COMO 0 ENFERMEIRO UTILA 0 TEMPO DE TRABALHO N U MA U NIDADE DE INTERNACAO·
Vleia Lerch Luari** Wilson Dilo Ldi Filho**·
a ieget Boba····
RESUMO: Os autores realizaram uma pesquisa com a colabora�o de u n g ru po de enfermeiros de uma U n idade de I nterna�o de u n hos
p
ital de ensino. Ap6s a elabora�o do rol de atividades passfveis de serem realizadas pelos enfermeiros em sua jornada de trabalho, foi elaborado un instrumento para computar 0 tempo de trabalho desin ado as d ivesas atividades. 0 estudo apresenta dados que corrobora m a percep�o da existencia de contradiyoes entre 0 ensino fomal x patica profissional, e procu ra, por meio da revisao da literatura e de refiexoes acera dos resultados, a pontar altern.ativas de soluyoes para os problemas detectados.ABSTRACT: The authos carried out a research with collaboration of a n u rses' g roup of an U nivesity Hospital. Ater elaboration of actiities list by these nuses in their day's wok, a n instrument was elaborated to compute the expended time with those several ativities. The data confirm the authos' perception about the existent contradictions beween "formal teach i ng x professional practice". It intends, by means of literature's revision a nd reflections about the results, to point out some alternative solutions to resolve the evidented poblems.
U NITERMOS: U n idade de Interna�o - Atividade do Enfermei ro
1 . INTRODUZINDO A QUESTAO DA PES QUISA
A motiva9ao inicial para a realiza9ao deste aba lho partiu das expeiencis vividas, ode lorm contadi90es, que podem ser veriicadas pelo des compasso entre 0 que se esina na foma9ao dos efemeiros e 0 que e por eles paticado no exercicio proissiol.
De uma ostua inicial de citica aos enfemeios or sua possivel incompetencia em cumprir 0 que fora preconizado como 0 seu fazer, postura agora ercebi a como ingenua e ate impodutiva, assamos a nos
questionar e reletir sobre as ossiveis zoes dos mesmos ao conseguiem executar, tanto em ivel qualitativo quanto quantitativo, 0 que muias vees por eles ea feito ate 0 ultimo semeste do cuso, quando cursavam a disciplia Adinista9ao Apli cada a Enferagem.
Desss exeriecias vivenciadas, aalisaas e reletidas, lentamente emergiam contadi9es ee o que se diz que deve ser aliado elo efemeio e o que e realmente realizado, deotando ua ossivel visao idealizada, presente o esino da efemagem e do fazer do enfermeio.
• Trabalho apresentado no 45° Congresso Brasileiro de Enfemgem. Olinda-Recife - PE, 28 de novembro a 3 de dezembro de 1 993. .. Professora do Curso de Enfemagem e Obstetricia da Univesidde do Rio Grande. Mestre m Educa�o. F ACED-UFRGS. • • • Professor do Cuso de Enfemagem e Obstetricia da Universidade do Rio Grnde. Mestrando em Administra�ao. PPGA-UFRGS . .... Professora do Curso de Enfermagem e Obstetricia da Universidade do Rio Grande. Mestranda em AssisUlncia de Enfemagem. Mesrado
em Expansao da UFSC. REPENSUU POW II -URG.
Foram colaboradoras deste trabalho s enfemeirs Ellana Pinho Azambuja, Nalu Pereira Keber, Miiam Therza Ventua Correa. Rejane Pam, Candida Botoli. Lucia Lima, Andreia Delno Tores que paticiparam tnto da elabor�ao do instumento de coleta, como da implement�ao do monitoramento dos dados.
ALEIDA e ROCHAC1 ) destacam que a corente ilosoica idealista e domiante na compreensao da pitica da enfenagem, ainando:
"0 discurso da enfermagem e normativo sempre na direfao do ideal, do "deve ser", e assim as questoes etico-ilosoicas sao altamente valorizadse 0 nreto real om us conrdi¢es e esmoteao ".
