1199000597 1111111111111111111111111111111111111111
~b
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULODA .
FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS
CLAUDINÊ JORDÃO DE CARVALHO
CONTRIBUIÇÕES DO CUSTEIO VARIÁVEL À AGRICULTURA:
UM ENFOQUE EM CULTURAS TEMPORÁRIAS
SP -O 0002 566 -1
-._--~~
Fundação Getulio Vargas , Escola de Administração
G V d~Empreus de Slo Paulo Biblioteca
1199000597
Dissertação apresentada ao Curso
de Pós-Graduação da EAESP/FGV.
Área de Concentração:
Contabili-dade, Finanças e Controle, como
requisito para a obtenção do ti-tulo de Mestre em Admiriistração~
ORIENTADOR: Profe Dr. João Carlos Hopp
E.6. ..
·~ii..;l -Ft.;.V
SECRETARIA ESC')lJ\R DOS CPG
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Em Q:}/ __.'-~ J ..
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são Paulo
1988
1ft:
,
.
Resumo: Aborda, com auxílio de computador, a metodologia de determinação do compos to otimo de culturas temporárias a serem plantadas, através da programação linear~ Identifica as múltiplas variáveis que. influenciam sobre a agricultura brasileira, bem como caracteriza o que é uma cultura variável e permanente, através do seu ci-clo operacional. Propõe a utilizacão do custeio variável como alternativa para ava liar os custos agrícolas, assim como das informações geradas para planejamento
e
tomada de decisão, a partir da margem de contribuição por unidade de fator restri-tivo, relaçãócusto-volume-lucro.e orçamento flexí~el.Enfoca também a .controvér-sia teórica existente entreicus ré í ó variável e .por absor:ção. A título deilustra-ção da aplicabilidade do modelo, apresentamos··um estudo de caso de uma empresa exis-tente na cidade de Uberlândia-MG.
Palavras-Chave: Agricultura, cultura temporária, cultura permanente, custeio va-riavel, custeio por absorção, margem de contribuição, ponto de equilíbrio, orçamen to flexível, custos variáveis, política agrícola, composto ótimo, método simplex-; programação linear.
de Mestrado apresentada ao Curso de Pós-Graduação da EAESP/FGV, tração: Contabilidade, Finanças e Controle).
área de
,CONTRIBUIÇÕES DO CUSTEIO VARIÁVEL
À
AGRICULTURA: UM ENFOQUE EM CULTURAS TEMPORÁRIASI,
Banea'Examinadora:
Pro±'. Orientador Dr. João Carlos Hopp
Pro!'. Dr. José Carlos Marion
Pro!' • MSc,. Antônio Luiz de Campos GurgeI
),
...pela companhia, apoio e
sa-crifício qúe lhes submeti.
Aos. meus pais;
pelos esforços na educação
ÍNDICE
pã.g.
CAPíTULO I - INTRODUÇAO •.••••.•••••••••..••.••.•••.•••••••••.•.• 01
1.1. Objetivos, Métodos e Importância do Estudo ••••••••••.•.•.• 02
1.2. Colocação do Problema e Justificativa •.•.•••.••.••.•••.•.• 05
1.3. Agricultura: um sumário de sua origem •••••••• ·••••G •••••••• 06
1.4. Características da Agricultura .•••••••••••••• ~•••••••••••• 09
1.5. A Agricultura no Brasil ... ,.... 0 •••••• CI. e CIe_. e., •• o G., ••••••• 12
1.5.1. Fatores Geográficos e Demografia •••••••. .,•••••.••.• 13
1.5.2. Poli tica Agrícola.· ... o •••• CIe _ • ., ., ~ •••••• 'CI ••••••••• 18
1.5.3. Comércio Internacional •••••.•••••••••••••.••••••••• 29
1. 6. O Perfil do Setor Agrícola no Município de Uberlândia •••••34
1.6.1. Produção de Grãos em Uberlândia e no Brasil •••••..• 35
1.6.2. Area Cultivada e Taxa de Crescimento •••••••••••••••
37
1. 7. Res uma...•... e •• li ••••• ' •••• ., ••• D •••••.••••••••• e - 4 O
1.8. Citações Bibliográficas ••••..••..•••••••.•.••••••••••••.•• 43
CAPITULO 11 - CONSIDERAÇqES TEORICAS ••••••••••••••••••••••.•••. 44
2.1. Histõric~ •••••••••••••••••••• ~••••••••••••••••••••••• •••• ~46
2.2. Elementos de custo de produção ••••.••••••••••••••••••••• ·••47
2.3. Classificação e comportamento dos custos •••••••••••••••••• 50
2.3.1. Em relação
i
produção •••• ~••••••••••••••••••••••••• 502.3.2. Em relação ao volume de. atividades ••.•••••••.••••.• 52
2.4. Sistema de Custeamento: O Custeio por Absorção e o
cusce
í.o ·Variãv~l ..::-•.• '.~.
~•• "••.• '••••• _
.••••••••
"••••••
~•••.•.••
562.4.1. Comparação do Custeio Variável e Absorção .••••••.•.. 63
2.6.
2.7.
Análise Custo-volume-lucro e margem de contribuição. .79
Res uma •••••••••••••••••• • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • c • • • • • • • • • .84
2.8. Citações Bibliográficas ••••••••••••••.••• ,;•.•••••.••••••••. 86
CApITULO 111 - CUSTOS AGR1:COLAS •.••.•.•.•.•••• . ...•... 89
3.1. A Contabilidade de custos na empresa agrícola •••••••••.••• 90
3.2.
3.3.
Fases de Custos ••
...
•.
..
.
• • e a • • • c • • • • • •• • • • • • • e •• • • • • • .92Planos de Custos. • • • • • • • • • e •• • • • • • • • • • • • c • •• •• •• • • ., • •• • • • • • • • •.93
3.3.1. Sementes •• • •••••••••• e ••••••••••••••••••• e ••••• . ... 94
3.3.2. Fertilizantes, Defensivos e outros Materiais
Consumidos •.•• • • ' ••••• e ••• ., • • • • •• • • • •.• • •• • • ••••• .94
3.3.3. Salários e Encargos .•...•.•... 95
3.3. 4. Operações de Maquinas •••••••••••••••••••••••.••••••. 96
3.3.5.
3.3.6.
3.3.7.
Taxas e Impostos ••••••• ,e ••••••••.••••• e •••• Co ••••••••••• -. 10 O
Gerais •••
Despesas
.
..
.
...
•.
...'.
...
..
~.
.101Depreciação de Benfeitorias. .101
3.3.8. Remuneração dos Fatores de Produção •••••.•••••.••• l02
3 •4. Resuma .••••.••• e •.• •. • • •••• e _ •••••• ti •••••• e •••••••• CI ••••••• 102
3.5. Citações Bibliográficas ••••••.•••••.•••••••••.••••••••••• 103
CAPITULO
IV -
DETERMINAÇÃO DO COMPOSTO OTIMO DE CULTURAS •••••. I044.1. Natureza da Programação Linear ••••••••••••••••••••••••• 105
4.2. Aplicações da Programação Linear~ .••••••••••••••••••••••• 107
4.2.1. Análise de Atividades ou de Produção ••••••••••••• l09
4.3.
4.4.
4.5.
4.2.2 .. Misturas ••••••••••••••••••• ,•••••.•••••••• ~•••••.•• 109
Conceitos Básicos da programação Linear.
·
.
.
.
.
..
..
.
.111
Pressuposições da Programação Linear •••.
·
.
...
.
....
•112Modelo Matemático de Análise.
I I
4.6. Método s í.mpl
ex.
...
