FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS
O MARCO
TEÓRICO
DA
TABLITA
E A
POLÍTICA
MACROECONÔMICA
DO URUGUAI ENTRE 1978 E 1982
DISSERTAÇÃO
SUBMETIDA
A
CONGREGAÇÃO
DA
ESCOLA
DE
PÓS-GRADUAÇÃO
EM
ECONOMIA
(EPGE)
PARA
OBTENÇÃO
DO
GRAU
DE
MESTRE EM ECONOMIA
PABLO MONTALDO RUBIO
RIO DE JANEIRO, RJ
GETOL»
VAKOAS
TESE
DE
MESTRADO
APRESENTADA
À
EPGE
de
Oliveira
CIRCULAR N? 68
Assunto:
Apresentação
e
defesa
de
Dissertação
de
Mestrado
Para os devidos fins e efeitos, comunicamos formalmen
te
â
Congregação
desta
Escola
aue
foi
marcada
para
o
dia
18 de
no
vembro
de
1988
(6a.
feira),
ãs
15:30h.,
no
Auditório
Eugênio
Gudin
(IO9
andar),
a
apresentação
e
defesa
pública
da
Dissertação
de
Mesi
trado
em
Economia,
intitulada
"0
MARCO
TEÓRICO
DA
TABLITA
E A POLÍ
TICA
MACROECONÔMICA
DO
URUGUAY
ENTRE
1978/82",
do
candidato
ao
títu
Io
de
Mestre
em
Economia,
PABLO
MONTALDO
RUBIO.
Anexamos copia do referido trabalho para, com antece
dência,
ser
apreciada
pelos
membros
da
Congregação
desta
EPGE.
Além
desta
convocação
oficial
da
Congregação
de
Pro
fessores
da
Escola,
estão
convidados
a
participarem
deste
ato
acad£
mico todos os alunos da EPGE e interessados da FGV.
Banca
Examinadora:
1-
Prof.
Rubens
Penha
Cysne
2-
Prof.
José
Raul
Ekerman
3-
Prof.
Fernando
de
Holanda Barbosa
(Presidente)
Rio
de
Janeiro,
3
de
novembro
de
1988.
''Mario
Henj4rqúe
Simonsen
Í.FUNDAÇAO
GETUUO VARGAS
ESCOLA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA
CAIXA POSTAL 9O52 - ZC - O9
LAUDO
SOBRE
DISSERTAÇÃO
DE
MESTRADO
Como integrante da Banca Examinadora, designado pela
EPGE
para
julgar
a
dissertação
de
mestrado,
intitulada
"0
MARCO
TEÓRICO
DA
TABLITA
E
A
POLÍTICA
MACROECONÔMICA
DO
URUGUAY
ENTRE
19 78/82", do candidato ao título de Mestre em Economia, PABLO
MONTALDO
RUBIO,
apresento
as
seguintes
ponderações
que
justificam
meu parecer e voto:
1. 0 autor demonstrou,em seu trabalho, possuir suficien
te
conhecimento
de
teoria
econômica
para
a obtenção
do
título
a
que
se
propõe.
2. 0 autor apresenta importante contribuição técnica ao
estudo
das
experiências
da
estabilização
realizadas
na
América Latina.
Assim e nessas condições, sou de parecer que a referi_
da
Dissertação
seja
aprovada
e
outorgado
o
título
pretendido
pelo
candidato e autor deste trabalho.
Rio
de
Janeiro,
18
de
novembro
de
19 88
Rubens Penha Cyene,
Professor da EPGE
A-4 Formato Internacional
LAUDO SOBRE DISSERTAÇÃO DE .MESTRADO
Como
integrante
da
Banca
Examinadora,
designado
pela
EPGE
para
julgar
a
dissertação
de
mestrado,
intitulada
"0
MARCO
TEÓRICO
DA
TABLITA
E A
POLÍTICA
MACROECONÔMICA
DO
URUGUAY
ENTRE
197,8/82"
do
candidato
ao
título,
Sr.
PABLO
MONTALDO
RUBIO,
apresento
as
seguin
tes
ponderações
que
justificam
meu
parecer
e
voto:
1)
O
candidato
apresenta
excelente
domínio
de
análise
econômica.
2)
Estudou
assunto
importante
e
interessante,
com
originalidade.
Assim
e
nessas
condições,
sou
de
parecer
que
a
referida
Tese seja
aprovada
e
outorgado
o
título
pretendido
pelo
candidato
e autor deste trabalho.
Rio
de
Janeiro,
18
de
novembro
de
1988
RAUL JOSÉ
EKERMAN
Professor da EPGE
A-4 Formato Internacional
^FUNDAÇÃO
GEVJUO VARGAS
ESCOLA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA
caixa postal sosa-zc-oa
RIO D> JANIIRO - RJ - BRASIL
LAUDO
SOBRE
DISSERTAÇÃO
DE
MESTRADO
Como integrante da Banca Examinadora, designado pela EPGE
para
julgar
a
dissertação
de
Mestrado,
intitulada
"0
MARCO
TEÓRICO
DA
TABLITA
E
A
POLÍTICA
MACROECONÔMICA
DO
URUGUAY
ENTRE
1978/82",
do
candidato
ao
titulo,
Sr.
