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Academic year: 2017

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FACULDADE DE ECONOMIA,ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE DE RIBEIRÃO PRETO

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA

ÁREA:ECONOMIA APLICADA

RODRIGO BAGGI PRIETO ALVAREZ

Instrumentos públicos de incentivo às exportações e desempenho de estreantes no mercado internacional

ORIENTADOR:PROF.DR.SÉRGIO KANNEBLEY JÚNIOR

RIBEIRÃO PRETO

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João Grandino Rodas

Reitor da Universidade de São Paulo

Sigismundo Bialoskorski Neto

Diretor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto

Sérgio Kannebley Júnior Chefe do Departamento de Economia

Elaine Toldo Pazello

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RODRIGO BAGGI PRIETO ALVAREZ

Instrumentos públicos de incentivo às exportações e desempenho de estreantes no mercado internacional

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Economia – Área: Economia Aplicada da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Mestre em Ciências. Versão corrigida. A original encontra-se disponível na FEA-RP/USP

ORIENTADOR:PROF.DR.SÉRGIO KANNEBLEY JÚNIOR

RIBEIRÃO PRETO

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Alvarez, Rodrigo Baggi Prieto

Instrumentos públicos de incentivo às exportações e desempenho de estreantes no mercado internacional. Ribeirão Preto, 2013.

120 p. : il. ; 30 cm

Dissertação de Mestrado, apresentada à Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto/Universidade de São Paulo. Área de concentração: Economia Internacional.

Orientador: Kannebley Júnior, Sérgio

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FOLHA DE APROVAÇÃO

RODRIGO BAGGI PRIETO ALVAREZ

Instrumentos públicos de incentivo às exportações e desempenho de estreantes no mercado internacional

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Economia – Área: Economia Aplicada da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Mestre em Ciências.

Aprovada em:_______________________

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr.__________________________________________________________ Instituição: ______________________________ Assinatura:________________

Prof. Dr.__________________________________________________________ Instituição: ______________________________ Assinatura:________________

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus e a todas as forças e energias que permitiram que eu pudesse completar mais essa fase na vida. Somente Ele sabe o quão difícil foi lidar com o peso e a responsabilidade desta tarefa nos últimos anos.

Ao Professor Sérgio Kannebley Júnior, pela verdadeira amizade e pelos ensinamentos ao longo dos sete anos de convivência. Certamente, o melhor orientador que um aluno poderia desejar. Aos professores Luiz Guilherme Scorzafave e Elaine Toldo Pazello, pelas contribuições na banca de qualificação e por contribuir diretamente na evolução da pesquisa nos últimos meses. Ao professor Naércio Menezes Filho, pela participação ativa na banca de defesa e pelo interesse prévio em colaborar para nossa pesquisa de forma bastante gentil e valiosa.

A todos os professores da FEA-RP, pela dedicação que colocou o programa de pós-graduação entre os melhores do País. Em especial, aos professores Sérgio Sakurai e Cláudio Lucinda, pelos ensinamentos de econometria aplicada ao longo do mestrado, que ajudaram diretamente na condução dos trabalhos empíricos. A todo corpo de funcionários da FEA-RP, em especial à Vânia, Érika e Matheus, pelo auxílio prestado na secretaria de pós-graduação e pela dica valiosíssima de como as últimas duas semanas antes do prazo final poderiam fazer falta na conclusão do trabalho.

Ao CNPq e à FAPESP, pelo auxílio financeiro que possibilitou que este trabalho fosse desenvolvido de forma adequada. Aos técnicos do IPEA, Calebe Figueiredo e Patrick Alves, pela ajuda no processo de tratamento e estimação de dados e resultados.

Aos grandes amigos da pós-graduação, Rodrigo Leifert, Guilherme Byrro, Mariana Oliveira, Juliana Iorio, Felícia Santos, Priscila Godoy, Caroline Cabral, Lívia Sacchetti, Naysa Brasil e Rodrigo da Luz, que compartilharam dos mais difíceis e também mais gratificantes momentos de estudo e dedicação nos últimos dois anos. Com todo respeito às turmas anteriores, mas foi uma honra e um privilégio poder fazer parte do melhor grupo de mestrandos da FEA-RP em toda sua história. Aos amigos Rafael, João Felipe, Pedro, Humberto, Lucas, Danilo, Glauco e Marco, pela companhia e grande amizade desde os velhos tempos e por auxiliarem diretamente na transição para uma nova fase em minha carreira profissional, com momentos de descontração e apoio no último ano. Ao também velho amigo João Felipe, pelas conversas memoráveis no Guarujá desde quando ainda nem sabíamos o que a vida nos reservava. Ao meu primo e amigo Moyses, que permitiu que boa parte desse trabalho pudesse também ser conduzido nas idas e vindas a São Paulo nos últimos tempos.

Aos amigos da Tendências Consultoria, em especial a Adriano Pitoli, Amaryllis Romano, Walter de Vitto, Bruno Rezende, Camila Saito, Cláudia Oshiro e Vanessa Maeji, pelo aprendizado constante, por acreditarem no meu trabalho e por contribuírem de forma direta na minha formação profissional nos últimos meses, além de permitirem que eu reduzisse a jornada de trabalho para finalização adequada desses estudos.

À Érika, que, com imenso carinho (e infinita paciência), tem feito parte dessa história, me acompanhando e me ajudando no último ano, como jamais alguém poderia fazer. Eu te amo e se você conseguiu me amar nos últimos meses do mestrado, provavelmente conseguirá pelo resto de nossas vidas.

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What you do in your free time determines what you'll be doing when you don’t have a choice

I shall be telling this with a sigh

Somewhere ages and ages hence

Two roads diverged in a wood, and I —

I took the one less traveled by

And that has made all the difference

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RESUMO

ALVAREZ, R. B. P. Instrumentos públicos de incentivo às exportações e desempenho de estreantes no mercado internacional. 2013. 120.f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2013.

A compreensão da dinâmica de persistência e evasão da atividade exportadora é fundamental para o desenho de incentivos adequados às firmas estreantes no mercado internacional e encontra respaldo nos modelos da nova teoria do comércio internacional. O propósito deste trabalho é investigar os determinantes do desempenho de firmas industriais brasileiras estreantes no mercado internacional, em termos de probabilidade de sobrevivência e evolução do valor exportado, com especial atenção aos impactos dos instrumentos de apoio Drawback, BNDES Exim e Proex. Para tanto, serão analisadas empresas estreantes no comércio exterior entre os anos de 1998 e 2003, configurando um painel desbalanceado com 8,5 mil firmas. Por meio de análise econométrica para dados em painel e estimação de modelos de duração, verificou-se que a função de sobrevivência e crescimento do valor médio exportado no tempo difere claramente entre firmas que utilizam um dos benefícios e aquelas que não o fazem. Também se pode afirmar que custos irreversíveis de entrada no comércio internacional não sejam desprezíveis entre as firmas industriais analisadas, o que indica que os programas públicos de promoção de exportações devam se concentrar na (i) redução da taxa de abandono das recém-exportadoras e (ii) na minimização dos custos fixos associados aos investimentos para entrada no mercado exportador.

JEL: C33, F14, O24

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ABSTRACT

ALVAREZ, R. B. P. Public export promotion and new exporters performance: evidence from Brazilian manufacturing firms. 2013. 120.p. Thesis (MPhil) –

Graduate School of Economics, Business and Accounting, University of São Paulo, Ribeirao Preto, 2013.