. 1174.6.1. Exemplq Numérico 11-9
4.7. Resumo. . 131
4.8. Citações Bibliográficas.- .••....•.••••••••.••••••••••..••• 132
CAPITULO V APLICAÇÃO DA METODOLOGIA EH UMA EMPRESA AGlftCOLA.133
5.1. Histórico da Empresa e Projetos de Atividades •••••.••..•• 134
5.2. Levantamento de Recursos ••• e •••••••••••••• ~- •••••••••••• 136 5.3. Sistematizaç~o de Dados ••••••••••.•••••••••••••••.••••.•• 139
5.4. O Planejamento da Empresa ••••••••••••••••.•••••••••••.••• 142
5.5. Os Resultados Obtidos ••••••••••••••••••••••••.•••••••••.• 146
5 •6. Res uma••.•.••...••.•..•.•.••••.•.•• CI e •• Co • e •••••.•••.•••••••• 148
CAPíTULO VI CONCLUSÕES E SUGESTOES •••.•••••••••••••••.••••••. 150
6.1. Conclusões. • • • • e • • • e • • • • • • • • • • • ., • • e • • • • • ... 151
6.2. Sugestões. • • • • • • • • • • • • • • • • e • • • • • • • • • • • • • • • • "••••• o •••••••• 153
BIBLIOGRAFIA ••... e •.•••••• e.e ••• e •••• ". e • e •••••• o ••••••••• e ••••••• 154
. . 163
ANEXOS •••.•••••••••••••••••••.•.•• CI • o •••••••••.•••••••••••••••••
param diversas pessoas, desde a concepção até a sua conclusão.
Desejo destacar entre estas:
o educador Prof. Dr. João Carlos Hopp, orientador
acadi-mico, pela contribuição profissional e dedicação pessoal nesta ta
refa de iniciação científica;
o Prof. Dr. José Carlos Marion, pelo incentivo e
encora-jamento da idéia do mestrado e crença no grande arquiteto do
uni-verso;
o Prof. M.Sc. Antônio Luís de Campos Gurgel, pelas suges
tões e participação;
os diretores ·da ABC Agricultura e pecuária, engenheiro
Marcelo e contador João Osório, pelo apoio no estudo de caso
rea-Lí.z adoj
a todos, o meu agradecimento e reconhecimento de gratidão.
ÍNDICE DE FIGURAS E TABELAS
Tabela 1.1. Evolução da população Rural e Urbana ••.••••...•.•. 17
Tabela 1.2. Evolução e Participação do Crédito Rural por
Finalidade e _ •••• ID ••••••••••••••••••••••••• 21
Tabela 1.3. Margem obtida com preços mínimos por safra ••..•.•. 28
Tabela 1.4. Distribuição Imobiliária .. ~.••..•••...•...•...•••• 35
Tabela 1.5. produção de grãos, em toneladas, no Município de
Uberlândia e •.• e •.••• CI ••••••••• 35
Tabela,l.6. Produção de grãos, em milhões de tonelaadas no
B
r as
i1. . . ..e •••••••••••••• ID • '. • • co • ., • • ••• CI • • • • • • • • • 37Tabela 1.7. Área cultivada com culturas temporárias no
Municí-pio de Uberlândia, nos anos 82/83 com 86/87
hecta-res
'
".~
-.
CI •••• CI· •••••••••••••••• • .38Tabela 1.8. Taxa de crescimento de área e produção de culturas .
temporárias no Município de Uberlândia, no período
82/83 com 86/87 C1 •••••••••••••••••• CI ••••••••• 40
Tabela 2.1. Dados de produção, Vendas e Custos da Cia ABC .•... 64
Tabela 2.2. Resultados das operações da Cia ABC-sob custeio va
riãvel
CI .•••••••••••••••••••••••••••••••64
Tabela 2.3. Resultados das operações da Cia ABC-sob custeio
por absorção •••.•.•• ~ •••••••••••••••••••••••.••••• 65
Tabela 2.4. Tabela de Pa
í.xa..
Relevante •••••••••••••••••••.• ·••77Quadro 5.1. Classificação dos Recursos e Necessidades da
Em-presa •.•••••.••....••••••••.••.••••.••. 0' ••• ••••• .136
Tabela 5 .1. Estimativa de re'ceita, custos variáveis e margem
de contribuição por cultura (em OTN) ••••••••..••• 14l ~
Tabela 5.2. Custo~padriovariivel por tipo de culturas •••••••. 141
Tabela 5.3. Coeficientes técnicos por cultura e por tipo de
, ,
ho
raa+mâquí.na
(hs/ha) .•••• ",' .•••••••••• '•••••••••• 143Quadro 5.2. Recursos limitantes,; recursos exigidos e margem de
contribuição da empresa .••••••••• ~~•••••••••••• '•••.144
• ""1
", ,
··i
','
. j.
CONTRIBUIÇÃO DO CUSTEIO
VARIAVEL
A
AGRICULTURA:
UM
ENFOQUE EN
CULTURAS
TENPCJRARIAS
Por Claudinê Jordão de Carvalho
RESUMO
OBJETIVO DO TRABALHO
Este trabalho se propoe estudar a questão dos custos da
agricultura, utilizando o sistema de custeio variável como
supor-te supor-teórico, bem como os conceitos de margem de contribuição,
aná-lise custo-volume-lucro e orçamento flexível no processo de plan~
jamento e tomada de decisão sobre o(s) tipo(s) de cultura(s) a
ser(em) plantada(s) e respectiva(s) área(s).
A partir d~ identificação das variáveis que atuam sobre
o setor agrícola e das restrições' de recursos, formulou-se um
mo-delo matemático de programação linear para determinação do compos
to ótimo de culturas em uma situação real.
,ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
O trabalho
é
composto de seis capítulo e um apêndice.O capítulo primeiro trata da agricultura como objeto de
estudo. Procuramos, a partir de suas origens e características,
explicar o inter-relàcionamento deste setor de atividade da econ9.
mia com os demais, bem como a necessidade de uma política
agríco-la instituciOnal.
custos de produção. Inicialmente revisamos os elementos que
com-põem os custos, suas classificação, para em seguida, fazermos uma
comparação entre os sistemas de custeio por absorção e o
variá-vel. O orçamento flexível e a relação custo-volume~lucro é
enfo-cado no final, onde são retratadas as utilizações do custeio
va-riável para fins gerenciais.
No capítulo terceiro procuramos abordar uma metodologia
de cálculo dos custos agrícolas partindo de características da ati
vidade e de alguns pressupostos básicos.
No capítulo quarto abordamos a questão do composto 5timo
de culturas, utilizando a programaçao linear como modelo matemáti
co de planejamento. são apresentadas todas as seqüências de cál
cuIa para otimização da função objetivo.
O capítulo quinto é uma aplicação, através de um estudo
de caso, de todos t5picos abordados anteriormente. A empresa é
formulada como problema através de equações matemáticas envolven
do oS recursos disponíveis, ~eus coeficientes técnicos e
restri-çoes.
Em seguida, utilizando-se de um computador, analisamos o
comportamento do método simplex c()mo ferramenta de planejamento
ao compararmos o nível de aderência do método com aquele
realiza-do pela empresa na safra 87/88.
No capítulo sexto, a :partir da experiência obtida no
tra-balho, emitimos nossas conclusões sobre o estudo proposto e
apre-sentamos sugestões para pequisas futuras. O apêndice contém as rn~
trizes do método simplex. ]~ cada nova iteração até a otimização
da margem de contribuição por unidade de fator restritivo do caso
estudado.
.01.
CAPíTULO I
INTRODUÇÃO
A seçao inicial
dó
capItulo apresenta os objetivos,métodos e importância do estudo, ressaltando as razões e a rele
vância do desenvolvimento de um sistema de planejamento agríc~
la para decisão a nível gerencial, utilizando o custeio variá
velo
Em seguida, faremos urna exposição dos motivos que
de spe r+a ram no autor o interesse pelo terna,evidenciando a colo
cação do problema e sua justificativa.
