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Programa de controle de surto de escorpião Tityus serrulatus, Lutz e Mello 1922, no município de Aparecida, SP (Scorpiones, Buthidae).

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Academic year: 2017

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R e v is t a d a S o c ie d a d e B r a s ile ir a d e M e d ic in a T r o p ic a l 2 8 ( 2 ) :1 2 3 - 1 2 8 , a b r - ju n , 1 9 9 5 .

PRO G RA M A D E CO N TRO LE D E SURTO D E ESCO RPIÃ O

T IT Y U S SER R U LA TU S, LUTZ E M ELLO 1922, N O

M UN ICÍPIO D E A PA RECID A , SP (SCO RPIO N ES, BUTH ID A E)

Elieth Flo re t S p irand eli C ruz, C lóvis R. W in th er Y assud a, Jo rg e Jim e Ben ed ito B arrav iera

O s a u t o r e s p r o p u s e r a m p a r a o m u n i c í p i o d e A p a r e c i d a , v a l e d o R i o P a r a í b a , SP, r e g i ã o e n d ê m i c a d o Tityus serrulatus, u m p r o g r a m a d e c o n t r o l e d o e s c o r p io n i s m o . F o r a m e s t u d a d o s a p r e s e n ç a d e f o c o s d o e s c o r p i ã o n o c a m p o e n a c i d a d e , a s a l t e r a ç õ e s a m b i e n t a i s p e r i f é r i c a s à z o n a u r b a n a e o s n o v o s a m b i e n t e s d e p r o c r i a ç ã o e d i s p e r s ã o d e s t e s a r t r ó p o d e s . A l é m d is s o , f o r a m a v a l i a d o s o s p r o b l e m a s b á s i c o s d e i n f r a - e s t r u t u r a , t ais c o m o o a c o n d i c i o n a m e n t o e a c o l e t a d o l ix o u r b a n o p ú b l i c o e d o m i c i l i a r , o s a n e a m e n t o b á s i c o ( e s g o t o s e g a l e r i a s p l u v i a i s ) e a s i t u a ç ã o d o s t e r r e n o s b a l d i o s e a s c o n s t r u ç õ e s d a z o n a u r b a n a . A p ó s e s t u d o e p i d e m i o l ó g ic o , f o r a m p r o p o s t a s m e d i d a s e d u c a t i v a s , q u e c o n s t a r a m d a c o n f e c ç ã o e d i s t r i b u i ç ã o d e f o l h e t o s , d e m u t i r õ e s d e li m p e z a , d e v is it as d o m i c i l i a r e s e d o e n g a j a m e n t o d e p r o f e s s o r e s e a l u n o s d a r e d e d e e n s i n o p ú b l i c a e p r i v a d a n a c a m p a n h a . N o s l o c a i s o n d e e x i s t i a m f o c o s d e a l t o r is c o , e m e s p e c i a l n a s p r é - e s c o l a s , f o i p r o p o s t o o e m p r e g o d o c o n t r o l e q u í m i c o . D e n t r o d a s n o r m a s s a n i t á r i a s v ig e n t e s p a r a a z o n a u r b a n a , f o i p r o p o s t o a i n d a , o u s o d e p r e d a d o r e s n a t u r a i s n o c o m b a t e . O s a u t o r e s c o n c l u e m q u e a s a ç õ e s d e v e m s e r i n t e g r a d a s e c o n t i n u a d a s d e f o r m a i n i n t e r r u p t a p o r v á r io s a n o s e p r o p õ e m a ç ã o c o n j u n t a c o m a c a m p a n h a d a d e n g u e . A i n s t i t u i ç ã o d e u m a s e m a n a p o r a n o d e d i c a d a a o e s t u d o d o e s c o r p i o n i s m o n a s e s c o l a s d o s m u n i c í p i o s o n d e o c o r r e o p r o b l e m a s e r i a u m a m e d i d a e d u c a t i v a q u e v ir i a c o n t r i b u i r s o b r e m a n e i r a p a r a a p r e v e n ç ã o d o s a c i d e n t e s e c o n t r o l e d o e s c o r p i o n i s m o .

P a l a v r a s - c h a v e s : E s c o r p io n is m o . Tityus serrulatus. E p i d e m i o l o g ia . P r o g r a m a d e c o n t r o l e .

