FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS
INSTITUTO SUPERIOR DE ESTUDOS CONTÂBEIS
o
PROCESSO DE ABERTURA DE CAPITAL DE EMPRESAS CATARINENSESGUILHERME JÚLIO DA SILVA
Rio de Janeiro
GUILHERME JÚLIO DA SILVA
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO SUPERI OR DE ESTUDOS CONTÃBEIS - ISEC/EPGE - DA FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÃRIOS PARA A OBTEN-çÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS CONTÃBEIS (M.Se.)
APROVADA POR:
/ /
Prof. Dr. Josir Simeone Gomes (Presidente, Orientador)
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL SETEMBRO DE 1990.
Para
Edna,
Maria Fernanda,
Ana Luiza,
Rodrigo e
À Catulina Thomazia Garcia da Silva, minha avo, que nunca mediu esforço para a minha educação;
Ao Estado de Santa Catarina e a Universidade
Federal de Santa Catarina, por terem viabilizado este
es-tudo;
Ao amigo e orientador, professor Josir Simeone
Gomes, pelo estimulo recebido durante todo o desenrolar
deste estudo;
Aos professores membros da Banca
pela contribuição enriquecedora;
Examinadora,
Aos demais professores do mestrado, pelos
co-nhecimentos transmitidos;
Ao Doutor Saul Brandalise, Presidente do
Conse-lho de Administração do Grupo Perdigão e ao Doutor Eggon
João da Silva, Presidente do Conselho de Administração
do Grupo Weg, pelos brilhantes depoimentos prestados;
Aos amigos Azambuja, Stoeterau, Tolentino e Braz
v
tornando mais suave esta jornada;
À Lia Leal, pela paciência e amizade com que se dedicou à correção da redação deste trabalho;
À Laurita Valente Vieira e Maria Helena Amaral
Cardozo, pela datilografia;
À coordenação e funcionários do Programa de
Mestrado do Instituto Superior de Estudos Contábeis, da
Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, pela atenção
du-rante o curso;
Aos colegas do curso, principalmente Fátima,
11-se, Álvaro, Acácio, Neves e Aloísio, pelo estímulo de
todas as horas;
A todas aquelas pessoas e instituições que, de
uma forma ou de outra, contribuíram para a
deste trabalho.
RESUMO •••••••••••.••••••••..•.•..••••••••••..•••.
ABS TRACT ... .
1 - INTRODUÇÃO .•...
1.1 - Objetivos do estudo
1.2 - Estrutura do estudo
2 - REVISÃO DA LITERATURA
XII XIV 1
2
4
6
2.1 - Considerações iniciais ... 6
2.2 - Breve histórico sobre o mercado de capitais
no Brasil ... 7
2.3 - O processo de abertura de capital de
empre-sas no Brasil 10
2.4 - O processo de abertura de capital de
empre-sas em Santa Catarina ...•.••.•...•.. 24
2.4.1 - Criação e evolução da Bolsa de Valores de
Santa Catar ina ...•...•...•.... 24
2.4.2 - A política de fomento industrial praticada
pelo Governo de Santa Catarina •... 27
2.5 - Pesquisas realizadas sobre abertura de
capi-tal no Brasil ... 58
2.6 - Tópicos gerais ligados a evidenciação ... 63
2.7 Tópicos gerais ligados a análise
VII
3 - METODOLOGIA ... 73
3.1 Universo da pesquisa ...•.... 73
3.2 - Instrumento 73 3.3 - Variãveis da pesquisa ...•...•.. 74
3.4 - Breve roteiro da entrevista ...•.•... 76
3.5 - Principais quocientes utilizados ... 77
3.6 - Análise dos dados ...•...•.••....• 78
3.7 - Limitações da pesquisa ...•....••... 79
4 - DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ...••....•. 80
4.1 - Aspectos culturais do empresário catarinense 80 4.2 - Descrição da abertura de capital de empresas catarinenses 83 4.2.1 - Grupo Perdigão ...••.•... 83
4.2.2 - Grupo Weg ..•...•...•..•..•••••. 96
4.2.3 - Análise dos demonstrativos financeiros das empresas ...•... 111
4.2.3.1 - Grupo Perdigão ...•.•... 111
4.2.3.1.1 - Demonstrativos financeiros com contas reclassificadas ...•... 111
4.2.3.1.2 - Cálculo dos principais quocientes .... 115
4 • 2 . 3 . 2 - Grupo Weg ...•...•.... 11 8 4.2.3.2.1 - Demonstrativos financeiros com contas reclassificadas ...•..•..•...•....•. 118
4.2.3.2.2 - Cálculo dos principais quocientes •... 122
5.2 - Recomendações e sugestões de novas pesquisas 132
LISTA DE TABELAS
TABELA 1
-
Número de abertura do capital no País 18TABELA 2
-
Emissões públicas de capital no totaldas emissões de capital
. . .
.
. .
. . .
.
.
19TABELA 3
-
Emissões de capital...
20TABELA 4
-
Instituições financeiras e lançamentospúblicos de ações e debêntures
...
21TABELA 5
-
Emissões de capital no País e suas re-lações com o PIB e com a formaçãobru-ta de capibru-tal fixo
. . . .
.
. . .
. . .
.
.
. .
.
. .
.
22TABELA 6
-
Movimento das bolsas de valores de Santa Catarina e Rio Grande do Sul emseu último ano de funcionamento
...
26TABELA 7
-
Quocientes de liquidez corrente-
Per-digão
...
115TABELA 8
-
Quocientes de rentabilidade-
Perdigão 116TABELA 9
-
Quocientes de endividamento-
Perdigão 117TABELA 10
-
Quocientes de liquidez corrente-
Weg 122TABELA 1 1
-
Quocientes de rentabilidade-
Weg 123QUADRO
QUADRO
1 - Evolução das contratações de recursos (1980/84) BRDE
2 - Evolução das contratações de recursos (1985/88) BRDE
por fontes
por fontes
QUADRO 3 - Evolução e composição das contratações
30
32
por setor da economia (1980/84) BRDE .. 34
QUADRO 4 - Evolução e composição das contratações
por setor da economia (1985/88)BRDE .. 36
QUADRO 5 - Evolução e composição das contratações
por setor da economia (1975/79) BADESC 40
QUADRO 6 - Evolução e composição das contratações
por setor da economia (1980/83) BADESC 42
QUADRO 7 - Evolução e composição das contratações
por setor da economia (1984/88) BADESC 44
QUADRO 8 - Evolução das contratações por fontes
de recursos (1975/79) BADESC ... 46
QUADRO 9 - Evolução das contratações por fontes
de recursos (1980/84) BADESC ... 48
QUADRO 10 - Evolução das contratações por fontes
de recursos (1985/88) BADESC ...•.. 50
QUADRO 11 - Volume de recursos aprovados - FUNDESC, por ramo de atividades - de 1969 a
1975 ...•..•....••.•... 55
QUADRO 12 - Volume de recursos aprovados - PROCAPE,
por programa ... 57
QUADRO 13 - Balanços patrimoniais reclassificados
- Perdigão ... 111
QUADRO 14 - Demonstrativos de resultados
XI
QUADRO 15 - Balanços patrimoniais reclassificados
- We g ... 11 8
QUADRO 16 - Demonstrativos de resultados
Este estudo buscou descrever e discutir o
pro-cesso de abertura de capital de empresas catarinenses,
através de sua narrativa histórica, suas vantagens e
des-vantagens, e a influência das agências governamentais de
fomento em todo esse processo.
Foram pesquisados dois grupos empresariais, o
Grupo Perdigão e o Grupo Weg, empresas que nasceram e se
desenvolveram no Estado de Santa Catarina.
