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Prevalência e fatores associados à obesidade abdominal em indivíduos na faixa etária de 25 a 59 anos do Estado de Pernambuco, Brasil.

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Prevalência e fatores associados à obesidade

abdominal em indivíduos na faixa etária de

25 a 59 anos do Estado de Pernambuco, Brasil

Prevalence of abdominal obesity and associated

factors among individuals 25 to 59 years of age

in Pernambuco State, Brazil

Prevalencia y factores asociados a la obesidad

abdominal en individuos en una franja de edad

de 25 a 59 años del estado de Pernambuco, Brasil

1 Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Brasil. 2 Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira, Recife, Brasil.

Correspondência C. P. S. Pinho

Universidade Federal de Pernambuco.

Rua Bianor de Oliveira 262, Recife, PE

52040-350, Brasil. claudiasabinopinho@ hotmail.com

Claudia Porto Sabino Pinho 1 Alcides da Silva Diniz 1 Ilma Kruze Grande de Arruda 1 Malaquias Batista Filho 2 Poliana Cabral Coelho 1

Leopoldina Augusta de Souza Sequeira 1 Pedro Israel Cabral de Lira 1

Abstract

In order to estimate the prevalence of abdominal obesity and associated factors in Pernambuco State, Brazil, a cross-sectional population-based study was conducted in 2006, including 1,580 adults 25 to 59 years of age. Abdominal obesity was defined as waist circumference (WC) 80cm in women and 94cm in men. The conceptual model included demographic, socioeconomic, re-productive, and behavioral variables. Prevalence of abdominal obesity was 27.1% (95%CI: 23.8-30.7) in males and 69.9% (95%CI: 66.8-72.8) in females (p < 0.001). Multivariate analysis showed higher prevalence in men 50 years or older in the metropolitan area and those with higher income, former smokers, and drinkers. Among women, obesity was more prevalent above 30 years of age, in former smokers, and in women with first preg-nancy before age 18. Central adiposity is clearly a multifactor condition in the State of Pernam-buco, and the determinants of obesity differ be-tween the sexes.

Abdominal Obesity; Waist Circumference; Epidemiologic Factors; Adult

Resumo

Com o objetivo de estimar a prevalência de obe-sidade abdominal e avaliar os fatores associados em adultos do Estado de Pernambuco, Brasil, foi realizado, em 2006, um estudo transversal, de base populacional, envolvendo 1.580 indiví-duos na faixa etária de 25-59 anos. A obesidade abdominal foi determinada pela circunferência da cintura 80cm para mulheres e 94cm para homens. O modelo conceitual considerou variá-veis socioeconômicas, demográficas, reproduti-vas e comportamentais. A prevalência de obesi-dade abdominal foi de 27,1% (IC95%: 23,8-30,7) no sexo masculino e 69,9% (IC95%: 66,8-72,8) no feminino (p < 0,001). A análise ajustada revelou maior prevalência em homens a partir de 50 anos, da região metropolitana, de maior renda, ex-fumantes e consumidores de bebidas alcoóli-cas. Entre as mulheres, foi mais prevalente a par-tir de 30 anos, em ex-fumantes e naquelas com a primeira gestação antes de 18 anos. Fica evidente a gravidade e a multifatorialidade do problema da adiposidade central no Estado de Pernambu-co, além de ser possível destacar que os determi-nantes da obesidade são diferentes entre os sexos.

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Introdução

A obesidade é uma doença crônica não trans-missível caracterizada pelo excesso de gordura corporal e resultante do desequilíbrio prolonga-do entre o consumo alimentar e o gasto energéti-co 1,2. Atualmente é um grave problema de saúde pública, atingindo proporções epidêmicas tanto em países desenvolvidos como em nações e regi-ões em desenvolvimento 2, com grande impac-to sobre o padrão de morbidade de populações adultas 3.

A obesidade abdominal ou andróide, isto é, o aumento de tecido adiposo na região abdominal, é considerada um fator de risco independente para diversas morbidades, representando risco diferenciado quando comparada com outras for-mas de distribuição de gordura corporal 4.

Embora já existam métodos mais sofistica-dos de avaliação da gordura abdominal, deve-se considerar que do ponto de vista epidemiológi-co a circunferência da cintura é a medida fácil e de baixo custo para uso em estudos populacio-nais 4,5. Além disso, comparada com outros in-dicadores antropométricos é a melhor preditora da gordura visceral localizada na região abdomi-nal, que se mostra fortemente correlacionada à maioria dos fatores de risco metabólico 6.

No Brasil, estudos de base populacional têm mostrado que fatores sociodemográficos e com-portamentais estão associados ao aumento do peso corporal. Entretanto, ainda são escassos os estudos acerca do papel desses determinantes na distribuição da gordura corporal. Além disso, poucos estados brasileiros dispõem de informa-ções oriundas de amostras representativas en-focando o problema da obesidade abdominal, sobretudo que considere a população das dife-rentes mesorregiões (urbana e rural). Estudo que avaliou a evolução da obesidade geral e abdomi-nal em uma cidade do sul do país entre os anos 2000 e 2010, observou uma estabilidade da pre-valência de obesidade abdominal em ambos os sexos no período analisado 7.

