INSTITUTO DE FÍSICA
Difusão rotaional em membrana
e anisotropia de uoresênia.
Jozismar Rodrigues Alves
DissertaçãoapresentadaaoInstitutode
Físia para a obtenção do título de
Mestre emCiênias.
Orientadora: Profa.Dra. Vera BohomoletzHenriques
BanaExaminadora:
Profa. Dra.Vera BohomoletzHenriques (IFUSP)
Prof. Dr. AmandoSiuiti Ito (FFCLRP)
Prof. Dr. EduardoFontes Henriques(UFPEL)
São Paulo
PREPARADA PELO SERVIÇO DE BIBLIOTECA E INFORMAÇÕES
DO INSTITUTO DE FÍSICA DA UNIVERSIDADE DE SO PAULO
Alves, Jozismar Rodrigues
Difusão rotaional em membrana e anisotropia de
uoresênia. São Paulo, 2012
Dissertação (Mestrado) - Universidade de São Paulo.
Instituto de Físia - Depto. de Físia Geral
Orientador: Profa. Dra. Vera Bohomoletz Henqriques
Área de Conentração: Físia da Matéria Condensada
Unitermos: 1.Fluídos omplexos;2.Físia omputaional;
3.Fenmeno de difusão de massa.
Agradeço,
À minha mãe Dalva Rodrigues, meu irmão Wiliam Rodrigues e ao meu grande amigo
Antonio Franiso de Paula Filho (Tio), pelo amor, por sempre areditarem na minha
apaidade eme inentivar.
À professora Vera B. Henriques, pela orientação neste trabalho, pela onança
deposi-tada, peloaolhimento,arinho eamizade.
ÀminhaompanheiraEdnadeOliveiraTelles,peloamor,arinho,paiêniae
ompreen-são pelaminhaausênia em ertos momentos, prinipalmentenas etapasnais dotrabalho.
Aos meus ompanheiros de grupo, Wagner Gomes Rodrigues Junior e Henrique Guidi,
quemeajudaramdurantetodootrabalho.EmespeialaoWagner,queemuma,das muitas
onversas sobre meu trabalho, ajudou aeluidar muitas dúvidas.
Aos meus amigos Tiago Mendes de Almeida, Graziella Bento e Marello Magri Amaral
e todos que meaompanharam desde agraduação.
Ao meu amigo Osar A. Barbosa, pela troaultural e pela ajudaem algumas dúvidas
de programação.
Ao Instituto de Físia da USP, pela oportunidade e por disponibilizar a estrutura para
a exeução desse trabalho. À agênia de fomento, CAPES, pelo apoio naneiro através
da bolsa a mim onedida e a todos que partiiparam, direta ou indiretamente da minha
Propriedades estruturais de membranasmodelo,taisomo as vesíulas lipídias,podem
ser investigadas atravésdaadição de sondas uoresentes. Após sua inorporação aos
siste-mas biomoleulares,asmoléulasuoresentes são exitadasporluzlinearmentepolarizada
e a emissão de uoresênia é despolarizada, devido à difusão translaional e também à
difusão rotaional do uoróforo, durante o tempo de vida do estado exitado. O
monito-ramento da luz emitida é feito através da ténia de uoresênia resolvida no tempo, em
que são aompanhadas, porum lado, aintensidade daluz emitida,que fornee o tempode
deaimentodauoresênia,dependente domeio,e,poroutro,odeaimentodaanisotropia
nas omponentes da luz emitida, ujos tempos de orrelação rotaional informam sobre a
uidez domeio. Umamoléulamuito usadaomo sonda uoresente é o DPH. Este
uoró-foro,bastantehidrofóbio,possuisimetriamoleularuniaxial,eseus momentosdetransição
de absorção e emissão são olineares. Um dos usos desta sonda é no aompanhamento da
uidez dabiamada lipídiaao longo datransição de fasedas adeias.
A interpretaçãodedados experimentaisrequermodelospara aloalizaçãodas moléulas
uoresentes, bem omo para as possíveis restrições a seu movimento.Neste estudo,
apre-sentamos três modelos para a difusão de moléulas uoresentes uniaxiais, omo o DPH,
sugeridos em diversos artigos da literatura. O primeiro modelo onsiste de um dipolo om
rotaçãolivrealeatóriaemsoluçãohomogênea,eserveomobase paraosmodelosde difusão
em meios anisotrópios. No segundo modelo, onsideramos rotações aleatórias dos dipolos
reemissores no interior de ones distribuídos om seus eixos perpendiulares à vesíula
es-féria, geometria que pode reetir o movimento da sonda om eixo em média paralelo às
adeias lipídias, restrito por elas. No tereiro modelo, o dipolo rotaional no plano da
bi-amada de geometria esféria, movimento que poderia oorrer entre as monoamadas que
Para ada um dos modelos propostos analisamosa difusão rotaionalda sonda através
de dois métodos: (i) resolvemos a equação de difusão, para uma únia moléula, levando
em ontaasondiçõesde ontorno impostaspelos modelosedeterminamosaprobabilidade
da moléula ser enontrada om uma dada onguração em um tempo
t
. Considerando a distribuiçãodemoléulasnageometriaproposta,obtemosaexpressãoanalítiaparaaaniso-tropiade uoresênia.Noasodageometriadoone,asoluçãoéobtidanumeriamente;(ii)
realizamossimulaçõesnumérias dopasseioaleatóriorotaionalrestrito,nas geometrias
or-respondentes, métodomuito útilnoaso de geometriasde baixasimetriaoude omposição
de geometrias.
Realizamos um estudo exploratório dos dados experimentais para DPH em membrana
Strutural properties of model membranes, suh as lipid vesiles, may be investigated
through the addition of uoresent probes. After inorporation into the biomoleular
sys-tem, the uoresent moleules are exited with linearly polarizedlight and the uoresene
emission is depolarized due to translational as well as rotational diusion during the
life-time of the exited state. The monitoring of emitted light is made using the tehnique of
time-resolved uoresene:the intensityofthe emittedlightemittedinforms onuoresene
deaytimes,andthedeayoftheomponentsoftheemittedlightyieldrotationalorrelation
timeswhihinformontheuidityofthemedium.TheuoresentmoleuleDPH,ofuniaxial
symmetry,is rather hydrophobi and has ollineartransition and emissionmoments. Ithas
been used frequently as a probe for the monitoring of the uidity of the lipid bilayer along
the phase transitionof the hains.
The interpretation of experimental data requires models for loalization of uoresent
moleules as well as for possible restritions on their movement. In this study, we develop
alulations for three models for uniaxial diusion of uoresent moleules, suh as DPH,
suggested in several artiles in the literature. The rst model onsists of a free randomly
rotating dipole in a homogeneous solution, and serves as the basis for the study of the
diusionofmodelsinanisotropimedia.In theseondmodel,weonsider randomrotations
of emitting dipoles distributed within ones with their axes perpendiular to the vesile
spherial geometry:this ould mimithe movement of the probe axisparallelto anaverage
lipid hain. In the third model, the dipole rotates in the plane of the of bilayer spherial
geometry,withinamovementthatmightourbetweenthe monolayersformingthe bilayer.