O município de Aparecida, localizado à margem do Rio Paraíba do Sul, no Estado de São Paulo, apresenta desde há muito tempo surtos de infestação por escorpiõ es. De acordo co m os registros históricos, entre 1949 e 1963, o escorpio nismo já era um problema na região. Relata o Padre e Reitor do Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, Jadir Teixeira da Silva, que em 1960 cada cinco escorpiõ es capturados pela população podiam ser trocados por uma bola de borracha. Em 1981, o Jo rnal Vale Paraibano, noticiou em diversas oportunidades os seguintes temas:

D ep artam en to d e Z o o lo g ia d o In stitu to d e Bio c iê n c ias d e Bo tu c atu , D e p artam e n to d e D o e n ç as T ro p ic ais e D iag n ó stico p o r Im ag em d a Facu ld ad e d e M ed icina d e Bo tu c atu , C e n tro d e Estu d o s d e V e n e n o s e A nim ais P e ç o n h e n to s - CEVA R d a U niv ersid ad e Estad ual Paulista - UN ESP e Prefeitu ra d a Estância Tu rística e R elig io sa d e A p arecid a (SP) - PF.TU V

E n d e r e ç o p a r a c o r r e s p o n d ê n c i a : D ra. Elie th Flo re t

Sp iran d eli C ru z . D e p to d e Z o o lo g ia d o In stitu to d e Bio c iê n c ias d e Bo tu c atu , UN ESP, 1861 8 -0 0 0 , Bo tu c atu (SP). R e c e b id o p ara p u b lic aç ão em 23/ 05/ 94.

“A parecida: muito lixo , muitas m o scas”; “Surtos de inseto s e ratos preo cupam A parecida”; “Escorpiões invadem A parecida”. Em 1991, os órgãos de Saúde Pública do Vale do Paraíba registraram no município de A parecida cerca de 15 casos de acidentes causados por escorpiõ es. Como a população do município é cerca de 35.000 habitantes, este número equivale a um índ ice de incidência de 43 casos por 100.000 habitantes. Este índice foi o maior registrado para a microrregião administrativa do Vale do Paraíba, perdendo apenas para o de Belo Horizonte (MG), o maior do país.

Com a construção da Basílica Nacional de A parecida, iniciada em 1946, ho uve um aumento significativo da população flutuante do município. A tualmente A parecida recebe cerca de 5 milhões de romeiros por ano, principalmente nos finais de semana e feriados prolongados.

Baseado nestas consid erações a Prefeitura Municipal de A parecida, de um lad o preocupada com o aumento significativo do

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C r u z EFS, Y as s u d a C RW , Ji m J, B a r r a v ie r a B . P r o g r a m a d e c o n t r o le d o s u r t o d e e s c o r p iã o Tityus serrulatus, L u t z e M e llo 1 9 2 2 , n o m u n ic íp io d e A p a r e c id a , SP, ( S c o r p io n e s , ButhidaeJ. R e v is t a d a S o c ie d a d e B r a s ile ir a d e M e d ic in a T r o p ic a l 2 8 :1 2 3 - 1 2 8 , a b r - ju n , 1 9 9 5 .

número de acidentes escorpiô nicos, e por outro lado , devido a enorm e população flutuante que visita o município, convidou em 1991 os pesquisadores do Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos da UNESP - CEVAP para desenvolver um programa diagnóstico do esco rpionismo na cidade, e propor uma metodologia de controle.

ETIOLOGIA

A esp écie de escorpião mais comum na região do Vale do Paraíba, de acordo com a literatura12 é T ity u s s e r r u lat u s , Lutz e Mello, 1922. Esta esp écie embora primitivamente habitante de cerrad o e campos abertos, to mo u-se bem adaptada à vida domiciliar urbana, possivelmente em decorrência da rápida e desenfreada colo nização pelo homem das regiõ es originalm ente -ocupadas pelo artró po d e. A lém disso , esses animais

adaptaram-se facilm ente às co nd içõ es

oferecidas pelas moradias humanas, tais como grande número de abrigos (lixo, entulho, pilhas de tijolos e telhas, etc.), e alimentação farta (baratas)12 3.

T it y u s s e r r u la t u s se reproduz de maneira peculiar através de um complexo processo denominado partenogênese, isto é, os óvulos desenvolvem-se no organismo materno sem a fertilização pelo macho4 5, o qual inexiste na natureza. As fêmeas sozinhas gestam e parem durante todo o ano, ninhadas de até 24 filhotes.