Pablo
Montaldo
Rubio,
apresento
as
se-quintes
ponderações
que
justificam
meu
parecer:
a) o autor apresenta em sua tese ura modelo que permite analisar as
conseqüências,
e
os
problemas
decorrentes,
de
adoção
de
uma
po
lítica
de
combate
ã
inflação
através
da
pré-fixação
do
câmbio;
b) o autor analisa de uma maneira compreensiva, com base no arca
bouço
teórico
desenvolvido,
a
experiência
Uruguaia
com
a
tabli-ta.
Assim,
e
nessas
condições,
sou
de
parecer
que
a
referida
tese
seja
aprovada
e
outorgado
o
título
pretendido
pelo
candidato
e autor deste trabalho.
Rio de Janeiro, 18 de novembro de 1988
A-4 Formato Internacional
210X2S7 mm
1 &VuJ/úu
Fernando de Holanda Barbosa,
Subdiretor de Pesquisas/EPGE e
AGRADECIMENTOS
Esta
tese
é
o
-Fruto
não
só do
meu
trabalho;
é
fruto
tam
bém
da
colaboração
de
diversas
pessoas.
Em primeiro lugar quero agradecer aos meus pais pelo
a-poio,
sem
o
qual
não
teria
sido
possível
a
conclusão
do
Mes
trado na EPGE. Agradeço sinceramente a meu professor orienta
dor, Fernando de Holanda Barbosa, pela sugestão do tema e pe
las
discussões
nas
que
muito
aprendi.
Aos
outros
professores
intergrantes
da
banca,
Raul
José
Ekerman
e
Rubens
Penha
Cysne,
também
meu
agradecimento.
Finalmente,
agradeço
aos
meus
cole
gas, esp ec. i a 1 inen t e a Jor g e Cl aud i o Cava 1 c an ti de Oliveira Li
ma,
pela
correção
dos
erros
do
meu
português
ruim,
e
a
Luis
da
pág
i na
Agradecimentos I
índice
II
1 .
Int
r oduçio
j.
2.
As
Cond
i ções
Iniciais
5
3.
A Época
da
Tablita
(Í978-Í982)
13
4.
0
Marco
Teórico
da
Tablita
32
5.
Os
Resultados
da
Política
à
Luz
do
Marco
Teórico
..
67
Not as 9<ò
Bibliografia 92
2. _ INTRODUÇÃO
Uruguai
é
um
pequeno
país
de
Í7ó
mil
km.
quadrados,
en
cravado
entre
os
dois
gigantes
da
América
do
Sul,
Brasil
e
Ar
gentina.
Com
o
Chile
e
a
Argentina
forma
o
chamado
Cone
Sul.
Uruguai
possui
uma
população
de
três
milhões
de
habitantes,
aproximadamente,
dos
quais
44,5%
se
encontram
na
capital,
Mon
tevidéu.
A população
do
país
é
-Fundamentalmente
urbana:
34,6%
habita
nas
cidades
e
só
Í5,4%
no
campo.
0
crescimento
demo
gráfico
nos
últimos
anos
tem
sido
de
apenas
0,7%.
Da
produção
uruguaia,
55,9%
corresponde
ao
setor
servi
ços,
£9,6%
ao
setor
industrial
e
ií,5%
ao
setor
agrapecuário
e
de
pesca
(Dados
de
Í986).
Dentro
da
indústria
de
transforma
ção,
o
principal
setor
é
o
de
químicos
e
derivados
do
petróleo
--com £3% do total da industria de transformação. Outros seto
res
importantes
são
Alimentos
(com
PA,4%),
Têxteis
(íí%)
e
Calçado
e
Vestuário
(8,3%).
Do
lado
da
utilinação,
o
produto
se
divide
entre
consumo
privado
(73,2%),
consumo
do
governo
(Í3,7%),
investimento
bruto
fixo
(7,6%)
e
saldo
do
comércio
pondem
a
matérias
têxteis
e
suas
manufaturas,
27,
í%
a
animais
e produtos do reino animal, Í3,7% a peles, couros e suas manu
faturas
e
Í2,3%
a
produtos
do
reino
vegetal
(a
diferença
para
Í00%
são
outros
produtos
de
menor
peso).
Dentro
das
importa
ções
o
maior
peso
corresponde
a
produtos
minerais
(que
inclui
o
petróleo
cru),
com
2í%
do
total.
17,5%
das
importações
são
máquinas,
aparelhos
e
material
elétrico,
Í7,í%
são
produtos
da
indústria
química
e
anexas
e
7,9%
são
matérias
plásticas,
re
sinas, borracha e suas manufaturas.
Durante
o
século
XIX
o
Uruguai
certamente
era
um
país
próspero
e
seu
futuro
parecia
brilhante.
Em
Í8óó,
por
exemplo,
a
população
era
de
300.000
habitantes,
dos
quais
um
terço
eram
imigrantes
-espanhóis,
italianos
e
franceses,
principalmente.
Nesse
ano
em
particular
chegaram
ao
país
9.000
novos
imigran
tes,
74%'
dos
quais
vieram
dos
três
paises
antes
mencionados.
A
capital,
então,
tinha
80.000
habitantes
e
havia
no
país
4,5
milhões
de
cabeças
de boi
e
um
número
similar
de
ovelhas.
Um
experto
francês
levado
esse
ano
para montar
o
Institu
que,
em
dólares
de
Í98í,
se
traduzem
em
uma
renda
per
capita
de
US$
í.600.
