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Cuidado à mulher soropositiva no ciclo grávido-puerperal: percepções de enfermeiras.

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Academic year: 2017

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pAG I NA DO EST U DANTE

CUIDADO

A

MULHER SOROPOSITIVA NO CICLO

GA

VIDO-PUERPERAL:

PERCEPCOES DE ENFERMElRAS1

THE CARE O F H IV POS I TIVE PREG NANT WOM E N : P E RC E PT I O N S O F N U RSES.

C U I DADOS A LA M UJ E R S O ROPOSITIVA D U RANTE E L C I CLO G RAVI DO- P U E RPERAL: P E RC E PC I O N ES D E E N F E RM E RAS

Debora Fernandes Coelh02 M ari a da G ra:a Corso da Motta3

RES U M O : 0 presente estud o tem por objetivo conhecer as percep:oes de e nferm e i ra s , atu antes na area d e S a u d e da M u l her, sobre 0 c u i d a d o rea l izado a m u l her H IV+ no cicio g ravido-pu erpera l . Trata-se de u m estud o explorat6rio c o m u m a abordagem q u a l itativa . Foram participantes d o estu d o oito enfermeiras q u e atuam no ambu lat6rio, centro obstetrico e i nterna:ao obstetrica do Hospital d e C l l n i cas d e Porto Alegre . As informa:oes foram coletadas atraves de e ntrevistas sem i-estruturadas e submetidas a anal ise de conteudo tematico proposta por Minayo ( 1 996). Os temas e n contrados fora m : C u idado H u mano: p ratica p rofissio n a l ; Dualidades - H IV X Cuidado e Ser Mulher Portador do H IV: olhar da enfermagem . 0 estudo vem contribuir para reflexao dos proissionais que atuam com pacientes portad o res do H IV ace rca das estrategias para a i nteg ralidade do cuidado prestado, priorizando u m cuidado m u ltid isciplinar e contin u o . Refor:a-se a necessidade d e res peito as ind ividual idades de cada ser para q u e 0 obj etivo seja ati ng i d o .

PALAVRAS-C HAVE : c u i d a d o , m u l her H IV+, matern idade, enfermagem

ABSTRACT: The present study has as its objective to identify the perceptions of n u rs i n g professionals, who work in the field of women's health , regard i n g the care of H IV positive preg nant women. This is an exploratory study with a qualitative approach . The participants of the study were eight n u rses who work in the obstetric clinic of Hospital de Clin icas in Porto Alegre . Data were collected through semi-structured interviews, which were analyzed accord ing to the theme content proposal of M inayo ( 1 996). The themes identified in the inteview were human care, professional practice, duality - H IV X Care and being an H IV positive women : the view of nursing . The study motivates professionals who ca re for H IV positive patients to reflect on strategies for a m u ltidisci p l i nary a n d conti n uous

care. It also emphasizes the i m po rta n ce of respecting ind ividuals so that the objective ca n be achieved . KEYWO RDS: care , H IV positive wom a n , maternity, n u rsing

RES U M E N : EI presente estud i o tiene por objetivo conocer las percepciones d e las enfermeras que actuan con la Salud d e la M uj e r, sobre e l cuidado que se les da a las m ujeres con H IV + d u rante el cicio del embarazo . Se trata d e u n estud i o exploratorio con enfoque cual itativo. Participaro n del estud i o ocho enfermeras que actuan e n el a m b u latorio , centro obstetrico e internaci6n obstetrica del H ospital de Clin icas de Porto Aleg re. Se recogiero n las i nformaciones med iante entrevistas semiestructuradas y sometidas al analisis d e conte n i d o tematico propuesto por M i nayo ( 1 996). Los temas encontrados fuero n : Cuidado H u mano: practica profesional ; Dual idades -H IV & Cu idado y S e r M ujer Portadora d e l S i d a : l a mirada de enfermerfa. EI estud i o contri buye a la reflexi6n de l o s profesionales q u e actu an c o n pacientes del Sida, buscan estrategias para la i ntegral idad d e l cuidado prestad o y priorizan un cuidado

m u ltid isci plinario y conti n u o . Se refuerza la necesidad de respeto a las i n d ividualidades d e cada ser para que el objetivo sea alcanzado.

PALAB RAS C LAV E : cuidado, m ujer H IV+, matern idad , enfermerfa

Recebido em 1 2/09/200 1 Aprovado em 1 8/1 2/200 1

1 Trabalho de Concl u sao do C u rso d e Gradu a:ao da Escola de Enfermagem da U n iversidade Federal do Rio G rande do S u I .

2 Enfermeira . Mestra nda d o C u rso d e M estrado em Enfermagem d a Escola d e Enfermagem d a U n iversidade Federal do Rio Grande do S u I .

3 E nfe rm e i r a , D o u to ra e m E nfe rm a g e m . P rofessor Titu l a r d o D e p a rta m e nto Materno-I nfa n t i l d a Escola d e Enfermagem d a U n iversidade Federa l do Rio Grande do S u I . Orientadora d o tra b a l h o .

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INTRODU�Ao

D u rante m i n h a traj et6ria acad emica u m g rupo especial d e m u l he res p rovocou - m e i n q u i eta:6es relativas ao cuidado a elas d ispensado - as m u l heres i nfectadas pelo Virus da I m u nodeficiencia Adq u i rida ( H IV). M u l heres que, ao estarem n o cicio g ravido­ puerperal, enfrentam, alem de todas as transforma:6es signiicativas desse periodo, 0 sofrimento da presen:a de um virus q u e tem por conseq uencia a Sindrome da I m u n o d e f i c i e n c i a A d q u i r i d a ( A I D S ) , d o e n : a sabidamente , leta l . Nao basta n d o isso, adiciona-se a efetiva possibilidade d e tra n s m issao d o virus para 0 seu fi lho, condenando-o i g u a l m e nte a m o rte .

Essa tematica vem i n q u i etan d o-me e entendo q u e mu ito ha d e se i n vestigar e m re la:ao a m u l her H IV+, 0 que motivou a realiza:ao d o presente estudo. A relevancia d o tra b a l h o e d e proporcionar a enfermagem uma reflexao na d eini:ao das estrategias de cuidado a essa clientela contri b u i ndo, ass i m , com os vazios d e con heci mento a i n d a existentes: m u lher H IV+ e 0 processo d a matern i d a d e .