For eah of the models proposed, two methods are used by us in order to analyse the
sin-gle moleule, taking into aount the boundary onditions imposed by the models, for the
probability of the uoresent moleule to be found with a given onguration at time t.
Considering the distribution of moleules in the geometry proposed, we obtain the
analyti-al expression for the uoresene anisotropy, exept for the one geometry, for whih the
solutionisobtained numerially;(II)numerialsimulationsofarotationalrandomwalk
res-tritedin geometriesorrespondingmethod very useful in aseof low-symmetrygeometries
or geometries of omposition. In this study, we have reprodued existing alulations, in
some ases,extended alulations developed previouslyby other authors,in others,or,still,
developed new alulations.
As an appliation of our methodology for the analysis of diusional rotations, we have
onduted an exploratory study of the experimental data for DPH in lipid bilayers, in the
1 Introdução 1
2 Anisotropia de uoresênia 5
3 Modelos para difusão rotaional 13
3.1 Rotaçãolivre . . . 15
3.2 Rotaçãoparalela àsuperfíieda membrana . . . 16
3.3 Rotaçãorestrita noone . . . 17
4 Difusão rotaional e anisotropia de uoresênia - álulo analítio 19 4.1 A equação dadifusão rotaional- 3D . . . 19
4.2 A equação dadifusão rotaional- 2D . . . 23
4.3 A função densidade probabilidadeG(
Ω
, t) . . . 254.3.1 Rotaçãolivre . . . 25
4.3.2 Rotaçãono plano . . . 27
4.3.3 Difusão rotaionalnoone . . . 28
4.4 Exitaçãodo dipoloe anisotropiada uoresênia . . . 32
4.5 Fluoresênia de luzpolarizadaeanisotropia . . . 35
4.5.1 Rotaçãolivre . . . 36
4.5.2 Rotaçãono plano . . . 38
4.5.3 Rotaçãono one . . . 40
4.6 Resultados dasolução numéria . . . 45
5.1.1 Distribuiçãoiniial . . . 52
5.1.2 Passeio aleatório . . . 54
5.1.3 Resultados . . . 56
5.2 Rotaçãorestrita . . . 61
5.2.1 Distribuiçãoiniial dos vetores dipolos . . . 62
5.2.2 Difusão . . . 66
5.2.3 Resultados . . . 68
6 Conlusão 79 A Parâmetros 81 A.1 Rotaçãolivre . . . 81
A.1.1 Ângulo polarmédio . . . 81
A.1.2 Ângulo polarmédio quadrátio . . . 82
A.1.3 Dispersão . . . 83
B Coeientes simulação numéria 85
C Matriz de rotação 91
D Anisotropia do Wobbling-one 95
E Trigonometria esféria 99
Introdução
Estudos do omportamento da biamada lipídia na presença de outras moléulas, da
loalizaçãodeproteínasnabiamada,deestrutura dabiamadaemdiferentes fases
termodi-nâmiase darestriçãode movimentode sondas uoresentes nabiamada podem ser feitas
através de ténias experimentaisde uoresênia, quepodem ser divididasemestátiasou
resolvidas no tempo. A esolha entre uoresênia estátia e resolvida no tempo é feita de
aordo om osparâmetros desejados.
Na uoresênia estátia, asmedidas são feitas om iluminaçãoe observação onstante,
ou seja, a amostra é iluminada om luz ontínua e a intensidade é medida [1℄. Esse tipo
de medida pode, por exemplo, forneer a loalização da sonda uoresente na membrana,
indiar se ela está em um meio mais, ou menos, hidrofóbio, através do desloamento do
espetrode emissão.Aopasso quenauoresênia resolvidanotempo,aamostraéexposta
a um pulsode luz, ujaduração é menorque otempode deaimentoda amostra.Esse tipo
de medida pode forneer o oeiente de difusão, o tempo de deaimento da uoresênia
e o tempo de orrelação rotaional ou translaional da sonda uoresente inorporada na
membrana, através da anisotropia de uoresênia. Uma vez estabeleidos os parâmetros
relaionados àsonda, é possível obter informaçõessobre o omportamentoda membrana.
Em nosso trabalho, iremos onsiderar apenas a uoresênia resolvida no tempo, mais
espeiamente, a anisotropia de uoresênia. A partir do deaimento da anisotropia de
uoresênia, podemosobterinformaçõessobrearestriçãodomovimentodasondana
per-mitem fazersuposiçõesa respeito daloalizaçãoda sonda namembrana.
Os laboratórios de Biofísia do Instituto de Físia da USP-SP e da FFCL da USP-RP
utilizamambasténias deuoresênia, edesenvolvemtrabalhos emqueobservama
estru-turadabiamada napresençade outramoléula[2,3℄,investigamaloalizaçãode proteínas
na biamada lipídia [4℄ e a estrutura da biamada em diferentes fases termodinâmias[5℄.
Maisreentemente, iniiaram-setrabalhos om uoresênia resolvida notempo [6℄. Ambos
laboratórios têm interesse em desenvolver instrumentos de análise teória para auxiliarna
interpretação de dados experimentais de uoresênia resolvidano tempo.
A interpretação de dados experimentais de uoresênia neessita de modelos para uma
oumaisloalizaçõespossíveisdasondauoresentenamembrana,bemomopara a
desri-çãodadinâmiadasondanessessistemas.Essesinstrumentosdeanálisesteóriaspodemser
desenvolvidos analitiamente, através da solução das equações de difusão orrespondentes
[7℄ou através dasimulaçãonuméria paraa difusão estoástia,rotaionaloutranslaional
[8,9, 10℄.
Emrelaçãoàsimulaçãodadifusão,estudosreentesusamsimulaçãodeMonteCarlopara
desrever a difusão translaional na superfíieda esfera [8℄ e a difusão rotaionalda sonda
na superfíie daesfera [9℄. Em outro trabalho é apresentada uma outra proposta usando a
ténia de simulaçãode dinâmia browniana [10℄, baseada na equação de Langevin, para a
difusãorotaionalrestritaemumone.Estestrêstrabalhosinspiraramoestudoapresentado
nesta dissertação.
Neste trabalho, temosomo objetivooestudo demodelospara auxiliarnainterpretação
dedadosexperimentaisdeanisotropiadeuoresêniadasondauoresenteDPH
(dipheny-lhexatriene) em biamadas lipídias,pelo fato dessa ser uma das moléulasmais usadas no
monitoramentode biamadas lipídias.
