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Saber médico; saber psicológico: operações do olhar.

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Academic year: 2017

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SAB E R MÉ D I CO; SAB E R P S I C O LO G I CO: O P E RAÇÕ E S DO O LHAR

Jane da Foneca oença *

R E S U MO - Estudo que consta de reflexões sobre o modo como o olhar opera no âmbito da prática, em duas abordagens nítidamente disti ntas (o­ lhar objetivo versus olhar escuta) e, conseqüentemente, o lugar reservado ao terapeuta e o paciente, dentro da lógica de cada olhar.

ABSTRACT - This study has shown how reflections on the way of seeing operates on praticai boardings cleary distinct (seG an objective versus see hearing) and consequentely the place reserved to the therapeutics and the patient on the logic of each sight. •

1

INTRODUÇÃO

Ese estudo, por se ratar de um tema tão complexo, ceente não o abrangerá em sua

toalidade, mas procuá entendê-lo a pir d�s étOdos que o designa. Como método, en­ tende-se um conjunto de écnicas de esquisa ediane as quais estuda-se um deemindo conjunto de fenÔmenos. Designa também uma esraégia, mais ou menos explícia, de como o

fenÔeno foi consuído e como será abodado.

É

neste sentido que se supõe ser, cada saer, delnido por um estatuto e por uma naeza, em unção do qual o

bo

é atado: raa-e de fomas de olhar. O olhr objeivo enendendo

que a natueza do fenÔmeno se dele or sua apaência e", o olhrescuta, enendendo que a naeza do fenÔmeno é consuída por oe­ çes simb6licas que confeem ao objeto eu valor (sujeito).

Vale salienr que eses fom os camos eseclcos da clínica chcotina, que se dee­ ve aenas no olhr conemplação, e da clínica eudiana, que ao olhr pra o copo da hiséi­ ca, entendeu suas encenações no capo simb-lico e ratou desse corpo visto ela mediação da palava.

Face ao exposto, pode-se entender, dese mdo, a dença segundo uma diversidade de enquaes eóricos: eetendo ao egiso do biológico, onde e pcua estudr as inter­ vençes ene a esura do sisema nevoso e o coomento (neuologia, anatomia patológi­ ca, or exemplo) ou ainda emeendo ao a da consituição hna enfoque psicológico

-de modo iculado, -desacndo aí uma exisên­ cia determinada diane da qual o sujeito é o único responsável.

O pimeiro campo coloca a doença sob a

égide de um olhr puro - clínica médica -e o

segundo, de um olhr equipado - clínica psi­ cológic.

2 SAB E R

MÉDICO,

SABER

PSICOLÓGICO

O saber médico tem como objetivo exclusi­ vo justilcar um conjunto de práticas que se ar­ ticulam denro do espaço hospialr - edag6gi­ co e, porisso, nunca.é colcado em quesão. Espaço instituído e legitimado elo pr6prio

desvio anexando a ele o seu discurso (da den­ ça - cua). FCAULTl ao se efeir a quesão do olhr, fla de uma esuura de eclusão pro­ jeada por Bentham, como o espaço em que o

olhr está aleta à toda parte, para vigiar as de­ sordens: os panópticos**. . .

Trata-se de um modo de olhar do pr6pno

olhr, aquele que não alcança, visto que s6

classlca. Tem aí, já no X VI, a mona­

gem que se constiui como o pcursor das nsi­ tuiçes hospitales e de ouras.

O saber édico unciona no entido de

buscr uma zão pra a dença, deeinr " suas fomas difeenciais e aontar de foma ab­

soluta a patologia. O diagnóstico é absoluto e o raento enta ober um etomo ao equilbio do copo e os pcedientos écnicos m

m conrole minucioso e detalhado do copo.

* Mesre em Enfemagem Psiquiárica. Profeor Adjunto e Enfemagem Psiquiárica a UFF. Psicóloga CUnica

.. Esutura rquitetônica criada or Benn, constuída em nel com els individuais e ma tore cenral de onde o vigia con· trolava cada rclso que 6 empre objeto de infomaço, nunca sujeito. Espço que ssegura o uncionmento do poder onde o recluso 6 visto s não vê aquele que o conrola.

149 R. Brs. Enferm., BrasOía, 45 (13): 149- 1 5 1 , abriVset. 1 992.

(2)

Quando isso não é possível no copo-sintoma, é no corpo-cadáver que o olhar édico vai buscar alcançr a undamentação dos sintoas, tendo­ se assim aenas a faceta do imediatamente visí­ vel.

Indubitavelmente,. rata-se de um olhar que ransfoma o clínico em sujeito da ceeza, cer­ eza de que vê a dença em toda a sua mpliu­ de e o coloca numa posição de detentor do sa­ ber e de dominação sobe o coro.

É

a e' lação de pder, conforme sa FOUCAULP.

. Essa foma de saber línico eseva ao pa­

ciente o espaço da alienação, da submissão s

práticas interventivas que o étdo mpe e o substitui por uma categoria cuja nomeação se deu por um olhar (r6tulo) que tenta se apoxi­

r do sintoma a pr de uma teoria - o olhar

que vê o que já foi visto no espaço pedag6gi­ co'. Olhar que nega a subjetividade e a sua consrução e encontra no copo sensível o único supoe para a sua existência.