Portanto, 0 estud o buscou aprofu ndar u m tema atu al e de relevancia para 0 g ru po materno-infantil e, a partir do co nhecimento gerado , propor cuidados a e s t a s m u l h e re s c o m b a s e e m e x p e r i e n c i a s re l a c i o n a d a s a o fe n 6 m e n o d e estu d o , a l e m d e contribuir n a forma:ao profissiona l , p roporcion ando uma adequ a:ao da teo ria a p ratica .

H IV/A I D S , M U L H E R E S E E N F E RMAG E M : U M OLHAR NA LITERA T U RA ACERCA DA TRiADE

N o i n i c i o d o s a n o s 8 0 0 V i r u s d a I m unod eficiencia Ad q u i ri d a ( H I V ) pas sou a tomar n otori e d a d e e m n o s s o m e i o . I n i c i a l m e n te , e ra c h a m a d o d e " p e s t e g a y " , v i s t o e n co n t r a r - s e d isseminado nesse g ru p o . N o entanto, com 0 passar do tempo, outros g ru pos apresentaram 0 viru s , sendo denomi nados d e "grupos d e risco" , au mentando a d iscri m i na:ao as pessoas i nfectadas. H oj e , j a nao existem os "famosos g ru pos d e risco" , mas sim as "situa:6es d e risco" a que os i n d ividuos podem estar expostos (NASC I M E NTO, 2000).

Sprinz et al. ( 1 999) salienta m que nos d ias atu a i s s o m e nte p e rte n ce r a e s p e c i e h u m a n a e s u fi c i e nte p a ra p o d e r i nfect a r-se com 0 H I V. N o entanto, existem pessoas expostas a maior risco , pois a tra n s m i ssao d o v i ru s oco rre por via sexual ou sangu inea.

Fazendo 0 contraponto a essa afi rma:ao, a F I OC R U Z (200 1 ) d estaca q u e os casos d e A I D S conti nuam a a u m e ntar entre as m u l here s . Esse fato preocu pa os profissionais de saude, pois as mulheres correm 0 risco de torn a re m - s e 0 pri n c i p a l g ru po

infecta d o , visto que, em 1 982 , quando a doen:a foi constatada n o B rasil nao havia registros d e m u lheres infectadas. Este quadro modiicou-se q uando os casos come:aram a aparecer: u m a m u lher para cada 1 8 h o m e n s . Atua l mente, a propor:ao e d e u m a m u l her portadora d o viru s para cada dois homens.

Seg u n d o S pri nz ( 1 999) a suscetibilidade de contamina:ao por via sexual e q uatro vezes maior na m u l her d o q u e no homem e, na grande maioria dos casos , a infec:ao nas m u l h e res d eve-se a via de transm issao heterossexual .

Para S p i n d o l a e B a n i c ( 1 998) 0 a u mento dos casos d e m u l heres i nfectadas e preocu pante, porque, e m sua maiori a , sao m u l h eres em idade fertil que podem gerar cri a n :as portad o ras d o H IV. Refor:am a i n d a q u e esse cresci m e nto na infec:ao e resu ltado da falta de i nforma:ao sobre 0 v i rus e suas formas de contami na:ao.

A publica:ao d o M i nisterio d a Saude (BRAS I L, 2001 , p . 1 58) acerca d a assistencia a mulher portadora d o H IV d u ra nte 0 p a rto e p u e rperio i nforma q u e atualmente no Brasil "mais de 9 0 % d o s casos de AIDS em crian:as estao relacionados a transmissao do H IV da mae para 0 ilho". Portanto, considera-se 0 conjunto H IV e gesta:ao u m a situa:ao de alto risco , q u e d eve ser tratada.

o motivo fu ndamental d o tema gesta:ao e H IV ser abordado diz respeito :

a e s p e c i a l c o n d i:ao d e d i scri m i na:ao soci a l e p reconce ito q u e sofre a m u l her H IV+ d u rante a g e s t a : a o e 0 p a rt o . C o n s i d e ra n d o q u e u m a abordagem adeq u a d a e com pleta a m u l h e r H IV+ d u ra nte 0 pre-nata l , 0 p a rto e 0 puerperio e capaz d e red uzir os riscos m aterno-i nfantis a n iveis m u ito p r6 x i m o s a d e g e s t a n t e s n a o i n fe ct a d a s , a freq u e n c i a d a c o n d i : a o , a p o s s i b i l i d a d e d e i nterven:6es efetivas e a necessidade d e reverter a d i s c ri m i n a : a o sofr i d a p o r e s s a s m u l h e re s , j u stificam essa d ecisao. (B RAS I L , 200 1 , p. 1 58)

Para M a ri n , Paiva e Barros ( 1 99 1 ) cuidar de u ma m u l h e r g ravi d a por s i s6 j a se ca racteriza , em a l g u m a s situa:6es , um m otivo d e p reocu pa:a o . P restar assistencia a u m a gestante H IV+ causa nas enfermeiras e p rofissionais d e sau d e , em gera l , uma maior gama d e tensao e preocu pa:ao .

Frente a este fato , as mesmas autoras d izem q u e " o s e n fe r m e i ro s q u e c u i d a m de p a c i e n t e s soropositivas torn a m -se alvos das conseq uencias sociais que 0 medo d a tra n s m issao acarreta" ( 1 99 1 , p . 1 9 ) .

Portanto, cuidar de uma m ulher H IV+ e gravida, partu riente ou puerpera estabelece "um grande desaio para competencia basica do enfenmeiro, para os valores pessoais e profissionais e mesmo para as convic:6es eticas" (MAR I N ; PAI VA; BARRO S , 1 99 1 p. 1 9) .

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Cuidado a m u l her .. .

QUESTAo D E PESQU ISA E OBJ ETIVO

Frente aos q u estionamentos q u e emergem da minha pratica academica e dos aspectos abordados na literatura sabre a tema, a presente estudo tem como foco de investiga;ao a segu i nte q uestao d e pesq u isa :

Qual a percep;ao das enfermeiras, que atuam na area de Saude da M u l he r, sabre a cuidado real izado as mulheres H IV+, no cicio g ravida-puerperal?

Sendo assi m , a presente estud o tem como objetivo:

- Con hecer as percep;oes d e enferme i ras, atuantes na area de Saude da M u lher, sabre a cuidado real izado pela enfermagem a m u lher H IV+ no cicio gravido-puerperal.

