal e a polícia, apreenderam containeres no porto de Suape, em Pernambuco, com 46 toneladas de lixo hospitalar norte-americano. Esse material, composto por lençóis, aventais e tecidos em geral, eram reutilizados como forros de bolsos por uma

3 Outros estabelecimentos relacionados à saúde (veterinários, clínicas, consultórios etc.)

4

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42 empresa brasileira. O governador do Estado, Eduardo Campos, responsabilizou os Estados Unidos por permitir a venda ilegal de lixo hospitalar ao Brasil. (ESTADÃO, 2011). Materiais contaminados de origem hospitalar, conforme já comentado, precisam ser eliminados ou descontaminados e cada unidade de saúde é responsável pela destinação dos seus resíduos dentro dos seus limites territoriais legais.

Em 1986, a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) publicou um guia para gestão de resíduos hospitalares com o objetivo de orientar os hospitais americanos sobre o fluxo dentro dos estabelecimentos de saúde e a destinação destes materiais. O plano de gestão sugerido pelo guia identifica e explica todas as fases do fluxo dos resíduos: designação dos materiais, triagem, embalagem, armazenamento, transporte, tratamento, disposição, plano de contingência e treinamento dos funcionários. Para os resíduos considerados perigosos, é adotada a política chamada de “cradle-to-grave”, que consiste

em eliminar um resíduo que se encaixe nesse padrão. (EPA, 1986.)

A EPA recomenda que o hospital ou unidade de saúde tenha um plano de gerenciamento de resíduos, considerando um tratamento especial aos resíduos infectantes que devem ser separados dos demais resíduos e armazenados em containeres identificados. Na disposição final, o material deve ser eliminado ou totalmente descontaminado; para isso, há várias técnicas, desde a incineração controlada (com captação e tratamento dos gases tóxicos), até técnicas mais modernas. (EPA, 1986)

1.3.4 Resíduos Perigosos

(43)

43

1.3.5 Resíduos da Construção Civil5

São exemplos de resíduos de construção civil: madeira, gesso, entulho (concreto, asfalto, pavimentações, alvenaria, etc), cerâmica e outros. Esses resíduos devem ser encaminhados para aterros sanitários específicos que recebem material inerte. Um exemplo é a Estação Resgate que possui duas unidades uma chamada Sete Praias, situada na região da Cidade Ademar em Santo Amaro, que recebe cerca de 6.000 m³ de RCD (Resíduos de Construção e Demolição) por mês e a unidade de Lumina, no Grajaú que iniciou suas atividades em 2010. (RESGATE, 2011)

Na foto A, é possível observar as peças de concreto sendo quebradas em blocos menores para, depois, serem colocadas no triturador (foto B). O concreto triturado e transformado em agregado pode ser reutilizado na construção civil e o metal presente no concreto armado é separado por um sistema magnético dentro do triturador, sendo reciclado também no final do processo.

5

Considerados também como resíduos inertes de acordo com a classificação da NBR 10004 de 2004

A B

C

(44)

44 1.4 EQUIPAMENTOS DE GESTÃO DE RSU

No gerenciamento integrado de resíduos sólidos urbanos, são denominados como equipamentos os fluxos e locais de toda a cadeia, desde o recolhimento até o destino final. São eles: coleta, estação de transbordo, aterro sanitário, usinas de compostagem, incineração e usinas de triagem de materiais recicláveis.

O fluxograma da figura 1.5 resume o caminho percorrido pelos resíduos da origem ao destino.

1.4.1 Coleta

A coleta dos resíduos sólidos domésticos é de responsabilidade do poder público e pode ser realizada pela própria prefeitura ou por uma empresa privada contratada. Consiste no recolhimento realizado na sua maioria porta a porta, ou através de containeres, quando o local é de difícil acesso. Compreende-se por coleta de resíduos domésticos e de pequenos comércios e serviços aquela que não ultrapasse, em geral, cerca de 200 litros diários; esses valores mudam de acordo com o município. Os grandes geradores não-residenciais, que produzem mais de 200 litros, devem realizar um cadastro na prefeitura e contratar uma empresa privada para realizar a coleta.

Cada tipo de coleta possui um caminhão específico. Para a coleta de resíduo indiferenciado, o caminhão pode ser do tipo compactador ou triturador; neste caso, não há processo posterior de triagem de material reciclado e os dejetos são encaminhados para aterros sanitários ou incineradores.

coleta estação de

transbordo

aterro sanitário

usinas de compostagem

incineração (waste to energy)

usinas de triagem de materiais recicláveis

orgânico indiferenciável

indiferenciável

recicláveis

(45)

45 No caso da coleta seletiva, há diversos tipos de caminhões, cada prefeitura ou empresa privada tem o seu sistema. Existem alguns com aberturas laterais, nas quais os materiais são colocados pelo coletor, e outros dos tipos caçamba, baú etc. Nesse tipo de coleta, os materiais não podem ser triturados ou compactados, pois irão para uma central de triagem onde serão separados por tipo e encaminhados às indústrias de reciclagem. Em algumas prefeituras há também a coleta de material orgânico para compostagem.

1.4.2 Estação de Transbordo

As estações de transbordo são locais intermediários e estratégicos, onde os caminhões do serviço de coleta descarregam os seus resíduos para que uma carreta, que normalmente carrega três vezes a quantidade de um caminhão coletor, possa levar os resíduos para o seu destino final, podendo ser o aterro sanitário, a usina de compostagem ou o incinerador.