Temos obsevado que s unidades de intema�ao do ospial de ensino utiliado como camo de esa gio, os enfeneiros execuam algus poucos cuidados dietos de maior complexidade, isoladamete, a un restrito numeo de pacientes, equanto que os de menor complexidade sao executados pedomiante mente por outros membros da equie de efenagem. Os demais acientes, que se constituem na gande maioia, sao assistidos or aendentes ou auxiliares de enfermagem, a tir da elboa�ao da escala e distri bui�ao dos pacientes, quase que com total autonomia em ela�ao aos enfeneiros.
Pecebemos tamem que os enfeneiros sao so licitados elo essoal auxiliar, quando lo conse guem cumprir a pescri�ao medica, ou executar al gum tio de cuiado em decorrencia de problemas ineentes ao aciente ou, mis feqentemete, em decoencia as codi�oes ogaiacioais da unida de. Por outro ldo, 0 enfeneio ten side constate e continuamente solicitado por outos proissiois da equie de saude a envolver-se e a resolver poblemas dos mais variados, dizedo ou nlo. dizendo eseito as coisas propris da efenagem, muitos deles or nos cosideados como atividades passiveis de dele ga�ao a outros elementos, etecentes ou lo a equi pe de enfermagem.
Reconhecemos, orato, 0 enfeneio como fa cilitador do tabalo dos demais membos a equie de enfenagem e de saUde, odendo ealiar, desta foa, muito ouco ou quase nada do que enede mos ou idealizamos ser 0 fazer do efeeiro.
TEVIZAN( l 1) desaca que 0 enfeneio execu tando pedomiatemente atividades adminisati vas. Mesmo lo representado meio de desevolvi mento e alcnce de metas peconiadas ela pois sao, ealia uma admiisa�ao que visa muito ais facilitar 0 evi�o de outros proissiois, o que cocretiar os objetivos de seu proprio servi�o. Por ouro lado, ao lo ealizar atividades etinentes ao seu tabalo, e executndo outs que lo ecessaria mente peciia ealiar, 0 enfeeiro enite a exis tecia de lcuas ou vzios e'm sua atua�ao a ea de efermagem.
Para BER(9), nao hQ vazios que nio sejam ocupados e, se os espafos lsicos, sociais, culturais ou institucionais que nos cabem, deixarem de ser preocupafao nossa, de cada um e de todo 0 rupo pro issional, poderao eles se transformar em proble
mas maiores para. a c1asse, pois outros tentarao e poderao ocupa-Ios.
No dizer de SILVA(IO), coreu a enfenagem ua fragmenta�ao de seu objeto de abalho, onde a assistecia de efenagem icou subdividida em cui dados dire to e indieto, sendo que 0 pimeiro quase que toalmente restrito as diversas categorias dos demais proissioais suevisionados pelo enfenei oo Segundo esta autoa, a mea�a de descaracteriza �ao que evolve a proissao de enfeneiro advem de seu papel de govea e nlo de seu pael de super visor da ssisecia ao doete. 0 fato do enfeneiro lo peSr 0 cuidado direto lo diminui a imon cia de seu trabalho que se vincula aquele cuidado, zelando por sua qualidade, elo menos hiotetica mente.
LEOPARD I et alP) refeem que esta divisao deteinada historicmente, expessa-se pela divisao do tabalho executado em assistencial e administrati YO. OS enfeneiros amitem essa divisao, mas ten dem a suor que somente odeao sentir-se gaiica dos qando estao juntos do paciete, 0 que deomi m assistencia ireta. Ao expressaem sua osi�ao acerca do tabalo que realizam, enfatim seus sen timentos de cula, ao faeem mais administra�ao do que 0 cuidado dieto. Paa estes auto res, nlo se ode fzer uma caacteria�ao a assistencia de enfena gem como se esta fosse universal e omogeea. Te mos de considear que 0 ato de assistir modiicou-se ao longo do temo e a efenagem passa por ua organia�ao intea, de modo que aparece un prois sional que, alem de ossuir un amplo coecimento da biologia huaa, aida assume papeis imostos ela ova esntua orgiacioal do hospital e ou as insiui�Oes e saue. Assistir iclui, entao, 0 geenciameto do meio ospialar e a cordea�ao de un balho que se divide nlo sO or esecialidades, as or complexidade. Tarefas simples, mediaas e complexas da assistecia passam a ser distribuids a difeetes elementos de uma equie. 0 assistir to a se un trbalho coletivo.