A
cifra
parece
excessivamente
alta para
os
pa
drões
da
época
mas,
segundo
Díaz
<i984>,
as
principais
rela
ções com
referência
a
esse
produto
têm
os
valores
esperados,
o
que
indicaria
que
a
estimativa
seria
bastante
razoável.
De
fato,
o
país
vivia
um
bom
momento.
Montevidéu
já
tinha
uma
universidade,
uma
bolsa
de
valores
bem
movimentada,
um
teatro
de
ópera
com
cantores
europeus
todas
as
temporadas,
vá
rios
outros
teatros,
vários
jornais
-alguns
em
1 Ínguas
estran
geiras-,
e
inúmeras
lojas
oferecendo
o
que
tinha
de
melhor
na
Europa.
Até
Í896,
Uruguai
não
teve
uma
moeda
única.
Todos
os
bancos
existentes
emitiam
suas
propias
moedas
e
várias
moedas
de
outros
paises também
circulavam.
No
campo
cultural
o
domí
nio
era
francês
e,
no
econômico,
inglês.
Como
se
ve,
o
Uruguai
passou
de
um
país
próspero
e
pro
missor
a
um
país
com
os
problemas
típicos
dos
paises
subdesen
volvidos.
Essa
evolução
obedeceu
a
diversas
causas,
mas,
cer
tamente,
as
políticas
aplicadas,
principalmente
na
segunda
me
tade
do
século
XX,
tiveram
uma
papel
crucial.
0
período
que
se
inicia
em
Í97A
é
um
período
no
qual
se
faz
uma
revisão
subs
comple--a
chamada
tablita-
similar
às
aplicadas
na
Argentina
e
no
Chile.
Esse
período
se
entenderá
até
fins
de
Í98S.
0
propósito
do
nosso
trabalho
é
estudar
esse
particular
período
da
história
econômica
uruguaia.
No
Capítulo
£ analisa
remos
a
situação
da
economia
nos
anos
prévios
à
época
da
ta
blita,
tentanto
mostrar
ao
leitor
os
problemas
que
esta
en
frentava
e
as
soluções
que
até
então
tinham
sido
usadas.
Os
resultados
da
política
de
liberalização
começada
em
í?74
são
brevemente
comentados
na
segunda
parte
do
capítulo.
No
Capítulo
3
se
estuda
detalhadamente
a
política
econô
mica
do
período
da
tablita.
As
razões
para
a
adoção
da
tablita
e
as
opções
que
o
governo
tinha
em
matéria
de
estabilização
se
analisam
exaustivamente.
Também
se
analisam
as
demais
medidas
tomadas
na
época.0
Capítulo
4
apresenta
o
marco
teórico
da ta
blita,
um
modelo
dinâmico
que
descreve
a
trajetória
de
diver
sas
variáveis
logo
após
a
adoção
de
uma
pré-fixação
da
taxa
de
cambio.Finalmente,
no
Capítulo
5
se
compara
o
comportamento
da
economia
uruguaia
durante
o
período
com
os
resultados
do
mode
CONDIÇÕES INICIAIS
£.í.
0
período
pré~liberalinação
(até
Í974)
Na
década
de
40
e na
primeira
metade
da
década
de
50
a
economia
uruguaia
atravessava
uma
época
Florescente.
0
Produto
Interno
Bruto
(PIB)
real
crescia
a
uma
taxa
média
de
5,8%.
lias,
em
Í955,
o
crescimento
se
arrefeceu
e,
em
Í958
o
PIB
real
sofreu
uma
queda
de 2,ó%. Os
treze
anos
que
vão
de
Í955
a
Í967
constituem
o
maior
período
de
estagnação
de
economia
uruguaia,
com
uma
taxa
média
de
crescimento
de
apenas
<ò ,8%.
Tendo
em
conta
que
a
população
crescia
em
média
í,3%
ao
ano,
pode-se
afirmar
que
a
renda
per
capita
declinou
nesses
anos.
Esta
per
formance
somente
foi
melhor,
no
contexto
da
América
Latina,
que as de Cuba e Haiti.
Paralelamente
ao
processo
de
estagnação
vai
aparecendo
o
fenômeno
da
inflação.
Na
década
de 40
a
taxa
média
anual
de
inflação
foi
de
6%.
Na
década
de
50
foi
de
i£,5%.
Durante
to
dos
esses
anos,
aparentemente,
a
inflação
se
deveu
à
expansão
do
crédito
ao
setor
privado,
já que os
déficits públicos
nunca
ultrapassaram
i%
do
PIB.
Mas,
em
Í962,
o
déficit
sobe
para
Em
.1.968,
como
forma
de
conter
a
aceleração
in-Racionar
ia,
o
governo
adota
um
congelamento
de
preços
e
salários,
que
vi
gorará
até
o
inicio
de
Í97í
. A taxa
de
câmbio
se
mantém
inal
terada
durante
todo
o
período
e
só
será
desvalorizada
em
mea
dos
de
Í97i
. No
início
o
programa
consegue
abater
a
inflação
e
fomentar
a
retomada
do
crescimento.
Porém,
gradativamente
co
meçam a aparecer os problemas habituais de um congelamento
prolongado (desabastecimento, crise externa e queda do
cresciemcnto),
o
que
acaba
forçando
o
abandono
da
política.