Understanding the dynamics of persistence and evasion of export activity is essential for the design of export promotion for new exporters and international trade policies. Several results point to the importance of taking into account the specific sector of the industry in the implementation of public policies, which is supported by the new models of international trade theory. The purpose of this work is to investigate the determinants of the performance of Brazilian industrial new exporters, with particular attention to the impacts of Drawback, BNDES Exim and Proex. For this, we analyzed firms between the 1998 and 2003, constituting an unbalanced panel with 8500 firms. By panel data analysis and estimation of duration models, we found that the survival function and the growth of exports clearly differs among companies that use one of the programs and those that do not. One can also say that sunk costs are not negligible among the industrial firms analyzed, which indicates that public export promotion should focus on (i) reducing the dropout rate of new exporters and (ii) minimize the fixed sunk costs related with initial investments to begin the export activty.

JEL codes: C33, F14, O24

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Sumário

Introdução ... 13

1 Determinantes do comércio internacional ... 17

1.1 Referencial teórico ... 17

1.2 Evidências empíricas ... 21

1.2.1 Instrumentos públicos de incentivo à exportação ... 21

1.2.2 Tamanho das firmas ... 24

1.2.3 Experiência na atividade exportadora e idade das firmas ... 26

1.2.4 Remuneração e escolaridade dos funcionários ... 27

2 Instrumentos de promoção de exportações no Brasil ... 30

2.1 Drawback ... 32

2.2 BNDES Exim ... 33

2.3 Proex ... 35

3 Metodologia e análise descritiva dos dados ... 37

3.1 Estratégia empírica ... 37

3.2 Dados e variáveis utilizadas ... 42

3.3 Estatísticas descritivas da Base Geral ... 45

3.4 Construção do grupo de controle ... 51

3.5 Estatísticas descritivas da Base Pareada ... 54

4 Resultados ... 62

4.1 Modelo dinâmico de probabilidade linear ... 62

4.2 Análise de sobrevivência no comércio internacional ... 71

4.2.1 Modelo não paramétrico ... 71

4.2.2 Modelo semiparamétrico ... 76

4.3 Evolução do valor exportado pelas estreantes ... 80

4.3.1 Análise em painel estático ... 80

4.3.2 Análise em painel dinâmico ... 88

5 Síntese dos resultados e implicações de políticas públicas ... 96

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Lista de Tabelas

Tabela 1 - Exportações em Drawback e Exportações totais (US$ milhões) ... 33

Tabela 2 - Desembolso do BNDES Exim por porte de firmas (%) ... 34

Tabela 3 - Desembolso do Proex nas modalidades (US$ milhões) ... 36

Tabela 4 – Número de observações na Base Geral por ano de estreia na exportação ... 46

Tabela 5 – Padrão de observação das firmas na Base Geral ... 47

Tabela 6 – Estatísticas descritivas da Base Geral (1998-2007) ... 48

Tabela 7 – Distribuição por utilização dos instrumentos – Base Geral (1998-2007) ... 49

Tabela 8 – Firmas por ano de estreia e utilização dos instrumentos– Base Geral ... 50

Tabela 9 – Testes de balanceamento do PSM ... 54

Tabela 10 – Distribuição por utilização dos instrumentos– Base Pareada (1998-2007) ... 55

Tabela 11 – Firmas por ano de estreia e utilização dos instrumentos– Base Pareada ... 56

Tabela 13 – Modelo de probabilidade linear para base geral e pareada - Drawback ... 65

Tabela 14 – Modelo de probabilidade linear para base geral e pareada – BNDES Exim ... 68

Tabela 15 – Modelo de probabilidade linear para base geral e pareada – Proex ... 70

Tabela 16 – Evolução do número de firmas e valor exportado por funcionário (US$ mil) ... 73

Tabela 17 – Razões de risco – Modelo semiparamétrico de riscos proporcionais ... 78

Tabela 18 – Modelo em painel estático para base geral e pareada – Drawback ... 83

Tabela 19 – Modelo em painel estático para base geral e pareada - BNDES Exim ... 86

Tabela 20 – Modelo em painel estático para base geral e pareada – Proex ... 87

Tabela 21 – Modelo em painel dinâmico para base geral e base pareada – Drawback ... 90

Tabela 22 – Modelo em painel dinâmico para base geral e base pareada – BNDES Exim ... 92

Tabela 23 – Modelo em painel dinâmico para base geral e base pareada – Proex ... 93

Lista de Gráficos

Gráfico 1 – Participação do Drawback no valor exportado ... 33

Gráfico 2 – Desembolsos do BNDES Exim (R$ milhões) ... 34

Gráfico 3 - Desembolso do Proex por modalidades (%) ... 36

Gráfico 4 – Distribuição das firmas por intensidade tecnológica do setor ... 51

Gráfico 5 – Distribuição dass firmas por Unidade da Federação ... 51

Gráfico 6 - Distribuições do propensity score antes e após o pareamento (Drawback) ... 57

Gráfico 7 – Distribuições do propensity score antes e após o pareamento (BNDES Exim) ... 57

Gráfico 8 – Distribuições do propensity score antes e após o pareamento (Proex) ... 58

Gráfico 9 – Valor exportado por funcionário (US$ mil) por cada coorte de estreantes ... 60

Gráfico 10 – Valor exportado por funcionário (US$ mil) por cada coorte de estreantes ... 61

Gráfico 11 – Função de sobrevivência Kaplan-Meier por ano de estreia ... 74

Gráfico 12 – Função de sobrevivência Kaplan-Meier por ano de estreia ... 75

Gráfico 13 – Análise gráfica para verificação da hipótese de riscos proporcionais ... 79

Lista de Quadros

Quadro 1 - Sumário dos principais resultados da literatura empírica ... 28

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Introdução

O apoio governamental às exportações não é um fenômeno recente. No Brasil, políticas de desoneração tributária do comércio exterior foram instituídas na década de 1960 e o programa de financiamento público brasileiro às atividades desse tipo em 1990. A criação de linhas de crédito com esse propósito data da década de 1930 nos EUA e da década de 1940 na Europa e no Japão. O fomento às exportações por parte dos diversos governos no mundo visa, basicamente: (i) o aumento do volume e do valor agregado das exportações, principalmente, por meio da elevação na intensidade tecnológica dos produtos comercializados e (ii) o alargamento da base exportadora local, garantindo um fluxo contínuo de novas empresas e reduzindo a taxa de evasão do mercado internacional por parte das firmas. Para o caso brasileiro, pode-se dizer que há poucas evidências empíricas do efeito dessas políticas sobre a manutenção das firmas estreantes no mercado internacional e sobre a evolução do valor exportado. No País, como destacam Markwald e Puga (2002), há três grandes deficiências observadas no âmbito do comércio exterior: (i) reduzida base exportadora; (ii) baixa propensão a exportar; e (iii) elevada taxa de evasão do mercado internacional, com alta rotatividade que impede o estabelecimento das empresas no comércio externo e evolução contínua do valor exportado.

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adequados às firmas estreantes, que se encontram em condições distintas das empresas já estabelecidas no mercado externo.

Primeiramente, evidências empíricas apontam a importância de se levar em consideração as especificidades setoriais da indústria na implementação de programas de apoio às firmas exportadoras, o que também encontra respaldo nesses modelos da nova teoria do comércio internacional. Por sua vez, o canal por meio do qual os incentivos públicos auxiliam na performance exportadora ao nível das firmas é justificado na proposta teórica que considera a importância dos custos irreversíveis relacionados à entrada no mercado internacional. Estes implicam na persistência do comportamento exportador por parte das empresas e resultam no fenômeno de

hysteresis no comércio internacional, segundo o qual existe elevada dependência dos

eventos passados no status exportador. Os custos de entrada são advindos dos

investimentos para desenvolvimento de cadeias de distribuição e de fornecedores, adequação de produtos a normas internacionais, estabelecimento de rede de contatos etc. Nesse sentido, num contexto em que as firmas enfrentam restrição financeira para cobrir custos de entrada e os mercados de capitais podem funcionar de forma imperfeita, políticas industriais que financiem firmas iniciantes ou potencialmente exportadoras podem ser promovidas como forma de reduzir os custos de entrada e auxiliar no seu estabelecimento no mercado externo.

