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Pareamento BCS em um Líquido de Luttinger em 1D

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Academic year: 2017

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UNIVERSIDADE FERERAL DO RIO GRANDE DO

NORTE

DEPARTAMENTO DE FÍSICA TEÓRICA E EXPERIMENTAL - DFTE

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Pareamento BCS em um Líquido de Luttinger em 1D

Por

Ronivon Lourenço Eneias

Rio Grande do Norte-RN, Brasil.

(2)

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Por

Ronivon Lourenço Eneias

Pareamento BCS em um Líquido de Luttinger em 1D

Orientador

Prof. Dr. Álvaro Ferraz Filho

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-graduação em Física da

Universidade Federal do Rio Grande do

Norte como parte dos requisitos para

(3)
(4)

Agradecimentos

Agradeço primeiramente a Deus pela vida concedida e por me dar força e

dedicação para prosseguir nos momentos mais difíceis.

Um especial agradecimento à minha mãe por ter acreditado em meu potencial

diante de todas as dificuldades neste longo caminho percorrido.

À minha querida esposa e filho pela paciência, apoio e incentivo constantes.

Obrigado!

Aos meus irmãos e irmãs, por estarem sempre ao meu lado nos momentos

difíceis.

Agradeço ao meu orientador professor Dr. Álvaro Ferraz Filho por me orientar e

pela amizade e dedicação demostrada durante a realização deste trabalho de mestrado.

(5)

Resumo

Neste trabalho investigamos o efeito de um termo de emparelhamento do tipo

BCS para férmions livres sem spins, com propensão a formar um condensado de pares

em uma dimensão 1+1. Utilizando a técnica de bosonização vamos explorar a possível

condição de existência de quasipartículas em um estado supercondutor. Embora não

haja nenhuma quebra espontânea de simetria quiral o propagador de 1-partícula

fermiônica é massivo e de fato assemelha-se a função de Green de 1-partícula de uma

(6)

fermions, with a propensity to form a condensate of pairs in a 1+1 dimension. Using

Abstract

In this work we investigate the effect of a BCS-type pairing term for free spinless

the of bosonization technique we explore the possible condition of existence of

quasiparticles in a superconducting state. Although there is no spontaneous breaking of

chiral symmetry the propagator of one-particle fermion is massive and, in fact,

(7)

Sumário

1 Introdução 1

2 Bosonização 3

2.1 Linearização do Espectro...3

2.2 Operador Densidade...6

2.3 Bosonização do Hamiltoniano com Relação de Dispersão Linear...9

2.4 Por que os Fatores de Klein São Depois Ignorados?...14

2.5 Dicionário de Bosonização...15

3 Supercondutores de Alta Temperatura 20

3.1 Diagrama de Fase de Supercondutores de Alta Temperatura...22

4 Líquido de Luttinger 27

4.1 O modelo de g-ologia...27

4.2 Bosonização da Interação...31

4.3 Diagonalização do Hamiltoniano...34

4.4 O Hamiltoniano em Termos dos Campos e ...36

(8)

5 Pareamento BCS em um Líquido de Luttinger em 1D 43

5.1 Hamiltoniano e Lagrangiano do Modelo...43

5.2 Densidades de Hamiltoniano e Lagrangiano Bosonizados...45

5.3 Refermionização da Densidade de Lagrangiana e Funções de Correlação...50

(9)

1

Capítulo 1

Introdução

Os cupratos supercondutores se notabilizam por possuírem propriedades

metálicas anômalas acima da temperatura crítica e uma fase supercondutora do tipo-d

em baixas temperaturas. Em dopagens ótimas e em baixas dopagens os experimentos de

ARPES (“Angle-resolved photoemission spectroscopy”) demonstram a ausência de

quasipartículas na fase metálica. Na fase supercondutora do tipo-d encontramos, por sua

vez, a presença de pares de elétrons, nas regiões anti-nodais, e quasipartículas usuais,

nas regiões nodais no espaço de momento. Se em , parece estarmos lidando com

um estado metálico não-líquido de Fermi, por outro lado à presença de quasipartículas

nodais na fase supercondutora do tipo-d demonstra que se há separação de carga e spin

acima de , esse graus de liberdade se recompõem por completo na fase

supercondutora. Essa observação põe em questão o caráter do estado supercondutor.

Nosso ponto de partida é o modelo de Tomonaga-Luttinger (TL) que é o estado de

referência para um líquido de não-Fermi. Levando-se em conta que nos cupratos

(10)

uniformemente nas regiões anti-nodais no espaço de momenta, nós formulamos um

modelo mínimo que descreve essa situação.

Nosso objetivo é investigar diretamente o efeito que esses pares produzem em um

líquido de TL.

Usando métodos de bosonização vamos explorar a condição de existência de

(11)

Capítulo 2

Bosonização

Neste capítulo vamos trabalhar com um método que descreve com exatidão

propriedades de baixas-energias de sistemas unidimensionais. Um método bastante

conhecido é chamado de bosonização e é uma ferramenta muito usada, especialmente,

em uma dimensão. Uma forma prática de apresentarmos esse método é fazermos uma

aplicação em um modelo específico.

