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Uso da ciclosporina em paciente portador de hepatite C e psoríase pustulosa.

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An Bras Dermatol. 2011;86(4Supl1):S193-5. 193

L

Uso da ciclosporina em paciente portador de hepatite C

e psoríase pustulosa

*

Use of cyclosporin in a patient with hepatitis C and pustular psoriasis

Lislaine Bomm1 Carolina Cotta Zimmermann 1

Roberto Souto2 Aline Bressan3

Alexandre Gripp4

Resumo:A ciclos po ri na tem sido con train di ca da nos pacien tes com infec ções crô ni cas, como a infec ção pelo vírus da hepa ti te C, devi do ao seu efei to imu nos su pres sor. No entan to, estu dos recen tes têm demons -tra do que a ciclos po ri na supri me a repli ca ção viral e pode, desta forma, não exa cer bar a infec ção pelo vírus da hepa ti te C, quan do admi nis tra da como tra ta men to para pacien tes com pso ría se. Apresentamos o caso de uma pacien te por ta do ra de pso ría se há 30 anos e hepa ti te C há 20 anos, com lesões cir ci na das difu sas, que apre sen tou melho ra cutâ nea e das enzi mas hepá ti cas com o uso da ciclos po ri na, sem apre sen tar nen-hum efei to adver so.

Palavras-chave: Ciclosporina; Hepatite C; Psoríase

Abstract:Cyclosporine has been con train di ca ted in patients with chro nic infec tions such as infec tion with hepa ti tis C becau se of its immu no sup pres si ve effect. Recent stu dies have shown howe ver that cyclos po ri -ne sup pres ses viral repli ca tion and thus can not exa cer ba te infec tion with hepa ti tis C when emplo yed for trea ting patients with pso ria sis. We pre sent the case of a fema le patient with pso ria sis for 30 years and hepa ti tis C for 20 years, with dif fu se cir ci na te lesions. Improvement in the skin con di tion and liver enzy -mes was obtai ned with the use of cyclos po ri ne, with no adver se effect.

Keywords: Cyclosporine; Hepatitis C; Psoriasis

Recebido em 12.02.2011.

Aprovado pelo Conselho Consultivo e aceito para publicação em 30.03.11.

* Trabalho realizado no Hospital Universitário Pedro Ernesto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (HUPE – UERJ) – Rio de Janeiro (RJ), Brasil. Conflito de interesse: Nenhum / Conflict of interest: None

Suporte financeiro: Nenhum / Financial funding: None

1

Médica-residente em Dermatologia no Hospital Universitário Pedro Ernesto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (HUPE – UERJ) – Rio de Janeiro (RJ), Brasil. 2 Médico-dermatologista-auxiliar no Ambulatório Geral de Dermatologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro

(HUPE – UERJ) – Rio de Janeiro (RJ), Brasil.

3 Pós-graduação em Dermatologia no Hospital Universitário Pedro Ernesto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (HUPE – UERJ) – Médica-dermatologista- auxiliar da Enfermaria e do Ambulatório de Imunobiológico do Hospital Universitário Pedro Ernesto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (HUPE – UERJ) – Rio de Janeiro (RJ), Brasil.

4 Mestre em Dermatologia – Professor-assistente de Dermatologia e chefe da Enfermaria de Dermatologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (HUPE – UERJ) – Rio de Janeiro (RJ), Brasil.

©2011 by Anais Brasileiros de Dermatologia

C

ASO

C

LÍNICO

INTRO DU ÇÃO

Com o aumen to da inci dên cia e/ou pre va lên cia das doen ças infec to-con ta gio sas, entre elas a infec ção pelo vírus da hepa ti te C (3% da popu la ção mun dial), não é raro encon trar mos, na prá ti ca clí ni ca, pacien tes por ta do res tanto de pso ría se quan to de hepa ti te C, o que torna o tra ta men to um desa fio para o médi co der -ma to lo gis ta.1

O tra ta men to sis tê mi co da pso ría se é rea li za do com medi ca men tos dito con ven cio nais, como: meto tre xa te, ciclos po ri na e aci tre ti na; e tam bém com imu -no bio ló gi cos.2 A esco lha da medi ca ção depen de de

variá veis do pacien te, como idade, sexo, pre sen ça de comor bi da des, doen ças sub ja cen tes, esti lo social de vida. Já a hepa ti te C tem como prin ci pal tra ta men to a

asso cia ção de inter fe ron (que age dire ta men te con tra o vírus e aumen ta a res pos ta imune) com a riba vi ri na (aná lo go sin té ti co da gua no si na que tem ação dire ta con tra vírus RNA e DNA).3,4

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-An Bras Dermatol. 2011;86(4Supl1):S193-5.