CAMIN HADA M ETODOLOGICA

CARACTERIZA;Ao DO ESTU DO

o estu do e d o tipo explorat6rio ten d o como referencial metodol6gico a abordagem q u a l itativa . A pesq u isa q u a l itativa , seg u n d o M i nayo ( 1 997, p .2 1 ) "trabalha com 0 u n iverse d e significados, motiva;oes , a s p i ra;oes , c re n ; a s , va l o re s e atit u d e s , 0 q u e corresponde a u m espa;o mais profu nda das rela;oes, dos processos e dos fen6menos q u e nao podem ser red uzidos a operacional iza;ao d e variaveis" .

CONTEXTO

o contexto d o estud o e 0 Ambu lat6rio - Zona 6, C e ntro O b stetrico e U n i d a d e de I nt e r n a ; a o Obstetrica do Hospita l d e C l i n i cas d e Porto Aleg re .

PARTICIPANTES

As p a rt i c i p a n t e s d a p e s q u i s a s a o o i to profissionais enfermeiras q u e atu am n o atend i mento a m u l heres H IV+, nos d iferentes momentos do cicio g ra v i d o - p u e r p e ra l , ou s ej a , m u l h e r e s e m acompanhamento pre-natal , parturientes e puerperas.

A escolha das enferme i ras foi feita atraves d e s o rte i o . A fi m d e a s s e g u ra r a a n o n i m a t o d a s p a rt i c i p a n t e s fo ra m e s ta b e l e c i d o s n o m e s d e personagens da l iteratu ra brasileira para cada u m a .

COLETA DAS I N FORMA;O ES

A coleta das informa;oes foi obtida por meio de entrevistas semi-estrutru rad a s com rotei ro de q uestoes relacionadas ao foco d o estu d o . Trivinos ( 1 987, p. 1 45) entende por entrevista semi-estrutu rada aquela que "parte de certos q u estionamentos basicos, apoiados em teorias e h i p6teses, q u e i nte�essam a pesq uisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo

d e i nterrog ativas , fruto d e novas h i p6teses que vao s u rg i n d o a med ida que se recebem as res pastas d o informante" .

CONS I D E RA;OES B I OETICAS

o p roj eto de pesq u i s a fo i e n ca m i n h ado a Comissao d a Disci p l i n a Estagio C u rricular da Escola de Enfermagem da U n ivers i d a d e Federal d o Rio G rande do Sui e , ap6s a p rova;ao, encami nhado a Com issao d e Pes q u isa e Etica em Saude do Grupo d e Pesq u isa e P6s-Gra d ua;ao (GPPG) do Hospita l de Clinicas de Poto Alegre , tendo sido aprovado para o seu desenvolvimento .

A concord ancia d a e ntrevistada em participar do e st u d o fo i o b t i d a atraves de um Te rmo d e Consenti mento I nformado contendo esclarecimentos sabre : a obj etivo do estud o , 0 papel do pesq u isador na institu i;ao, seg u ra n ;a ao anoni mato , a carater sigiloso das informa;oes, 0 d i reito de nao participa;ao em qualquer momenta e a garantia de destru i;ao das fitas g ravadas ap6s sua transcri;ao.

ANAL I S E DAS I N FORMA;O ES

Para a n a l ise das i n forma;oes coletadas foi uti l i zad o 0 meto d a d e An a l ise d e Conteudo tipo Te matico p ro posto par M i n ayo ( 1 996 ) . Esse metoda d i v i d e - s e em tres fa s e s d efi n i d a s : p re- a n a l i s e , explora;ao d o materia l e anal ise e i nterpreta;ao das informa;oes .

Portanto, na primeira fase, ap6s a transcri ;ao l iteral de tod as as entrevistas, real izou-se recortes do texto com objetivo de deli near os temas para a analise t e m a t i ca . A i n d a n e sta fa s e , fo i rea l i z a d o u m a organiza;ao das falas.

Na fase de Explora;ao do Material foi realizada varias re leitu ras e agrupamentos das ideias i n iciais emerg i n d o temas e s u b-temas.

I NTERPRETA;Ao DAS I N FORMA;OES

A partir da a n a lise das falas das enfermeiras, emerg i ram tres temas d i stintos : C u idado H u mano -pratica profissional , Dualidades - H IV x Cu idado e Ser M u lher Portad ora do H IV - olhar da enfermagem .

CUIDADO H U MANO: pRATICA PROFISSIONAL

Ao serem q u estionadas sabre a cu idado par elas prestado a m u l her H IV+ as enfermeiras revelam u m a d iversidade d e cond utas relacionadas a pratica de e n fe rm a g e m . A s s i m , do t e m a a p re s e n t a d o emergi ra m q u atro su b-temas: responsabilidades e estrategias d o cuidado; i m portancia das orienta;oes: preocu pa;oes e d eficiencias n o cuidado; evolu;ao

(4)

cientifica : gan hos n o c u i d a d o e medo d o contagio -auto-cuidado.

- Res po n s a b i l i d a d e s e estrate g i a s d o cu idado

Nas falas das p a rticipantes eviden cia-se u m s e n s o d e r e s p o n s a b i l i d a d e m u i t o g ra n d e e m desempenhar 0 cuidado a mu lher H IV+ n o cicio gravido­ puerperal, principalmente, no q u e d i z respeito a forma de comunica;ao usada para 0 seu d esempenho, visto que a enfermeira, atraves de seu processo de trabalho, usa a com u n i ca;ao como uma de suas pri n cipais ferramentas no estabelecimento d e s u a pratica .

Acho que nos, muitas vezes, esquecemos que existe no nosso cotidiano a comunica;ao nao verbal, aquela que atra ves dos nossos gestos, nosso olhar. A te mesmo nossas maos comunicam muitas coisas e as pacientes, ainda mais essas, que encontram-se m a is vuln e ra veis, e s ta o m uito a te n ta s a isso (Gabriela).

Ferraz, Alves e Peixoto ( 1 995, p.21 ) consideram a comunica;ao em enfermagem como "relacionamen­ to , i ntera;a o , co m p o rta m ento verba l , ve i c u l o d e i nforma;ao a paciente s , i n stru m ento terapeutico , instru mento basico d a enfermagem , d entre outros" . Evidenciando-se, enta o , u m a g ra n d e d iversidade d e abordagens para a com u n i ca;ao em enfermagem .

