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Contribuição familiar no controle da hipertensão arterial.

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Academic year: 2017

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CONTRI BUI ÇÃO FAMI LI AR NO CONTROLE DA HI PERTENSÃO ARTERI AL

1

Rosana dos Sant os Cost a2 Lidy a Tolst enk o Nogueir a3

A h ip er t en são ar t er ial est á r elacion ad a ao su r g im en t o d e d oen ças car d iov ascu lar es. Par a q u e o p acien t e consiga o cont r ole da doença é im pr escindív el o apoio da fam ília. O est udo t ev e com o obj et iv o analisar se a fam ília do hiper t enso cont r ibui posit iv am ent e par a o cont r ole de sua pr essão ar t er ial. Foi r ealizado na cidade de Ter esina com pessoas cadast r adas, no ano 2005, no pr ogr am a de hiper t ensão de um cent r o int egr ado de saú de. Os dados for am colet ados at r av és de en t r ev ist a in div idu alizada, u t ilizan do- se a t écn ica do in ciden t e crít ico. Após a análise de cont eúdo, ident ificou- se que o elem ent o conseqüência obt eve 146 referências, sendo 58 posit iv as e 88 negat iv as, definindo- se quat r o cat egor ias: aspect o fam iliar , aspect o financeir o, aspect o de saúde e aspect o em ocional. De acor do com os r elat os, pôde- se infer ir dificuldades no r elacionam ent o fam iliar , pr eocu pação do h iper t en so em r elação a seu s descen den t es e pou co en v olv im en t o da f am ília n o plan o de cuidado do doent e.

DESCRI TORES: hiper t ensão; t écnica de incident e cr ít ico; r elacionam ent o fam iliar ; enfer m agem

FAMI LY SUPPORT I N THE CONTROL OF HYPERTENSI ON

Hy per t ension is r elat ed t o t he incidence of car diov ascular diseases. Fam ily suppor t is essent ial for t he pat ient t o cont r ol t he disease. This st udy aim ed t o analy ze w het her t he fam ily posit iv ely cont r ibut es t o t he pat ient ’s cont r ol of t he disease. The r esear ch w as car r ied out in 2005 in Ter esina, PI , Br azil and inv olv ed people w ho were enrolled in t he Hypert ension Program of an I nt egrat ed Healt h Cent er. Dat a were collect ed t hrough individual in t er v iew s, u sin g t h e Cr it ical I n ciden t Tech n iqu e. Aft er t h e con t en t an aly sis, t h e elem en t Con sequ en ce w as ident ified in 146 r efer ences, 58 posit ive and 88 negat ive, com posing four cat egor ies: Fam ily, Financial, Healt h and Em ot ional Aspect s. Difficult ies in fam ily r elat ionships, pat ient s’ concer n w it h t heir descendant s, and t he fam ilies’ lit t le inv olv em ent in t he pat ient s’ car e w er e ident ified t hr ough t he r epor t s.

DESCRI PTORS: hy per t ension; t ask per for m ance and analy sis; fam ily r elat ions; nur sing

CONTRI BUCI ÓN FAMI LI AR EN EL CONTROL DE LA HI PERTENSI ÓN ARTERI AL

La h iper t en sión ar t er ial est á r elacion ada con el su r gim ien t o de en fer m edades car diov ascu lar es. Par a qu e el p acien t e con sig a con t r olar la en f er m ed ad es im p r escin d ib le el ap oy o d e la f am ilia. El est u d io t u v o com o obj et ivo analizar si la fam ilia del hiper t enso cont r ibuye posit ivam ent e en el cont r ol de su pr esión ar t er ial. Fue realizado en la ciudad de Teresina con personas regist radas, en el año de 2005, en el Program a de Hipert ensión d e u n Cen t r o I n t eg r ad o d e Salu d . Los d at os f u er on r ecolect ad os a t r av és d e en t r ev ist a in d iv id u alizad a, ut ilizándose la Técnica del I ncident e Cr ít ico. Después del análisis de cont enido se ident ificó que el elem ent o Con secu en cia obt u v o 1 4 6 r ef er en cias, sien do 5 8 posit iv as y 8 8 n egat iv as, def in ién dose cu at r o cat egor ías: Aspect o Fam iliar , Aspect o Financier o, Aspect o de Salud y Aspect o Em ocional. De acuer do con los r elat os se puede inferir dificult ades en las relaciones fam iliares, preocupación del hipert enso en relación a sus descendient es y poca par t icipación de la fam ilia en el plan de cuidado del enfer m o.