2.1 Linearização do Espectro

A descrição dessa técnica tem sido sujeita a muitas revisões ao longo dos anos.

Podemos citar os trabalhados de (Emery, 1979; Sólyom. 1979; Schulz, 1995; Voit,

1995; Von Delft e Schoeller, 1998; Gogolin et al. 1999; Schonhammer. 2002; Senechal,

2003; T. Giamarchi, 2004). Para descrevermos o método vamos considerar inicialmente

férmions sem spins. Como podemos ver na figura 2.1.1 às excitações de

partícula-buraco do sistema têm um espectro aproximadamente linear, e são, essencialmente,

excitações bem definidas, com energia e momento, também, bem definidos. Vamos

substituir o modelo original por um modelo efetivo em que o espectro seja puramente

(12)

Figura 2.1.1. Espectro das excitações de partícula buraco para sistemas em uma dimensão em (a) e para duas dimensões em (b). Em uma dimensão, ao contrário do que ocorre em dimensões mais elevadas, tem ambos à energia e momento bem definidos, para um q pequeno [2].

espectro de energia também para . Isso nos faz introduzir dois tipos de férmions: os

férmions que se movem à direita e os que se movem à esquerda nas vizinhanças de

, respectivamente. Com isso o Hamiltoniano do sistema torna-se

(13)

Figura 2.1.2. O modelo original de férmions com banda curva em (a) e substituído por um modelo de férmions com espectro linear em (b). Isso força a introduzir dos tipos de férmions (férmions que se movem à direita (R) e à esquerda (L)). O espectro é agora estendido a todos os valores de k, levando a um número infinito de estados com energia negativa. Um corte no momento pode ser necessário para que o modelo seja bem definido [1].

partículas que se movem à esquerda. Para evitarmos uma notação muito carregada,

vamos usar a conversão , para , e , para . Note que (2.1)

é equivalente ao Hamiltoniano de Dirac em uma dimensão. Similarmente, o mar de

Fermi onde todos os estados abaixo do potencial químico ( ) estão preenchidos é

substituído aqui por um „mar de Dirac‟ onde o número de estados com energia negativa

( ) estão completamente preenchidos.

Embora os dois sistemas da figura 2.1.2 sejam diferente para grandes diferenças

de momentos, eles são bem parecidos para baixas energias de excitação. Note que

falar-se em um espectro linear é simplesmente equivalente a falar-falar-se em densidades de estado

constantes, que é uma aproximação muito comum para férmions em 1D. Podemos

agora, por exemplo, escolher as partículas que se movem para a esquerda e ver que as

excitações de partícula-buraco são agora dadas por

Vemos com isso que as excitações de partícula-buraco são totalmente independentes de

(14)

definido e uma energia bem definida . Uma vez que as excitações de

partícula-buraco do sistema são bem definidas, podemos tentar reescrever (2.1) nessa base. Essa

base é sem dúvida muito especial. Primeiramente, somente excitações coletivas se

manifestam em uma dimensão. A densidade de flutuações é, portanto, uma base natural

a ser usada.

2.2 Operador Densidade

Na verdade, a densidade de flutuações é, essencialmente, uma superposição de

excitações partícula-buraco. Essas oscilações de cargas são descritas pelo operador

densidade, ̂ dado por

̂ ∑

Em função do número infinito de estados ocupados em (2.1) (ver figura 2.1.2),

precisamos ter cuidado na definição do operador densidade para evitarmos infinitos.

Para fazermos isso, se introduz o ordenamento normal de produtos de operadores

. Os operadores de destruição no produto ordenado normal (com respeito a

um dado vácuo) são colocados à direita e os operadores de criação à esquerda. Para dois

operadores A e B que são uma combinação linear de operadores de criação e destruição

é fácil checarmos que o ordenamento normal dos operadores é equivalente a

subtrairmos o produto desses operadores do seu valor médio no estado fundamental:

| |

A densidade ordenada normal, por exemplo, é definida com

(15)

Onde usamos a notação para operadores de criação de uma partícula do tipo à

direita ou do tipo , no ponto x. A componente de Fourier ̂ da

densidade é definida como

̂ ∑ ̂

e é dada por

̂ ∑

̂ ∑[ ⟨ | | ⟩]

que define o operador ̂ . Como é usual ̂ ̂ uma vez que ̂ é real. |

é o estado fundamental de (2.1). Isto é, ele é o mar de Dirac onde todos os estados com

energia negativa estão ocupados. A subtração do valor médio (ou seja, o ordenamento

normal) em (2.7) garante que os elementos de matriz do operador densidade sejam

finitos, apesar do número infinito de estados ocupados.

