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REVISTA
PAULISTA
DE
PEDIATRIA
ARTIGO
DE
REVISÃO
Uso
de
instrumento
de
acompanhamento
do
crescimento
e
desenvolvimento
da
crianc
¸a
no
Brasil
---
Revisão
sistemática
de
literatura
Ana
Claudia
de
Almeida
a,∗,
Larissa
da
Costa
Mendes
b,
Izabela
Rocha
Sad
a,
Eloane
Gonc
¸alves
Ramos
a,
Vânia
Matos
Fonseca
ae
Maria
Virginia
Marques
Peixoto
aaInstitutoNacionaldeSaúdedaMulher,daCrianc¸aedoAdolescenteFernandesFigueira(IFF/Fiocruz),RiodeJaneiro,RJ,Brasil bOrganizac¸ãoNãoGovernamentalCasadaÁrvore,RiodeJaneiro,RJ,Brasil
Recebidoem1deabrilde2015;aceitoem24dejunhode2015 DisponívelnaInternetem9deoutubrode2015
PALAVRAS-CHAVE
Saúdedacrianc¸a; Crescimentoe desenvolvimento; Desenvolvimento; Cuidadodacrianc¸a
Resumo
Objetivo: Avaliarousodeinstrumentodeacompanhamentodesaúdedacrianc¸a,comênfase
nasvariáveisdoacompanhamentodocrescimentoedodesenvolvimento,eixocentraldo cui-dadoàsaúdeinfantil.
Fontesdosdados: Feitarevisão sistemática daliteraturade estudos noBrasil nasbases de
dadosCochrane Brasil, Lilacs,SciELO eMedline. Osdescritores eas palavras-chaveusadas foram‘‘crescimentoedesenvolvimento’’,‘‘desenvolvimentoinfantil’’,‘‘cartãodacrianc¸a’’, ‘‘cadernetadesaúdedacrianc¸a’’,‘‘cartãoecrianc¸a’’e‘‘cadernetadacrianc¸a’’.Osestudos foram rastreados portítulo e resumo e foi feita a leituracompleta daqueles considerados elegíveis.
Síntesedosdados: Foramidentificados68artigoseoitoforamincluídos noestudoporfazer
aanálisequantitativado preenchimento.Cinco estudosavaliaramopreenchimentodo Car-tãoda Crianc¸a e três daCaderneta de Saúdeda Crianc¸a. Todosos artigosconcluíram que as informac¸ões não foram adequadamente registradas. Osgráficos deacompanhamento do crescimentoraramenteforampreenchidosechegarama96,3%nocasodepesoparaaidade. OusodográficodoIMCnãofoirelatado,adespeitodoquadrocrescentedaobesidadeinfantil. Apenasdoisestudosreferirampreenchimentodosmarcosdodesenvolvimentoe,nesses,houve registrodosmarcosemaproximadamente20%dosinstrumentosverificados.
Conclusões: Os resultados dos artigos revistos evidenciam subutilizac¸ão do instrumento e
refletembaixasensibilizac¸ãodosprofissionaisdesaúdeparaoregistronodocumentode acom-panhamentodesaúdedacrianc¸a.
©2015SociedadedePediatriadeSãoPaulo.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Esteéumartigo OpenAccesssobalicençaCCBY(https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt).
DOIserefereaoartigo:http://dx.doi.org/10.1016/j.rppede.2015.12.002 ∗
Autorparacorrespondência.
E-mail:analmeida@iff.fiocruz.br(A.C.Almeida).
0103-0582/©2015SociedadedePediatriadeSãoPaulo.PublicadoporElsevierEditoraLtda.EsteéumartigoOpenAccesssobalicençaCC
KEYWORDS
Children’shealth; Growthand development; Development; Childcare
UseofamonitoringtoolforgrowthanddevelopmentinBrazilianchildren -systematicliteraturereview
Abstract
Objective: ToassesstheuseofahealthmonitoringtoolinBrazilianchildren,withemphasis
onthevariablesrelatedtogrowthanddevelopment,whicharecrucialaspectsofchildhealth care.
Datasource:A systematic review of the literature was carried out in studies performed
in Brazil,using theCochrane Brazil, Lilacs,SciELOand Medline databases.The descriptors andkeywords usedwere ‘‘growthanddevelopment’’, ‘‘childdevelopment’’, ‘‘childhealth record’’,‘‘childhealthhandbook’’,‘‘healthrecordandchild’’and‘‘childhandbook’’,aswell astheequivalenttermsinPortuguese.Studieswerescreenedbytitleandsummaryandthose consideredeligiblewerereadinfull.
Datasynthesis: Sixty-eight articles were identified andeight articles were included inthe
review,astheycarriedoutaquantitativeanalysisofthefillingoutofinformation.Fivestudies assessedthecompletionoftheChild’sHealthRecordandthreeoftheChild’sHealthHandbook. Allarticlesconcludedthattheinformationwasnotproperlyrecorded.Growthmonitoringcharts wererarelyfilledout,reaching96.3%inthecaseofweightforage.TheuseoftheBMIchart wasnotreported,despitethegrowingratesofchildhoodobesity.Onlytwostudiesreported the completionofdevelopment milestones and, inthese,the milestoneswere recorded in approximately20%oftheverifiedtools.
