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O modelo em rede aplicado à indústria de telecomunicações brasileira: o caso da TELEMAR

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ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA CURSO DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

O MODELO EM REDE APLICADO AO SEGMENTO

DE TELECOMUNICAÇÕES BRASILEIRO –

O CASO TELEMAR

DISSERTAÇÃO APRESENTADA À ESCOLA

BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

(2)

ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA CURSO DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

O MODELO EM REDE APLICADO AO SEGMENTO DE

TELECOMUNICAÇÕES BRASILEIRO –

O CASO TELEMAR

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA POR

MARIA FERNANDA FERNANDES

E APROVADA EM 27 DE NOVEMBRO DE 2000

PELA BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________

DEBORAH ZOUAIN – Doutora em Engenharia de Produção

__________________________________________________________

HERMANO R. THIRY-CHERQUES – Doutor em Engenharia de Produção

(3)
(4)

RESUMO

Empresa virtual, celular, modular, orgânica, holográfica, em rede. Este é um novo tipo de estrutura organizacional de crescente importância dentro das empresas que buscam novos modelos que atendam aos requisitos de flexibilidade, agilidade e competitividade. Requisitos estes impostos à empresa do futuro pelos novos tempos de ciclos de mudança cada vez mais rápidos. Neste contexto, os aspectos tecnológicos, culturais, estratégicos e humanos são redimensionados dentro do contexto da chamada Era da Informação.

(5)

ABSTRACT

Virtual, cellular, modular, organic, holographic, networked enterprise. This is a new kind of organizational structure of growing importance inside of the enterprises that are looking for new models, attending to the requirements of flexibility, celerity and competitiveness. Requirements to the business of the future, for the new times of moving cycles, each time faster and faster. In that context, technological, cultural, strategic and human aspects are remodelled inside of the context of the called “Information Era”.

(6)

ÍNDICE

I. PROBLEMA ... 9

I.1 OBJETIVO FINAL ... 12

I.2 OBJETIVOS INTERMEDIÁRIOS ... 12

I.3 QUESTÕES A SEREM RESPONDIDAS ... 13

I.4 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ... 13

I.5 RELEVÂNCIA DO ESTUDO... 15

I.6 DEFINIÇÃO DE TERMOS ... 16

II. METODOLOGIA ... 18

II.1 UNIDADE DE ANÁLISE ... 18

II.2 TIPO DE PESQUISA... 19

II.3 UNIVERSO E AMOSTRA... 20

II.4 COLETA DE DADOS ... 20

II.5 TRATAMENTO DE DADOS ... 21

II.6 LIMITAÇÕES DO MÉTODO ... 21

III. REFERENCIAL TEÓRICO ... 22

Redes Internacionais... 42

IV. DA PRIVATIZAÇÃO À COMPETIÇÃO... 49

V. NOVO DESENHO ORGANIZACIONAL ... 57

V.1 AMBIENTE DE NEGÓCIO... 60

V.2 INDÚSTRIA DE TELECOMUNICAÇÕES... 62

V.3 AMBIENTE DE MERCADO ... 63

(7)

VI. TELEMAR... 67

VII. MAXIMIZANDO VALOR... 78

VII.1 A SEGMENTAÇÃO DOS CLIENTES ... 84

VII.2 A BUSCA DA EXCELÊNCIA... 89

VII.3 MODELO DE ALIANÇA ESTRATÈGICA DA TELEMAR... 98

VIII. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 102

IX. BIBLIOGRAFIA ... 106

ÍNDICE DE FIGURAS E TABELAS

FIGURA 1 – RESULTADO DO MODELO DE PRIVATIZAÇÃO DE TELECOMUNICAÇÕES ... 51

FIGURA 2 – CRONOGRAMA DO PROCESSO DE PRIVATIZAÇÃO... 53

FIGURA 3 – NOVO FOCO DAS ANTIGAS ESTATAIS... 59

FIGURA 4 – FORÇAS DO PROCESSO ESTRATÉGICO... 60

FIGURA 5 – ÁREA DE CONCESSÃO DA TELEMAR ... 67

FIGURA 6 – ESTRUTURA ACIONÁRIA DA TELEMAR ... 68

FIGURA 7 – CENÁRIOS DE COMPETIÇÃO... 78

FIGURA 8 – QUADRO EXPLICATIVO DOS CENÁRIOS DE COMPETIÇÃO... 79

FIGURA 9 – ALTERNATIVAS ESTRATÉGICAS PARA MAXIMIZAR VALOR... 82

FIGURA 10 – VISÕES DE POSICIONAMENTO DA TELEMAR ... 84

FIGURA 11 – SEGMENTAÇÃO DOS CLIENTES TELEMAR... 87

FIGURA 12 – CADEIA DE VALOR DE TELECOMUNICAÇÕES... 90

FIGURA 13 – DESCRIÇÃO DA CADEIA DE VALOR... 91

FIGURA 14 – TENDÊNCIAS DA CADEIA DE VALOR DE TELECOMUNICAÇÕES... 92

FIGURA 15 – FOCO DAS ALIANÇAS ESTRATÉGICAS... 93

FIGURA 16 – CADEIA DE VALOR DA TELEFÔNICA... 94

(8)

FIGURA 18 – SETORES FOCAIS DE NEGÓCIOS... 98

TABELA 1 – ÁREAS DE ATUAÇÃO DAS EMPRESAS DE TELECOMUNICAÇÕES... 52

TABELA 2 – RESULTADOS DA TELEMAR EM 1999... 76

(9)

I.

PROBLEMA

Empresa virtual, celular, modular, orgânica, holográfica, em rede. Este é um novo tipo de

estrutura organizacional de crescente importância dentro das empresas que buscam

novos modelos que atendam aos requisitos de flexibilidade, agilidade e competitividade.

Requisitos estes impostos à empresa do futuro pelos novos tempos de ciclos de

mudança cada vez mais rápidos. Neste contexto, os aspectos tecnológicos, culturais,

estratégicos e humanos são redimensionados dentro do contexto da chamada Era da

Informação.

Dentro da abordagem do gerenciamento de mudanças, existem algumas forças

propulsoras de aceleração: a tecnologia, o governo e a globalização1. A tecnologia, em

particular a tecnologia da informação, está mudando a definição dos negócios. O

governo, estabelecendo novas regras de participação dos negócios com a

desregulamentação, a privatização e o estabelecimento de macromercados, como o

Mercosul. A globalização, incentivando o rearranjo das organizações para entrarem no

jogo de um mercado competitivo, turbulento, de progresso tecnológico, de riscos, mas

também de grandes oportunidades.

Como serão, então, as organizações do futuro, como gerenciar este processo de

mudança, que novas habilidades e capacidades exigirão, e como será o trabalho da

gerência e da liderança, são as questões que se colocam.

I.

(10)

Algumas tendências sobre como será a organização do futuro podem ser adiantadas2:

² Baseada no tratamento da informação

² Descentralizada, mas interligada

² Criativa e cooperativa

² Flexível e ágil

² Com habilidade baseada na competência

Tais empresas serão virtuais, baseadas em rede, em que as conexões são feitas e

desfeitas no tempo exato de sua aplicabilidade e necessidade. Nelas haverá uma tênue

força de autoridade e hierarquia. Nessa estrutura virtual, o trabalho não é dividido, mas

compartilhado por equipes interfuncionais baseadas no conhecimento. A tomada de

decisões será distribuída de forma descendente na cadeia de autoridade, facilitada pela

tecnologia tem o papel de disponibilizar as informações. Surgem organizações mais

horizontalizadas e maior amplitude de controle.

As fronteiras entre a organização e o seu meio ambiente desaparecem: parceiros,

fornecedores, concorrentes e clientes fazem parte da mesma rede, criando uma aliança

estratégica. Os produtos e serviços personalizados requerem produção em tempo real.