Agora vejamos como fica o comutador desses operadores. Entre partículas de

ramos diferentes o comutador é, obviamente, zero

[ ̂ ̂ ]

Para partículas do mesmo ramo, temos

[ ̂ ̂ ] ∑ [ ]

(16)

∑( )

Poderíamos fazer apenas uma simples mudança de variável no segundo termo de (2.9) e

acharmos que este comutador se anularia. Isso na verdade não é possível, devido ao

número infinito de estados ocupados. Os operadores de densidade sem o ordenamento

normal contêm infinitos e (2.9) é, de fato, a subtração de dois infinitos. Só podemos

fazer essa mudança de variável no ordenamento normal da densidade

[ ̂ ̂ ] ∑( )

∑(⟨ | | ⟩ ⟨ | | ⟩)

∑(⟨ | | ⟩ ⟨ | | ⟩)

Uma vez que temos o produto de ordenamento normal à mudança de variável pode ser

feita com segurança. O último termo é facilmente avaliado e nos dá

[ ̂ ̂ ] ∑(⟨ | | ⟩ ⟨ | | ⟩)

Levando-se em conta que ⟨ | | ⟩ , se o estado estiver ocupado e zero em

qualquer outra região, chegamos facilmente ao resultado

[ ̂ ̂ ]

O resultado (2.12) é crucial. Ele mostra que por causa do número infinito de estados

(17)

de um fator de normalização, aos operadores de bósons. As flutuações de carga têm um

comportamento de operadores de destruição e de criação de bósons.

2.3 Bosonização do Hamiltoniano com Relação de Dispersão

Linear

Os operadores de densidade podem ser identificados com os operadores de

destruição e criação para bósons. Agora podemos definir os operadores de criação e de

destruição para e como

e para e

Observe que os operadores de bósons somente são definidos para .

Para que esses operadores de bósons possam ser usados, precisamos mostrar que

(18)

claro, que a nova base é completa. Vamos começar com o hamiltoniano. Pode-se

calcular novamente o comutador do Hamiltoniano com os operadores de bósons usando

regras de anti-comutação dos operadores fermiônicos. Assumindo que ,

[ ] ∑ [ ]

Resultado semelhante pode ser obtido com , que nos leva ao comutador com

. Se assumirmos, por um momento, que a base gerada pelos os operadores é

completa, o resultado (2.17) define completamente o Hamiltoniano na base de bósons.

Isto é fácil de se checar, pelas as relações de comutação e o operador desejado que

satisfaz as regras de comutação (2.17) é, portanto

∑ | |

Esta fórmula é muito importante para a representação de bósons, pois nos mostra que,

contrariamente às expectativas, o termo cinético é quadrático em termos destes

operadores.

Os operadores de uma única partícula podem ser determinados pelo mesmo

método. Primeiro, deve-se introduzir um operador para cada tipo de férmion. Seja

o operador de destruição de férmion, movendo-se à direita, no ponto x e o

operador de destruição de 1 férmion movendo-se à esquerda, também no ponto x. Isto

(19)

[ ̂ ]

√ ∑ [ ]

onde é dada por

√ ∑

e a transformada de Fourier

O anticomutador dos operadores fermiônicos no espaço de momento é então

{ }

Considere agora a função de correlação, no mesmo instante de tempo, no estado

fundamental, por exemplo, para

⟨ ⟩ ∫ ⏟ ∫

A integral em (2.23) é mal definida quando . Para removermos essa indefinição,

vamos introduzir um fator de convergência | |. Com isso, temos que

(20)

Chegamos em um resultado análogo para . Em resumo, temos que

⟨ ⟩

e, semelhantemente,

⟨ ⟩

Note que, no limite , também temos

⟨ ⟩

Assim, um operador fermiônico escrito diretamente em termos de operadores de bósons

e que produz a mesma relação de comutação é

∑ ̂

As fórmulas de (2.13) a (2.16), (2.18) e (2.28) podem ser tomadas, por assim dizer,

como um dicionário relativo à representação fermiônica para bósons. Isso é uma mera

mudança de base, embora, evidentemente, essa mudança aparenta ser altamente não

trivial. A esperança é que essa nova base seja melhor para diagonalizar o problema.

Uma vez que (2.28) dá o operador de um único férmion, qualquer operador fermiônico

composto pode ser agora em princípio escrito na linguagem de bósons.

As fórmulas acima são fisicamente corretas. Infelizmente, é fácil ver que (2.18) e

(21)

unidade. Por outro lado, e conservam o número de férmions da cada tipo uma vez

que eles são simplesmente flutuação de densidade de (2.13) a (2.16). Para reproduzir

todos os estados possíveis do espaço de Fock fermiônico original, é necessário

introduzir dois tipos de operadores adicionais (um para cada tipo de férmion) que muda

o número total de férmions. Tais operadores são conhecidos, na linguagem de teoria de

campo, como „fatores de Klein‟. Daremos uma explicação mais detalhada na próxima

seção, por que os fatores de Klein podem ser deixados de lado.

Ao invés de trabalharmos diretamente em termos dos operadores de bósons é

conveniente introduzirmos dois campos e definidos por

∑ ( | | ) ⁄ | | ⁄ (

)

∑ ( | | )

| | ⁄ (

)

Estritamente falando, deveríamos tomar o limite . Mantermos finito é uma boa

maneira para reintroduzirmos uma largura de banda finita nesse modelo. Os campos e

satisfazem as regras de comutação

[ ]

onde tomamos o limite e então Similarmente

[ ]

O resultado (2.32) mostra que o momento conjugado para o campo é

simplesmente dado por

(22)

usando (2.32) obtemos (para )

[ ]

[ ]

é, portanto, parte das flutuações de densidade para no ponto x.

contem a diferença entre férmions à direita e à esquerda e é simplesmente o operador

corrente em um sistema unidimensional. O Hamiltoniano pode ser reescrito em termos

desses novos campos

[ ]

Usando-se todas as fórmulas acima, fica-se rigorosamente estabelecida à relação

em bósons e férmions.

