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Em prol do complexo - Marcos Cintra
Revista Siderurgia Brasil
Novembro de 2011
EM
PROL
DO COMPLEXO
O
viés burocrático predominante no
Btasil
segue jàzendo da
estrutura Mbutária um monstrengo cada vez mais hotTipilante.
Marcos Cintra •
egundo
o
Fórum Econômico Mundial, o Brasil ocupa um lugar vexatório no ranking de competitividade empresarial. Entre 139 paises. a economia brasileira fica na 58" posição, tendo como principal entrave os tributos. O relatório deste ano destacou pontos positivos, como avan-ços na sustentabilidade fiscal e na capacidade de inovação, mas na questão dos impostos. o paísnão
sal do lugar, aparecendo, mais uma vez, como a pior estrutura tributária do mundo.
O Brasil não consegue impor racionalidade ao seu sistema de impostos, de tal forma que sua produção possa competir em melhores condições com o resto do mundo. Pelo contrário, a refomna tributária neces-sária nesse sentido foi negligenciada e os frequentes quebra -galhos têm tornado a estrutura cada vez pior.
As
mexidas isoladas aprofundam a complexidade e impõem custos crescentes ao setor produtivo. No inicio de agosto, o governo lançou o Plano Brasil Maior, qt~e contempla novas mudanças isoladas na área tributária. A contribuição previdenciária foi des-membrada com a criação das allquotas de 1 ,5% e de 2,5% sobre o faturamento de quatro setores, parasubstituir o INSS que eles pagam sobre a folha de pa-gamentos. FOi mais um ato burocrátiCO insano. que tornará uma estrutura ruim em algo cada vez mais difícil de ser decifrado. Foi mais uma ação impreg-nada pelo vicio tributário burocratizante oue domina
que acabam impondo pesados custos aos contri · buintes, sobretudo às empresas.
Um levantamento do Banco Mundial, comparando o tempo que as empresas gastam para apurar tri -butos em 178 países. revela dados impressionantes sobre a situação ridícula da estrutura tributária bra-sileira. Uma empresa submetida à legislação tnbu· târia no país gasta por ano 2.600 horas (equivalente a 1 08 dias e oito horas) com a burocracia nos três niveis de governo, enquanto a média mundial é de 1.344 horas (equivalente a 56 dias no ano). No Chile são necessárias 3 16 horas: na China, 872; na fnctia, 272; na Rússia, 448; e. na Argenlina, 615.
O viés burocrático predominante no Brasil segue fa-zendo da estrutura tributária um monstrengo cada vez mais horripilante. Um exemplo claro nesse
sen·
tido refere-se ao que ocorreu nos últimos anos com dois impostos: PIS/Cofins e CPMF. O primeiro pas-sou a ser cobrado parte sobre o faturamento e parte sobre o valor agregado, gerando uma calamitosa pro-liferação de procedimentos regulatórios, e o segun-do, que era simples, transparente, sem custo para o governo ou para o contribuinte e altamente produtivo na arrecadação, foi sumariamente trucidado.
o país e que é determinante para arrebentar com a competitividade da economia nacional.
Entender a confusa legislação tributária no Brasil é uma tarefa difícil até para os mais experientes tributaristas. A burocracia tributária no país é uma praga cada vez mais resistente. A produção de re-gras não cessa e torna a vida do contribuinte um inferno. Há uma proliferação insana de leis, decretos, medidas provisórias, emendas, normas com -plementares, entre outros instrumentos jurfdlcos,
tJV\...,. o\,,m;,A.I '-"'-' QVVI t V I I 110. V I QQIIQII c;l ~C:It l i U II IQ V I
II\,..1,.11\JCI-de enorme para ser concretizado, e isso, em bOa parte, decorre de uma
visão que repele o simples e assimila
o complexo.
'Marcos Cintra