Uma característica essencial da organização virtual é que ela dá poder ao indivíduo. Só

assim adapta-se rapidamente às mudanças de mercado. Mas o controle fica prejudicado,

bem como a sujeição à erros aumenta.

Preparar uma organização para este novo cenário envolve algumas medidas3:

I.

(11)

² Desenvolver o novo modelo de negócios

² Redefinir os fundamentos do negócio

² Criar uma cultura de renovação

De acordo com nossa visão de empresa do futuro, onde o conhecimento é a matéria

prima, a sobreposição de gerente e trabalhador deve ser a realidade. Os executivos do

século XXI terão novas atribuições e responsabilidades. A primeira será definir a

identidade da empresa, ou seja, sua visão, sua vantagem competitiva e o que a distingue

das demais, levando em conta a sua cultura organizacional e sua história. Um segundo

ponto é o incentivo à iniciativa e à criatividade, que na nova organização, pode e deve ser

tarefa de todos. Por fim, cabe-lhes promover a integridade que é a base da confiança, em

especial no caso de empresas virtuais. Também significa definir um conjunto de valores e

princípios operacionais que orientem o comportamento das pessoas.

Para essas empresas, a mudança da visão do executivo, ou mais precisamente dos

líderes, é o maior desafio, já que são eles os responsáveis por introduzir e conduzir o

processo de mudanças da organização. Acerca destes líderes, ou gerentes, colocam-se

diversas questões tais como:

² Como os gerentes mobilizam os funcionários que já não obedecem à ordem de

comando ?

² Como motivarão aqueles que estão fora de sua área de autoridade?

² E os que têm que ser conquistados através da razão e da negociação ?

I.

(12)

Nesse contexto de tantas variáveis, de tantas incógnitas, só existe uma certeza: que

nada permanece eterno. E, no nosso âmbito de estudo, as organizações precisam de

velocidade, criatividade e ação; precisam adaptar-se rapidamente às mudanças

requeridas pelo mercado ou pessoas. Assim, se coloca uma questão:

Estão as empresas preparadas, ou pelo menos, cientes, de que devem mudar e que as tendências indicam que a flexibilidade, agilidade e informação são cada vez mais essenciais e vitais ?

I.1 OBJETIVO FINAL

Pesquisar como as empresas, em especial as brasileiras, estão se preparando para ser

organizações do futuro, sob a perspectiva de uma organização virtual, voltada para a

flexibilidade, agilidade e baseada no conhecimento. Mais especificamente, a indústria de

telecomunicações brasileira, vivenciando a fase pós-privatização, está no processo de

reestruturação organizacional, buscando aumentar sua competitividade no mercado

globalizado. Por essa razão, a análise recai sobre a TELEMAR, uma das empresas de

maior abrangência geográfica e poder de investimento do mercado e com acionistas

essencialmente nacionais.

I.2 OBJETIVOS INTERMEDIÁRIOS

² Pesquisar qual a importância da globalização como motor de mudanças ;

(13)

² Pesquisar como a tecnologia da informação facilita a implementação da organização

virtual;

² Pesquisar quais as capacidades pessoais requeridas pela organização virtual;

² Analisar quão preparados estão os gerentes para a organização virtual;

² Identificar qual o grau de interação, via rede, com parceiros e fornecedores.

I.3 QUESTÕES A SEREM RESPONDIDAS

² Quais as exigências da organização baseada na informação ?

² Como se dá o planejamento estratégico dessas organizações ?

² Quais são ou serão seus principais problemas de administração ?

Ø Quais são os instrumentos para medir remuneração, reconhecimento e

oportunidades de carreira ?

Ø Como criar uma visão unificada em uma organização de especialistas ?

Ø Qual a estrutura gerencial dessa organização ?

I.4 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

O campo de experimento dessa dissertação deve ser o das organizações cujos negócios

requeiram agilidade, criatividade e flexibilidade. Considera-se, ainda, as organizações

que têm que promover a mudança neste sentido por já estarem num processo de

competição, globalizado, que as torna dependentes de conhecimento e adaptabilidade ao

(14)

Um ponto importante para aumentar a competitividade de uma empresa no menor

período de tempo é a efetivação de alianças estratégicas. São três os tipos de aliança

com este propósito: Parceria (quando compartilham recursos entre si), Consórcio

(quando são associações temporárias) e Conexão (quando se unem para se

complementarem).

Nosso estudo está delimitado a investigar empresas brasileiras que por sua natureza

estão, ou poderiam estar, num processo de mudança que preveja sua atuação como uma

organização do futuro, do estilo virtual. Neste caso, operando em rede com seus

parceiros e fornecedores, mesmo que sem uso de uma rede física.

Alguns fatos da realidade brasileira, decorrentes de crises econômicas e financeiras -

agravadas no início de 1999 - dificultam a realização de uma pesquisa de campo dessa

natureza. Muitas empresas no Brasil, por ser um país que tem vivido um processo de

crise e de recessão, têm adiado uma estruturação mais profunda, se preocupando,

essencialmente, com o clássico corte de custos através de demissões.

Por outro lado, ao inserir o país no processo de competição internacional, com a

privatização e a desregulamentação, o governo impeliu às empresas a repensarem seus

negócios, se associarem com empresas estrangeiras, para poderem se tornar mais

competitivas e sobreviverem.

Neste contexto, definimos como objeto de estudo a TELEMAR, operadora de serviços de

telecomunicações. Mais precisamente, a escolha recaiu sobre a área de Negócios

Empresariais da companhia. Esta escolha se deve ao fato da TELEMAR ter sido

(15)

competitivo. Sendo uma empresa originalmente estatal e monopolista, atualmente

concorre num cenário com expansão da quantidade de empresas concorrentes, em que

grandes operadoras internacionais estão no jogo, e só haverá espaço, numa visão de

médio prazo, para as concorrentes mais efetivas.

A restrição à área de Negócios Empresariais se de ao fato de ser este, o setor da

empresa que lidera as maiores transformações. A TELEMAR vem de uma cultura de

empresa técnica, de projetos de engenharia, para se voltar para o mercado, atendendo a

demanda dos clientes. Neste campo, a maior competição se dá com relação aos clientes

corporativos, onde está o foco de todas as grandes empresas de telecomunicações

operantes. Soma-se a isso o fato do mercado empresarial se o maior consumidor de

comunicação de dados, onde se concentra o desafio das empresa privatizadas locais.

Por ser a TELEMAR, historicamente, uma empresa de telefonia, dela se exige um esforço

adicional para agregar valor e qualidade no setor de dados, que é o mercado mais

promissor do futuro.

I.5 RELEVÂNCIA DO ESTUDO

Um dos maiores desafios enfrentados pelas organizações, privadas ou públicas, é

manterem-se saudáveis e podendo liderar seus segmento de ação. Neste ponto, não

podem perder de vista as demandas do mercado, de seus clientes ou cidadãos. Para tal,

impõem-se uma mudança contínua, adaptando-se para os requerimentos de agilidade,

(16)

Se tais características se refletem nas organizações de países ricos, torna-se ainda mais

premente que as organizações dos países periféricos estejam cientes e se mobilizando

para ingressar nessa mesma situação. Em tempos globalizados, a competição ferrenha

entre empresas não permite que as fracas sobrevivam, mesmo quando o objetivo final

não é o lucro financeiro.

Terão, estas organizações, que estarem preparadas para o desafio de se fazerem

presentes e líderes de um mercado internacional. Assim, parcerias e absorção de

tecnologia serão vitais. As empresas virtuais tendem a facilitar o intercâmbio de valores,

fortalecendo-as no jogo da competição.

I.6 DEFINIÇÃO DE TERMOS

A definição dos termos em torno dos quais fundamentar-se-á o desenvolvimento deste

estudo deverá ser aperfeiçoada ao longo do texto. Contudo, a conceituação básica de

termos essenciais já pode ser apresentada.