Quando
os
preços
são
liberalizados,
a
inflação
resurge
com
maior força.
0 novo governo que assume em março de i972 decide mudar
radicalmente
a
estratégia
econômica.
Até
então
as
sucessivas
crises
externas
que
o
país
tinha
enfrentado
tinham
tentado
ser
resolvidas
com
maiores
cotas
e
impostos
às
importações
e
com
barreiras
à
saída
de
capitais.
A
política
econômica
continuava
atrelada ao modelo de substituição de importações que tinha
começado
a
se
esgotar
na
década
de
50.
A
inflação
tinha
grada-tivamente se agravado e o crescimento havia sido praticamente
No
governo
começa
a
tomar força
a
idéia
da
necessidade
de
uma economia mais voltada para o exterior, para o qual deveria
se promover uma ampla liberalização. Estes conceitos foram
claramente
expressos
no
Plano
Nacional
de
Desenvolvimento
Í973--Í977,
aprovado
em
abril
de
i?73.
Mas
as
verdadeiras
reformas
só
começariam
em Í974.
Até
então
o
governo
aplica
uma
política
intenvencionista-reestruturadora.
Os
controles
nas
diferentes
áreas
continuam
<e
inclusive
se
acentuam),
mas
se
persegue
a
recomposição
da
estrutura
de
preços
relativos,
altamente
distorcida
depois
de
quase
três
anos
de
congelamento.
Assim,
a
inflação
retoma
níveis
elevados
nos
anos Í972 e Í973.
2.2.
0
início
da
liberalização
(Í974-1978)
Em julho de Í974, o governo militar que tinha assumido um
ano antes, nomeia Ministro de Economia e Finanças a Alejandro
Végh
Vil
legas.
Pode-se
afirmar
que
essa
é a
data
de
inicio
do
processo
de
liberalização
da
economia
uruguaia,
embora,
como
já
foi
apontado,
alguns
passos tinham
sido
dados
a
partir
de
1972.
A
alta
do
preço
do
petróleo
em
fins
de
Í973
e
a
necessidade de resolver o estrangulamento externo da economia,
crescimento
para
fora.
A
nova
situação
política
e
a
volta
à
combinação
crise
externa-infiação
interna,
foram
certamente
dec isivos.
0
impacto
dos
choques
externos
sem
dúvida
teve
um
papel
fundamental
como
estopim
da
liberalização.
É só
olhar
para
os
dados
para
comprovar
o
impacto.
De
acordo
com
Végh
Vil
legas
(Í977),
a
perda
de
renda
do
Uruguai
como
conseqüência
de
fenômenos
externos
foi
da
ordem
de
£00
milhões
de
dólares.
A
conta
de
petróleo
teria
passado
de
40
a
Í40
milhões
e
a
diminuição
da
renda
proveniente
das
exportações
de
carne
teria
sido
de
700
dólares
por
tonelada,
numa
exportação
anual
de
Í40.000
toneladas.
Estes
£00
milhões
de
dólares
teriam
significado algo por volta de 6% do PIB.
0
principal
objetivo
da
nova
administração
econômica
foi
restabelecer
o
equilíbrio
nas
contas
externas.
Para
isso
foi
modificada
substancialmente
a
política
cambial.
Continua
operando-se com dois mercados -comercial e financeiro-, o
primeiro
para
as
transações
derivadas
do
comércio
exterior
e
o
segundo para o resto das operações. No mercado financeiro são
liberalizadas a compra e a venda de divisas, eliminando-se a
destino.
A
taxa
de
câmbio
no
mercado
comercial
é
desvalorizada
periodicamente,
e
inclusive
se
promove
uma
valorização
do
câmbio
real. Em
1976
a taxa
de
câmbio
real
-Foi
£6%
superior
à
de Í974.
Paralelamente
à
política
cambial,
-foram
utilizados
diversos
outros
instrumentos
de
apoio
ao
setor
exportador
de
produtos
não
tradicionais:
créditos
preferenciais
e
subsidiados,
entrega
antecipada
de
divisas,
isenções
tributárias.
Ao
mesmo
tempo,
do
lado
das
importações,
são
adotadas
diversas
medidas
de
redução
e
simplificação
das
barreiras
tarifárias.
Ao
longo
do
segundo
semestre
de
i975
são
definitivamente
eliminadas
todas
as
barreiras
não
tarifárias.
Também
os
impostos
à exportação
de
produtos
tradicionais
foram
sucessivamente abaixados.
A
política
de
estabilização
adotada
foi
gradualista.
Algum
progresso
foi
feito
na
eliminação
dos
controles
de
preços.
Em
junho
de
Í974,
96% dos
produtos
da
cesta
básica
tinham
os
preços
tabelados.
Essa
percentagem
cai
para
49%
em
junho
de
Í978
(Tabela
4).
Dos
produtos
agropecuários,
65,5%
tinham
os
preços
controlados
em
dezembro
de
Í973.
A
relação
a
grande
liberalização
dos
preços agropecuários,
com
a
qual
só
££,£%
do
Valor
Bruto
da
Produção
Agropecuária
Ficará
sob
controle
de
preços.
(Tabela
5).
Com
relação
aos
salários,
estes
passaram
a
ser
fixados
por
decreto
pelo
governo
(antes
eram
fixados
em
negociações
entre
empresários,
trabalhadores
e
governo).