e fun�Oes que the sao ofeecidos e propostos no campo de abalho, buscou-se com a realiza�ao deste trabalho:
- identicar, numa unidade de intea�ao de un ospital de ensino, as aividades desemenads elo enfermeio e que constituem 0 seu fazer; - identiicar 0 temo destinado pelo enfermeiro a
execu�o de atividades administrativas, ssisten ciais e nao espec
i
cas.Neste tabalho, apoiamo-nos a denomia�ao ja utilizada or MEDES(8) de fun�Oes assistenciais, administrativas e outras fun�Oes nao especicas do enfermeiro. Consideamo� como:
- atividades adminisrativs: aquelas que envolvem a coordena�ao da assistencia e concorem, oan to, para 0 adeqado atedimento do paciente. Os cuidados indiretos de enfemagem, peinentes a administra�ao da assistencia de enfemagem, constituem esse gupo de atividades.
- atividades asistenciais: aquelas executadas pelo enfemleiro dietamente ao paciente, envolvendo conhecimentos e habilidades tecnicas pertinentes
a sua fOa�ao. Compeendem 0 conjunto de ai vidades privai vas, ou nao, do enfermeiro, que cosituem 0 que denominamos de cuidados dire tos de enermagem.
- atividades nio espec
i
cas: aquelas que devido a suas caracterisicas intinsecas ao necessitam ser ealizadas por proissional com foa�ao de enfer meiro, podendo ou nao exigir conhecimentos er tinentes a enfemagem.Ressaltmos que esa busca conigura-se num primeio movimento, na tentativa de desvelar e enten der a dicotomia presente entre 0 que se diz que deveria ser e 0 que e, buscando uma aproxima�ao tanto da pitica t teoria, como da teoia t pratica.
Parece-nos importante destacar que a proissio alia�ao a enfemlagem pocessou-se, basicamente, ataves de duas categorias sociais distinas, consoante ao modelo nighlingaleano, cujas metas cram 0 prepa o de pessol de cia sse social mais baixa paa 0
exercicio de servi�os usais de enfermagem hospia lar e domiciliar, e 0 preparo de pessoas de classe mais ala pa as atividades de supevisao, administra�ao e ensio(\). Esta dicotomia do trabalho em intelectual e anual caacteia, no inicio da efermagem moder a, a divisao social do tabalo dissimulada sob a
forma de divisao tecnica do trabalho, favoecendo a esolia�ao das classes domiadas, que intemalizam a
erce�ao dominante de que as tarefas que executam
sao, socialmente, menos importantes. Cosideamos que este fato historico ida ten sido negado, ou pouco explorado, a forma�ao dos enfemeios.
2. DESCREVENDO 0 M ETODO
Selecionamos a unica Vnidade de Itea�ao (VI) que, a epoca, se enconava em nciomento no pedio novo, aida em consu�ao, do hospil de ensino da Vniversidade do Rio Gade (URG). Ta tava-se de uma VI de Clinica Medica, organiada para ateder ate 0 aximo de quarenta e quatro (44) pa cientes, por uma equipe de enfeagem distibuida em his tnos, nos hOlios ds sete as tree ors e tinta minutos, das treze as dezenove hoas e trinta minutos e das dezeove hoas s sete hoas e trinta minutos.
Nos tuos da mana, arde e em oites altea das, estavam lotados tres (3), dois (2) e n ( 1 ) enfer meiros, respectivamente, e como pessoal axiliar, fudamentalmente, atendentes de enfeagem, em numeo de nove (9), sete (7) e em cada noite, cinco (5). Esta VI dispunha de uma secretaria administrati va com joada de quarena (40) hoas de tablo semanais, de segunda a sexta-feia.
Ap6s a realia�ao de vnos encontros com as enfemeirs lotadas nesa VI, tambem preocupaas em demonsar cientiicamente como empregavam 0
seu temo de tabalho no hospital, decidiu-se pela realiza;ao de un insumento, 0 qual viria a serpreen cido elas propris enfermeiras, durante 0 seu uo de trabalho. A patir de uma listagem das atividades por elas realiadas durante 0 epediente de abalho, elaboramos um primeio instumento que, depois de testado e reformulado, de modo a facilitar 0 monito ramento do empego do tempo pels proprias enfer meims, constituiu-se o instrumento utiliado ara 0 prosseguimento da colea dos dados. lniciou-se a coleta dos dados em julho de 1990, inaliando em dezembo do mesmo ano.