² Tecnologia – No sentido restrito, se refere ao conhecimento para desenvolver e

aplicar processos técnicos e existe incorporado em máquinas, equipamentos ou na

forma de planos e documentação. No sentido amplo, se refere aos componentes do

sentido restrito aos quais são incorporados os fatores complementares de

qualificação de pessoas e organizações.

² Tecnologia da Informação – Tecnologia relacionada ao tratamento de informação,

(17)

² Rede – componente, físico ou não, que permite a troca ou intercâmbio de

informações, valores ou competências entre diferentes elementos.

² Empresa Virtual – organizações que, independente de uma infra-estrutura física e

formal, existem a partir da simbiose entre valores e competências de múltiplas

organizações, de tal forma que a soma tem como resultado um produto/serviço

(18)

II.

METODOLOGIA

II.1 UNIDADE DE ANÁLISE

O estudo é acompanhado de um trabalho de campo que avalia, subsidia e exemplifica a

questão da implementação de empresas virtuais no contexto brasileiro. Definimos como

objeto do nosso estudo uma empresa da área de serviços de telecomunicações por

algumas razões:

² É representativa, em quantidade e qualidade, na economia brasileira.

² É oriunda de um processo de privatização em larga escala

² É passível de ser alvo de diferentes estilos de parceria, especialmente com

empresas estrangeiras, com a desregulamentação da área.

² Por trabalhar com tecnologia, tem já incorporado o espirito da agilidade e inovação.

² Vem sofrendo um profundo processo de atualização tecnológica para enfrentar a

concorrência.

² Vem avaliando novas formas de atuação, uma vez que seu serviço tende a ser

afetado por novas tecnologias, empresas concorrentes e globalização.

² É uma das maiores empresas empregadoras e pagadoras de impostos no Brasil.

² Tem abrangência geográfica de 64% do território brasileiro

² Tem abrangência demográfica de 55% da população brasileira

² Atinge a população mais carente do Brasil.

(19)

II.2 TIPO DE PESQUISA

A metodologia de pesquisa desenvolvida neste Projeto consistiu em realizar dois tipos de

pesquisa:

² PESQUISA BIBLIOGRÁFICA, centrada em focos de interesse distintos:

• Estruturas flexíveis adotadas por organizações competitivas e baseadas no conhecimento;

• Tendências que afetam à nova reestruturação das organizações, sob o ponto de vista do acesso às informações, à comunicação, ao envolvimento das pessoas e à

distribuição do poder;

• O papel da tecnologia de informação neste redesenho organizacional e sua influência nos novos formatos de interação com os profissionais;

² PESQUISA DE CAMPO, visando obter insumos para avaliação do grau de

comprometimento das organizações com o processo de mudança para atuar de forma

virtual, a partir da análise das percepções dos atores incluídos nas amostras descritas

a seguir.

Trata-se de uma pesquisa de caráter descritivo interessada na das percepções das

(20)

II.3 UNIVERSO E AMOSTRA

A natureza das amostras utilizadas no levantamento de campo foi qualitativa, e não

quantitativa. Por ser uma pesquisa que busca a avaliação de diretrizes estratégicas, que

na sua maioria ainda estão em fase de planejamento, o foco das entrevistas recaiu para a

alta e média direção da empresa, responsável pela definição dessas políticas.

² Responsáveis pela gestão de negócio das empresas;

² Pessoas e grupos cujas responsabilidades estejam diretamente vinculadas à

definição, acompanhamento e avaliação das decisões de alianças estratégicas;

² Pessoas ou grupos afetados pelos resultados das decisões.

II.4 COLETA DE DADOS

O escopo da coleta de dados e informações limitou-se ao descrito a seguir:

1. PESQUISA BIBLIOGRÁFICA - o acesso aos dados pertinentes aos estudos

mencionados nos objetivos específicos deu-se por meio de consultas em bibliotecas

como a FGV, UFRJ e PUC, bem como à Internet.

2. PESQUISA DOCUMENTAL – o acesso aos dados pertinentes aos estudos

mencionados nos objetivos deu-se por meio de consultas a documentações da

empresa analisada, Telemar, incluindo resultados de pesquisas de mercado, relatórios

do departamento de inteligência competitiva, relatórios de consultorias contratadas

pela empresa para orientar nas suas definições estratégicas, atas de reuniões,

entrevistas internas e acesso a sua página Web pública, bem como a sua Intranet, de

(21)

II.5 TRATAMENTO DE DADOS

A análise dos dados coletados deu-se por meio das seguintes etapas:

1. mapeamento, grupamento e análise qualitativa dos dados obtidos nas pesquisas

bibliográficas;

2. análise dos dados coletados na pesquisa de campo;

3. tabulação dos dados;

4. análise qualitativa dos dados;

5. elaboração de conclusões.

II.6 LIMITAÇÕES DO MÉTODO

Devido a quantidade representativa de estudos teóricos sobre o tema, certamente a

pesquisa bibliográfica, embora extensiva, não abrangeu a sua totalidade. Contudo,

existem poucas análises no nível do emprego prático dessas teorias no campo das

empresas brasileiras. Como nos limitamos a trabalhar com apenas uma empresa, este

estudo ficará limitado a esta perspectiva. Futuras análises poderão privilegiar outros tipos

de negócio e ampliar a quantidade de empresas avaliadas, contribuindo para uma melhor

avaliação da matéria.

Uma outra provável limitação refere-se à Etapa da Pesquisa de Campo. Embora

quantitativamente existam diversas empresas da indústria de telecomunicações no Rio

de Janeiro, poucas são as que estão operando plenamente. Excetuando-se as originárias

do processo monopolista estatal brasileiro, as novas concorrentes ainda se encontram na

fase de estruturação, o que, neste momento do trabalho, as tornou pouco representativas

(22)

III.

REFERENCIAL TEÓRICO

Os estudos mais recentes das organizações sempre passa pelos mesmos elementos,

embora sejam analisados diferentemente por cada avaliador. Estes elementos

compreendem a estratégia, a estrutura, a cultura, a tecnologia, as pessoas e a política.

Neste estudo iremos tratar das organizações principalmente pelo aspecto da estrutura.

Não é um estudo extensivo sobre o tema, mas algumas considerações baseadas em

autores representativos da área de administração de empresas.

A estrutura e a estratégia são elementos independentes, mas que influenciam um ao

outro. Tanto se redesenha uma nova estrutura para suportar uma nova estratégia, quanto

dado uma estrutura ela pode ser a base de uma determinada estratégia. O próprio

modelo clássico de formulação estratégica reconhece esta inter-relação, mostrando os

pontos fracos e pontos fortes da organização, estes sempre intimamente ligados com a

estrutura, como um alavancador da criação de estratégias.

Um marco na pesquisa sobre estruturas corporativas é o trabalho de Chandler4, em

Estratégia e Estrutura (1962), onde descreve o processo através do qual a Dupont e a

General Motors elaboraram suas estruturas e se integraram verticalmente. Neste estudo,

Chandler mostra que essas organizações conservaram uma estrutura burocrática, do tipo

funcional, enquanto suas atividades estiveram concentradas sobre uma linha de

produtos, ou linhas de produto semelhantes. Deram foco à eficácia interna, no lugar de

preocuparem-se com o mercado. De início, diversificaram a linha de produtos, para só

mais tarde expandirem geograficamente seus mercados. Nesse ponto, a estrutura

I.

(23)

funcional tornou-se inadequada à flexibilidade requerida na absorção das novas

atividades.

Construindo conceitos como força diretiva (driving force) e centro de gravidade (center

of gravity), Galbraith5 relaciona várias estratégias às formas estruturais, variando da

funcional até a altamente diversificada.

Na visão de Galbraith, as pesquisas de Chandler estão sendo aperfeiçoadas e, muito do

trabalho e da idéias mais recentes, acrescentaram um considerável potencial para o

entendimento de diferentes padrões de mudanças de estratégias que se relacionam com

as diferentes estruturas, sistemas gerenciais e culturas das organizações. Ressalta

ainda, a importância do desempenho econômico nestas análises.