Nesse contexto, este trabalho objetiva estimar a prevalência da obesidade abdominal e os fa-tores associados na população adulta do Estado de Pernambuco, Brasil, como uma contribuição para caracterizar sua importância e compreen-der as relações causais que devem ser destacadas como bases estratégicas para o enfrentamento do problema, além de possibilitar que as infor-mações sejam monitoradas e que tendências do comportamento da obesidade abdominal sejam traçadas.

Materiais e métodos

Foi realizado um estudo de corte transversal, de base populacional, no período de maio a outubro de 2006, envolvendo adultos de ambos os sexos, na faixa etária de 25-59 anos, provenientes de áreas urbana e rural do Estado de Pernambuco. Foram excluídos os indivíduos que apresenta-ram alguma limitação física que impossibilitas-se a aferição das medidas antropométricas, as gestantes e mulheres que tiveram filhos nos seis meses anteriores à coleta.

Para definição do tamanho amostral foi con-siderada a prevalência de obesidade abdominal encontrada em estudo realizado com adultos de ambos os sexos em uma cidade do Nordeste brasileiro 3, estimada em 35,7% das mulheres e 12,9% dos homens. O cálculo da amostra foi rea-lizado no software Epi Info, versão 6.04 (Centers for Disease Control and Prevention, Atlanta, Es-tados Unidos), sendo considerada a prevalência de 12,9% de obesidade abdominal encontrada nos homens nordestinos, um erro de estimação de 3%, um nível de 95% de confiança, e um efei-to do desenho da ordem de 3,0, perfazendo um total mínimo de 1.439 indivíduos a serem estu-dados. Para compensar eventuais perdas e para permitir um melhor nível de estratificação das variáveis independentes, esse tamanho amos-tral foi aumentado em 25%, resultando em uma amostra final de 1.800 pessoas.

O processo de seleção da amostra (proba-bilística e estratificada) desenvolveu-se em três estágios: (1) sorteio dos municípios; (2) sorteio dos setores censitários (unidades territoriais de amostragem demarcadas pelo IBGE); (3) sorteio aleatório dos domicílios dentro de cada setor censitário para selecionar as famílias, seguindo-se a incorporação de outras famílias no seguindo-sentido anti-horário até completar a quota amostral pre-vista para cada setor (40 ± 5 famílias).

Com base no sorteio aleatório foram selecio-nados 18 municípios e considerados três estra-tos geográficos: Região Metropolitana do Recife, interior urbano e interior rural. Para definição da quantidade de setores censitários a serem es-tudados, foi considerado o número com repre-sentações proporcionais à população dos muni-cípios selecionados, figurando 16 setores censi-tários da Região Metropolitana do Recife, 17 do interior urbano e 12 do interior rural.

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avaliador e repetida quando o erro de aferição entre as duas medidas foi maior que 1cm. O valor resultante das aferições foi a média entre os dois valores mais próximos. A obesidade abdominal foi determinada quando CC ≥ 80cm para mulhe-res e ≥ 94cm para homens 8.

Para padronização da coleta de dados, os an-tropometristas foram treinados com conteúdo teórico e prático relativo à técnica de mensura-ção antropométrica da CC. Nessa ocasião, foram aferidos os erros técnicos de medição intra e in-teravaliador, respectivamente. Para determinar os erros técnicos de medição intra-avaliador, 20 funcionários do Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Pernambuco foram ava-liados em dois dias distintos pelo mesmo antro-pometrista. Para a aferição dos erros técnicos de medição interavaliadores, esses funcionários fo-ram avaliados um de cada vez, durante o mesmo período, pelos antropometristas e por um avalia-dor padrão, professor da disciplina de avaliação do estado nutricional, com ampla experiência em aferição de medidas antropométricas. De forma geral, o resultado de erros técnicos de me-dição absoluto intra-avaliador e interavaliador para a CC foi menor que 1cm, mostrando que os antropometristas selecionados para o trabalho de campo apresentavam condições técnicas para assumir este estudo de base populacional.

O modelo conceitual construído para explicar a obesidade abdominal considerou as seguintes variáveis: demográficas:sexo, idade (categoriza-da nos intervalos de 25-29 anos, 30-39, 40-49, e 50-59 anos); área geográfica da residência (Re-gião Metropolitana do Recife, interior urbano, in-terior rural); socioeconômicas:escolaridade, em anos completos de estudos (categorizada nos in-tervalos: 0-4 anos, 5-8 e ≥ 9 anos) e renda familiar em salário mínimo per capita (estabelecida em quartis de renda e levando-se em conta o salário mínimo vigente na época: R$350,00); reproduti-vas:paridade (categorizada em < 3 gestações e ≥

3 gestações), idade da menarca (categorizada nos intervalos: ≤ 11 anos, 12-13 e ≥ 14 anos), idade da primeira gestação (< 18 anos e ≥ 18 anos) e uso de contraceptivo oral (com a resposta dicotômi-ca sim ou não); e comportamentais:tabagismo, consumo de álcool, atividade física e consumo alimentar.