DESCRI PTORES: hiper t ensión; análisis y desem peño de t ar eas; ; r elaciones fam iliar es; enfer m er ía

1 Artigo extraído de Dissertação de Mestrado; 2 Mest re em Ciências e Saúde, e- m ail: rosanast cost a@hot m ail.com ; 3 Dout or em Enferm agem , Professor da

(2)

I NTRODUÇÃO

A

h i p er t en sã o a r t er i a l si st êm i ca é u m a doença de pr ev alência est im ada em cer ca de 15 a 20% da população adult a j ovem ( igual ou m aior que 20 anos) , podendo chegar a 50% nos idosos. Ela está r elacionada a 80% dos casos de acident e v ascular en cef á l i co e a 6 0 % d a s d o en ça s i sq u êm i ca s d o coração, m at ando aproxim adam ent e 3,9 m ilhões de p e sso a s p o r a n o n o m u n d o , se n d o , n o Br a si l , responsável, no ano de 2000, por 255.585 m ortes(1-2).

O su r gim en t o da h iper t en são ar t er ial est á associado a n u m er osos fat or es com o idade, sex o, fat ores genét icos, alim ent ares, obesidade, t abagism o, etilism o, atividade física, escolaridade, raça, ocupação no setor terciário da econom ia, m igração, baixo nível só ci o - e co n ô m i co e d o e n ça s co m o n e f r o p a t i a s, en d o cr i n o p at i as, co ar ct ação d a ao r t a e a cer t o s m edicam ent os( 3) .

O t r a t a m e n t o d a h i p e r t e n sã o t e m co m o o b j et i v o a r ed u ção d a m o r b i d ad e e m o r t al i d ad e ca r d i o v a scu l a r e s. En t r e t a n t o , e sse t r a t a m e n t o env olv e desde ensinam ent os sobr e a doença, suas int er- relações e com plicações, im plicando, na m aioria das v ezes, na necessidade de m udança de hábit os de vida e no uso de m edicam entos anti- hipertensivos, que at uam r eduzindo o v alor da pr essão ar t er ial e dim inuindo a ocorrência de event os cardiovasculares fatais e não fatais( 4).

Um a das pr incipais causas do insucesso do cont r ole da pr essão ar t er ial é a falt a de adesão ao t r at am en t o q u e en v olv e, além d o u so r eg u lar d o m edicam ent o, os aspect os referent es ao sist em a de saúde, a fatores sócio- econôm icos e, ainda, a aspectos relacionados ao t rat am ent o, ao pacient e e à própria dr oga. Par a que a t ent at iv a de cont r ole da doença sej a ef icaz, dev ido a su a gr an de com plex idade, é n ecessár io v alor izar o in div ídu o, r espeit an do su as crenças, idéias, valores, pensam ent os e sent im ent os sobre a pat ologia( 5).

A rede social que envolve o hipert enso t em a f u n ção d e in cen t iv ar at it u d es p essoais q u e se associam posit ivam ent e no m onit oram ent o da saúde, com o o com partilham ento de inform ações, auxílio em m om entos de crise e cuidados com a saúde em geral, incluindo cuidados com diet a, exercícios físicos, sono e adesão ao regim e m edicam ent oso. A presença da f am ília j u n t o ao doen t e é capaz de lh e t r an sm it ir t ranqüilidade, força e coragem , o que o faz sent ir- se seguro e am parado no convívio com a doença( 6).