Após esta etapa, abordaremos de forma suscinta a ori
gem da atividade agrícola no mundo e os seus aspectos peculi~
.re's, mostrando ao mesmo tempo a dependência social advinda da
necessidade de produção de alimentos para a humanidade.
Para um melhor entendimento e compreensão da agr!.
cultura em ~i, serão feitas considerações sobre:
_ as características da agricultura e suas formas de prát!.
cas de produção;
os tipos de culturas e
- variáveis particulares do setor.
Faremos urna análise histórica da atividade agríc~
particular a brasileira, através de urnacrítica abrangendo:
- os fatores geográficos e demográficos;
- a política agrícola institucional e
- o
seu relacionamento com o mercado internacional de
ali
mentos.
Como complementação, a seçao final apresenta o
pe~
fil da agricultura no Município de Uberlândia, como área
de
interesse em estudo, além de estabelecermos taxas de crescime~
to de produção e área
das principais culturas temporárias.
1.1.
OBJETIVOS, METODOS E IMPORTÂNCIA DO ESTUDO
O presente estudo visa, inicialmente, a identificar
as múltiplas variáveis políticas ,econômicas,
técnicas egeográ
ficas que possam ter alguma influência no comportamento da ati
vidade agrícola, através das conseqüências que as mesmas variá
veis em estudo
têm sobre a agricultura, em particular, no pIa
nejamento de plantio de culturas temporárias.
Objetivou-se também, caracterizar o que é uma cultu
ra do tipo temporária e como se dão as diversas fases
do seu
processo produtivo para, em seguida, fazer-se uma análise
dos
métodos de custeio atualmente utilizados por empresas do setor
agrícola/para o planejamento e tomada de decisão sobre
o tipo
de cultura e área a plantar.
Como meta final desta morioqz-a
fí.a ,
estuda-se
o
com
.portamento da programação linear aplicada a empresas agrícolas,
como modelo de planejamento da combinação ótima
de
culturas
temporárias a serem plantadas, condicionadas a variáveis
res
tritivas internas e externas de cada empresa. Utiliza-se o con
.03.
vo, derivado do custeio var iável, por fornecer informações gere!:,
ciais adequadas e objetivas para tomada dedécisão.
Assim sendo, procedeu-se a um enf oqueh is
tô
rLco da agr~cultura, bem como da evolução ao longo do tempo, das varláveis
que influem sobre o desenvolvimento desta atividade. Situou-se
o perfil do setor agrícola no município de Uberlândia e no Bra
sil, bem como o desempenho da produção de grãos e da área cul
tivada.
Em seguida, fazem-se consideraç6es teóricas sobre
os sistemas de custeamento por absorção e variável (direto), ~
presentando as vantagens e desvantagens de cada sistema, dest~
cando as informaç5es gerenciais e administrativas fornecidas
pelo custeio variável no dia-a-dia das empresas.
A partir da evolução e identificação da atual situa
çao da agricultura, bem como do custeio variável, foram assum!.
das suposições com relação a algumas variáveis internas eexter,
-nas' da empresa, que afetam a decisão de escolha dos tipos
de culturas e respectivas áreas de plantio. Após isso, apl!,
ca-se o método simplex de programação linear (P.L.) a uma em
presa agrícola situada no município de Uberlândia, para análi
se do grau de aderência do modelo e crítica dos resultados in
dicados pela P.L. e o realizado pela empresa na safra 87/88.
A agricultura
é
direta ou indiretamente uma das pri~cipaisfontes de alimentos, vestuário, abrigo, energia
renová-vel e outros fins variados. Diretamente, ao cutivar-a
ter-ra pater-ra obter produtos "in natura" de acordo com o ciclo bio
lógico de cada cultura, e indiretamente, como supridor de pro
dutos de origem primária para o processamento industrial de
transformação, gerando novos sub-produtos para comercialização
e consumos das populaç6es urbanas e rurais.
reservas mundiais de solo agricul turáveis, uma das a Iternati vas
possíveis para enfrentar este problema é a aplicação de siste
mas de proteção, bem como práticas adequadas de manejo, para
obter-se o máximo aproveitamento possível do potencial do so
lo, como rodízio de culturas, calagem, adubação, desenvolvime~
to de tecnologia adequadas e a utilização econômica e racional
através de planejamento ajustado a realidades regionais.
De maneira geral, a agricultura é considerada Como
um setor de atividade de fundamental importância para as na
ções, haja vista a missão de alimentar bilhões de pessoas,além
de sua produção servir como fonte de divisas nas exportações de
excedentes e geração de estabilidade econômica, social e polf
tica dos povos.
A agricultura do Brasil é considerada a· nível
mun-dial como um celeiro de geração de alimentos, capaz de suprir
as necessidades da população do globo terrestre (1.1).
A nível nacional, o estudo de assuntos ligados a~
agricultura é relevante por diversas razões:
seu desempenho é considerado fator vital de combate àin
fIação, buscando melhorar o bem-estar da população e su
prir suas necessidades nutricionais mínimas;
- propicionou o surgimento de outros setores de atividades
do país, tais como:
• indústrias de fertilizantes;
indústrias de máquinas e equipamentos;
indústrias de tratores;
indústrias de defensivos;
indústrias de transformação, em relação· à agricultura,e
. comércio em geral.
·05.
representou 43,3% dos valores exportados, perfazendo· U$
9,4 bilhões (1.2);
- em 1987, o PIB da agricultura representou 14,5% do PIB
nacional (1. 3) ;
- concentrou 27% da população total na atividade rural em
1987 (1.4).
Como podemos perceber, a agricultura é responsável,
em parte, pelo desempenho do balanço de pagamentos, através da
importação de insumos e de produtos agrícolas cuja produção na
cional e insuficiente, e contribui para a exportação de
excedentes agrícolas. Ao mesmo tempo, o estudo do cus
teio variável na agricultura mostra a contri
buí.câo deste método na determinação do composto ótimo de cu
L-.
turas, bem como a avaliação dos preços dos produtos, visando a
maiores exportações,ou ao atendimento do mercado interno,visan
do
à
estabilidade de preços na economia, por exemplo.1.2. COLOCAÇÃO DO PROBLEMA E JUSTIFICATIVA
O desenvolvimento deste tema despertou o interesse
deste autor, qUqndo a Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
promoveu um encontro com representantes da comunidade. empres~
rial de Uberlândia para avaliar o perfil dos recursos humanos
egressos do curso de Administração de Empresas,Qportunidade em
que demonstraram interesse no desenvolvimento de pesquisas apl!
cadas
à
área agrícola.Entre elas, sugeriram-se estudos de modelos de deci
sao que orientassem o produtor rural na escolha do (s)tipo (5) de
cultura(s) a plantar e a(s) respectiva(s) área(s) em cada safra
agrícola.
sa, Escola Superior de Agricultura de Lavras, Escola Superior
de Agriculturà Luíz de Queiróz, ao lado do Instituto Agronôm!
co de Campinas e do Instituto de Economia Agrícola,desenvolvem
estudos de planejamento aq rIcoLa , utilizando-se os conceitos do sistema de custeio por absorçâo.
Segundo LIMA (1.5), existe a necessidade de se for
mularem quadros teóricos peculiares, pois a agricultura, como
objeto de estudo, apresenta características próprias que exi
gem a adequaçâo dos princípios e teorias da ciªncia administra
tiva, desenvolvidos principalmente para indústrias.
Como alternativa, este estudo utiliza os conceitos
derivados do sistema de custeio variável na atividade agríc~
la, como margem de contribuição, relação custo-volume-lucro e
orçamento flexível, mostrando sua aplicabilidade para finsgerenciais.