A adaptação da esp écie às co nd içõ es

u rbanas, aliad a ao seu m o d o de

rep ro d ução e às p recárias co nd içõ es de hig iene e saneamento básico encontradas principalmente em bairros de periferia, facilitaram a disseminação destes artrópodes em grandes aglomerados urbanos.

\

ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO

Os pesquisadores do CEVAP e a Prefeitura Municipal de A parecida realizaram um minucioso levantamento epidemiológico com os seguintes o bjetivo s: lo calização do esco rpião no campo e na cidade; avaliação de condições propícias a infestação na região; avaliação das condições sócio -econômicas e ed ucacio nais da po p ulação sujeita ao escorpionismo

Foram d iagnosticad as as seguintes

situações:

- Pre s e n ça d o s e sco rp iõ e s n o cam p o : foram

visitadas a Fazenda do Bispado, distando cerca de 5Km do centro do município e a Escola Rural do Bonfim, distando cerca de 20km. Nestas localidades foi verificada a presença dos artrópodes nos barrancos de estradas de acesso. Citações da população local como ocorrência em cupinzeiros e sob moitas de capim foram anotadas. Na Escola do Bonfim, foi registrada a presença dos animais na calçada existente ao redor da Escola, dentro da sala de aula, na cozinha e nos banheiros.

- Pre s e n ça d e f o co s u rb an o s: foram visitados

diversos bairros da cidade, inclusive àqueles com registros de acidentes. No centro da cidade foram encontrados escorpiões no interior de túmulos e em pilhas de tijolos dentro do cemitério, no quintal de residências, sob os estoques de madeira de uma Fábrica de papel e celulose e sob os dormentes da Estrada de Ferro que atravessa o município. Caso interessante foi registrado de um morador que em quarenta anos de residência na mesma casa e com o hábito de criar galinhas soltas no quintal, nunca observou escorpião em sua casa, embora fo sse vizinho de uma paciente acidentada. Deve ser salientado que T ity u s s e r r u lat u s foi a única espécie registrada pela equipe no município.

- L i x o p ú b lico : avaliou-se o lixo deixado

semanalmente pelos romeiros, que na sua maioria não o depositam em locais apropriados. Este lixo fica exposto durante algum tempo nas ruas, praças, pátio de estacionamento da Basílica Nacional, sob os bancos do jardim, constituindo fonte de alimento das baratas, que por sua vez servem de alimento para os escorpiões.

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C r u z EFS, Y as s u d a C R W , Ji m J, B a r r a v ie r a B . P r o g r a m a d e c o n t r o le d o s u r t o d e e s c o r p iã o Tityus serrulatus. L u t z e M e llo 1 9 2 2 , n o m u n ic íp io d e A p a r e c id a , SP, ( S c o r p io n e s , Buthidae) . R e v is t a d a S o c ie d a d e B r a s ile ir a d e M e d ic in a T r o p ic a l 2 8 :1 2 3 - 1 2 8 , a b r - ju n , 1 9 9 5 .

reg ião ag ro - p asto ríl, co n tin u am en te d esm atad a, s e n d o q u e a d e g rad ação am b ien tal o co rre ain d a h o je p e la p o l u ição d o p ró p rio R io Paraíb a co m d ejeto s ind u striais e u rb an o s.

- Pesq u isa d e n o v o s am b ien tes d e p ro criação

e d is p ersão : d ev id o ao reg istro d e g ran d e

n ú m e ro d e acid en tes es co rp iô n ico s n o in terio r d as resid ên cias, esp e cialm e n te n o s b an h eiro s, lev an to u - se a h ip ó te s e d e q u e o s e s co rp iõ e s p u d e s s e m ch e g ar às resid ên cias atrav és d as g ale rias d e esg o to . N esse sen tid o , e m d u as o p o rtu n id ad es o s p e sq u isad o re s d o CEV A P v isitaram d u ran te a n o ite, u m a d as re d e s d e e s g o to , m u n id o s d e lan tern as d e lu z n o rm al e u ltra- v io le ta, à p ro cu ra d o s e s co rp iõ e s . C o n s tato u - se , além d a an tig u id ad e d a re d e d e e s g o to s e g alerias p lu v iais, a o co rrê n cia d estes artró p o d e s n o lo cal co rro b o ran d o a h ip ó tese in éd ita d o s p e sq u isad o res6.