Quanto ao tabagismo foram consideradas as categorias: fumante (o indivíduo que referiu o hábito de fumar), não fumante (o indivíduo que relatou nunca haver fumado) e ex-fumante (o indivíduo que referiu o hábito de fumar em al-gum momento da vida, mas que não o praticava na ocasião da aplicação do questionário). Para a variável consumo de álcool, avaliou-se o consu-mo de bebidas alcoólicas nos 30 dias anteriores à

aplicação do questionário, sendo considerada a resposta dicotômica sim ou não.

Para determinação do nível de atividade fí-sica da população foi utilizado o International Physical Activity Questionnaire (IPAQ – http:// www.ipaq.ki.se/ipaq.htm, acessado em 10/Set/ 2010), 2001, em sua versão curta, que leva em consideração as quatro dimensões da atividade física: no lazer, atividades domésticas, atividades ocupacionais e atividades relacionadas ao des-locamento. Esse instrumento mede a frequência e duração das atividades físicas moderadas, vi-gorosas e caminhadas realizadas na última se-mana por pelo menos dez minutos contínuos, incluindo exercícios, esportes, atividades físicas ocupacionais e recreacionais realizadas em casa, no tempo livre, como meio de transporte e no lazer.

Foi construído um escore de atividade física em minutos por semana, somando-se os minu-tos despendidos em caminhada e atividades de intensidade moderada com os minutos gastos em atividades de intensidade vigorosa multipli-cados por dois. Essa estratégia visa a considerar as diferentes intensidades de cada atividade e es-tá de acordo com as recomendações atuais quan-to à prática de atividade física. Um escore abaixo de 150 minutos por semana foi o ponto de corte utilizado para classificar os indivíduos como in-suficientemente ativos ou sedentários 10.

As informações referentes ao consumo ali-mentar foram coletadas utilizando-se um ques-tionário de frequência alimentar, e a avaliação do consumo foi realizada com base na metodologia proposta por Fornés et al. 10, na qual o cômputo geral da frequência de consumo é convertido em escores. Foram constituídos três grupos de ali-mentos: o grupo 1foi composto por alimentos-fonte de fibras, como leguminosas, frutas, legu-mes e hortaliças, considerados protetores para as doenças cardiovasculares e para o ganho exces-sivo de peso; o grupo 2reuniu alimentos-fonte de carboidratos simples (bolo, biscoito, açúcar e refrigerantes); e no grupo 3foram inseridos os alimentos-fonte de gorduras saturadas (carnes com gordura, frango com pele, vísceras, embuti-dos, laticínios, gorduras e frituras). Os grupos 2 e 3 foram compostos por alimentos considerados de risco para o desenvolvimento de doenças car-diovasculares e para o ganho de peso excessivo. Os escores de consumo de cada grupo foram ca-tegorizados em quartis.

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(não incluídos na amostra final). Os dados co-letados eram revisados e codificados, visando a detectar falhas no preenchimento, identificar formulários não preenchidos por ausência de algum membro da família ou por outro motivo que exigisse retorno imediato ao domicílio. Ao final do dia, os questionários eram revisados pe-lo supervisor (segunda revisão) para detecção de falhas de preenchimento, ausência de dados an-tropométricos e, em seguida, eram repassados ao coordenador do trabalho de campo que rea-lizava uma terceira revisão, para complementar os dados, caso necessário.

O protocolo do estudo foi conduzido res-peitando-se os padrões éticos, sendo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Hu-manos do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (IMIP), sob o no 709/2006. As pessoas que concordaram em participar da pesquisa assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.

A base de dados foi compilada no Programa Epi Info versão 6.04, com dupla entrada e poste-rior uso do módulo validate para checar eventu-ais erros de digitação. Para as análises estatísti-cas, foi empregado o SPSS versão 12.0(SPSS Inc., Chicago, Estados Unidos).

A análise estatística foi feita em três etapas. Inicialmente, realizou-se uma análise descritiva para caracterizar a distribuição da ocorrência dos eventos, incluindo a frequência de cada va-riável do estudo. Na segunda etapa, procedeu-se uma análise univariada entre a variável depen-dente (obesidade abdominal) e as variáveis inde-pendentes para determinação da razão de pre-valência (RP) e seu respectivo intervalo de 95% de confiança (IC95%). Numa terceira etapa, foi realizada a análise multivariada utilizando-se o

software Stata/SE 9.0 (Stata Corp., College Sta-tion, Estados Unidos), pelo método de regressão de Poisson em que foram incluídas no modelo

múltiplo todas as variáveis que se mostraram associadas ao evento de interesse com signifi-cância estatística de até 20%. Para aceitação das associações investigadas no modelo final, após os ajustes foi adotado o valor de p < 0,05.

Resultados

Avaliou-se 1.800 indivíduos, dos quais 2,2% foram excluídos (gestantes, puérperas e incapacidade física) e 10% foram perdas (ausência de respos-ta e inconsistência de informações), torespos-talizando 1.580 adultos efetivamente estudados. A media-na da idade foi 33 anos (intervalo interquartil: 29-42), predominando o sexo feminino (58%) e a baixa escolaridade (54,3% com menos de 5 anos completos de estudos). A mediana da renda fa-miliar per capita (em salários mínimos – SM) foi de 0,25 (intervalo interquartil = 0,12-0,45). Em relação às características comportamentais foi observada uma prevalência de 22,3% de fuman-tes, 15,1% de ex-fumantes e 28,5% de indivíduos insuficientemente ativos.