3. DESCREVENDO E ANALISANDO
OS RESULTADOS
No processo de elabora�ao do instrumento para a monitoriza�ao do temo, obteve-se a rela�ao de atividades passive is de serem executadas elos efer meios na unidade de intea�ao em estudo. Estas fomm classiicadas pelos auto res do tablho como atividades adminisrativas, assistenciais e nio espe cicas:
Atividades administrativas
Visitar pacientes. Revisar pontuaios.
Encamiar pacientes paa exames complemen tes.
- omunicar ao fucioio novas pescri90es medicas.
Conversar com 0 medico sobe 0 aciente. - Registrar no livo de ocorencias.
- Realizar evolu9�0 de efemagem. - Realizar pesci9�0 de efemagem.
- Comuicar intea9�0 ao funciorio esposavel. - Pssr planmo.
- Elaboar escala de divi�o de enfemarias. - Conactar com nutricionisa.
- Encamiar paciente a assistente social. - Conaar com ssistete socil.
- Conolar medica9�0 contolada. - Revisar 0 cao de ugecias. - Istlar isolamento.
- Oientar fucionos sobe isolameto. Suevisior 0 prepao do coo 6s-mote. Comunicar e orientar familiares sobe 0 6bito. Elboar a escala de sevi90.
- Fecar poniio.
- Relizar teiamento em sevi90.
Realizr supevisao do dese.mpenho do un
ciorio.
- Elaboar escala de feias.
- Encaminar atestados paa 0 Deparamento de
Pessoal.
- Solicitar carta de advertencia.
- Relizar enies com a equie de eferagem. Relizar eunio idividual com uncioario. - Realizar eunio com a equie multidicipliar. - Elboar escala de limeza.
Relizr suevi�o do essol de liieza. Realizar suevi�o da limeza e desinfec�o do material.
- Divulgar comunic9es ecebidas.
- Revisar lieatura.
- Ler livro de corecias. - Revisar exes. - Oientar ucioios.
- Enominar fola de efetividde. - Oienr familiaes.
Atividades Assistenciais
- Realiar Pun9ao venosa. - Aplicar insulina. - Realiar haemoglicotest. - Realiar sonagem vesical. - Realiar sonagem sogstrica.
- Realiar sondagem etal. - Instalar abocathvenocath.
- Realiar spia9ao edotaqueal/oofaingea.
- Colocar cateter sal. - Tocar cateter nasal.
- Realiar cuativo de lebotomilintracath. - Realiar cuativos.
- Instalar PVC. - LerPVC.
- Realiar assistencia em pada crdio-espiat6ia.
- Realiar assistecia em edema agudo de pul�o. - Realiar ssistecia no choque.
- Realiar assistecia em urgencis em geal.
- Coolar siis viais. - Pepaar quimioteapia.
- Instalar quimioeapia.
- Realiar ssistecia em denagem de t6ax.
Auxiliar o tsote do paciente. Administr medicamentos. - Tocar soos.
Obsevar caacteisticas das eliiaOes. - Realiar dmiss�o do paciete.
- Orientar aciente paa alta.
Auxiliar 0 medico nos pocedimentos. - Pesar e medir 0 paciente.
Atividades Nao Especificas
- Distribuir fascos de exames.
- Recolher fscos de exame.
- Apr presci9es medicas. - Pover material paa a uidade. - Prover medica9�0 paa a uniade. - Atender telefoe.
- Dar iforma90 sobe paciente or telefone.
- Pedir lig91o teleOica e aguardar. - Lcalizar medicos das efeias. - Lcalizar medico de planmo.
.. Anotar em fomulaio poprio ecmento o aioX.
- Lcalizar fucioios na unidade.
- Pepaar mateial paa pocedimentos.
Ver disponibilidade de leitos paa intearao. Suevisionar leito antes da chegada do paciente. Comunicar intearao ao medico resonsavel. Comunicar Seviro de Nutirao sobre ova inter arao.
Peecher fomulaio de alta.
- Comunicar Seviro de Nutirao sobe dietas. - Elaboar lista de dietas.