Apesar da extensão territorial do Brasil e das áreas
disponíveis para plantio, ficou constatada a dificuldade em se
obter bibliografia específica sobre o tema, o que nos levou a
aceitar o desafiq de preencher esta lacuna e contribuir com a
classe empresarial rural, oferecendo subsídios teóricos E: um
modelo de decisão determinístico, o da programaçâo linear.
A escolha do método do custeio variável é primordial,
posto que a programaçao linear busca um valor ótimo em pontos
extremos de'um conjunto convexo, cujas relações entre as variá
veis são precipuamente lineares. Por conseguinte, a relaçâo en
tre as margens de contribuição advindas dos preços e
variáveis é que importam na decisão.
custos
1. 3. AGRICULTURA: UM SUMÂRIO DE SUA ORIGEM
o
surgimento e evolução da agricultura estão rela. 07.
vos até o atual estágio da civilização. No início, .as tribos
vagavam periodicamente, de ~ma região para outra, em busca de
frutos nativos, raízes, caça e pesca, como fonte de alimentação
para sua sobrevivência. Usando instrumentos rudimentares de p~
dra lascada e madeira, transformavam o couro e as plantas em
vestimentas e abrigo.
Com o passar do tempo, o homem foi adquirindo cons
ciência da periodicidade e repetição do clima e" conseqüen teme~
te, das estações e do ciclo an ua L que regulava os fenômenos cli
máticos, bem como da influência dessas estações na vida e hábi
tos dos animais e das plantas.
A partir destas descobertas, o homem começou a per
ceber que podia usar este conhecimento em seu· benefício, ini
cialmente através do pastoreio e criação de animais, e post!::.
riormente conduzindo a reprodução das espécies vegetais em épo
case locais propícios, de modo a nao ter necessidade de des
locar-se constantemente em busca do alimento para a sua sobre
vivência.
Paralelamente ao plántio e colheita, o homem foi
desenvolvendo técnicas que aprimoravam o cultivo da terra,tais
corno:
• instrumental adequado;
• irrigação;
• seleção de espécies;
seleção de regiões;
utilização de tração animal e
• adubação do solo.
A história mostra que a origem da agricultura
reu no Egito
e
Ásia, ao longodo Rio Nilo ena Mesopotâmia, pectivamente, em função do limo deixado pelasenchentesao longoocor
de
tica em putrefação e por substâncias minerais arrastadas pelos
rios. O limo adubava a terra, tornando-a muito fértil, o que
garantia a produtividade agrícola nestas regiões, apesar do pr!
mitivismo.
Registram-se também, na antigüidade, atividades agríc~
las na Grécia e na lndia, evidenciando-se a relevância assumida
por esta atividade na subsistência das populações mais antigas.
O cultivo da terra e o ciclo bio16gico das plantas foram
obje-tos de pesquisa ao longo dos quatro últimos séculos, com
objeti-vo de se conseguir basicamente aumento de produtividades.
A primeira pesquisa sobre a utilização de sais na agri
cultura foi divulgada em 1563, na França, por Bernardo Palissy.
Depois de' aproximadamente três séculos, o francês Bouussingault
realizou em 1834 uma experimentação de campo' em base
científi-ca para relacionar os constituintes das plantas com os solos em
que eram cul ti vados. Em 1840, o. alemão Justus Liebig fez urnapes
quisa para estabelecer o balanceamento de nutrientes das
plan-tas, dando origem
ã
teoria mineral e posteriormente a indústria. de fertilizantes.
Em 1843, foi fundada a estação experimental de Rothams
ted, onde foi inventado o superfosfato e, novos fertilizantes t.e s
tados.
A agricultura moderna é resultada da moderna ciência
e tem apenas 02 séculos de idade. A partir de 1750, começou a
tornar impulso com a experimentação agrícola. Nos anos que se
seguiram, até nossos dias, enorme progresso foi conseguido no de
senvolvimento da agricultura, tais como a mecanização, aumento de
produtividade e melhoria da qualidade dos produtos com a utiliza
.09.
1.4. CARACTERíSTICAS DA AGRICULTURA
Agricultura ~ a "art~ de cultivar a terra" (1.6). A
atividade produtiva na agricultura se dá por meio de um conjun
to de operações que transformam o solo natural para a produção
de vegetais. Para um melhor entendimento desta atividade e con
seqüentemente, de sua estrutura de custos, apresentamos o se
guinte esquema:
Operações:
- de preparo do solo:
• araçao;
· aplicação de calcário (calagem);
• gradeação;
locação de curvas de nível, se necessário.
- de plantio:
· adubação no sulco;
distribuição das sementes.
- de tratos culturais:
.
""'".
.,.
.
• caplnas mecanlcas ouqulmlcas;
• capinas manuais com enxada;
· aplicação de herbicida;
• adubação em cobertura;
• combate
à
formiga.- de colheita:
· corte;
· ensacamento.
- de transporte:
· carregamento e transporte.
Insumos:
calcário;
. defensivos;
• fertilizantes.
Existem dois sistemas de pr~ticas de agricultura:
agricultura itinerante: caracterizada por sistemas primi
ti vos de cul tivo do solo até o completo esgotamen tode sua
capacidade de produçio; é o sistema praticado nas frontei
ras agrícolas do Brasil.
_ agricultura superior: caracterizada por. sistemas que em
pregam fertilizantes, defensivos e irrigaçio, com vistas
a aumentar a produtividade dos vários tipos de culturas.
g a chamada agricultura tecnificada, que utiliza os resul
tados de melhorias genéticas de sementes e os conhecimen
tos gerados pelabiotecnologia, praticada em regiões tra
dicionais de agricultura (Sul, Sudeste e Centro-Oeste).
Quanto ao número de plantio e colheita,podemos considerar
basicamente dois tipos de culturas:
- cultura temporária;
- culturá p~rmanente (perene) .•
Culturas temporárias sio aquelas sujeitas ao replan
tio após a colheita. Normalmente, o período de vida é curto,v~
riando de 90 a 180 dias. Após a colheita, seus restos sao ar
rancados ou incorporados ao solo para que seja realizado novo
plantio (1.7). Exemplos: soja, milho, arroz, feijio. Esse tipo
de cultura
é
conhecido como anual.Culturas permanentes sao aquelas que permanecem vin
culadas ao solo e proporcionam mais de uma colheita ou prod~
ção. Normalmente atribui-se às culturas permanentes uma dura
çio mínima de quatro anos. Para MARrON, basta apenas a cultura
.11.
permanente (1.8). são exemplos: café, laranja, maçã.
o
car&ter de periodicidade nas culturas temporãriasexige das empresas rurais uma atenção especial quanto
ã
tomadade decisão do tipo de cultura a ser plantada e da respectiva
ãrea de plantio no início de cada ano agrícola, em decorr~ncia
das políticas de preços mínimos, custo de financiamento e ne
cessidades internas de produção.
No curto prazo,
é
razoável supor que as empresas r~rais busquem alcançar a otimização dos resultados de suas op~
rações produtivas, ao considerarem as suas disponibilidades de
recursos, como área, recursos financeiros e mãquinas.
Assim sendo, procuraremos retratar as principais ca
racterísticas, fatores e variáveis peculiares
ã
agricultura:- Terra como fator de produção: é o meio no qual se desen
volve o processo biológico de crescimento. A qualidade da
terra medida em PH de acidez define os tipos de culturas
possíveis de" plantio.
- Tempo de produção maior que o tempo de trabalho: este de
sequilíbrio temporal é conseqüência do ciclo vegetativo
das plantas, no qual a intervenção de mão-de-obra nao paE
ti cipa como agente modificador da matéria-prima e sim, co
mo um agente de trabalho auxiliar, para complementar o ci
cIo biológico.