No entanto , Mendes et a l . ( 1 99 1 ) d izem q u e se a enfermagem preten d e conti n u a r com seu papel e x p r e s s i v o , c o m o p r i o r i d a d e d e s u a p r a t i c a profissional , a eq u i pe d eve esta r atenta para d i m i n u i r o te mor, a a n g u stia , a pertu rba;ao, d evendo saber o u v i r e e s t i m u l a n d o 0 p a c i e n te a e x p o r s e u s sentimentos, aj u ndando-o.

As enfermeiras d eixam evidente q u e 0 cuidado a m u l her H IV+ tem como responsa b i l i d a d e permitir um cuidado l ivre de j u lgamentos e de avalia;6es sobre esti los d e vi d a , d e i xa n d o claro q u e esse tipo d e conduta nao deve fazer parte d o relacionamento, pois nao representa n e n h u m beneficio a paciente.

Sempre me colo co no lugar da paciente e sinto que pra elas esta sendo muito dificil e, que as vezes, tonamos mais dificil ainda a tra ves da assist{mcia p re s t a da . N a o e s ta m o s a q u i p a ra julg a r comporlamento, estilo d e vida, estamos aqui para cuida, transmitir conhecimento para que as coisas da vida se tonem mais faceis (Ana Terra) .

Para Ran d U nz ( 1 9 9 8 ) ao d efi n i r enfe rm agem como 0 cuidar d o ser h u ma n o , refere-se sobre a d i g n i d a d e q u e d ev e - s e t e r c o m 0 o u tro n e s s e desempenho, e essa v e m representada pelo respeito d u rante 0 processo de vida de cada ser q u e venha a necessitar d e c u i d a d o .

S eg u n d o M a ri n , P a iva e B a rros ( 1 9 9 1 ) 0

d ia g nostico H IV+ esta belece, na maioria das vezes, u m j u lgamento m o ra l sobre 0 portador, passando a s e r c l a s s ifi c a d o c o m o u m s e r carente d e boas q u a l i d ades . Para a m u l h e r g esta nte , ao saber-se portadora , cria-se a necessidade de redefinir-se quanta a s u a p ropria vida e j u nto esta sempre presente 0 medo d a rejei;ao, d o a b a n d o n o , a necessidade em m a nter a propria d i g n idade.

Atraves d a fa la d e u m a participante fica n itida a i m porta n ci a d o c u i d a d o q u a l ificad o da eq u i pe de saude para d efi n i ;ao d o processo da matern idade na vida de u ma m u l her i nfectada e a responsabilidade da enfermagem com o membro d essa eq uipe.

Se e l a j a vin h a c o m 0 tra tamento, agora depende de nos fazer com essa coisa se defina, porque 0 momenta de maior risco e no palo (Ana

Tera).

S eg u nd o 0 M a n u a l d e recomend a;6es para profi l axia d a tra n s m issao materno-i nfantil do H IV e terapia anti-retrovi ral e m gestantes ( B RAS I L , 200 1 b , p . 1 0 ) " a s rotinas d e d iag nostico e d e assistencia preveem m e d i d as bastante eficazes n o diagnostico p re c o c e e c o n t ro l e d a i n fe c ; a o m a t e r n a e d e terapeutica profilcHica d a transmissao materno-infantil". Desse modo, q u an d o ocorre a transm issao vertical , d emonstra-se falhas n o sistema d e sau d e .

A preconiza;ao d e u m a abordagem adequada para a m u l her H IV+ d u ra nte 0 pre-natal , 0 parto e 0 p u e rperio e a p o ntada p a ra a red u ;ao dos riscos m aterno-i n fa n t i s a n iveis m u ito p roximos aos d e gestantes n a o potad oras ( B RAS I L,200 1 a).

N o q u e d i z respeito as estrategias util izadas p a ra a q u a l i d a d e do c u i d a d o d e s e n vo l v i d o , as enfermeiras enfatiza m a necessidade d e informa;ao que a paciente req uer para situar-se nesse processo, portanto acred itam q u e 0 profissional deve fazer com q u e essa paciente com preenda exatamente esse u niverso em q u e vive . A partir do momenta que ocorre a verd a d e i ra com p reensao da paciente sobre seu estado, os resu ltados d o cuidado ficam evidentes.

Tem que usar de estrategias adequando a comunica;ao e a i a gente sabe que a logica minha como pofissional do lado de ca da mesa e a logica do paciente do outo lado da mesa, na maioria das vezes, e completamente diferente. Entao, em primeio luga, e usar da estrategia de se dar conta que a com unica ; a o tem q u e fun cion a r. Porque se a comunica;ao nao funciona, vai haver um ruido nao vai h a ver uma intera ;ao boa entre 0 profissional e 0 paciente, porque 0 paciente nao vai compreender e nao vai conseguir se cuidar (Macabeia) .

Para Langone e Vieira ( 1 995, p . 2 7 ) "0 codigo simbolico-l i n g U istico usado para veicu lar a informa;ao d eve privi legiar a todo s . A i nforma;ao deve esta r adequada a ca racteristicas especificas , levando em

(5)

Cuidado a m u l her .. .

considera:ao 0 meio cu ltural e socio-economico n a elabora:ao d a mensagem s i m bolica".

F i c a e v i d e n t e q u e a h u m a n i z a : a o d o a t e n d i m e n t o e m s a u d e g i ra e m t o r n o d o recon heci mento das i n d ivid u a l idades d e cada u m . 0 proissional de saude deve estabelecer u m vinculo com cada mul her, perceben d o , assim , suas necessidades e capacidade em enfrentar 0 processo de maternidade (BRAS I L , 200 1 a).

I M PORTAN C IA DAS O R I E N TA::O E S : P R E O C U ­ PA::OES E D E F I C I E N C IAS N O C U I DADO

As e nferm e i ras re latam q u e co n s i d eram a orienta:ao u m dos principais focos a ser trabalhado para a eficiencia do cuidado prestado. Sabe-se q u e a enfermeira poss u i caracteristicas e d u ca d o ras no desempenho de sua pratica, trabalhando na d imensao de e d u ca : a o p a ra a s a u d e . P e rc e b e - s e u m a preocupa:ao em desem penhar esse papel educador, colocando-o como u m fator d iferencial de seu exercicio profissional.