A revisão da literatura e dos fundamentos
teó-ricos foi centrada no estudo sobre o mercado de
capi-tais no Brasil, política de fomento industrial praticada
pelo governo do Estado de Santa Catarina, tópicos gerais
ligados
à
evidenciação eà
análise econômico-financeirade empresas.
Os resultados obtidos proporcionaram uma
análi-se mais detalhada do processo de abertura de capital
des-sas empredes-sas e sua confrontação com o determinado pela
literatura pertinente.
XIII
governo estadual, no sentido de possuir mecanismos que
possam fomentar o crescimento industrial e alerta aos
administradores de empresas com potencial para abertura
de capital, que estudem todo o processo pelo qual
passa-ram essas companhias.
Finalmente, o presente trabalho apresenta
di-versas sugestões para o desenvolvimento de outras
The aim of this study was to describe and
discuss the process of capital opening of some companies
in the State of Santa Catarina, through their historie
narrative, their advantages and disadvantages, and the
influence of the governmental supporting agencies
throughout this processo
Two companies were focused in this research,
the "Perdigão" Group and the "Weg" Group, a:xnpanies which
began and developed in the State of Santa Catarina.
The review of the bibbliography and of the
theoretical bases was centered around the study of the
stock market in Brazil, of the industrial support policy
implemented by the State Government of Santa Catarina,
of general topics related to the description and to the
financial-economic analysis of some companies.
The results obtained from the research provided
a more detailed analysis of the process of capitalopening
of those companies as well as a comparison with the
xv
Furthermore, the study offers the State Government
some suggestions towards the development of devices that
might foster industrial growth and recommends the study
of the entire process which the companies investigated
have gone through to managers of companies with potential
for capital opening.
Finally, the present study offers several
suggestions for the development of further research in
A escolha desse assunto deu-se, principalmente,
pela necessidade de se desenvolverem estudos nessa área,
com o intuito de fornecer informações que possam ser
uti-lizadas por empresários que pretendem no futuro abrir o
capital de suas empresas. Por outro lado, pretendeu-se
também demonstrar a necessidade de uma açao continuada
por parte da administração pública no sentido de
fomen-tar o desenvolvimento industrial do Estado.
Santa Catarina, em que pese ser um dos menores
Estados da Federação, tanto em extensão territorial
quan-to em número de habitantes, apresenta um parque
indus-trial composto de diversas empresas de expressão
nacio-nal.
A maioria das empresas catarinenses nasceu de
pequenos negócios, administrados dentro de uma
estrutu-ra familiar e crescendo ao longo do tempo. Atingindo uma
determinada estrutura, o empresário sentia que sua
em-presa tinha um grande potencial de crescimento,
possuin-do um nome sólipossuin-do e um mercapossuin-do em franca expansão, afora
2
estava limitada por uma administração familiar e os
in-vestimentos só podiam ir até o volume que a fortuna
pes-soal dos sócios proprietários permitisse.
A partir dessa constatação, começava a nascer
a idéia de transformar a empresa em sociedade por açoes.
Inicialmente de capital fechado, ensaiava uma timida
re-organização administrativa, através da contratação de
profissionais qualificados para alguns setores,
indepen-dente da existência de laços familiares. Dessa maneira,
estava dado o primeiro passo em direção à abertura do
ca-pital da empresa.
1.1 - Objetivos do estudo
o
presente estudo tem por objetivo descrever ediscutir de forma aprofundada o processo de abertura de
capital das empresas catarinenses.
Através de sua narrativa histórica, abordam-se
os aspectos culturais de seus empresários e o impacto
causado na administração destas empresas, apos a
abertu-ra de seu capital.
Do ponto de vista administrativo, abordam-se as
vantagens e desvantagens provocadas por esta abertura, o
nivel atual de expansão de seus negócios e o seu
cionamento com o mercado.
rela-Objetiva, também, verificar a açao
governamen-tal nesse processo, a fim de constatar até que ponto
es-tas agências de fomento influiram no desenvolvimento das
empresas pesquisadas.
Para atingir os diversos objetivos propostos, o
presente estudo foi encaminhado no sentido de
possibili-tar resposta às seguintes indagações:
- Como se deu o processo de abertura de capital
das empresas catarinenses?
Qual a influência das agências governamentais
de fomento no processo de abertura de capital das
empre-sas?
Ao responder estas perguntas, procurou-se
veri-ficar se, com a abertura de seu capital, a empresa
atin-giu os objetivos ou não, e quais as conseqüências
econô-micas, financeiras e organizacionais oriundas desse
pro-cesso.
A seguir, anotam-se as premissas básicas que
nortearam este estudo:
A) Existe relação entre o processo de abertura
de capital das empresas catarinenses e os aspectos
cul-turais de seus empresários;
B) A abertura de capital das empresas trouxe
con-4
tábil (evidenciação e relacionamento com o mercado);
C) O aporte de recursos oriundos de agências
go-vernamentais de fomento foi decisivo para a abertura de
capital das empresas.
1.2 - Estrutura do estudo
Este estudo foi estruturado da seguinte forma:
- o prmeiro capítulo aborda os objetivos e a
forma de organização do trabalho;
o segundo capítulo estuda de forma sumária a
literatura pertinente à história do mercado de capitais
no Brasil, o processo de abertura de capital de
empre-sas, as pesquisas realizadas sobre o assunto no
País,tó-picos gerais ligados à evidenciação e a análise
econômi-co-financeira das empresas;
- o terceiro capítulo estabelece a metodologia
a ser usada no tocante ao universo da pesquisa, seus ins-trumentos e suas variáveis, bem como sua
operacionaliza-ção e análise;
- o quarto capítulo descreve e analisa os
re-sultados levantados nas empresas pesquisadas,
diversos aspectos;
- o quinto capítulo resume as conclusões do
es-tudo e estabelece as recomendações consideradas mais
2 - REVISAo DA LITERATURA
2.1 - COnsiderações iniciais
A revisão da literatura abrangeu diversos
as-pectos ligados à abertura de capital de empresas no Bra-sil e do mercado em que este processo ocorre.
Este encontra-se estruturado da seguinte forma:
- breve histórico sobre o mercado de
no Brasil;
capitais
- o processo de abertura de capital de
empre-sas no Brasil;
- o processo de abertura de capital de
empre-sas em Santa Catarina;
- principais pesquisas sobre a abertura de
2.2 - Breve histórico sobre o mercado de capitais no Brasil
Segundo sá:
lia evolução histórica do mercado de ações em nosso Pais pode ser dividida em quatro fases:
1) fase anterior
à
Lei de Mercado de Capitais - Lei 4.728, de 14.07.1965;2) fase entre a Lei de Mercado de Capitais e a lei que reformulou o fun-cionamento das sociedades por ações Lei 6.404, de 15.12.76;
3) fase entre a Lei das Socieda-des por Ações e o inicio do Plano Cru-zado - 28.02.86;
4) fase posterior ao Plano Cruza-do - a partir de março de 1986.,,1
Na primeira fase, anterior a 1965, as bolsas de
valores e o mercado acionário tinham papel não muito
re-levante no desenvolvimento da economia. A partir de 1950,
com a politica de substituição das importações, começou
a se implantar no Brasil um emergente parque industrial
com o surgimento de grandes empresas. Nesta epoca, no
rastro das grandes montadoras multinacionais, surgiram
diversas empresas nacionais. Com isso, apareceram as
in-dústrias de autopeças, acessórios,de quimica, de
cons-SÁ, Geraldo Tosta de. Mercado de Ações
&
BoZsa deVa-Zores. Rio de Janeiro, Aplicação Ed.Técnica, 1987.
