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CARACTERI ZAÇÃO DA VI SI TAÇÃO, DOS

VI SI TANTES E AVALI AÇÃO DOS I MPACTOS

ECOLÓGI COS E RECREATI VOS DO PLANALTO

DO PARQUE NACI ONAL DO I TATI AI A

MARI A I SABEL AMANDO DE BARROS

Dissertação apresentada à Escola Superior de Agricultura “ Luiz de Queiroz” , Univ ersidade de São Paulo, para obt enção do t ít ulo de Mest re em Recursos Florest ais, com opção em Conservação de Ecossistem as Florestais.

P I R A C I C A B A Estado de São Paulo – Brasil

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CARACTERI ZAÇÃO DA VI SI TAÇÃO, DOS

VI SI TANTES E AVALI AÇÃO DOS I MPACTOS

ECOLÓGI COS E RECREATI VOS DO PLANALTO DO

PARQUE NACI ONAL DO I TATI AI A

MARI A I SABEL AMANDO DE BARROS

Engenheiro Florestal

Orientador: Profa. Dra.

TERESA CRISTINA MAGRO

Dissert ação apresent ada à Escola Superior de Agricultura “ Luiz de Queiroz” , Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Mestre em Recursos Florestais, com opção em Conservação de Ecossistem as Florestais.

P I R A C I C A B A Estado de São Paulo – Brasil

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - ESALQ/ USP

Barros, Maria Isabel Amando de

Caracterização da visitação, dos visitantes e avaliação dos impactos ecológicos e recreativos do planalto do Parque Nacional do Itatiaia / Maria Isabel Amando de Barros. - - Piracicaba, 2003.

121p.

Dissertação (mestrado) - - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 2003. Bibliografia.

1. Impactos ambientais 2. Parque Nacional do Itatiaia 3. Proteção ambiental 4. Reservas naturais 5. Visitantes I. Título

CDD 333.72

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DEDI CATÓRI A

Para t odos que encont raram em I t at iaia

o significado da vida ao ar livre.

Para Flavio, m inha m elhor com panhia

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AGRADECI MENTOS

À Fundação o Boticário de Proteção à Natureza, cujo apoio financeiro possibilitou a execução desta pesquisa.

À Teresa Cristina Magro, pela am izade e orientação no trabalho realizado.

A Geraldo e Maná, m eus m aiores incentivadores.

À Vovó Bila e Tio Quico, m inha querida fam ília em São Paulo.

À Anna Júlia Passold, pela enorm e ajuda durante todo o tem po.

Ao Parque Nacional do I tatiaia, seus funcionários e apaixonados.

Ao Prof. Hilton Thadeu Z. do Couto, pelo auxílio na análise dos dados.

Ao m eu irm ão Pedro, pela ajuda no cálculo e desenho das áreas de acam pam ento.

A Carlos Koury e Valéria Maradei Freixêdas, pela contribuição na coleta dos dados.

Aos estagiários Daniel, Cleber e Aline, pela ajuda e com panhia.

(6)

SUMÁRI O

Página

LI STA DE FI GURAS ... vii

LI STA DE TABELAS ... xiii

RESUM O... x

SUMMARY ... xii

1 I N TRODUÇÃO ... 1

1.1 Objetivos e Hipóteses ... 2

2 REVI SÃO DE LI TERATURA ... 5

2.1 Uso público em unidades de conservação ... 5

2.2 I m pactos do uso público ... 11

2.3 Manej o do uso público ... 20

2.4 Educação do visit ant e... 26

2.5 Educação para a prática de técnicas de m ínim o im pact o ... 29

3 METODOLOGI A ... 3 5 3.1 Caracterização geral da área ... 35

3.1.1 História, localização e relevo ... 36

3.1.2 Geologia, clim a e solos... 38

3.1.3 Vegetação... 39

3.1.4 Fauna ... 41

3.1.5 Adm inistração ... 42

3.2 Evolução da visitação no Planalto do Parque Nacional do I tatiaia ... 43

(7)

3.3.1 Características da visitação e dos visitantes... 49

3.3.2 Conhecim entos sobre técnicas de m ínim o im pacto ... 51

3.3.3 I ndicadores das condições ecológicas e recreativas ... 52

4 RESULTADOS E DI SCUSSÃO ... 6 1 4.1 A visitação no Parque Nacional do I tatiaia ... 61

4. 1.1 Características da visita... 64

4.1.2 Características do visitante ... 67

4.1.3 Percepções dos visitantes ... 68

4.1.4 Conhecim entos sobre técnicas de m ínim o im pacto ... 71

4.2 I ndicadores das condições ecológicas e recreativas... 76

4.2.1 Áreas de acam pam ento... 76

4.2.2 Trilhas... 83

4.3 Diretrizes para um program a de educação do visit ant e... 91

5 CON CLUSÕES ... 9 9 ANEXOS ... 103

(8)

LI STA DE FI GURAS

Página

1 Padrão de distribuição dos im pactos ao longo do tem po ... 13 2 Método do transecto radial variável ... 54

3 Núm ero de visitantes pagantes na parte baixa do Parque Nacional do I tatiaia, no período de 1990 a 2002 ... 62 4 Número de visitantes pagantes na parte alta do Parque

(9)

LISTA DE TABELAS

Página

1 Form as com uns de im pactos causados pelo uso público em áreas naturais ... 17

2 Tipos de ações dos visitantes, exem plos e estratégias de m anejo

correspondentes ... 28 3 Uso e ocupação da terra no Parque Nacional do I tatiaia ... 40 4 Núm ero de pagantes em dez Parques Nacionais brasileiros de 1992 a 1999... 61

5 Distribuição dos visitantes nos atrativos do Planalto durante sua estada no Parque Nacional do I tatiaia... 63

6 Expectativas e percepções dos visitantes em relação ao núm ero de visit ant es, ao im pacto do uso público e à presença de ações de m anejo ... 69

7 I m pactos observados pelos visitantes durante sua perm anência no Planalto do Parque Nacional do I tatiaia ... 70

8 Resultados dos conhecim entos sobre técnicas de m ínim o im pacto em áreas naturais ... 73 9 Freqü ência de acertos nas questões sobre técnicas de m ínim o im pacto,

de acordo com o nível de experiência anterior e resultado do Teste de

Qui-Quadrado ... 74

(10)

11 Valor- p e nível de significância na com paração das categorias de experiência anterior (Teste Exato de Fisher) ... 75 12 Valores e mudança, em um período de quatro anos, dos indicadores de im pacto

das áreas de acam pam ento do Planalto do Parque Nacional do I tatiaia ... 77 13 Resultados obtidos no levantam ento detalhado de indicadores de im pactos em 28

áreas de acam pam ento do Planalto do Parque Nacional do I tatiaia ... 78 14 Distribuição de freqüência por categoria de área de acam pam ento (m2) ... 78 15 I ndicadores de im pacto do uso recreativo em 28 áreas de acam pam ento do

Planalto do Parque Nacional do I tatiaia analisados através do Coeficiente de

Correlação de Pearson. Probabilidade > lRl com Ho: Rho= 0 ... 81

16 Análise fatorial dos indicadores de im pacto do uso recreativo em 28 áreas de acam pam ento do Planalto do Parque Nacional do I tatiaia, pelo m étodo das

com ponentes principais ... 82

17 Resultado da avaliação dos indicadores, verificadores e

descritores dos im pactos biofísicos avaliados na Trilha do Pico das Prateleiras em levantam entos realizados em 1998 e 2003 ... 84

18 Resultado da avaliação dos indicadores, verificadores e descritores dos im pactos biofísicos avaliados na Trilha do Pico das Agulhas Negras em levantam entos realizados em 1998 e 2003 ... 85

19 Médias ± 1 erro padrão dos indicadores quantitativos de im pacto m edidos nas quatro trilhas estudadas no Planalto do Parque Nacional do I tatiaia ... 87

20 Resultado do Teste de Qui- Quadrado para os indicadores qualitativos pesquisados no levantam ento detalhado dos im pactos recreativos de quatro trilhas do Planalto do Parque Nacional do I tatiaia ... 89

21 Valor- p e nível de significância na com paração dos indicadores qualitativos entre as trilhas ( Teste Exato de Fisher) do Planalto do Parque Nacional do I tatiaia .... 90 22 Tabela de freqüência dos indicadores qualitativos nas