FIGURA1:Placa circinada no membro inferior

FIGURA3: Pós-trata-mento com ciclosporina

FIGURA2:Detalhe da lesão

194 Bomm L, Zimmermann CC, Souto R, Bressan A, Gripp A

ti te C têm aber to novas pers pec ti vas sobre segu ran ça e efe ti vi da de do seu uso nos pacien tes por ta do res de pso ría se e hepa ti te C.

RELA TO DE CASO

Paciente femi ni na, 75 anos, com diag nós ti co de pso ría se em placa, tra ta da com medi ca men tos tópi cos há 30 anos, com piora das lesões cutâ neas há 6 meses. As lesões tor na ram-se mais eri te ma to sas, com bor das esca ma ti vas e pus tu lo sas, pru ri gi no sas e dolo ro sas. Negava outros sin to mas sis tê mi cos. Peso atual da pacien te: 51 kg. Ao exame der ma to ló gi co: lesões eri -te ma to sas, cir ci na das e com bor das esca ma ti vas nos mem bros supe rio res e infe rio res, na região infra ma má ria, tron co e face (Figuras 1 e 2). História pato ló gi ca pre gres sa de hepa ti te C em acom pa nha men to clí ni -co pela Hepatologia há 20 anos, -com piora da fun ção hepá ti ca no últi mo ano.

Realizada bióp sia cutâ nea e rea li za dos tam bém exa mes labo ra to riais, que demons tra ram enzi mas hepá ti cas alte ra das (Tabela 1). Foi ini cia da ciclos po ri na 3mg/kg/dia e, após 8 sema nas, a pacien te apre sen -ta va melho ra das lesões cutâ neas (Figura 3) e enzi mas hepá ti cas. O PASI redu ziu de 27 para 9 e a ciclos po ri -na séri ca foi de 219 ng/ml.

DIS CUS SÃO

A pso ría se pus tu lo sa cir ci na da ou pus tu lo sa anu lar cor res pon de à forma loca li za da de pso ría se pus tu lo sa e mani fes tase por sur tos de lesões anu la -res, com eri te ma e pús tu las na peri fe ria, loca li za das em geral no tron co e raiz dos mem bros, sem qual quer mani fes ta ção sis tê mi ca.1 É um qua dro raro e lesões

típi cas de pso ría se, em geral, não estão pre sen tes. A ciclos po ri na é uma medi ca ção imu nos su pres -so ra muito útil para o tra ta men to da pso ría se.

Pertence à famí lia dos ini bi do res da cal ci neu ri na, agin -do como uma pró-droga, pois fica ina ti va até se ligar ao seu recep tor cito plas má ti co conhe ci do como ciclo -fi li na.2O com ple xo ciclos po ri naciclo fi li na inibe a ati

-vi da de da fos fa ta se cal ci neu ri na levan do à ini bi ção da fun ção das célu las T e à dimi nui ção da pro du ção de IL-2 (inter leu ci na 2). A dose diá ria reco men da da para o tra ta men to da pso ría se é de 3-5mg/kg/dia.2,3

Atualmente, o uso da ciclos po ri na tem sido con train di ca do em pacien tes com hiper ten são arte rial de difí cil con tro le, dis fun ção renal e lin fo ma de célu -las T.3 Apresenta tam bém algu mas con train di ca ções

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ni da de deve-se limi tar seu tempo de uso para o menor pos sí vel. 1,2,3

A ina bi li da de em gerar uma res pos ta imune efe -ti va é um dos fato res que faz com que se esta be le ça uma infec ção e que se man te nha sua cro ni ci da de, como no caso de pacien tes com hepa ti te C, sendo por isso a ciclos po ri na clas si ca men te con train di ca da em pacien tes por ta do res de infec ções crô ni cas.4

No entan to, pes qui sas recen tes demons tram um meca nis mo de supres são da repli ca ção viral do HCV pela ciclos po ri na, que ocor re pela ini bi ção da asso cia ção fun cio nal da ciclo fi li na intra ce lu lar (cofa tor para repli ca ção viral) com a pro teí na viral NS5B (fra -ção viral cru cial para repli ca -ção viral), dimi nuin do, assim, a carga viral do HCV e haven do melho ra da fun

-ção hepá ti ca em alguns casos.4,5Estudos tam bém suge

rem que o genó ti po 1b do HCV é o mais sen sí vel à ini bi ção pela ciclos po ri na por ser depen den te da ciclo fi -na para a repli ca ção.6,7