No a t e n d i m e n t o co t i d i a n o a g r u p o s d e h iper t en sos, obser v a- se a pr esen ça de alt er ações fr eqüent es nos v alor es pr essór icos. Essa r ealidade pr eocupa o enfer m eir o, pela alt a m or bim or t alidade d a d oen ça, e o im p u lsion a n a b u sca d e solu ções v i sa n d o a o b e m - e st a r d o p a ci e n t e . D i a n t e d a relevância da tem ática foi proposto, para este estudo, an alisar, at r av és d a t écn ica d o in cid en t e cr ít ico, levando em consideração o elem ent o conseqüência, se a fam ília do hipert enso cont ribui posit ivam ent e no cont role de sua pressão art erial segundo o pont o de vist a do próprio doent e.

METODOLOGI A

Trata- se de um estudo descritivo, em que os d ad o s f o r am co l et ad o s p o r m ei o d e en t r ev i st as, utilizando- se a técnica do incidente crítico. Esta técnica perm it e obt er relat os de sit uações e/ ou experiências vivenciadas por um indivíduo que deve, por crit érios próprios, classificá- los com o posit ivos ou negat ivos, de acordo com os obj et ivos propost os para a função p r é - d e t e r m i n a d a . A p a r t i r d o s r e l a t o s e d e pr ocedim ent os necessár ios à análise dos dados se realiza a ident ificação dos com port am ent os crít icos e a d et er m in ação d as ex ig ên cias cr ít icas p ar a u m a det erm inada at ividade( 7- 8).

A t é cn i ca d o i n ci d e n t e cr ít i co é frequentem ente utilizada para a coleta de inform ações a part ir de experiências passadas e acont ecim ent os relevant es do com port am ent o hum ano. No ent ant o, p ossu i com o u m asp ect o lim it ad or a m em ór ia d o indivíduo, ou sej a, quanto m aior for o tem po entre a a t i v i d a d e o b se r v a d a e o se u r e l a t o , m e n o r é a quant idade e qualidade do incident e descrit o( 9).

Pa r t i ci p a r a m d o est u d o 2 1 p esso a s co m d i ag n ó st i co d e h i p er t en são ar t er i al , i n scr i t as n o pr ogr am a de hiper t ensão de um Cent r o I nt egr ado d e Saú d e n o an o d e 2 0 0 5 , em Ter esin a- PI , com dom icílio na zona urbana da capit al e idade igual ou superior a 18 anos.

(3)

Ap ó s a l ei t u r a d o s r el a t o s r ea l i zo u - se a ident ificação do elem ent o conseqüência e procedeu-se, em seguida, à categorização e sub- categorização, a par t ir das sem elhanças encont r adas nas falas. A def in ição dos in ciden t es cr ít icos com o posit iv os e negat iv os lev ou em consider ação o j ulgam ent o de cada ent r ev ist ado.

Esse pr oj et o f oi apr ov ado pelo Com it ê de Ét ica em Pesquisa da Universidade Federal do Piauí. Pr e ce d e n d o à r e a l i za çã o d a s e n t r e v i st a s, o s part icipant es foram esclarecidos quant o aos obj et ivos d o est u d o , en f a t i za d o q u e su a p a r t i ci p a çã o er a v olunt ár ia e liv r e de ônus em caso de desist ência. Em havendo concordância, era assinado o t erm o de Con sen t im en t o Liv r e e Esclar ecid o, f or m alizan d o, assim , a sua part icipação.

RESULTADOS E DI SCUSSÃO

De acordo com os relatos obteve- se um total d e 1 4 6 co n se q ü ê n ci a s, se n d o q u e 5 8 f o r a m m encionadas com o posit ivas e 88 com o negat ivas.

Par a a elabor ação do est udo opt ou- se pela a p r e se n t a çã o e a n á l i se a p e n a s d o e l e m e n t o conseqüência. De acor do com a análise dos r elat os f o r a m e l a b o r a d a s q u a t r o ca t e g o r i a s d e co n se q ü ê n ci a s, e e st a s f o r a m a g r u p a d a s e m subcat egorias, posit ivas ou negat ivas ( Tabela 1) .