As pesquisas subsequentes expandiram a quantidade de atributos de uma organização,

além da estrutura. Para Galbraith, uma organização consiste de estrutura, processo,

planejamento, time ou pessoas, sistema de premiação, práticas de pessoal como seleção

e desenvolvimento.

Tudo leva a uma constatação: organização é mais que estrutura e todos os elementos

precisam conviver em harmonia entre si. Algumas estratégias têm tido mais sucesso que

outras. Uma das explicações é que para qualquer estratégia, o melhor desempenho é

daquela que alcança um bom casamento entre a estratégia e sua organização

I.

(24)

Segundo Galbraith, as organizações podem pertencer à mesma indústria, mas serem

bem diferentes porque desenvolveram-se a partir de um começo de um ponto distinto e

particular da cadeia de suprimento. O começo, e o sucesso inicial, ensina ao

administrador lições desse estágio. A firma desenvolve uma organização integral

(estrutura, recompensas, processos e pessoas) que é peculiar àquele estágio e forma

seu centro de gravidade.

As empresas maduras querem se expandir e podem adotar uma estratégia de mudança

que Galbraith classifica em cinco tipos distintos: simples, verticalização de produtos,

diversificação relacionada, associada, não relacionada. A cada estratégia de mudança

está associado um tipo de estrutura: funcional, funcional com centros de lucros,

divisional, mista e empresa holding.

Estudos de desempenho mostram que as empresas com diversificação relacionada, ou

seja, que permanecem com o mesmo centro de gravidade, mas em diferentes indústrias,

são as que mais se destacam. A explicação mais consistente é a de que estas empresas

sabem o mecanismo de operação e condução de uma empresa de determinado centro

de gravidade. Ao expandir seu campo de ação, essas empresas têm que aprender um

novo negócio, mas mantendo o conhecimento do seu centro de gravidade.

De qualquer forma, é bastante difícil alterar o centro de gravidade de uma empresa,

qualquer que seja sua posição na cadeia produtiva. A explicação para isto é que a

mudança do centro de gravidade requer o desmantelamento da estrutura de poder

vigente, rejeição de parte da antiga cultura e o estabelecimento de um novo sistema de

(25)

Também Mintzberg6 cobre em seus trabalhos o design das estruturas organizacionais,

incluindo os sistemas formais. Tenta fazer duas coisas: delinear as dimensões básicas

das organizações e combinar estas dimensões para identificar vários tipos de

organizações, chamando-as de configurações. As dimensões introduzidas incluem

mecanismos usados para coordenar o trabalho nas organizações, parâmetros a serem

considerados nas estruturas projetadas e fatores situacionais que influenciam as

escolhas entre os parâmetros de design.

A partir da combinação destes elementos, Mintzberg apresenta seis configurações:

empreendedora, mecânica, profissional, diversificada, inovadora, missionária e política.

A organização empreendedora é aquela de estrutura simples, formada essencialmente

pelo administrador principal e um corpo operacional. São pequenas, jovens e flexíveis.

Em geral, ou falham ou se burocratizam. São caracterizadas pela pouca formalização e

um uso mínimo de planejamento, treinamento e mecanismos de ligação, sendo o poder

bastante centralizado, e personalizado.

A organização mecânica se caracteriza por forte especialização e padronização do

trabalho. Sua estrutura é bastante elaborada. A tecnoestrutura é forte por ser responsável

pela formalização de comportamentos e planos de ação. Para manter o poder

centralizado, o ambiente e o sistema produtivo devem ser simples. É própria para a

produção em massa.

I.

(26)

A profissional é baseada na padronização de competência. Para tanto, exigem

profissionais especializados, que têm grande controle sobre seus trabalhos. O poder é

descentralizado entre os profissionais e as instituições que os treinam e selecionam.

A diversificada é fruto da maturidade, do crescimento e da diversificação de produtos e

mercados de uma empresa. Tem autonomia para operar suas unidades e o controle

central é exercido através da padronização de resultados. Na verdade, não são uma

estrutura em si mesma, mas parte de um conjunto maior.

A inovativa é própria das empresas criativas que requerem competências altamente

especializadas. Têm uma estrutura bastante simplificada e descentralizada, que permite

a flexibilidade e a agilidade. O poder é distribuído, conforme as necessidades e a

expertise de cada um. As organizações inovativas que usam esta estrutura internamente,

criam novas facilidades para o centro operacional. As que trabalham diretamente dessa

forma com seus clientes, sem padronização de produtos ou serviços, tendem a

desaparecer ou porque vão à falência ou porque se burocratizaram, buscando fugir de

suas vulnerabilidades.

A missionária baseia-se na ideologia. Seus membros são mantidos juntos através da

padronização de normas. Em geral, não são organizações jovens, pois a consolidação de

uma ideologia requer tempo. Tanto o ambiente, quanto os sistemas técnicos devem ser

simples, sob pena de requerer pessoal especializado.

A política se caracteriza por não ser representada por qualquer dos elementos

apresentados por Mintzberg. Ao contrário da missionária, tende a separar as suas partes.

(27)

Ultimamente, têm-se dado um grande destaque às novas formas de organização, o que,

inclusive, criou um vocabulário novo incluindo expressões como downsizing ou

rigthsizing, corporação virtual, em células, neurais, entre outros. Quinn, Anderson e

Finklstein7 têm tentado clarificar o que organizações em rede significam. Tem-se dito que

este tipo de estrutura estaria surgindo como forma substituta do modelo divisionalizado

que domina as empresas atuais.

Delineiam cinco novas formas para tratar o que Richard D’Aveni8 chama de

hipercompetição. Estas são chamadas de organizações infinitamente horizontais

(infinitely flat); organizações invertidas, organizações teia de aranha (spider’s web),

organizações em ramo (clusters).

A contribuição maior destes autores é apresentar as diferenças entre as formas

emergentes de organização e explicar como organizá-las em termos de fluxos de

conhecimento ou fluxo intelectual no lugar de fluxos de autoridade. Fornecem as linhas

mestras para a indústria do conhecimento, que representam a vantagem competitiva das

empresas de hoje, e serão muito mais significativos no futuro. Assim, as empresas

combinam estas formas conforme convém, dependendo dos problemas que precisam

dominar.

Outra forma de organização, que não é nova, mas com recente destaque, é a de aliança

entre várias companhias. Para Bleeke e Ernst9, para enfrentar a esfera dos negócios

I.

7 QUINN, R. P., P. ANDERSON & S. FINKELSTEIN – Pág. 350

(28)

globais, e sua competição predatória, é necessário um novo tipo de estrutura. As

empresas, em especial as multinacionais, estão aprendendo uma nova regra do jogo:

colaborar para competir. Isto envolve criar valor através do compartilhamento seletivo de

custos, capital, acesso ao mercado informação e tecnologia com competidores e

fornecedores. O modelo colaborativo de Bleeke e Ernst não deixa de ser um tipo de

organização em rede, apenas englobando nós que são de empresa distintas.

Ao invés da competição cega, as empresas estão aumentando suas competências nas

áreas em que têm vantagem competitiva e sua participação é essencial para preservar o

negócio. A melhor abordagem é encontrar parceiros que já estejam preparados para os

desafios que se procura. E uma aliança, para ser bem sucedida, deve ser feita entre

empresas de mesma estatura financeira e mercadológica.

Os autores ressaltam que é importante para os administradores desenvolverem uma

visão da estratégia internacional e acompanhar as aquisições e alianças extra-fronteiras

como uma seqüência flexível de ações e não como um acordo voltado para uma

competição temporária ou benefícios financeiros.

Na visão de Drucker10, ocorreram três evoluções na estrutura das organizações:

• a primeira ocorreu entre 1895 e 1905, quando Siemens, dono do Deutsche Bank, criou o conceito de administração profissional, separando a relação íntima entre

propriedade e administração da empresa.