2.4 Por que os Fatores de Klein São Depois Ignorados?

Em muitos trabalhos, os fatores de Klein são assumidos implicitamente, mas os

autores não se dão o trabalho de escrevê-los explicitamente. Em alguns outros casos eles

são, inclusive, simplesmente ignorados. Isso é usualmente correto se o objetivo for

calcular funções de correlações da forma

Para um Hamiltoniano que conserva separadamente cada ̂ , os valores esperados desse

(23)

portanto de e , de modo que o último pode ser comutado com cada outro e os

operadores e são combinados para dá um, ou seja, . É claro, que é

preciso ter-se o cuidado de acompanhar os sinais de menos que surgem nesse processo.

Mas há varias maneiras de fazermos isso, por exemplo, adicionando-se o então chamado

„módulozero‟ com propriedades adequadas para os campos bosônicos. Além disso, para

bósons livres os campos bosônicos fazem com que somente funções de correlações

contendo um número igual de e sejam diferente de zero, por causa da invariância

do Hamiltoniano bosônico.

2.5 Dicionário de Bosonização

Considere um campo escalar sem massa livre, cujo hamiltoniano é dado por

[ ]

onde o campo bosônico em 1D, é definido para , como

√ | |

[ ] | | ⁄

∫ | |

√ | |

[ ] | | ⁄

onde é um fator de convergência infinitesimal, é o campo canonicamente

conjugado. Esses operadores obedecem às relações de comutação, no limite ,

temos

(24)

[ ]

[ ]

Como férmions, temos partículas bosonicas em 1D que se movem ou para a direita ou

para a esquerda.

[ ∫

]

√ | |

| | ⁄ | |

Pode-se verificar que

[ ] {

[ ]

Vamos trabalhar agora com algumas funções de correlação, considere primeiro

⟨ ⟩

√ | |∫

√ | |⟨ ⟩(

)

| | ( )

(25)

Vamos considerar um conjunto de operadores muito comuns quando se usa

bosonização. Esses operadores contêm um campo escalar no argumento de uma

exponencial. Frequentemente, precisamos calcular o valor esperado dos produtos desses

operadores, ou seja, ⟨ ⟩. Usando a identidade

⟨ ⟩

onde ⟨ ⟩ é simplesmente o valor esperado do estado fundamental. Fazendo o

cálculo de , encontramos

com isso, por exemplo, para , temos

Quando fazemos a passagem da teoria de Fermi para a teoria de Bose uma

fórmula muito importante é

onde e são constantes a serem determinada. Para determinar as constantes e

(26)

⟨ ⟩

⟨ ⟩ ⟨ ⟩

Isso implica que devemos ter √ ⁄ e √ e então temos o operador (2.53)

dado por

√ √

Isso significa que qualquer função de correlação do campo fermiônico, calculado no

vácuo de Fermi com um dado “cut-off” , é reproduzida pelo operador bosônico dado

no lado direito, se caculado no vácuo bosônico com o mesmo “cut-off”. Dado este

operador de equivalência, podemos substituir qualquer campo fermiônico pelo seu

corespondente bosônico. Às vezes, isso requer algum cuidado, mas esta é a ideia geral.

Vamos considerar agora o operador ̅ definido por

̅

(27)

̅ √ √

[ √ ]

onde o fator de ⁄ na exponencial vem do comutador (2.46).

Finalmente para fechar essa seção segue mais um resultado muito importante, que usa a

expansão do produto de operadores definido por

[ ]

Mais detalhes desse cálculo será dado no capítulo 5, aqui segue o resultado

Isso fecha o capítulo em que resolvemos o modelo de Luttinger sem interação e

(28)

Capítulo 3

Supercondutores de Alta Temperatura

A supercondutividade foi considerada um grande mistério científico durante boa

parte do século passado. Descoberta em 1911, ela só explicada microscopicamente em

1957, e, assim mesmo, uma grande quantidade de teorias e estudos experimentais

sugiram depois dessa descoberta. Em 1950, Ginzburg e Landau apresentaram uma

teoria que explicava a supercondutividade fenomenologicamente como uma quebra

espontânea de simetria. A teoria microscópica da supercondutividade foi formulada por

Bardeen, Cooper e Schrieffer e ela é conhecida hoje em dia como à teoria BCS. A base

da teoria BCS é a interação de um “gás” de elétrons de condução com ondas elásticas de

uma rede cristalina (fônons). Como sabemos dois elétrons no vácuo repelem-se

mutuamente pela força coulombiana, mas em um supercondutor abaixo da temperatura

critica existe uma atração resultante entre os dois elétrons que, assim, formam o

chamado par de Cooper. Cada par de Cooper é formado por dois elétrons de momenta e

polarização de spins opostas. Além do emparelhamento dos elétrons, a

supercondutividade também requer uma fase coerente de longo alcance entres os pares

(29)

interação elétron-fônon, enquanto que a fase coerente entre os pares de Cooper é

estabelecida pela superposição das suas funções de onda. Nos supercondutores

convencionais, o acoplamento da função de onda pode mediar à fase coerente, pois a

distância média entre os pares de Cooper é muito menor do que o comprimento de

coerência (o tamanho de um par de Cooper).