A prevalência de obesidade abdominal nos adultos do Estado de Pernambuco foi de 51,9% (IC95%:49,4-54,4), sendo maior no sexo femini-no (p < 0,001) (Tabela 1).

A análise univariada para o sexo masculino evidenciou maior prevalência de obesidade ab-dominal a partir da quarta década de vida, em ex-fumantes, naqueles insuficientemente ativos, provenientes da Região Metropolitana do Recife e na maior faixa de escolaridade e renda (Tabela 2). Em relação ao sexo feminino, na análise bruta, foi verificada maior prevalência da obe-sidade abdominal a partir da terceira década de vida, na menor faixa de escolaridade e não foi observada associação com a renda. Verificou-se ainda maior prevalência da obesidade abdo-minal em mulheres ex-fumantes, naquelas com

Tabela 1

Prevalência de obesidade abdominal em adultos na faixa etária de 25-59 anos. Pernambuco, Brasil, 2006.

Indicador antropométrico Total Homens Mulheres

n % IC95% n % IC95% n % IC95%

Circunferência da cintura (cm) 1.580 664 916

Normal 760 48,1 46,2-51,2 484 72,9 69,3-76,2 276 30,1 27,2-33,2

Elevada * 820 51,9 49,4-54,4 180 27,1 23,8-30,7 640 69,9 66,8-72,8

(5)

Tabela 2

Razão de prevalência (RP) da obesidade abdominal * em homens na faixa etária de 25-59 anos, de acordo com as características demográfi cas, socioeconômi-cas e comportamentais. Pernambuco, Brasil, 2006.

Variáveis Normal Elevada * RP IC95% Valor de p

n % n %

Idade (anos) 0,072 **

25-29 132 76,3 41 23,7 1,00

-30-39 210 72,9 78 27,1 1,14 0,99-1,27

40-49 90 74,4 31 25,6 1,08 1,11-1,47

50-59 52 63,4 30 36,6 1,54 1,23-1,65

Área de residência < 0,001 **

Região Metropolitana do Recife 103 63,2 60 36,8 1,00

-Interior urbano 89 58,6 63 41,4 1,13 0,85-1,48

Interior rural 292 83,7 57 16,3 0,44 0,33-0,61

Escolaridade (anos de estudo)

0-4 302 80,5 73 19,5 0,48 0,82-1,59 < 0,001‡

5-8 84 66,7 42 33,3 0,83 0,72-1,62

≥ 9 89 59,7 60 40,3 1,00

-Renda familiar per capita (salários mínimos)

≤ 0,12 155 87,1 23 12,9 1,00 - < 0,001 **

0,12-0,25 127 74,3 44 25,7 1,99 1,26-3,15

0,25-0,45 110 74,8 37 25,2 1,95 1,21-3,12

≥ 0,45 86 53,4 75 46,6 3,61 2,38-5,46

Tabagismo 0,013 **

Fumante 145 78,8 39 21,2 1,00

-Não fumante 252 72,2 97 27,8 1,31 0,95-1,82

Ex-fumante 87 66,4 44 33,6 1,58 1,10-2,29

Consumo de álcool nos últimos 30 dias 0,092 ***

Não 209 70,8 86 29,2 1,00

-Sim 236 76,9 71 23,1 0,79 0,61-1,04

Atividade física # 0,012 ***

Suficientemente ativo 379 75,3 124 24,7 1,00

-Insuficientemente ativo 105 65,2 56 34,8 1,41 1,09-1,83

Consumo alimentar (escore) # 0,330 **

Grupo 1 (quartis)

≤ 1,67 123 76,9 37 23,1 0,80 0,55-1,15

1,67-2,33 112 70,4 47 29,6 1,02 0,73-1,42

2,33-3,17 125 73,1 46 26,9 0,93 0,66-1,30

≥ 3,17 122 70,9 50 29,1 1,00

-Grupo 2 (quartis) 0,840 **

≤ 3,03 121 71,6 48 28,4 1,00

-3,03-4,20 119 73,5 43 26,5 0,93 0,65-1,32

4,20-5,33 115 73,7 41 26,3 0,93 0,69-1,36

≥ 5,33 127 72,6 48 27,4 0,97 0,66-1,33

Grupo 3 (quartis) 0,009 **

≤ 2,47 134 77,9 38 22,1 1,00

-2,47-3,50 126 76,8 38 23,2 1,05 0,71-1,56

3,50-4,53 109 68,6 50 31,4 1,42 0,99-2,05

≥ 4,53 109 67,3 53 32,7 1,48 1,04-2,12

IC95%: intervalo de 95% de confi ança. * ≥ 94cm;

**Teste qui-quadrado de tendência linear; ***Teste qui-quadrado de Pearson;

# Sufi cientemente ativos: caminhada ou atividades moderadas ou vigorosas por tempo 150 minutos/semana. Insufi cientemente ativos: sedentários e

(6)

a primeira gestação antes dos 18 anos, e entre aquelas com menor consumo de alimentos do Grupo 2 (alimentos-fonte de carboidratos sim-ples) (Tabela 3).