• a segunda ocorreu vinte anos depois, iniciando com Dupont11 e continuando com

Sloan12 que reformulou a General Motors. Introduziram a organização de comando e

I.

(29)

controle, com ênfase na descentralização, nas equipes centrais de assessoria, no

gerenciamento de pessoal, no aparato de orçamento e controles e na separação de

políticas e operações

• A terceira é a transferência da organização hierárquica, de departamentos e divisões, para a organização baseada na informação, dos especialistas do conhecimento. Este

é o desafio gerencial do futuro.

Nas organizações do futuro, cada especialista detém seu conhecimento, seu próprio

treinamento e sua própria linguagem. Dirige e disciplina seu próprio desempenho, através

do conceito a ser emitido por colegas, clientes e a administração central. Boa parte do

trabalho é executado por equipes que são formadas conforme o diagnóstico e pelas

condições do serviço.

As tendência contemporânea da perspectiva estrutural, segundo Paulo Motta13, é de

obter uma forma que permita a variação e flexibilidade da empresa. Estruturas rígidas

não resolvem os problemas de incerteza atuais, inclusive aumentam o risco. A empresa

virtual, último estágio da flexibilidade organizacional, em suas próprias palavras,

atenderia a estes requisitos de redesenho constante.

A empresa virtual não existe conforme os conceitos tradicionais. Nela, o componente

físico não é percebido. Não existe um produto ou uma sede física. Os produtos são feitos

sob medida, a partir da necessidade dos clientes. O que a molda como empresa é a

I.

11 DRUCKER, Peter – Pág 13 12 idem

(30)

tecnologia da informação. esta deixa de ser meramente operacional para ser

transformacional.

Nessa perspectiva, a estrutura é vista como arbitrária, pois oferece várias possibilidades;

complexa, pois é baseada em interdependência e variável, pois adaptável a diferentes

ambientes e demandas.

O autor recomenda, ao implementar uma empresa virtual:

• a virtualização do ambiente físico, através de terceirização ou parceria;

• a virtualização da localização dos funcionários, através do incentivo de escritórios virtuais ou telecentros;

• a virtualização do produto, através da customização;

• virtualização do tempo e espaço, ou seja, pode-se atender o cliente todos os dias, todas as horas, em qualquer lugar do mundo.

Na relação estrutura e estratégia, ainda segundo Motta14, as empresas virtuais devem

centrar na competência básica, fazer alianças estratégicas, terceirizar as tarefas que não

estão na sua competência básica, acompanhar a evolução tecnológica e focar cliente e

comunidade.

Destes poucos, porém importantes, estudos na área da Teoria Administrativa,

especificamente da Teoria de Mudança, privilegiou-se a dimensão da estrutura. A partir

deste painel, pode-se observar muitos pontos interessantes.

I.

(31)

O primeiro deles é que as dimensões organizacionais como estratégica, estrutural,

tecnológica, humana, cultural e política, devem estar em harmonia dentro de uma

empresa, para que esta seja bem sucedida.

A estrutura e os outros elementos que compõem uma organização estão intimamente

relacionados e interligados, afetando diretamente a estratégia dessas empresas. Assim,

existe um modelo único de estrutura que se adapta da melhor forma a um determinado

tipo de estratégia. Ao se alterar a estratégia da empresa, é importante que a estrutura

acompanhe esse movimento.

O segundo ponto é que as empresas, diante das alterações impostas pelo ambiente

externo, altamente competitivo, têm sofrido um processo de mudança profundo. Assim,

estruturas rígidas que funcionavam bem dentro de um determinado contexto, não mais

respondem às demandas do mercado atual. Novas formas de organização, mais flexíveis

e dinâmicas, têm sido adotadas pelas empresas, na busca da sobrevivência. Não é

apenas a busca de um novo modelo estável. É a procura por um modelo de camaleão,

que esteja em constante mutação.

Essa estrutura de empresa toma vários nomes: inovativa, baseada em informação,

virtual, celular, neural, adhocracia, entre outras. Vários autores, mesmo com

terminologias distintas, apresentaram suas idéias de empresa do futuro. Como ponto de

consenso, pode-se ressaltar que o conhecimento é a vantagem competitiva, que a

virtualidade é a exigência estrutural de flexibilidade requerida, o fluxo de informação é

fundamental para atualizar os envolvidos e formar a visão estratégica, alcançando a

eficiência e a satisfação do cliente, e o comportamento colaborativo entre empresas é

(32)

O desafio do futuro é encontrar uma forma que permita a estas empresas, contemporizar

e definir conceitos como fidelidade, missão, poder, estratégia, cultura, responsabilidade

social, e outros diante de um quadro que envolve parcerias, terceiros, aliados e

concorrentes.

Na concepção de Manuel Castells15,

“a economia informacional, como acontece com todas as formas de produção historicamente distintas, é caracterizada por cultura e instituições específicas.”

Mas, uma característica peculiar dessa economia é de que a cultura não é um conjunto

de valores e crenças ligadas a uma determinada sociedade. O que a caracteriza a

economia informacional global é seu surgimento em contextos culturais muito diferentes.

Contudo, a diversidade cultural não impede que exista uma matriz comum de formas de

organização e processo produtivo e de consumo e de distribuição.

Para Castells, o surgimento da economia informacional

“caracteriza-se pelo desenvolvimento de uma nova lógica organizacional16 que está

relacionada com o processo atual de transformação tecnológica, mas não depende dele.

I.

15 CASTELLS, Manuel. Pág 173

16 Castells adota o conceito de Nicole Biggart: “ Por lógicas organizacionais, refiro-me a um

(33)

São a convergência e a interação entre um novo paradigma tecnológico e uma nova lógica organizacional que constituem o fundamento histórico da economia informacional. Contudo, essa lógica organizacional manifesta-se sob diferentes formas em vários contextos culturais e institucionais.”17

A motivação para o surgimento da economia informacional é explicada de forma

diferenciada por diversos autores. O essencial dessa análise, e que se aplica em nossos

estudos, é que existem quatro pontos característicos desse processo, conforme avaliado

por Castells18:

Ø Quaisquer que sejam as causas e origens da transformação organizacional, houve,

de meados dos anos 70 em diante, uma divisão importante na organização da

produção e dos mercados na economia global;

Ø As transformações organizacionais interagiram com a difusão da tecnologia da

informação, mas em geral eram independentes e precederam essa difusão nas

empresas comerciais;

Ø O objetivo principal das transformações organizacionais em várias formas era lidar

com a incerteza causada pelo ritmo veloz das mudanças no ambiente econômico,

institucional e tecnológico da empresa, aumentando a flexibilidade em produção,

gerenciamento e marketing;

I.

lógicas organizacionais são as bases ideacionais para as relações de autoridade institucionalizadas.”

(34)

Ø Muitas transformações organizacionais visavam redefinir os processos de trabalho e

as práticas de emprego, introduzindo o modelo da produção enxuta com o objetivo de

economizar mão-de-obra mediante a automação de trabalhos, eliminação de tarefas e

supressão de camadas administrativas.

Essas transformações organizacionais se concretizarem sob determinadas formas

específicas, tais como:

1. A Produção Flexível substitui a Produção em Massa

Esta tendência é uma das mais visíveis dentro do processo de mudança de

comportamento inerente à economia informacional. Migra-se da produção em massa

para a flexível, ou do fordismo para o pós-fordismo19. A produção em massa é baseada

no ganho de produtividade obtido através da economia em escala, da produção

padronizada por meio de processo mecanizado de linhas de montagem, sob condições

de controle de mercado. Este modo de produção corresponde a organizações

hierárquicas com forte divisão de trabalho.

Alguns fatores influenciaram essa mudança: demanda por qualidade, mercados mais

diversificados e menos controlados, transformação tecnológica tornando os

equipamentos de produção única obsoletos. Assim, o sistema de produção se tornou

rígido e dispendioso para a nova economia. Surgiu o sistema flexível de produção como

resposta. Podemos classificar dois tipos de flexibilidade de produção que surgiram:

I.