O efeito que desempenhou um papel decisivo em mostrar o caminho para a

correta teoria da supercondutividade em metais é conhecido com efeito isotópico. Um

estudo de diferentes isótopos de supercondutores de mercúrio estabeleceu uma relação

entre a temperatura critica e a massa correspondente do isótopo; encontrou-se a

relação ⁄ que acabou mostrando-se válido, para a maioria dos supercondutores convencionais. Mesmo hoje em dia o efeito isotópico serve com um

indicador do mecanismo de fônons da supercondutividade. Após o surgimento da teoria

desenvolvida por Bardeen, Cooper e Schrieffer, os cientistas que estavam trabalhando

nessa área entre 1960 e 1970 puderam calcular em mais detalhe as consequências da

teoria BCS, até os novos materiais supercondutores serem descobertos. Em 1986,

Bednorz e Müller [3] surpreenderam o mundo cientifico com a descoberta da

supercondutividade de alta temperatura em compostos cerâmicos de óxido de cobre (os

cupratos). Já em 1987 eles receberam o Prêmio Nobel pela sua descoberta. Os dados

experimentais obtidos nos cupratos supercondutores indicam que esses compostos

exibem um tipo de supercondutividade não convencional. O fato mais surpreendente é

que a supercondutividade de alta temperatura ocorre em óxidos que são condutores

muito pobres em dopagem mais elevadas. A primeira reação da maioria dos cientistas

que trabalhavam no campo da supercondutividade foi pensar que deveria haver um novo

mecanismo, porque a supercondutividade mediada por fônons é improvável à

(30)

Figura 3.1. A evolução temporal das temperaturas críticas dos supercondutores desde a descoberta da supercondutividade em 1911. A linha sólida mostra a evolução de dos supercondutores metálicos. A linha tracejada para a evolução dos óxidos supercondutores [4].

diversos cupratos, em função do ano da descoberta, bem como algumas temperaturas

criticas de alguns supercondutores convencionais. Todos os compostos

supercondutores podem ser classificados em dois grupos: convencionais e não

convencionais. A Supercondutividade em supercondutores convencionais é descrita

pelas equações da teoria BCS. As propriedades dos supercondutores não convencionais

são definitivamente diferentes dos seus análogos convencionais.

3.1 Diagrama de Fase dos Supercondutores do Tipo d

de Alta Temperatura

Os cupratos supercondutores mais comuns são os que têm planos de cobre e

(31)

Figura 3.1.1. Diagrama de fase típico dos cupratos supercondutores do tipo d.

figura 3.1.1 mostra o diagrama de fase típico dos cupratos dopados de buracos. Quando

a dopagem é próxima de zero, os materiais desse tipo possuem exatamente um elétron

por cada sítio da rede cristalina. Portanto, na classificação da teoria de banda de esses

sistemas teriam banda semicheia, e assim um comportamento metálico. Mas, na verdade

não é isso o que ocorre. Tais sistemas são isolantes de carga com um “gap” de excitação

correspondente consideravelmente grande, da ordem de . Como em sua fase

isolante eles são antiferromagnéticos, esses materiais são classificados como isolantes

de Mott.

Quando removemos alguns elétrons dos planos , isto é, quando dopamos

esses compostos de modo a que os portadores de carga sejam buracos, temos uma

grande variedade de novos estados quânticos que surgem desse processo. Daí a grande

dificuldade em desenvolver-se uma teoria que descreva todas essas fases de uma

maneira unificada. Os cupratos quando submetidos a certo percentual de dopagem

podem se tornar condutores e, em seguida, em dopagem mais elevadas, abaixo de certa

temperatura de transição, supercondutores do tipo d, como podemos observar na figura

(32)

dopagem no sistema: a região classificada com subdopada e a outra região conhecida

como superdopada. Existe uma temperatura de transição máxima para a fase

supercondutora, em certa dopagem característica. Nesse ponto específico, dizemos estar

em uma dopagem ótima. Na região superdopada, medidas experimentais apontam que a

fase metálica que se manifesta em altas temperaturas é consistente com a teoria

tradicional do líquido de Fermi de Landau [5], ou seja, observa-se a existência de

quasipartículas bem definidas além de outras propriedades diretamente relacionadas a

esse modelo. Agora, na região subdopada, a fase metálica em altas temperaturas é

altamente anômala e, definitivamente, não se encaixa dentro dessa caracterização. Por

essa razão, essa fase é conhecida como, líquido de Não-Fermi. Nessa fase os

experimentos de ARPES (“Angle-resolved photoemission spectroscopy”) revelam

evidencias da existência de uma superfície de Fermi coerente em 2d bem definida, e, ao

mesmo tempo, indicam a ausência de quasipartículas bem definidas, acima de .