Conclusions: The results of theassessed articles disclosedunderutilization of thetool and
reflectlow awarenessby healthprofessionalsregardingthe recordingofinformationinthe child’shealthmonitoringdocument.
©2015SociedadedePediatriadeSãoPaulo.PublishedbyElsevierEditoraLtda.Thisisanopen accessarticleundertheCCBYlicense(https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/).
Introduc
¸ão
Afunc¸ãoe ouso deuminstrumento deacompanhamento da saúdeda crianc¸a vêm sendo discutidos noâmbito das políticasdeatenc¸ãobásicaaolongodastrêsúltimasdécadas nopaís.1-5 Esseinstrumentomudouváriasvezesdeforma,
característicaseconteúdo.Alémdisso,teveseusobjetivos eseupúblicoalvoampliadosnatentativadesetornaruma ferramentaefetivanapromoc¸ãodasaúdedacrianc¸a.3,6,7
Nessas mesmastrês décadas,astransformac¸ões econô-micas,sociaisedemográficasmodificaramoperfil epidemio-lógicodapopulac¸ãobrasileira.8,9Essasforamacompanhadas
pormudanc¸asnaspolíticasenosistemadesaúdedopaís,10
oqueprovocouumareorganizac¸ãodeprioridadesnaagenda dasaúdepúblicabrasileira.4,5Muitosavanc¸osforam
verifica-dosnosindicadoresdaatenc¸ãobásica,comooaumentodo acessoaosservic¸osdepré-natal,devacinac¸ãoedastaxasde aleitamentomaterno.Todoscontribuíramparaaquedada mortalidade infantil.8,11 Todas essas transformac¸ões
apre-sentaramnovosdesafiosparagarantirasaúdedoindivíduo em crescimentoedesenvolvimento.12-15 Elastambém
pro-vocaramatransic¸ãodeummodelodeatenc¸ãocentradonas doenc¸asagudasparaumbaseadonaintegrac¸ãodosservic¸os desaúdeenapromoc¸ãointersetorialdasaúde.8,10,16
Nessa transic¸ão, desde 1994, o Programade Saúde da Família(PSF)éaestratégiafundamentaldereestruturac¸ão domodelo assistencialdoSistemaÚnicodeSaúde(SUS).10
Asequipesdesaúdedafamíliaconstituemoprimeiroponto decontatodapopulac¸ãocomosistemadesaúdelocal, coor-denamaatenc¸ãoeprocuramintegrarosservic¸osdesaúde.
Asatividadesdepromoc¸ãodesaúdeultrapassamosmuros dasunidadesdesaúdeepassamaocorrernoterritório,isto é,nascasasenacomunidade,10eénoexercíciodessas
ati-vidadesqueoinstrumentodeacompanhamentodacrianc¸a recuperasuafunc¸ãohistórica.17
Asac¸õesfeitasnaatenc¸ãoprimáriaàsaúdedacrianc¸asão essenciaisparadetectarprecocementepossíveisalterac¸ões decrescimentoedesenvolvimento,alémdediminuirriscos demorbimortalidade.Ocrescimentoinfantiléumprocesso dinâmicoecontínuodediferenciac¸ãodesdeaconcepc¸ãoaté aidadeadultaquedependedainterac¸ãodecaracterísticas biológicaseexperiênciasvivenciadasnomeioambiente.2,17
Omelhor método deacompanhamento desse é o registro periódicodepeso, estatura18 e,atualmente, doíndicede
massacorporal (IMC).5O desenvolvimento, porsuavez, é
amplo e refere-se a uma transformac¸ão progressiva, que inclui, alémdo crescimento, maturac¸ão, aprendizagem e aspectospsíquicosesociais.2Suavigilânciacompreende
ati-vidadesqueavaliametapasoumarcosdodesenvolvimento neuropsicomotor dascrianc¸as em cada faixaetária e que podemdetectarproblemasealterac¸õesnodesenvolvimento infantil.19
Originalmente,oCartãodaCrianc¸a(CC),propostopara o país em 1984,2 fazia o monitoramento das ac¸ões
bási-casdo Ministérioda Saúde(MS) paraa saúdeinfantil. De 1984 a 20032,3 o CC foi modificado e revisto e lhe foram
Em2005,oCCassumiuoformatodeumlivretoepassou aserdenominadoCadernetadeSaúdedaCrianc¸a(CSC).6,7
Nesse livreto, foram incluídasnovas informac¸ões destina-das às famílias e aos profissionais de saúde de modo a ampliaro conhecimentodocuidado àcrianc¸aeafacilitar a compreensão dos aspectos relacionados ao seu cresci-mento e desenvolvimento. A CSC é considerada pelo MS uminstrumento fundamental para monitorar as ac¸ões de promoc¸ãodoplenopotencialdecrescimentoe desenvolvi-mentodacrianc¸ae prevenc¸ãodos agravosprevalentes na infância.Atualmente,oMSdistribuitrêsmilhõesde exem-plaresparaassecretariasmunicipais,quedevemrepassá-los àsmaternidadespúblicaseprivadas.Éumdocumento gra-tuito,entregueà famíliadorecém-nascido.Aindanãofoi feitoestudoquantitativoquereúnaasevidênciasde estu-dosanterioresdousodoCC/CSC.17,20-26Portanto,oobjetivo
desteartigo é fazer uma revisãosistemática paraavaliar opreenchimentodoCCoudaCSCporpartedos profissio-naisdesaúdenoBrasil,apartir dasevidênciaspublicadas naliteratura,comênfasenasvariáveisdeacompanhamento docrescimentoedodesenvolvimento(CD)dacrianc¸a.