(35)

Ø Especialização Flexível, onde a produção adapta-se à transformação contínua, sem

tentar controlá-la, numa produção personalizada;20

Ø Flexibilidade Dinâmica, facilitadas pelas novas tecnologias que permitem a

transformação da linha de montagem típica em unidades de produção de fácil

programação que permitem atender as diferentes características do mercado

(flexibilidade de produto) e das transformações tecnológicas (flexibilidade de

processo).

2. Porte da empresa

A crise da grande empresa e a flexibilidade de pequenas e médias empresas é a

segunda tendência identificada. As empresas menores surgem como agentes de

inovação e fontes de empregos. Para muitos estudiosos, a crise da grande empresa se

deve à crise da produção em massa. Muitos outros discordam, afirmando que as grandes

empresas ainda são as detentoras de maior de capital e de mercados em todas as

principais economias. As empresas menores continuam sob o controle financeiro,

comercial e tecnológico das grandes empresas.

O que realmente é relevante considerar no contexto de nossa análise, é que existe um

processo de realinhamento do modelo corporativo tradicional, baseado na integração

vertical e no gerenciamento hierárquico, onde as grandes empresas, em prol da sua

expansão e globalização, têm se valido da terceirização e contratação de empresas

menores na busca rápida da flexibilidade, que lhes permite ganhos de produtividade.

I.

20 Piore, Michael J. e Sabel, Charles F. – The Second Industrial Divide: Possibilities for Prosperity,

(36)

3. Governância

Os novos métodos de gerenciamento são fruto de interação de diversas experiências

anteriores. O Japão tem sido um grande contribuidor do novo gerenciamento flexível

adaptado à economia informacional. Alguns modelos são bastante conhecidos, a

exemplo do just-in-time, do controle de qualidade total, do trabalho em equipe com

aumento de autonomia, recompensa pelo desempenho, entre outros.

Um ponto importante deste novo modelo é o espírito real de parceria entre a empresa

principal e a rede de fornecedores, onde a complementaridade e o comprometimento é

primordial para o resultado geral, diante do cliente. Neste modelo, os fornecedores são

controlados ou influenciados pelos empreendimentos financeiros, comerciais e

tecnológicos.

Ocorre uma desintegração vertical da produção em uma rede de empresas. A rede

permite maior diferenciação dos componentes de trabalho e capital, melhor contingência

ao trabalhar com diversos fornecedores, maior competitividade e qualidade. O sistema

exige ausência de controle total dos trabalhadores, confiança nos fornecedores e

previsão de mercado.

O grande diferencial desse modelo é a habilidade em aumentar as formas de

conhecimento, que se torna a base para uma empresa inovadora. Este modelo requer a

participação de todos os trabalhadores no processo de inovação, de forma que

transmitam seus conhecimentos a todos os demais, criando um fluxo de transferência de

(37)

Esse modelo também exige a estabilidade da força de trabalho na empresa, porque só

assim se cria ambiente para a transferência de conhecimento para a empresa e para que

a empresa os difunda. Ou seja, esse modelo provoca mudanças profundas no processo

de relação entre gerentes e trabalhadores. E, como apropriadamente avalia Castells21, a

tecnologia da informação facilita muito esta transferência de conhecimento, do tácito para

o explícito dentro de uma organização, mas o processo inovador é anterior a ela.

4. Redes de empresas

Outras duas formas de flexibilidade organizacional se apresentam no cenário recente da

economia mundial: o modelo de redes que interconecta empresas pequenas e médias e

o modelo de redes em que uma grande empresa é o nó principal.

No primeiro caso, a motivação é agregar valor pela complementariedade, poder de

negociação, aumento de volume de produção e compartilhamento de riscos e custos. As

indústrias têxteis do norte da Itália22 e a rede exportadora de Taiwan23 são os exemplos

mais conhecidos dessa solução. São chamadas de redes horizontais.

A rede em torno de uma grande empresa é o chamado Modelo Benetton24. A empresa

italiana opera numa rede de franquias de distribuição exclusiva de seus produtos, sob o

seu rígido controle. É considerada uma rede horizontal, mas baseada num tipo de relação

de poder da maior empresa.

I.

21 Castells, Manuel – pag 181

22 JOHNSTON, Russel & LAWRENCE, Paul R. – Pág 23 23 CASTELLS, Manuel – Pág 182

(38)

5. Alianças Estratégicas

Esta é um tipo de rede entre empresas de diversos tamanhos. Essas alianças são

motivadas pela sinergia na busca de mercado, produtos e processos específicos e não

excluem a concorrência, em áreas não cobertas especificamente pelo acordo.

“O acesso a mercados e a recursos de capital é freqüentemente trocado por tecnologia e conhecimentos industriais; em outros casos, duas ou mais empresas empregam esforços conjuntos para desenvolver um novo produto ou aperfeiçoar uma nova tecnologia, em geral, sob o patrocínio de governos ou órgãos públicos.”25

As empresas de tecnologia são as maiores usuárias deste tipo de modelo de

organização, devido aos altos custos de P&D e à competitividade muito elevada. A

estrutura das empresas de tecnologia passa a ser bastante complexa, numa composição

de alianças, acordos e joint – ventures entre elas. Estas alianças estratégicas não as

impedem de concorrer entre si. A maior parte preza em definir domínios específicos para

os acordos, que as une para serem mais competitivas num determinado mercado e em

condições específicas, mas as tornando concorrentes nos demais. Este processo se

reproduz em toda as dimensões da rede, que também inclui terceirizações e parcerias

com empresas de todos os portes, numa escala abrangente. Nesse modelo, a informação

proprietária e o direito autoral é um fator competitivo de alto valor comercial.

I.

(39)

Como fica evidente, o modelo em rede está desalinhado com o antigo modelo hierárquico

e a empresa passa de burocracias verticais para a flexibilidade horizontal.

“Uma expressão direta da reestruturação capitalista para superar a crise de lucratividade

dos anos 70, o modelo da produção enxuta reduziu custos, mas também perpetuou as estruturas organizacionais obsoletas enraizadas na lógica do modelo de produção em

massa sob as condições de controle dos mercados oligopolistas. Para operar na nova

economia global, caracterizada pela onda de novos concorrentes que usam novas

tecnologias e capacidade de redução de custos, as grandes empresas tiveram de

tornar-se principalmente mais efetivas que econômicas. As estratégias de formação de redes

dotaram o sistema de flexibilidade, mas não resolveram o problema de adaptabilidade da

empresa. Para conseguir absorver os benefícios da flexibilidade das redes, a própria

empresa teve de tornar-se uma rede e dinamizar cada elemento de sua estrutura interna:

este é na essência o significado e o objetivo do modelo da empresa horizontal,

freqüentemente estendida na descentralização de suas unidades e na crescente

autonomia dada a cada uma delas, até mesmo permitindo que concorram entre si,

embora dentro de uma estratégia global comum.”26

A empresa horizontal, ainda citando Castells27, apresenta sete características principais:

Ø Organização em torno do processo, e não da tarefa;

Ø Medida de desempenho pela satisfação do cliente;

Ø Recompensa com base no desempenho da equipe;

Ø Maximização dos contatos com fornecedores e clientes;

I.

(40)

Ø Informação, treinamento e retreinamento de funcionários em todos os níveis.

O modelo de empresas em rede tem sofrido mutações, por sua própria essência

dinâmica e flexível. Esta evolução está relacionada com as empresas multinacionais e

seu processo de globalização, que se pautou em três estratégias. A primeira foi a de

atuarem em diversos mercados locais, a partir de suas sedes em seus países de origem.