Considerado isso, o propósito deste trabalho é investigar os determinantes do desempenho de firmas industriais brasileiras estreantes no mercado internacional, com especial atenção aos impactos dos instrumentos de apoio Drawback, BNDES Exim e Proex sobre a decisão de exportar, no risco de abandono da atividade exportadora e evolução do valor exportado pelas empresas, como medida de intensidade no comércio internacional. Para tanto, serão analisadas neste estudo seis coortes de firmas estreantes no mercado internacional, entre os anos de 1998 e 2003, para as quais se tem informações ex ante e ex post à entrada no comércio externo, referentes a tamanho,

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transformação, construída a partir de dados do IBGE e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). 1

A metodologia econométrica consiste em, primeiramente, construir um grupo de controle baseado em características observáveis, por meio da estimação de um

Propensity Score Matching (PSM). A geração de uma amostra contrafactual permite

reduzir o viés de seleção associado à obtenção dos financiamentos à atividade exportadora, reduzindo a heterogeneidade da base de dados e elevando a comparabilidade entre as firmas que fizeram uso dos instrumentos e aquelas que não o fizeram. Em seguida, é estimado um modelo de probabilidade linear dinâmico, seguindo a estratégia empírica de Bernard e Jensen (2001, 2004) como forma de testar a persistência das firmas na atividade exportadora e os impactos dos programas sobre a decisão de exportar das empresas analisadas, separadamente, para cada um dos grupos beneficiados pelo Drawback, BNDES Exim ou Proex.

Posteriormente, são empregados modelos de duração não paramétricos e semiparamétricos a fim de estimar a função de sobrevivência das empresas no mercado internacional e os efeitos dos programas sobre o risco de abandono da atividade exportadora, conforme metodologia empírica de Girma et al. (2007) e Esteve-Pérez et al. (2011). Além disso, para verificação dos impactos sobre a intensidade do comércio

internacional, a relação entre permanência na atividade exportadora e evolução do valor exportado pelas empresas é explorada por meio da estimação de modelos estáticos e dinâmicos para dados em painel. O primeiro considera a estimação de um Tobit com efeitos fixos e, posteriormente, são procedidos os testes para painel dinâmico, sendo comparados os resultados obtidos para o modelo com efeitos aleatórios com as estimativas do modelo em primeira diferença, seguindo a metodologia de Blundell e Bond (1988).

Dessa forma, além dessa seção introdutória, o trabalho é composto por outras cinco seções. A primeira discorre sobre a literatura teórica e empírica relacionada ao modelo de comércio internacional de firmas heterogêneas e aos principais resultados da literatura quanto aos determinantes da performance exportadora ao nível das empresas. Na segunda seção são apresentadas brevemente informações gerais acerca das

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1

Determinantes do comércio internacional

1.1 Referencial teórico

A disponibilidade de dados com elevada desagregação contendo diversas informações sobre produção, intensidade na utilização dos fatores e comércio internacional ao nível da firma a partir dos anos 1980 trouxe à luz importantes diferenças entre empresas exportadoras e não exportadoras dentro de um mesmo país ou setor industrial, que permitiram que fossem elaboradas novas proposições teóricas capazes de explicar resultados empíricos que não encontravam suporte nos modelos tradicionais de comércio. Como apontam Bernard et al. (2007), esses modelos

tradicionais tornaram-se inconsistentes com a observação de uma substancial heterogeneidade entre as firmas, em face dos fatos estilizados que mostravam que: (i) a grande maioria das firmas não exporta sua produção, mesmo nos principais setores exportadores da economia; (ii) entre as firmas exportadoras, apenas uma pequena parte exporta uma fração elevada do que produz; (iii) há firmas exportadoras em praticamente todos os setores, inclusive naqueles em que determinado país não apresenta vantagens comparativas; (iv) as firmas exportadoras são maiores, mais produtivas, remuneram melhor seus funcionários e são mais intensivas em capital e trabalho qualificado; (v) a liberalização comercial elevou a produtividade nos setores exportadores.

Bernard et al. (2007) mostraram que os fatos estilizados da “microeconomia do

comércio e exportação” apresentariam, de fato, um desafio às teorias tradicionais de comércio internacional. Os dados estudados para diversos países evidenciam que a exportação por parte das firmas ainda é uma atividade bastante rara, e uma pequena parcela concentra grande parte do valor total exportado. As diferenças entre os grupos de exportadoras e não exportadoras dão-se no tamanho, produtividade, intensidade de fatores, qualificação e remuneração dos funcionários.

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dever a desenvolvimento de cadeias de distribuição e de fornecedores, adequação de produtos a normas internacionais, estabelecimento de rede de contatos etc. Esses custos constituiriam uma barreira à entrada que as empresas menos eficientes não seriam capazes de superar. Como observa Kannebley (2011), do ponto de vista da hipótese de autosseleção, a maior permanência no mercado externo deve-se preponderantemente às condições iniciais das firmas, apresentadas anteriormente à estreia no mercado exportador. Isto é, os ganhos em termos de eficiência e qualidade já haviam sido obtidos quando da entrada no mercado externo, dando a essas empresas uma maior chance de sobrevivência à seleção natural promovida pelo ambiente externo mais competitivo.

Por outro lado, sob a hipótese de aprendizado, os ganhos de eficiência e performance também poderiam ser obtidos posteriormente à estreia no mercado internacional. Esses ganhos poderiam derivar da exposição à competição mais intensa, ou à melhores práticas tecnológicas e/ou gerenciais, fazendo com que sua evolução ocorresse continuadamente mesmo após sua entrada no mercado internacional. Com isso, a maior permanência na base exportadora seria explicada pelo círculo virtuoso resultante do aprendizado: quanto maior o ganho de eficiência decorrente da participação exportadora, maior a lucratividade da empresa e, portanto, maior a probabilidade de que ela permanecesse continuamente nessa atividade.

Segundo Baldwin (2006b), nos novos modelos de comércio internacional e, em especial, no modelo teórico de Melitz (2003), há a incorporação de diferenças ao nível das firmas que são capazes de justificar fatos estilizados como os apontados por Bernard

et al. (2007). Melitz (2003) propõe um modelo dinâmico cujo objetivo é identificar o

canal pelo qual o comércio intra-indústria é capaz de promover o crescimento da produtividade por meio da redistribuição, dentro da indústria, de insumos e produtos em direção de firmas mais produtivas. Assume-se um modelo de competição monopolista do tipo Dixit-Stiglitz (1977) e é demonstrado que, em razão dos diferenciais de produtividade, embora as firmas estabeleçam um mark-up constante, as firmas mais

produtivas serão maiores em produção e receita, cobrarão menores preços e obterão maiores lucros do que as firmas menos produtivas.

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começarem a produzir e a vender o seu bem, é suposto que a firma entrante retira de uma distribuição de produtividade um parâmetro de produtividade inicial .É admitida adicionalmente a presença de custos de fixos de entrada e de atuação no mercado externo, fazendo que o preço cobrado pelas firmas domésticas no mercado externo seja superior ao cobrado no mercado doméstico.