Método
A busca foi feita sem restric¸ão ao período depublicac¸ão nas bases eletrônicas Cochrane Brasil, Literatura Latino--Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), ScientificElectronicLibrary Online(SciELO), Medical Lite-rature Analysis and Retrieval System Online (Medline) e em listas de referências bibliográficas dos artigos, de acordo com Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses (Prisma).27 Os seguintes
des-critores e palavras-chave foram usados: ‘‘crescimento e desenvolvimento’’, ‘‘desenvolvimento infantil’’, ‘‘cartão dacrianc¸a’’, ‘‘caderneta de saúde da crianc¸a’’, ‘‘cartão ecrianc¸a’’e‘‘cadernetadacrianc¸a’’.
Os artigos incluídos satisfizeram os seguintes critérios relativos à qualidade metodológica:28 hipóteses ou
obje-tivosdefinidos; descric¸ãodedesfecho; característicasdos participantes; variáveis estudadas;principais resultados e característicasdasperdas;adequac¸ãodostestesestatísticos usados.
Estarevisãoincluiusomenteartigospublicadosem revis-tas indexadas feitos no Brasil que mensuravam o uso do instrumentodeacompanhamentodocrescimentoe desen-volvimentoelaboradoedistribuídopeloMinistériodaSaúde, a partir de1984, e verificou de forma quantitativao seu preenchimento.
Oscritérios de exclusãoforamartigos que estavam no formatoderesenhas,manuaisetrabalhosdeconclusãode curso;ametodologiade análisederesultados foi qualita-tiva;sesedetiveramapenasemvacinac¸ãoouaquelescuja amostraeraformadaporgruposespecíficosderisco,como baixopesoeprematuridade,portadoresdedoenc¸agenética ecomdoenc¸asdebase.
Aversãode1984doCCéumfolhetoempapelcartonado, impresso em cores e formatos diferentespara meninos e meninas,quepodeserdobradoemtrês,comespac¸ospara anotac¸ãodedadosdeidentificac¸ãodacrianc¸a,das consul-tas,dasmedidasdopesodeacordocomaidade,dográfico deacompanhamento docrescimento atéo quintoanode
idadeedoquadrodasimunizac¸õesfeitas.Apartirde1995, o CC incluiu 11 marcos de desenvolvimento infantil com espac¸osparaoregistrodaidadeemqueforamalcanc¸ados. ACSC,noformatodelivretoquevemsendoreimpresso desde 2005, temespac¸osparao registro dasinformac¸ões daatenc¸ãobásicaàsaúdedacrianc¸adagestac¸ãoaosnove anos,intercorrências,tratamentosegráficosparaassinalar avariac¸ãocomaidadedepeso,altura,perímetrocefálico (PC) e IMC. Oferece também umquadro para registro da presenc¸adosmarcosdodesenvolvimentoneuropsicomotor deacordocomaidadedacrianc¸a.
A CSC deve ser preenchida nas consultas de acompa-nhamentoderotina.OMinistériodaSaúderecomendasete consultasnosprimeiros12 meses(1a
semana e1◦,2◦,4◦, 6◦,9◦ e12◦ mês),duasnosegundoano(18◦ e24◦mês)e,a partirdessaidade,umaporano.7
Resultados
Foram identificados 68 artigos não repetidos nas bases eletrônicas de dadose listas dereferências bibliográficas (fig. 1).Na primeiraetapa derastreamento foram excluí-dos, pela leitura de títulos, quatro teses qualitativas e 29 artigos.Desses,12 estudosrestritos àvacinac¸ão,nove que envolviam grupos derisco e/ou doenc¸ade base,três materiaisinstrutivos(manuais),trêsexemplaresde cader-netas, uma resenha e um estudo sobre treinamento de profissionaisnaatenc¸ãoprimáriaàsaúde(APS).
Na segunda etapa do rastreamento, 17 artigos foram excluídosapós aleitura deresumospornãoverificarem o preenchimentodoCC/CSC.Onzeartigospodemser agrupa-doscomoestudosdeavaliac¸ão:trêsdeindicadores nutricio-nais,trêsdeAPS,doisdepráticasdocuidado,doisdeanálise deprontuárioeumdeconhecimentodeprofissionais.Cinco artigos podem ser agrupados como estudo de metodolo-gia qualitativa:dois estudos designificado docuidado da crianc¸a,umdeanálisedediscurso,umrelatodeexperiência eumaabordagemmultidisciplinardoacompanhamentodo CD.Alémdesses,umarevisãobibliográficasobreaatuac¸ão doenfermeiroemsaúdenutricionaldacrianc¸a.