Se voltarmos à fase de isolante de Mott e agora doparmos esse sistema levemente

com buracos, isto é, se removermos poucos elétrons do sistema, surge uma nova fase

eletrônica conhecida como estado de pseudogap. Nessa fase, o ordenamento de quase

longo alcance antiferromagnético do estado isolante de Mott desaparece completamente

e também existem fortes evidências experimentais de uma abertura de “gap” de spin

sem nenhuma quebra espontânea de simetria no sistema. Recentemente, nos

experimentos de ARPES também foram observados que esses sistemas levemente

dopados podem apresentar “gap” de carga ao longo de certas direções preferencias no

espaço de momenta e, portanto seriam metais muito pobres com a superfície de Fermi

truncada [6]. Isso indicaria que a fase de pseudogap é influenciada pela proximidade

(33)

,

Figura 3.1.2. O espectro ARPES acima e abaixo da temperatura de transição . A figura mostra com nitidez os picos de quasipartículas no supercondutor abaixo de [7].

O protótipo de um líquido de não Fermi é um líquido de Tomonaga-Luttinger que

também não tem quasipartículas bem definidas apesar de ser metálico, como veremos

no capítulo 4. De fato, já em 1987, logo após a descoberta dos supercondutores, Phil

Anderson [8] propôs um estado de TL bidimensional como estado de referência básica

(34)

para a supercondutividade nos cupratos ter origem magnética e não fonônica,

observam-se pares de buracos e quasipartículas na faobservam-se supercondutora do tipo d. A figura 3.1.2

mostra o espectro ARPES do composto Bi2Sr2CaCu2O8 cuja temperatura de transição é

[9]. Essa figura mostra à intensidade do feixe, em unidades arbitrária, em

função da energia de ligação para algumas temperaturas. A energia de ligação mede, na

verdade, a diferença de energia, relativa ao nível de Fermi. Além disso, a intensidade do

feixe é diretamente proporcional à função de distribuição de Fermi. A figura 3.1.2

mostra também que existe um pico de quasipartículas próximo ao ponto zero, isto é, no

nível de Fermi. Quando a temperatura é aumentada o pico diminui e quase desaparece

por completo em , indicando com isso a ausência de quasipartículas para

. Se as quasipartículas são instáveis na fase metálica anômala por que elas aparentam

se recompo e passam a ser bem definidas na fase supercondutora? Para entendemos

melhor essa questão investigamos no nosso trabalho como se dá o emparelhamento de

partículas em um líquido de Tomonaga-Luttinger. Apesar do caráter qualitativo e da

unidimensionalidade do nosso modelo, nós mostramos que a presença de um “gap”

supercondutor nos leva naturalmente a um propagador de 1-particula com sinais

(35)

Capítulo 4

O Líquido de Tomonaga-Luttinger em

1D

Neste capitulo vamos introduzir e resolver um modelo mais emblemático para

elétrons em baixa dimensionalidade. O modelo de TL (Luttinger, 1963) foi introduzido,

construído a partir do trabalho de Tomonaga (Tomonaga, 1950), para descrever o

comportamento de um líquido de Fermi interagente em uma dimensão. A solução exata

do modelo foi obtida primeiramente por Mattis e Lieb (1965) e, posteriormente, usada

por Luther e Peschel (1974) para calcular as funções de correlação de uma partícula.

Finalmente, o conceito de líquido de Luttinger foi introduzido de maneira rigorosa e

abrangente por Haldane (Haldane, 1981). Esse conceito de líquido de Luttinger engloba

a maior parte da física simples de um sistema unidimensional e é o ponto de partida

para estudo de situações mais complexas.

(36)

Vamos primeiro considerar o Hamiltoniano que descreve férmions em um sistema

unidimensional sem interação, como vimos no capitulo 2. No caso mais simples em que

as interações são fracas, podemos nos concentrar nas propriedades de baixa-energia do

sistema e, portanto, vamos lidar apenas com excitações próximas à superfície de Fermi,

que, em uma dimensão, consiste de apenas dois pontos e . Nesse caso

podemos, simplesmente, linearizar a relação de dispersão próxima a esses dois pontos.

O Hamiltoniano do sistema como sabemos é

O que acontece longe da superfície de Fermi não é realmente importante para

processos de baixa energia. Podemos usar um cuttof arbitrário para cortarmos o

espectro e evitarmos grandes transferências de momento. Vamos escolher de tal

forma que a nossa linearização se restrinja apenas ao intervalo e

. Como já temos o termo cinético (capítulo 2), agora precisamos

definir as interações para nosso novo modelo. Para férmions sem spin a interação típica

é dada por

O operador densidade pode ser escrito usando os férmions que se propagam para a

esquerda ou para à direita. Os operadores de férmion de uma única-partícula são

√ ∑ √ ∑ √

(37)

Figura 4.1.1 Processos de baixa energia que o operador densidade é capaz de produzir. A componente desse operador produz excitações partícula buraco no mesmo ramo, enquanto que a transporta uma partícula de um lado para o outro da superfície de Fermi. Para o espectro linearizado esses dois processos corresponde, respectivamente, aos termos e

[1].