_ irreversibilidade do ciclo produti~o: o processo produti
vo na agricultura
"é
irrreversível, pois urna vez iniciado,o empresário não pode controlá-lo. A necessidade de cum
prir certas exigências técnicas/como preparo do solo, se
mentes selecionadas e insumos/tornam impossíveis, no cur
to prazo, mudanças radicais no volume e tipo de produção.
ferente da indústria, onde o
de condições biológicas: ~i
/J!;;
podem ser regulados de acordo com as condiç6es de mercado
ou de fábrica, a produção vegetal constitui um processo
bio16gico no qual as plantas cumprem determinados perI~
dos de crescimento vegetativo para desempenharem função
econômica a que estão destinadas.
Depend~ncia do clima: as atividades agrIcolas que nao uti
lizam sistemas de irrigação estão condicionados às condi
ç6es climáticas delimitadas pelas estaç6es do ano, assi
nalando épocas mais ou menos precisas em cujos per Iodos
o produtor deve realizar quase todos os trabalhos. ~ o ca
so do inverno para a cultura do trigo e do verão para a
soja, milho, arroz.
- Sazonalidade: caracterIstica marcada pela repetição cIcli
ca das estaç6es do ano, influenciando o cre~cimento das
plantas, época de plantio e colheita.
Rotação de culturas: é a alternância de culturas, visando
ao equilIbrio bio16gico da terra e a conservação de micro
organismos essenciais às plantas para crescimento e repro
dução.
Estas características mostram os condicionantes ine
rentes a esta atividade, bem como os prováveis problemas deri
vados da natureza bio16gica da agricultura que devem ser consi
derados nas avaliaç6es de cursos alternativos de ação.
A seguir, veremos como o setor agrícola enfrenta' es
tas dificuldades no Brasil e as políticas alternativas que re
guIam a atividade.
1.5. A AGRICULTURA NO BRASIL
.13.
pre teve um papel fundamental no desenvolvimento da economia
brasileira. O Brasil historicamente viveu "ciclos" ligados
ã
atividade agrícola, como os ciclos da canoa-de-açúcar, da borra
cha, do cacau, do cafi. Ainda hoje, o Brasil continua a aufe
rir riquezas substanciais desta atividade. Basta observar que
anualmente, mais de 45% das divisas obtidas na balança comer
cial são oriundas da exportação de gêneros agropecuários,como:
· Cafi;
• Soja;
• Suco de Laranja;
• Açucar demerara;
Carne;
· Couro;
• Algodão.
A tradição econSmica que o país possui na agricultu
ra deverá manter-se no futuro, e a pr6pria economia em muito
dependerá da performance dos produtos, quer sejam de export~
çao, quer sejam de consumo interno.
Para tal, diversas condições e fatores afetos a
-agricultura, serão analisados e confrontados nesta seção, tais
como:
• Fatores geográficos e demográficos;
• Política agrícola governamental;
• Mercado internacional.
1.5.1. Fatores Geográficos e Demografia
Pela pr6pria extensão do territ6rio brasileiro, o
mesmo congrega os mais variados tipos de solo, índices opluvio
mêtrí.cos , rede fluvial, clima, topografia. E sôc ío
gráfica diferenciada de região para região, perfis de renda e
de atividades dos mais variados ao longo do território, bem c~
mo estruturas de abastecimento e transportes com maiores con
centrações e facilidades em determinadas regiões em detrimento
de outras. Tais discrepâncias foram evidentemente causadas p~
las condições geo-econ8micas do pais, e sua evolução ao longo
do tempo.
o
desenvolvimento da atividade agricola no Brasil,deu-se de forma variada em suas diversas regiões, atrelada a
vários fatores mencionados no parágrafo anterior.A diversidade
de culturas agricolas ~ favorecida principalmente pela enorme
disponibilidade de terras, com os solos e climas mais
dos.
varia
A vocaçao regional de certas regiões, ligada a tra
ços culturais, a concentração do mercado consumidor e as vias
de acesso a este mercado tamb~m são determinantes na atividade
agricola e na sua distribuição geográfica.
Diante disso, destacamos as culturas principais por
região, em função do volume de divisas e do seu peso na alimen
tação populacional:
NORTE NORDESTE SUDESTE SUL CENTRO-OESTE
Seringueira Arroz Arroz Arroz Arroz
Arroz AlgOdão Milho Trigo Soja
Milho Feijão Soja Soja Milho
Mandioca Cana Aveia Feijão
Milho Amendoim Milho Algodão
Cacau Sorgo Feijão
Mamona Feijão Caf~
Sisal Caf~
Laranja
·15.
o
perfil das culturas praticadas no Brasilé
frutodo processo de desenvolvimento e de transformação das fazendas.
No passado, a un~dade produtiva agrícola era prat!
camente autb-suficiente, jã que não apenas se dedicava
ã
pla~tação e criação comercial, mas também criava seus animais de
tração, produzia seus instrumentos de transportes, suas ferra
mentas e outros itens necessãrios. Todas as operações relacio
nadas com o cultivo, o processamento, o armazenamento e a co
mercialização de alimentos eram ~unção da fazenda. Por tudo is
so, parecia apropriado pensar em todas essas atividades dentro
do significado da palavra "Agricultura".
As mudanças provocadas pelo processo de desenvolvi
mento estreitaram as funções da fazenda. A agricultura moder
na exige crescente especialização do produtor nas operações de
cultivo, tratos e colheita. Por outro lado, as funções de arma
zenar, processar e distribuir alimentos, bem como de suprimento
de insumos e fatores de produção, gradativamente, ficam mais
especializados, passando a ser desenvolvidas por organizações
comerciais e industriais criados para exercer tais funções.
Este esvaziamento das atividades da fazenda prov~
cou um aumento do êxodo rural para as regiões urbanas,desloca!!,
do cerca de 17% da população rural entre os anos de 1970 e
1986 (1.10).
Em contrapartida, a área rural passa a experimentar
.gradativamente O conceito de "asrribusiness" ou complexo agropecuá
rio. Este conceito mostra uma faceta diferente de uma das cor
rentes do pensamento sobre o desenvolvimento agrícola,caract~
rizado pelas necessidades de planejamento, mecanização, prod~
tividade e pesquisas genéticas.
o
avanço do "agribusiness" mostra um crescimento~,
do que nela representa na agricultura. O segmento dos insumos e
fatores de produçâogeram condiç6es para maiores ganhos de pr~
duti vidades. Por sua vez, o beneficiamento e a transformação das
matérias-primas dão maior valor agregado ao produto. Tudo isso
mostra que muitos problemas do setor primário não se encerram
na porteira das fazendas.
Para sustentar esse processo de desenvolvimento re
lacionado ao mundo dos negócios rurais, apareceram e consolid~
ram-se as indústrias de insumos, fatores de produção, bem como
as de transporte, beneficiamento e transformação .
.Os bens produzidos por estas indústrias sao destina
dos direta ou indiretamente para as atividades do setor agríco
la, atrelando o desempenho destas à política traçada pelo gover
no, via preços mínimos, crédito rural, seguros e armazenagem.
A fim de se ter uma magnitude do que representa uma parcela des
se setor, constitui um parâmetro razoável o crédito rural, in
terpretado como a mola propulsora de todo setor de suprimento
de insumos e fatores de produção. A projeção do saldo nos fi
nanciamentos rurais, para o final de dezembro de 1987 conforme relatório do Banco Central, deverá atingir o montante de US$ 18 ..
bilhões.
A política de destinação do crédito rural procura
atender os agricultores de pequeno e médio porte, que cultivam
lavouras destinadas ao consumo interno, privilegiando
as
regiões carentes com taxas de juros inferiores às de outras re
giões.
A distribuição demográfica da população brasileira
ocorre de maneira bastante heterog~nea, em função de condições
de solo, dos pólos industriais e comerciais em desenvolvimento
e traços culturais, conforme podemos observar na tabela a se
·17.