Fomecer oletim medico paa planao medico. Conferir a medicarao.
Estoar medicarao para a faacia. Pedir material.
- Levantar material.
- Revisar material eaente. - Mnter contole de 02.
Solicitarao de consertos. Realiar ECG.
- Solicitar ticket de almoro.
- Encaminhar ticet de almoro. - Autorizar exames.
- Arquivar folhas no prontuno.
Paece-nos que diante do ol de atividades descri to elos enfemeiros como passiveis de serem or eles elizadas, toa-se mais uma vez evidente a dicoto ia teoria-pmtica, com uma pofunda dissonancia ene 0 que e dito que 0 enfermeiro deve fazer, e 0 que o mesmo executa de fato. Sabe-se, o entanto, que esta constatarao ja foi denuciada or vnos auto res como ALEDA e ROCHA(l), BLAK(3), HAR ER e HENDERSONC6), SILVA<IO) e REl ZAN(lI), ene outos e, no entanto, a enfase nos cusos de gaduarao ainda ten sido aa a pestarao o cuidado dieto aos pacientes, com uma vi sao por vees ate ejorativa da pestacao do cuidado indieto. LEIDA e ROCHA(l), dizem que 0 ensino e caacteriado como paadigma do saber, esquecedo e qe e no trbalho que se deve buscr os elementos o aber.
E
o desenvolvimento do cuidado de enfer agem. que oea dietamente com 0 objeto - 0oete - e no qual se desenvolvem as elacoes tecnicas e sociais, que esta a essencia do saber. No ensino, 0
bjeto de abalho continua sendo apesentado como undmentalmente 0 cuidado ao aciente, mas a pmica, ten sido pedoiantemente a geencia dos evicos e 0 contole do essoal e do material. 0
istciamento ente 0 ensio e a pmtica, sendo cada vez mais olar, oigina uma baeia que separa os que esiam a patica e os que a paticam.
BLAK(3) refee que a fomacao proissioal do enfemeio, centada no cuidado dieto ao paciente, ensinndo que este e 0 objeto de sua patica, e uma das contadires entre a elacao ensino formal x prl
fica pro issional. Ressalta que a fnrao pimordial
continua sendo, basicamente, geecial: adiistr, supevisionar e disciplinar a pmtica a enfemagem, ou seja, moopoliar 0 coecimento e controlar 0 tabalo dos elementos auxiliaes de sua eqie.
REZAN(lI) refere que os alunos sao introdu zidos a un pael poissionl, apededo a valor o cuidado individualiado ao paciente, em bases cien ticas, duante todo 0 pocesso de educarao pois sioal. As escols de enfermagem enfatiam 0 cuida do individual ao paciente, enquanto 0 hospital, 0 maior empregador de enfermeios, espea que eles verifiquem a execucao das ordens medics e se sao seguidas as otinas hospitlres. Paece-os que, en quanto apaelho ideologico, a escola ten poduzido e epoduzido undamental mente a imagem do enfer meio como pestador de cuidados.
Aesar destas epetidas constatacoes do fasta mento da teo ria da pmtica, e desta da teoria, temos nos erguntado se a incompelencia dos dcentes e dos enfemeios em apoximar a teo ria a pratica e a pmtica a teoria, estlam relacionadas a sua foma cao disciplinar, a qual os ten levado a apesentr uma maior produtividade econoica com concomitante edm;ao de podutividade olitica. Etendemos pro dutividade economica como a necessidade de fazer, de mostrar rabalho, de ocupar continua e produtiva mente 0 temo, e como educao de podutividade politica, a dociliacao que envolveria a adaptacao, 0 confomismo e a sujeicao ao que al esi, como nor mas, otinas e exigencias instituciois. 0 que levia os enfermeiros a assuiem como aividade de sa cometencia, a ealiacao de ECG ou 0 fomecimeno de oletim medico aa 0 plantao, ente ouas un ces? Seria a ecessidade de mostrar rabalho e/ou, que jogos de oder estaiam al inseridos?
Prosseguindo na analise dos dados, evidencia-se un ossivel confoismo ou impodutividade oliti ca diante do temo destiado elo enfermeio, ese cialmente, no que se refere as atividades or nos entendidas como nao eseciicamente suas.