8
trução naval, de eletrodomésticos, etc. O governo
inves-tia maciçamente na infra-estrutura, através da
constru-çao de rodovias, hidroelétricas e telecomunicações.
Nessa epoca, as empresas tradicionais com
admi-nistração familiar tinham o seu capital fechado. As
com-panhias dos setores industrial e de serviço, que
surgi-ram no Brasil após 1950, viesurgi-ram a se constituir nas
pri-meiras empresas de capital aberto do Pais.
Algumas sociedades de crédito e financiamento e
outras poucas de investimento já atuavam naquele tempo,
inclusive trabalhando na abertura de capital de empresas
e com fundos mútuos de investimento.
A partir de 1965, inicia-se uma nova fase com a
criação da Lei 4.728, de 14.07.1965, denominada Lei do
Mercado de Capitais, a qual disciplinou e estabeleceu os
parâmetros para o seu desenvolvimento. Segundo Medeiros:
2
"A Lei nQ 4.728/65 colocou o mercado de capitais sob a disciplina do Conse-lho Monetário Nacional e a fiscaliza-ção do Banco Central. A modernizafiscaliza-ção das práticas de mercado refletiu-se na preocupação com o acesso do público a informações fidedignas sobre as emis-sões e as empresas, e na proteção de investidores contra fraudes e manipu-lações."2
MEDEIROS, Paulo de Rio de Janeiro, Técnicos, 1987.
Tarso. O que
é
o mercado de ações. Simposium Consultoria e ServiçosCom o disciplinamento do mercado I o Governo
ini-ciou uma politica de incentivos fiscais visando a
capi-talização das empresas, determinando um aumento
signifi-cativo na demanda de papéis no mercado. O Decreto-Lei n9
157, em 1967, determinou o aparecimento dos investidores
institucionais, através dos fundos mútuos de
investimen-to.
Em 1976, duas leis consolidaram em definitivo o
mercado de ações no Brasil e deram inicio à terceira
fa-se. A Lei n9 6.404/76, Lei das Sociedades por Ações,
vem a イ・セッイュオャ。イ@ toda a legislação anterior. A Lei n9
6.385/76 dispõe sobre o mercado de valores mobiliários e
determina a implantação da Comissão de Valores
Mobiliá-rios - CVM -, entidade autárquica vinculada ao
Ministé-rio da Fazenda, à qual compete fiscalizar
permanentemen-te as atividades e os serviços do mercado de valores
mo-biliários, bem como a veiculação de informações
relati-vas ao mercado, às pessoas que dele participem
valores nele negociados.
e aos
A quarta fase teve inicio em 1986. As
aplica-çoes financeiras atingiam rendimentos nominais bastante
elevados, fazendo com que os investidores aplicassem suas
poupanças em ativos financeiros em detrimento dos ativos
produtivos. Com o objetivo de retomar o controle da
eco-nomia, o governo baixou um decreto-lei instituindo o
10
o
mercado acionário reagiu prontamente. Com ovalor da Obrigação do Tesouro Nacional - OTN -
congela-do, cairam drasticamente os rendimentos nominais dos
ati-vos financeiros, havendo com isso uma colossal
transfe-rência de recursos desses ativos para o mercado de açoes
e para o consumo, principalmente de bens duráveis.
Po-rem, o excesso de consumo e o ágio cobrado na venda de
produtos, como forma de burlar o congelamento,
provoca-ram uma nova fase inflacionária a qual determinou uma
baixa continua nas ações negociadas nas bolsas de
valo-res do pais.
2.3 - O processo de abertura de capital de empresas no Brasil
O mercado de açoes necessita, fundamentalmente,
de um grande número de empresas de capital aberto para
que os investidores se sintam atraidos a alocar seus
re-cursos em ações. A esse respeito Simonsen afirma:
"Nunca
ã
demais insistir na importân-cia do mercado de ações para o desen-volvimento da livre empresa. A empresainvestidor supletivo. A verdade é que a história do avanço estatal na produ-ção, tanto no Brasil corno alhures, não é apenas o resultado de preconceitos ideológicos e da ambição da burocra-cia. É também, e em grande parte, o resultado da falta de espírito asso-ciativo, que limita o tamanho da em-presa à fortuna do seu controlador e a sua capacidade de a alavancar via em-préstimos."3
Do exposto acima, infere-se que para o
desen-volvimento de uma economia aberta
é
necessário ummerca-do de ações sério e organizamerca-do, com empresários
oonscien-tes da importância da socialização do capital para o
de-senvolvimento de suas empresas.
Para desenvolver-se plenamente, urna
empresapre-cisa de urna estrutura de capital compatível com suas
ne-cessidades. Seu dimensionamento é ditado pelas políticas
de investimento e financiamento da companhia.
A política de investimento da empresa é
deter-minada pelo ajustamento das diversas partes que compoem
a sua estrutura, com o objetivo de maximização do lucro
do capital investido. Por esse motivo, as diversas
par-tes que formam o ativo passam por constanpar-tes
modifica-ções, visando combinações ótimas que possibilitem a
ma-ximização desse lucro.
12
A política de financiamento da empresa é
deter-minada pelo ajustamento das fontes de recursos (próprios
e de terceiros) que deverão suprir as necessidades de
investimentos, também com o objetivo de otimização do
lu-cro da companhia.
Tendo em vista a necessidade de fomentar o
cres-cimento do mercado acionário, com o objetivo de
adequadamente estas políticas de investimento e
mento das empresas, o Governo sancionou a lei n9
atender
financia-4 6.385 ,
de 07 de dezembro de 1976, que dispõe sobre o mercado de
valores mobiliários e cria a Comissão de Valores
Mobi-liários - CVM -, cujo papel principal seria o de
regula-mentar e fiscalizar de maneira permanente as atividades
e os serviços do mercado de valores mobiliários, com
ju-risdição em todo o território nacional.
Porém, estariam sob a ação da CVM apenas as
em-presas de capital aberto. A Lei das Sociedades por Ações,
em seu capítulo 1, artigo 4, determina:
"Para os efeitos desta lei, a compa-nhia é aberta ou fechada, conforme os valores mobiliários de sua emissão es-tejam ou não admitidos
à
negociação em bolsa ou no mercado de balcão."54 LEI DAS SOCIEDADES POR AÇOES. 8.ed.
1979. p.207. são Paulo,Atlas,
Para abrir seu capital, uma empresa terá que
ne-cessariamente estar constituida sob a forma juridica de
sociedade anônima. O artigo 19, da Lei 6.385, determina
que o pedido dos registros de companhia aberta e de
dis-tribuição pública de valores mobiliários devam ser
enca-minhados
à
Comissão de Valores Mobiliários que osdefe-rirá ou não.