Na análise multivariada para o sexo mascu-lino mantiveram associação com a obesidade abdominal as variáveis: idade, estrato geográfico da residência, renda, tabagismo e consumo de álcool. Para o sexo feminino, a análise ajustada evidenciou associação com a idade, o tabagismo e a idade da primeira gestação (Tabela 4).

Discussão

A obesidade, sobretudo a abdominal, predispõe a pessoa a uma série de fatores de risco cardio-vasculares por associar-se com grande frequên-cia a condições como dislipidemias, hipertensão arterial, resistência à insulina e diabetes mellitus

que favorecem a ocorrência de eventos cardio-vasculares, particularmente os coronarianos 6.

A alta prevalência de indivíduos com obe-sidade abdominal revelada nesta investigação reflete a magnitude do problema, que tem atin-gido contornos epidêmicos tanto em países em desenvolvimento como entre os desenvolvidos. No Nordeste, estudos representativos da popu-lação adulta de Salvador (Bahia) 3 e do Estado de Maranhão 11 registraram prevalências inferiores (28,1% e 46,3%, respectivamente), demonstran-do que o problema pode ter magnitude poten-cialmente mais elevada em algumas populações, e que tem gravidade importante no Estado de Pernambuco. Comparando-se ao problema do excesso de peso, estudo recente 12 destacou, en-tre os pernambucanos, prevalência semelhante (51,1%) à descrita neste estudo (51,9%).

A obesidade abdominal, claramente, tem maior predominância em mulheres em todo o

Tabela 3

Razão de prevalência (RP) da obesidade abdominal * em mulheres na faixa etária de 25-59 anos, de acordo com as características demográfi cas, socioeconômicas, reprodutivas e comportamentais. Pernambuco, Brasil, 2006.

Variáveis Normal Elevada * RP IC95% Valor de p

n % n %

Idade (anos) < 0,001 **

25-29 133 42,6 179 57,4 1,00

-30-39 102 29,6 243 70,4 1,23 1,09-1,38

40-49 32 18,9 137 81,1 1,41 1,25-1,59

50-59 9 10,0 81 90,0 1,57 1,39-1,76

Área de residência 0,578**

Região Metropolitana do Recife 79 30,5 180 69,5 1,00

-Interior urbano 76 32,1 161 67,6 0,98 0,87-1,10

Interior rural 121 28,8 299 71,2 1,02 0,93-1,11

Escolaridade (anos de estudo) 0,001 **

0-4 127 26,8 347 73,2 1,23 1,08-1,39

5-8 61 27,4 162 72,6 1,22 1,06-1,39

≥ 9 87 40,3 129 59,7 1,00

-Renda familiar per capita (salários mínimos) 0,164 **

≤ 0,12 70 32,6 145 67,4 1,00

-0,12-0,25 74 30,7 167 69,3 1,03 0,91-1,16

0,25-0,45 69 31,4 151 68,6 1,02 0,89-1,16

≥ 0,45 59 26,0 168 74,0 1,10 0,97-1,24

Tabagismo 0,006 **

Fumante 55 32,5 114 67,5 1,00

-Não fumante 205 32,1 433 67,9 1,01 0,89-1,13

Ex-fumante 16 14,8 92 85,2 1,26 1,11-1,44

Consumo de álcool nos últimos 30 dias 0,642 ***

Não 52 31,7 112 68,3 1,00

-Sim 212 29,9 498 70,1 1,03 0,92-1,15

(7)

Tabela 3 (continuação)