Dezoitoartigospermaneceramparaleituracompletado texto.Dez29-38 foramexcluídospornãofazerem avaliac¸ão
quantitativadopreenchimentodosinstrumentosde acom-panhamentodesaúdedacrianc¸a(tabela1).Dosoitoartigos incluídos (tabela 2), cinco avaliaram o preenchimento do CC17,20-23 e três da CSC.24-26 As pesquisas foram feitas
nas regiões Nordeste,17,21,23 Sudeste,20,24,25 Sul26 e Centro
Oeste.22
Asinformac¸õesforamobtidasdequestionáriosdirigidos àmãeouaoresponsávelpelacrianc¸a,ouaosdiretoresde unidades,ouforamcoletadasdiretamentedoinstrumento estudado.Osinquéritosforamfeitosemservic¸os pertencen-tesàredepúblicaeemvisitasdomiciliares.
A variabilidade de itens mensurados e de critérios de avaliac¸ão do preenchimento dificultou a comparac¸ão da frequênciadepreenchimentoparatodosositensdoCCou daCSC.
O percentual de preenchimento dos dados de identificac¸ão, acompanhamento da gestac¸ão e nasci-mento éapresentado natabela 3.Em2005, apenas55,6% dasCSCtinhamonomedacrianc¸apreenchido.24Osautores
2 artigos identificados por outros recursos
68 artigos selecionados para leitura de títulos
35 artigos selecionados para leitura de resumos
18 artigos selecionados para leitura integral
Exclusão de 10 artigos por não verificarem o preenchimento do CC ou da CSC:
- 3 avaliações de PSF
- 3 comparações metodológicas - 1 caracterização de mães e ações de acolhimento - 1 verificação de conhecimento de profissionais
- 1 caracterização neuromotora biopsicossocial e pondo-estatural de lactentes
- 1 avaliação da evolução da assistência materno-infantil na variação do peso ao nascer 8 artigos incluídos na revisão
sistemática
Inclusão
Elegibilidade
Rastreamento
Identificação
76 artigos identificados pela busca na bases de dados
Exclusão de 10 artigos repetidos
Exclusão de 33 artigos
Exclusão de 17 artigos
Figura1 Fluxodeidentificac¸ão,rastreamento,elegibilidadeeinclusãodosartigosnarevisãosistemática.
nome’’ foi de 68 dias (2,2 meses), mediana de 59 dias (1,9 mês), época em que essa informac¸ão já deveria ter sidopreenchida pelos profissionaisde saúdeapósdiversas oportunidades de contato com a crianc¸a: na materni-dade e em atendimentos e consultas na atenc¸ão básica. Observa-setambémque houveaumentodopercentual de preenchimento,entre2005e2008,paratodasasvariáveis deidentificac¸ão, excetoparao númeroda Declarac¸ão de Nascido Vivo (DNV). O maior aumento foi verificado no númerodeRegistroCivildeNascimento(RCN):quatrovezes mais.
Apenas um estudo avaliou o preenchimento dos dados desorologianopré-natal24 everificouqueessafoiamenor
porcentagem de preenchimento das variáveis de acom-panhamento da gestac¸ão: aproximadamente 50% das CSC estudadas.
Oregistrodopesoaonascerfoiomaisdescritodentreas variáveisrelativasaonascimentodacrianc¸a(tabela3).As porcentagensdepreenchimentoforamcrescentesentreos CCestudados,mashouvequedaquandonamudanc¸ado ins-trumento,como,porexemplo,naidadegestacional.Entre 2001e2006,houveaumentonopreenchimentodoApgare poucavariac¸ão nopreenchimentodecomprimentoe perí-metrocefálico.
Osresultadosdasvariáveisdeacompanhamentodo cres-cimento e desenvolvimento foram reunidos na tabela 4. Apenasdoistrabalhos20,26 relataram registrosdeconsultas
relativos ao crescimento. O menor percentual de preen-chimentofoi74,6%,acompanhamentodepeso,em1998.20
Porém,dezanosdepois,osregistrosdepeso,estaturaePC obtiveram maisde 80% de preenchimento notrabalho de Linharesetal.26
Os registrosde peso e PCao nascer nos gráficos apre-sentarambaixafrequênciadepreenchimento.Nostrabalhos
feitos em Pernambuco, o peso ao nascer só foi assina-ladonográficoem 36,9%17 e 44,1%21 doscartões, embora
estivesseregistrado em 86,8%17 e 89,4%21 (tabela 4),
res-pectivamente,desses cartões. Da mesma forma, em Belo Horizonte,25 apenas 69,3% e 15,5% das CSCcontinham as
marcac¸õesnosgráficosdepesoedePCaonascer, respecti-vamente.