A segunda, baseia-se em uma estratégia global articulada, onde diferentes unidades

funcionais da empresa estão presentes em diferentes lugares. A terceira, baseia-se em

redes internacionais. Neste caso, as empresas estabelecem relações com diversos

mercados locais e existe troca de informação entre estes mercados. A concorrência

global é auxiliada pelas informações dos mercados locais, de tal maneira que a estratégia

é montada de baixo para cima, dado o cenário de mudança constante e com dinâmicas

de mercado diversas.

O papel da tecnologia da informação possibilita a captação e a consolidação das

informações, permitindo a elaboração de estratégias com rapidez e menor risco. As

informações circulam pela rede que se entende como sendo integrada pelas redes

internas às empresas, redes entre empresas, redes pessoais e redes de comunicação

intermediárias.

(41)

organizações nas quais os objetivos e mudanças de objetivos modelam e remodelam de forma infinita a estrutura de meios. O primeiro tipo de organizações, chamo de burocracias; o segundo, de empresas.”28

Os componentes da rede são tão autônomos quanto dependentes em relação à rede e

podem ser uma parte de outras redes, simultaneamente, ou seja, outros sistemas com

diferentes objetivos.

E Castells analisa porque a rede é a forma organizacional da economia informacional: ela

atende às demandas da nova economia, ao ser capaz de gerar conhecimentos e

processar informações, além de ser flexível o suficiente para se adaptar às rápidas

mudanças da economia global e transformar-se rapidamente quando os objetivos são

alterados. Por último, é capaz de inovar, principal arma competitiva dessa economia.

6. Cultura e Empresas em Rede

As formas de organização não se desenvolvem dissociadas das instituições e da

sociedade na qual estão inseridas. Cada sociedade gera seus próprios sistemas

organizacionais. Quanto mais distinta é sua cultura, mais seus sistemas organizacionais

ficam específicos em comparação com os demais. A tecnologia e a ampliação da atuação

das organizações para um ambiente global permite que interajam com outros modelos e,

como em qualquer relação, ocorra troca e difusão de padrões de produção, que, então,

são adaptadas aos ambientes específicos de cada qual.

I.

(42)

“Equivale dizer que a lógica do mercado é mediada pelas organizações, cultura e instituições de maneira tão profunda que, se os agentes econômicos ousassem seguir uma lógica de mercado abstrata, ditada pela ortodoxia da economia neoclássica, estariam perdidos.“29

Uma série de estudos de teoria organizacional demonstrou diferenças nas organizações

e nos comportamentos de empresas em ambientes diferentes do padrão anglo-saxão,

que obedece um modelo de direito de propriedade, individualismo e separação entre

Estado e empresas. Nas pesquisas com empresas do leste europeu (Rússia, Polônia,

República Tcheca, Eslováquia, Romênia, Hungria, etc)30 se pode verificar duas

fundamentais contribuições: demostrou-se que o modelo de organização é fruto da

interação da cultura, história e instituições e que o ponto comum entre as organizações

do leste europeu é de que se baseiam em redes, embora de diferentes formas.

Esta pode ser a explicação do sucesso das empresas do leste europeu nas última três

ddécas: a composição de rede, formais e informais, que as permitiu se adequarem às

novas exigências de flexibilidade. Castells ressalta, que o Japão adotou uma lógica

comunitária; a Coréia , uma lógica patrimonial e Tawain, a patrilinear. Mas, a diferença

fundamental entre elas está no papel do Estado nesta conjuntura: em todos os casos o

Estado participou ativamente, porém de forma benevolente ou repressora.

Redes Internacionais

I.

29 CASTELLS, Manuel – Pág 193

(43)

O processo de globalização econômica com base em formação em redes parece

contradizer a análise de Chandler, que atribui o desenvolvimento da grande empresa,

com várias unidades, ao crescente tamanho do mercado e à disponibilidade da

tecnologia de comunicações que possibilitem o controle desse amplo mercado pela

grande empresa, obtendo economia em escala e escopo.

Por outro lado, parte da literatura dos últimos vinte anos considerava que a empresa

multinacional, com sua estrutura divisional centralizada, era a expressão organizacional

da nova economia global.

Estudos empíricos mostram que ambas as teorias não mais se aplicam. Devem ser

substituídas pelo surgimento das redes internacionais de empresas. A propósito, a

literatura recente apresenta cinco tipos de redes:

Ø Redes de fornecedores;

Ø Redes de produtores;

Ø Redes de clientes;

Ø coalizão padrão;

Ø Redes de Cooperação.

As empresas multinacionais não só participam de redes. São, elas mesmas, compostas

em redes descentralizadas. As empresas multinacionais são, de fato, as detentoras do

poder oriundo da riqueza e da tecnologia na economia global, visto que a maior parte das

redes são estruturadas em torno delas. Por outro lado, são extremamente dependentes

da sua participação em uma estrutura complexa. Cada nó de uma rede como essa está

inserido em culturas diferentes que afetam a rede em diversos níveis. Em geral, as redes

(44)

A unidade básica da organização econômica não é um sujeito individual, nem coletivo. As

unidades em rede, formadas de vários sujeitos e organizações, modificam-se

continuamente conforme adaptam-se aos ambientes e às estruturas de mercado.

“A empresa em rede aprende a viver nesta cultura virtual. Qualquer tentativa de cristalizar a posição na rede como um código cultural em determinada época e espaço condena a rede à obsolescência, visto que se torna muito rígida para a geometria variável requerida pelo informacionalismo.” 31

A visão de Chuck Martin32 está mais voltada para a influência da Internet e seu

direcionamento na Nova Economia. Para o autor, as raízes profundas e maduras da

Internet estão para provocar uma grande abalo nas relações de negócio e individuais

como nunca visto antes. Não existe mais dúvida para os executivos de que a Internet, ou

Rede do Futuro, como Chuck Martin chama, irá impactar seus negócios. Mas, não

sabem ainda quanto e como. Para alguns, será a derrocada. Para outros, a grande

oportunidade. Para Martin, o futuro da Rede não é vender pela Internet ou fazer dela uma

extensão dos negócios atuais. É uma revolução no modo de fazer.

O mundo está conectado de forma cada vez mais rápida e barata, o acesso é

onipresente, e virtualmente todo negócio e os indivíduos são afetados. Para Martin,

existem cinco ondas de evolução na Rede33:

I.

(45)

• Estágio de Relatório Anual:

As companhias simplesmente transferem o que estão fazendo nos seus negócios

tradicionais para a Rede.

• Estágio Novo Conteúdo:

As companhias, tais como geralmente ocorrem por volta de 1995, criam produtos

específicos para ambiente de rede. É quando a interatividade começa. As empresas

solicitam respostas por e-mail.

• Estágio Intranet:

A tecnologia de internet se propaga para dentro das empresas. Muitas empresas

percebem o poder de uma conexão ampla de seus funcionários. Um dos problemas

inerentes desta fase é que os executivos só conseguem perceber a economia de

custos.

• Estágio da Transformação do Atual Negócio:

Surge a extranet, ou seja, com a mesma tecnologia da Internet, as companhias podem

integrar fornecedores, consumidores e parceiros.

• Estágio da e-business:

Envolve a conexão total das empresas de tal forma que a organização, conhecendo

realmente os clientes, pode criar e modificar produtos, no próprio processo de

produção, para atender os requerimentos específicos de um determinado cliente.

É nesta fase que o ambiente interativo começa a direcionar o core business de uma

(46)

Mas, tão somente, que o cliente e a organização, ambos trabalhando em rede,

funcionarão em harmonia.34

No decorrer da evolução do uso da Internet, surgiram algumas de encaminhamento das

empresas em direção à Rede do Futuro35. São elas:

• A economia cibernética – Cybereconomy, ganha importância. Novos formas de comprar e vender criam uma nova casta de consumidores que esperam entrega

rápida, transações fáceis e informações fidedignas.

• A Força de Trabalho conectada toma posse. A Intranet coloca mais informação nas mãos dos trabalhadores e cria comunidades de trabalho virtuais, alterando a dinâmica

do ambiente de trabalho para ambos, companhia e indivíduos.