A orienta;ao e a base, porque se ela nao assimilar essa questao da importtm cia do cuidado com ela e 0 bebe, nao tem porque a gente estar aqui, senao a gente bota umas maquinas de executar tarefas e acabou (Helena) .

D e a c o rd o c o m L a n g o n e e V i e i ra ( 1 9 9 5 ) orienta:6es sobre poss i b i l idades d e trata mento e preven:ao auxiliam a pessoa portad ora d o v i ru s , red uzindo a ansiedade e 0 desco n h eci mento sobre as d ificuldades do processo. Sendo assi m , a paciente nao permanece sem apoio , com medo das a ltera:6es de sa ude q u e possam s u rg i r.

Atraves d a s coloca:6es d a s e ntrevistadas percebe-se uma preocu pa:ao com as orienta:6es acerca das d ificuldades que possam vir a surgir devido as caracte risticas pecu l i a re s da m u l h e r H IV+ no processo d e matern i d ad e . 0 fato d essa m u l h e r nao poder amamentar gera , n a maioria das entrevistadas, u ma tendencia em enfatiza r 0 cuidado para que nao surjam intercorrencias d u rante esse periodo .

Essas orienta:6es estao presentes tanto os cuidados com a propria m u l her, como nos cuidados necessarios ao recem-nascido, portanto orienta-se de forma conjugada os cu idados a essa d u pla. 0 grande centro das orienta:6es parte d a prem issa que d eve­ se, de tod as as maneira s , red uzi r, ao maxi m o , as chances da transmissao vertical do virus da mae para filho.

Minha preocupa;ao com rela;ao a ela e como

saber lidar com as mamas. E orientar 0 que ela deve fazer para nao ter desconforto, saber que 0 nene nao pode mamar e, que por isso, podem ter a mama ingurgitada, apresentando do, febre, problemas que possam vir por causa da mama ingurgitada. E orientar

ela com rela;ao a esse cuidado das mamas (Capitu).

Tem a questao do AZ, a gente faz 0 AZT E,

orienta-se que e para pote;ao do bebe fazer na hora

do nascimento, que depois 0 nene vai receber

tamMm, a m amadeira e tal (Gabriela) .

Seg u n d o Teixe i ra et a l . ( 1 999) as orienta:6es/ i nforma:6es devem ser transmitidas em varias etapas e n a o e m u m u n i c o e n c o n t r o , fa c i l i ta n d o a compreensao.

Concordo com Langone e Vieira ( 1 995) quando d izem que existe a n ecessidade da elabora:ao de mensagens claras n a a rea da educa:ao em saude, facilitando a compreensao d e pessoas pertencentes a d iferentes n iveis socio-cultu rais.

A p u b l i ca:ao B RAS I L (200 1 a) salienta q u e d eve-se i n i b i r a lacta:ao d a puerpera , logo, apos 0 parto . E sta i n i b i :a o pode ser conseg u i d a com a com p ressao das mamas com ata d u ra . Alem d isso, recomend a-se 0 uso d e medica:ao especifica para esse fi m . Refor:a , a i n d a , a i m po rtlncia do apoio da eq uipe de saude a essa m u l her, para que nao se si nta d iscriminada por nao amamentar.

A parti r dos depoimentos evidencia-se que a amamenta:ao e u m fator gerador d e d ificu ldades e deficiencias no cuidado prestad o pela enfermeira . Percebe-se, atraves d a s falas, q u e a s enfermeiras possuem d ifi cu l d a d e s , em a l g u n s momentos , em orienta-la, no entanto, essas sao su peradas pela vontade d e que essa orienta:ao sirva para a harmonia da m u l h e r e seu bebe .

A s vez e s fica b e m confuso, em alguns momentos tenho que parar e pensar antes de entrar nos quartos, pois a pergunta basica e entrar e perguntar e a i, 0 bebe mamou bem ? Ta sugando direitinho ? E quando e HIV tem que perguntar se aceitou bem 0 complemento, se nao esta rejeitando, como esta sendo (Ira cema) .

A (mica coisa dificil e orientar duas coisas completamente opostas. As vezes fico no meio de duas macas, de um lade HI , do outo uma mulher nao infectada, e tenho que mudar 0 discurso quase que automatico, s6 da tempo de puxar 0 ar e virar (Bibiana).

D u rante m i n h a traj etoria acad emica, p u d e constatar q u e existe u m g rande estimulo d o meio cientifi co e do m e i o p o p u l a r p a ra 0 a l eitamento materno, devido ao beneficio que este ate proporciona a m a e e ao b e b e . N e s s e senti d o , criamos u m a i magem d e maternidade m u ita arraigada a i magem do aleitamento matemo. Por isso, percebo uma grande d ificu ldade ao tratarmos m u l heres que nao podem desempenha-Io, pois estariam causando preju izos ao seu bebe. Acred ito q u e nao esti m u l a r 0 aleitamento m aterna ca u s a u m a sensa:ao de vazio , cu l pa e i m potencia no desempenho d o cuidado.

(6)

A publica;ao d o Ministerio da Saude ( B RAS I L , 2001 a , p . 1 43 ) refor;a a importancia d esse ato relatando q u e

"0 aleita mento materna e , atu a l m e nte, considerado pe;a fu ndam ental para a saude materna e peri n atal e , portanto , faz parte das e strateg ias d e todos os prog ramas relacionados com estes obj etivos".

Nao obstante, Langone e Vieira ( 1 995) relatam que existem d ificu ldades para 0 d esenvolvimento da rela;ao terapeutica . 0 p rofissional de saude tambem e o centro da abordagem , potanto esta sujeito a altos n iveis de stress como 0 cliente . Esse e pass ivel de erros como q u a l q u e r ser h u m a n o , que poss u i u m a c a r g a cu ltu ra l , esta b e l e c i d a p o r con h e c i m e ntos adquiridos e por seus p roprios valores e cren;as .

Algu mas profissionais relatam d eficiencias em rea l izar u m cuidado i ntegral a paciente e seu bebe. Reve l a m u m d e s co m p a s s o e n tre as e q u i pes no desenvolvimento d a assistencia e, tambem , u m a carencia na integ ralidade d o cuidado.