Tabela 1 - Dist r ibu ição n u m ér ica das cat egor ias e su b ca t e g o r i a s d o e l e m e n t o Co n s e q ü ê n c i a, co m r ef er ên ci a p o si t i v a o u n eg at i v a, r el at ad o s p el o s hipert ensos acom panhados por um Cent ro I nt egrado de Saúde. Teresina, 2007

: a i c n ê ü q e s n o C s a i r o g e t a c b u s / s a i r o g e t a

c Positivon Negativon Total

r a il i m a F o t c e p s A a il í m a f a n a i n o m r a

H 05 _ 05

m o c o ã ç a p u c o e r P s o t e n / s o h li

f 05 08 13

e r t n e o t n e m a n o i c a l e R s o g i m a / s e r a il i m a

f 14 16 30

s e t n e r a p e d e t r o

M _ 02 02

o r i e c n a n i F o t c e p s A a il í m a f a n a r i e c n a n if a i r o h l e

M 07 _ 07

a r i e c n a n if e d a d l u c if i

D _ 06 06

e d ú a S e d o t c e p s A l a i r e t r a o ã s s e r p a d e l o r t n o

C 06 _ 06

e d ú a s e d o t n e m a t a r

T 03 07 10

e d o d a t s e o d o ã ç a r e tl A e d ú a

s 01 22 23

l a n o i c o m E o t c e p s A r a t s e -m e

B 16 _ 16

l a n o i c o m e o ã ç a r e tl

A 01 20 21

o v it a t e g e v o r u e n o i b r ú t s i

D _ 07 07

l a t o

T 58 88 146

A cat egor ia Aspect o Fam iliar apr esent ou o m aior n ú m er o d e r ef er ên cias e f oi com p ost a p or q u at r o su b cat eg or ias: Har m on ia n a f am ília, com referências relacionadas a m om entos de tranqüilidade e paz; Preocupação com filho/ netos, em que os relatos posit iv os se r ef er ir am à separ ação de f ilh os e os n egat iv os dem on st r ar am m om en t os de sofr im en t o v i v i d o s p o r m ães e av ó s; Rel aci o n am en t o en t r e f a m i l i a r e s/ a m i g o s, cu j a s r e f e r ê n ci a s p o si t i v a s d e m o n st r a r a m sa t i sf a çã o d o s p a ci e n t e s e m t e r f a m i l i a r e s p r ó x i m o s e a s n e g a t i v a s r e f l e t i r a m d esen t en d i m en t os e d i scór d i a en t r e f am i l i ar es e am igos; Mort e de parent es, com relat os referent es a m orte de filho e pai.

A f am ília r ep r esen t a, p ar a a m aior ia d as pessoas, um a im portante fonte de apoio e segurança, perm it indo t roca de am or, afet o, respeit o e valor( 10-1 10-1 ). A o r g a n i za çã o f a m i l i a r e su a s i n t e r a çõ e s

influenciam dir et am ent e no sucesso do t r at am ent o d a h i p er t en sã o a r t er i a l , f a t o est e q u e p o d e ser percebido no relat o a seguir:

Minha filha t inha um nam oro com um suj eit o que eu

não gost ava. No dia que ela m e disse que t inha acabado com ele

foi um a paz, a casa ficou m ais t ranqüila, sem brigas, at é m inha

pressão cont rolou. ( part icipant e 3) .

A pr eocupação com fam iliar es é um a font e con st an t e d e est r esse e an sied ad e p or p ar t e d o hipert enso, podendo levá- lo a um a redução no aut o-cuidado, descont r ole da doença e ao agr av am ent o do seu estado de saúde, com o observado no exem plo a seguir.

Quando m eu filho decidiu viaj ar para São Paulo fiquei

m uit o preocupada porque lá é violent o e ele bebe. Quando ele

est ava se arrum ando pra sair a m inha pressão ficou t ão alt a que

eu t ive derram e. ( part icipant e 4) .