No apítulo 2, é feita uma breve desrição das propriedades e araterístias da sonda
uoresente DPH, e apresentada uma desrição físiae matemátia da anisotropia de
uo-resênia. No apítulo 3, são desritos os modelos sob investigação, sugeridos em trabalhos
teórios e experimentais. No apítulo 4, são resolvidas as equações de difusão para ada
um dos modelosdesritos noapítuloanterior e determinadasas expressões analítiaspara
resultados obtidos através das duas ténias onsideradas. No apítulo 6, são apresentadas
Anisotropia de uoresênia
Ao iluminarmos om luz linearmente polarizada uma amostra ontendo moléulas
uo-resentes, partedasmoléulasdessaamostrairáabsorveressa radiação,indoparaumestado
exitado. Naabordagem dameânia quântia, o momentode transição é introduzido para
araterizar atransição entre um estado iniial eum estado nal. Omomento de transição
representa o dipolo transiente resultante do desloamento de argas durante a transição,
portantoele não éestritamenteum momentode dipolo[11℄.
A gura 2.1 ilustra propriedades moleulares da uoresênia, através do exemplo da moléula de antraeno, que tem dois momentos de transição de absorção, um orientado ao
longo do eixo menor e o outro orientado ao longo do eixo maior, que são exitados em
omprimentosde onda diferentes.
Figura 2.1: Moléula de antraeno om as duas direções do momento de transição de absorção,
que dependemdoomprimento de onda deexitação
.
paralelamente,ouaolongodedireçõesdistintas.Aexistêniade umângulonitoentre estes
dois dipolos depende dos estados eletrnios envolvidos na transição, que são relaionados
om a estrutura douoróforo.
Uma amostra que ontém moléulas uoresentes, predominantemente no seu estado
fundamental, tem seus momentos de absorção orientados aleatoriamente. A absorção das
moléulasuoresentes é proporionalaoquadrado doosseno doânguloentre adireçãodo
momento de transição de absorção e o vetor ampo elétrio da luz linearmente polarizada
inidente.
Noretornoparaoestadofundamental,háváriosmeanismosparaadespolarizaçãodaluz
emitida pela moléula:vibração torsional, transferênia de energia de exitaçãopara outra
moléulaom diferenteorientação eomovimentobrownianorotaionalduranteo tempode
vida doestado exitado.
O meanismo de interesse em nosso trabalho é a despolarização devido ao movimento
browniano rotaional durante o tempo de vida do estado exitado, de moléulas om
mo-mentosde transição de absorção e de emissão paralelos.
Vamos onsiderar uma população de
N
moléulas aleatoriamente orientadas segundo algumadistribuição,ommomentosdetransiçãodeabsorçãoeemissãoparaleloseexitadas,no instante
t
= 0
, por um pulso de luz linearmente polarizada ao longo do eixoz
. Como sabemos, do eletromagnetismo, a intensidade da luz é proporional ao quadrado do ampoelétrio,então aintensidade de luzabsorvida pelas moléulasno instante
t
= 0
éI
0
=
CE
2
0
h
cos
2
θ
(0)
i
(2.1)onde
θ
(0)
éoânguloentreomomentodedipoloeadireçãodepolarização,C
éumaonstante ei
< ...
i
>
onstitui a média sobre a distribuição de orientações das moléulas exitadas. Durante o estado exitado, as moléulas rotaionam, voltando ao estado fundamental emum instante
t >
0
, om o ânguloθ
entre a direção de polarização e o momento de dipolo diferentes do iniial. A gura 2.2 ilustra essas mudanças do ânguloθ
em função do tempo para uma moléula.Figura 2.2: Uma moléula absorve luz linearmente polarizada no instante
t
= 0
e emite a luz despolarizada,emum instantedetempo t, após omovimentorotaional aleatóriodos momentosdetransição olineares.
erta distribuição angular dos ângulos
θ
, formados entre o momento de transição e o eixoz
. A intensidade total de uoresênia noinstantet >
0
é obtida pela soma sobre todas asmoléulasque emitemnaquele instante.
Cadaumadas
N
moléulasofereeumaontribuiçãoparaasomponentesdaintensidade daluzemitidaaolongo dos eixosx
,y
,z
quesão proporionaisaoquadradodaomponente domomentode transição aolongodesses eixos. A somasobre todas asmoléulasonduz àsseguintes expressões para as omponentes daintensidade de emissão de uoresênia:
I
x
(
t
) =
I
0
h
(
µ
x
(
t
))
2
i
,
I
y
(
t
) =
I
0
h
(
µ
y
(
t
))
2
i
e
I
z
(
t
) =
I
0
h
(
µ
z
(
t
))
2
i
(2.2)Porausa da simetriaaxial emtorno do eixo
z
, a intensidade da emissãoperpendiular à direção da polarização é a mesma nas direçõesx
ey
, isto é,I
x
(
t
) =
I
y
(
t
) =
I
⊥(
t
)
. Com isso, temos queI
||
=
I
0
h
cos
2
θ
(
t
)
i
(2.3)e omo
I
||
+ 2
I
⊥
=
I
0
,
(2.4)temos
2
I
⊥
=
I
0
h
sin
2
A anisotropia da uoresênia é denida omo
r
(
t
) =
I
//
−
I
⊥
I
//
+ 2
I
⊥
.
(2.6)Substituindoas equações(2.3)e (2.5) na(2.6) temos que
r
(
t
) =
3
2
<
cos
2
(
θ
(
t
))
>
−
1
2
,
(2.7)onde
θ
(
t
)
éo ânguloentre odipolode emissãoe a direçãodaluz polarizada.No aso domomentode transição de absorção eemissão paralelos,om rotaçãolivreno
solvente,iniialmentetemosumadistribuiçãouniformeemtodasasdireções.Aprobabilidade
de enontrar odipolo exitadoom direção (
θ
0
, φ
0
) emt
= 0
éγ
(
θ
0
)
∝
cos
2
θ
0
,
(2.8)om normalizaçãodada por
C
Z
π
0
cos
2
θ
sin
θdθ
Z
2
π
0
dφ
= 1
C
·
2
π
2
3
= 1
→
C
=
3
4
π
.
(2.9)Portantoa média alulada naequação (2.7) em
t
= 0
h
cos
2
θ
(0)
i
=
Z
dθ
0
sin
θ
0
Z
dφ
0
cos
2
θ
(0)
γ
(
θ
0
)
=
3
4
π
Z
2
π
0
dφ
Z
π
0
cos
4
θ
sin
θdθ
=
3
5
.
(2.10)Substituindo o resultado na equação (2.7), a emissão de anisotropia de uoresênia em
t
= 0
, ar
0
= 0
,
4
,
(2.11)onheida omo anisotropia fundamental.
deaimentode anisotropiaresolvida no tempo.