O ponto principal é que a decisão de exportar é induzida pela perspectiva de aumento no lucro e market share em uma economia integrada (aberta). Por outro lado,

para as firmas que não exportam, a perspectiva de lucro e participação de mercado em uma economia aberta é de declínio (KANNEBLEY, 2011). Com a abertura de mercado, em que cada firma produz uma variedade de produto, as firmas tendem a incorrer em perdas na participação no mercado doméstico. Para as firmas que não exportam, essa perda pode significar a exclusão do mercado, abrindo espaço para as firmas mais produtivas. A perda de mercado das firmas domésticas se dá pela elevação dos custos do trabalho, que ocorre em razão da maior demanda de trabalho proveniente das firmas exportadoras que expandem suas vendas para o mercado internacional, inviabilizando em alguns casos a participação das firmas puramente domésticas e fazendo com que fechem as portas. Sendo assim, existe um processo de seleção natural darwiniano em que as firmas mais produtivas prosperam e crescem, enquanto outras menos produtivas que não exportam podem incorrer em perdas de lucro e/ou market share, num processo

de realocação que pode ser ilustrado como na figura a seguir (GREENAWAY E KNELLER, 2007)

(20)

No arcabouço dos modelos que consideram as diferenças entre empresas exportadoras e não exportadoras, Chaney (2005) propõe a extensão teórica microfundamentada na restrição de liquidez como sendo uma fonte adicional de heterogeneidade entre as firmas. Na presença de custos de entrada no mercado externo, a existência de imperfeições no mercado de capitais implica que algumas firmas encaram a restrição ao crédito como uma barreira adicional à entrada, diferentemente das predições dos modelos que assumem informação perfeita no mercado de capitais. Na linha da proposta teórica de Hubbard (1998), Chaney (2005) destaca que há duas razões essenciais para acreditar que a falha de mercado possa ter um papel determinante na decisão de exportar por parte das firmas estreantes.

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1.2 Evidências empíricas

Essa seção procura apresentar alguns trabalhos aplicados que examinam a relação entre exportações e as características observáveis das firmas. Os modelos empíricos utilizam um conjunto de variáveis explicativas das firmas que permitam uma estimação mais precisa dos determinantes da performance no comércio exterior, tais como tamanho, idade, remuneração e escolaridade dos funcionários, localização e produtividade de fatores. Alguns trabalhos levam em consideração a intensidade tecnológica e diversificação dos produtos exportados, assim como a heterogeneidade de países destinos das exportações, na análise do desempenho das firmas no mercado internacional. Outros estudos mais recentes analisam a importância de subsídios e incentivos públicos à exportação na sobrevivência das firmas no comércio internacional, principal objeto de estudo deste artigo. As diferentes metodologias e as especificidades de cada base de dados utilizada em cada estudo, entretanto, dificulta a comparação direta dos parâmetros estimados em cada modelo econométrico, ainda que não impeça o estabelecimento de relações válidas entre as variáveis de interesse.

1.2.1 Instrumentos públicos de incentivo à exportação

Nogués (1989) aponta que, na década de 1980, os subsídios à exportação em alguns países da América do Sul não resultaram em maior diversificação e performance das exportações como era esperado (do ponto de vista macro), pelo fato de não terem

sido acompanhados de liberalização na política comercial também no âmbito das importações e pela ausência de regras transparentes para o acesso aos auxílios. No Brasil, por sua vez, os programas apresentaram certo sucesso devido à estabilidade macroeconômica e à abertura comercial mais bem orientada em relação aos países vizinhos. Esse resultado é confirmado por Moreira e Santos (2001), que avaliaram a eficácia do Proex sobre as exportações utilizando variáveis agregadas para o período de 1979 a 2000.

Entretanto, como apontam Gorg et al. (2006), a análise dos incentivos à

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mecanismos públicos de apoio à exportação2. Os estudos ao nível da firma sobre as experiências internacionais são de certo modo ambíguos, mas as comparações exigem cautela devido às diferenças entre os países analisados e à metodologia utilizada na estimação. Bernard e Jensen (2004a), por exemplo, constroem um painel com cerca de 13 mil firmas industriais norte-americanas entre 1984 e 1992. O resultado da estimação do modelo de probabilidade linear não indicou efeito dos incentivos públicos, em nível estadual, na probabilidade das firmas em se tornarem exportadoras.

Por sua vez, Helmers e Trofimenko (2009), observando firmas industriais colombianas (com 10 ou mais empregados) para o período de 1981 a 1991, buscam verificar o impacto dos subsídios públicos na decisão de exportar e volume de

exportações das firmas, controlando para a possibilidade de lobbies ou favorecimentos

de caráter político nas concessões. Os autores buscam responder: (i) qual proporção de recebimentos de subsídios se deve às regras “legais” pré-estabelecidas; (ii) quais os determinantes da obtenção de subsídios e (iii) como o recebimento de subsídios pode afetar a atividade exportadora das firmas, considerando o primeiro estágio em que a firma decide exportar (por meio do procedimento de Heckman (1979)). Os resultados sugerem um impacto positivo dos subsídios nas exportações, mas decrescente na magnitude das concessões. Além disso, os recebimentos supostamente não meritocráticos (muito superiores aos valores previstos no modelo auxiliar estimado) elevam as exportações em menor intensidade e com menor duração no tempo.

Por sua vez, um modelo de duração para firmas industriais irlandesas é estimado por Girma et al. (2007), que analisam o período de 1983 a 1998 com o objetivo de

verificar o impacto de subsídios do tipo lump-sum na probabilidade de sobrevivência

das mesmas, ou seja, utilizando a metodologia empregada no presente estudo. Foi realizado um pareamento prévio por meio da técnica de Propensity Score Matching

(PSM) por meio do qual se construiu um grupo de controle, conforme sugerido por Rosembaum e Rubin (1983), estratégia para contornar o problema de seleção da amostra.

A análise não paramétrica (não condicional) indicou que o grupo de firmas que recebeu auxílios à exportação apresentou maior probabilidade de sobrevivência no

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comércio exterior, resultado confirmado também pela estimação semi-paramétrica do modelo de Cox, tanto quando se considerou a variável dummy de utilização dos

subsídios como quando se controlou para a magnitude dos valores dos incentivos. Em outro estudo para as firmas industriais irlandesas para o período 1986-2002, Gorg et al.

(2006) utilizam o procedimento de diferenças-em-diferenças, encontrando também um efeito positivo dos subsídios (quando suficientemente elevados) no valor exportado pelas firmas, sem, no entanto, apresentarem influência sobre sua decisão de entrada no mercado exportador.

Para o caso brasileiro, Moreira e Santos (2001) realizam uma análise dos impactos do Proex sobre o incremento do valor das exportações brasileiras de produtos manufaturados entre 1991 e 2000. Os resultados indicam que o Proex impactou positivamente as exportações agregadas de produtos manufaturados, não somente sustentando-as, mas também as alavancando. Pianto e Chang (2006) revisam as principais políticas de promoção às exportações no período recente, agrupadas no Programa Brasil Exportador (2003), como uma série de projetos voltados para fortalecer a competitividade do país em vários aspectos.3 Um destaque especial é dado à Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), cujo trabalho se dá no sentido de estimular a inserção de empresas de pequeno e médio porte no comércio exterior. O estudo ressalta a necessidade de que a estratégia nacional de exportação, além de estar integrada à política econômica do país, defina claramente as prioridades, problemas, oportunidades e obstáculos de forma a aplicar os recursos financeiros e humanos com maior eficácia.

Uma revisão dos principais instrumentos brasileiros de apoio às exportações é feita por De Negri et al. (2008), que apresentam um perfil das firmas beneficiadas,

considerando o contexto do comércio internacional dos últimos três anos, marcado por redução do dinamismo do fluxo de exportações e sobrevalorização da moeda doméstica. Os pesquisadores utilizam dados do BNDES e da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) e concluem que o Drawback é relativamente neutro com relação à modificação da estrutura da pauta de exportações. O BNDES Exim, por sua vez, apoia fortemente os setores mais intensivos em tecnologia, contribuindo para a diversificação da pauta na direção de produtos de maior valor agregado.