Variáveis Normal Elevada * RP IC95% Valor de p

n % n %

Atividade física *** 0,840 ***

Suficientemente ativo 171 30,4 392 69,6 1,00

-Insuficientemente ativo 105 29,7 248 70,3 1,01 0,92-1,10

Consumo alimentar (escore) #

Grupo 1 (quartis) 0,887 **

≤ 1,67 73 31,1 162 69,9 1,00 0,88-1,13

1,67-2,33 59 28 152 72 1,04 0,92-1,18

2,33-3,17 76 30,6 172 69,4 1,00 0,89-1,13

≥ 3,17 68 30,9 152 69,1 1,00

-Grupo 2 (quartis) 0,042 **

≤ 3,03 51 23,6 165 76,4 1,00

-3,03-4,20 74 29,5 177 70,5 0,92 0,83-1,03

4,20-5,33 79 35,0 147 65,0 0,85 0,75-0,96

≥ 5,33 72 32,4 150 67,6 0,88 0,79-0,99

Grupo 3 (quartis) 0,040 **

≤ 2,47 59 25,8 170 74,2 1,00 0,87-1,08

2,47-3,50 64 28,1 164 71,9 0,97 0,80-1,01

3,50-4,53 74 33,2 149 66,8 0,90 0,80-1,01

≥ 4,53 78 33,3 156 66,7 0,90

-Paridade 0,219 ***

< 3 gestações 156 37,6 259 62,4 1,00

-≥ 3 gestações 165 33,7 325 66,3 1,06 0,96-1,17

Idade da menarca (anos) 0,368 **

≤ 11 43 36,1 76 63,9 1,00

-12-13 140 37,7 231 62,3 0,97 0,83-1,14

≥ 14 122 40,4 180 59,6 0,93 0,79-1,10

Idade da 1a gestação (anos) 0,007 ***

< 18 64 30,6 145 69,4 1,00

-≥ 18 241 41,1 345 58,9 0,85 0,76-0,95

Uso de contraceptivo oral 0,365 ***

Não 223 37,6 370 62,4 1,00

-Sim 88 41,1 126 58,9 0,94 0,83-1,17

IC95%: intervalo de 95% de confi ança. * ≥ 80cm;

** Teste qui-quadrado de tendência linear; *** Teste qui-quadrado de Pearson;

# Sufi cientemente ativos: caminhada ou atividades moderadas ou vigorosas por tempo 150 minutos/semana. Insufi cientemente ativos: sedentários e

indivíduos com atividades moderada, vigorosa ou caminhada < 150 minutos/semana; Grupo 1: frutas, legumes, hortaliças e leguminosas. Grupo 2: bolo, biscoito, açúcar e refrigerante. Grupo 3: carnes com gordura, frango com pele, vísceras, embutidos, leite e derivados, gorduras e frituras.

mundo. Essa heterogeneidade na distribuição da obesidade abdominal entre os sexos é con-sistente com os resultados descritos por outros autores 11,13, e a maior prevalência em mulheres poderia ser atribuída à maior concentração de gordura corporal comumente relatada no sexo feminino, gestações, diferenças hormonais e ao climatério 14. Além disso, com o processo de envelhecimento e redistribuição progressiva da

gordura, as mulheres passam a acumular mais gordura subcutânea, embora tendam a perdê-la mais tardiamente com a progressão da idade quando comparadas aos homens 15.

(8)

Adicio-Tabela 4

Modelo fi nal (regressão de Poisson) dos fatores associados à obesidade abdominal * em mulheres e homens na faixa etária de 25-59 anos. Pernambuco, Brasil, 2006.

Variáveis RP IC95% Valor de p

Homens

Idade (anos) 0,045

25|-30 1,00

-30|-40 1,24 0,88-1,74

40|-50 1,08 0,71-1,66

50|-59 1,75 1,16-2,66

Área de residência

Região Metropolitana do Recife 1,00 - < 0,001

Interior urbano 1,32 0,96-1,80

Interior rural 0,64 0,43-0,94

Renda familiar per capita (quartis) 0,008

≤ 0,12 1,00

-0,12-0,25 1,50 0,92-2,46

0,25-0,45 1,53 0,93-2,54

≥ 0,45 2,47 1,52-4,01

Tabagismo 0,038

Fumante 1,00

-Não fumante 1,35 0,97-1,90

Ex-fumante 1,67 1,12-2,48

Consumo de álcool nos últimos 30 dias

Não 1,00 - 0,043

Sim 1,32 1,01-1,73

Mulheres

Idade (anos) < 0,001

25|-30 1,00

-30|-40 1,22 1,08-1,37

40|-50 1,42 1,26-1,62

50|-59 ** -

-Idade da 1a gestação (anos) 0,008

< 18 1,00

-≥ 18 0,87 0,79-0,96

Tabagismo 0,028

Fumante 1,00

-Não fumante 1,06 0,93-1,22

Ex-fumante 1,21 1,04-1,41

IC95%: intervalo de 95% de confi ança; RP: razão de prevalência.

* Circunferência de cintura ≥ 80cm para mulheres e circunferência de cintura ≥ 94cm para homens; ** Esta categoria de idade não entrou no modelo por problema de colinearidade com a variável depende.

nalmente, sabe-se que há uma redistribuição de gordura corporal com o avançar da idade, levan-do a um maior acúmulo de gordura visceral e in-tra-abdominal, enquanto a gordura subcutânea tende a diminuir nos membros 15. Essa tendência linear de aumento da prevalência da obesidade abdominal com o avanço das faixas de idade em ambos os sexos também foi descrita por outros

autores 4,14, e é um fenômeno observado tanto quando a obesidade é aferida por meio do IMC como quando mensurada por indicadores de obesidade central em adultos 4.

(9)

socioeconô-micas 18. Há uma tendência de que homens de maior renda e escolaridade apresentem maiores prevalências de obesidade, enquanto que as mu-lheres de maior nível socioeconômico apresen-tariam menores prevalências 11,12. Neste estudo, essas diferenças foram detectadas: aumento da prevalência da obesidade abdominal pari passu

com a progressão da renda e escolaridade entre os homens; e no sexo feminino menores preva-lências do problema foram reveladas nas mulhe-res com mais anos de estudos. Portanto, o maior nível educacional, que possibilita maior conhe-cimento e acesso a um estilo de vida saudável, proporcionaria apenas ao sexo feminino estabi-lidade do problema do acúmulo de gordura na região abdominal. É possível que no Estado de Pernambuco essa tendência comece a se mani-festar como resultado das rápidas mudanças que caracterizam o processo de transição nutricional no Brasil e no Nordeste.