Ela s n o rm a lm e n te n a o t e m re c e b ido a medicaqao para inibir a lactaqao, a equipe medica nao tem prescrito, e muito raro elas terem essa prescriqao e, as vezes, elas ja saem com a mama enchendo ou cheia. Dizem que existem muitos efeitos colaterais, que 0 b e n e ficia seria menor que os malericios em prescre ve-Ia, mas recebemos uma circular da Secreta ria da Saude determinando 0 usa, que e importante 0 uso. Ja passamos para eles, mas nao mudaram a conduta, parece que cada vez menos estao usando . Eu fico com pena, porque e um poblema a mais que elas vaG ter. Ja que a Secreta ria de Saude esta indicando, a credito que os maleficios nao sejam tao grandes assim (Capitu) .

o estud o real izad o por Verme l h o , Barbosa e Nogueira ( 1 999) sobre m u lheres com AIDS relata que a infec;ao das m u lheres e seu adoecimento tem uma perspectiva d ificil . Refor;am que "e historico em nosso p a i s q u e a a s s i s te n c i a a s a u d e d a m u l h e r e

postergada, sendo 0 diagnostico e a assistencia mais

tard ios, a ava l i a ;ao i n a d eq u a d a , pouca pesq uisa d i rigida, entre outras q uestoes" ( 1 999, p . 3 ) .

- Evol u;ao cientifi ca: gan hos no cui dado

As e n t re v i s t a d a s r e c o n h e c e m q u e 0

desenvolvimento de u m cuidado de q ualidade depende dos resultados d e estudos cientificos na area do H IV, p o i s s a l i e n t a m q u e os a v a n ;o s d a c i e n c i a n o tratamento d e pacientes portad o res d o v i rus foram fatores fa c i l ita d o re s d a p ra t i c a d es s e c u i d a d o . Refor;am a evolu;ao sofrid a n o s u ltimos anos desde o s p r i m e i ro s ca s o s , e n fo c a n d o os b e n ef i c i o s adquiridos.

"Eu acho que esta desmistificando a questao da paciente ser HI V A cho que antigamente era uma questao mais a cobertada, a preocupaqao era bem

maio, hoje sabemos lidar com mais tranquilidade, isso vemos com a e voluqao da coisa. Ja fazem mais de dez anos, e no comeqo era muito complicado, nos amedonta vamos muito, porque nao tinham muitos estudos, parecia que pega vamos as coisas pelo ar. Amadurecemos muito nessa questao cientffica " (Ana

Terra).

"Eu considero um dos maiores "booms" da h istoria da A ID S 0 protocolo 0 76. E tu teres a possibilidade de fazer prevenqao de uma doenqa para esse feto. Entao, e u poder cuidar de uma gravida infectada pelo HI V ensinando ela que existe alguma maneira dela pensar em nao passar esse virus para seu lho, seja durante 0 pre-natal, durante a gestaqao, seja transparto ou seja nao amamentando 0 bebe e cuidando do bebe no puerperio, sabendo previamente ao nascimento que vai ter que usar 0 xaope de AZT e e dessa forma que se cuida, para mim e uma gande satisfaqao " (MacaMia).

Ao i d e ntificar 0 p ro g resso d a ciencia no q u e d iz respeito ao H IV Lobato e Zache (200 1 ) re latam que nos dias atu ais existem no mundo varios estudos que ava l i a m os tratam entos em seres h u ma nos em busca da cura, demonstrando u m n umero significativo e confortante , vi sto q u e ha d ez anos atras existiam a penas cerca d e dez trabalhos. Seguem nessa linha de p e n s a m e n to d i z e n d o q u e a m e d i c i n a tem comemorado os progressos no tratamento da doen;a , c o m u m a variedade cad a vez maior d e interven;oes para 0 controle da doen;a . Portanto , 0 tratamento da A I D nao apenas controla 0 virus como oferece a possibilidade de 0 paciente viver melhor.

Sabe-se q u e hoje 0 d iagnostico da infec;ao do H IV na m u l her d u ra nte 0 pre-natal contri bui para a red u ;ao da probabilidade d e transmissao do virus da mae para 0 feto . 0 B ras i l , com base no Protocolo 076 d o Aid s C l i n ical Trial G ro u p ( PACTG 076) vem desde 1 994 d isponibilizan d o para as gestantes portadoras do H IV 0 AZT oral, desde 1 996, 0 AZT injetavel quando partu riente e 0 AZT sol u ;ao oral para os recem­ nascidos. Seg u nd o estudos, 0 uso dos anti-retrovirais e capaz de red uzir sign ificativamente a carga viral do H IV para n iveis i n d etectaveis, levando as taxas de tra n s m issao m atern o-infantil para n iveis inferiores a 3 % ( B RAS I L , 200 1 b ) .

- Medo do Contag io - Auto-C u idado

C o n s t a t a - s e a t r a v e s d o s re l a t o s d a s participantes u m temor, mesmo q u e velado e discreto, sobre 0 medo d e conta g i o d o H IV ao contato d i reto com essa pacie nte . As precau ;oes util izadas no contato d i reto com as pacientes sao verbalizadas no decorrer das entrevistas.

Mesmo tendo a precauqao universal, a gente tem so mais um pouco de cuidado com a paciente

(7)

Cuidado a mulher. . .

HI V com e s s a q u e s ta o d e tra n s m i s s a o , con

t

amina;aO, ainal d e contas, 0 sangue e 0 que contamina e, na nossa area, ele aparece muito, ela ta muito presente (Gabriela).

Clao que, como e uma doen;a, ela e potadora de um virus que pode ser transmitido, agente tem algumas precau;oes. No caso da gestante, s6 quando ela tiver bolsa rota ou alguma coisa que nos fa;a ter mais contato com iuidos, se nao 0 relacionamento, a manipula;ao da paciente e igual a qualquer outra. Cuidados com sangues e iuidos. Na puerpera tambem (Helena).

Seg u n d o Teixeira et a l . ( 1 999) constata-se u m n ivel de desconforto d o s profissionais d e enfermagem em c u i d a r d e p a c i e n t e s H IV p e l o m e d o d e contamina:ao, vi sto q u e 0 risco d e contagio e d e aproximadamente 0 , 3 % apos u m acidente de trabalho.