Assim, conforme sá:
"As normas e regulamentos que devem ser obedecidos para o atendimento des-ses pedidos estão expostos na instru-ção 32 da CVM, de 16.03.84, e na ins-trução 13 da CVM, de 30.08.80. Em re-sumo, tais pedidos devem ser instrui-dos com os seguintes documentos:
1) requerimento assinado pelo Di-retor de Relações com o Mercado, con-tendo as seguintes informações;
a) principais caracterlstidas da distribuição de valores mobiliá-rios; ou
b) dispersão acionária da com-panhia e forma pela qual suas ações
foram distribuldas no mercado;
2) ata da reunião do Conselho de Administração, caso o Diretor de Rela-ções com o Mercado tenha sido designa-do para a função pelo referidesigna-do Conse-lho;
3) quando se tratar de pedido de registro para negociação em Bolsa de Valores, declaração desta informando o deferimento do pedido de admissão e negociação dos valores mobiliários da companhia condicionado apenas a ob-tenção do registro na CVM;
14
5) demonstrações financeiras e notas explicativas previstas no artigo 176 da Lei 6.404/76, referente aos três últimos exercícios sociais, indi-cando os jornais e datas em que foram publicadas;
6) relatório da administração re-ferente ao último exercício social ela-borado de acordo com o artigo 133 da mesma Lei;
7) parecer do auditor independen-te, devidamente registrado na CVM, re-lativo às 、・セッョウエイ。・ウ@ financeiras do último exercício sociali
8) atas das Assembléias Gerais de Acionistas realizadas nos 12 meses an-teriores à data de pedido do registro na CVMi
9) fac-símile dos certificados de todos os tipos de valores mobiliários emitidos pela companhia, ou, se for o caso, indicação da instituição contrtada para a execução de serviço de a-ções escriturais e data do contratoi
10) formulário anexo referente a informações anuais IAN, da CVMi
11) informações trimestrais do e-xercício social em curso até o trimes-tre cujo encerramento anteceder mais de 60 dias da data do pedido de regis-tro - ITR da CVM."6
Além dos pré-requisitos acima exigidos para
oon-cessa0 do registro, as companhias atuantes no mercado de
capitais estão sujeitas à Lei 6.404, de 15.12.76 Lei
das Sociedades por Ações -, instruções normativas da
Co-missão de Valores Mobiliários e Banco Central do Brasil,
bem como a legislação do imposto de renda.
Observa-se que existem "pr6s" e "contras" para
a abertura de capital das empresas. Dentre os aspectos
favoráveis podem-se ressaltar: o fluxo de recursos de
investidores para a empresa através de oferta pública
e-vita o excessivo endividamento e dá
à
companhia recursosestáveis para que possa fazer frente aos seus planos de
investimentos; as açoes passam a ter a cotação oficial
de mercado e, conseqüentemente, conforme o volume de
seus papéis negociados, estas açoes passam a ter maior
liquidez e com isso a empresa ganha prestigio e chama a
atenção de maior massa de investidores; as companhias de
capital aberto possuem melhores condições de
endivida-mento (maiores volumes, melhores taxas, melhores prazos);
melhoria na evidenciação das peças contábeis ocasionadas
por imposições legais ou voluntárias, com o objetivo de
bem informar aos seus acionistas e aos investidores em
potencial.
Dentre os aspectos desfavoráveis, destacam-se:
situações em que informações que a administração
gosta-ria que fossem sigilosas tenham de ser tornadas
públi-cas; determinações de ordem legal que estão atadas a
abertura, tais como: direitos de acionistas dissidentes,
assembléias especiais com quorum qualificado,
profissio-nalização da administração, etc.; decisões envolvendo
envol-16
ver maior moderação, tendo em vista que uma queda na
ren-tabilidade da empresa, bem como longos períodos sem
pa-gamento de dividendos podem provocar um impacto negativo
na liquidez de suas ações.
Infere-se, pelo exposto, que existe uma série
de situações que sinalizam para uma abertura de capital,
porém todas apresentam aspectos positivos e negativos.
As empresas de capital aberto no Brasil
envol-vem um contingente de empregados, diretamente ligados a
7
elas, da ordem de 2.000.000 de pessoas, afora os
envol-vidos indiretamente, o que deixa clara sua expressiva
alavancagem social. Estima-se em 4 milhões o numero de
acionistas individuais no Brasil e o total de companhias
abertas supera o registrado tanto na Alemanha quanto na
França.
7
sá afirma:
"No final de 1985 existiam cerca de 1.000 companhias abertas em todo o país. ( ... )
. 55% de todos os impostos dire-tos e indiredire-tos são gerados pelas com-panhias abertas;
. 26% de todas as exportações e-fetuadas no Brasil são de produtos e serviços produzidos pelas companhias abertas;
. 34% de todos os empregados no pais são decorrentes da atividade di-reta e indidi-reta das companhias aber-tas."8
Pelo citado, pode-se perceber que as
compa-nhias abertas representam papel preponderante em nossa
economia, sendo que existem diversas entidades
interes-sadas em estudar o potencial de empresas que poderiam vir
a abrir seu capital.
A Bolsa de Valores de são Paulo - BOVESPA - em 9
pesquisa realizada em 1988 ,concluiu que existem 3.040
empresas no Brasil com potencial de abertura de capital.
A seguir, sao apresentadas algumas tabelas
so-bre a evolução da abertura de capital no pais.
Os dados da Tabela 1 referem-se a evolução do
numero de empresas que abriram seu capital, no per iodo
de 1978 a 1987.
8
9
SÁ, Geraldo Tosta de. Op.cit., p.49.
PALHARES, Dario. Dando as mãos para ampliar a rota.
Revista BaZanço Financeiro, são Paulo, setembro de
18
TABELA 1 - Número de aberturas de capital no pa{s
VIA EMISSÃO DE
ANOS TOTAL
ACOES DEBt:NTURES
1978 7 7
1979 10 1 11
1980 26 18 44
1981 18 48 67
1982 16 71 87
1983 8 34 42
1984 20 14 34
1985 31 9 40
1986 50 1 51
1987 1 1 3 14
FONTE: CVM.
Publicado no "Balanço Social de Mercado de tais". Comitê de Divulgação de Mercado de Capi-tais - CODIMEC/88, p.11.
Observa-se que o volume de abertura de capital
no pais cresceu significativamente de 1978 até 1982
(1142%). De 1983 em diante não houve um comportamento
uniforme. Em 1986 registrou-se o maior número de
empre-sas que abriram seu capital após 1982, provocado
princi-palmente pelo Plano Cruzado.
A Tabela 2 relaciona as emissões públicas de
capital, com o total das emissões feitas no pais, no
TABELA 2 - Emissões públicas de capital no total das e-missões de capital
VALORES DAS RELAÇÃO (%) ENTRE AS EMISSOES DE EMISSOES PÚBLICAS E
ANOS CAPITAL AS EMISSOES TOTAIS*
PÚBLICA TOTAL
(US$ (US$
MILHOES) MILHOES)
1984 531 4.904 10,8
1985 586 3.761 15,6
1986 1 . 1 93 7.941 15,0
1987 389 5.763 6,7
*
Aumentos de capital em dinheiro e novas sociedades. FONTE: publicado no "Balanço Social do Mercadotais". cッュゥエセ@ de Divulgação do Mercado tais - CODIMEC/88, p.12.
de de
Capi-Do total das subscrições de açoes registradas
na Comissão de Valores Mobiliários desde o inicio dos
a-nos 80, as emissões para venda ao público representam
va-lores que oscilam entre US$ 250 e US$ 650 milhões
(ex-cepcionalmente US$ 1,2 bilhão em 1986), que em termos
percentuais significa uma variação entre 6 e 16% do
to-tal.
A Tabela 3, a seguir, identifica, de 1984 a
1987, as origens dos recursos investidos no aumento de
20
TABELA ;3 - Emissões de capital
TOTAL EM PERCENTUAL DO TOTAL GERAL NOVAS AUMENTOS DE CAPITAL ANOS
(US$ SOCIE- INCORPO- REAVA-
SUBS-MI- DADES RAÇAO LIAÇAO CRIÇAO
OU-LHOES) DE RE- DE EM DI- TROS
SERVAS ATIVOS NHEIRO
1984 19.854 1 , 1 70,4 3,5 23,6 1 ,4
1985 27.450 0,6 82,6 0,4 1 3, 1 3,3
1986 40.935 1 ,3 78,5 0,8 1 8 , 1 1 ,3
1987 24.113 1 , 1 69,8 1 ,9 22,8 4,4
FONTE: Conjuntura Econômica.