0
novo
sistema
implicou
numa
redução
do
salário
real
entre i974 e Í978. (í)
Também
a partir
de
i974
os
tetos
às
taxas
de
juros
de
captação
e
aplicação
foram
substancialmente
aumentados.
Em
i?7ó
o
Banco
Central
deixa
de
fixar
taxas
máximas
para
empréstimos,
e
as
taxas
para
depósitos
atingem
seus
valores
mais
altos
em
outubro
de
Í977
(com
9<ò,<ò%
para
depósitos
em
moeda
nacional)
e
julho
de
Í978
(com
£0,0%
para
depósitos
em
moeda
estrangeira).
Em
Í975
o
Banco
Central
começa
a
pagar
juros
aos
encaixes
legais
dos
bancos.
E,
em
Í977,
as
limitações
à entrada
no
sistema
financeiro
foram
relaxadas.
Foram
autorizadas
a
operar
novas
"casas
bancárias",
que
só
podiam
receber
depósitos
de
não
residentes.
Uma
peça
fundamental
da
política
de
estabilização,
segundo os objetivos declarados, devia ser a redução do
íí
í.973
o
déficit
representava
í, 4%
do
PIB,
foi
para
4,5%
em
Í974
e,
a
partir
desse
ano,
começou
um
declínio,
até
chegar
a
í,3%
em Í97B. A redução se deveu principalmente a uma maior
arrecadação
de
impostos
e a
uma
diminuição
dos
gastos,
que
se
concentrou
nos
salários,
sem
afetar
o
nível
de
investimentos.
Um dos instrumentos para conseguir o aumento da arrecada
ção
foi
a
reforma
tributária,
que
eliminou
impostos
que no
U-ruguai tradicionalmente tinham sido de baixo rendimento
(heranças,
renda
de
pessoa
física,
etc.),
unificou
impostos
calculados sobre uma mesma base e simplificou os mecanismos de
arrecadação.
Como
conseqüência,
o
peso
dos
impostos
sobre
ca
pitais,
rendas
e
exportações
diminuiu
e
aumentou
o
dos
impos
tos
sobre
o
gasto interno
(do
tipo
ICM
e
IPI).
Também
foi
a-pliçada
uma
política
de
realismo
das
tarifas
públicas
das
em
presas estatais, com a finalidade de reduzir o peso destas no
déficit.
Apesar
do
forte
impacto
dos
choques
externos
(a
relação
de trocas caiu 63,3% entre i973 e i97ó - Tabela 2), a economia
uruguaia reassumiu o crescimento a partir de Í974. 0 PIB real
cresceu
a
uma
taxa
média
anual
de
4%
entre
Í974
e
Í978,
de
0,3%
anual).
0
investimento
bruto
passou
de
8,5%
do
PIB
em
i?74
para
Í6%
em
Í978.
As
exportações,
tanto
em
valor
quanto
em volume, cresceram a um ritmo elevado, em contraste com a
estagnação
de
décadas
anteriores.
A
inflação,
porém,
mostrou
uma
evolução
errática,
atingindo
um
máximo
em
Í974
(107,2%)
e
3-
A
ÉPOCA
DA
TABLITA
(1978-1982)
3.Í
A
pré-fixação
do
câmbio
Em fins de Í978 o governo começa a se preocupar mais com
a
inflação,
que
parecia
ser
u.n
dos
poucos
problemas
ainda
sem
solução.
Para
entender
a
estratégia
usada
para
combater
a
in
flação
é
necessário
entender
antes
os
fatores
determinantes
desta
até
Í978.
Para
alguns
economistas
da
época,
as
causas
da
inflação
no
Uruguai entre
í?7A
e
Í978
eram
um
enigma.
Um
dos
fatores geralmente apontados como geradores de inflação, a ex
pansão
monetária,
devia
ser
descartado,
diziam,
já
que
hoveram
anos, como Í977, nos quais a quantidade de moeda aumentou pou
co
e a
inflação
foi
alta,
e
outros
anos
nos
que
aconteceu
o
cont
rário.
Isto
é
verdade
(vide
Tabela
2),
mas,
em
média,
o
aumento
da
Base
Monetária
foi
óí,5%
entre
Í974
e
Í978,
o
aumento
de
Mi
foi
6í,VÁ
e a
inflação
média
foi
63,3%.
Simplesmente
existiram
defasagens
entre
a
causa
e
a
conseqüência.
Outro
fator
que
a--limentava
a
tese
do
enigma
era
o
déficit
público.
Este,
também
muitas vezes considerado uma grande contribuição para o aumen
to
dos
preços,
tinha-se
reduzido
sucessivamente,
até
chegar
a
uma
proporção
manejável
-perto
de
í%
do
PIB
(Tabela
2>.
Por
tanto,
se
dizia,
o
déficit
também
não
podia
ser
considerado
causa da inflação.
Dado
que
o
déficit
público
era
reduzido,
o
crédito
do
Banco
Central
ao
governo
não
podia
ser
considerado
o
motor
da
expansão
monetária.
0
principal
fator
de
expansão monetária
consistia
no
aumento
das
reservas
internacionais,
gerado
pelo
elevado
saldo
credor
na
conta
de
capitais
do
balanço
de
paga
mentos.
Essa
entrada
de
capitais
era
provocada,
fundamental
mente,
pela alta taxa
de
juros
interna,
superior
à
de
arbitra
gem. Nessa diferença de taxas, as expectativas jogavam um pa
pel importante.