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CARACTERI ZAÇÃO DA VI SI TAÇÃO, DOS VI SI TANTES E

AVALI AÇÃO DOS I MPACTOS ECOLÓGI COS E RECREATI VOS

DO PLANALTO DO PARQUE NACI ONAL DO I TATI AI A

Autora: MARIA ISABEL AMANDO DE BARROS Orientadora: Profa. Dra. TERESA CRISTINA MAGRO

RESUMO

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Prateleiras e o Abrigo Rebouças. A concentração do uso nas trilhas citadas possivelm ente contribuiu para a ocorrência de valores significativam ente diferentes encontrados para os indicadores de im pactos relacionados à largura total, à profundidade do canal e à área transversal das trilhas estudadas. O nível educacional dos visitantes do Planalto é alto, com 72% das pessoas cursando ou com nível universitário com pleto. Esse dado, aliado ao fato de que 90% dos visitantes m encionaram que as ações de m anejo do uso público presentes atualmente no Planalto não alteraram ou melhoraram a qualidade da sua visita é um indicativo de que os visitantes são receptivos a um a m aior presença de ações de m anejo da visitação e da aceitação de um program a de educação do visitante. A avaliação dos indicadores de im pacto das áreas de acam pam ento m ostrou que todos os indicadores sofreram um a dim inuição nos valores entre os anos de 1998 e 2002, com exceção da área de solo nu, com o resultado do fecham ento das áreas após um incêndio no m aciço das Prateleiras em Julho de 2001. O levantam ento detalhado dos im pactos nas áreas de acam pam ento m ostrou que os problem as m ais graves estão relacionados ao uso público e são resultado da falta de inform ação e conhecim ento técnico dos visitantes sobre a m agnitude dos im pactos causados pela atividade de cam ping e as formas de minimizá- los. Com base nos resultados

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VI SI T AND VI SI TORS CHARACTHERI STI CS AND

ECOLOGI CAL AND SOCI AL I MPACT ASSESSMENT AT

I TATI AI A NATI ONAL PARK PLATEAU

Author: MARIA ISABEL AMANDO DE BARROS Adviser: Profa. Dra. TERESA CRISTINA MAGRO

SUMMARY

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1 I NTRODUÇÃO

O crescim ento do uso público em áreas naturais protegidas tem im plicações am bientais, econôm icas e sociais. Pesquisadores, adm inistradores e técnicos da área am biental vêem- se frente ao grande e crescente núm ero de visitantes e seus im pactos associados. Planejar o uso atual e acom odar o crescim ento futuro da visitação pública e, ao mesmo tempo, alcançar um equilíbrio apropriado da conservação dos recursos naturais representa um desafio considerável para os profissionais da área.

As atividades de recreação ao ar livre ainda não são adequadam ente exploradas e difundidas no Brasil, m as os apelos ao ecoturism o e à visitação pública em unidades de conservação, com o os parques nacionais, têm crescido de form a significativa nos últim os anos. Muitas unidades de conservação já se deparam com a pressão do aum ento do núm ero de visitantes aliado muitas vezes a uma demanda pela diversidade de oportunidades recreativas disponíveis. O que há 30 anos era um a m inoria especializada, agora é um a m assa crescente em busca de atividades com o cam inhadas, acam pam ento, escalada e canoagem , pois é possível t er acesso a equipam entos de boa qualidade e a inform ações sobre o que, com o e aonde praticar.

(16)

m anejo do uso público de áreas naturais protegidas, o Brasil dispõe de pouca informação e exemplos bem- sucedidos sobre este assunto. I sso faz com que, na m aioria dos casos, o uso público seja visto com o um grande problem a e o aum ento dos im pactos causados pela recreação seja m anejado principalm ente através da restrição ao uso, fecham ento de áreas e m aior regulam entação das atividades, gerando conseqüentem ente a dim inuição das alternativas de atividades disponíveis e a restrição da liberdade do visitante.

O presente trabalho aborda a questão do m anejo do uso público em áreas naturais protegidas sob o princípio da responsabilidade com partilhada, tanto por parte dos gestores dessas áreas, com o do público que as visita, explorando a necessidade do desenvolvim ento de um a ética am biental que inspire o respeito pelas áreas naturais e ajude a protegê- las, dim inuindo conseqüentem ente a necessidade de intervenções restritivas de m anejo a longo prazo.

1 .1 Obj et ivos e Hipót eses

As decisões sobre o m anejo do uso público de áreas naturais protegidas devem ser tom adas com base na com preensão e no conhecim ento sobre o nível dos im pactos em um a determ inada área, dos efeitos que esses im pactos têm sobre os visitantes e dos efeitos que as ações de m anejo têm sobre esses im pactos. Várias opções de m anejo devem ser consideradas em relação aos benefícios que elas podem trazer e aos seus custos associados: restringir ou proibir o acesso, m udar o uso e os impactos de uma área para outra ou implantar regulamentos em excesso (Cole et al., 1997).

As perguntas iniciais deste trabalho foram delineadas a partir do trabalho de Cole et al. (1997):

- Quais são os tipos de im pactos causados pelo uso de um a determ inada área? - Qual é a m agnitude e a im portância dos im pactos causados pelo uso público? - Quais são os fatores que contribuem para o problema?

- Quem são os visitantes? Quais são seus conhecim entos sobre técnicas de m ínim o impacto?

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Esta pesquisa foi planejada visando auxiliar a com preensão sobre essas questões a partir de um estudo de caso desenvolvido no Planalto do Parque Nacional do I tatiaia (PNI ). Os objetivos deste estudo são:

(1) Descrever e avaliar as condições atuais dos im pactos ecológicos e recreativos em trilhas e áreas de acam pam ento.

(2) Obter conhecim entos sobre a visita e os visitantes: quem eles são, qual é a sua experiência anterior e quais são seus conhecim entos sobre técnicas de m ínim o impacto.

(3) Com base nas inform ações obtidas nos dois itens anteriores, explorar as diretrizes para um programa de educação do visitante voltado para a prática de técnicas de m ínim o im pacto que contribua para atenuar os danos identificados.

Partindo da prem issa de que visitantes m ais inform ados e responsáveis terão com portam entos no sentido de m inim izar im pactos, possibilitando que os regulam entos das áreas protegidas possam ser m enos restritivos, as hipóteses desenvolvidas a partir desses objetivos são:

Hipótese 1. Os visitantes do Parque Nacional do I tatiaia não têm conhecim ento sobre as técnicas apropriadas de m í nimo impacto em áreas naturais.

Hipótese 2. Quanto m ais experiência anterior em visitas a áreas naturais os visitantes tenham , m aior será o seu conhecim ento sobre as técnicas apropriadas de mínimo impacto.

Hipótese 3. Há im pactos em áreas de acam pam ento e trilhas que estão relacionados ao com portam ento dos visitantes e podem ser m inim izados através de práticas e técnicas de m ínim o im pacto.

O Planalto do Parque Nacional do I tatiaia foi escolhido com o local para o desenvolvim ento desse estudo devido às suas características únicas de uso público. O PNI é o primeiro parque nacional brasileiro, e segundo Serrano (1993) “em sua im agem de exem plaridade há nuances, com o sua peculiaridade paisagística, seu interesse geológico e geográfico, o vislum bre e a efetivação das possibilidades de uso não convencional de seu espaço: científico ao longo de todos os m om entos, sanitário1 pouco depois de seu conhecim ento; de lazer, esporte e turism o, m ais tarde”. Historicam ente esta região vem sendo utilizada desde o final do século XI X para a prática de atividades ao ar livre com o cam inhadas, acam pam ento e escalada

(18)

em rocha, tornando- se um lugar clássico no contexto do m ontanhism o brasileiro e referência na prática de atividades ligadas à natureza. Além disso, o Parque Nacional do I tatiaia faz parte de um conjunto de 14 parques nacionais selecionados pelo I nstituto Brasileiro do Meio Am biente e dos Recursos Naturais Renováveis (I BAMA) para o desenvolvimento do Programa de Uso Público e Ecoturismo em Parques Nacionais – Oportunidade de Negócios. Esses aspectos, além de sua localização estratégica entre os pólos urbanos de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, com põem a sua im portância e justificam sua escolha para o estudo de caso proposto.