• A corporação de livro aberto surge. Os limites entre corporação e o mundo externo, incluindo fornecedores e clientes, serão eliminados. O poder muda dos fornecedores

para os receptores de produto, informação ou serviço.

• Produtos tornam-se commodities. A nova dinâmica interativa muda dramaticamente o modo pelo qual o valor é atribuído aos produtos. Mais importante, significa uma

mudança para o tempo real, preço flexível com valor estabelecido a cada momento.

• Clientes tornam-se Informação. Novas tecnologias para analisar e prever o comportamento do cliente em tempo real exigem das companhias que se organizem

de forma diferente para que mudem para a nova visão da Rede centrada no cliente.

• Surgem as Comunidades experientes. Pessoas irão subordinar comunicações instantâneas, agregando valor em tempo real. A experiência coletiva desempenhará

papel importante no coleta de informação e na tomada de decisão.

I.

(47)

• Conhecimento move-se para o tempo real. O novo significado da interconexão cria uma nova geração de aprendizes independentes e com poder, que requerem auto

motivação e compartilhamento de informações para ter sucesso.

As sete tendências acima desenvolvem-se por meio de relacionamentos com clientes,

fornecedores, distribuidores, parceiros e trabalhadores. Estes relacionamentos são

facilitados num ambiente conectado, onde assumem especificamente as seguintes

formas36:

Internet - Relacionamento com Cliente

“ Para a maioria dos clientes, o que eles conhecem de uma empresa é sua Página na Web. Enquanto algumas empresas alocam o mínimo de investimento na sua Web, outras já estão criando um novo tipo de relacionamento, redefinindo-se para o mundo on-line. A Internet permite uma oportunidade única da empresa lidar com os clientes tradicionais e criar diálogo com outros tantos clientes potenciais.” 37

Intranet – Relacionamento com o Trabalhador.

“ O uso típico da Intranet pelas empresa é para cortar custos de distribuição como divulgação de informações de interesse geral. Na REDE DO FUTURO, as empresas usarão a Intranet para estreitar o relacionamento com seus empregados; para fortalecer o empregado para que gerencie, aprenda e cresça; para facilitar o processo de trabalho; instituir programas que mantenham o moral alto e o turnover baixo. Mas o papel mais importante da Intranet é manter os objetivos da empresa afinados com os interesses do cliente, uma vez que são os empregados que estão mais próximos dos clientes.” 38

Extranet – Relacionamento com Parceiros, Fornecedores e Distribuidores

I.

36 MARTIN, Chuck – Pág 6 37 idem

(48)

“ Fornecedores, parceiros e distribuidores devem ser considerados como membro da comunidade da empresa estando à distância de um clique de mouse. Devem ter acesso a algumas informações que os permitam atuar de melhor forma para a empresa”39

Chuck Martin ressalta que o mais importante do processo na Rede, e acrescentamos,

nas empresas que trabalham com estrutura em rede, é que são todos interconectados. A

alteração de um provoca efeitos em todos os demais:

“Na ambiente da Rede, muita coisa parece acontecer tão rapidamente que é freqüentemente difícil para as companhias pararem e verem como as várias peças se encaixam. Existem tantas partes, e todas interconectadas, muitas como a própria Rede.

Mudanças no padrão de consumo do cliente afetam quais produtos serão desenvolvidos. Os produtos que são desenvolvidos irão afetar o lado operacional da empresa. Uma mudança na operação irá afetar a maneira como a empresa se relaciona com seus parceiros e o que precisa de sua força de trabalho. Requerimentos da Força de Trabalho afetam as necessidades de treinamento e padrões de emprego. Padrões de emprego afetam as compras dos clientes.”40

Nesse contexto, para assegurar os benefícios de um ambiente de rede, os agentes econômicos precisam estabelecer, entre si e com os clientes, relações intensas e permanentes, para as quais é preciso manter uma estrutura de informação que identifique de parte a parte os participantes, seus interesses e seus potenciais. Tais relações entre parceiros econômicos, entre clientes e fornecedores, são fatores de enriquecimento e devem ser geridas como recursos da chamada economia em rede.41

I.

39 Idem

40 MARTIN, Chuck – Pág 14

(49)

IV. DA PRIVATIZAÇÃO À COMPETIÇÃO

As empresas de telecomunicações brasileiras estão em pleno processo de

transformação. Empresas estatais, desde sua criação nos anos 60, quando o modelo do

regime autoritário militar brasileiro se estabeleceu também como modelo organizacional.

Este modelo era baseado na premissa de que as telecomunicações, assim como a

distribuição de energia e a exploração de petróleo, eram assuntos de segurança nacional

e deviam ser coordenadas pelo Governo Federal.

A estrutura de prestação de serviços era composta pela Telebrás, empresa holding, e

suas afiliadas. A empresa de âmbito nacional era a Embratel e cada estado da federação

possuía sua empresa de telecomunicações local. A Embratel era responsável pela

comunicação de voz, ou seja, telefonia, de longa distância, nacional e internacional, e

pela comunicação de dados. As empresas de telecomunicações locais eram

responsáveis pela comunicação de voz e dados intra-regional.

Na prática, significava que a Embratel tinha o domínio do mercado das grandes

empresas e multinacionais, uma vez que os serviços por ela prestados eram de interesse

dessas empresas. Enquanto as empresas locais ficavam responsáveis pela telefonia

local e pelo atendimento de conexão da central até dentro da casa do cliente.

Com o processo de privatização, a partir de 1998, o novo cenário da prestação de

serviços de telecomunicações foi alterado substancialmente. O Governo Brasileiro, por

(50)

serem privatizadas. A primeira segmentação se deu entre empresas de telefonia fixa e

celular banda A. Foram criadas nove empresas de telefonia celular a serem privatizadas,

constituindo o SMC – Serviço Móvel Comutado. Já as empresas de telefonia fixa foram

dividas em quatro blocos, fazendo parte do STFC – Sistema de Transporte Fixo

Comutado.

Foram criadas, ainda, concessões para chamadas empresas espelhos. O objetivo

principal da presença destas empresas é criar um ambiente de concorrência. Estas

empresas têm, como fator diferenciador, a responsabilidade de investir em todos os

recursos de infra-estrutura, mas, por outro lado, não têm a obrigação de cumprir metas

de universalização. Em meados de 1999, foram anunciados os vencedores das licitações

das empresas espelhos. Por motivos estratégicos, financeiros e operacionais, as

espelhos escolheram algumas localidades para operar e as menos atrativas foram

descartadas. Foram criadas, então, licitações para empresas espelhinhos para dar às

localidades em que não há previsão de atendimento pelas empresas espelhos, a

oportunidade de concorrência.

As empresas dominantes, que prestam o serviço em regime público, atendem com o

serviço local todos os municípios do país. Por meio de três empresas espelhos, já está

prevista a concorrência em 254 municípios. Essa primeira licitação para as espelhinhos,

dividida em três editais, atenderá 482 localidades, mas, pretende-se licitar outras 900.

A figura a seguir apresenta a distribuição das empresas dominantes e espelhos pelo

(51)

Figura 1 – Resultado do Modelo de Privatização de Telecomunicações

42

A tabela a seguir apresenta o quadro geral das empresas do STFC e suas áreas de

atuação.

I.

42 Pyramid Research. Telecommunications Market in Brazil. Pág. 16 Região II: Região Centro Sul

Dominante: Brasil Telecom Espelho: Global Village Telcom Região I: Região Norte Leste Dominante: Tele Norte Leste Espelho: Vesper

Região III: Região São Paulo Dominante: Telefonica Espelho: Vesper

Imagem

Figura 1 – Resultado do Modelo de Privatização de Telecomunicações  42
Tabela 1 – Áreas de atuação das Empresas de Telecomunicações
Figura 2 – Cronograma do Processo de Privatização 43
Figura 3 – Novo Foco das Antigas Estatais 48
+7

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