Assim,
em
fevereiro
de
í?79,
a
revista
especializada
Bus-queda
afirmava
que
a
inflação
estava
sendo
causada
basicamente
pelas
expectativas
(leia-se
inércia)
e
que,
caso
continuasse
a
política
gradualista,
a
inflação
iria
se
reduzindo
ano
após
ano.
Antes
da
implantação
da
tablita,
Búsqueda
havia
observado
uma
tendência
declinante,
tanto
do
aumento
dos
meios
de
paga
mento
-que
se
desacelerava
em
média
3%
ao
ano-,
quanto
da
taxa
de
inflação
-que
caia
a
6%
por ano.
Em
função
disso,
previa
Í5
Í973,
a
inflação
podia
chegar
a
20%
erci
i?8i,
e
à
inflação
in
ternacional
em
í?8£.
Partindo
de
uma
inflação
de
46%
em
Í97Q
(Tabela
2),
chegar
a
outra
de
20%
em
três
anos,
parecia
uma
meta
razoável.
Tudo
parece
indicar
que,
em
fins
de
Í978,
as
autoridades
econômicas
ou
não
acreditavam
nas
previsões
de
Busqueda,
ou
não
se
sentiam
capazes
de
manter
a
política
gradualista,
ou
não
queriam
esperar
até
Í?S£
para chegar
à
inflação
interna-cional.
E
por
alguma
dessas razões
que,
em
outubro
daquele
a-no,
se
decidiu
fazer
uma
alteração
da
política.
A
inflação
passou a ser o alvo principal, e o instrumento utilizado para
combaté-la
foi
a
taxa
de
câmbio.
Até
então
a
taxa
de
câmbio
tinha
sido
desvalorizada
pe
riodicamente, seguindo uma regra de crawling~peg passivo. A
taxa
real
de
câmbio
não
tinha
sofrido
alterações
de
importân
cia.
Nesse
contexto,
a
componente
reservas
internacionais
da
oferta
monetária
estava
fora
do
controle
do
Banco
Central.
Du
rante
algum tempo
o
governo
tentou
esterilizar
os
efeitos
ex-pansionistas
da
entrada
de
capitais
através
da
venda
de
títu
los no mercado aberto. Mas, com as altas taxas de juros vigen
entravam
do
exterior,
e o
descontrole
dos
meios
de
pagamento
se agravava.
Para
combater
a
inflação
num
quadro como
esse,
haviam
duas
alternativas.
A
primeira:
deixar
flutuar
livremente
o
pe
so. Nesse caso o governo passava a ter o controle da base mo
netária.
Já
não
mais
precisava
manter
a
taxa
de
câmbio
trocan
do por
pesos
todas
as
divisas
que
entrassem
ao
país.
Com
capi
tais
entrando,
como
estavam
entrando,
e o
governo
recusando-se
a
emitir
pesos,
se
geraria
um
excesso
de
demanda
de
pesos,
que
faria
com
que
este
se
valorizasse.
Assim,
nas
circunstâncias
então
em
vigor,
uma
política
de
estabilização
que
combinasse
flutuação
da
taxa
de
câmbio
com
aperto
monetário,
podia
redun
dar
em
uma
rápida
apreciação
do
peso,
com
prováveis
conseqüên
cias no nivel de atividade. (2)
A
segunda
alternativa
consistia
no
combate
às
expectati
vas. Como foi dito, existia então a crença de que a inflação
tinha uma forte componente expectacional, basicamente do lado
da
desvalorização
cambial.
Isto
fazia
sentido
numa
economia
com
uma
dólar
inação
crescente
e
sem
mecanismos
generalizados
de
indexação
formal.
Com
política
cambial
de
crawling-peg
pas
Í7
de
desvalorização
elevada,
que
mantinham
a
taxa
de
juros
ele
vada, atraindo capitais, descontrolando a o-Ferta de moeda e
alimentando
a
inflação.
A
forma
de
quebrar
este
círculo
vicio
so,
pensava-se,
era
anunciar
a
variação
para
o
futuro
próximo
de
alguma
variável
chave,
comprometendo-se
a
honrar
os
valores
pré-anunc
iados.
No
caso
do
Uruguai,
uma
variável
onde
o
pré-anúncio
dos
seus valores futuros podia contribuir ao combate das expecta
tivas,
era
a
taxa
de
câmbio.
0
valor
futuro
do
dólar
passaria
a
entrar
dentro
do
conjunto
de
informações
disponíveis
pelos
agentes
para
a
formação
de
suas
expectativas.
A
utilização
da
taxa
de
câmbio
como
instrumento
anti-inflacionário
era
indica
do,
também,
pela
influência
do
câmbio
na
economia,
devido,
co
mo já
foi
dito,
ao
crescente
grau
de
dolarização
desta.
(3)
A
política
que
foi
posta
em
prática
em
outubro
de
Í978
foi
uma
opção
pela
segunda
das
alternativas
antes
mencionadas,
o
combate
às
expectativas.
Mas
o
combate
às
expectativas
não
foi
o
único
ingrediente.
Como
veremos
a
seguir,
a
política
possuía
um
tempero
que
acreditamos
foi
crucial.
Vejamos
o
que
foi
feito.