Opercentualdepreenchimentodográficodepesopara idadeapresentougrandevariac¸ãoentreosestudos(21,1%a 96,3%)devidoaoscritériosusadosparaconsideraro preen-chimentocomoadequado. Paracrianc¸as comatéumano, quando foi exigido um registro a cada três meses, Vieira et al.23 relataram 41,1% de preenchimento adequado no
gráficodepesoparaidade.Noestudoqueconsiderou sufi-cienteapenas umamarcac¸ão, foirelatado umpercentual depreenchimentode96,3%.26 NoDistritoFederal,22 foram
encontrados 21,1% de preenchimento correto, de acordo comorecomendadopeloMinistériodaSaúde.Foiobservado queopercentualdepreenchimentodiminuiucomaidade, caiude53,8%na faixaatécincomesespara6,6%nafaixa de48a60 meses.EmPernambuco,1759,9%dosCC
apresen-tavamregistronográficodepesonodiadaconsulta.Nesse mesmotrabalho,deacordocomaidadedacrianc¸a,38%dos CCapresentavamnenhumouapenasumregistrodepesono gráfico.Acondic¸ão‘‘nenhumpontoregistrado’’ distribuiu--sedeformasemelhanteemtodososgruposetários:27,8% (<12 meses),21,7%(12-24 meses)e27,2%(48-60 meses). Porém,40,5%dosCCapresentavamdedoisaseispontosno gráfico.Desses,46%nogrupomenordeumanoe29,7%entre 48-60 meses.
Linhares et al.26 foramos únicos a observar
Tabela1 Trabalhosselecionadosparaleituraintegraleexcluídosdarevisãosistemática
Título Autor(es) Causadaexclusão
Avaliac¸ãodaatenc¸ãoàsaúdedacrianc¸ano contextodaSaúdedaFamílianomunicípio deTeixeiras,MinasGerais(MG,Brasil).
DaCosta
etal.29
Aclassificac¸ãoutilizadaparaanálisedo preenchimentodoCCfoi‘‘incompleta’’sem especificac¸ãodefrequênciasparaasvariáveis deinteresse.
OProgramadeAgentesComunitáriosdeSaúde noCeará:ocasodeUruburetama.
Ávila30 Asac¸õesdeacompanhamentodocrescimento
edodesenvolvimentoinfantilforamavaliadas quantoaosaspectostécnicosepráticas dosagentes.
Avaliac¸ãonutricionaldecrianc¸asdeseisa sessentameses.
Sousa& Araújo31
Aavaliac¸ãonutricionaldascrianc¸asfoi realizadaporcomparac¸ãoentreoscritérios deWaterlowedacurvapeso/idadedoCC. Evoluc¸ãodaassistênciamaterno-infantiledo
pesoaonascernoEstadodePernambuco em1997e2006.
Noronha
etal.32
Asinformac¸õesforamcoletadascomo responsáveldacrianc¸a.Opesoaonascerfoi coletadodoCCquandoregistrado.
Avaliac¸ãodaatenc¸ãoàsaúdedacrianc¸a (0-5 anos)noPSFdeTeresópolis(RJ)segundoa percepc¸ãodosusuários.
Ribeiro
etal.33
Avinculac¸ãocominstituic¸õespúblicasde atenc¸ãoecuidadoinfantilfoievidenciada pelapossedoCC.
Vigilânciadocrescimentoinfantil: conhecimentoepráticasdeenfermeiros daatenc¸ãoprimáriaàsaúde.
Reichert
etal.34
Osgráficosdecrescimentoforamutilizados emquestõesdeverificac¸ãodoconhecimento deprofissionais.
Desenvolvimentoinfantil:concordânciaentre acadernetadesaúdedacrianc¸aeomanual paravigilânciadodesenvolvimentoinfantil.
Oliveira
etal.35
Foramcomparadasasclassificac¸õesdo desenvolvimentosegundoaCSCeoManual paraVigilânciadoDesenvolvimentoInfantil noContextodaAIDPI.
Aavaliac¸ãododesenvolvimentoinfantil:um desafiointerdisciplinar.
Alvim
etal.36
Foramcomparadasasclassificac¸õesdo desenvolvimentosegundoaCSCeoManual paraVigilânciadoDesenvolvimentoInfantil noContextodaAIDPI.
Característicasneuromotoras,
pôndero-estaturaisebiopsicossociais delactentes.
Rothstein& Beltrame37
OCartãodeSaúdedacrianc¸afoiutilizado apenascomodocumentofontedeinformac¸ões.
Acolhimentoecaracterísticasmaternas associadosàofertadelíquidosalactentes.
Niquini
etal.38
Asmãesforamquestionadassereceberamo cartãodeacolhimentomãe---bebê
namaternidade.Nãohouveanálise dopreenchimentodevariáveis.
mencionadosregistros nográfico deIMC para idade pelos autoresdostrabalhosincluídosnestarevisão.
Apenasdoistrabalhosavaliaramapresenc¸aderegistros noinstrumentodevigilânciadodesenvolvimento.EmFeira deSantana,23 22,1%dosCCapresentaramregistrosno
qua-dro,masapenas7,8%estavamcompletos,considerando-se aidadedacrianc¸a.EmBeloHorizonte,25somente18,9%das
CSCsatisfizeramocritériodeapresentarregistrosemtrês oumaisfaixasetárias.
Discussão
Hátrêsdécadasosprogramasdesaúdedacrianc¸anoBrasil propõem como estratégiauminstrumento para monitorar epromoverasaúdeinfantil.Osresultadosapresentadosno presenteestudopermitiramidentificarquestões importan-tesnousodesseinstrumentoparaprestarcuidadosprimários desaúdedacrianc¸a.