Há evi dên cias tam bém de que o efei to ini bi tó rio da ciclos po ri na sobre a repli ca ção viral do HCV (desem pe nha do pelo blo queio da ciclo fi na) é inde pen den te da fun ção imu nos su pres so ra da ciclos po ri na, a qual é obti da atra vés da ini -bi ção da cal ci neu ri na.7,8

Sendo assim, o uso da ciclos po ri na em pacien -tes por ta do res de pso ría se e hepa ti te C melho ra o qua dro cutâ neo e não exa cer ba a hepa ti te, poden do até, em alguns casos, mos trar melho ra da vire mia e da fun ção hepá ti ca.8,9 Nós rela ta mos um caso que apre

-sen tou melho ra clí ni ca, acom pa nha da tam bém pela melho ra das enzi mas hepá ti cas com o uso da ciclos po -ri na, sem apre sen tar nenhum efei to adver so.

Estas recen tes des co ber tas do efei to anti-HCV da ciclos po ri na reno vam as pers pec ti vas para con si de rar esta droga como uma boa opção para o tra ta men -to da pso ría se nos pacien tes por ta do res de hepa ti te C, poden do ser usada com cau te la, ape sar de mais estu -dos serem neces sá rios sobre segu ran ça e efi cá cia, já que os dados na lite ra tu ra são basea dos em pou cos rela tos de casos.K

Início da 2 meses após

ciclosporina ciclosporina

Hemoglobina 14 13

Hematócrito 41 39,8

Leucócitos 6.100 7.500

Plaquetas 150.000 315.000

TGO (N: 32-45) 91 64

TGP (N: 32-45) 93 43

Bilirrubinas 2.15 1.73

Creatinina 0,9 0,9

Ureia 28 32

Fosf. alcalina 409 148

Gama GT 181 150

Albumina 3,2 3,3

Ciclosporinemia - 219

Ref. 200-500

INR 1,8 1,1

TABELA1:Exames laboratoriais

REFERÊNCIAS

1. Sociedade Brasileira de Dermatologia. Consenso Brasileiro de Psoríase 2009. 1st ed. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Dermatologia, 2009. 116 p. 2. Bressan AL, Souto RS, Fontenelle E, Gripp AC. Imunossupressores em

Dermatologia. An Bras Dermatol. 2010;85:9-22.

3. Rosmarin DM, Lebwohl M, Elewski BE, Gottlieb AB, National Psoriasis Foundation. Cyclosporine and psoriasis: 2008 National Psoriasis Foudation

Consensus Conference. J Am Acad Dermatol. 2010;62:838-53.

4. Frankel AJ, Van Voorhees AS, Hsu S, Korman NJ, Lebwohl MG, Bebo BF Jr, et al. Treatment of psoriais in patients with Hepatitis C: from Medical Board of the National Psoriasis Foudation. J Am Acad Dermatol. 2009;61:1044-55.

5. Imafuku S, Tashiro A, Furue M. Cyclosporin treatment of psoriasis in a patient with chronic hepatitis C. Br J Dermatol. 2007;156:1367-9.

6. Watashi K, Hijikata M, Hosaka M, Yamaji M, Shimotohno K. Cyclosporin A suppresses replication of hepatitis C virus genome in cultured hepatocytes. Hepatology. 2003;38:1282-8.

7. Inoue K, Umehara T, Ruegg UT, Yasui F, Watanabe T, Yasuda H, et al. Evaluation of a cyclophilin inhibitor in hepatitis C virus-infected chimeric mice in vivo. Hepatology. 2007;45:921-928

8. Yang F, Robotham JM, Nelson HB, Irsigler A, Kenworthy R, Tang H. Cyclophilin A is an essential cofactor for hepatitis C virus infection and the principal mediator of cyclosporine resistance in vitro. J Virol. 2008;82:5269-78.

9. Cecchi R, Bartoli L. Psoriasis and hepatitis C treated with anti-TNF alpha therapy (etanercept). Dermatol Online J. 2006;12:4.

ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA/ MAILINGADDRESS:

Lislaine Bomm

Avenida Boulevard 28 de setembro, 77 Vila Isabel

20551-030 Rio de Janeiro (RJ) – Brasil E-mail: lislainebomm@gmail.com

Como citar este artigo/How to cite this article:Bomm L, Zimmermann CC, Souto R, Bressan A, Gripp A. Uso da ciclosporina em paciente portador de hepatite C e psoríase pustulosa. An Bras Dermatol. 2010;86(S1):S193-5.

ERRATA

Foi publicado o sobrenome da autora de forma errada na publicação abaixo de 2011. O nome correto da autora é Carolina Cotta Zimmermann e a abreviatura é Zimmermann CC.

O artigo que necessita de correção é:

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