Como
política
cambial
adotou-se
um
crawling-peg
ração
da
inflação
devia
ser,
no
primeiro
período,
menor
do
de
90
dias, no
final
de
seis
meses)
e
uma
desvalorização
que
devia
ser
progressivamente
menor.
No
médio
prazo,
supostamente
quando a inflação interna atingisse a inflação internacional,
a
desvalorização
seria
eliminada
e o
câmbio
permaneceria
fixo.
Ao implantar a tablita o governo pode ter acreditado que
a
taxa
de
inflação
declinaria
no
mesmo ritmo
da
desvalorização
cambial.
Mas,
a
não
ser
sob
condições
muito
restritivas
Cveja-se Dornbusch (i?82), por exemplou , o ritmo de
desacele-que
o
da
taxa
de
câmbio, com
o
qual
produzir
ia-se
necessariamente
uma
queda
da
taxa
de
câmbio
real.
Alguns
modelos,
como
o
que
será
apresentado
no
Capítulo
4,
inclusive
deixam
em
aberto
a
possibilidade
de que no
curto prazo
a
inflação
possa
até
su
bir,
ao
invés
de
cair.
Se
não
supomos
que
o
governo
da
época
era
ingênuo
nem
que
estava mal assesorado, devemos concluir que, paralelamente ao
combíite
das
expectativas,
as
autoridades
também
apostaram
numa
valorização do peso como forma de atacar a inflação. Este se
ria
o
tempero
de que
falávamos
antes.
Contudo,
essa.
valoriza
ção
seria
progressiva
e
não
brusca,
como
no
caso
da
alternati
Í9
ser
compensada
com
outras
medidas
no
campo
da
política
comer
cial,
tributária
ou
salarial.
Ao
optar
por
continuar
Fixando
a
taxa
de
câmbio,
o
gover
no
no
-Fundo
estava
optando
por
entrar
na
área
monetária
do dó
lar,
f-i
-Flutuação
teria
levado
a
fazer
do
Uruguai
uma área
mo
netária
em
si,
ou
seja,
uma
região
onde
as
taxas
de
inflação
e
de
juros
podem
ser
indefinidamente
diferentes
das
internacio
nais.
Com
a
tablita,
a
longo
prazo
o
Uruguai
teria
a
inflação
e as taxas cie juros norte-americanas.
Resta estudar ainda as razões pelas quais a opção foi por
uma
tablita
e
não
pela
fixação
rígida
da
taxa
de
câmbio
já
desde
o
primeiro
momento,
como
propunham
alguns
economistas
inspirados no exemplo chileno. Acabada a tablita e fixada a
taxa
de
câmbio,
o
Chile viveu
um
momento
de
euforia
econômica.
Uma
das
razões podia
ser
a
necessidade
de
financiar
déficits
públicos
via
emissão
de
moeda.
Neste
caso,
uma
taxa
de
câmbio
fixa
levaria
a
uma
perda
de
reservas
insustentável
.
tias
este
não era
o
caso
uruguaio,
dado
que
, a
partir
de
Í97?,
o
défi
cit
público
seria
eliminado.
Díaz
(Í98Í)
aponta outras
duas
razões
possíveis.
A
pri
menor
do
que
a
inflação
já
gerava
resistências,
a
fixação
pura
e
simples
seria
totalmente
inviável
politicamente.
A
segunda
seria
de
tipo
econômico.
A
desvalorização
se
faria
para
com
pensar
a
eliminação
das
tarifas
de
importação.
Para
Dias,
ne
nhuma
destas
razões
era
convincente.
Dada
a
lentidão
com
que
as
tarifas
estavam
sendo
reduzidas
e o
nivel
elevado
que
seria
atingido
no
final,
a
inflação
mundial
oferecia,
segundo
Díaz,
um
colchão
mais
do que
suficiente
para
o
ajuste
requerido.
Talvez
seja
interessante
dedicar
umas
linhas
a
comentar
a
repercussão
imediata
na
opinião
pública
da
mudança
de
política
cambial.
Esta
repercussão
inicial
esteve
marcada,
em
parte,
pela
maneira
bastante
original
de
instrumentar
a
mudança:
sem
normas,
sem
declarações
bombásticas.
0
governo
ofereceu
Letras
do
Tesouro
com
prazo
de
9<ò
dias,
que
tinham
a
particularidade
de
que
o
detentor
podia
optar
por
resgatá-las
tanto
em
moeda
nacional
como
em
dólares.
Como ambos
valores
de
resgate
eram
conhecidos
desde
o
momento
da
emissão,
os
operadores
descobri
ram
a
taxa
de
câmbio
que
vigoraria
no
final
de
janeiro
de
Í979
simplesmente
dividindo
esses
valores.
Posteriormente
as
auto
ridades
seriam
mais
explícitas
na
divulgação
do
câmbio
futuro.
ai
tablita
o
fato
de
existir
a
impressão
de
que
a
política
seria
transitória,
de
curta
duração.
A
respeito,
na
sua
edição
de
novembro
de
1978,
Búsqueda
afirmava-.
"Como
medida
transitória,
enquanto se regularizam outros aspectos impositivos e normati
vos
que
afetam
nosso
comércio
exterior
e
por
conseguinte
o
mercado
de
câmbios,
a
medida
pode
se
mostrar
adequada,
se
for
executada
-como
é
de
se
esperar
da
atual
equipe
econômica-
de
forma realista".