- Pro b lem as b ásico s d e in f ra- estru tu ra: f oi

av aliad o n a z o n a u rb an a o aco n d icio n am e n to d o lixo d o m é s tico , o seu d estin o e o estad o em q u e se e n co n tram o s te rre n o s b ald io s e m re l ação à p re s e n ça d e m u ro s e calçad as , além d a p re s e n ça d e en tu lh o s e lixo d o m éstico . V erif ico u -se q u e a m aio ria d a p o p u l ação n ão te m o h áb ito d e co l o ca r o lixo e m s aco s p lástico s e n tre g an d o - o à Pref eitu ra e m latõ es ab e rto s e p erm itin d o assim o ace s s o ao lixo d e an im ais q u e d ele se alim en tam , p rin cip alm en te as b aratas. O s terren o s u rb an o s, p rin cip alm en te àq u eles s e m q u alq u er co n s tru ção , en co n tram -s e su jo s, ch e io s d e en tu lh o e lixo e raram en te são m u rad o s, f acilitan d o o ref ú g io e a p ro criação d e e s co rp iõ e s e o u tro s an im ais.

- C o n scie n tiz ação d a p o p u lação a re sp e ito d o

p ro b le m a: d u ran te as o p e raçõ e s d en o m in ad as

m u tirão d e lim p ez a e cas a a casa, av alio u - se atrav és d e en trev ista, a real im p o rtân cia q u e a p o p u l ação d á ao esco rp io n ism o . C o n stato u - se q u e a m es m a co n v iv e co m o p ro b lem a s e m n o en tan to co n h e ce r su a v erd ad eira g rav id ad e.

A ÇÕES E PROPOSTA S

A p ó s o l e v a n ta m e n to e p i d e m i o l ó g i co p re l im in ar f o i co n s ta ta d a a p re s e n ç a d o s e s co rp i õ e s T ity u s s e r r u la t u s n o ca m p o e n a z o n a u rb a n a d o m u n icíp io d e A p are cid a. D e v e - s e s al ie n tar q u e e s ta f o i a ú n ica e s p é cie d e e s c o rp i ã o e n c o n tra d a n a re g i ã o p e l a e q u ip e .

O s p e s q u is ad o re s d o C EV A P e m co n ju n to c o m o E s cri tó rio R e g io n al d e S aú d e - ERSA ,

R e g i o n a l d e G u a ra ti n g u e tá (S P ) e a S u p e rin te n d ê n cia d e C am p an h as d e E n d e m ias - S U C EN , R e g io n al d e T au b até (S P) s u g e riram , d e m an e ira in te g rad a, m e d id as p re v e n tiv as , m e d id as co rre tiv as d o a m b ie n te e m e d id as e d u ca cio n a is co m o o b j e tiv o d e co n tro l a r o p ro b l e m a d o e s co rp i o n is m o , p ro p o rcio n a n d o n ív eis d e in f e s ta çã o a ce itáv e is d o p o n to d e v is ta e p id e m io l ó g ico .

É n e ce s s á ri o l e m b rar q u e n ã o e x i s te m m e d i d a s d e co n tro l e e s p e c í f i c a s p a ra o e s co rp i o n i s m o , p o is e l as s e co n s ti tu e m n o s m e s m o s p rin cíp io s b á s i co s d e S aú d e P ú b l ica, a s e re m re s p e itad o s e m s o ci e d a d e s m o d e rn as . A s s im as a ç õ e s p ro p o s ta s f o ram as s e g u in te s :

- L ixo d o m é s tico : o aco n d icio n a m e n to

ad e q u ad o d o lixo e m s aco s p lástico s, q u e d e v e m ser m an tid o s f e ch ad o s, p o d e ev itar q u e e s te se to m e f o co d e atração artró p o d e s, en tre eles, as b aratas. En tretan to , co m o a co le ta e m s aco p lástico n ão é h áb ito d a p o p u l ação d e A p arecid a e te n d o em v ista o seu g rau d e im p o rtân cia, f o i su g erid o à Pref eitu ra M u n icip al e a o Ó rg ão Leg islativ o q u e to m as s e m a in iciativ a d e n o rm atiz ar o assu n to .