Publicado no "Balanço Social do Mercado de Capi-tais" . Comitê de Divulgação do Mercado de Capi-tais - CODIMEC/88, p. 13.
A reinversão de lucros tem-se revelado como a
principal fonte de recursos para o aumento de capital das
empresas. A Fundação Getúlio Vargas consolidou números
de 18 mil sociedades anônimas do pais. A tabela acima
re-fere-se aos números das 1.000 maiores empresas
consoli-dadas, os quais demonstram que, de 1984 a 1987, de 70 a
80% dos aumentos de capital ocorreram por incorporação
de reservas. No periodo, as subscriçôes em dinheiro e a
constituição de novas sociedades anônimas oscilaram
en-tre US$ 4 e 8 bilhôes ao ano.
A Tabela 4, a seguir, trata da atuação das
di-ferentes instituições financeiras, nas emissões públicas
TABELA 4 - Instituições financeiras e Zançamentos púbZi-cos de ações e debêntures
PARTICIPAÇOES DAS ErUSSOES POBLICAS (%)
INSTITUIÇOES 1986 1987
FINANCEIRAS
AÇOES DEBE:N TOTAL AÇOES DEBtN TO-TURES TURES TAL
Bancos de
In-vestimento 64 51 62 34 7 32
Corretoras 23 20 23 53 86 55
Distribuidoras 4 20 6 5 7 5
BNDES 3 9 3 7 7
Outros 6 5 1 1
TOTAL 100 100 100 100 100 100
TOTAL US$ MILHOES 1.198 138 1 .338 389 27 416
FONTE: CVM.
Publicado no "Balanço Social do Mercado de tais". Comitê de Divulgação do Mercado de Capi-tais - CODIMEC/88, p.10.
Em 1986, ,quando o lançamento de emissões
públi-cas de ações atingiu o seu ponto mais alto nesta
déca-da, os bancos de investimento participaram em 64% do
total das operações de lançamentos. Em 1987, cresceu a
participação das corretoras, atingindo neste ano 53% do
total das operações, contra apenas 34% dos bancos de
in-vestimento. Nos dois anos analisados, o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES - participou
em 3% do total dos lançamentos em 1986 e em 7% das
22
A tabela a seguir relaciona as emissões de
ca-pital com o produto interno bruto e com a formação de
capital fixo, num periodo de quatro anos.
TABELA 5 - Emissões de capital no pais e suas
com o PIB e com a formação bruta de fixo
relações capital
RELAÇOES COM O PIB(%) RELAÇOES COM A FORMAÇÃO DE CAPITAL FIXO (% ) ANOS
TOTAL DAS EMISSOES DE TOTAL DAS EMISSOES DE EMISSOES NOVO CAPI- EMISSOES NOVO CAPITAL
DE TAL E DAS DE E DAS
CAPITAL SUBSCRIÇOES CAPITAL SUBSCRIÇOES EM DINHEIRO EM DINHEIRO
1984 9,5 2,3 61 15
1985 12 , 1 1 , 7 76 1 1
1986 15,1 2,9 85 16
1987 7,7 1 ,8 48 12
FONTE: Balanço Social do Mercado de Capitais. Comitê de Divulgação do Mercado de Capitais - CODIMEC/88,p. 15.
Entre 1984 e 1987, as subscrições em dinheiro e
a constituição de novas sociedades oscilaram entre 2 e
3% do total da produção de mercadorias e serviços do pais
(relação com o Produto Interno Bruto - PIB). Com
rela-ção à formação bruta de capital fixo, essas subscrições
variaram entre 11 e 16%. Esse indicador é usado para
Analisados em conjunto, esses quadros
demons-tram que existe um grande potencial para abertura de
ca-pital das empresas e emissões de ações, corno forma de
fa-zer frente às suas necessidades de investimentos,
atual-mente dependentes de limitadas linhas de crédito e de
sua capacidade de geraçao de lucros para
autofinanciar--se (lucro retido).
Observa-se que os recursos provenientes da
ven-da de ações não constituem um recurso barato, pois, por
ser urna operação que envolve mais risco, terá que,
ne-cessariamente, apresentar maior rentabilidade. Na
rea-lidade, o beneficio do capital acionário está na
estabi-lidade dos recursos.
Para Simonsen10 , nos últimos anos a relação
di-vida/capital provocou um aumento na alavancagem média
das empresas. Quando os juros reais estão baixos, as
em-presas apresentam grande alavancagemi porém, quando
au-mentam os juros, cresce consideravelmente o risco de
in-solvência. Dai o risco do excesso de alavancagem.
Empresas com expressiva rentabilidade sobre seus
investimentos, porém com grande nivel de endividamento,
procuram socializar o seu capital em busca da diluição
10 SIMONSEN, Mário Henrique. Ppivatização e abeptupa do
24
dos juros reais em epocas de taxas elevadas, visando
pri-mordialmente à diminuição de seus níveis de risco.
2.4 - O processo de abertura de capita1 de empresas em Santa Catarina
2.4.1 - Criação e evolução da Bolsa de Valores de Santa Catarina
Ao longo do tempo, Santa Catarina nunca
apre-sentou um número expressivo de empresas de capital
aber-to, em que pese a importância de seu parque industrial.
Tal fato deve-se, principalmente, à forte
es-trutura familiar na administração das empresas catar
i-nenses.
Apesar das constatações acima, algumas
empre-sas, tendo em vista a necessidade de crescer
acelerada-mente, não hesitaram em socializar seu capital para
fa-zer frente às suas necessidades de investimentos.
Em 1951, o Governador do Estado de Santa
Cata-rina assinava a Lei n9 581, criando a "Bolsa de Valores
de Santa Catarina".
o
início de suas operaçoes ocorreu um ano maistarde, em 1952, e funcionou como autarquia do Estado até
Gover-nador, como pessoas físicas, e ocupavam o cargo
denomi-nado "Corretor Oficial de Fundos pセ「ャゥ」ッウBN@
A Lei n9 4.728, de 14 de julho de 1965, em
con-junto com a Resolução n9 39, do Banco Central do Brasil,
reformulou a legislação anterior, transformando os
cor-retores em pessoas jurídicas, o que determinou o
surgi-mento das "sociedades corretoras de valores".
A partir desta Lei, quem pretendesse abrir uma
sociedade corretora teria necessariamente que
um título patrimonial da Bolsa de Valores.
adquirir
Em 1972, o Banco Central baixou a Resolução de
n9 231, estipulando um ョセュ・イッ@ mínimo de quinze
correto-ras para que pudesse operar uma bolsa de valores. A de
Santa Catarina possuía apenas sete corretoras, o que
de-terminou um leilão de oito novos títulos em 1974, para
continuar operando.
A Bolsa de Valores do Estado funcionou durante
vinte e seis anos e sempre apresentou um movimento
con-siderado fraco. Este fato era devido
à
preferência dosinvestidores em negociar na Bolsa de Valores de são
Pau-lo, onde encontravam maior agilização para seus
cios.
nego-O deslocamento destas transações de compra e
venda de ações para são Paulo provocava uma evasao de
26
enfraquecimento de sua economia.
Com o intuito de corrigir esta distorção e
for-talecer o mercado acionário no extremo sul do pais, foi
realizada uma assembléia conjunta no dia 25 de janeiro
1978, entre as bolsas de Santa Catarina e do Rio Grande
do Sul, cujos integrantes optaram pela fusão, nascendo
assim a Bolsa de Valores do Extremo Sul, com sede em
Porto Alegre.