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2 REVI SÃO DE LI TERATURA

2 .1 Uso público em unidades de conserva çã o

Um a das justificativas para a criação de unidades de conservação cuja categoria prevê a visitação e o uso público é possibilitar o acesso das pessoas às áreas naturais. Acredita- se que o contato com a natureza traga m uitos benefícios aos indivíduos e que as áreas protegidas podem desempenhar um importante papel de form adoras de consciência am biental, quando o indivíduo estabelece um a relação participativa com elas. Neste momento a natureza deixa de ser um ambiente estranho para tornar- se espaço de desenvolvimento pessoal, aproximando- se da sociedade e, portanto de suas ações.

Segundo Wallace (1997) e Driver et al. (1990), existem diversos valores associados ao estabelecim ento de áreas naturais protegidas:

- Valor de Conservação de áreas representativ as dos ecossistem as e m anutenção da diversidade genética e dos processos ecológicos.

- Valor Científico e Educativo, pois as áreas protegidas englobam infinitas possibilidades de aprendizado e pesquisa cientifica.

- Valor Histórico e Cultural, representado pelo espaço ocupado pelos povos indígenas e pelo local de desenvolvim ento da ocupação do território nacional.

- Valor Estético, que vai além da beleza cênica e é fonte de inspiração para artistas, escritores e fotógrafos.

(20)

- Valor Recreativo e Terapêutico, já que a natureza é com ponente fundam ental em program as que visam o desenvolvim ento do caráter, da sanidade e da qualidade de vida das pessoas.

- Valor Espiritual, que representa tem as com o celebração, unidade e continuidade. Valor I ntrínseco, pois além dos benefícios utilitários que a natureza traz ao hom em , existe o valor da criação por si m esm a e o direito de todos os organism os de existir.

Analisando os valores atribuídos às áreas naturais, observam os que, para realizar m uitos deles em todo o seu potencial, é preciso estar dentro das áreas protegidas. É preciso que o estudante, a fam ília, o escalador, a professora, o m orador local e o turista estejam presentes para m axim izar os benefícios que as áreas naturais podem gerar. Segundo Wallace (1997) isto se dá porque um sistem a de áreas protegidas é um a criação social feita pelo hom em , que quando decide proteger áreas naturais produz um a série de benefícios para a sociedade e tam bém para a natureza.

Além disso, sabem os que não é possível alcançar o objetivo da conservação sem formarmos um grupo de usuários e visitantes que conhecem e amam as unidades de conservação, que entendem o seu valor e que estão dispostos a defendê- las. As pessoas que visitam as áreas, que experim entam a sensação de escalar uma montanha, nadar em um rio ou avistar um animal silvestre têm muito m ais chance de com preender a im portância das áreas protegidas e do pressuposto de que estas precisam ser m anejadas (Wallace, 1997).

No Brasil, o I BAMA conceitua uso público com o as atividades educativas, recreativas e de interpretação am biental realizadas em contato com a natureza de acordo com o especificado nos planos de m anejo das unidades de conservação. Seu principal objetivo é propiciar ao visitante a oportunidade de conhecer, de form a lúdica, os atributos e os valores am bientais protegidos pela unidade de conservação. O uso público ou a visitação podem acontecer tam bém em áreas naturais privadas (I BAMA, 2002a).

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Segundo o m esm o autor, o conceito de uso público abrange diversos tipos de uso entre os quais:

(1) Uso público recreativo: a recreação é o tipo de uso público m ais óbvio presente em um a unidade de conservação e envolve o m aior núm ero de visitantes diretos, causando im pactos e representando um grande desafio de m anejo. Uso público e recreação são geralm ente tratados como sinônimos, embora de acordo com Magro (1999), a recreação trate de atividades de diversão praticadas durante o tem po livre e seja o term o adotado na linguagem técnica internacional quando relacionado às áreas naturais. Uso público, term o adotado pelos órgãos oficiais ligados ao m anejo de áreas naturais protegidas no Brasil, pode ser definido com o o usufruto gozado pelo público, quer seja recreacionista, educador, pesquisador ou religioso. (2) Uso público com ercial: diversas unidades de conservação apresentam a exploração com ercial do uso público através de guias e em presas de ecoturism o, pousadas e hotéis, lanchonetes e restaurantes.

(3) Uso científico: um dos m aiores valores das unidades de conservação é o seu potencial para o uso científico. As áreas naturais protegidas servem como um laboratório, particularm ente para estudos de ecologia e outras ciências naturais, pois oferecem condições relativam ente naturais e não m odificadas. Os pesquisadores tam bém são considerados visitantes.

(4) Uso educacional: unidades de conservação tam bém são utilizadas com propósitos educacionais, com o viagens de cam po acadêm icas, program as de educação e interpretação am biental e cursos sobre técnicas de atividades ao ar livre com o acam pam ento, escalada em rocha e m ontanhismo. As áreas naturais têm um im portante valor com o locais únicos para o desenvolvim ento de diversos processos educat ivos.

(5) Desenvolvim ento pessoal: em bora ainda incipientes, existem diversas iniciativas de program as que utilizam a natureza (unidades de conservação) e a aventura no desenvolvim ento de valores com o autoconfiança, trabalho em grupo, com unicação e liderança. O am biente natural tam bém é visto com o local para o desenvolvim ento espiritual das pessoas.

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2002a) o zoneam ento e o m anejo das áreas protegidas deverão oferecer técnicas apropriadas de recreação ao ar livre e contato com a natureza, estim ulando um a experiência educativa entre os visitantes e as áreas naturais. Dentre as categorias de unidades de conservação, parque nacional é a única que conta com regulam entação específica, pois o decreto No 4.340 de 22 de agosto de 2002

regulam enta o SNUC, m as não chega a dar especificidades para cada um a das categorias de m anejo. O Regulam ento dos Parques Nacionais Brasileiros – Decreto nº 84.017, de 21 de setem bro de 1979, estabelece norm as quanto aos aspectos físicos (zonas), intensidade, form as e ações associadas à visitação.

Entre as necessidades na busca do m anejo adequado do uso público está o conhecim ento sobre os diversos tipos de visitantes, seus desejos e suas necessidades para confrontá- los com o plano de manejo do parque, seu zoneam ento e respectivas categorias de uso, com patibilizando- os. Esta análise m uitas vezes requer um docum ento específico denom inado Plano de Uso Público, um a im portante ferram enta de planejam ento cujo enfoque atual, segundo Jesus (2002), busca m ecanism os para a incorporação de estratégias e diretrizes que abordem as atividades de visitação nas unidades de conservação de forma contem porânea.

Um a abordagem contem porânea im plica o reconhecim ento de que novas atividades são praticadas em áreas naturais e devem ser abordadas no planejam ento do uso público das unidades de conservação. A abordagem não im plica a aceitação im ediata das novas atividades, m as sim a avaliação de sua viabilidade em term os de adequação à categoria de m anejo.

Neste sentido, entende- se que os visitantes variam m uito em relação às suas dem andas e expectativas, que devem ser atendidas e adm inistradas para atingir a com patibilidade entre a conservação e o im pacto exercido pelas novas form as de visitação. Segundo Barros & Dines (2000), a atitude corrente de sim plesm ente ignorar essas diferentes dem andas tem levado a um aum ento dos im pactos, exatam ente por incent ivar a utilização clandestina e descontrolada das áreas em questão.

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envolvem pernoite em barracas ou abrigos. Alpinistas e espeleólogos também podem necessitar de mais de um dia para suas atividades utilizando- se das modalidades de permanência noturna. As expedições de canoagem podem implicar vários acam pam entos e geralm ente são realizadas em trechos planos de rios, nos lagos, lagoas ou reservatórios, ou no m ar e áreas estuarinas. Há tam bém os adeptos do c am ping, que utilizam áreas especialm ente preparadas. Segundo Barros

& Dines (2000) todas estas atividades podem ser agrupadas sob a denom inação genérica de excursionism o – um a vez que envolvem a necessidade de transportar equipamento para cozinha e pernoit e e se caracterizam por desenvolverem atividades não m otorizadas.

O excursionism o vem aum entando no país e já está form ando a sua terceira geração num momento em que a procura por áreas naturais alcança um nível sem precedentes no Brasil. O círculo dos excursionistas agrega cerca de 110 grupos e associações por todo o Brasil, e com em orou 80 anos no País em 1999 (Barros & Dines, 2000).