Emboraostrabalhosrelatemqueamaioriadascrianc¸as temoCCouaCSC, amonitorac¸ãodocrescimentoinfantil pareceainda nãoreceberadevida atenc¸ãopelas equipes
desaúde.DostrêstrabalhosqueavaliaramaCSC,24-26 dois
apresentaramresultadosquantoaopreenchimentodo grá-fico de PC, um decomprimento/altura e nenhum deIMC para idade, a despeito do perfil epidemiológico nutricio-nalnoBrasil.Atualmente,acoexistênciadeduassituac¸ões antagônicasjustificaacondutadeenfoquesclínicose epide-miológicosdiferenciados:deficiêncianutricionale,nopolo oposto,aassociac¸ãodeproblemasrelacionadosaosexcessos alimentares eestilosdevida nãosaudáveis.39,40 Àmedida
que declina a ocorrência dadesnutric¸ão, aumenta a pre-valência de anemia,sobrepeso e obesidade na populac¸ão brasileira.39 O IMC jáfoi validadoem crianc¸as como
mar-cadordeadiposidadeesobrepesoepreditordeobesidade naidade adulta.41 Porisso,recomenda-seseuusodesdeo
nascimentodacrianc¸a.42
Na infância, para verificar a velocidade de cresci-mento cranianoe suas estruturasinternas, é necessáriaa mensurac¸ão sistemática do PC e o registro no gráfico de PC para idade. Chama atenc¸ão tão baixo preenchimento (30,7%25 e35,5%26)deumparâmetroque refleteoestado
Tabela2 Descric¸ãodostrabalhosincluídosnarevisãosistemática
Autores Objetivo Localcoletadados Conclusão
Santosetal.20 Analisaroscuidados
primáriosprestados àpopulac¸ão materno-infantil.
Postodevacinac¸ãoda cidadeTeresópolis(RJ).
Mesmoaconsultasendode puericultura,30%dascrianc¸asnão tinhamseupesoregistradonoCC.
Ratis&Batista17 Avaliarestruturae
processodavigilância docrescimento.
Unidadesdesaúde doEstadodePE.
Odesinteressepelamonitorac¸ão docrescimentofoimais proeminentenointerior. Carvalhoetal.21 Analisaro
acompanhamento docrescimento.
Unidadesdesaúde doEstadodePE.
Osindicadoresdamonitorac¸ãodo crescimentonãoforammuito alémde50%,sendomenoresno interior.
Sardinha&Pereira22 Verificaro
preenchimentodoCC.
Centrosdesaúde nascidadesdoDF.
Opreenchimentodográficode pesofoimaisrealizadonas crianc¸asdemenoridade. Vieiraetal.23 Verificaro
preenchimentodoCC.
Unidadesdesaúdede FeiradeSantana(BA).
Opreenchimentodacurvade crescimentoestavacompletoem 41,1%(905)edoquadrode desenvolvimentoem7,8%(170). Goulartetal.24 Avaliaropreenchimento
econhecerapercepc¸ão dasmãessobreaCSC.
UBSdeBeloHorizonte (MG)evisitadomiciliar.
Opesoaonascerfoiocampomais preenchido(91%).Asfalhas sugeremqueaCSCnãocumpre seuobjetivo.
Alvesetal.25 Analisaraqualidadedo
preenchimentodaCSC.
UBSdeBeloHorizonte (MG).
Osmelhorespercentuaisde preenchimentoforamrelativosà identificac¸ão,aoregistrode vacinaseaosdadosaonascer. Linharesetal.26 Avaliaropreenchimento
econhecerapercepc¸ão dasmãessobreaCSC.
Visitadomiciliarem áreasdequatroUBS dePelotas(RS).
OpreenchimentodaCSCestava limitadoàssec¸õesquejá constavamdoCC.
rotineiramente usado para seguimento individual de crianc¸asaté24 meses,períododemaiorcrescimento pós--natal.5,45
O baixopeso ao nasceré umdosmelhores indicadores daqualidadedesaúdeedevidadascrianc¸asdevidoàsua estreitarelac¸ãocomamortalidadeinfantilecomos prejuí-zosparaocrescimentolinear,ponderaledesenvolvimento mentalemotor.46Contudo,obaixoregistrodepesoao
nas-cer no gráfico evidencia o subestimado papel atribuído a esseindicadornoacompanhamentodoestadodesaúdeda crianc¸anoslocaisavaliadospelostrabalhosaquirevisados.
Outroproblemaevidenciadonestarevisãoéobaixo resul-tadonopreenchimentodoquadrodeacompanhamentodos marcosdedesenvolvimentodacrianc¸a.Aac¸ãodevigilância consisteemfazersistematicamenteexamefísico,avaliac¸ão neuropsicomotora de maneira minuciosa, identificac¸ão da presenc¸ade fatoresde risco eregistro, na CSC, de todos os procedimentos feitos na crianc¸a, bem como dos acha-dosdasconsultas.5Essaac¸ãoconstituiumamodalidadede
intervenc¸ãopreventivaquecompreendeatividades relacio-nadasàpromoc¸ãododesenvolvimentonormaleàdetecc¸ão deproblemasnesseprocesso.47Reúnediferentesavaliac¸ões
queincluemapercepc¸ãodospais,professoreseprofissionais desaúde.33,36,48
Estima-seque,nomundo, 200 milhõesdecrianc¸ascom menosdecincoanosestão em risco denãoatingir plena-mente o seu potencial dedesenvolvimento.49 Pelo uso da
CSC,Alvimetal.36conseguiramrastrear35%decrianc¸ascom
prováveloupossívelatrasodedesenvolvimento,aoavaliar 122 crianc¸asdedois mesesadois anosdeidade,emBelo Horizonte.