Toda uma consução maginária e anteci­ pat6ria da anatomia patol6gica pemeia essa clínica, que inenta desvelr no vopo vivo a d?ença, aravés dos sintomas eferidos elo pa­ ciente. Olhr silencioso que vê no imediatamen­ te sensível o seu pr6prio equívco: o cculo das apaências, o discurso ulrapassado da con­ templação.

Evidenemente, . são fomas como o olhr oera e pduz um saber. Enetanto, este méto­ do qu.e ele encera, desconhece a subjeividade, ou seja, desconhece o discurso do sintoma suas

oigens e as fomas de decirá-lo.

É

um 'saber

que pivlegia o copo-cadáver, aquele despro­ vido da liguagem, cuja única palava que m­ pota é a do clínico, porque contém a "agia" do saber (Poer). Esta foma de oerção do olhr permitiu, no século XIX, a inclusão da medicina nas ciências exatas ela coelação: invesigação clínica e invesigação anátom-pa­ tol6gica.

A abordagem inicial de Chrcot sobe os

fenômenos hiséicos foi m exemplo vivo do

oh� p:o, mas a pr desa entativa de expli­ cça0, Slgmund Feud fez uma uptura episte­ mol6gica com o saber péexistene, undando

um novo saber, m novo mdo de olhr e'de in­

evr. Agora, a 16gica não é mis de a nen­

cionidde consciene, mas sm e a deer­

nação inconsciente da qual o sujeio é o úni­

co esponsável. Da dispersão à uidade, ele vi

se consitundo enquanto subjeividde, o que s6 é possível com o apoio da nguagem. A esse eseito, TILLAT8 é bastane elucidativa ao

ir que:

"Chcot onou-se cego elo visível e Feud ransfomou-se em videne e

lo invisível. Aí, em-se então um des­ cobrimento que se opera a parir de uma oura parte que se põe num jogo de eselho e numa relação dual com a histéica" .

Disso depreende uma aproximação de um olhar �ue �ê o sintoma como constituição de uma hlst6na fabulosa. De uma subjetividade que emerge a partir de Ouro (humano) e o seu nome (sujeito), difeentemene do noe (da dença) aado elo olhar puo. Obviamene o faz or colocar o sujeito em causa. Nesse olhar in�nental

ado por um saber psicol6gico

sUjeito (paciene) é produtor do saer embora não saiba que sabe. FREUO', destaca que:

" . • • muitas vezes o que está em

q�estão é uma experiência que o pa­ c�ente não gosta de discutir, mas pin­ cipalmene porque é verdadeiramene incapaz de ecordá-la e, freqüente­ ente nada descoia da conexão cau­ sal ene o fato desencadeante e o fenômeno patoI6gico".

E, o único insrumento capaz de cortar o corpo e desvelar o sintoma, não é mais o bistu­ ri, é a palavra.

?

. terapeuta, segundo LACAN5, não é mais o sUjeito da ceteza e sim do suposto saer, ois nem saber real sobre o paciene ele em, o que faz é testemunhr a reconstituição da hist6ria daquele que realmente sabe de suas detei­ nações e esponsabilidades em elação ao sin­ toma - o paciene.

" ... 0 Sujeito evive, ememora, no entido intuitivo da palavra, os even­ os fomadoes de sua existência. Ese fato não é em si mesmo impotante. O que cona é que disso ele econs­ roi • . • 6 "

3

CONSIDERAÇÕES F I NAIS

_O que se fez foi tenar coelacionr as ope­ raçes que o olhr provoca em duas abodagens iidamente distintas. Enetanto, entendendo que são dois momentos do olhr: um que slen­ cia e ouro que intevem, mas que enre mbos

_vínculo de necessidade, ou seja, pa

aqwslçao do olhr intervenção .há sempre que se pssar elo olhar puro.

ivilegia-se assm o olhr equipado or en-ender ser etinente as metas açadas no âmbi­ to da práica. As ndagaçes exraídas da liera­

a

oientou pra estabelecer questões ene os dOIS métodos de oerações do olhr:

(3)

a) pivilegir a abodagem dilética, enqunto elação poder-saer que eee o eraeua e o paciene a m lugr deedo (eu-Ou­ o);

b) Aproundr o conheciento no que se efee

à clíica psicológica enquno mdelo eóri­

c-pático;

c) Compeender que o olhr na clnica psicoló­ gica não inepeta

RE F ERÊNCIAS BIB L I OGRÁ FICAS

1 FOCAULT, M. Vigar e Pur. 9. ed .. Petróolis: Vozes, 1 99 1 .

2 -o. Moca o Pkr. 9 . ed. , Rio de Janeiro: Graal, 1 990.

3 -Nseto o CIca. Rio de Janeiro: Forese

-Uiversitria. 1 977.

4 FREUD, S., BRENER, S . , Sobre o ecao pquico dos fees stécs. CTllcaço Prer. ( 1 893).

Rio e Jneiro: Imago, 1 974 p.43.

5 LACAN, J. Os scitos Técicos de Freud. Rio de Jneiro: Zr, 1979.

6 TRILLAT, E. Mirads sobre a Histeria. In: KRELL, J. (comp). a Escucl, a stea. Buenos Aires: Paidos,

1 984 p.38

Referências

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