TABELA 1.1
EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO RURAL X URBANA (Em Milhões de habitantes)
Local 1981 (1) 1985 (2) 'l'axaanualde crescimento%: 2
.
1BRASIL 119,7 131,4 2,36
População Urbana 85,2 95,5 2,89
População Rural 34,S 35,9 1,00
% população Rural 28,8 27,3
--NORTE 3,2 3,9 4,76
população Urbana Não disponível
-
--população Rural Não disponível
-
--g.
população Rural Não disponível
-
--o
NORDESTE 35,8 38,9 2,11
população Urbana 19,1. 21,3 2,80
população Rural 16,7 17,6 1,36
% população Rural 46,6 45,3
--SUDESTE 53,4 59,0 2,52
população Urbana 45,1 50,4 2,82
população Rural 8,3 8,6 0,87
% população Rural 15,5 14,6
--SUL 19,4 20,6 1,50
população Urbana 12,0 13,3 2,60
população Rural 7,4 7,3 (0,38)
% população Rural 38,1 35,4
--CENTRO OESTE 7,9 9,0 3,50
população Urba:&la 5,8 6,6 3,39
população Rural 2,1 2,4 3,82
% população Rural 26,6 26,9 ·3,82
Obs.: Exclusive População Rural da Região Norte em 1981 e 1985.
FONTE: I.B.G.E.: Censo 1980, PNAD 1981, PNAD 1985.
.#
A tabela anterior nos mostra a movimentaç~o dapopu
lação rural para o meio urbano, evidenciando a perda
relativa
do contingente rural sobre a população total, caindo de
28,8%
.em 1981 para 27,3% em 1985.
As regi6es Sudeste, Centro-Oeste e Norte
tiveram
crescimento populacional acima da média do País. Note-se ainda
que,enquanto em todas as regi6es o crescimento da populaç~o ru
ral é inferior ao da população urbana, este quadro
inverte-se
na regi~o Centro-Oeste, onde o crescimento da população
rural
é superior até ao crescimento da população nacional
no
perío
do. A região Centro-Oeste tem se apresentado,nesta última década,
cornofronteira agrícola tendo um crescimento do contingente ru
ral condizente~ aproveitando-se inclusive de parte da
popula
çao rural da regi~o Sul que para lá migrou em busca
de
novas
áreas de plantio.
Nesta região, estão concentrados projetos de
agri
culturas de grande porte como o Projeto Formoso (Arroz
Irriga
do) em Goiás e a Fazenda Itamarati (Soja) no
Mato
Grosso
do
Sul.
1.5.2. política Agrícola
Analisaremos,aqui, os principais fatores da
atuali
dade, de relevância para o desenvolvimento da agricultura
bra
sileira, bem como as principais dificuldades encontradas
por
economias em desenvolvimento na produção de alimentos, tais c~
mo o mercado internacional de produtos agrícolas,o protecioni~
mo e a prática do dumping.
Cumpre destacar que a atividade agrícola
praticada
nos vários países do mundo é fortemente influenciada pelos
g~
.19.
dito e subsídios, tipos de seguros, e programas de
investimen
tos, face
à
importância desta atividade na produção de
alimen
tos básicos para a população.
Como não poderia deixar de ser, o desenvolvimento da
agricultura no Brasil é totalmente dependente das políticas
e
programas implementados pelo governo federal e/sem dúvida alg~
ma, torna-se de fundamental importância tomarmos ci~ncia
das
principais medidas governamentais na área agrícola,
pertence~
tes ao plano de metas para a agricultura.
o
plano de metas busca a viabilidade do setor
agrí
cola, a redução das incertezas, e o aumento da disponibilidade
de alimentos básicos e preços baixos. A ~nfase é a obtenção de
produtividade, através da inovação tecnológica, otimização dos
recursos envolvidos e manutenção/recuperação da capacidade pr~
dutiva dos solos.
Pretende-se criar mecanismos e recursos que regulem
os custos e preços de venda dos produtos, bem como aprimorem as
condições de transporte, armazenagem, tecnologia
de produção,
de modo a gerar condições para o aumento da produção agrícola.
Apesar de, em várias planificações, as origens e ob
tenção dos recursos não estarem explicitamente claros, nota-se
a intenção governamental de ampliar a parcela de recursos
des
tinados
à
agricultura, comparando-se com anos anteriores.
Se,efetivamente , todas as medidas do plano
de
me
tas conseguirem ser colocadas em prgtica com efici~ncia,
indu
bitavelmente trarão novo impulso
à
agricultura, cujos reflexos
positivos deverão estender-se ao consumo dos insumos
voltados
para as atividades agrlcolas.
o
plano de metas do governo foi publicado em
15 de
riam ser implementadas em 1986 e nos anos seguintes.
Os principais objetivos e metas determinados contem
plam a área de fontes e forma de financiamento, produção,comer
cialização, armazenamento, irrigação e seguro, conforme pod~
mos observar em seguida:
Crédito para custeio:
O Governo determinou um crescimento de 30% em 1986
em relação a 1985. Nos anos seguintes o crescimento real seri
continuo e, consequentemente, o limite de. expansão não esti ex
plicito no plano.
Destina-se
à
aquisição de insumos e pagamento demão-de-obra empregada no plantio e manutenção das lavouras.
Crédito para investimentos:
O valor orçado de 1986 deve dobrar em relação ao va
lor de 1985 e dobrar novamente até 1989. Esta meta sejustifi
ca pelo fato de o governo ter reduzido este valor entre os anos
de 1975 e 1985. O total de recursos para investimento e cus
teio em 1986 é da ordem de Cz$89,4 bilhões.
O crédito rural foi o principal instrumento de poli
tica agricola adotado visando
à
modernização da agriculturabr~sileira. A partir de meados da década de 60 e especialmente em
boa parte da seguinte, serviu para dotar o setor agricola de
recursos necessários para a implementação de mudanças técni
cas, com destaque para maior mecanização.e emprego de insumos
modernos, dentre os quais incluem-se fertilizantes, utilizados
a níveis adequados.
A partir de 1977 algumas modificações foram introd~
zidas, sendo que o abandono dos estimulos aos investimentos no
setor pode ser identificado nas estatisticas pela"redução dos
.21.
um maior empenho na obtenção de recursos no curto prazo,
com
recursos predominantemente alocados no cu~teio das safras.
'l'ABELA1. 2
EVOLUÇÃO E PARTICIPAÇÃO DO CR~DITO RURAL POR FINALIDADE
Ano
Investimento
Comercialização
Custeio
Cz$ 106
%Cz$ 106
~oCz$ 106
%1979
59
100
58
100
118
100
1980
42
72
56
96
128
108
1981
30
51
51
87
115
97
1982
25
42
43
73
122
103
1983
24
40
30
52
89
75
1984
11
18
15
26
62
52
1985
16
27
20
34
89
75
1986
29
60
-
-
-
-FONTE: Dados estatísticos de crédito rural (Banco Central do Brasil),
SIACESP e ANDA.
A tabela acima mostra a evolução real dos
recursos
destinados ao crédito rural por finalidade a partir
de
1979,
ano marcado pela chamada prioridade agrícola. Tomando este ano
cornobase, vê-se que o montante de recursos. de crédito
rural
total reduziu-se sistematicamente até 1984, mostrando
alguma
recuperaçao somente em 1985, quando o montante total distribuí
do alcançou pouco mais da metad~ do valor referente ao
~n~c~o
.
•.
.
da série.
A destinação predominante dos recursos para
objet~
vos de curto prazo é plenamente ident~ficada quando se ob~erva
que, em 1979, 50,3% dos recursos foram alocados no custeio, si
~.'.. , .
tuação que evoluiu para uma participação de 71,1% em 1985.