A nova Bolsa era formada por vinte e oito
cor-retoras registradas, sendo cinco catarinenses, e cento
e trinta empresas de 」。ーゥエセャ@ aberto, das quais
eram gaúchas.
oitenta
Durante seu último ano de funcionamento, 1977,
as duas bolsas apresentaram o seguinte movimento,
con-forme demonstra a Tabela 6, a seguir. Observa-se que o
movimento da Bolsa de Valores de Santa Catarina era bem
menor do que o da Bolsa de Valores do Rio Grande do Sul.
TABELA 6 - Movimento das bolsas de valores de Santa
Ca-tarina e Rio Grande do Sul em seu último ano de funcionamento
BOLSAS
Santa Catarina
Rio Grande do Sul
T O T A L
N9 DE TÍTULOS NEGO-CIADOS (EM MILHOES)
29
158
187
VALORES (EM CR$ MILHOES)
40 258
298
2.4.2 - A política de fomento industrial praticada pelo Governo de Santa Catarina
A política de desenvolvimento industrial
prati-cada pelo Governo do Estado foi alicerçada basicamente
em:
a) um"orgao interestadual - Banco Regional de
Desenvolvimento do Extremo Sul - BRDEi
b) Banco de Desenvolvimento do Estado de Santa
Catarina - BADESCi
c) Fundo de Desenvolvimento do Estado de Santa
Catarina - FUNDESC -, este transformado através da Lei
n9 5.159, de 04 de novembro de 1975, no Programa
Espe-cial de Apoio à Capitalização de Empresas - PROCAPE.
A) O Banco Regional de Desenvolvimento do
Ex-tremo Sul - BRDE - foi criado através de um convênio
as-sinado pelos governadores do Paraná, Santa Catarina e
Rio Grande do Sul, em 15 de julho de 1961, e o seu
fun-cionamento foi autorizado pelo Decreto n9 51.617, de 5
de dezembro de 1962, da Presidência da República, o qual
dizia em seu Art. 19:
" t autorizado a funcionar o Banco
28
e Florianõpolis."11
o
termo "autarquia interestadual" criava umanova figura juridica no Direito brasileiro e foi alvo de
diversas criticas oriundas de outros Estados da
Federa-çao.
Em 22-de dezembro de 1961, foi instalado o BRDE
que, porem, so obteve sua carta patente de n9 7.431 em
10 de dezembro de 1962, iniciando suas operações no
úl-timo trimestre de 1962 e tendo como principal objetivo
diminuir as desigualdades regionais, notadamente as da
Região Sul em relação ao Estado de são Paulo.
riam:
As areas preferenciais de atuação do BRDE
se-"a) investimentos de infra-estrutura de interesse regional; b) projetos espe-ciais agropecuários de colonização e de reforma agrária; c) exploração in-dustrial, investimentos na pequena e média empresa, expansão e reequipamen-to das indústrias existentes; d) instala-ção de novas indústrias, notadamente as que utilizam a matéria-prima local, e outras de caráter pioneiro; e) cons-trução e ampliação de armazéns, silos, matadouros e frigorificos; f) consti-tuição e ampliação de empresas para exploração de serviços de entidade pú-blica; g) serviços de interesse regio-nal."12
11 DECRETO n9 51.617, de 5 de dezembro de 1962, publica-do no Diário Oficial da União.
1 2
FONSECA, Pedro Dutra. BRDE da hegemonia
ã
crise doEm seus vinte e sete anos de atuação,
o
BRDEsempre funcionou de acordo com os seus objetivos, dando
ênfase principalmente ao setor secundário da economia,
QUADRO 1 - EvoZução das contratações por fonte de recursos (1980/84) BRDE (em OTNs)
X
1980 1981 1982 1983 1984VAIDR % VAIDR % VAIDR % VAlDR % VAIDR %
BRDE 1.416.770 13,96 147.886 1,34 367.226 2,17 4.313.906 41,12 451.074 5,33
BACEN 413.491 4,07 1.109.862 10,03 724.721 4,27 378.547 3,61 154.020 1,82 Banco do
Brasil 13.982 0,14 913 0,01 3.549 0,02 594 0,01
BNDES 1.927.108 18,99 995.382 8,63 144.155 0,85 2.334.647 22,25 1.948.055 23,00
BNH/REGIS 95.056 0,94 95.063 0,86
mB 1.975.450 17,85 8.820.994 52,02
CPRM/BRDE/
Convênio 112.690 1,83
EMBRATUR/
セ@ 88.551 0,87 36.986 0,33 42.151 0,40 39.456 0,47
FlNAMB 5.963.241 58,77 2.573.307 23,25 360.945 2,13 1.117.010 10,64 894.423 10,56
FINEP 136.521 1,35 499.512 4,50 359.586 2,12 189.293 1,80 264.025 3,12
LEASE-BACK/mB 158.912 0,94 470.654 4,48 9.691 0,11
Resolução 63 86.374 0,85 974.129 8,80 1.502.356 8,86 74.993 0,71 1.156.604 1.3,66 Prestação de
Garantias 6.028 0,06 2.701.487 24,40 4.515.773 26,62 1.572.433 14,98 3.437.828 40,60
TOTAL 10.147.122 100,00 11.069.982 100,00 16.958.217 100,00 10.494.228 100,00 8.467.866 100,00
セM -
-FONTE: Demonstrativo das aplicações por origem de recursos. BRDE - Agência Florianópolls, junho/89.
Observa-se que os recursos contratados no
pe-ríodo compreendido entre 1980-84 oscilaram entre 8,5 e
11 mil OTNs, com exceção de 1982, onde as contratações
foram da ordem de 16,9 mil OTNs, ano em que estas
QUADRO 2 - Evolução das contratações por fontes de recursos (1985/88) BRDE (em OTN)
セ@
1985 1986 1987 1988FONTE
VAIDR % VAIDR % VALOR % VAIDR %
BRDE 686.540 10,78 26.863 0,30 297.107 2,49 22.521 0,25
BACEN 19.492 0,31 198.096 1,66 16.855 0,18 I
Banco do Brasil
BNDES 1.705.659 26,78 4.231.320 47,83 5.246.532 44,03 3.496.230 38,22
BNH/REGIS
COB
CPRM/BRDE/Convênio 27.596 0,43
EMBRATUR/FUNGETlJR 49.686 0,42 61.572 0,67
FlNAMB 2.044.759 32,11 3.679.946 41,60 5.542.074 46,51 3.136.255 34,29
FlNEP 775.317 12,18 57.041 0,64 161.856 1,36 52.299 0,57
LEASE-BACK/CDB 25.454 0,21 79.476 0,87
Resolução 63 295.965 4,65 104.440 1,18 366.717 3,08 182.946 2,00
Prestação de Garantias 812.692 12,76 746.739 8,45 29.587 0,24 2.099.188 22,95
TOTAL 6.368.020 100,00 8.846.349 100,00 11.917.109 100,00 9.147.342 100,00
_ .. _ - - -
-FONTE: Demonstrativo das aplicações por origem de recursos - BRDE - Agência Florianópolis, junho/89.
No per iodo compreendido entre 1985-88, o
pri-meiro foi o ano em que as contratações atingiram um
pa-tamar mais baixo (6,3 mil OTNs). A partir dai crescem a
razao de 35% ao ano até 1987, onde atingiram sua melhor
marca desde 1982 (11,9 mil OTNs), caindo para
OTNs em 1988.