(24)

Por fim, vale ressaltar a discussão de Markwald e Puga (2002) sobre a aplicabilidade de políticas de promoção de exportações, argumentando a favor de políticas horizontais para redução dos custos de entrada na exportação e do fortalecimento do desempenho da base exportadora brasileira. Seus argumentos centram-se na hipótese de autosseleção e na maior eficácia que as políticas de promoção podem ter sobre a base exportadora existente em razão dos diferenciais de produtividade já alcançados pelas empresas exportadoras. Baseados em dados sobre a performance exportadora das empresas iniciantes no mercado externo, apontam para diversos fatos estilizados que contribuem para a aceitação da hipótese de autosseleção. Entre esses fatos, alguns são interessantes destacar, como a baixa contribuição relativa das empresas iniciantes no total exportado, o elevado índice de desistência das empresas exportadoras e a evolução diferenciada das empresas exportadoras que permanecem continuamente

no mercado externo.

1.2.2 Tamanho das firmas

A literatura empírica indica que o tamanho das firmas é positivamente correlacionado com a probabilidade de entrada e sucesso no mercado internacional. Agarwal e Audretch (2000), por meio da estimação semi-paramétrica de um modelo de duração para 3,4 mil firmas, classificadas pela intensidade tecnológica de seus produtos, verificam que probabilidade de sucesso é maior para entrantes com maior tamanho, mas essa vantagem é declinante no tempo. Além disso, apontam que a importância do tamanho inicial na sobrevivência das firmas no comércio exterior é menor para segmentos de alta intensidade tecnológica.

A estimação de um modelo de Cox também é realizada por Sabuhoro e Gervais (2004) a fim de estimar a probabilidade de sobrevivência no mercado internacional de uma amostra de firmas exportadoras canadenses entre 1993 a 2000, que encontrou relação positiva entre tamanho e probabilidade de sucesso na atividade. A análise de sobrevivência feita nos trabalhos de Girma et al. (2007), Disney et al. (1999) e

Esteve-Pérez et al. (2011) também corroboram a relação positiva da variável com probabilidade

de sucesso na atividade exportadora. Disney et al. (1999) estimam uma função de

(25)

censos anuais de produção. As estimações sugeriram impacto positivo do tamanho e do tamanho inicial, sendo que o impacto do tamanho variaria conforme a idade e da geração (coorte) das firmas. Quando feita a análise descritiva separando-as em “entrantes”, “desistentes”, “descontínuas” e “permanentes”, verificou-se que as firmas entrantes e desistentes eram 60% menores (em termos de pessoal ocupado) em comparação às firmas permanentes.

Esteve-Pérez et al. (2011) realizam uma análise de sobrevivência dos mercados

compradores das exportações de firmas espanholas, entre 1997 e 2006, utilizando dados de um painel balanceado com quase 4 mil firmas industriais. O estudo verificou que 47% das firmas encerraram atividade exportadora ainda no primeiro ano, sendo que a probabilidade de abandono passa a declinar acentuadamente após 2 anos no mercado internacional. A estimação do modelo semi-paramétrico também permitiu concluir que o tamanho – mensurado em termos de receita de vendas das firmas – é negativamente relacionado à probabilidade de abandono da atividade exportadora por parte das mesmas.

A importância ex-ante do tamanho na probabilidade de sucesso exportador

também é verificado em trabalhos como Bernard e Jensen (2004a) e Alvarez e Lopez (2005). Estes últimos analisaram 5 mil firmas industriais chilenas entre 1990 e 1996, observando que 21% exportaram em algum dos anos e apenas 5% exportaram ao longo de todo o período, sendo que no universo de firmas estudadas 86% eram pequenas ou médias. Exportadoras eram em média 19% mais produtivas e tinham receitas 60% superiores em relação às não exportadoras.

(26)

(permanência) no mercado internacional e crescimento do valor médio exportado pelas firmas brasileiras.

1.2.3 Experiência na atividade exportadora e idade das firmas

A hipótese de impacto positivo da idade das firmas sobre sua performance exportadora estaria relacionada à capacidade de aprendizado e ao ganho de experiência ao longo de sua existência. Com relação modelos de duração, a elevação da probabilidade de sobrevivência no comércio internacional é verificada nos resultados de Girma et al. (2007). Esteve-Pérez et al. (2011), por sua vez, encontram relação negativa

entre idade e sobrevivência da atividade exportadora, sugerindo que a explicação desse fato se daria na rápida modernização e internacionalização das firmas espanholas que, somadas ao efeito dos subsídios governamentais, teria afetado mais significativamente as firmas mais jovens.

O efeito de algumas características observáveis das firmas também pode variar conforme sua idade. Disney et al. (1999) verificaram que o efeito do tamanho sobre o

sucesso no mercado internacional, por exemplo, se reduz conforme a idade e varia com a geração (coorte) às quais as firmas pertencem. Nesse sentido, Sabuhoro e Gervais (2004) encontram evidências da importância da experiência anterior no mercado externo na probabilidade de sobrevivência corrente, o que poderia indicar um efeito de aprendizado por parte das firmas exportadoras.

Os resultados para o caso brasileiro encontrados por Kannebley e Valeri (2007) e Kannebley et al. (2009) apontam uma persistência determinada por fatores específicos

às firmas e relacionada à experiência passada, sugerindo a validade da hipótese de

hysteresis no comércio internacional. Kannebley et al. (2009) observam relação positiva

(27)

1.2.4 Remuneração e escolaridade dos funcionários

De modo análogo à hipótese de impacto positivo do tamanho das firmas sobre sua performance exportadora, esperar-se-ia que a qualificação e remuneração do pessoal ocupado também apresentassem relação positiva com a performance exportadora das firmas. Além disso, seria plausível a verificação de evidências ex-ante da superioridade,

em termos dessas características, das firmas exportadoras em relação àquelas com produção destinada ao mercado doméstico. Girma et al. (2007) encontram efeitos

positivos para a remuneração dos funcionários sobre a probabilidade de sobrevivência na atividade exportadora. Os modelos para dados em painel de Bernard e Jensen (2004a) e Alvarez e Lopez (2005) também corroboram a relação positiva entre remuneração, qualificação e probabilidade de entrada no mercado internacional por parte das firmas, sugerindo auto-seleção também para tais variáveis.

(28)

Quadro 1 - Sumário dos principais resultados da literatura empírica

Autor Metodologia Dados Principais resultados

Girma et al. (2007) Modelo de Duração Firmas industriais irlandesas entre

1983 e 1998

Firmas que receberam auxílio público apresentaram maior probabilidade de sobrevivência.

Bernard e Jensen (2004a) Modelo de Probabilidade Linear Firmas industriais norte-americanas entre 1984 e 1992

Tamanho, produtividade, escolaridade e remuneração elevam probabilidade de exportar. Incentivos públicos não elevam probabilidade de exportar

Agarwal e Audretch (2000) Modelo de Duração Firmas industriais norte-americanas entre 1973 e 1991

Tamanho eleva probabilidade de sobrevivência, mas vantagem é declinante no tempo. Importância do tamanho é menor para firmas de alta intensidade tecnológica

Sabuhoro e Gervais (2004) Modelo de Duração Firmas industriais canadenses entre 1993 e 2000

Tamanho, variedades de produtos exportados e experiência anterior eleva probabilidade de sobrevivência

Disney et al. (1999) Modelo de Duração Firmas industriais do Reino Unido

entre 1974 e 1991

Tamanho e experiência anterior elevam probabilidade de sobrevivência das firmas e impacto depende da geração das firmas analisadas

Esteve-Pérez et al. (2011) Modelo de Duração Firmas espanholas entre 1997 e 2006

Tamanho, volume exportado, número de destinos, produtividade e experiência anterior elevam probabilidade de sobrevivência

Besedes e Prusa (2004) Modelo de Duração Produtos importados pelos EUA de 160 países entre 1972 e 2001

Importação de países da OCDE e tempo de experiência na relação comercial reduzem probabilidade de interrupção do comércio do produto

Kannebley e Valeri (2007) Modelo Logit Multinomial Firmas industriais brasileiras entre 1997 e 2003

(29)

Autor Metodologia Dados Principais resultados

Gorg et al. (2006) Dif-in-Dif Firmas industriais irlandesas entre

1986 3 2002

Há efeito positivo dos subsídios governamentais sobre o valor exportado pelas firmas, mas não há evidências do seu impacto sobre a decisão de exportar

Helmers e Trofimenko (2009) System-GMM / Probabilidade não-linear

Firmas industriais colombianas entre 1981 e 1991

Determinantes da obtenção de subsídios são complexos e possivelmente não meritocráticos. Incentivos elevam performance exportadora das firmas à taxas decrescente conforme magnitude do auxílio.