FalhasnopreenchimentosãoreiteradasporCostaetal. (2011)29 aoverificaremaatenc¸ãodadaàsaúdedacrianc¸a
pelo Programa de Saúde da Família (PSF) em Teixeiras (MG). Os autores relataram que a maioria das crianc¸as (77,2%) tinha o cartão da crianc¸a, mas todos (171) esta-vam incompletos. Não tinham informac¸ões sobre o peso e altura, registros no gráfico de crescimento e muitas mãesnão compreendiam o significado dacurva. O cartão funcionava apenas como um registro para o controle de vacina, e nãocomo uminstrumento deacompanhamento desaúdedacrianc¸a.
Observou-sequeosregistrossãomaisefetuadosnos ins-trumentos de crianc¸as de menor idade. O agendamento paraasconsultasderotinaémaisfrequentenosprimeiros meses,épocaderiscoecommaiornecessidadede acompa-nhamentoperiódico.Comopassardotempo,asconsultas preventivassãogradativamentesubstituídas porconsultas poragravosàsaúde.
Tabela3 Percentualdepreenchimentodosdadosdeidentificac¸ão,acompanhamentodagestac¸ãoenascimentorelatadosnos estudosincluídosnarevisãosistemáticaa
Autores Ratis&
BatistaF.17
Carvalho
etal.21
Vieira
etal.23
Goulart
etal.24
Alves
etal.25
Linhares
etal.26
Anopesquisa 1998 1998 2001 2005 2006 2008
Documento CC CC CC CSC CSC CSC
N 1194 662 2215 797 355 107
Idade <5anos <12meses ≤12 meses <9meses <16meses <12meses
Identificac¸ão
Nome --- --- 99,8 55,6 93,8 93,5
Datanasc. --- --- 99,3 90,1 99,7 100
Localnasc. --- --- 76,6 --- --- 98,1
Nomemãe --- --- --- 90,7 98,9 99,1
Enderec¸o --- --- --- 38,9 --- 73,8
Telefone --- --- --- 22,1 --- 47,7
Bairro --- --- --- 33,4 --- 67,3
CEP --- --- --- 14,6 --- 21,5
Cidade --- --- --- 34,3 --- 64,5
Etnia/Cor --- --- --- 50,1 --- 66,4
N◦DNV --- --- --- 60,9 --- 33,6
N◦RCN --- --- --- 2,0 --- 8,4
Gestac¸ão
Pré-natal --- --- --- 59,6 58,0
---N◦consultapré-natal --- --- --- 68,5 69,9
---Sorologia --- --- --- 50,0 ---
---Tipoparto --- --- 93,3 84,9 89,3
---Nascimento
Idadegestacional --- --- --- 75,8 72,4
---Apgar5’ --- --- 28,4 76,7 53,5
---Peso 86,8 89,4 97,2 91,1 96,9
---Comprimento --- --- 91,8 89,6 91,2
---Perímetrocefálico --- --- 88,9 84,9 85,6
---DNV,Declarac¸ãodeNascidoVivo;RCN,RegistroCivildeNascimento.
aOsestudosdeSantosetal.20edeSardinha&Pereira22nãoapresentaramresultadodepreenchimentodeidentificac¸ão,
acompanha-mentodagestac¸ãoenascimento.
tambémnapercepc¸ãodeestadodesaúdepelapopulac¸ão.24
Ademandaporservic¸osdesaúdenãopodemaissermotivada apenaspela presenc¸a de doenc¸a ou por vacinac¸ão, como observadoporVitoloetal.,50em2010.Asconclusõesdesse
estudoindicaramque66,2%(n=393)dosresponsáveisainda consideravamdesnecessáriooacompanhamentodacrianc¸a peloservic¸o depuericultura na ausência dedoenc¸a. Essa frequência contrastou com a elevada cobertura (90%) do calendáriodeimunizac¸ãoemdia.
Osresultadosapresentadosnestarevisãodevemlevarem considerac¸ãoqueametodologiausadanosartigosrevistos paraverificac¸ãodopreenchimentodosCCedasCSCnãofoi uniforme.Emalgunsestudos,ocritériobaseou-seempelo menosumregistronostrêsmesesqueantecederama entre-vista.Certamente,osvaloresobtidosseriammenoresdoque osrelatadosseocritériousadofossemaisrestritivo,como ocalendáriomínimodeconsultas,propostopeloMS.Outra questãoaserconsideradaéacomparac¸ãoentrepesquisas feitasemdiferentesrealidadessocioeconômicaseculturais. Dequalquerforma,aausênciaouincorrec¸ãoderegistros sugereumfracovínculodosprofissionaiscomasac¸ões bási-casdesaúdeedescontinuidadeentreasac¸õesiniciadasna maternidadeeaspropostasparaaatenc¸ãobásica.