Os
investimentos mostraram situação inversa. Se no inIcio da
rie absorviam 1/4 dos recursos destinados ao cr~d~torural,
~
se
em
1984 chegaram a 12,3%.
Toda efetividade de uma política depende dos parâm~
tros sobre os quais se pauta. Assim, os estímulos ao aumento da
área plantada estão 'em parte dependendo dos valores estabeleci
dos para o seu financiamento (VBC - Valor Básico de Custeio),
comparativamente aos custos da produção e recursos disponíveis
do produtor. Embora os parâmetros estabelecidos para a safra
86/87, de um modo geral,possam ser considerados razoáveis (o
VBC na maior parte das culturas iguala-se ou supera o custo
operacional efetivo), ~ bom atentar para a disponibilidade de
recursos. Primeiramente, os recursos previstos são inferiores
ao ano anterior, Al~m disso, existe o aspecto da oportunidade
da liberação dos recursos. Têm sido constatados atrasos nesta
liberação, o que pode vira comprometer a eficácia da política
em termos de produção.
CADERNETA VERDE
Uma das formas de captação de recursos específicos
encontrada pelo governo para stistentar o financiamento de cus
teio e investimento previsto foi a criação desta caderneta de
poupança rural do Banco do Brasil.
Funciona como as cadernetas tradicionais, inclusive
com seguro contra a inflação. Seus recursos serão aplicados no
setor rural. Sõ será aberta em agências que aplicam no crédi
to Rural.
METAS FIsICAS
Produzir, em 1989, 71,6 milhões de toneladas
dos
f;
.23.
principais graos. Entre 1980 e 1984, a produção brasileira os
cilou ao redor de 50 milhões de toneladas. Em 1988 a safra se
ri recorde, com 64,8 milh6es de toneladas~ conforme previsões
oficiais do Ministêrio da Agricultura.
ARMAZENAGEM
Para comportar o crescimento da produção agrícola
neste período, prevã-se um crescimento de 27% atê 1989, da ca
pacidade de armazenagem, acrescentando 15,5 milhões de tonela
das estiticas. O Governo participa com 82% da capacidade de
armazenagem instalada no país, atravê s dos armaaêns da Cibrazem.
A iniciativa privada esti sendo estimulada a inves
tir neste segmento, aliviando consideriveis volumes de recursos
federais que poderão ser aplicados em outras atividades.
As linhas de crêdito para financiar estes Lnve st.Lmen
tos tem um custo de aproximadamente 6% ao ano mais correçao
monetiria.
IRRIGAÇÃO
O plano de metas estabelece como objetivo a irriga
çao .
de 02 milhões de hectares, totalizando um montante de inve~timentos da ordem de Cz$62 bilhões, sendo Cz$16,5 bilhões pr
2
venientes de recursos federais e o restante oriundos de estados
..e iniciativa, privada.
Os projetos de irrigação visam a garantir a produti
vidade de lavouras alêm do aumento donÚIDero de colheitas plan
tadas no ano rural.
Cabe destacar que dos 64,8 milhões de toneladas de
PROGRAMA DE MICRO-BACIAS
~ um programa de açao comunitária integrada
entre
produtores rurais e governo para a criaç50 e produç~o de recur
sos hídricos e do solo. Para a execução deste programa,
pr~
v~-se um investimento total de Cz$8,4 bilhões.
FUNDO DE DESENVOLVIMENTO AGROPECUÁRIO
Este fundo foi criado para financiar o setor
rural
exclusivamente. ~ formado pelo retorno dos investimentos no se
tor agropecuário do ano de 1985 (Cz$ 34 bilhões) feitos
pelo
Banco do Brasil, mais as receitas da venda dos produtosimpoE,.
tados para o abastecimento nacional, que são Einanciados
(Cz$
2 bilhões), e com o retorno dos investimentos feitos
no
ano
de 1986. O total de recursos do fundo e de Cz$ 63 bilhões.
SEGURO AGRíCOLA: PROAGRO
(Programa de garantia da atividade agropecuária)Visa a cobrir as perdas sofridas pelo agricul tor
em
função de fatores climáticos adversos e doenças. Cobre
apenas
as perdas em lavouras temporárias. O Plano de metas prev~a
criação de um grupo de trabalho interministerial para
estudar
a expansao do PROAGRO para garantir os investimentos
particu
lares.
PECU1\RIA
Visa
à
criaç~o de uma comiss~o para estudar uma
p~
lítica para a pecuária de corte.
POLíTICA COMERC1AL
Seu objetivo é a formação até
°
final ge 1988,
de
estoques reguladores dos principais alimentos consumidos no mer
·25.
cada interno, equivalentes a 10% da safra. anual, com a finali
dade de estabilizar o preço destes produtos para controle da
inflação.
PREÇO M1NIMO E VALORES BÁSICOS DE CUSTEIO (VBC)
O preço mínimo atua como wu parâmetro de avaliação
nas decis6es sobre o tipo de cultura a ser plantada ano a ano
e como segurança, ou seja, o produtor agrícola que não encon
trasse mercado para a colocação de seus produtos, ou que con
siderasse os preços vigentes não
r-ernune
rador e s , tinha a garantia de que seu produto seria adquirido pelo Governo, nospre
ços mínimos fixados.
O plano de metas institui o pr-eço mínimo plurianual, tendo como prioridade o atendimento aos pequenos produtores,os
produtores de alimentos básicos e para aqueles que trabalham em
regiões deprimidas economicamente como Nordeste e parte Norte
do Sudeste.
O preço mínimo plurianual funciona de acordo com os
índices de inflação do setor com reajustes automáticos e peri5
dicos, visando
ã
produtividade, redução de riscos e barateamento no preço de alimentos.
As culturas beneficiadas pelo plurianualidade foram
aquelas voltadas para o abastecimento do consumo interno:
Arroz;
• Milho;
Sorgo;
Mandioca;
Feijão.
Para os produtos de exportação (soja, amendoim, aI
godão e mamona) não se aplica a regra da plurianualidade e sim
Para compreendermos os aspectos políticos e econômi
cos desta variável; apresentamos um breve relato de GONÇALVES
(1.11), que nos informa que,desde 1947, o governo federal vem
adotando a garantia de preços mínimos, quando apenas 06 prod~
tos eram contemplados:
· Arroz i
Feijão;
· Milho;
· Amendoim;
· Soja;
· Girassol.
Em 1951 foi instituída uma lei de obrigatoriedade de
garantia desses preços mínimo~ e ampliando-se a lista dos pr~
dutos beneficiados para lI, incluindo-se:
· Trigo;
· Farinha de Mandioca;
· Farelo;
· Tapioca;
• Erva-mate.
Em 1962 houve nova ampliaç~o, ondeseincluiram pr~
dutos de origem animal e os extrativos vegetais.
Ocorreram progressos, também, no sentido de tornar a
garantia efetiva no interior, pois no iníci6 ela se efetivava
apenas nos grandes centros de dí.s t.r Lbuí.çâo onde se dispunham de
armazéns gerais e classificadores habilitados para darem o cer .
tificado que a lei exigia. Atualmente, pode-se praticar a g~
rantia de preços mínimos, mesmo para produtos que estio armaze
nados no próprio estabelecimento produtor.
Houve, também, mudança sensível no processo de garan
tia do preço minimo. Antes de 1967, o preço era efetivado pri~
.27.
to da produção, vinculada ao Ministério da Agricultura) através
de AGFs (Aquisições do governo federal). posteriormente, ins
titui-se o financiamento do produto,com ou sem opçao de ven
da, através de EGFs (Empréstimos do governo federal). Essa sis
t~mãtica baseou-se no pressuposto de que a sustentação de pr~
ços deveria ser promovida basicamente, através da concessao de
financiamento
à
estocagem eà
comercialização, no quadro de umprograma ihsti tucional de crédito. Desse modo, foi dada ao agri
cultor ampla fonte de financiamento na base de 100% do preço
mínimo, com prazos variando entre 60 e 210 dias.