Na
prática,
contrariando
a
base
teórica
da
política,
a
desvalorização
da
taxa
de
câmbio
não
seguiu
exatamente
um ca
minho
continuamente
descendente
(vide
Gráfico
í>.
Provavelmen
te
o
fato
mais
surpreendente
seja
a
subida
experimentada
nos
primeiros
meses
de
aplicação
da
política
-até
março
de
Í979.
A
partir
desse
mes
a
queda
é
praticamente
contínua
até
julho
de
í.980, quando o ritmo de desvalorização começa a aumentar. No
vamente em julho de Í98Í se produz uma desaceleração, que du
raria
até
fevereiro
de
Í982.
Já em
março
desse
ano
a
queda
se
detém
e
em
julho
a
taxa
de
câmbio
(que
havia
sido
fixada
em
janeiro) começa a se depreciar mais rapidamente, como forma de
resolver
a
situação
crítica
que
atravessava
o
setor
externo.
A
A
credibilidade
da
tablita
não
foi
uniforme
ao
longo
dos
quatro
anos.
Certamente
um
momento
crítico
neste
sentido,
além
da segunda metade de Í9S£, foi no começo de i98í. 0 abandono
de
políticas similares
na
Argentina
e
no
Brasil
e a
expectati
va
com
relação
a
mudança
de
Presidente
da
República
esperada
para ÍS de setembro, foram os fatores causadores da perda de
confiança.
Para
fveiar
as
expectativas
de
desvalorização,
em
março de Í98Í o Banco Central começa a oferecer um seguro de
câmbio,
sem
nenhum
custo para
os
contratantes.
0
seguro
tinha
também
a
finalidade
de
tentar
reduzir
as
taxas
de
juros,que
se
encontravam
altas
devido
à
expectativa
de
rompimento
da
tabli
ta.
Depois
do
discurso
de
posse
do
novo
Presidente,
no
qual
Foi
ratificada
a
política
econômica,
o
seguro
de
câmbio
foi
suprimido. 0 total de contratos de seguro tomados pelo Banco
Central
somou
US$
í,3
bilhões.
Sob
bases
diferentes,
o
seguro
de
câmbio
seria
restabelecido
nos
últimos
dias
do
mes
de de
zembro
de
Í98Í.
0
novo
sistema
foi
organizado
pelo
Banco
de
Ia
República
e
sem
participação
do
Banco
Central.
0
custo
dos
£3
3.2
Outras
medidas
adotadas
no
período
Apesar
da
pré-fixação
do
câmbio
ter
sido
o
carro
chefe
da
política
econômica
entre
Í978
e
Í982,
outras
medidas
também
importantes foram adotadas. A maioria delas fazia parte da
tendência
1iberalizante
iniciada
antes
de
Í978.
Muitas
destas
medidas contribuíram para o objetivo da estabilização, mas al
gumas,
como
será
analisado
mais adiante,
talvez
tenham-no
a-trapalhaclo.
Começaremos
pela
política
de
preços.
Como
pode
ser
observado na Tabela 4, os preços tabelados continuaram
dimi-muinclo como porcentagem da cesta de consumo. Em junho de Í978
estes preços representavam 49% da cesta e, em dezembro de
Í982, passaram a representar 27,8%.
Os
bens
cujos
preços
se
mantém
tabelados
durante
todo
o
período
são
o
pão
e o
leite
-que
representam
íí,ó%
do item
a-1imentação-,
o
transporte
coletivo
urbano
e
intermunicipal,
as
tarifas
de táxi,
e
os
serviços
médicos
coletivos.
Os
aluguéis
continuam sob o sistema de livre contratação, mas o reajuste
anual
se faz de
acordo
com
um
índice
fixado
pelo
governo,
ra
zão
pela
qual
se
consideram
como
tabelados.
No
setor
agropecuário
a
liberalização
avançou
tanto
na
demanda.
No
período termina
a
liberalização
de
todos
os
preços
agrícolas.
Em
junho
de
Í978
os
produtos
cujos
preços
estavam
tabelados representavam 59,5% do Valor Bruto da Produção Agro
pecuária.
Em
dezembro
de
Í982
passaram
a
representar
3,5%.
0
único
preço
que
se
mantém
controlado
é
o
do
leite
para
consumo
(Tabela
5).
No
Gráfico
i
podem-se
observar
as
conseqüências
desta
liberalização
dos
preços
agropecuários,
que
coincidiu
com uma melhora dos preços internacionais. Em julho de Í979 a
variação
destes
preços
nos
últimos
doze
meses
atinge
o
recorde
de Í27,9%. Depois começaria uma acentuada queda, que culmina
ria com uma variação anual negativa de ~8,ó% em novembro de
Í982.
Em
março
de
Í979,
além
de
pré-anunciar
a
cotação
do
dó
lar,
o
governo
anunciou
os
aumentos
de
salários
e
tarifas
pú
blicas
que
deveriam
ocorrer
durante
o
ano.
As
metas,
porém,
não
puderam
ser
cumpridas
devido
à
aceleração
da
inflação.
A-pesar
disso,
os
aumentos
de
salários
continuaram
a
ser
fixados
administrativamente pelo governo. A quantidade de aumentos por
ano
foi
decrescendo:
quatro
em
Í979,
três
em
Í980,
dois
em
Í98Í e Í982.