DUAL I DADES - H IV X C U I DADO

Durante os relatos das profissionais percebeu­ se 0 estabeleci mento d e alguns conflitos enfrentados no d ia-a-d ia no desempenho do cuidado as m u l heres portadoras d o H I V, d e correntes das particu laridades q u e existem e m rela:ao a essa paciente . Portanto s u rg i ra m n e s s e tema u m s u b-te m a : P rote:ao X Discrimina:ao.

- Prote9ao X Discri m i na9ao

A p a rt i r dos re l atos das p a rti c i pantes fi ca ev i d e nte a d i fi c u l d a d e q u e a i n d a ha e n tre o s profissionais d e s a u d e n o seu relacionamento c o m a paciente H IV+ n o processo d e matern idade.

Porta nto, constata-se q u e a e q u i p e d e saude tem plenas condi:oes d e , ao i nves de proporcionar a pacie nte u m a m b i e nte aco l h e d o r e p rotetor, u m ambiente amea:ador e constrangedor, atraves d a forma q u e trabalha seus valores e suas cren:as .

"Proteger a paciente, nao discriminar. Porque sabemos q u e a d iscri m i n a:ao existe , dentro da propria fa m i l ia elas estao sofrendo essa discrimi na:ao . Eu considero q u e a eq uipe de s a u d e a i n d a d iscri m i n a m u ito ela" (Capitu ).

Eu gostaria que todo mundo as tratasse nao diferenciadas, porque elas se sentem diferenciadas. Algumas escondem ser HIV pelo medo de ser tratada diferente, entao que todo mundo as trate iguais (Bibiana) .

Na pratica diaria percebo muita hostilidade da equipe em lidar com ela, existe muito preconceito nas entre linhas (Ana Terra) .

Para Sad ala (200 0 ) , 0 preconceito existente sobre os problemas envolvidos com a A I D S , l eva 0

profissional da sau d e a expressar rejei:ao as pessoas H IV+.

A mesma autora aponta a existencia d e uma d i s c r i m i n a : a o a o s p o rt a d o r e s do H I V p e l o s profissionais d e s a u d e e pelo s i stema de sa u d e , caracteriza n d o u m d esrespeito a o s s e u s d i reitos d e cidadao, tanto nos aspectos sociais e legais quanto nos eticos e m orais .

De acord o com M a ri n , Paiva e Barros ( 1 991 ) por se tratar d e u m v i ru s vinculado a sexualidad e , algu mas m u l h e res, escondem serem potadoras , por

medo ou vergonha de exporem a sociedad e .

F i c a e v i d e n t e n a s fa l a s q u e 0 p re c o n c e ito e manifestado d u ra nte 0 cuidado a paciente, interferindo na qualidade d o ate n d i me nto .

Sei que somos humanos, que temos 0 dire ito de sen tirmos tudo que nos a contece, mas, em algumas situa;oes, nao contolamos e podemos estar causando um dana maior ao paciente (Ana Terra) .

A dor do preconceito, as vezes, e muito maior que a dor fisica, e n6s podemos, muito facilmente, povocar essa dor. Infelizmente e assim (Gabriela).

C o n c o r d o c o m P a d o i m ( 1 9 9 9 ) q u e 0 preconceito esta presente e m m u itas das atitudes na pratica do cuidado d e enfermagem, sendo manifestado p e l o c o m p o rt a m e n t o d i s c r i m i n a t o r i o , m e d o , inseguran:a e d esco n hecimento .

Para Verm e l h o , Barbosa e Nogueira ( 1 999) a resposta social a AI DS e recon hecimento de rejei:ao , atraves d o pan ico e preconceito . Em bora os meios d e com u n i ca:ao d i scutam bastante 0 tema, 0 que se percebe nos servi:os d e saude e a desinforma:ao e 0 d espreparo d e seus profissionais para lidar com 0 problema.

SER M U L H E R PO RTA D O RA DO H IV: OLHAR DA E N F E RMAG EM

A partir das co loca:oes das enfermeiras no d ecorre r das e ntrevi sta s, estabeleceu-se algu mas percep:oes sobre a m u l h e r H IV+ no cicio gravido­ puerpera l . Ass i m , s u rg i ram dois su b-temas: 0 ser m u l her/paciente e percep90es da maternidade.

- 0 ser m u l her/paciente

De acord o com as falas das enfermeiras, fica evidente a percep:ao imediata de normalidade dessa paciente, d eixa n d o claro q u e percebem essa mulher como u m a paciente igual as outras, necessitando d e cuidados . N o entanto, ao passe q u e vaG d iscorrendo sobre 0 assu nto , d e m o n stra m uma d iferencia:ao d evido a presen:a d o viru s associado ao periodo de matern idade. F i ca claro nos relatos q u e existe um com prom eti mento da e nfe rmagem em tratar essa

(8)

paciente da forma mais h u ma nizada possive l . No aspecto gem/, como pessoa, eu considero ela igual as outras pacien tes (Capitu) .

Eu nao fa;o diferen;a com nenhuma (Iracema) .

Nao vejo a paciente c o m 0 HI V e sim uma paciente gravida que precisa de minha ajuda (Bibiana) .

N a verda d e , n a o h a diferen ;a, e l a e uma pa ciente que esta ali com as mesmas angustias de uma mae que vem ter 0 se u filho (Gabriela) .

As mesmas p a rticipa ntes re lata m apos u m determin ado tempo a s d iferen;as.

o que faz a diferen;a e a preo cupa;ao com essa situa;ao dela de ser portadora do HI V e do seu bebe. Devemos dar maior a ten;ao para esse aspecto (Capitu) .

A diferen;a esta em essa mulher ser infectada e acrescentada a matenidade (Iracema) .

Uma mulher q u e precisa d e uma medica ;ao especial, por isso, ela e diferente (Bibiana) .

Para mim, nao e que ela seja complicada, mas ela e diferente (Gabriela)

o estu d o real iza d o por Sad ala (2000) com

profissionais d e s a u d e sobre 0 c u i d a r d e pacientes

com AIDS evidencia que varios profissionais refor;am a igualdade, nao apresenta n d o motivos para uma assistencia d i fe re n c i a d a . R e l a ta m que to d o s os doentes sao i g u a i s , as d o e n ;as contag iosas sao

i g u a i s , nada as d ife re n cia m . Pore m , a fo rma como 0

d izem assu me u m a posi;ao defensiva , co mo se 0

estabelecido fosse a "diferen;a" d esse paciente . Fica evidente a necessidade e m reafi rmar a i g u a l d a d e , porq u e ela e a todo tempo n e g a d a .