No Brasil, a condução de uma política agrícola ads
trita
à
política econômica global acàbou resultando em sériosprejuízos, com desequilíbrios entre subsetores da agricultura
em detrimento do setor produtor de alimentos, hoje considerado
um dos principais estrangulamentos para a manutenção do plano
de estabilização econômica (plano cruzado) até mesmo no curto
prazo.
Em 1986, uma certa recuperaçao da demanda vem dei
xando cla:La a precária situação brasileira neste setor. Para
possibilitar a manutenção do congelamento de preços estabelec!
dos em 28/02/86, o governo foi fo~çado a importar alimentos e
a autorizar sua importação o que, se resolve parte do problema
no curto prazo, tem o agravante de desestimular a produção in
terhae criar problemas em termos de balança de pagamentos. A
médio e longo prazo esta politicaé insustentãvel.
De acordo com o Instituto de Economia Agrícola, na
safra 85/86 para alguns produtos cultivados (Algodão, Amendoim
das ãguas, Arroz de sequeiro, Feijão das águas, Milho, Soja),o
preço mínimo suplantou
°
custo operacional dessas culturas. Sabe-se que os preços mínimos estiveram, inclusive, acima do pr~
paçao do governo na aquisição da produção.
Para a safra 86/87, os preços mínimos sofreram
al-guma redução com relação
à
safra anterior face aos custos op~racionais, mas contaram com um gatilho de reajuste toda vez que
a inflação dos custos atingiu 20%. Em princIpio~ de 1987 J jã
eram presentes e fortes as press5es de agricultores, reivindi
cando melhores preços mínimos, pois, face ao a.umento dos insu
mos, o preço mínimo sequer repunha os insumos utilizados, eap~
sar de prometido, o gatilho não foi disparado.
Mos t.ramos em seguida a margem obtida pelos agricu!
tores em 5 culturas, comparando-se qual era o percentual res
tante do preço mínimo após o .abatimento dos custos
(1 - Custo/Preço Mínimo) X 100%) •
(Nargem
=
TABELA 1.3
MARGEM OBTIDA COM PREÇOS MíNIMOS POR SAFRA
Algodão Soja Milho Arroz Feijão
Safra (ano) Margem Margem Margem Margem Margem
% % % % %
79/80 (1980) 10 56 15 38 5
80/81 (1981) 26 41 27 23 26
81/82 (1982); 27 19 17 11 9
92/83 (1983) 32 20 28 17 23
83/84 (1984) 29 (9) (9) (33) (20)
84/85 (1985) 20 39 14 8 20
85/86 (1986) 34 45 45 7 29
FONTE: IEA, BACEN, SIACESP e ANDA
A evolução acima exemplifica como ao longo do tem
.29 .
sos produ~os, criando risco e incertezas junto aos produtores.
A plurianual idade de alguns produtos dever& minimizar essas in
certezas.
Deve-se considerar que, além dos preços mínimos fi
xados pelo governo para alguns produtos agrícolas, existem as
expectativas e os preços efetivamente obtidos pelos produtores
no mercado de produtos agrícolas que, efetivamente, contribuem
para a sua rentabilidade. Devemos mencionar7também, que boa
parte dos produtos não são contemplados por preços mínimos, f;!:
cando os agricultores sujeit6s ãs flutuaç6es de preços no mer
cado.
Depreende-se,portanto, que urna política adequada de
preços mínimos
é
fator de segurança e rentabilidade (ainda quepequena) para o produtor e, conseqüentemente, favorece um de
senvolvimento sadio ã agricultura e permite a utilização de in
sumos modernos (ex: fertilizantes) com incertezas reduzidas.
1.5.3. Comércio Internacional
Um dos aspectos que influencia o comportamento da
agricultura brasileira e de nossa pr6pria economia é o comer~
cio internacional de produtos agrícolas. Alie-se a isto o fa
to de que a agricultura para exportação tem de ser altamente
profissionalizada, produtiva,e obter produtos reconhecidamente
de qualidade a nível internacional.
Para participar do comércio internacional de produ
tos agrícolas ,os países em vias de desenvolvimento, como oBra
sil, enfrentam dificuldades a níveis de tecnologia avançada,
.de acordos internacionais de. cotas de produtos,do
protecionis-mo de países desenvolvidos e da prática do dumping.
import~ncia fundamental para a economia brasileira, em funç~o
das divisas geradas em dólares para a balança de pagamentos.
As principais culturas brasileiras de exportação
sao:
· Café;
· Soja;
· Açúcar;
· Cacau;
· Suco de Laranja.
A~nter~relação com o mercado de produtos b~sicos a
nível internacional permite entender um pouco os reflexos cria
dos na agric~ltura brasileira, com oscilaç5es periódicas de
ãreas plantadas, tratos cultuiais e níveis de adubação, face
aos preços internacionais a.viltados por subsídios inconseqüe!:.
tes, ou alterados artificialmente, através da prática do dum
ping, que procura recuperar apenas os custos variáveis, vende!:.
do ao mercado externo produtos com preços inferiores aos prat!
cados no mercado interno.
Para se ter urna noção da regra praticada neste
do, citamos urna declaração explícita do departamento de
cultura dos Estados Unidos em relatório publicado no final merca
agr!
de
1986: "Os concorrentes estrangeiros vão se deparar com um p~
ríodo de redução da renda agrícola de seus produtores, ou vao
ter de recorrer a maiores subsídios agrícolas se quiserem con
tinuar competindo no negócio de ~xporta~ão de grãos".
Esta política é realizada pelos países desenvolvi
dos através da chamada agricultura de estufa e do protecioni~
.mo de produtos, subsidiando $eus a~ricultores, sem se preocup~
rem com b custo e rentabilidade de seus produtos.
Vejamos,a seguir, alguns comentãrios e críticas de~
d~
.31.
o
Protecioni.smoTranscrevemos/aqui, algumas análises de Ib Teixeira
(1.12) que nos permitem entender melhor alguns limitantes de c9_
locação de nossos produtos agrícolas no mercado internacional.
A
análise de Ib nos deixará transp~recer como ocorre a· transferência de renda de outros setores para o setor agr!.
cola, em economias mais avançadas permitindo que este último ob
tenha recursos para gerar produtos agrícolas com as mais altas
tecnologias (inclusive altos níveis de adubação) e a custos
várias vezes superiores aos preços no mercado internacional,ge
rando excedentes exportáveis. Estes excedentes são vendidos aos
preços internacionais, ou ainda mais baixos.
Isto vem impedindo que países em desenvolvimento pos
sam colocar seus produtos agrícolas a preços rentáveis
(compa-rativamente com seus custos) no·mercado exterior, o que pod~
ria gerar parte das divisas necessárias para o pagamento de
suas dívidas externas, e renda para que o setor agrícola pude.§.
se investir e expandir-se atràvés da implementação de novas
tecnologias, e utilização de maiores níveis de adubação, compa
tíveis com a expansão e desenvolvimento necessários
à
agricul-tura.
"A agricultura de estufa dos países ricos, conforme
a definição do Prof. Shultz (Prêmio Nobel da Economia), vai de
vento em popa. No início dos anos 70, os países membros da Co
munidade Econômica Européia eram os principais importadores de
carnes e de açúcar dentro do mercado mundial. Agora a comunida
de se transformou no principal exportador de açúcar e já se
constitui no segundo mais destacado exportador de carne do oci
dente. A receita é simples: um variado arsenal de medidas pr~
tecionistas que permite aos agricultores de.estufa trabalhar com