- R eg u lam en tação so b re te rre n o s b ald io s: f o i

s u g e rid o à Pre f e itu ra a l e g is l a çã o e a f iscaliz ação d a lim p ez a d o s terren o s b ald io s, seu s cal çam e n to s e a co l o ca çã o d e m u ro s q u an d o n ecessário .

- C o n tro l e q u ím ico d o s e s co rp i õ e s , e m

alg u m as e s co l as l o caliz ad as n o ce n tro d a cid ad e , d e v id o ao g ran d e d e n ú m e ro d e e s co rp iõ e s cap tu rad o s p elo s alu n o s, e a difícil im p lan tação d o m é to d o f ísico d a b u s ca ativ a, o s p esq u isad o res d o CEV A P e m co n ju n to co m a Pref eitu ra M u n icip al e co m a SU C EN , o p taram p e la ap l i ca çã o d e in s e ticid a. O p ro d u to e s co l h id o f o i o p ire tró id e à b a s e d e d elth am eth rin e, sem elh an te àq u ele s u tiliz ad o s e m cam p an h as d e d e s in s e tiz ação . Fo ram p u lv eriz ad as as salas d e au la e o p átio d as e s co l as , o b s e rv an d o - s e e f e ito re s id u al d o v e n e n o d e ap ro xim ad am e n te u m m ês, p e río d o n o q u al n ão se o b s e rv o u a p re s e n ça d o s e sco rp iõ es.

- U so d e p re d ad o re s n atu rais: o u s o d e

in im ig o s n atu rais n o co m b ate ao e s co rp ião (s a p o s , co ru j as , m a ca co s , e tc.) é p o u co d iv u lg ad o p ela literatu ra cien tíf ica. Po r o u tro lad o , as g alin h as, p re d ad o ras e m p o ten cial d estes aracn íd eo s p o d eriam e m d eterm in ad as

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C r u z EP S, Y as s u d a C R W , Ji m J, B a r r a v ie r a B . P r o g r a m a d e c o n t r o le d o s u r t o d e e s c o r p iã o Tityus serrulatus, L u t z e M e llo 1 9 2 2 , n o m u n ic íp io d e A p a r e c id a , SP, ( S c o r p io n e s , Buthidae^. R e v is t a d a S o c ie d a d e B r a s ile ir a d e M e d ic in a T r o p ic a l 2 8 :1 2 3 - 1 2 8 , a b r - ju n , 1 9 9 5 .

condições ser utilizadas como método de controle. Apesar dos escorpiões serem de hábitos noturnos e as galinhas diurnas, estas últimas no ato de ciscar podem remover e devorar os animais escondidos em frestas, debaixo de folhas e entulhos. Dessa forma, nas residências com quintais grandes, a criação de galinhas poderia ajudar no combate a estes artrópodes, obedecidas as normas sanitárias para a criação de animais domésticos nas cidades.

No ano de 1991, diante do grave problema do escorpionismo, a Prefeitura, por iniciativa própria, distribuiu à população de alguns bairros aproximadamente 800 galinhas caipiras. O fato, na época revestido de grande sensacionalismo jornalístico, não pode ter sua eficácia avaliada. Os pesquisadores do CEVAP avaliaram a distribuição das galinhas como sendo mais uma medida educativa, quando reforçou à população o conceito de “cadeia alimentar”, conscientizando-a da importância dos inimigos naturais no equilíbrio da população de artrópodes.

- M ed id as e d u cativ as: estas possivelmente

sejam as mais importantes e mais difíceis de serem implantadas na população. Assim a campanha educativa envolveu a confecção e a distribuição de folhetos, visitas domiciliares, mutirões de limpeza, cursos, palestras,

entrevistas nos principais meios de

comunicação da cidade, exposições didáticas e a participação das escolas na elaboração de material educativo.

- Fo lh eto exp licativ o : foi padronizado um folheto contendo explicações sobre a espécie de escorpião registrada na região e os seus hábitos, os cuidados com . as crianças acidentadas e a urgência no atendimento médico, os primeiros socorros a serem tomados, as medidas preventivas básicas e por fim a captura dos animais e o seu encaminhamento aos órgãos competentes. Foram distribuídos 20.000 folhetos à população, sendo 7.000 deles junto com a conta de luz, 10.000 entre professores e alunos das escolas e 3.000 deles na operação “casa a casa”.