Segundo Ham m itt & Cole (1998), é necessário conhecer os padrões da visitação e as expectativas e percepções do visitante de form a a adequar as práticas de m anejo ao tipo de uso e ao perfil do visitante que a área recebe. No Brasil, existem poucos dados referentes às form as de utilização das áreas naturais, principalmente em relação ao excursionismo e ao cam ping, e também sobre o perfil

do visitante que pratica essas atividades. Os estudos de Magro et al. (1990), realizado no Parque Estadual da I lha Anchieta, de Braga (1992), realizado no Parque Nacional do I tatiaia, de Takahashi (1998), realizado no Parque Estadual Pico do Marumbi e Reserva Natural Salto Morato e de Kinker (1999), realizado no Parque Nacional do Caparaó e Parque Nacional Aparados da Serra, apontam algum as tendências a partir de levantam entos realizados sobre a visita e o visitante.

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grau com pleto. Genericam ente, é possível estabelecer- se uma média predominante de ganhos entre 10 a 25 salários m ínim os, em bora com pareça com intensidade a faixa imediatamente superior. Há também um número predominante de estudantes.

Segundo Takahashi (1998), as diferenças observadas nas duas áreas estudadas, principalm ente em relação às características de acesso, tipo de atividade oferecido e infra- estrutura disponível em cada área definem um visitante típico para cada unidade, onde a faixa etária, o gênero, o grau de escolaridade e o tem po de perm anência m erecem especial destaque.

Kinker (1999) verificou que o tem po de perm anência do visitante nos parques estudados é diretam ente proporcional ao núm ero de atrativos e atividades disponíveis, bem com o ao nível de liberdade que o visitante tem para se m ovim entar pela área. Segundo a autora, não há relação direta entre a quantidade de equipam entos e o nível de satisfação da visita. O visitante busca um a convivência íntim a com o am biente natural, e um excesso de estruturas interferindo na paisagem ou um excesso de regras sem justificativa aparente tornam essa visita m enos satisfatória. Kinker (1999) concluiu que o m anejo adequado deve possibilitar a integração do visitante com a natureza e não colocá- lo como mero observador, sujeito a regras estritas, descrevendo exclusivam ente o que não deve ou não pode ser feito.

Em relação à percepção dos im pactos causados pela visitação, o estudo de Takahashi (1998) aponta dois indicadores – danos causados à vegetação e ruídos provocados por outros visitantes – com o aspectos que influenciam a qualidade da experiência dos visitantes. Nas duas áreas estudadas pela autora 65% dos visitantes apontaram que esses indicadores afetavam negativam ente a sua experiência. Segundo Takahashi (1998), este resultado dem onstra que a m aioria dos visitantes percebe os im pactos provocados pelo uso recreativo.

(25)

2 .2 I m pact os do uso público

Alguns term os serão aqui definidos de form a a uniform izar o texto desta dissertação. O term o im pact o ecológico será utilizado para identificar qualquer

alteração biofísica indesejada presente nos recursos naturais causada por fatores relacionados à visitação. Atividades recreativas podem causar im pactos em todos os elem entos dos recursos naturais presentes em um ecossistem a. Solo, vegetação, faun a e água são os quatro prim eiros elem entos a serem afetados. Os vários com ponentes ecológicos são inter- relacionados de forma que um impacto em um único elem ento pode eventualm ente resultar em efeitos sobre vários outros elementos (Hammitt & Cole, 1998).

O termo im pact o r ecr eat iv o será utilizado para identificar os distúrbios

causados pelo uso público na qualidade da experiência dos visitantes. Segundo Graefe et al. (1990) a presença de outros visitantes nas proxim idades e o seu com portam ento pode influenciar direta ou indiretam ente a percepção de qualidade da experiência das pessoas. Quando a taxa de encontros entre grupos aum enta, os visitantes tendem a se sentir em um a m ultidão e m enos satisfeitos. Esta sensação pode ocorrer quando o número, o comportamento ou a proxim idade com outros indivíduos não corresponde às expectativas dos visitantes. Além disso, sinais evidentes de im pacto com o lixo, fogueiras e vandalism o tam bém podem afetar a percepção dos visitantes e conseqüentem ente a qualidade da sua experiência na área natural.

A ocorrência de im pactos nas áreas naturais é conseqüência inevitável do uso, seja ele realizado com objetivos educacionais ou recreativos. Mesm o os visitantes m ais conscientes deixam pegadas e, não intencionalm ente, perturbam a fauna. De acordo com Cole (2000), os im pactos m ais graves acontecem quando o núm ero de visitantes é m uito alto, quando os visitantes apresentam com portam entos inapropriados ou ainda quando as áreas não são m anejadas adequadam ente.

(26)

O estudo científico dos im pactos da visitação, tam bém conhecido com o

recreat ion ecology ou ecologia da recreação, é um a tentativa de encontrar respostas

para lacunas do conhecim ento e inform ações necessárias sobre os im pactos ecológicos e recreativos crescentes em áreas naturais, protegidas ou não (Leung & Marion, 2000).

A ecologia da recreação pode ser definida com o a área de estudo que exam ina, avalia e m onitora im pactos causados pela visitação, tipicam ente em áreas naturais protegidas, e suas relações com os fatores que os influencia (Ham m itt & Cole, 1998; Liddle, 1997; Marion, 1998). Este conhecim ento pode auxiliar os adm inistradores e técnicos a identificar e avaliar im pactos nos recursos, facilitando o ent endim ent o das causas e efeitos e aum entando a com preensão a respeito de prevenção, m itigação e m anejo de problem as.

Em um a análise am pla, a ecologia da recreação pode ser considerada um estudo das inter- relações entre as pessoas e o am biente em um contexto de turism o e recreação, tornando- se assim um conjunto de inform ações essencial para o m anejo profissional e técnico dos recursos naturais e das experiências proporcionadas pela visitação (Leung & Marion, 2000).

O cam po de estudo da ecologia da recreação teve início na década de 1920 (Meinecke2 citado por Leung & Marion, 2000), em bora observações anteriores de

im pactos da visitação estejam disponíveis (Liddle, 1997). Entretanto, a grande m aioria dos estudos científicos nessa área só foi desenvolvida no final da década de 1960, quando o uso público das áreas protegidas dos Estados Unidos sofreu um rápido e significativo aum ento, acarretando os im pactos a ele associados.

IMPACTOS EM ÁREAS DE ACAMPAMENTO

Segundo Cole (1992), os acam pam entos em áreas naturais são um a das principais atividades de recreação ao ar livre e têm o potencial de gerar im pactos significativos nos recursos naturais. I sso se deve à natureza da atividade, que concentra os im pactos em pequenas extensões de área e apresenta períodos relativam ente longos de duração.

2 MEI NECKE, E. A r e por t on t he e ffe ct of e x ce ssive t our ist t r a ve l on t he ca lifor nia r e dw ood

(27)

De acordo com Cole et al. (1997), as alterações ecológicas causadas pela atividade de acam pam ento são intensas e localizadas, pois a m aior parte dos im pactos ocorre ao redor das áreas de cam ping. Entretanto, os im pactos tam bém

podem ser extensivos em áreas turísticas populares.

As áreas de acam pam ento cum prem o papel de pontos de concentração de atividades recreativas e por isso evidências de im pactos nestas áreas podem dim inuir a qualidade da experiência do visitante (Roggenbuck et al., 1993). Desta form a, im pactos ecológicos em áreas individuais associados à proliferação de áreas de acampamento ao longo de uma área maior podem representar uma ameaça im portante aos valores ecológicos e sociais de um a unidade de conservação.

Poucos estudos recentes exam i naram a influência de fatores relacionados ao uso sob o impacto nas áreas de acampamento. Um estudo experimental desenvolvido por Cole (1995) concluiu que a cobertura vegetal relativa sofreu um a redução de até 66% após um a noite de acam pam ento em quatro tipos de vegetação. O im pacto associado com três noites adicionais de acam pam ento foi m enos substancial, causando um a redução na cobertura vegetal relativa de apenas 50% . Os resultados desse estudo corroboram de m odo geral os resultados de estudos anteriores (Cole, 1987) que descreve um a relação curvilínea entre o uso e os im pactos (Figura 1).