Kannebley et al. (2009) Modelo Logit Multinomial Firmas industriais brasileiras

Experiência anterior eleva permanência das firmas na atividade exportadora e elevação da produtividade precede entrada no mercado internacional. Valor de estreia eleva probabilidade de permanência na atividade exportadora

Alvarez e Lopez (2005) Modelo Probit Firmas industriais chilenas entre 1990 e 1996

Tamanho, produtividade e qualificação elevam probabilidade de exportar. Investimentos precedem estreia no mercado internacional (auto-seleção consciente)

Bernard e Jensen (1999) Modelo de Probabilidade Linear Firmas industriais norte-americanas

Elevação da produtividade precede entrada no mercado internacional. Exportação eleva tamanho mas não possui efeito claro sobre performance ou produtividade pós-exportação

Bernard e Jensen (2004b) Modelo de Probabilidade Linear Firmas industriais norte-americanas entre 1983 e 1992

(30)

2

Instrumentos de promoção de exportações no Brasil

No Brasil, os programas de promoção às exportações estão, em geral, associados a instrumentos tributários e financeiros, os quais proporcionam redução de custos fiscais e ganhos de receita no âmbito da atividade exportadora. A desoneração das exportações é legitimada pelas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e está determinada constitucionalmente.4 Os instrumentos públicos brasileiros podem ser classificados como fiscais ou financeiros. Os instrumentos fiscais são operados de modo

a exonerar ou restituir às firmas exportadoras alguns tributos associados à produção e/ou comercialização de seus produtos, muitas vezes incididos em cascata. Por sua vez, os mecanismos públicos financeiros são aportes de recursos oriundos do Tesouro Nacional e operacionalizados por uma instituição bancária (BNDES ou Banco do Brasil).

Segundo estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), uma crítica comum feita pelas empresas exportadoras aponta o alto grau de exigências para o acesso ou mesmo a falta de informações sobre os instrumentos. Cerca de 20% das firmas que se encaixariam no perfil de utilização dos mesmos não conhecem mecanismos de ressarcimento de tributos. Em relação ao Programa de Financiamento às Exportações (Proex, agenciado exclusivamente pelo Banco do Brasil) e ao BNDES-Exim (disponibilizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que serão detalhados mais adiante, o percentual de firmas que desconhece os programas se situa entre 30% e 40%, proporção que aumentou entre 2002 e 2008 (CNI, 2008).

Em pesquisa de campo desenvolvida pela Funcex, com entrevista de 460 firmas discriminadas por tamanho e frequência exportadora (MARKWALD; PUGA, 2002), verifica-se que os programas Proex Financiamento e Proex Equalização são conhecidos por 71% e 55% das empresas, respectivamente. Os instrumentos operados pelo BNDES (Exim pré e pós-embarque), por sua vez, são de conhecimento de cerca de 50% das firmas exportadoras, apenas (o financiamento mais conhecido pelos exportadores é o Adiantamento de Contrato de Crédito, com 88%). A falta de informações ou desconhecimento dos principais programas de auxílio à exportação constitui um fator que justifica a construção de um grupo de controle que permita a identificação mais

(31)

precisa dos seus efeitos sobre a performance das firmas exportadoras. Cabe apontar, por fim, que a complexidade do sistema normativo e do regime tributário brasileiro faz com que os mecanismos de apoio à exportação sejam de difícil utilização pelas firmas quando comparados às outras economias do mundo, ainda que consideremos o grupo de empresas que têm informações sobre os requisitos para obtenção dos financiamentos. Como destacam Markwald e Puga (2002), (i) a burocracia, (ii) a dificuldade com garantias e (iii) as exigência e critérios do agente financeiro ainda estão entre as principais críticas das empresas apontadas nas entrevistas.

O Programa Brasil Exportador (2003) apresentou diversos projetos voltados para fortalecer a competitividade da indústria do país, com o objetivo de ampliar a pauta e a base exportadora, diversificar os mercados compradores e inserir micro, pequenas e médias empresas no comércio internacional (PIANTO; CHANG, 2006). Desde então, promoveram-se desoneração para insumos e folha de pagamento dos exportadores. O objetivo tem sido intensificar a defesa comercial e elevar os financiamentos e garantias às exportações, justificado também pela prolongada valorização da moeda doméstica frente ao dólar nos últimos anos, que reduziu progressivamente a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional. Entre as medidas mais recentes do Plano Brasil Maior, está a desburocratização das exportações e duplicação do orçamento para o financiamento pré e pós-embarque.

(32)

Em que pese a existência de diversos instrumentos de incentivo às exportações, atualmente os principais meios de apoio consistem na utilização do Proex (por meio do Banco do Brasil), da linha de financiamento do BNDES Exim (por meios do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e do Drawback, regime aduaneiro especial que concede vantagens relacionadas aos impostos e taxas incidentes sobre matérias-primas adquiridas para produção de bens que sejam, posteriormente, exportados ou utilizados em venda equiparada a exportação. Como destacam De Negri

et al. (2010), os três programas atendem a cerca de 30% das empresas exportadoras do

País, e serão eles os objetos de estudo deste trabalho. Nas próximas subseções, serão apresentadas brevemente algumas informações gerais a respeito dos mecanismos, cujo detalhamento poderá ser conferido em apêndice.

2.1 Drawback

(33)

Tabela 1 - Exportações em Drawback e Exportações totais (US$ milhões)

Ano Drawback Totais % Drawback Bens Manufaturados % Drawback

2004 25,724 96,677 26.6% 53,137 48.4%

2005 36,106 118,529 30.5% 65,353 55.2%

2006 45,523 137,807 33.0% 75,018 60.7%

2007 50,661 160,649 31.5% 83,943 60.4%

2008 56,706 197,942 28.6% 92,683 61.2%

2009 37,567 152,995 24.6% 67,349 55.8%

2010 50,413 201,914 25.0% 79,563 63.4%

2011 59,311 256,039 23.2% 92,290 64.3%

Fonte: MDIC

Gráfico 1 – Participação do Drawback no valor exportado

Fonte: Secex – MDIC

2.2 BNDES Exim

No âmbito dos instrumentos de financiamento ao setor exportador, o BNDES

Exim ocupa posição de destaque. Juntamente com o Proex, é operado como forma complementar aos Adiantamentos de Contrato de Câmbio. Denominado Finamex até

1997, a partir de então se promoveram uma série de medidas que visavam o aumento dos desembolsos da linha e ampliação da participação de produtos de maior geração de valor (ligados à engenharia, química, e eletrônica). Seus recursos são oriundos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e também de organismos multilaterais. O gráfico 2

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

(34)

mostra a evolução dos desembolsos entre 2003 e 2012, sendo que quase sua totalidade é destinada a firmas de grande porte, como pode ser observado na tabela 2:

Gráfico 2 – Desembolsos do BNDES Exim (R$ milhões)

Fonte: BNDES

Tabela 2 - Desembolso do BNDES Exim por porte de firmas (%)

Porte 2003 2004 2005 2006 2007

Grande 96.91 97.76 99.47 99.70 99.49

Média 2.86 2.09 0.50 0.28 0.40

Micro e Pequena 0.24 0.15 0.03 0.02 0.11

Fonte: Rossi e Prates (2010)

Catermol (2005) destaca que, desde sua criação, o BNDES Exim tem sido a principal fonte de recursos públicos no financiamento às exportações das grandes empresas, tanto na fase de produção (Linha Pré-Embarque) quanto na fase de

comercialização (Linha Pós-Embarque). As linhas do BNDES Exim se pautam por uma

lista de produtos financiáveis que exclui a maioria das commodities, priorizando as

exportações de produtos que estejam nas etapas mais avançadas de agregação de valor

0 1t000 2t000 3t000 4t000 5t000 6t000 7t000 8t000

(35)

na cadeia produtiva.5 A participação do financiamento do BNDES no valor exportado pode chegar a 100%, exigindo para isso remuneração que varia de 0,9% a 2,3% ao ano dependendo do porte da firma financiada (outros custos são os juros e a comissão do banco mandatário). No período analisado, as exportações apoiadas pelo BNDES Exim representaram em média 25% das exportações industriais, com destaque para o segmento de bens de capital, aeronaves e plataformas de petróleo, permitindo às empresas brasileiras competirem no mercado internacional em condições similares às empresas de outros países.

2.3 Proex

Por fim, o Proex, criado em 1991, se apresenta sob duas modalidades: (i)

Financiamento Direto e (ii) Equalização de Taxas de juros. A linha de crédito é

operacionalizada pelo Banco do Brasil, sendo a única exclusivamente financiada pelo governo, com recursos do Tesouro Nacional. A modalidade de apoio está voltada fundamentalmente para o atendimento às micro, pequenas e médias empresas, destinando-se a empresas brasileiras exportadoras de bens e serviços com faturamento bruto anual de até R$ 600 milhões. A Equalização visa conceder aos exportadores as

condições financeiras que preservem a competitividade de produtos e serviços brasileiros no exterior – independentemente do porte das firmas. Por sua vez, o

Financiamento enquadra essencialmente micro, pequenas e médias empresas, sendo a

de maior desembolso, como se pode observar na tabela 3.

No gráfico 3 em seguida, nota-se também regularidade na divisão de desembolso entre as duas modalidades, com Equalização e Financiamento correspondendo a cerca de 35% e 65%, respectivamente, entre 2004 e 2007. Os diagnósticos mais recentes do Proex apontam alguns problemas, tais como o fato de o orçamento não ter acompanhado o crescimento das exportações. Segundo Moreira et al. (2006), com

relação à modalidade Equalização, seu principal mérito é sua alavancagem, que permite

a viabilização de um valor elevado de exportações com um volume relativamente pequeno de recursos orçamentários.

(36)

Tabela 3 - Desembolso do Proex nas modalidades Equalização e Financiamento (US$ milhões)

Modalidades 2004 2005 2006 2007

Proex Equalização 152.7 231.5 191.8 183.8

Proex Financiamento 286.1 429.1 382.8 331.6

Fonte: Rossi e Prates (2010)

Gráfico 3 - Desembolso do Proex por modalidades (%)

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500

2004 2005 2006 2007

(37)

3

Metodologia e análise descritiva dos dados

3.1 Estratégia empírica

O problema consiste na identificação do impacto dos três instrumentos públicos de incentivo às exportações sobre o desempenho das firmas estreantes no comércio exterior. A estimação será procedida separadamente para os grupos beneficiados por cada programa e como medida de performance serão analisadas a probabilidade de sobrevivência no mercado internacional e evolução do valor exportado pelas firmas no decorrer do período analisado. A estratégia será baseada na estimação do modelo para dados em painel estático e dinâmico e na análise de sobrevivência das estreantes no comércio exterior entre 1998 e 2003, ou seja, daquelas que já se autosselecionaram para entrada no mercado exportador.

Serão consideradas estreantes as firmas que não exportaram nos dois anos imediatamente anteriores, escolha que tem como base evidências empíricas que indicam que os custos irrecuperáveis referentes à entrada no comércio internacional (investimentos, desenvolvimentos de canais etc.) se depreciam quase que completamente após este período.

A estratégia de estimação considerando apenas as firmas estreantes permite reduzir a endogeneidade do vetor de características observáveis na medida em que é minimizado o risco de viés advindo do efeito da participação no mercado internacional sobre, por exemplo, tamanho, produtividade e escolaridade dos funcionários das empresas observadas. Por sua vez, a o viés de seleção referente à decisão de utilização dos instrumentos de apoio por parte das firmas será reduzido por meio da construção de um grupo de controle com pareamento baseado num conjunto de características observáveis, através da estimação de um Propensity Score Matching. Por fim, a

aplicação dos modelos de probabilidade, de duração e dos métodos para análise do valor exportado permite estimar o efeito dos auxílios governamentais sobre o desempenho das empresas no mercado exportador, tanto para a amostra geral como para a amostra pareada.

Como destacam Clerides et al. (1998) e Greenaway e Kneller (2007), o

(38)

parte das firmas destaca a importância dos custos irrecuperáveis de entrada no mercado internacional, o que implica diretamente num modelo de escolha discreta em que as firmas enxergam o ingresso no mercado internacional como um investimento a ser realizado. No modelo empírico sugerido por Roberts e Tybout (1997) para o teste dessa proposta teórica, as firmas optam por se tornar exportadoras resolvendo um problema de maximização do valor presente dos seus lucros . Se superar os custos de produção e os custos de entrada , então a firma decidirá exportar:

= , , , , ,0 . .>

O vetor de variáveis explicativas, nesse caso, será composto pelas características observáveis predeterminadas das firmas, como tamanho, rendimento médio dos funcionários, tempo médio de estudo dos funcionários etc., que serão apresentadas de forma detalhada na próxima seção. O vetor é composto por dummies

que identificam a região geográfica, o setor de atividade e o ano de estreia das firmas. Especialmente, o vetor será composto pelas dummies que indicarão se a firma

utilizou algum dos instrumentos no ano (Drawback, BNDES Exim ou Proex), sendo que c corresponde à heterogeneidade não observável, assumida constante no tempo para cada firma . Cabe lembrar que, a fim de reduzir os problemas relativos à exogeneidade das variáveis explicativas, as mesmas serão introduzidas no modelo defasadas em um período.