- O p e ração “ca s a a ca s a ” : aproveitando a

campanha contra a dengue, quatro equipes da Prefeitura, p reviam ente treinadas pelo CEVAP e SUCEN trabalharam aproximadamente

7.000 estabelecimentos. Esta operação

individualizada, adaptou a linguagem, motivou

a população, apresentou sugestões de melhoria ao folheto, reforçou o comportamento e orientou àqueles que desconheciam o problema. Nesta operação foram distribuídos 3.000 folhetos educativos.

- M utirão d e lim p ez a: as equipes do CEVAP e

da Prefeitura em conjunto co m agentes sanitaristas auxiliaram os moradores na identificação de criadouros de escorpiões, que foram eliminados pela própria população. A Prefeitura colocou à disposição da população caminhões basculantes, caminhão tanque, retroescavadeira e auxiliou na utilização destes, quando necessário. Com o desenvolvimento do trabalho em alguns pontos da cidade, diversos bairros tomaram a iniciativa de realizar seus próprios mutirões de limpeza, que foram

imediatamente apoiados pela co m issão

executora do projeto.

- E n co n tro Ed u cacio n al: este encontro foi

intitulado de “l e Encontro Educacional sobre Escorpionismo de Aparecida (SP)” e durou três dias. O objetivo foi de movimentar toda rede municipal e estadual de ensino, com aproximadamente 10.000 alunos, promovendo atividades extra-classe, levando principalmente às crianças informações gerais sobre o assunto, com o intuito final destas influenciarem os familiares adultos em casa. O programa do encontro constou das seguintes atividades: No primeiro dia, treinamento dos professores em anfiteatro ministrando-se as seguintes aulas: “Epidemiologia do escorpionismo no Brasil”; “Biologia e ecologia dos escorpiões”; “Métodos de prevenção e controle do escorpionismo”. Estas palestras tiveram a duração total de 8 horas.

Nos segundo e terceiro dias os alunos,

pro fesso res, pesquisad ores do CEVAP,

monitores da Prefeitura e voluntários da população participaram de lima expo sição didática em parte montada pelo CEVAP e em parte pelos alunos co m a motivação e a ajuda dos professores. Durante a expo sição foram desenvolvidas as seguintes atividades-,

- distribuição de 10.000 folhetos ao público visitante;

- estudo pelos alunos dos painéis educativos do CEVAP, montados com fotografias e textos explicativos sobre escorpionismo;

- pro jeção de filmes educativos sobre

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C r u z E FS, Y as s u d a C R W , Ji m J, B a r r a v ie r a B . P r o g r a m a d e c o n t r o le d o s u r t o d e e s c o r p iã o Tityus serrulatus, L u t z e M e llo 1 9 2 2 , n o m u n ic íp io d e A p a r e c id a , SP, ( S c o r p io n e s , Buthid aej. R e v is t a d a S o c ie d a d e B r a s ile ir a d e M e d ic in a T r o p ic a l 2 8 :1 2 3 - 1 2 8 , a b r - ju n , 1 9 9 5 .

- apresentação de trabalhos educativos sobre escorpionismo, criados e desenvolvidos pelos próprios alunos;

Ao final do enco ntro educacional e de co mum aco rd o co m os pro fesso res, foi

sugerid o a intro d ução do tema

“Esco rpio nism o ” co m o matéria obrigatória para todos os alunos de primeiro e segundo graus do município, inclusive com cobrança do aprendizado em avaliações. A lém disso, foi fornecid o à Secretaria Municipal de Educação e Cultura de A parecida material didático, slides e filmes, sobre o tema em questão, para uso das escolas interessadas.

CONCLUSÕES

O co ntro le preco nizad o para o

e sco rp io n ism o em determinada região deve ser monito rad o ao lo ngo do ano todo, devendo ser mais intenso nos períodos que antecedem, ou mesmo durante as épocas em que se têm demonstrado um maior risco para a população, em geral na estação chuvosa do ano. Os autores entendem que o problema é basicamente sócio-cultural e os programas de

co ntro le d everão ser ap licad o s

co ntinu ad am ente ano ap ó s ano e só ap resentarão resultad o s p o sitiv o s quand o

a po pulação apresentar mudanças

co mpo rtamentais que se refletirão na diminuição dos índices de acidentes e de infestação.