É possível dividir uma estação de transbordo por setores: recebimento, fosso, administrativo e destinação. No recebimento, o caminhão é pesado e os dados são computados; são anotados a placa, o nome do motorista, além do peso bruto e peso líquido do caminhão. Após isso, o caminhão é liberado e é direcionado para a área do fosso onde o resíduo será depositado. Nesta etapa, as estações de transbordo variam em alguns pontos como na dimensão do fosso e na forma de fechamento. O ideal é que a estação de transbordo seja isolada em relação ao meio externo, não permitindo que escapem odores; para isso, é necessário que haja um fechamento total, considerando a cobertura e todos os lados e garantindo que o ambiente interno esteja com pressão negativa em relação ao exterior.6

Abaixo do fosso uma carreta fica estacionada aguardando ser completada com os resíduos, que são depositados até o limite preestabelecido de peso, depois as carretas são fechadas e seguem até o aterro sanitário ou usina de compostagem caso tenham sido carregadas com resíduo orgânico.

6

(46)

46

1.4.3 Aterro Sanitário

Algumas definições são necessárias antes de explicar o que é um aterro sanitário, como os lixões ou vazadouros, forma empregada para dispor os resíduos sem tratamento prévio. Trata-se do abandono do lixo num determinado local sem nenhum cuidado ambiental, o que representa um risco à saúde pública, pois o solo é contaminado, assim como o lençol freático. Como o local não é controlado, diversos animais têm acesso ao lixo, o que contribui ainda mais para a proliferação de doenças.

Segundo Obladen (2009), um lixão pode ser convertido em aterro controlado, de forma a minimizar os impactos ao meio ambiente; para isso, é necessário realizar algumas análises do local como: avaliar a qualidade ambiental, verificar se é possível fechar e selar o lixão existente de forma a implantar um aterro sanitário e, ainda, avaliar a vida útil do aterro controlado, que é de, no mínimo, cinco anos. (OBLADEN et alii, 2009)

Dessa forma, o aterro controlado é aquele que normalmente era um lixão e que não apresenta todas as condições para se tornar um aterro sanitário, ou seja, apresenta algumas falhas como: impermeabilização, recolhimento de líquidos e gases e outros fatores. (OBLADEN et alii, 2009)

Segundo a ABNT:

“Aterro sanitário de resíduos sólidos urbanos consiste na técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública, e à segurança, minimizando os impactos ambientais, método este que utiliza os princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho ou a intervalos menores se for necessário” (ABNT NBR 8419)

(47)

47 que acaba por modificar a paisagem e a topografia do terreno e deve reunir as seguintes características, segundo a norma P4.2417 (CETESB, 1982):

• Sistema de drenagem superficial de águas pluviais;

• Sistema de coleta e remoção de percolado;8

• Sistema de tratamento de percolado;

• Impermeabilização inferior e/ou superior;

• Sistema de coleta de gás metano;

• A área deve ser isolada, ser monitorada e ter acesso controlado;

• Deve ser previsto um plano de encerramento do aterro.

De acordo com a CETESB o aterro sanitário precisa ter uma vida útil acima de 10 anos para justificar sua operação e, após seu encerramento a área deve ser monitorada até o total esgotamento dos gases e líquidos produzidos pelo lixo enterrado.

Para ilustrar a composição de um aterro sanitário típico, o corte da figura 1.6 mostra as diversas camadas que compõem o sistema de impermeabilização, drenagem de líquidos e gases produzidos pelo lixo, drenagem superficial de água pluvial e demais barreiras de contenção.

Durante as visitas a aterros sanitários para a presente pesquisa, foi observado que a topografia do local é que determina como será a configuração final do aterro, ou seja, se ele for implantado em um vale, onde não haverá escavação, assim que ele for esgotado, uma montanha surgirá no local. Outra forma de implantação é a escavação de uma área plana ou montanhosa, processo no qual se retira a terra do local e, com o passar do tempo, a montanha se forma novamente. Ou, ainda, o aterro sanitário pode ser implantando numa encosta, como é o caso do aterro São João.

7 (norma para apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos) da CETESB,

1982.

(48)

48 Para a implantação do aterro, é necessário seguir os passos, conforme a figura 1.6, e as observações feitas nas visitas aos aterros sanitários:

1 – Acima do terreno natural é feita uma compactação no solo, formando uma base.

2 – Sobre o solo compactado de base, é colocada uma manta de PEAD (Polietileno de alta densidade), esta geomembrana garante que nenhum líquido produzido pelos resíduos contamine o lençol freático ou o solo. Acima da manta de PEAD há ainda uma camada de solo compactado, que garantirá a proteção mecânica não permitindo que a manta seja perfurada ou danificada por algum resíduo metálico ou vidro presentes no lixo recebido.

Imagem

Gráfico 1.1 - Crescimento Populacional. Fonte: Gráfico da autora  baseado na tabela 1 (World population, year 0 to near
Tabela 1.3 –  Materiais Recicláveis e não-recicláveis. Fonte: POLZER, 2012  com base nos dados da  CEMPRE, 2012
Figura 1.7 – Fluxograma de uma usina típica de triagem de materiais recicláveis. Fonte: POLZER, 2011
Gráfico 2.1 – Taxas de reciclagem de RSU de 1960 a 2008, nos EUA. Fonte: EPA, 2009, p.2
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Referências

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