Da coleta dos dados etinetes a utilizco o temo/tuo monitoado els enfermeias, despe zndo-se 0 temo disenado paa 0 lace, vaivel de quinze a trinta minutos, obteve�se 109 os e 59
ninutos cotroladas e assn distibuidas:
To a M: 45 oas e 22 miutos To a de: 46 oas e 6 minutos To a oite: 1 8 oms e 3 1 iutos
A6s
0
c6puto s atividades e do temo utili do, obivemos os seintes esultados paciais:Tumo da manbi:
• 42,88% do temo utiliado em atividades ad
iativs;
• 15,200 o eo do em is ssien
ciis;
• 4 1,85% do eo utiliado em atividades ao
esecicas. Tumo da tarde:
• 48,25% do temo utiliado em atividdes ad ministativs;
• 13,83% do tempo utiliado em atividades as sisteciis;
• 37,92% o temo utiliado em aiviades ao
eseciicas.
Tumo da noite:
• 37,62% do temo utiliado em atividades ad
iistativas;
• 23,85% do emo utiliado em atividades as sisenciis;
• 38,53% do temo utiliado em atividades ao
eseciicas.
Como esultado gerl obtivemos:
• 42,92% do temo utiliado em atividades ad
iistativas;
• 1 7,65% do temo utiliado em atividades as
sistenciis;
• 39,43% do tempo utiliado em atividades ao eseciicas.
De osse dos resultados, ode-se veriicar que M
un pedoinio das atividades administativs
(-12,92%) e das atividades ao eseciicas do enfer meio (39,43%).
As adinistativas, refeetes a cordena:ao da assistecia, no osso entendimento, assim como os
de EVZAN( l 1 ), BLK(3), SIL VA(lO), LEI
DA e ROCHA( 1 ), constituem 0 fzer necessaio e impescidivel ao enfermeiro, de modo a gaantir a assistencia de saude equerida aos pacientes sob sua
esonsabilidade.
Povvelmente, 0 baixo ercel de atividdes assisteciais ideicado ( 1 7,65%), esulta do mdo como 0 hospitl, coo
n
todo, esta orado, eecutido de tl sote na oganiaIo do sevi� eefermagem, que ten mobiliado 0 tabalho do en fermeiro em di:ao a atividades or nos etedidas como nio especics.
o elevado indice evidenciado destas atividades nio esecicas cotribui paa tal ece:ao, ois ten sido ealizadas, aenemente, sob 0 peexto e seem necessris ao bon andmento do sevi:o, com vistas a sua agiliaIo e eicaci, em ome do atendi mento das necessiddes do paciete. Poem, aece nos que sua ealia:ao visaria muito ais facilitar 0 sevi:o de outos poissionais, do que cocetizar seS poprios objetivos, ao epesentando meio de desenvolvimento e alcance das metas peconizadas ela proissao.
Aceditamos que tais atividades, consideadas como nio especicas do enfermeiro, ten sido erce bidas como sendo atividades administrativas; per ce:ao esta que, no nosso entendimento, talvez seja a esonsavel elo carater ejorativo que se incoo rou as ultias, desencadeado a nega:ao da imor
ancia que epesentam a assisencia global de enfer agem.
EDES(8), ao buscar identiicar as fu;Ses que os enfemeios da Regiao Meroolitana e Belo Ho rizonte desemenhavam na pratica proissiol, em ar:o de 1982, obteve, no que concee a cara horaia destiada elos enfermeios s fu;Ses admi nistativas, idices poximos aos or Os identiica dos (40,8%). No enanto, a crga ona destiada as fo:es ssisteciais (40, 1 %) e a u;Ses ao eseci ics do enfermeiro ( 1 9, 1%) apesentam quase que ua inversao aos ossos acados. Tais resultados sevem paa corrooar nossa erce:ao do ossivel compromeimento da oraniza:ao da unidade de in tea:ao em esudo, e/ou do hospital de ensino como un todo.