(39)

fim de complementação da análise, os modelos de probabilidade dinâmicos serão também estimados por meio dos estimadores com efeitos aleatórios.6

Em seguida, será estimado o modelo de duração não paramétrico e não condicionais às características observáveis das firmas. Para tanto, será considerado o estimador de Kaplan e Meier (1958), segundo o qual a função risco (hazard ratio) no

período = é simplesmente a razão entre as firmas que abandonaram a atividade exportadora no período e as firmas que estavam “sob-risco” de abandono da atividade exportadora em = :

ℎ =

Desse modo, o estimador não paramétrico da função de sobrevivência será:

! = " 1 − ℎ

|&'

= −

Conforme apontam Esteve-Pérez et al. (2007), a estratégia de estimação com

modelos de duração são úteis pois permitem estabelecer uma relação direta com o tempo no comércio externo e a sua probabilidade de permanência, a qual é fundamentada na teoria de comércio internacional que considera custos de entrada irrecuperáveis e ganhos de aprendizado pelas exportações, dois fatores que por si só induzem à persistência na atividade exportadora. Esteve-Pérez et al. (2011) ressaltam

que os modelos de duração são apropriados para lidar com janela de observação censurada à direita, heterogeneidade não observável, observações (spells) recorrentes e

covariadas variantes no tempo, como é o caso dos dados deste estudo.7 Adicionalmente,

6

A estimação por meio de OLS, considerando a possível correlação positiva entre os fatores não observáveis e as variáveis dependentes defasadas, deve fornecer um limite superior para os coeficientes autorregressivos, enquanto o viés negativo sobre os coeficientes autorregressivos produzidos pela estimação por efeitos fixos deve fornecer um limite inferior para os resultados. Sabendo-se também que a estimativa do modelo linear para o caso de variáveis dependente limitadas produz erros heterocedásticos, as estimativas para o modelo linear e para o modelo em primeiras diferenças serão conduzidas utilizando uma matriz de variância e covariância robusta. As estimações por meio do procedimento de Blundell e Bond contarão, ainda, com resultados produzidos pelo procedimento de estimação two-step. A estimação

pelo procedimento one-step é eficiente quando os erros são homocedásticos e não autocorrelacionados,

mas consistentes de qualquer forma. O estimador two-step, por seu turno, é eficiente sob condições mais

gerais, como por exemplo, o caso de heterocedasticidade. 7

(40)

a função de risco de abandono do mercado exportador por parte das firmas será estimada por meio de um modelo de duração semiparamétrico, conforme estratégia proposta em Girma et al. (2007) e Esteve-Pérez et al. (2007), que leva em consideração

o efeito do tempo decorrido após o ingresso no mercado internacional controlando para um vetor de características observáveis. O modelo é especificado como:

ℎ t = ℎ) t *+ ,β + ,γ + ′δ

Com o objetivo de estimar a probabilidade de a firma abandonar o mercado internacional num determinado período condicional à sobrevivência até o período

− 1:

ℎ = 2 34 − 1 < 6 ≤ |6 > − 1 = 2 34 − 1 < 6 ≤2 34 6 > − 1

O modelo semiparamétrico de Cox (1972) é a metodologia de análise de duração mais difundida na literatura e apresenta a vantagem de ser flexível e de fácil implementação computacional. Esse modelo de riscos proporcionais permite estimar por máxima verossimilhança parcial os efeitos das características observáveis sobre o risco de abandono do comércio internacional sem que se assuma, a priori, a distribuição

particular de ℎ) t (denominada baseline), que representa o risco dependente do tempo

comum a todos as firmas. No modelo semiparamétrico, o risco de ocorrência do evento de interesse entre duas firmas e 8 será proporcional, condicionado no vetor de

características observáveis (Cleves et al., 2010).8

ℎ |9 ℎ |9: =

*+ ′β + ′δ *+ :′β + :′δ

A segunda parte do trabalho será composta pela análise do desempenho exportador considerando explicitamente o valor exportado como variável dependente.

8 Na análise paramétrica, no caso de algumas distribuições existe a representação da função risco na forma AFT (Accelerated Failure-time), que contrapõe a representação de riscos proporcionais (Proportional

Hazards). A diferença entre eles se dá na transformação logarítmica dos coeficientes estimados e a última

se torna mais útil por sua analogia direta com o modelo semiparamétrico de Cox. Para mais detalhes, pode-se consultar Cleves et al (2010) e Jenkins (1995). Vale destacar também que se o processo

estocástico fosse completamente modelado, a variável de tempo – explícita em – não apresentaria poder explicativo na estimação. Quando se assume que o tempo transcorrido apresenta um efeito direto na trajetória da função, mesmo sem se assumir sua distribuição em particular, considera-se uma proxy para

efeitos que não são mensuráveis ou observáveis, os quais são correlacionados com o tempo (Cleves et al,

(41)

Markwald e Puga (2002), por exemplo, destacam a importância da persistência exportadora para a evolução do valor comercializado pelas firmas estreantes brasileiras. Os autores encontram evidências de que a maior parte do montante exportado pelas firmas está concentrada no grupo daquelas que são contínuas, o que suscita a análise direta dos impactos dos instrumentos públicos de apoio à exportação e determinantes do valor exportado pelas empresas.

Apesar de se tratar de uma amostra contendo as empresas que serão estreantes na atividade exportadora no decorrer do período analisado, o número de observações caracterizadas pela variável dependente (valorexp) diferente de zero é relativamente

restrito dentre a amostra de empresas (cerca de 25% das observações da base). Esse é um problema de censura na variável dependente cuja terminologia aplicada por Wooldridge (2002) seria a de uma variável resultante de uma solução de canto. Assim, é possível observar o padrão nulo e não nulo para o valor exportado a cada ano, descrevendo uma relação não linear entre o valor exportado e as variáveis explicativas contidas no vetor . Nesse caso, para grande parcela das firmas a otimização foi alcançada por meio da escolha da solução de canto = 0, e o modelo estimado por OLS será viesado e a estimação por Mínimos Quadrados Não-Lineares levará a estimadores inconsistentes, com variância condicional de heterocedástica (Wooldridge, 2002). Portanto, estimação do Tobit para dados em painel é a estratégia mais adequada para a modelagem do valor exportado pelas firmas ao longo do tempo.

Contudo, no modelo com dados censurados, a validade do método de maximização da função de verossimilhança depende da especificação correta da distribuição dos erros. Em dados em painel censurados com efeitos fixos os métodos de estimação por maximização da função de verossimilhança incorrem em estimativas inconsistentes mesmo se a distribuição condicional dos erros for corretamente especificada (Honoré, 1992). Para contornar esse problema, o estimador será baseado no estimador semiparamétrico denominado Mínimos Desvios Absolutos Aparados (Trimed Least Absolute Deviations, ou Trimmed LAD), proposto por Honoré (1992), para a

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distribuição condicional da variável dependente a partir de uma recensura dos dados e estimação posterior dos parâmetros por OLS.9

Finalmente, o último teste consistirá na estimação do modelo para painel dinâmico, permitindo que se possa verificar a contrapartida da dinâmica do valor exportado à permanência no mercado exportador. Para tanto, serão estimados por OLS os modelos em nível para efeitos aleatórios com a introdução das variáveis dependentes defasadas, os quais serão comparados com os modelos em primeiras diferenças segundo o procedimento de Blundell e Bond (1998). Com a realização de todos os testes pretendidos, objetiva-se fornecer evidências para a efetividade do Drawback, do BNDES Exim e do Proex na probabilidade de exportar por parte das firmas industriais brasileiras, na taxa de evasão e sobrevivência das mesmas no mercado internacional e na evolução do valor exportado pelas empresas, considerando-se também a dinâmica na relação entre permanência e valor exportado ao longo do período e a possibilidade de efeito corrente e efeito defasado dos instrumentos de incentivo à exportação sobre a performance das firmas no comércio externo.

3.2 Dados e variáveis utilizadas

A base de dados a ser utilizada neste trabalho é um produto da integração de informações da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS-MTE) e da Secretaria do Comércio Exterior (SECEX-MDIC). Os dados, compilados e disponibilizados pelo IPEA, serão analisados em frequência anual para o período de 1996 a 2007, sendo que as firmas são pertencentes a seis coortes (estreantes de 1998 a 2003) e acompanhadas por, no máximo, doze anos, configurando um painel desbalanceado de empresas estreantes na atividade exportadora. As estreantes observadas são pertencentes à

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Gráfico 1 – Participação do Drawback no valor exportado  Fonte: Secex – MDIC
Tabela 4 – Número de observações na Base Geral por ano de estreia na exportação
Tabela 5 – Padrão de observação das firmas na Base Geral
Tabela 8 – Firmas por ano de estreia e utilização dos instrumentos– Base Geral
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Referências

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