Figura 2.3: Deaimento de Fluoresênia de 2-parinaroyl-PI inorporado emaetilolina [12℄
Figura 2.4: Deaimento da anisotropia de uoresênia do 2-parinaroyl-PI em vesíulas lipídias
artiiais e membrana de Torpedo m. Medidas feitas a
4
o
C
. A e B representa 2-parinaroyl-PI
presente em vesíula de fosfolipídeos (PC:PI, 95:5 mol
%
) e inorporado em aetilolina, reeptorrio emmembranade Torpedo m. [12℄
As guras 2.3e2.4 ilustramodeaimentoe aanisotropia de uoresênia em diferentes meios. Veria-se queo tempode deaimento dauoresênia (
τ
≈
50
ns
)é bemmaior que o tempo de difusão (τ
≈
10
ns
).moléulaestárestritopelasmoléulasonstituintes davesíula,quepodeserveriadopelos
valores de anisotropia,para temposlongos, nos dois gráos.
Noasoemqueosmomentosdetransiçãoeemissãonãosãoparalelos,existiráumângulo
entre adireçãodomomentodeabsorção eodeemissão.Agura2.5ilustraadisposiçãodos momentos de transição de absorção e de emissão
~µ
E
e~µ
E
, que fazem ângulosθ
A
eθ
E
om a direção de polarização. Podemos pereber que é formado um triângulo esfério, os ladosFigura 2.5: Momento de transição de absorção e deemissão nãoparalelos
do triângulosão os aros esférios formados pelos momento de absorção e de emissão, om
relação àdireção de polarizaçãoe oaro esfério entre osdois momentosde transição.
De aordo om a trigonometria esféria, apresentada no apêndie (E),
cos
θ
E
pode ser esrito em termosdos ângulos dodipolode absorçãoθ
A
edo ânguloα
entre os dois dipolos omocos
θ
E
= cos
θ
A
cos
α
+ cos
ψ
sin
θ
A
sin
α,
(2.12)onde
ψ
é o ângulo entre os planos (Oz, ~µ
A
) e (Oz, ~µ
E
). Elevando ao quadrado a equação (2.12), temoscos
2
θ
E
= cos
2
θ
A
cos
2
α
+ 2 cos
θ
A
cos
α
cos
ψ
sin
θ
A
sin
α
+ cos
2
ψ
sin
2
θ
A
sin
2
α.
(2.13)Levandoemontaque
α
éonstanteequetodososvalores deψ
são equiprováveis, portantoh
cos
ψ
i
= 0
e
h
cos
2
ψ
i
=
1
assim temos
h
cos
2
θ
E
i
= cos
2
α
h
cos
2
θ
A
i
+
1
2
sin
2
α
h
sin
2
θ
A
i
= cos
2
α
h
cos
θ
A
i
+
1
2
(1
−
cos
2
α
)(1
− h
cos
2
θ
A
i
)
=
3
2
cos
2
α
h
cos
2
θ
A
i −
1
2
h
cos
2
θ
A
i −
1
2
cos
2
α
+
1
2
.
(2.15)Substituindoa equação (2.15) naequação (2.7) para aanisotropia de uoresênia, temos
r
(
t
) =
3
2
h
cos
2
θ
A
i −
1
2
3
2
cos
2
α
−
1
2
.
(2.16)A diferença entre as expressões para aanisotropia de uoresênia para o aso olinear
e oaso não olinearé apenas um fatormultipliativo,que depende de
α
.Usamosomesmoraioíniodesenvolvidoparaoálulodaanisotropiafundamental,para
momentosde transição paralelos,para alular amédia
h
cos
2
θ
A
i
, sendoassim3
2
h
cos
2
θ
A
i −
1
2
= 0
,
4
.
(2.17)Portanto,paramomentosdetransiçãonãoparalelos,aanisotropiafundamentalirádepender
doângulo entre os momentosde absorção e emissão,ou seja,
r
(0) = 0
,
4
3
2
cos
2
α
−
1
2
.
(2.18)Isso mostra que a anisotropia fundamental pode variar entre
−
0
,
2
≤
r
(0)
≤
0
,
4
. O limite superior orresponde aoaso olinear(α
= 0
),deduzido anteriormente, equação (2.11).A anisotropia em
t
= 0
,r
(0)
, hamada de anisotropia de emissão, fornee informação importantesobre ouoróforo. A gura2.6 ilustra este fato.A gura2.6,mostraográoanisotropia fundamental,
r
(0)
,emfunção doomprimento deonda deexitação,paraamoléulade perilene.Atravésdográo,podemosobservarqueexiste um ânguloentre o momentode transição de absorção ede emissão, equeesse ângulo
Figura 2.6: Perilene em propane 1,2-diol a
60
Modelos para difusão rotaional
Nossos modelos tentam desrever o omportamento da anisotropia de uoresênia da
moléula DPH (1,6 Diphenyl - 1,3,5 Hexatriene). A sonda uoresente DPH, representada
na gura 3.1, é uma moléula de simetriauniaxial, que tem omo volume de revolução um elipsóide prolato, om dois eixos iguais e um eixo diferente, maior que os outros dois. Os
momentosde transiçãodeabsorção(A)eemissão(E)estãoalinhadosaolongodoeixomaior
damoléula [13, 1℄.
As propriedades rotaionais dos elipsóides são desritas em termos de dois oeientes
de difusão rotaional,
D
||
eD
⊥
, ao redor de ada um dos eixos. Então uma moléulaomo oDPH poderiaexibirdois temposde orrelação de rotação.A gura3.1mostraa estrutura da moléula de DPH, o elipsóide orrespondente ao volume oupado por ela sob rotação,bemomo a loalizaçãodos momentos de transição de absorção (A) e emissão(E).
Figura 3.1: Esquerda-Volumeoupadopela moléula deDPH,omseus eixosderotações e asua
estrutura moleular. Direita -Volume oupado levando em onsideração as direções dos momentos
NarotaçãolivrenasoluçãohomogêneaoDPHpode terseu omportamentoonsiderado
omo um rotor isotrópio[1, 14℄. A sua rotaçãoaoredor doeixo maior(
D
||
)não desloaos momentosdetransiçãoolineareseassimnãodereseaanisotropia,ouseja,nãodespolarizaa luz emitida. Somente a rotação que desloa os momentos de transição resulta em
despo-larização[13, 1, 14℄. Com issotemos que apenas um dos tempos de orrelação rotaionale
um dos oeientes de difusão,
D
⊥
, ontribuem para aanisotropia de uoresênia.Dados experimentaisde intensidade edespolarizaçãode uoresênia do DPH em meio
isotrópio omo glierina e parana líquida, levando em onta várias temperaturas, são
apresentados em [
13℄. O trabalho apresenta dados que dão suporte à ideia da existênia
de um únio tempo de orrelação. Em outro trabalho [14℄, usando a ténia experimental
de domíniodafrequênia, que difere daapresentada em[13℄, eusando um outrosolvente, é
mostradaaexistêniade umúniotempodeorrelaçãorotaionalparaoDPHrotaionando
livremente.