A menor prevalência da obesidade abdo-minal encontrada nos homens da região rural do Estado de Pernambuco possivelmente está relacionada a fatores alimentares e ao nível de atividade física. Considerando tratar-se de área rural, pressupõe-se um maior gasto energético, representado pelo tipo de trabalho desenvolvido e pelos deslocamentos percorridos, além de um menor acesso a alimentos industrializados, que comumente têm elevada densidade calórica. Es-sa combinação beneficiaria o homem rural no processo de acúmulo de gordura abdominal 12.

São crescentes os estudos que avaliam o im-pacto das variáveis reprodutivas na determina-ção da obesidade abdominal. A paridade tem sido constantemente identificada como fator de risco 3,14,19, embora não tenha sido identificada associação neste estudo. Por outro lado, fatores obstétricos como a idade de menarca e a idade ao primeiro parto não têm sido consistentemente investigados. A associação com a idade prema-tura ao primeiro parto revelada neste trabalho, poderia ser atribuída à ativação precoce dos hor-mônios relacionados ao ciclo reprodutivo, propi-ciando assim um aumento da concentração de gordura corporal 20. Oliveira et al. 19, ao analisa-rem os fatores associados à obesidade abdominal em mulheres usuárias de um Centro de Saúde de Belo Horizonte, Minas Gerais, não verificaram associação.

A maior prevalência da obesidade abdominal em ex-fumantes é um resultado que corrobora com os dados de outros estudos 3,14 que demons-tram que os fumantes que abandonaram o hábito de fumar são os que apresentam as maiores pre-valências do problema. Evidências demonstram que a cessação do tabagismo resulta em aumen-to de peso corporal tanaumen-to em homens como em

mulheres, e mais de 75% dos fumantes ganham peso ao tornarem-se abstinentes 22. É possível que o problema do aumento da gordura corporal após a cessação do tabagismo tenha repercus-sões além dos aspectos individuais. O eventual impacto em saúde pública começa a ser avaliado como causa que contribui para a epidemia de obesidade em alguns países. Nos Estados Unidos, calcula-se que a fração de obesidade atribuível à cessação do tabagismo esteja na ordem de 6 e 3% para homens e mulheres, respectivamente 22.

Apesar de o detalhamento dos mecanismos anteriormente descritos não estar totalmente claro, a maioria dos estudos mostra que a cessa-ção do tabagismo parece resultar em ganho pon-deral principalmente pelo aumento da ingestão calórica, embora possa ocorrer ganho ponderal sem aumento de calorias ingeridas 23. Nessa si-tuação de cessação do tabagismo, ocorre uma diminuição da taxa metabólica basal, podendo variar entre 4% e 16%, o que representaria menos de 40% do ganho ponderal 23. Na fase de cessa-ção, há o consumo preferencial de alimentos es-pecialmente ricos em gorduras e açúcares 24.

É importante destacar a redução do número de fumantes no Brasil. Este trabalho identificou uma prevalência de tabagismo de 22,3%, e dados dos anos de 1989 e 2003 apontam uma redução nesta prevalência em adultos ≥ 18 anos de 34,8% para 22,4%, o que representa uma queda anu-al relativa de 2,5%. Essa importante redução foi resultado de ações de prevenção e controle do tabagismo, que incluíram medidas educativas, preventivas e regulatórias, como a aprovação, no Congresso Nacional, da Lei no 9294/96, que

proí-be o uso de cigarros em recintos de uso coletivo e, a partir de 2000, proibiu a publicidade, a promo-ção e o patrocínio de produtos do tabaco, restrin-gindo-os aos pontos de venda 25. Portanto, com o aumento do número de ex-fumantes maior aten-ção deve ser dada para esta populaaten-ção, que cons-titui um grupo de risco para o ganho excessivo de peso e acúmulo de gordura abdominal.

O consumo do álcool associou-se à obesidade abdominal apenas para o sexo masculino. Diver-sos estudos têm avaliado o papel do consumo de bebidas alcoólicas na alteração dos indicadores de obesidade global e abdominal 3,11. Entretanto, ainda não está claro o papel do álcool no meca-nismo de determinação da adiposidade, sobretu-do pela grande variação metosobretu-dológica encontra-da na literatura relativa à análise encontra-da frequência e quantidade do etanol consumido.

(10)

e o gasto energético “não-basal”, que é represen-tado principalmente pela atividade física 19,26. Além disso, é descrito que a gordura corporal é mais favoravelmente distribuída nos indivíduos fisicamente ativos 26.

O delineamento transversal deste trabalho constitui uma limitação na análise das relações de causa e efeito entre as variáveis de exposi-ção (notadamente as variáveis comportamen-tais como o nível de atividade física e os hábitos alimentares) e o desfecho (obesidade abdomi-nal), podendo ocasionar possíveis causalidades reversas entre as associações. É provável que a maior prevalência de obesidade abdominal ob-servada entre as mulheres com menor consumo de alimentos-fonte de carboidratos simples seja interpretada sob esse víeis. Nesse caso, uma vez que diagnosticada a obesidade abdominal, a pes-soa teria iniciado mudanças no padrão alimentar para o controle e redução da gordura corporal.