QUADRO 3 - EvoZução e composição das contratações por setor da economia (1980/84) BRDE (em OTN)
ANO E COMPOSIÇÃO SETOR
1980 % 1981 % 1982 % 1983 % 1984
Primário 450.976 4,44 429.919 3,88 180.844 1,07 638.213 6,08 287.206
Secundário 2.063.650 20,34 5.910.798 53,39 2.927.560 17,26 5.931.748 56,53 4.977.930
Terciário 7.632.496 75,22 4.729.265 42,73 13 .849.813 81,67 3.924.267 37,39 3.202.730
TOTAL 10.147.122 100,00 11.069.982 100,00 16.958.257 100,00 10.494.228 100,00 8.467.866
%
3,39
58,79
37,82
100,00
FONTE: Demonstrativo das aplicações por setor de atividade econômica - BRDE - Agência Flo-rianópolis, junho/89.
w
Em 1980, as contratações no setor terciário
a-tingiram 75,22% do total, contra 20,34% do setor
secun-dário, e 4,44% do setor primário da economia.
Este quadro inverteu-se nos anos de 1981/83/84,
onde o setor secundário recebeu maior volume de recursos
(53,39%, 56,53% e 58,79%, respectivamente).
Em 1982, praticamente todas as contratações
QUADRO 4 - Evolução e composição das contratações por setor da economia (1985/88) BRDE (em OTN)
ANO E COMPOSIÇÃO SETOR
1985 % 1986 % 1987 % 1988
Primário 272.551 4,28 149.186 1 ,69 261. 903 2,20 236.114
Secundário 3.939.565 61 ,86 6.806.521 76,94 9.241.547 77,55 7.851.854
Terciário 2.155.904 33,86 1.890.642 21 ,37 2.413.659 20,25 1.059.374
T O T A L 6.368.020 100,00 8.846.349 100,00 11.917.109 100,00 9.147.342
%
2,58
85,84
11 ,58
100,00
FONTE: Demonstrativo das aplicações por setor de atividade econômica - BRDE - Agência Floria-nópolis, junho/89.
Ao longo do per iodo compreendido entre 1985-88,
as aplicações foram efetuadas de maneira bastante
acen-tuada no setor secundário da economia, sendo que, em
1988, 85,84% dos recursos contratados foram para este
38
B) O Banco de Desenvolvimento do Estado de
San-ta CaSan-tarina S/A - BADESC - foi constituido em 11 de
no-vernbro de 1973, através da Lei n9 4.950. Em 07 de agosto
de 1975, o Banco Central do Brasil - BACEN -, através do
expediente OIORC/CHEFIA - 75/264, autorizou seu
funcio-namento e aprovou seu estatuto social, bem corno
homolo-gou os nomes dos eleitos na assembléia geral de
consti-tuição do Banco. No dia 20 de agosto de 1975, o BACEN
e-mitiu sua carta patente de n9 1.350.
o
BAOESC foi criado com o objetivo de promovero desenvolvimento sócio-econômico de Santa Catarina.
Pa-ra atingir esse objetivo, o Banco optou pela elaboPa-ração
e desenvolvimento de programas que contemplassem
inves-timentos em setores ou regiôes prioritárias para o
Go-verno do Estado, através da alocação de recursos
pro-prios e de terceiros.
ma:
Oe acordo com o enfoque acima, a ASBADESC
afir-"A estratégia que compreende a adoção de urna postura em que o Banco figura corno agente indutor e catalisador de investimentos, diferindo sobrema-neira da tradicional forma de operar, que coloca as instituiçôes na condição de apenas atender a urna demanda que se manifesta espontaneamente."13
Esta estratégia determinou o aporte de recursos
em empresas catarinenses num volume bastante elevado,
servindo o BADESC, em muitos casos, apenas corno
inter-mediário financeiro, portanto sem ônus para o Estado.
A seguir, apresenta-se a evolução e composição
das contratações por setor da economia e por fonte de
QUADRO 5 - Evolução e composição das contratações por setor de economia (19?5/?9) BADESC (em OTN)
ANO E COMPOSIÇAo SEIDR
1975 % 1976 % 1977 % 1978 % 1979
Primário 87.233 2,96 21.357 0,55 91.295 3,79 61.272
Secun-dário 240.800 75,64 2.072.657 70,23 1. 767 . 511 45,20 1.165.391 48,42 1.058.469
Terciá-rio 77.545 24,36 791.251 26,81 2.121.246 54,25 1.150.449 47,79 1.417.292
%
2,42
41,72
55,86
TOTAL 318.345 100,00 2.951.141 100,00 3.910.114 100,00 2.407.135 100,00 2.537.033 100,00 FONTE: Anuário Estatistico - BADESC - 1978;
Relatório da Administração - BADESC - 1983; Relatório Geral - BADESC - 1984.
セ@
No período de 1975-79, o BADESC alocou seus
re-cursos entre os setores secundário e terciário da
econo-mia.
Nos dois primeiros anos as contratações foram
maiores no setor secundário (75,64% e 70,23%,
respecti-vamente). Nos três anos seguintes houve um relativo
equi-líbrio entre os dois setores.
Durante os anos analisados, o BADESC
mente nada aplicou no setor primário.
pratica-QUADRO 6 - Evolução e composição das contratações por setor da economia (1980/83) BADESC (em OTN)
ANO E COMPOSIÇÃO SETOR
1980 % 1981 % 1982 % 1983
Primário 425.499 3,80 25.710 0,47
Secundário 3.791.821 33,91 2.796.384 51 ,39 1.763.027 16,98 2.388.481
Terciário 6.966.298 62,29 2.619.480 48,14 8.619.248 83,02 1.474.490
%
61 ,83
38,17
T O T A L 11.183.618 100,00 5.441.574 100,00 10.382.275 100,00 3.862.971 100,00
FONTE: Anuário Estatístico - BADESC - 1978;
Relatório da Administração - BADESC - 1983; Relatório Geral - BADESC - 1984.
セ@
Nos anos de 1980-82, o BADESC aplicou
maciça-mente no setor terciário (62,29% e 83,02%). Em 1981
hou-ve um equilíbrio nas aplicações entre os setores
secun-dário e terciário, sendo que em 1983 ocorreu uma
aloca-ção maior de recursos no setor secundário (61,83%).
o
setor primário praticamente nao foiQUADRO? - EvoZução e composição das contratações por setor da economia (1984/88) - BADESC (em OTN)
ANO E COMPOSIÇÃO SETOR
1984 % 1985 % 1986
Primário 118.972 9,08 294.377 13,26 424.276
Securrlário 874.753 66,76 1.710.087 77,03 4.456.723
Terciário 316.577 24,16 215.652 9,71 1.147.787
TOTAL 1.310.302 100,00 2.220.116 100,00 6.028.786
- - - _ .. _ -
-FONTE: Anuário Estatístico - BADESC - 1978;
Relatório da Administração - BADESC - 1983; Relatório Geral - BADESC - 1984.
%
7,04
73,92
19,04
100,00
1987 % 1988 %
284.000 1,98 738.000 6,62
9.690.000 67,69 9.006.000 80,83
4.552.000 30,38 1.398.000 12,55
14.326.000 100,00 11. 142.000 100,00
セ@
Ao longo do período compreendido entre 1984-88,
os recursos foram alocados mais acentuadamente no setor
secundário da economia (66,76%, 77,03%, 73,92%, 67,69%
e 80,83%, respectivamente).