Kinositaet al.[7℄foium dos pioneirosnodesenvolvimentodomodeloteóriopara
molé-ulasuoresentes inorporadasentre asadeiashidrofóbiasdabiamadalipídia.Segundo
o autor, o uoróforo tem seu movimento de rotação restrito, dentro de um one. A partir
desse modelodetermina-seum parâmetro de ordemquedesrevearigidez das moléulasda
membrana. Em outro trabalho [13℄, são apresentados resultados experimentais para DPH
em membrana de DPPC, em que os parâmetros são extraídos levando em onta o modelo
doone. O trabalhoé baseado na hipótesede que oDPH a somente entre as adeiasdos
lipídiosonstituintes damembrana.
Mais reentemente, foi introduzidaa ideia de que haveria duas populações na
distribui-ção do DPH em membranas. Levine et al. [15℄, em trabalho de 1996, interpreta os dados
da intensidade de uoresênia em termos de uma dupla exponenial, om dois tempos de
deaimentodeuoresênia,queorresponderiamadoismeiosdistintos.Oajustedosdados,
que não são apresentados, levamos autoresà proposta de uma fração grande dapopulação
do uoróforo no plano paralelo à superfíie e no entro da biamada. Em trabalho
ante-rior, de 1994, E. Pebay-Peyroula et al. [16℄, utilizandoa ténia de difração de nêutrons, e
analisandoorespetivofatorde espalhamento,tambémpropõemaexistêniadeduas
os uoróforos estariam próximos à superfíie da membrana. No trabalho mais reente de
Konopasek etal.[17℄,aanálisedodesloamentodoespetro deintensidadede uoresênia
estátiaosleva ater amesmaonlusão de E. Pebay etal.[16℄,istoé,ade duas populações
de uoróforos na biamada. Não há trabalhos onlusivos om relação à real distribuição
dessas populações.
Como ontribuição para o eslareimento dessa questão, iremos analisar três modelos
para uoróforos uniaxiais, omo o DPH: i) livre em uma solução homogênea; ii) om sua
loalização entre as adeias lipídias da biamada lamelar, tendo seu movimento restrito
dentrode um one e iii)rotaçãoparalelaà superfíieda membrana.
3.1 Rotação livre
No modelo de rotação livre, estamos onsiderando que os momentos de transição
ali-nhados om relação ao eixo maior da moléula rotaionam livremente, de forma aleatória,
em uma solução homogênea. A gura 3.2 desreve essa situação para uma distribuição de moléulas emuma dada solução. A equação de difusão a ser onsiderada é a equação para
a distribuiçãode probabilidade
G
(
θ, t
)
,ondeθ
é oânguloentre omomentode transição ea direçãode polarização.3.2 Rotação paralela à superfíie da membrana
Figura 3.3: Membrana emvesíulas esféria
Nesse outro modelo, a moléula de DPH rotaiona no plano paralelo à superfíie da
vesíulalipídia,gura3.4(a).Abiamadalipídiaérepresentadaporumaesfera,levandoem ontaqueestamosonsiderandoqueamembrana,ondeseráinorporadaasondauoresente
dene uma simetria esféria. A equação de difusão é resolvida em um referenial xo na
superfíie da esfera
R
, omo na gura 3.4(b). Obtemos a distribuição de probabilidadeG
(
φ, t
)
,ondeφ
éoângulode rotaçãododipolonoplanotangenteàsuperfíieesféria nestereferenial.Para asomponentes daintensidade daluzemitidapeladistribuiçãode dipolos,
temos que onsiderar uma distribuiçãode planos paralelos àsuperfíie esféria, ouseja um
onjunto
(
α, β
)
, omona gura 3.4(a). A anisotropia deve ser alulada no referenialR
′
.
(a)Esferaondeserãodistribuídos
osplanosparalelosàsuperfíie
(b) Referenial onde será
resolvida a equação da
di-fusão
() Esquema de omo a sonda
DPHpodeestarnamembrana
3.3 Rotação restrita no one
Nessemodelo,oDPHestáloalizadoentreasadeiaslipídiasdasmoléulasonstituintes
dabiamada.DevidoàloalizaçãodoDPH,seu movimentoérestritopelasadeiaslipídias
eporontadasimetriadoDPH, seu movimentorotaionalarestritoaoquese assemelha
a um one. A equação de difusão é resolvidaem um referenial xona superfíieda esfera,
omo na gura 3.5(a). Obtemos a distribuição de probabilidade
G
(
θ, φ, t
)
, ondeθ
eφ
são os ângulos de rotação do dipolo no referenial tangente à superfíie esféria,R
. Para as omponentesdaintensidadedaluzemitidapeladistribuiçãodedipolos,temosqueonsideraruma distribuição de refereniais nasuperfíieesféria, ou sejaum onjunto
(
α, β
)
, omona gura 3.4(a).(a) Referenialondeseráresolvidaaequaçãoda
di-fusão,paraomovimentorestritonoone
(b) Esquemadeomoasonda
DPH pode estar inorporada
namembrana
Difusão rotaional e anisotropia de
uoresênia - álulo analítio
A anisotropia de uoresênia média é uma grandeza que varia no tempo de aordo
omaonguraçãoorientaionalinstantâneados momentosdeemissão.Essaonguraçãoé
desrita pelasolução da equação de difusão rotaional, uja solução depende das ondições
deontornoimpostas.Nesteapítulo,vamosresolveraequaçãodedifusãorotaionaleobter
expressões para a anisotropia resolvida no tempo,
r
(
t
)
, para os três modelos propostos no apítuloanterior.4.1 A equação da difusão rotaional - 3D
Nos nossosmodelos estamosonsiderandoquearotaçãodomomentode dipolode
sime-triauniaxial.Entãodenimosque
G
éaprobabilidadedeenontraressasondaemumadada onguração espaialΩ(
θ, φ, t
)
no instantet
. Na gura 4.1 os ângulosθ
eφ
orrespondem aos ângulos polare azimutal,respetivamente.A difusão rotaionaldesse momentode dipolo
~µ
é obtidaatravés dasolução daequação de difusão∂
∂t
G
(
θ, φ, t
) =
D
r
∇
2
G
(
θ, φ, t
)
,
(4.1)ante-Figura 4.1: Dipolo assoiado a sondauoresente om suas respetivas oordenadas espaial
riormente.
Devido à simetriadoproblema, esrevemos o laplaianonaseguinteforma:
∇
2
=
1
r
2
∂
∂r
r
2
∂
∂r
+
1
r
2
sin
θ
∂
∂θ
sin
θ
∂
∂θ
+
1
r
2
sin
2
θ
∂
2
∂φ
2
,
(4.2)onde
θ
eφ
são os ângulos polar e azimutal mostrados na gura 4.1. A oordenada radial é uma onstante, o que permite esrever o laplaiano apenas em termos das dependêniasangulares:
∇
2
=
1
sin
θ
∂
∂θ
sin
θ
∂
∂θ
+
1
sin
2
θ
∂
2
∂φ
2
,
(4.3)para
R
= 1
. Substituindo a equação (4.3) na equação (4.1), obtemos a seguinte expressão para a equaçãoda difusão∂
∂t
G
(
θ, φ, t
) =
D
r
sin
θ
∂
∂θ
sin
θ
∂
∂θ
G
(
θ, φ, t
)
+
D
r
sin
2
θ
∂
2
∂φ
2
G
(
θ, φ, t
)
,
(4.4)que é uma equação diferenial parial om 3 variáveis, uja solução é obtida através do
métodode separação de variáveis.