Portanto, fente aos resultados encontrados, de correm, iicialmente, dois eixos de alise: 0 primei ro, elativo a organiza:ao do sevi:o de enfermagem no que coceme aos recursos materiais e huanos e a deii:30 de atribui:oes; 0 segundo, compeenden do a questlo da cometencia do enfemeio, que deia estar ligada, entre outrs zSes, a sua forma :30, e como 0 seu fazer esta sendo analisado, reletido e peconizado.
ss aiviades a enfennagem eseciicamete, des iando a outos s numeosas un�oes tadiciol
mete executs or ele, como povisioento de
maeil, eseilia�Io de material e equipamentos, lime. etc. Por outro lado, ecomedavam que 0 enfeeiro se esosbilizsse or acientes que apesentassem problems mais complexos, coian do ao essol auxiliar aqueles com cuidados menos complexos, execendo a suevisao de tOos os a cientes e/ou a execu�ao de procedimentos mais com plexos incluidos nos pIaos de cuidados. Refor�a yam. ida, que a administa�ao e 0 esino, i anota �ao nos egistros dos cuidados de enfenagem, cons tiuiam te integrl de sua u�ao.
SL VA(lO) relata que a tansi�ao da enfena gem tadicional paa a enfenagem mode, a cres cete divisao do tabalho e o prcesso de cientiia�ao a categoria do. enfermeiros, contibuiam paa com plicar 0 poblema ds indefmi�oes de un�oes entre
s categois de enfermagem apoudado, em seu inteior, a divisao entre tbalho intelectual e tbalho
nal.
ANGERI e ALEIDA(l), ao analisarem a inse�ao do enfemeio o seu espa�o, tamem desta cam a iregulaidade de fonteis: tanto outos po issioais ssumem 0 que e de cometencia do efer
eio, como se i 0 inverso. Do mesmo modo, evi
enciam que 0 espa�o poissional do enfemeiro e
peenchido tamem or tecnicos, auxilires e aten dentes e que, apesar de difeentes niveis de fona�ao e slarios difeenciados, a realidade mosta limites frouxos no seu fazer, qundo executam. de modo indisciminado, as mesmas u�oes. Os dados ace rca do tempo destinado a realia�ao de atividades no eseciicas do enfemeio, que no tumo da noite ate ltaassam 0 temo desiado s atividades admi
nistativs, demostam tanto esta fagilidade de fon teis denuciada or ANGEMI e ALEIDA( l), quato a ossivel caacidade de aapa�Io dos efer eiros ao que a istitui�Io lhes solicita ou exige.
Dai decorre erguntmos: ate que oto esa caacidade de adapta�Io dos efemeios esaia e lacioaa 1 sua foma�Io? Ate que onto esa caa cidade de adapta�Io estaia tmom elacioada ao efatizado em sua foma�Io como sendo iniciativa, ou seja, diante da ineistencia de quem deveia fazer, o efermeiro assume este fazer, seja or un ato de bnega�ao aos pacientes ou de sujei�Io a quem detem o der? Paece ser mis facil nestes jogos de poder em que os enfemeios eslo inseidos, estes tenarem esolver as diicldades que efenam com as amas
de que disem. como a dita iniciativa e a aptiddo para ° rabalho, do que eneem quem dicio nalmente epeseta 0 oder, como as ceias de
efemagem ou a dminis�ao dos ospitais, a busca de mudan�s que ossibilitem 0 execicio, tan
to da cordea�o da ssistencia, como da eal�o de cuidados ais complexos aos pacietes.
Acreditamos que este tio de indefmi�ao ten sevi� aos ineesses empesariais as istitui�es de saude, que justiicam a utiliza�ao de maodeoba com menor qualiica�Io apenas paa 0 desemeo de tecnicas de efemagem tidas como meos com plexs. A Lei 7.498, de 25 de junho de 1986(4), que disIe sobe 0 exercicio da enfermagem, ao'estabele cer as categoias do essoal de enfemagem, legitima a divisao tecnica do tbalho dentro a poissao. Ao enfemeiro e legalmete ermitido 0 exercicio de tOas as a�oes de enfeagem. sendo-le facultaas algumas privativas orem. gealmente, faltam-Ihe condi�oes s dfeetes institui�oes de saMe a oder exece-Ias. Na patica, como j a evidenciado or ANGEI e ALEDA(l), em geal, tOas as demais categoias fazem tudo, cabedo pedominan temente ao efemeio 0 desemenho de atividades geeciais.