Apenas uma parte do operador atuando próxima a superfície de Fermi é importante para

as propriedades de baixa-energia. A expressão (4.3) mantém apenas essas partes

importantes. O operador densidade torna-se assim

o operador densidade pode ser reescrito com

̂ ∑

Ambos e têm que estar perto de um dos pontos de Fermi. Esses processos são

mostrados na figura 4.1.1

(38)

onde para férmions que se propagam a direita e para férmions que se

propagam a esquerda.

Os processos de espalhamento mais interessantes são aqueles que ocorrem quando

as partículas se situam próximo aos pontos de Fermi. Isso significa que todos os

momentos na expressão (4.6) estão próximos de ou . Isso nos permite

classificar as interações em quatro diferentes processos mostrados na figura 4.1.2. O

primeiro processo da figura 4.1.2 é o acoplamento de férmions que se situam do

mesmo lado de um dos pontos de Fermi. O segundo processo é o acoplamento de

férmions que se situam em lados diferentes desses pontos de Fermi. Entretanto, apesar

dessa interação, cada férmion permanece no seu próprio ramo da superfície de Fermi.

Essa interação de baixa transferência de momento é associada ao processo de

espalhamento frontal (“forward scattering”). O acoplamento , chamado de

acoplamento “para trás” (“backscattering”), corresponde ao espalhamento de ordem de

entre as partículas, que agora podem mudar de ramo. Finalmente, para o caso

específico em que o sistema se encontra exatamente em uma banda semicheia, podemos

ter ainda, os processos de interação do tipo Umklapp, descritos pelo acoplamento

que, em outras situações, viola a conservação de momento do sistema a menos de um

vetor da rede reciproca. No processo produzido por dois elétrons em um mesmo

ramo interagem entres si e se mudam para o outro ramo.

O modelo de g-ologia não pode ser resolvido exatamente no seu caso mais geral

possível. No entanto, no caso particular em que , há conservação de

(39)

Figura 4.1.2. Os processos importantes de baixa energia da interação podem ser divididos em quatro setores. A linha cheira representa férmions com momento próximo a (férmions que se propagam para a direita) e a linha pontilhada representa férmions com momento próximo a (férmions que se propagam para a esquerda). A notação g para denotar as diferentes interações é conhecida como g-ologia.

, esse modelo recebe um nome especial e passa a ser chamado de modelo de

Tomonaga-Luttinger. Esse modelo será resolvido nesse capítulo pelo método de

bosonização.

4.2 Bosonização da Interação

Representando o termo de interação em termos dos operadores de densidade, a

contribuição da interação da hamiltoniana pode ser escrita como

∑ (

(40)

̂ ̂ ̂ ̂

Quando trabalhamos com teoria de segunda quantização, frequentemente

precisamos calcular comutadores de operadores que são polinômios de

operadores de bósons ou de férmions da teoria. Esse tipo de calculo é feito facilmente

usando identidades elementares na álgebra de comutadores. Uma das identidades

básicas mais usadas é a seguinte

[ ̂ ̂] [ ̂] ̂ ̂[ ̂]

Até agora, o que temos feito é reescrever a parte de interação do hamiltoniano em

termos dos operadores de densidade. No entanto, o que queremos é chegar a uma

representação em que estes operadores, ao invés dos operadores originais, representem

os graus de liberdade fundamentais da teoria. Como a definição dos operadores ̂

envolve o produto de dois operadores de férmions, esperamos que os operadores de

densidade possam, eventualmente, representar excitações bosônicas.

Essa conexão explícita entre os operadores fermiônicos e os operadores bosônicos

foi feita no capítulo 2, para , temos que se

̂

̂

e para

(41)

̂

onde mais uma vez . É fácil verificar que os novos operadores de bósons e

obedecem agora à relação de comutação canônica habituais. Expressando o termo de

interação em termos desses operadores e , temos então que

̂ ̂ ̂ ̂

[ ̂ ̂ ̂ ̂ ]

[ ̂ ̂ ̂ ̂ ]

(

A parte livre do hamiltoniano foi reescrita no capitulo 2, em termos dos operadores e

:

(

Finalmente, usando (4.12) e adicionando a contribuição da interação , nós obtemos

o hamiltoniano efetivo

( ( ̅ ̅ ̅ ̅

onde ̅ ⁄ e ̅ ⁄ . Assim, vemos que o modelo de Tomonaga-Luttinger

(42)

4.3 Diagonalização do Hamiltoniano

A hamiltoniana (4.13) é quadrática e, portanto, pode ser resolvida exatamente via

uma transformação de Bogoliubov. Vemos de (4.13) que consiste de termos da forma

e que violam a conservação do número total de excitações.