Estaténiaseparaaequaçãodiferenialparialde
n
variáveisemn
equaçõesdifereniais ordinárias. A ada separação é introduzida uma onstante arbitrária de separação. EntãoParaapliarmosométodode separaçãodevariáveisaoproblema,omeçamosesrevendo
a probabilidade
G
(
θ, φ, t
)
omo sendo um produto de três funções, uma em adavariávelG
(
θ, φ, t
) =
H
(
θ
)
F
(
φ
)
T
(
t
)
.
(4.5)Porsimpliidade,utilizaremos
H
(
θ
) =
H
,F
(
φ
) =
F
eT
(
t
) =
T
.Substituindoaequação (4.5) naequação (4.4),temos∂
∂t
(
HF T
) =
D
r
sin
θ
∂
∂θ
sin
θ
∂
∂θ
(
HF T
)
+
D
r
sin
2
θ
∂
2
∂φ
2
(
HF T
)
.
(4.6)Se levarmosemontaadependêniade adaumadastrês funções, aequação(4.6)passa a ser esrita naforma
HF
dT
dt
=
F T D
r
sin
θ
d
dθ
sin
θ
dH
dθ
+
HT D
r
sin
2
θ
d
2
F
dφ
2
.
(4.7)Dividindoambos oslados da equação (4.7) por
HF T
,obtemos1
T
dT
dt
=
D
r
H
sin
θ
d
dθ
sin
θ
dH
dθ
+
D
r
F
sin
2
θ
d
2
F
dφ
2
.
(4.8)Sendo
θ
,φ
et
variáveisindependentes, podemos esrever1
D
r
1
T
dT
dt
=
1
H
sin
θ
d
dθ
sin
θ
dH
dθ
+
1
F
sin
2
θ
d
2
F
dφ
2
=
−
k,
(4.9)1
F
d
2
F
dφ
2
=
m
2
(4.10) esin
θ
H
d
dθ
sin
θ
dH
dθ
−
m
2
=
−
k
sin
θ,
(4.11)onde
k
éuma onstantepositivaem
uminteiro.Assim, aequaçãodiferenialordináriaom relação àvariávelt
édT
(
t
)
uma equação diferenialhomogênea de primeira ordem,uja soluçãoé
T
(
t
) =
T
(0) exp(
−
kD
r
t
)
.
(4.13)A equação diferenialorrespondente à variável
φ
éd
2
F
(
φ
)
dφ
2
=
−
m
2
F
(
φ
)
(4.14)e sua solução é
F
(
φ
) =
∞
X
m
=0
(
A
m
cos
mφ
+
B
m
sin
mφ
)
.
(4.15)A equação diferenialom relação àvariável
θ
ésin
θ
d
dH
sin
θ
dH
(
θ
)
dθ
+ (
k
sin
2
θ
−
m
2
)
H
(
θ
) = 0
,
(4.16)hamada de equação assoiada de Legendre e
k
=
l
(
l
+ 1)
poronvenção. Então temosm
el
onstantes, sendom
um inteiro el
um númeroreal obtido,de aordo om asondiçõesdeontorno do problema em
θ
. Podemos reesrever a equação (4.16) om um outro formato. Fazendo amudança de variávelµ
= cos
θ
, temosd
dµ
dµ
dθ
=
⇒ −
sin
θ
d
dµ
.
(4.17)Usando a relaçãotrigonométria
cos
2
θ
+ sin
2
θ
= 1 =
⇒
sin
2
θ
= 1
−
µ
2
(4.18)
e substituindoas equações (4.17) e(4.18)naequação (4.16) obtemos
(1
−
µ
2
)
d
2
H
(
θ
)
dµ
2
−
2
µ
dH
(
θ
)
dµ
+
l
(
l
+ 1)
−
m
2
1
−
µ
2
H
(
θ
) = 0
.
(4.19)Em resumotemos as soluções das equaçõesdifereniais para
t
eφ
respetivamenteF
(
φ
) =
∞
X
m
=0
(
A
m
cos
mφ
+
B
m
sin
mφ
)
,
(4.21)enquantoasoluçãodaequaçãodiferenial(4.19)omrespeitoa
θ
vaidependerdageometria dos modelos.4.2 A equação da difusão rotaional - 2D
Nesse outro modelo onsideramos também uma sonda de simetria uniaxial, porém om
seu movimento rotaional restrito a um plano. Então denimos da mesma forma que no
modelo 3D uma função
G
, que é a probabilidadede se enontrar esse dipoloemuma dada onguração doplanoΩ(
φ, t
)
no tempot
. A gura 4.2 representa o plano onde rotaiona o dipoloe oângulo polarφ
.Figura 4.2: Dipoloassoiado a sondauoresente om suarespetiva oordenada polar
A função
G
é obtida atravésda soluçãoda equação dadifusão bidimensional∂
∂t
G
(
φ, t
) =
D
r
∇
2
G
(
φ, t
)
,
(4.22)emque
D
r
é o oeientede difusão eG
(
φ, t
)
éa probabilidade.problema
∇
2
=
1
r
∂
∂r
r
∂
∂r
+
1
r
2
∂
2
∂φ
2
(4.23)onde
φ
é oângulo polar.Oproblema não temdependênia radial,portantoaoordenadaradial éumaonstante,
simpliandoo laplaianoapenas para dependênia angular
∇
2
=
1
r
2
∂
2
∂φ
2
(4.24)Substituindo aequação (4.24) naequação (4.22) e fazendo
R
= 1
, temos∂
∂t
G
(
φ, t
) =
D
r
∂
2
∂φ
2
G
(
φ, t
)
.
(4.25)Asoluçãodaequação(4.25)éobtidaatravésdousodométododeseparaçãode variáveis, esrevendo afunção
G
(
φ, t
)
omoo produto de 2 funções,G
(
φ, t
) =
T
(
t
)
Q
(
φ
)
,
(4.26)que por simpliidade apenas esreveremos
T
(
t
) =
T
eQ
(
φ
) =
Q
. Substituímos a equação (4.26) naequação (4.25) obtemos∂
∂t
T Q
=
D
r
∂
2
∂φ
2
T Q.
(4.27)Levandoemontaasdependêniasdeadaumadasfunções,podemosesreveraequação
(4.27) omo
Q
d
dt
T
=
D
r
T
d
2
dφ
2
Q.