Profissionaisdesaúde,muitas vezes,ficam sobrecarre-gados em suas rotinas. Além do universo da assistência, o trabalhoenvolveo preenchimentodevários formulários demandadospelainstituic¸ão.OpreenchimentodaCSCnão podeserconsideradomaisumregistroadministrativo,mas uma ferramenta de promoc¸ão de saúde da crianc¸a e de obtenc¸ãodeinformac¸ãodeboaqualidade,paramelhor dire-cionarasac¸õesdosservic¸os.
Entretanto, é importante ressaltar que a ausência de registro não significa exatamente a não feitura de procedimentos.30,51,52 No entanto,é reconhecidaa
impor-tânciadosregistrosparaaconstruc¸ãodoperfil epidemioló-gico deumapopulac¸ãoe como umcanalde comunicac¸ão entre os profissionais de saúde no desenvolvimento de suas ac¸ões. Quando bem feito, permitea práticado cui-dado personalizado e reflete a qualidade da assistência prestada.25
Noprograma devigilânciadasaúde dacrianc¸a,o foco doprofissional deveriaser odenãoperder oportunidades deatuac¸ão,sejanapromoc¸ãoe/ounaprevenc¸ãoe/ouna assistência,manter o vínculo coma família eestimular a responsabilidade contínua e conjunta servic¸o e família.53
Tabela 4 Percentualde preenchimentodasvariáveis deacompanhamento docrescimento edesenvolvimento nosestudos incluídosnarevisãosistemática*
Autores Santos
etal.20
Ratis& BatistaF.17
Carvalho
etal.21
Sardinha& Pereira22
Vieira
etal.23
Alves
etal.25
Linhares
etal.26
Instrumento CC CC CC CC CC CSC CSC
Idade <12meses <5anos <12meses <5anos ≤12meses <16meses <12meses
Crescimento
Dadosdasconsultas
(N=299) (N=107)
Datadaconsulta 91,6
Idade 90,7
Peso 74,6a 89,7b
Estatura 87,9b
Perímetrocefálico 82,2b
Dadosdenascimentonosgráficos
(N=1193) (N=662) (N=355)
Peso 36,9 44,1 69,3
Perímetrocefálico 15,5
Dadosdasconsultasnosgráficos
(N=307) (N=624) (N=402) (N=3543) (N=2200) (N=355) (N=107) Peso 70,4a 59,9c 58,2d 21,1e 41,1f 59,4g 96,3h
Comprimento/altura 42,1h
Perímetrocefálico 30,7g 35,5h
Desenvolvimento
(N=2191) (N=355) Marcosde0a36meses 7,8i 18,9j
* Goulartetal.24nãoapresentaramdadosdepreenchimentodasvariáveisdeacompanhamentodocrescimentoedesenvolvimento.
a Pelomenosumregistronostrêsmesesqueantecederamàentrevista.
b Registrosdeacordocomaidadedacrianc¸a.
c Registrosnodiadaconsulta.
d Últimoregistroatualizado.
e Registroscorretamentepontuados,segundooMinistériodaSaúde.
f Pelomenosumregistroacadatrêsmeses.
g RegistrosdepesoedePCmarcadosnográficocujadiferenc¸aentreaidadenadatadoregistroeaidadecronológicadacrianc¸afoi
≤3meses.
h Pelomenosumregistroverificado.
i Todososregistroscorrespondentesàidadedacrianc¸a.
j RegistrosemtrêsoumaisfaixasetáriasdisponíveisnaCSC.
podeser a chave paramelhor usoda CSC25 no cuidado à
crianc¸a.
Oatodefornecerexplicac¸ões,envolverafamíliae regis-trarasinformac¸õessobreascondic¸õesdesaúdedacrianc¸a são formas de cuidar e de estimular a continuidade do cuidado.Acompreensãopelafamíliadafunc¸ãodesse instru-mentonoacompanhamentodesaúdeinfantiléfundamental paraqueeladeleseaproprieeovalorize.
Conclusão
Trintaanosapósaimplantac¸ãodoProgramadeAssistência IntegralàSaúdedaCrianc¸a(PAISC),ousodoinstrumentode vigilânciadasaúdedacrianc¸anãoestáconsolidado,segundo os relatosdas pesquisas feitas. Ficou evidentea falta de sensibilizac¸ãodosprofissionaisdasequipesdesaúdeparao preenchimentodoinstrumentoestudado.
Estarevisãomostratambémqueodiagnósticodeusoe qualidadedepreenchimentodetaisinstrumentosnoBrasil
está restrito a poucos trabalhos locais, que não avaliam todasasvariáveisconsideradasimprescindíveisparaa vigi-lânciadasaúdedacrianc¸a.Portanto,sãodesejáveis mais estudosdessanatureza,com metodologiacompatívelcom osestudosanteriores,quepossibilitemtrac¸arumpanorama nacionalemaisatualizado.Esseconhecimentopoderiaser enriquecidoseassociadoaoutrosestudosdenatureza qua-litativa, nos quais os profissionais das unidades básicas e equipesdoPSFexpressassemsuasopiniõessobrearelac¸ão dasac¸õesdepromoc¸ãoedevigilânciadasaúdeintegralda crianc¸acomopreenchimentoeavalorizac¸ãodaCSC.
Financiamento
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
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