A dificuldade na adesão e o desinteresse pelo t rat am ent o aum ent am quando não há envolvim ent o d a f a m íl i a n o cu i d a d o d i á r i o co m o d o e n t e e o relacionam ent o ent re seus m em bros é conflit uoso( 11-12). No ent ant o, quando a fam ília assum e seu papel

d e cu id ad or, p er ceb e- se r esp ost a sat isf at ór ia n o cont r ole da doença, com o é ex em plificado na fala abaix o:

Eu est ava sem dinheiro para com prar a m edicação e

resolvi não t om ar m ais nenhum rem édio. Aí a m inha filha m e

disse: m ãe t om a pelo m enos os que t êm , deve servir, é m elhor do

que nada. E ela foi pegar os rem édios e m e deu. Eu senti um a alegria

m uito grande saber que alguém gosta de m im . (participante 4).

(4)

con t r ibu in do ain da m ais par a o descu ido com su a saúde( 13). Em circunst âncias com uns o hipert enso j á

necessit a de apoio de sua r ede social e quando se trata de m om entos tensos e tristes, com o a perda de u m f a m i l i a r, é n e ce ssá r i o, co m e sse d o e n t e , co m p r e e n sã o , a j u d a e co m b a t e a o s m e d o s e isolam ent o. O relat o a seguir é um exem plo de um a situação em que a m ãe necessita do am paro da fam ília para a cont inuidade dos cuidados com sua saúde.

Um dia eu soube que m eu filho est ava preso no Pará.

Ele saiu da prisão e volt ou pra casa novam ent e. Três m eses

depois que chegou t ent ou roubar o com ércio da própria casa.

Depois disso ele decidiu ir em bora e nesse dia foi a últ im a vez

que eu vi m eu filho vivo. Aí eu só fui saber not ícia dele quat ro

m eses depois quando ele m orreu. A polícia m at ou m eu filho.

( part icipant e 12) .

A cat egoria Aspect o Financeiro obt eve duas subcat egor ias: Melhor ia financeir a na fam ília, cuj as referências posit ivas se relacionaram à sensação de al ív i o co m o p ag am en t o d e d ív i d as; D i f i cu l d ad e f i n a n ce i r a , co m r e l a t o s n e g a t i v o s r e f e r e n t e s a descont r ole financeir o.

A dificuldade financeira que o país enfrent a r eflet e- se dir et am ent e no âm bit o fam iliar t r azendo incer t eza, insegur ança e m edo. Quando a sit uação e n v o l v e o h i p e r t e n so , p o d e a ca r r e t a r g r a v e s p r o b l e m a s r e l a ci o n a d o s à a q u i si çã o d e m ed i ca m en t o s, r ea l i za çã o d e ex a m es, a d esã o a h áb it os sau d áv eis e m esm o d ist ú r b io em ocion al, levando a um descont role da pressão art erial( 13- 14). A

fala que segue exem plifica um a circunstância em que a dificuldade financeira na fam ília alt era o est ado de saúde do pacient e:

Eu t inha que levar um dinheiro pra com prar um as coisas

pro m eu pai e eu não t inha nada aí, t ive que t irar do dinheiro que

m inha filha tava guardando pra pagar as contas dela e descontrolou

t udo lá em casa. Eu fiquei chat eada e t rist e, a pressão alt erou na

hora ( part icipant e 17) .

A pr esença ou ausência de desem pr ego na f a m íl i a i n t e r f e r e n a s r e l a çõ e s e se n t i m e n t o s vivenciados pelos seus m em bros, podendo m elhorar o relacionam ent o fam iliar, com o evidenciado na fala a seguir.

A gent e t ava aperreada por causa de um as dívidas e

m inha filha arranj ou um em prego e com uns dois dias depois eu

recebi a pensão que o I NSS não t ava querendo liberar. Ah! Com o

foi bom ! Pagam os as dívidas e, com isso m inha pressão ficou

bem . ( part icipant e 8) .

A categoria Aspecto de Saúde apresentou três su b ca t e g o r i a s: Co n t r o l e d a p r e ssã o a r t e r i a l ;

Tr at am en t o d e Saú d e, cu j as r ef er ên cias p osit iv as r e l a ci o n a r a m - se a i m p o r t â n ci a d o u so d e m e d i ca m e n t o s e a s n e g a t i v a s r e f e r i r a m - se a necessidade de int er nação; Alt er ação do est ado de saúde, com relat os posit ivos acerca da m elhoria de problem as de saúde e negat ivos sobre circunst âncias de m al- est ar, desm aio e perda de peso.