(4.28)Dividimosambos oslados da equação (4.28)por
T Q
eigualandoa uma onstantetemos1
D
r
T
d
dt
=
1
Q
d
2
4.3 AFUNÇODENSIDADEPROBABILIDADEG(
Ω
,T) 25A equação (4.29)vaidar origema 2equaçõesdifereniais.Uma om relaçãoàvariável
t
dT
(
t
)
dt
=
−
λD
r
T
(
t
)
,
(4.30)uja soluçãoé
T
(
t
) =
T
(0) exp (
−
λD
r
t
)
.
(4.31)A equação diferenialom relação àvariável
φ
éd
2
dφ
2
Q
(
φ
) +
λQ
(
φ
) = 0
(4.32)e tomando
λ
=
l
2
, sendo
l
inteiros,temos a seguinte soluçãoQ
(
φ
) =
∞
X
l
=0
[
A
l
cos
lφ
+
B
l
sin
lφ
]
.
(4.33)Assim, a solução daequação de difusão noplano é dada por
G
(
φ, t
) =
∞
X
l
=0
[
A
l
cos
lφ
+
B
l
sin
lφ
]
T
l
(0) exp
−
l
2
D
r
t
.
(4.34)4.3 A função densidade probabilidade G(
Ω
, t)Nesta seção vamos desenvolver o álulo analítio da função densidade probabilidade
para a orientação dodipolo emissor,noinstante
t
,para ada um dos 3 modelos.4.3.1 Rotação livre
Para o modelo de rotação livre, devemos ter uma solução para a função distribuição
de probabilidade
F
(
φ
)
que seja independente deφ
. A equação (4.21) só pode ser assim satisfeita param
= 0
, omF
(
φ
) =
A
0
. Comm
= 0
, a equação (4.19) passa a ser uma equação diferenialde Legendre, ujasolução é dada porH
(
θ
) =
X
l
Substituindo asequações (4.20)e (4.35) em(4.5), obtemos
G
(
θ, t
) =
X
l
A
l
T
l
(0)
P
l
(cos
θ
) exp [
−
l
(
l
+ 1)
D
r
t
]
,
(4.36)onde a osntante
A
0
foi inorporada nos oeientes dafunçãoH
(
θ
)
.O objetivo agora é determinarmos o valor das onstantes
A
l
eT
l
(0)
. Para isso multipli-amos ambosos membros daequação (4.36) porP
k
(cos
θ
)
,G
(
θ, t
)
P
k
(cos
θ
) =
X
l
A
l
T
l
(
t
)
P
l
(cos
θ
)
P
k
(cos
θ
) exp [(
−
l
(
l
+ 1)
D
r
t
]
.
(4.37)Em seguida, integramos os dois lados da equação em relação a
θ
e parat
= 0
amos omZ
1
−
1
G
(
θ,
0)
P
k
(cos
θ
)
d
(cos
θ
) =
X
l
A
l
T
l
(0)
Z
1
−
1
P
l
(cos
θ
)
P
k
(cos
θ
)
d
(cos
θ
)
.
(4.38)Usando a propriedade de ortogonalidadedos polinmios de Legendre, em que
Z
1
−
1
P
l
(cos
θ
)
P
k
(cos
θ
)
d
(cos
θ
) =
2
2
k
+ 1
δ
lk
,
(4.39)om
δ
nn
′
=
1
,
sel
=
k,
0
,
sel
6
=
k.
temos
A
k
T
k
(0) =
2
k
+ 1
2
Z
1
−
1
G
(
θ,
0)
P
k
(cos
θ
)
d
(cos
θ
)
.
(4.40)Em
t
= 0
,denimosθ
=
θ
0
, ou4.3 AFUNÇODENSIDADEPROBABILIDADEG(
Ω
,T) 27om a função delta de Dira
δ
(cos
θ
0
) =
0
,
secos
θ
6
= cos
θ
0
,
∞
,
secos
θ
= cos
θ
0
,
(4.42)
ando
A
k
T
k
(0) =
2
k
+ 1
2
Z
1
−
1
δ
(cos
θ
0
)
P
k
(cos
θ
)
d
(cos
θ
)
,
(4.43)ou
A
k
T
k
(0) =
2
k
+ 1
2
P
k
(cos
θ
0
)
.
(4.44)Finalmente, podemos a partir da equação (4.36), esrever a probabilidade do dipolo estar em uma onguração
θ
, emt
, dada uma orientação iniialθ
0
, emt
= 0
,G
(
θ, t
;
θ
0
,
0)
, a equaçãoG
(
θ, t
;
θ
0
,
0) =
X
l
2
l
+ 1
2
P
l
(cos
θ
0
)
P
l
(cos
θ
) exp (
−
l
(
l
+ 1)
D
r
t
)
.
(4.45)4.3.2 Rotação no plano
A partir da equação (4.34) devemos alular as onstantes
A
l
T
l
(0)
eB
l
T
l
(0)
. Para isso omeçamosmultipliandoambososmembrosdaequação(4.34) porcos
nφ
e integramosem relação aφ
.Com isso temosZ
2
π
0
cos
nφG
(
φ, t
)
dφ
=
X
l
[
A
l
T
l
(0)
Z
2
π
0
cos
nφ
cos
lφdφ
+
B
l
T
l
(0)
Z
2
π
0
cos
nφ
sin
lφdφ
] exp
−
l
2
D
r
t
.
(4.46)Agora multipliamosambososmembrosdaequação(4.34)por
sin
nφ
eintegramos.Com issotemosZ
2
π
0
sin
nφG
(
φ, t
)
dφ
=
X
l
[
A
l
T
l
(0)
Z
2
π
0
sin
nφ
cos
lφdφ
+
B
l
T
l
(0)
Z
2
π
0
sin
nφ
sin
lφdφ
] exp
−
l
2
D
r
t
Usando as propriedadesde ortogonalidadedoseno e osseno
Z
2
π
0
cos
nφ
cos
mφdφ
=
ǫπδ
n,m
,
(4.48)Z
2
π
0
sin
nφ
sin
mφdφ
=
πδ
n,m
,
(4.49)Z
2
π
0
sin
nφ
cos
mφdφ
= 0
,
(4.50)amosom aequação (4.46)
Z
2
π
0
cos
nφG
(
φ, t
)
dφ
πǫ
=
A
n
T
n
(0)
(4.51)e om aequação (4.47)
Z
2
π
0
sin
nφG
(
φ, t
)
dφ
π
=
B
n
T
n
(0)
(4.52)Denimos
φ
(0) =
φ
0
, entãoG
(
φ
0
,
0) =
δ
(
φ
0
)
,
(4.53)portantoas equações (4.51) e(4.52) am
A
n
T
n
(0) =
cos
nφ
0
πǫ
,
B
n
T
n
(0) =
sin
nφ
0
π
(4.54)A solução daequação dadifusão noplano a
G
(
φ, t
;
φ
0
,
0) =
X
l
cos
lφ
0
cos
lφ
πǫ
+
sin
lφ
0
sin
lφ
π
exp
−
l
2
D
r
t
.