Observa-se que, em 1985, o setor primário
tratou mais recursos que o setor terciário (13,26%
QUADRO 8 - Evolução das contratações por fontes de recursos (1975/79) BADESC (em OTN)
セ@
1975 1976 1977VALOR % VALOR % VALOR
Avais e Fianças 147.376 46,29 325.490 11,03 565.693 BNDES 95.555 30,02 1.366.969 46,32 992.346 Direitos
Credi-tícios
-
-
-
-
-CEF 9.165 2,88 447.200 15,15 667.622
FINEP
-
-
-
-
29.948FUNDESC
-
-
-
-
20.536OUtras aplicações
-
-
-
-
-FUNGE:I'UR
-
-
-
-
82.369BACEN
-
-
190.552 6,46 942.581BNH 66.249 20,81 375.629 12,73 284.291
BADESC
-
-
245.331 8,31 324.728TOTAL 318.345 100,00 2.951.141 100,00 3.910.114
FONTE: Anuário Estatístico - BADESC - 1978;
Relatório da Administração - BADESC - 1983; Relatório Geral - BADESC - 1984.
% 14,47 25,38
-17 ,07 0,77 0,53 -2,10 24,11 7,27 8,30 100,001978 1979
VALOR % VALOR %
265.947 11,05 455.843 17,97 459.873 19,10 508.937 20,06
-
-
-
-297.208 12,35 394.274 15,54 I
I
-
-
-
-7.012 0,29 16.726 0,66
-
-
20.198 0,8011.224 0,47 75.168 2,96 676.187 28,09 239.481 9,44 318.804 13,24 543.159 21,41 370.880 15,41 283.248 11,16
2.407.135 100,00 2.537.034 100,00
Entre 1975/79, o volume de contratações, com
exceçao do primeiro ano e de 1977, apresentou-se
QUADRO 9 - EvoZução das contratações por fontes de recursos (1980/84) BADESC (em OTN)
1980 1981 1982
VAIDR % VAIDR % VAIDR
Avais e
Fianças 694.020 6,21 243.241 4,47 471.284 BNDES 4.674.882 41,80 1.811.684 33,29 511.209 Direitos
Creditícios 570.643 10,49 1.826.102
CEF 133.317 1,19 40.156 0,74 108.112
FlNEP 16.178 0,30 37.573
FUNDESC Outras
aplicações 285.556 2,56 26.328 0,48 650.186
FtN;EI'UR 205.813 1,84 67.912 1,25 21 .123
BACEN 2.318.625 20,73 949.626 17 ,45 416.248
BNH 1.570.218 14,04 538.506 9,90 538.132
BADESC 1.301.187 11,63 1. 177.110 21,63 5.802.306
TOTAL 11.183.618 100,00 5.441.574 100,00 10.382.275
FONTE: Anuário Estatístico - BADESC - 1978;
Relatório da Administração - BADESC - 1983; Relatório Geral - BADESC - 1984.
% 4,54 4,92 17 ,59 1,04 0,36 6,26 0,20 4,02 5,18 55,89 100,00
1983 1984
VAIDR % VAIDR %
161.130 4,18 40.705 3,10 2.433.348 62,99 844.415 64,44
58.225 1 ,51
64.737 1,68 29.850 2,28 101.507 2,63
59.498 1,54 1.312 0,10 50.573 1,30 25.922 1,98 167.657 4,34 182.989 13,97 135.196 3,50
630.920 16,33 185.108 14,13
3.862.971 100,00 1.310.302 100,00
セM
-"'"
Durante este periodo (1980-84), o volume das
contratações oscilou bastante. Em 1986 foram contratados
recursos da ordem de 11,1 mil OTNs, caindo 51 ,34 % em 1981, aumentando 90,79% em 1982, voltando a cair 62,79%
em 1983 e 66,08% em 1984, ano em que atingiu seu patamar
mais baixo. Estas oscilações foram medidas comparando-se
QUADRO 10 - Evolução das contratações por fontes de recursos (1985/88) BADESC (em OTN)
1985 1986
FONTE VALOR % VALOR %
Avais e Fianças 89.000 2,61 3.675.000 11 ,20
BNDES 2.542.000 74,46 5.042.000 83,64
Direitos Creditícios
CEF 79.000 2,31 107.000 1 ,78
FINEP 13.000 0,22
FUNDESC
Outras aplicações
FUNGETUR 1 .000 0,03
BACEN 347.000 10,16 40.000 0,66
BNH
BADESC 356.000 10,43 151.000 2,50
T O T A L 3.414.000 100,00 6.028.000 100,00
FONTE: Anuário Estatístico - BADESC - 1978;
Relatório da Administração - BADESC - 1983; Relatório Geral - BADESC - 1984.
1987 1988
VALOR % VALOR %
7.000 0,06
11.929.000 83,27 10.481.000 94,07
386.000 2,69 127.000 1 ,14
230.000 2,06
2.011.000 14,04 297.000 2,67
14.326.000 100,00 11.142.000 100,00
U1
Observa-se que durante os anos de 1985-88,
hou-ve um crescimento nas contratações de recursos,
atingin-do em 1987 o seu ponto mais alto (14,3 mil OTNs) e
52
C) O Fundo de Desenvolvimento do Estado de
San-ta CaSan-tarina - FUNDESC - foi criado pela Lei n9 3.390, de
23 de dezembro de 1963, e o regime de incentivos foi
ins-tituido pela Lei n9 4.225, de 18 de outubro de 1968, que
dispunha em seu Artigo 3:
"Fica criado o regime de incentivos, cujo produto deverá ser aplicado na tornada de ações ou cotas de sociedades industriais que vierem a se instalar em municípios incluídos em 'zonas de desenvolvimento prioritário' e que tenham tido os seus projetos aprovados pelo Conselho de Administração do FUNDESC."
Assim, o Estado definia as regiões prioritárias
para alocação de projetos industriais, visando
princi-palmente à geração de empregos e o acréscimo na arreca-dação do imposto de circulação de mercadorias - rCM.
o
regime de incentivos funcionava da seguintemaneira: o contribuinte destacava 10% (dez por cento) do
total do rCM a recolher para aplicar em empresas cujo
projeto tivesse sido aprovado pelo Conselho
Administra-tivo do FUNDESC. Em contrapartida, o contribuinte
rece-bia ações emitidas pela empresa beneficiada no total do
valor aplicado.
Em 07 de janeiro de 1975, através da Lei
Com-plementar n9 24, ficou vedado o aproveitamento do
impos-to sobre circulação de mercadorias na forma corno era
Assim, em 04 de novembro de 1975, a Lei n9
5.159 criou o Programa Especial de Apoio a Capitalização
de Empresas - PROCAPE -, a qual dizia em seu artigo 19:
"Fica transformado o Fundo de Desen-volvimento do Estado de Santa Catarina - FUNDESC -, criado pela Lei n9 3.390, de 23 de dezembro de 1963, em uma en-tidade de direito público interno, com personalidade juridica e patrimônio, de natureza autárquica, vinculada à Se-cretaria da Fazenda, denominada Pro-grama Especial de Apoio à Capitaliza-ção de Empresas - PROCAPE."
Com o PROCAPE substituindo o Fundo, alterava-se
a forma de participação acionária, pois os recursos
pas-savam a ser aplicados diretamente pelo Programa e nao
mais pelos contribuintes.
o
PROCAPE poderia alocar recursos em empresas. 1'd d ' d - 14
instltul as sob a forma e socleda e por açoes desde
que tivessem domicilio tributário no Estado de Santa
Ca-tarina e cujo capital votante pertencesse, em sua
maio-ria, a pessoas fisicas ou juridicas com sede e
organiza-das no pais.
o
Programa tinha como principal objetivoagi-lizar o setor produtivo do Estado, através da
participa-ção acionária em empeesas com projetos de expansão,
54
dernização e implantação no setor secundário da economia
e que contemplassem a substituição de importações, maior
absorção de mão-de-obra e incremento na arrecadação de
impostos.
Durante os onze anos de funcionamento do
PROCA-PE, foram analisados e aprovados diversos projetos,