Q u a n ti d a d e d e I m p a ct o (e x .: c o m p a ct a çã o d o s o lo , p e rd a d e v e g e ta çã o )

Anos de Uso Fonte: Ham pton & Cole (1998).

(28)

Os impactos aumentam rapidamente durante os primeiros anos após a área ter sido aberta e depois aum entam m uito m ais devagar, chegando a estabilizar- se. Descrevendo o com portam ento de áreas de acam pam ento, Cole & Marion (1986) encontraram um breve período de abertura, quando a área é inicialm ente utilizada por visitantes – o período no qual a m aior parte do im pacto ocorre – e um período de equilíbrio dinâm ico que apresenta m udanças m uito pequenas. I sso ocorre porque t odo o im pacto que poderia acontecer na área já aconteceu, ou seja, toda a vegetação foi rem ovida, o solo perdeu sua cam ada de m atéria orgânica e está totalm ente com pactado.

Outros im pactos em áreas de acam pam ento não ocorrem tão rapidam ente com o uso inicial e podem continuar a deteriorar com o decorrer do tem po. O estudo de tendências em áreas de acam pam ento (Cole & Hall, 1992) m onitoradas ao longo de 5 a 11 anos em três áreas naturais localizadas no oeste norte-am ericano, concluiu que as áreas de acnorte-am pnorte-am e nto aumentarnorte-am em tnorte-amanho e condições de degradação no decorrer do tem po. Entre os im pactos que apresentaram piores condições estão: exposição de solo m ineral, danos a árvores e expansão da área.

Os visitantes passam tem po considerável nas áreas de acam pamento, e suas atividades podem perturbar as atividades naturais da fauna silvestre, atrair anim ais ou m odificar habitats através de im pactos na vegetação e no solo. Anim ais silvestres que evitam áreas de acam pam ento podem ser afastados de áreas críticas em relação a fontes de água, um im pacto m uito severo em áreas que apresentam poucas fontes de água (Ham m itt & Cole, 1998).

(29)

IMPACTOS EM TRI LHAS

As trilhas proporcionam acesso a atrativos e a áreas m ais rem otas de uma unidade de conservação e são um com ponente vital em um Plano de Uso Público. As trilhas devem ser criteriosam ente localizadas, planejadas, construídas e m antidas de m odo a perm itir a conservação dos recursos naturais e a realização de experiências adequadas pelos visitantes. Trilhas em m ás condições podem ser o resultado de deficiências em qualquer um dos fatores listados anteriorm ente (i.e. localização, construção, etc.), ou ainda o resultado de atividades de uso público que excedam a capacidade físic a de um determinado segmento da trilha (Hammitt & Cole, 1998).

Os tipos de impactos mais comuns observados em trilhas incluem expansão excessiva da largura, pontos de concentração de lam a e erosão do solo (Leung & Marion citados por Monz, 1999). De form a a m anter a prioridade da conservação dos recursos naturais é sem pre desejável corrigir esses problem as ou ainda evitá-los através do planejam ento e m anejo adequados. Trilhas construídas ou abertas de maneira incorreta freqüentemente requerem um gasto signif icativo de recursos para sua m anutenção e adequação. Esses im pactos ainda fazem o uso recreativo das trilhas difícil, inseguro ou esteticam ente pouco atrativo.

As prim eiras pesquisas sobre im pactos em trilhas foram focadas na gravidade dos im pactos e nos fatores am bientais que afetam a degradação das trilhas (Leung & Marion3, 1996 citados por Leung & Marion, 2000). Um a variedade

de técnicas de avaliação e m onitoram ento foi desenvolvida, as quais podem ser classificadas em três abordagens diferentes:

( a) Medições Replicáveis (b) Am ostragem

( c) Censo

Essas abordagens foram aplicadas a áreas naturais protegidas de diversos países e incluem a avaliação de classes de condições, a avaliação de fotos aéreas, experim entos e m edições quantitativas.

Da mesma forma que em relação às áreas de acam pam ento, não existem m uitos estudos no Brasil sobre os im pactos do uso público em trilhas. Os estudos

(30)

existentes referem- se ao teste de m etodologias de avaliação am ericanas e sua adequação à realidade brasileira e ainda à seleção de indicadores de monitoramento.

Magro (1999) realizou um extenso estudo no Parque Nacional do I tatiaia visando identificar os fatores que exercem m aior influência sobre os im pactos do uso público em um a trilha do Planalto do PNI e estabelecer um a relação dest es resultados com o m anejo e conservação da área. Dentre os fatores analisados, os que apresentaram m aior relação com os im pactos ocasionados na trilha estão a declividade, a textura do solo original e a área da seção transversal. Em bora a trilha t ivesse seu uso proibido, a autora observou que não houve recuperação do seu leito no período de um ano. Ao contrário, em alguns lugares a erosão tornou - se mais acentuada. Segundo a autora as razões para isso são que não houve nenhum a ação para acelerar a velocidade de recuperação da vegetação e, m esm o fechada, a trilha continuou recebendo algum uso.

Takahashi (1998) realizou um a pesquisa que visou selecionar os indicadores que m elhor representassem o im pacto da visitação nas trilhas da RPPN Salto Morato. A trilha avaliada tinha 540 m etros de extensão e os indicadores ecológicos selecionados foram : resistência do solo à penetração, m icroporosidade, porosidade de aeração e conteúdo de carbono. O indicador recreativo com m elhor resultado foi a largura da trilha.

Passold (2002) desenvolveu um estudo visando selecionar indicadores de im pacto recreacional para o m onitoram ento do uso público em áreas naturais, em especial trilhas. A autora sugere os seguintes indicadores para o m onitoram ento: presença de serrapilheira, núm ero de árvores com raízes expostas, área de vegetação degradada, núm ero de trilhas não oficiais, presença de lixo e núm ero de árvores danificadas.

Todas as autoras sugerem que as pesquisas continuem e m ais trabalhos sobre a adequação das m etodologias de avaliação e m onitoram ento dos im pactos do uso público nos recursos naturais sejam realizados no Brasil.

(31)

im pactos biofísicos podem ser encontradas em Hammitt & Cole (1998) e Liddle (1997).

A Tabela 1 resum e as form as com uns de im pactos causados pelo uso público em áreas naturais.

Tabela 1. Form as com uns de im pactos causados pelo uso público em áreas naturais

COMPONENTE ECOLÓGI CO

Solo Veget ação Fauna Água EFEI TOS

DI RETOS

com pact ação do solo redução da alt ura e do vigor

alt eração do habit at

int rodução de espécies exót icas perda de m at éria

orgânica

perda de cobert ura veget al

do solo

perda de habitats aum ento na turbidez

perda de solo m ineral perda de espécies frágeis

int rodução de espécies exót icas

aum ento da adição de nut rient es perda de arbust os

e árvores

am eaças à fauna aum ento do nível de pat ógenos

( bactérias) danos aos t roncos

das árvores

m odificação do com portam ento da

fauna

alt eração na qualidade da água

int rodução de

espécies exót icas hábit os relat ivos à alt eração de alim ent ação, consum o de água

e refúgio

r edução da qualidade dos ecossist em as

aquát icos

EFEI TOS I NDI RETOS

redução da um idade do solo

m udanças na com posição

floríst ica

redução das condições de saúde e bem - estar

físico

m udança nas caract eríst icas da

água

aceleração do processo erosivo

alt eração no m icroclim a

redução das t axas de reprodução

crescim ent o excessivo de algas alt eração das

atividades m icrobiót icas do solo

aceleração do processo erosivo

do solo

aum ento na taxa de m ort alidade

m udança na com posição da

fauna Fonte: Leung & Mario n (2000)

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umidade, nutrição e presença de m icroorganism os. Estas m udanças, que afetam a capacidade do solo de perm itir o desenvolvim ento da vegetação, são bastante evidentes nos solos nus e com pactados das áreas de acam pam ento. A com pactação, através da redução das taxas de infiltração de água, aum enta a enxurrada e, conseqüentem ente, a erosão. Os im pactos causados pela erosão são m ais graves em trilhas e áreas de uso de veículos of f -road.