Outra provável limitação deste estudo refere-se ao fato de nossa casuística ter incluído indi-víduos adultos apenas a partir dos 25 anos. Tal situação poderia comprometer a representativi-dade da população adulta em seu conjunto. No entanto, constitui um fato conjuntural justifica-do pela circunstância de que os dajustifica-dos primários deste estudo foram provenientes de pesquisa desenhada para avaliação de doenças crônicas, optando-se, em virtude da limitação de recur-sos, pela não inclusão dos indivíduos mais jovens (20-24 anos).

Um aspecto importante a ser discutido refe-re-se ao ponto de corte adotado para determinar a obesidade abdominal (≥ 80cm para mulheres e ≥ 94cm para homens 8), também utilizado por outros autores 3,11. Optou-se por um ponto de corte de maior sensibilidade, tendo em vista que a obesidade abdominal mesmo em estágios de menor gravidade já reflete um risco aumentado para as doenças cardiovasculares. Além disso, estudo que avaliou a associação entre a CC e a hipertensão arterial sistêmica mostrou que esse ponto de corte apresentou melhor capacidade preditiva do risco de hipertensão arterial

sistêmi-ca (HAS) 1, ao passo que o nível 2 de determina-ção da obesidade abdominal (≥ 88cm para mu-lheres e ≥ 102cm para homens 8) apresentou bai-xa sensibilidade para detectar a HAS em ambos os sexos. Portanto, considerando que pequenos aumentos na adiposidade abdominal elevam o risco de doenças cardiovasculares, a utilização de pontos de corte mais sensíveis é importante para a prevenção e controle do problema em termos de saúde pública, evitando que a identificação e adoção de ações ocorram apenas em situação de maior gravidade. Logicamente, a utilização des-se ponto de corte mais des-sensível tem repercussão sobre a prevalência do desfecho estudado. Se o nível 2 de CC fosse considerado como ponto de corte neste trabalho, a prevalência de obesidade abdominal seria reduzida para 32,5% (11,7% para homens e 47,5% para mulheres).

Direcionado à descrição e análise da obesi-dade abdominal, o estudo delineia, no Nordes-te, uma importante caracterização do problema da adiposidade central e seus fatores de riscos, em nível populacional. Oferece, assim, subsídios para aprofundar novas contribuições à pesqui-sa e, sobretudo, suporte empírico e conceitual para medidas na esfera da saúde pública e do comportamento individual e coletivo. Algumas conclusões estão bem caracterizadas: o risco au-mentado da obesidade abdominal em indivíduos de maior idade e em ex-fumantes, em homens de maior nível socioeconômico, da região metropo-litana, que consomem bebidas alcoólicas e se-dentários, em mulheres de menor escolaridade e com a primeira gestação antes dos 18 anos. Seria esse, portanto, o perfil básico do público-alvo de ações individuais, coletivas e públicas relaciona-das com a prevenção e controle da obesidade ab-dominal em adultos no Estado de Pernambuco.

(11)

Resumen

Con el objetivo de estimar la prevalencia de obesidad abdominal y evaluar los factores asociados en adultos del estado de Pernambuco, Brasil, se realizó, en 2006, un estudio transversal, de base poblacional, involu-crando a 1.580 individuos en una franja de edad de 25-59 años. La obesidad abdominal fue determinada

por la circunferencia de la cintura 80cm para

mu-jeres y 94cm para hombres. El modelo conceptual

consideró variables socioeconómicas, demográficas, reproductivas y de comportamiento. La prevalen-cia de obesidad abdominal fue de un 27,1% (IC95%: 23,8-30,7) en el sexo masculino y un 69,9% (IC95%: 66,8-72,8) en el femenino (p < 0,001). El análisis ajus-tado reveló mayor prevalencia en hombres a partir de 50 años, de la región metropolitana, de mayor renta, ex-fumadores y consumidores de bebidas alcohólicas. Entre las mujeres, fue más prevalente a partir de 30 años, en ex-fumadoras y en aquellas con la primera gestación antes de los 18 años. Es evidente la gravedad y la multifactorialidad del problema de la adiposidad central en el estado de Pernambuco, además de ser destacable que los determinantes de la obesidad son diferentes entre los sexos.

Obesidad Abdominal; Circunferencia de la Cintura; Factores Epidemiológicos; Adulto

Colaboradores

C. P. S. Pinho contribuiu na concepção do estudo, análise e interpretação dos dados, redação do artigo. A. S. Diniz colaborou na análise, interpretação dos dados e revisão crítica do conteúdo intelectual do artigo. I. K. G. Arruda participou da análise, interpretação dos dados e redação do artigo. M. Batista Filho e P. I. C. Lira coordenaram o trabalho de campo e realizaram a revisão crítica relevante do conteúdo intelectual. P. C. Coelho e L. A. S. Sequeira colaboraram na revisão crítica relevante do conteúdo intelectual.

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Recebido em 01/Fev/2012

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