Deve ser salientado que as açõ es propostas de co ntro le d e v e m s e r in te g rad as e co n tin u ad as d e f o rm a in in te rru p ta por vários anos, até que possam ser verificados índices aceitáveis de infestação. A experiência de A parecida mostro u ser po ssível, nos municípios o nd e o co rre o pro blema, a integração entre as campanhas de combate ao escorpio nismo com os de controle à dengue. As situações epidemiológicas destas duas

endemias se so brep õ em em diversas

oportunidades e pode-se utilizar a mesma equipe treinada para ambas as funções. Nos municípios onde o problema oco rre poder-se- ia instituir a semana do escorpião, objetivando relembrar a população, ano após ano, da necessidade de manter-se vigilante para o problema. Esta semana deve anteceder os meses de maior oco rrência dos escorpiõ es. A lém disso, o trabalho dos professores de primeiro e segund o graus, mantendo e cobrando o tema em apreço anualmente dos

alunos, contribuiria so brem aneira para a prevenção dos acidentes e o combate aos artrópodes.

Po r fim, um vitória impo rtante da população de A parecida foi a instalação do posto de soro anti-escorpiô nico no município. Hoje, os doentes picados podem ser atendidos de maneira preco ce e adequada, recebendo inclusive o tratamento específico com soro anti-esco rpiô nico , quando indicado pelo médico assistente.

SUMMARY

A s c o r p i o n c o n t r o l p r o g r a m w a s p r o p o s e d f o r t h e t o w n o f A p a r e c i d a ( SP ) , a n e n d e m i c r e g i o n o f T it y u s s e r r u la t u s . C lu s t e r s o f s c o r p i o n s in u r b a n a n d r u r a l a r e a s , e n v i r o n m e n t a l d e g r a d a t i o n o f t h e t o w n ’s o u t s k i r t s a n d n e w s c o r p i o n p r o c r e a t i o n a n d d i s p e r s a l h a b i t a t s w e r e s t u d i e d . I n a d d i t i o n , i n f r a s t r u c t u r e p r o b l e m s s u c h a s t h e d i s p o s a l a n d c o l l e c t i o n o f r e s i d e n t i a l a n d m u n i c i p a l r e fu s e , s a n i t a t i o n ( s e w a g e a n d s t o r m s e w e r ) , c o n d i t i o n o f v a c a n t lo t s a n d c o n s t r u c t i o n s i n t h e u r b a n a r e a w e r e e v a l u a t e d . A f t e r a n e p i d e m i o l o g i c a l s t u dy , e d u c a t i o n a l m e a s u r e s s u c h a s t h e d i s t r i b u t i o n o f p a m p h l e t s , c l e a n i n g g r o u p w o r k , v is it s t o r e s i d e n c e s a n d c o o p e r a t i o n f r o m H ig h S c h o o l t e a c h e r s a n d s t u d e n t s w e r e a l s o s u g g e s t e d . C h e m i c a l c o n t r o l w a s i n d i c a t e d i n h i g h - r i s k s it e s, e s p e c i a l l y t h o s e o f n e a r ­ s c h o o l b u ild in g s . F u r t h e r m o r e , t h e u s e o f n a t u r a l p r e d a t o r s w a s a l s o m e n t i o n e d w it h in t h e p r e s e n t s a n i t a t i o n r e g u l a t io n s f o r u r b a n a r e a s . T h e a u t h o r s as s e r t t h a t t h e s e p r o c e d u r e s m u s t b e i n t e g r a t e d a n d c o n t i n u e d a n i n t e r r r u p t e d l y f o r s e v e r a l y e a r s . T h e y a l s o s u g g e s t a c o l l a b o r a t i v e w o r k w it h t h o s e r e s p o n s i b l e f o r t h e d e n g u e e r r a d i c a t i o n p r o g r a m , a s w e ll a s t h e in s t it u t io n o f t h e “s c o r p i o n s t u d y w e e k " , w h i c h w o u l d g r e a t l y c o n t r i b u t e t o t h e e d u c a t i o n o f t h e p o p u l a t i o n , t o p r e v e n t i v e p r o g r a m s a n d t o s c o r p i o n c o n t r o l .

K e y - w o r d s : Tityus serrulatus. C o n t r o l p r o g r a m . E p i d e m i o l o g y o f s c o r p io n s .

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