A m aioria destas m udanças nas condições dos solos inibe o estabelecim ento da veget ação, acent uado pelo im pacto causado pelo pisoteam ento e abrasão causada por veículos ou bicicletas. A cobertura da vegetação, as taxas de crescim ento e a capacidade reprodutiva sofrem reduções. Em relação às árvores, ocorre um a alteração na estrutura etária da população. Em m uitas áreas de acam pam ento, as populações arbóreas constituem- se som ente de indivíduos velhos ou de meia- idade, pois há falta de reprodução. Mesm o estas árvores antigas estão m arcadas com gravações feitas à faca e têm a m aioria de seus galhos arranc ados para serem queim ados em fogueiras. A vegetação de sub- bosque varia muito em sua habilidade de resistir aos impactos do uso público. Devido à sua maior capacidade de resistência, a com posição da vegetação tende a voltar- se para as espécies m ais resistentes ao im pacto. A habilidade de desenvolver- se próxima ao solo é um m ecanism o de sobrevivência im portante que explica parcialm ente a altura reduzida da m aioria da vegetação presente em áreas usadas pelos visitantes (Hammitt & Cole, 1998).

Em bora os efeitos indiretos que os im pactos no solo exercem sobre a vegetação sejam particularm ente óbvios, os efeitos indiretos que os im pactos na vegetação causam no solo são m ais sutis. A perda da cobertura vegetal acarreta a perda de matéria orgânica, causando um aume nto no processo erosivo. O im pacto sobre a vegetação tam bém se relaciona com o im pacto na fauna, especialm ente através da alteração de habitats (Graefe et al., 1990).

(33)

rem oção do habitat e da fonte de alim ento de m uitos insetos. Muitos destes anim ais têm efeitos im portantes no solo e na vegetação, através de seu papel com o decom positores e seu lugar na cadeia alim entar e no ciclo de nutrientes. Estruturas populacionais alteradas, distribuição espacial e abundância e m esm o com portam ento irão, conseqüentem ente influenciar o solo, a vegetação e os recursos hídricos (Knight & Cole, 1995; Liddle, 1997).

A qualidade da água é reduzida através da adição de nutrientes e poluentes, incluindo os sedim entos gerados pelo processo erosivo e tam bém através da contam inação por patógenos. A contam inação por patógenos pode ser o resultado do tratam ento inapropriado dos dejetos hum anos, m as é m ais com um ente causada pelos dejetos de anim ais silvestres que apresentam patógenos em seu organism o. A poluição das fontes d’água, causada por diversos fatores, altera a quantidade de oxigênio dissolvido e m odificando os padrões de crescim ento e sobrevivência das plantas aquáticas (Ham m itt & Cole, 1998).

Cole (1990) sugere que os im pactos m ais significativos apresentam as seguintes características: (i) perturbam seriam ente a função dos ecossistem as, (ii) ocorrem em grandes áreas, (iii) afetam ecossistem as raros. Em particular, im pactos que causam alterações a longo prazo e/ ou mudanças irreversíveis são os mais problem áticos.

Segundo Leung & Marion (2000), diversos estudos mostram que os impactos causados pelo uso público afetam um a porção relativam ente pequena das áreas protegidas. Por exem plo, um estudo desenvolvido por estes m esm os autores em 1997 no Parque Nacional Great Sm oky Mountains (EUA) m ostrou que os im pactos causados pela visitação afetavam som ente 0.05% da área total do parque. Os m esm os autores estudaram as áreas de acam pam ento da Floresta Nacional de Virgínia Jefferson (EUA) e reportaram que estas áreas correspondiam a 0.007% da área total. Os im pactos adjacentes às trilhas e às áreas de acam pam ento provavelm ente aum entam em duas ou três vezes a área im pactada, o que ainda assim representa um a porção pequena da área total sob proteção.

(34)

Entretanto, m esm o im pactos localizados podem causar danos a espécies raras ou am eaçadas de extinção, prejudicar ecossistem as sensíveis ou dim inuir o bem- estar dos ecossistem as. Por exem plo, a coleta e a queim a de m adeira em am bientes desérticos ou em áreas bastante elevadas, onde a produção é baixa, pode prejudicar o ciclo de nutrientes crítico a plantas que dependem da m atéria orgânica e dos nutrientes presentes na m adeira (Fenn et al4. citados por Leung & Marion, 2000). Além disso, certas form as de im pacto (com o a perda de solo) ou certos am bientes (com o cam pos de altitude) possuem taxas de recuperação m uito baixas, necessitando de longos períodos de tem po para recuperar- se, mesmo que a degradação tenha sido lim itada e pequena (Liddle, 1997).

Os im pactos causados pela visitação tam bém podem ser expandidos m uito além da área im pactada diretam ente (Cole, 1990). Exem plos disso é a introdução de espécies exóticas que podem alterar a dinâm ica do ecossistem a em grandes porções de área, ou ainda, a sedim entação de riachos devido ao processo erosivo de trilhas e acam pam entos, capaz de reduzir a qualidade dos ecossistem as aquáticos para populações de peixes e insetos.

Outro fator relevante é o fato de que a m aior parte das atividades relacionadas ao uso público é desenvolvida em locais com alto valor paisagístico, cujo valor é atribuído m uitas vezes a aspectos de relevo e presença de água. De maneira geral, áreas com uso público representam também locais de grande valor biológico. Assim, mesmo representando proporções pequenas, os locais afetados podem representar perda de áreas com alto valor biológico.

2 .3 Manej o do uso público

Os adm inistradores das áreas naturais protegidas são continuam ente confrontados com problemas relacionados aos impactos causados pela visitação nas principais unidades de conservação e em outras áreas naturais. Estes im pactos am eaçam o com prom isso que as unidades têm em m anter os recursos naturais conservados enquanto proporcionam oportunidades para o uso público.

(35)

Um objetivo prioritário para o m anejo do uso público em áreas naturais protegidas é evitar os im pactos que podem ser evitados e m inim izar os que não o são. Para atingir este objetivo, os adm inistradores devem educar os visitantes e regular o uso efetivam ente ao mesmo tempo em que manejam os recursos naturais (Leung & Marion, 2000). Destaca- se aqui a necessidade de educação e treinam ento para os técnicos e adm inistradores das unidades de conservação, um a lacuna identificada por Takahashi (2002), que pode com prometer seu im portante papel na educação dos visitantes.

Um a vez com preendidos os im pactos (quais são, sua m agnitude e padrões de ocorrência), o m anejo do uso público deve estabelecer padrões sobre quanto impacto é muito. Na terminologia utilizada por Stankey et al. (1985), os adm inistradores devem estabelecer “lim ites aceitáveis de m udança”. A ocorrência de m udanças na natureza é um a norm a; a variação natural nas taxas e nas características das m udanças é aceitável. As m udanças acim a desse nível const it uem alterações causadas pelo hom em ou im pactos. Nas zonas consideradas de uso intensivo e extensivo, um a certa quantidade de alterações ou im pactos deve ser considerada aceitável, com o a supressão da vegetação para a abertura de trilhas e áreas de acam pam ento. O lim ite das m udanças aceitáveis, um a decisão ligada ao m anejo, divide os im pactos aceitáveis dos im pactos não aceitáveis.

O m anejo dos im pactos causados pelo uso público afeta diretam ente a qualidade dos recursos utilizados pela visitação e a experiência do visitante. Atingir o equilíbrio apropriado entre os objetivos de conservação dos recursos e a oferta de experiências de qualidade aos visitantes freqüentem ente requer tom adas de decisão que trocam experiências de uso com qualidade pela conservação dos recursos. Tais decisões são difíceis e com um ente controversas e precisam ser em basadas tecnicam ente e alinhadas com a legislação pertinente (Leung & Marion, 2000).

(36)

Os técnicos responsáveis pelo m anejo destas áreas, em especial dos parques, deparam- se há anos com problem as relativos ao im pacto da visitação e procuram alternativas para m elhor resolvê- los, e em muitos lugares eles fizeram pouco para enfrentar estes problem as. Na m aioria das vezes, o uso é proibido, pois o m anejo im plica gastos e recursos hum anos m uitas vezes não disponíveis.