O co n t r o l e d a p r e ssã o a r t e r i a l r e d u z si g n i f i ca t i v a m e n t e o r i sco d e co m p l i ca çõ e s ca r d i o v a scu l a r e s, p r i n ci p a l m e n t e o s a ci d e n t e s vasculares encefálicos. No ent ant o, um dos m aiores desafios no com bat e à hipert ensão art erial refere- se à adesão ao t rat am ent o.

Os r elat os que t iv er am com o conseqüência o cont role da pressão art erial foram perm eados por cir cunst âncias de sat isfação por par t e do pacient e, com o na fala abaixo.

Um a coisa boa foi no dia que m eu filho conseguiu a

guarda dos filhos dele. A m ãe das crianças não cuidava bem

deles. Quando m eu filho ganhou na j ust iça eu m e t ranqüilizei e

passei m uit os m eses com m inha pressão cont rolada. ( part icipant e

11) .

Os relatos de questões sobre o tratam ento e alteração do estado de saúde apresentaram um m aior n ú m er o d e r ef er ên cias n eg at iv as. A p r esen ça d e d o en ça o u i n cap aci d ad e f ísi ca g er a l i m i t açõ es e angúst ias ao indiv íduo, que necessit a de am par o e cuidado de sua fam ília, a qual passa, t am bém , por m o m e n t o s d e e st r e sse e n e ce ssi d a d e d e adapt ação( 11).

Os p r ob l em as cot i d i an os são cap azes d e causar alt erações no est ado de saúde do hipert enso, co m o a d i f i cu l d a d e n o r e l a ci o n a m e n t o co n j u g a l relat ada na fala abaixo:

O m eu casam ent o t inha m uit a confusão e um belo dia

m eu m arido m e deu a not ícia que ia m e deixar e que ia m orar com

outra m ulher. Eu sofri m uito com a notícia. Minha pressão aum entou

na hora. Passei m al e fui parar no hospit al. ( part icipant e 1) .

Na cat egoria Aspect o Em ocional encont ram -se t r ê s su b ca t e g o r i a s: Be m - e st a r, co m r e l a t o s r efer ent es a m om ent os de alegr ia, t r anqüilidade e aut o- est im a; Alt eração em ocional, com referência a circunst âncias de choro, raiva e agit ação; Dist úrbio neuroveget at ivo, com relat os referent es a alt erações car act er íst icas d est e d ist ú r b io com o t aq u icar d ia, palpit ação e alt eração m ot ora.

(5)

em relação t ant o a fat ores em ocionais quant o físicos e defendem a pr em issa de que o indiv íduo é um a unidade m ente- corpo e suas em oções são fenôm enos f ísi co s e a s a l t e r a çõ e s f i si o l ó g i ca s p o ssu e m o co m p o n e n t e e m o ci o n a l . I st o d e m o n st r a q u e a alt eração em ocional é hoj e um aspect o que deve ser valorizado na prática clínica pela sua influência direta n a saú d e e, con seq u en t em en t e, n a q u alid ad e d e vida( 15).

A f a l a a seg u i r m o st r a o r el a t o d e u m a pacien t e qu e, dian t e do cân cer de m am a, r ef er iu aleg r ia d ev id o ao f at o d e n ão t er n ecessit ad o d e m ast ect om ia.

Eu descobri que t inha câncer e sabia que o pior ia ser

ficar sem m am a. Eu não ia suportar ficar aleij ada. Quando o m édico

disse qu e ia t ir ar só o car oço, m as eu ia t er qu e t om ar a

quim iot er apia, eu sent i m uit a alegr ia e v olt ei pr a casa bem

m elhor,at é m inha pressão cont rolou. ( part icipant e 15) .