Parece impescinivel destacar 0 pael da orga
iza�ao do hospital no que concee aos ecursos
materiais e humaos necessaios a pesta�ao de ssis
tencia de saMe, como 1 queslo da delimita�Io de
espa�os e un�oes.
Neste setido, e imonte e urgente a discussao e 0 aproundamento sobre os objetos de tbalho dos efemeios (que se percebe nIo ser unico, face as divesas un�oes que desemenam, como geren ciais, assistenciais e educativas), ben como, sobe a organiza�Io do pocesso de tabalo da enfermagem. Ha aida que se eletir sobe a istrumentaliza �Io dos efemeiros paa a muda�a, como tem-se dado a sua foma�Io, 0 destaque e gnde valoriza�Io t obediencia s nomas ou s detemia�es dos docetes, e a bixa vloia�Io ao quesioamento, 1 relexlo ou ate a ossiveis movimetos de esistencia dos luos. GEMANQ(S) efatiza e citica 0 pael
relevate que a obediecia, a abnega�Io e a dedica�ao istoicmente ten na enfenagem desde a sua ori gem, 0 que ten levado 1 foma�Io de poissionais obedientes e discipliados, mas subissos s rela �es de pder.
Desacamos aida 0 caterfeinino da efema
gem, exercia pedomiantemente or muleres, e a iluencia dieta e indirea s rela�oes de geneo,
.
enedido coo uma constru�o scial do sexo, sbe a poisao. Sabe-se que faz pe do estee6tio fe minio, a delicadeza, a docilidade e dinamos ate, a nao aessividade. Alem destas cacteristicas pr6-prias do geneo feminino que favoeceriam a os tua mais conformist, essalos a peaa�o da mulher a 0 domestico, que ena muito a ver, o nosso entedimeto, com 0 fazer do efermeio. Este, ao assumir a unidade de intea�ao ao ten se limi tado a coordena�ao da assistencia de efermagem e a
presta�ao de assistencia diret, 0 que or si s6 se costiuem numa imensa tarefa, mas tambem assme un pael de govenanta, comprometendo ainda mais o seu fazer.
4. A GUISA DE CONCLUSAO
o pesente tabalo colca em evidecia, de for ma contundente, as discepancias ente 0 que e pe coniado ela escola como 0 fazer do enfermeio e 0 que e or ele ealizado no execicio proissioal.
Demonsta, concetamente, a ecessidade de se . eer a teo ia e a pratica poissionl do enfemei
ro, levndo em considera;ao os asectos elativos ao estbelecimento de sua cometencia, cosoante a de ii;ao de seus objetos de tabalo.
Cocodamos com LEOPD I et alP) quando
dizem que 0 tabalho do enfermeio passa or un
processo de tnsi�ao que se obseVa ela idetiica �ao de vaios objetos de tabalho, ela compreensao do que seja sua competencia, ela divisao do tabalho
ente os vanos agentes, ela falidae do meso e elas limiacOes a sa el;o. 0 ael dmi nistatvo a assistecia e enfemagem ao eve ser visto como 610 oosto o cuidao as, elo coa rio, agegao a ese cuiddo, e em visto como a
atividade toaa como e o fosse bjeto do enfer meio.
Dve-se ter pesente que a efemagem eqanto
a atividde cocet, aerial e podutiva, ten como fmalidade a pes�ao de assistencia a aue das essoas sendo, oto, este 0 objeto sobe 0 qual se aplica 0 seu fazer.
o trbalho do enfermeiro, jumente com 0 dos demais inteates da equie de enfermagem, deve concorer paa 0 alcance pleo desta fmalidade. Paa tanto, faz-se necessaria ate�ao as questes ertinen tes a orai�o do hospial como un todo, ssim como, do pocesso de balho da enfermagem, e e estaeleceem-se os liies de comeecia de caa categoia qe aa denro a poissao, esr a aprova�ao da lei do execicio poissioal.
Deve-se eesr tanto as enfases pesetes a
forma;ao dos efemeios, quata o como ten se dado esa foaao, o etido e clear e ate des velr, os asectos elativos a comeencia poissio al, entendida como cometencia tecnica e ambem olitic, istrmentlizando-os paa as muda�as que se fazem necessnas paa a concretia�ao dos objeti vos da poissao.
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