De acordo com Magro (2003), quando a busca por áreas naturais não era intensa, o fecham ento de trilhas, área de acam pam ento e até m esm o o im pedim ento total do acesso a alguns parques nacionais não gerava discussões junto à opinião pública. Atualm ente, o aum ento significativo no uso público dessas áreas tem gerado pressões para que o acesso seja restabelecido, criando problem as adm inistrativos. A pressão para a abertur a de novas áreas para o desenvolvim ento de atividades, freqüentem ente aquelas que envolvem “esportes radicais”, tam bém tem aum entado. Segundo a autora, passam os de um a situação onde havia um a certa letargia do público diante de um a situação que parecia im utável para um posicionam ento m ais participativo. Observam os m anifestações de desagrado com relação à im plantação de m edidas m itigadoras que se tornam ações de caráter permanente.

Ao m esm o tem po, o uso público é visto com o um a excelente oportunidade de desenvolvim ento e de geração de recursos financeiros para a unidade de conservação, pois o turism o gerado pela oportunidade de visitação a essas áreas pode, se bem adm inistrado, trazer diversos benefícios econôm icos para a própria unidade e, sem dúvida, para as com unidades do entorno (Kinker, 1999).

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Ent ret ant o, o desafio de percorrer o cam inho de um extrem o ao outro é longo e dem orado, e com o resultado m uitas vezes estas áreas continuam a oferecer oportunidades de recreação e lazer para um grande núm ero de pessoas, m as estas oportunidades não correspondem às exp ectativas dos visitantes com relação a um a experiência de qualidade.

Quando estudam os com o o uso público das áreas naturais protegidas deve ser m anejado, é im portante entender quem são os visitantes dessas áreas e com o eles avaliam as condições do local. Os visitantes são novatos com pouca experiência e com prom etim ento com as áreas naturais, com o eles são m uitas vezes caracterizados, ou são visitantes que freqüentam usualm ente áreas naturais rem otas? Com o os visitantes avaliam as condições das áreas que visitam? Como essa avaliação se com para com as expectativas e em que extensão as condições existentes afetam a experiência dos visitantes? Os visitantes apóiam as ações de m anejo atuais? Quais são suas preferências em relação às ações de m anejo no futuro?

De acordo com Roggenbuck & Lucas ( 1987) , conhecer as características básicas dos visitantes perm ite com preender m elhor quem e quantos são os visitantes; quando e onde a visita ocorre; e de que m odo as pessoas recebem os benefícios das áreas naturais. Estas inform ações ajudam os técnicos, adm inistradores e pesquisadores a com preender o com portam ento dos usuários, bem com o as causas e potenciais soluções dos im pactos ecológicos causados pelos visitantes. Entendendo m elhor as características dos visitantes aum ent a- se o profissionalismo do manejo e pode- se m elhorar a qualidade da experiência do público.

O objetivo do I BAMA com relação à visitação nas unidades de conservação é estabelecer um a relação equilibrada entre custo e benefício da visitação. Para isso é fundam ental ter um processo de adm inistração eficaz das unidades de conservação, que contem ple program as de educação, inform ação e interpretação voltados aos visitantes, assim com o im plantar program as de desenvolvim ento sustentável para o entorno das unidades e, ainda, tom ar decisões políticas coerentes (I BAMA, 2002a).

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• despreparo dos gerentes para a gestão das atividades de visitação; • pequeno contingente de pessoal nas unidades de conservação;

• pouca disponibilidade de recursos financeiros para im plem entação das atividades; • falta de pl anejam ento que englobe os atrativos e a população do entorno.

Com referência ao planejam ento, desde 1999 o I BAMA tem tom ado providências no sentido de preparar as unidades de conservação para a visitação através da elaboração de planos de uso público atualizados. No entanto, Jesus (2002) acrescenta que os técnicos da I nstituição enfrentaram alguns problem as durante esse processo, com o por exem plo, a pouca disponibilidade de profissionais com experiência na área, a necessidade de m anter a fidelidade aos obje tivos traçados nos Planos de Manejo e a abordagem conservacionista das atividades de visitação.

Outro ponto de estrangulam ento que freqüentem ente im pede que o m anejo do uso público seja eficaz são inform ações e dados confiáveis, pois assim com o dados de inventário são necessários para o m anejo de povoam entos florestais, o m anejo do uso público tam bém necessita de dados. I nfelizm ente, eles não estão disponíveis. O m anejo do uso público baseia- se freqüentem ente em suposições, experiência pessoal ou tentativa- e- erro. Em bora a opinião profissional dos gestores das áreas naturais seja m uito im portante, ela não substitui as inform ações e dados de m onitoram ento coletados sistem aticam ente. I sso é particularm ente im portante quando ocorre a alteração de políticas públicas e lideranças, o que é freqüente em instituições responsáveis pela gestão de áreas naturais protegidas (Ham m itt & Cole, 1998).

(39)

O m onitoram ento dos im pactos do uso público de form a sistem ática e técnica proporciona um a m aneira de avaliação das condições atuais dos recursos em relação aos objetivos de manejo, de forma que os problemas possam ser identificados. No decorrer do tem po, o m onitoram ento perm ite que tendências na m odificação das condições sejam identificadas. O m onitoram ento tam bém perm ite a avaliação da efetividade de program as e ações de m anejo assim com o a identificação de locais onde a alteração ou inclusão de ações de manejo sejam necessárias (Ham m itt & Cole, 1998).

Atualmente existem métodos de planejamento desenhados para lidar especificam ente com as questões do m anejo do uso público com o, por exem plo:

Lim it s of Accept able Change (LAC) (Stankey et al., 1985), utilizad o em unidades de

conservação e áreas protegidas dos EUA; Visit or Act ivit y Managem ent Process

(VAMP) (Graham , 1989), utilizado pelo sistem a de parques do Canadá; Visit or

I m pact Managem ent (VI M) (Graefe et al., 1990) e Visit or Experience and Resource

Pr ot ect ion (VERP) (Estados Unidos, 1993), desenvolvidos pelo Sistem a Nacional de

Parques dos EUA. Recentemente um novo método – Prot ect ed Area Visit or I m pact

Managem ent (PAVI M) - foi proposto por Farrell & Marion (2002) para o manejo do

im pacto da visitação em áreas protegidas dos países da Am érica Central e da Am érica do Sul. O objetivo do novo m étodo é avaliar os im pactos da visitação e identificar estratégias de m anejo, reconhecendo as lim itações que afetam as áreas protegidas dos países em desenvolvim ento.

Com a utilização desses m étodos, as decisões de m anejo são baseadas em dados coletados sistem aticam ente através de program as de m onitoram ento. Segundo Barros & Dines (2000), cada um desses m étodos dá m ais ênfase às condições desejadas para as áreas naturais do que a quantidade de uso que a área pode tolerar. I sto significa um avanço a partir do m étodo baseado na capacidade de carga, m ostrando que um a sim ples solução num érica é insuficiente para atender às necessidades de m anejo das áreas naturais.

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métodos de planejamento – estabelecim ento das condições sociais e am bientais desejadas para o futuro, seleção de indicadores e padrões – é adequada à realidade das unidades de conservação estudadas e seus resultados auxiliam o desenvolvim ento de Program as de Visitação que contribuam para que os objetivos de ma nejo da área protegida sejam alcançados.

Segundo o I BAMA (2002a), em um a frase de caráter conciliatório e verdadeiro: “para que o crescim ento do uso público venha a ser ordenado e o uso dos recursos potencializados, a fim de atingir os objetivos das unidades de conservação, o zoneam ento e o m anejo de áreas protegidas deverão oferecer oportunidades apropriadas de recreação ao ar livre e contato com a natureza, estim ulando um a experiência educativa e interativa entre os visitantes e as áreas naturais.”

2 .4 Educação do visit ant e

Muitos adm inistradores e pesquisadores de áreas naturais consideram a educação am biental um com ponente fundam ental para a sobrevivência das áreas naturais a longo prazo. A educação am biental pode inform ar as pessoas sobre os benefícios das áreas naturais, pode conscientizá- las sobre o valor cultural, am biental e experiencial da natureza e ainda pode auxiliar a construção do comportamento humano em relação ao ambiente natural (Gunderson et al., 2000).

Partindo de uma análise sobre o que tem sido realizado no cam po da educação am biental no Brasil, desde o que foi discutido nos últim os Fóruns de Educação Ambiental, Sorrentino (1997) afirma que hoje os proponentes de iniciativas na área am pliaram- se e se diversificaram . A partir de suas ob servações e experiências, o autor procura interpretar os diversos fazeres educacionais voltados à questão am biental, classificando- os em quatro grandes correntes: “ conservacionista” , “ gestão am biental” , “ econom ia ecológica” e “ educação ao ar livre”.