A pr esença da doença por si só r epr esent a u m f at o r em o ci o n al d e r eg r essão , u m a v ez q u e acent ua sent im ent os de fragilidade, de dependência e de insegurança. A condição de enferm idade acarreta t am bém r eper cu ssões psíqu icas in ev it áv eis, com o preocupações, angúst ias, m edos, alt erações na aut o-im agem e algum nível de dependência, com o relatado a seguir.

Um a am iga de coração m e levant ou um a calúnia t ão

grande que at é hoj e eu t enho raiva dela, t enho ódio. Essa calúnia

afet ou a m inha m oral que eu fiquei at é com vergonha de olhar no

espelho. Eu ent rei em depressão. Eu m e abalei t oda e m inha

pressão aum ent ou m uit o ( part icipant e 13) .

A a l t er a çã o em o ci o n a l ca r a ct er i za d a p o r se n t i m e n t o s d e r a i v a , d e p r e ssã o , e a g i t a çã o a p r e se n t o u u m g r a n d e n ú m e r o d e r e f e r ê n ci a s, m ost rando o quant o esses sint om as est ão present es n a v ida dos pacien t es, com o se pode v er if icar n o relat o que segue.

Eu fiquei m uit o nervoso quando um ladrão ent rou em

casa. Sent i palpit ação, m inha pressão subiu e eu fiquei com raiva

daquele cara.. ( part icipant e 6) .

A co n su l t a d e e n f e r m a g e m é u m a o p o r t u n i d a d e , p a r a o p a ci e n t e , e x p r e ssa r se u s sent im ent os e dúv idas e, assim , dim inuir os t abus exist ent es sobre a hipert ensão e seu t rat am ent o. O profissional enferm eiro at ende o hipert enso de form a a v a l o r i za r su a s a n g ú st i a s e d i f i cu l d a d e s n o seguim ent o do t rat am ent o e, assim , poder elaborar in t er v en ções v olt ad as à r esolu ção d os p r ob lem as i d e n t i f i ca d o s, se j a n a su a i n d i v i d u a l i d a d e o u colet iv idade.

CONCLUSÃO

Para se conseguir a redução dos altos índices d e m o r b i m o r t a l i d a d e d e co r r e n t e s d e d o e n ça s car d iov ascu lar es é n ecessár ia a ad oção d e ações e f e t i v a s ca p a ze s d e co n t e r a p r o g r e ssã o d a hipertensão arterial. A adesão ao tratam ento constitui peça fundam ental nessa luta. Entretanto, acreditam os que ela depende tanto do paciente com o tam bém dos profissionais de saúde, fam ília e com unidade, com o f o r m a d e f o r n ecer su p o r t e n ecessár i o p ar a u m a part icipação efet iva na busca pela adesão.

At ravés da aplicação da t écnica do incident e crít ico, levando em consideração seu carát er flexível, f o i - n o s p o ssív e l p e r ce b e r v á r i o s a sp e ct o s r e l a ci o n a d o s a o co t i d i a n o d o h i p e r t e n so o q u e cont r ibuiu par a a análise do env olv im ent o de seus fam iliares em seu t rat am ent o.

As su b cat eg o r i as “ Har m o n i a n a f am íl i a”, “ Melhoria financeira na fam ília”, “ Cont role da pressão art erial” e “ Bem - est ar” receberam referências apenas positivas, m ostrando, assim , a influência da dinâm ica f am i l i ar e d o al can ce d o co n t r o l e d a d o en ça n a p er cep ção d o p aci en t e em r el ação ao s cu i d ad o s necessários para o tratam ento da hipertensão arterial. “ Pr eocu p ação com f ilh os/ n et os”, “ Relacion am en t o en t r e f am iliar es/ am igos”, “ Alt er ação do est ado de sa ú d e ” e “ Al t e r a çã o e m o ci o n a l ” f o r m a r a m subcat egorias que apresent aram o m aior núm ero de r e f e r ê n ci a s n e g a t i v a s, m a s t a m b é m r e ce b e r a m considerações posit ivas, dem onst rando circunst âncias con f lit u osas e d esag r ad áv eis n o cot id ian o d esses pacient es e pouco envolvim ent o fam iliar em relação ao cont role da doença.

(6)

REFERÊNCI AS

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