- Percep:oes da matern idade

Em determinadas falas notou-se a preocupa;ao das enferm e i ras em j u stificar 0 porq u e da bu sca d a matern i d a d e p e l a s m u l h e re s p o rtad oras d o H I V. Evi d e n cia-se q u e a fo rma como p e rce bem esse processo na vida d essa m u l her, incentiva , ainda mais, a preocu pa;ao e m d e s e n v o l v e r um c u i d a d o de excelencia para essa paciente .

Para mim elas engravidam, pois e uma maneia

de continua rem a vida delas, e uma esperan;a, a cada filho que ela tem, e uma maneira de pensarque aquele ali pode negativar e pode dar con tin uida de a vida dela. A possibilidade de viverem nesses ilhos (Anita) .

Seg u n d o Spindola e Banic (1 998) a partir dos resultados de sua pesq uisa sobre 0 ser mae portadora do H IV, relatam q u e as m u l he res H IV+ encara m d e maneira diferente a matern idad e . Para algu mas 0 fato de poss uir 0 virus nao i nterfe re n o d e s l u m b ramento

q u e 0 nasci m e nto de u m bebe proporciona. Para outra s , este m o m e nta e p e rce b i d o com tri steza , d uvidas, receios e p reocu pa;ao com 0 futu ro dela e d e seu bebe .

Refor;am q u e ser mae portadora do H IV e

vive nciado co mo u m m o m enta d e reflexao sobre 0

futuro . Ass i m , e o futu ro q u e baseia os pensamentos

d essas m u l h e re s , como se 0 presente nao existisse.

A esperan;a d e cu ra e uma constante no pensamento delas.

CONSIDERA:OES FINAlS

o estu d o vi s l u m b ra a i m porta n c i a rea l da profissional e nferm e i ra n o processo d e matern idade d a m u l her H IV + . Ficam evid entes as lacunas ainda existentes n o d es e m p e n h o d o c u i d a d o a essas pacientes , n o e ntanto ressa lta-se a busca con sta nte de con heci mento pelas enfermeiras, a fi m de estarem s e m p re atu a l izad a s . Ev i d e n ci a - s e c 1 a ra m e nte a consonancia entre a evolu;ao cientiica e as facilidades adqu iridas para 0 desempenho da pratica proissiona l . A s participantes do estudo concordam com o s ganhos advindos da evolu ;ao cientffica no decorrer dos anos frente ao tratam e nto de pacientes H IV+.

As pri ncipais estrateg ias d e cuidado util izadas na pratica d i a ria das e nferme i ras permeiam em torno da prote;ao d a cri a n ;a q u e a paciente H IV+ esta gera n d o . Existe u m a estreita rela;ao com 0 cuidado prestado e os resu ltados positiv�s acerca da existencia d essa crian;a s a u d avel em nosso meio, portanto as e n fe r m e i ra s p o s s u e m , i n t r i n s e c a m e n te , u m a res ponsabilidade n o su cesso d a vida d essa crian;a . P o r outr� lado, se n a o houver u m a i ntera;ao eficaz com outros m e m bros da e q u i p e m u ltid isci plinar, 0 sucesso ficara com p ro m etido, visto q u e a enfermeira como ser u n ico nao poss u i autonomia suficiente para contemplar todas as necessidades da paciente e seu filho.

A p a rtir das percep;6es d e cuidado advi ndas das e nferme i ras d o estu d o , trago como refere n cial a d efi ni;ao d e cu i d a r p rofissionalme nte d e Ran d O n z ( 1 9 9 8 , p . 1 5 ) q u e a s s e m e l h a - s e a s i d e i a s d a s i nforma;6es s u bj etivas coletadas nessa pesq u isa :

C u i d a r p ro fi s s i o n a l m e n t e o u c u i d a r e m enfermagem e o l h a r e nxergando 0 outro, e ouvir

escuta ndo 0 outro; observar, percebendo 0 outr�,

s e n t i r, e m p a t i z a n d o c o m 0 o u t r� , e s t a n d o

d i spon ivel p a ra fazer com ou para 0 outro aqueles p roced i m e ntos tecnicos q u e ele nao aprendeu a executa r ou nao co nseg u e executar, procu rando co m p a rti l h a r 0 saber com 0 clie nte e/ou fa m i l i a res

a re s p e ito , s e m p re q u e h o u v e r i nteresse e/o u co n d i yo e s p a ra ta l . Ao c u i d a r, p ro c u r a r-se-a estabel ecer tambem u m a pol itica assistencial d e s a u d e e d e e nfe rm a g e m , g a rantindo acesso ao tratamento , a medicayao, etc . .. , 0 que certamente ,

(9)

Cuidado a mulher. . .

g a rantira u m a q u a l id a d e d a assiste n c i a .

o estud o mostra a i m portlncia em conhecer

as percep:6es d e enferme i ras ace rca de um cu idado desenvolvido, pois, a parti r desse conhecimento, abre­

se um leque de poss i b i l idades para a mel hora e 0

aperfei:oamento da pratica . Apesa r d e nao tratar-se de um estudo avaliativo , este possibil ita uma reflexao

dos atores sobre 0 papel q u e vem d esempen hando,

proporcionando momentos de critica e auto-critica para os envolvidos.

o estu d o ve m contri b u i r p a ra reflexao dos profissionais que atuam com pacientes portadores do H IV acerca das estrategias para a i nteg ralidade d o c u i d a d o p re s t a d o , p r i o r i z a n d o u m c u i d a d o multidisciplinar e continuo. Refor:a-se a necessidade de respeito as i n d ividual idades d e cada ser para que o objetivo seja ati n g i d o .

Portanto , fica evid ente a necessidade de u m cuidado integral e humanizado para as pacientes H IV+ no cicio gravido-puerpera l , a fi m de q u e possamos amenizar, ao maximo, as d ificu ldades enfrentadas por elas nesse periodo pecu l i a r d e sua existencia, a matern idade associada a p resen:a d e u m v i rus q u e t e m c o m o c o n s e q u e n c i a u m a d o e n : a , c o m prognostico mu ito reservad o .

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Referências

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