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na I nternet; m ateriais e treinam entos sobre o Program a Leave No Trace (nos EUA); folhetos e placas colocados nas entradas dos parques; program as de interpretação am biental; apresentações e palestras no local realizadas por funcionários e técnicos dos parques e ainda a incorporação da educação am biental nos com ponentes curriculares do contexto escolar.

A educação do visitante tem sido considerada com o a abordagem m ais apropriada para o manejo do uso público em áreas naturais tanto no exterior quanto no Brasil (I ndrusiak, 2000; Lucas et al., 1985; Vasconcellos, 2002). Segundo Gunderson et al. (2000), os adm inistradores de áreas naturais protegidas nos EUA tendem a preferir programas de educação que influenciam o com portam ento dos visitantes em relação a outras técnicas de m anejo porque a educação preserva a liberdade individual e a oportunidade de escolha que outras alternativas não contem plam . Sessenta por cento dos adm inistradores de áreas naturais prot egidas (wilderness areas) nos EUA indicaram que utilizam estratégias educacionais para lidar com diversos problemas relativos ao manejo (Washburne & Cole, 1983).

Existem diversas vantagens em relação à abordagem educacional, um a das quais é tirar o administrador e sua equipe do papel de “policial” que pode ser facilm ente desenvolvido em um a abordagem que priorize os regulam entos. Considerando o alto nível educacional observado na m aioria dos visitantes brasileiros (Takahashi, 1998; Kinker, 1999), a abordagem educacional tem uma probabilidade m aior de sucesso, pois os visitantes podem utilizar as inform ações, lidar com conceitos e suas inter- relações e com preender as razões por trás de um a determ inada estratégia de m anejo.

Uma pesquisa conduzida em Eagle Cap Wilderness Area (Watson et al., 1996), que com parou os valores e com portam entos dos visitantes de um a m esm a área em 1965 e 1993 verificou que os visitantes demonstravam maior apoio ao objetivo de m anter o caráter natural da área e tam bém eram m ais rest ritivos em relação ao com portam ento que consideravam adequado em um a área natural. Os pesquisadores concluíram que tanto os program as educacionais prom ovidos pela adm inistração da área, quanto as m udanças nos valores da sociedade contribuíram para essas mu danças de atitude.

(42)

Para Roggenbuck5 (1992), citado por Cole (2000), com portam entos inadequados

podem ser modificados através de program as de educação do visitante.

Entretanto, a abordagem educacional tem lim itações, sendo m ais eficaz quando utilizada para lidar com certos tipos de problem as. Por exem plo, a Tabela 2 apresenta um a classificação de diversos tipos de ações e com portam entos dos visitantes. Algum as dessas ações serão m uito pouco afetadas por program as educacionais. Ações ilegais, particularm ente as realizadas propositadam ente, são adm inistradas de form a m ais eficaz através da fiscalização com base na lei e aplicação de m ultas. Alguns im pactos não podem ser evitados e irão ocorrer na medida em que o uso em uma determinada área é permitido. Por exemplo, o solo sempre será pisoteado, mesmo que em níveis mínimos, e nenhum programa educacional irá elim inar esse im pacto.

Tabela 2. Tipos de ações dos visitantes, exem plos e estratégias de m anejo correspondentes

Tipo de ação Exem plo Ações de Manej o ( respost as) Ações ilegais Ut ilização de veículo em local

proibido ( m ot ociclet a)

Aplicação da lei ( m ult as)

Ações descuidadas Jogar lixo na t rilha, grit ar Persuasão, educação sobre os im pact os, aplicação das regras

Ações tecnicam ente inapropriadas

Cavar valet as ao redor das barracas

Educação sobre práticas e técnicas de m ínim o im pacto, apl icação das regras Ações desinform adas Uso concentrado Educação e inform ação

I m pact os inevit áveis Dej et os hum anos, im pact os ecológicos causados por uso cuidadoso

Redução do uso para lim itar os im pactos inevit áveis; realocação do uso para locais m ais resistentes

Fonte: Hendee et al. (1990)

As principais prem issas que em basam um a estratégia educacional voltada ao m anejo são: (1) m uitos im pactos e problem as são causados devido a um com portam ento descuidado e m al inform ado; (2) os visitantes, um a vez educados, estarão dispostos a adotar com portam entos apropriados; (3) através da educação

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dos visitantes sobre o que é um com portam ento adequado, m uitos problem as serão m inim izados, conseqüentem ente elim inando a necessidade de outras estratégias mais caras ou regulamentadoras (Hammitt & Cole, 1998).

I nform ações que expliquem aos visitantes “por que” um determ inado com portam ento é desejável são m uito im portantes para que o público o aceite e adote. Mas é preciso m ais estudos sobre quanto um a explicação ou em basamento técnico aum enta a adoção e a com preensão sobre um determ inado com portam ento ( Lucas et al., 1985) .

A educação do visitante é um a ferram enta im portante dentro das alternativas de m anejo disponíveis quando lidando com certos tipos de problem as. Adicionalm ente é preciso m ais estudos que identifiquem quais são as inform ações essenciais que devem ser fornecidas aos visitantes, qual é a m elhor form a de agregar e disponibilizar essas inform ações, com o determ inar se a educação está produzindo as mudanças de com portam ento esperadas e, finalm ente, com o avaliar a perform ance das diferentes estratégias educacionais em conjunto com as dem ais estratégias de m anejo.

2 .5 Educação para a prát ica de t écnicas de m ínim o im pact o

Alterar os padrões de uso e/ ou m udar o com portam ento dos visitantes são objetivos importantes das diversas ações de manejo planejadas para minimizar os im pactos recreativos e ecológicos indesejáveis (Manfredo6 cit ado por Confer et al.,

2000). A literatura existente sobre m anejo de áreas naturais protegidas, com o Hendee et al. (1990) e Ham m itt & Cole (1998), encoraja o uso de estratégias indiretas (com o a educação) para m udar o com portam ento dos visitantes, em relação ao uso de estratégias m ais diretas de m anejo com o aum ento das regras e a fiscalização.

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De acordo com Cole (1989a), os program as voltados para a educação do visitante precisam ir além de sim plesm ente ensinar o que os visitantes devem fazer. Esses programas devem objetivar mudar o modo como as pessoas pensam e avaliam o seu comportam ento. Sim plesm ente m udar o que os visitantes fazem seria efetivo se houvesse um conjunto definido de práticas e técnicas adequadas a todas as situações. I nfelizm ente, isso não é possível. A m elhor prática para um a determ inada situação pode ser a pior prática em outra situação. Por exem plo, quando um grupo segue uma trilha a melhor recomendação é andar em uma única fila. Quando o m esm o grupo está cam inhando fora de trilha, a recom endação é espalhar o grupo de form a a não criar um a nova trilha.

Os visitantes devem ser ensinados e m otivados a avaliar e julgar um a série de fatores, de form a a escolher a(s) ação(ões) que irá(ão) causar m enor im pacto. Eles precisam usar o seu julgam ento, aliado às técnicas apropriadas, para m inim izar im pactos (Cole, 1989a).

Ensinar o visitante a avaliar situações diferentes tam bém gera benefícios adicionais, como auxiliá- lo a desenvolver um a estrutura propícia para agregar novos conhecim entos e experiências. Essa estrutura poderá auxiliá- lo a aprimorar suas técnicas de m ínim o impacto. O comprometimento em praticar mínimo impacto tam bém deverá ser m aior se os visitantes possuírem um a estrutura para avaliar seu próprio com portam ento. E a sensação de satisfação é m aior quando o visitante decide qual é o com portam ento/ prática m ais adequado em vez de sim plesm ente seguir regras. As razões para adotar um determ inado com portam ento e a sua importância também devem ser mais evidentes (Cole, 1989a).

Os program as de educação do visitante tendem a fornecer poucas j ustificativas para suas recom endações. Por exem plo, os visitantes são freqüentem ente proibidos de acam par perto de rios; entretanto, as razões para essa recom endação não são claram ente explícitas. Quando não com preendem por que um a ação é im portante, os visitantes m uitas vezes concluem que ela não é relevante (Cole, 1989a).

Referências

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