(4.55)4.3.3 Difusão rotaional no one
Nestemodelo,odipoloassoiadoámoléulapodedifundirlivrementedentrodeumone,
om ângulo polarmáximo
θ
=
θ
max
. Sua simetriaé dada om relaçãoao eixoz
. Asoluçãodaequação(4.19)éumpolinmiodelegendreassoiadode graul
m
n
eordemm
. A onstantel
m
n
éa sequêniade valoresl
quesatisfaz aondição de ontornopara um dado valordem
. Oíndien
édenido para quel
m
4.3 AFUNÇODENSIDADEPROBABILIDADEG(
Ω
,T) 29Figura 4.3: Dipoloassoiado à moléula difundindo livremente dentro de um one
sendo
θ
max
oângulomáximo(aberturamáximadoone).Oânguloazimutalanointervalo0
≤
φ
≤
2
π
.A solução daequação (4.19) éum polinmiode Legendre assoiado dado por
P
l
m
m
n
(
x
) = (
−
1)
m
(1
−
x
2
)
m/
2
−
1
2
m
(
m
Y
k
=1
(
−
l
m
n
+
k
−
1)(
l
m
n
+
k
)
k
)
2
F
1
(
−
l
m
n
+
m, l
m
n
+1+
m
; 1+
m
;
z
)
,
(4.56)
onde
z
= (1
−
x
)
/
2
ex
= cos(
θ
)
[19℄. A função2
F
1
(
−
l
m
n
+
m, l
m
n
+ 1 +
m
; 1 +
m
;
z
)
é uma função hipergeométriadenida por2
F
1
(1+
m
+
l
m
n
, m
−
l
n
m
,
1+
m
;
1
2
(1
−
cos
θ
)) =
∞
X
k
=0
(1 +
m
+
l
m
n
)
k
(
m
−
l
n
m
)
k
k
!(1 +
m
)
k
sin
2
k
θ
2
.
(4.57)Substituindo assoluçõesdas equações (4.12), (4.14)e (4.56) naequação (4.5) obtemos
G
(
θ, φ, t
) =
∞
X
n
=1
∞
X
m
=0
exp[
−
l
m
n
(
l
n
m
+ 1)
D
r
t
][
A
m
n
cos
mφ
+
B
m
n
sin
mφ
]
P
l
m
m
n
(cos
θ
)
,
(4.58)
que éa solução daequação de difusão para o movimentorestrito aoone.
A ondição de ontorno doproblema é
∂G
(Ω
, t
)
∂θ
θ
=
θ
max
= 0
.
(4.59)Vamosdenir
λ
n,m
=
l
m
e observar omoa ondição de ontorno interfere nos demaistermos dasolução. Então
G
=
n
exp(
−
λ
1
,
0
t
)
A
0
1P
0
l
0
1
+ exp(
−
λ
1
,
1
t
)[
A
1
1
cos
φ
+
B
1
1
sin
φ
]
P
1
l
1
1
+
...
o
+
(4.60)+
n
exp(
−
λ
2
,
0
t
)
A
0
2P
0
l
0
2
+ exp(
−
λ
2
,
1
t
)[
A
1
2
cos
φ
+
B
1
2
sin
φ
]
P
1
l
1
2
+
...
o
+
+
...
+ exp(
−
λ
n,m
t
)[
A
m
n
cos
mφ
+
B
n
m
sin
mφ
]
P
l
m
m
n
.
Se apliarmos a ondição de ontorno da equação (4.59) na equação (4.58) é o mesmo que fazermos
dP
m
l
m
n
(cos
θ
)
d
cos
θ
cos
θ
=cos
θ
max
= 0
.
(4.61)Uma das propriedades dopolinmiode Legendre assoiado é
Z
1
µ
0
P
l
m
m
n
(
µ
)
P
m
l
m
n
′
(
µ
)
dµ
=
H
n
m
δ
nn
′
,
(4.62)om
δ
nn
′
=
1
,
sen
=
n
′
,
0
,
sen
6
=
n
′
.
H
m
n
éum fatorde normalização.Outras propriedades importantes e onheidas são as propriedadede ortogonalidadedo
seno e osseno
Z
2
π
0
cos
mφ
cos
m
′
φdφ
=
πδ
mm
′
m
6
= 0
2
π
m
= 0
Z
2
π
0
sin
mφ
sin
m
′
φdφ
=
πδ
mm
′
m
6
= 0
0
m
= 0
Z
2
π
0
sin
mφ
cos
m
′
φdφ
= 0
qualquer m, m
′
.
Para as ondiçõesiniiais temos
G
(Ω
,
0) =
δ
[Ω(
t
)
−
Ω(0)] =
δ
[cos
θ
(
t
)
−
cos
θ
(0)]
δ
[
φ
(
t
)
−
φ
(0)]
(4.63)=
∞
X
n
=1
∞
X
m
=0
4.3 AFUNÇODENSIDADEPROBABILIDADEG(
Ω
,T) 31Com as propriedade do seno e osseno e as ondições iniiais, equação (4.64), podemos determinar asonstantes
A
m
n
eB
m
n
Z
G
(Ω
,
0)
P
l
m
m
′
′
n
′
(
µ
) cos
m
′
φd
Ω =
Z
δ
[Ω(
t
)
−
Ω(0)]
P
l
m
m
′
′
n
′
(
µ
) cos
m
′
φd
Ω
=
P
l
m
m
′
′
n
′
(
µ
(0)) cos
m
′
φ
(0)
.
(4.64)Mas aomesmo tempo
=
∞
X
n
=1
∞
X
m
=0
Z
π
θ
0
Z
2
π
0
(
A
m
n
cos
mφ
+
B
n
m
sinmφ
)
P
l
m
m
n
(cos
θ
)
P
m
′
l
m
′
n
′
(cos
θ
) cos
m
′
φ
sin
θdθdφ
=
=
∞
X
n
=1
∞
X
m
=0
Z
1
µ
0
P
l
m
m
n
P
m
′
l
m
′
n
′
dµ
Z
2
π
0
A
n
m
cos
mφ
cos
m
′
φdφ
+
B
m
n
sin
mφ
cos
m
′
φdφ
=
=
H
n
m
′
A
m
n
′
πǫ se
m
= 0
seǫ
= 2;
m
6
= 0
seǫ
= 1
.
(4.65)
Esse
ǫ
é apenas um valorpara respeitar a propriedade de ortogonalidade do osseno. Com issoP
l
m
m
n
(
µ
(0)) cos
mφ
(0) =
H
m
n
A
m
n
πǫ,
(4.66)portanto
A
m
n
=
cos
mφ
(0)
πH
m
n
ǫ
P
m
l
m
n
(
µ
(0))
.
(4.67)
Usaremos o mesmoraioínio para determinar
B
m
n
Z
G
(Ω
,
0)
P
l
m
m
n
sin
m
′
φd
Ω =
P
m
l
m
n
(
µ
(0)) sin
mφ
(0)
,
(4.68) mas