Convém então expressarmos em termos de “novos” operadores de bósons ,

definidos como . Vamos assumir que e são reais e que

dependem somente do valor absoluto de . Note que esses novos operadores satisfazem

também a relação de comutação bosônica

[ ]

logo,

[ ] (

e isso significa que ( . Os coeficientes e podem ser expressos então

como e respectivamente. Os operadores pode ser, portanto, escritos

como

que invertendo, obtemos

Fazendo

(43)

( ̅ ̅ ̅ ̅

Substituindo as equações (4.17 a) e (4.17 b) na expressão acima temos

̅ ̅ ̅ ̅

̅ ̅ ̅ ̅

onde

.

Para que o hamiltoniano seja diagonal os termos fora da diagonal devem ser iguais à

zero, com isso

̅ ̅

o que implica em

̅

√ ̅ ̅

̅

√ ̅ ̅

Definindo-se √ ̅ ̅ , o hamiltoniano pode ser escrito na forma

diagonal como

∑| |

(

Com isso, podemos afirmar que é exatamente solúvel o modelo de

(44)

Bogoliubov.

4.4 O Hamiltoniano

em Termos dos Campos

e

Como vimos no modelo TL apenas os processos e são considerados

explicitamente. Os termos de interação associados a podem ser escrito em linguem

de bósons como

̂ ̂

(

e um termo similar pra férmions que se propagam para a esquerda:

̂ ̂

(

a soma desses dois termos, é assim a contribuição de para o termo de interação e,

portanto, nos leva ao resultado

Adicionando esse ultimo termo na equação (2.36) do capitulo 2, vemos que o efeito de

é, basicamente, renormalizar a velocidade das excitações, que se torna assim

(45)

Procedendo-se da mesma forma com a contribuição de

Portanto, podemos ver que o hamiltoniano se torna quadrático mesmo com um termo

não-trivial de interação. Isso é o que torna a técnica de Bosonização tão interessante

quando lidamos com um sistema unidimensional. Resolver o problema com interação

não é assim tão mais difícil do que lidarmos com um sistema descrito por um

hamiltoniano livre. Contrariamente ao processo , que somente modifica a velocidade

, o processo altera o peso relativo dos termos e no hamiltoniano. O efeito

resultante pode ser absolvido em dois novos parâmetros. Assim podemos reescrever

nosso hamiltoniano quadrático na forma

onde tem dimensão de velocidade, é um parâmetro adimensional. Então temos

( ̅ ̅

(

̅ ̅

que pode ser resolvido com

( ̅

(

̅

̅ ̅ ̅ ̅ )

(46)

Podemos notar que de maneira bastante geral que para uma interação repulsiva

̅

e para interação atrativa ̅ . Podemos ver também como o

método de Bosonização é extraordinário em 1D, pois para férmions sem spin,

diagonalizamos o hamiltoniano com interação e em 1D com uma certa facilidade.

A física do modelo TL é descrita, portanto por excitações bosônicas livres.

4.4 Funções de Green

Vamos iniciar o estudo das funções de Green para explorarmos as propriedades de

uma única partícula (do modelo TL). A função de Green é definida como

⟨ | { }| ⟩

⟨ | { }| ⟩ ⟨ | | ⟩

onde e é o operador de ordenamento

temporal. A representação bosônica dos operadores fermiônicos das duas espécies de

férmions, associados aos ramos direito e esquerdo do modelo de TL, pode ser escrito

como

√ √

onde

√ ∑

e é um “cutoff” de ultravioleta. Podemos usar a

(47)

que diagonaliza , e usando a identidade , onde ,

fazendo os cálculos para , temos que

√ [ ] onde ∑ √ ⁄ ( [ ]

Considere agora o cálculo do comutador acima

[ ] √ √ ⁄ [ ] ⏟ ∑ [ ]

onde usou-se que , onde é um numero inteiro. Tomando o limite e

fazendo , temos que

[ ] (

(48)

(

√ [ ]

A dependência no tempo do operador é obtida facilmente usando evolução temporal

de um operador, com isso temos que

√ ∑ √ √ ∑ √

Depois de tomar o limite termodinâmico , a função de Green avançada para o

ramo positivo definida como ⟨ ⟩ , obtemos que

e para o ramo negativo, seguido o mesmo procedimento, temos

Finalmente a função de Green avançada é dada por

A função de Green tem um ramo de corte e não um polo simples o que indica a

(49)

Figura 4.4.1 A função número de ocupação de momentos tem uma não-analiticidade em vez da habitual descontinuidade do líquido de Fermi em . Esse é um sinal que não existem quasipartículas em uma dimensão.

densidade de estado local e a distribuição do momento de sistema em uma dimensão ver

figura 4.4.1

onde ,

| |

onde é uma constante. Podemos ver que a densidade local de estados tende a zero

quando . A distribuição de momento não possui uma descontinuidade em

indicando a inexistência de quasipartículas. Entretanto,

(50)

natureza metálica do líquido de Luttinger. Em contraste se

| o sistema é

(51)

Capítulo 5

Emparelhamento BCS em um Líquido

de Luttinger em 1D

A proposta deste capítulo é analisar como um termo de interação do tipo BCS

afeta diretamente as propriedades de uma única partícula na hamiltoniana de Tomonaga

e Luttinger no espaço 1D, pois não há uma teoria, até o momento, para a

supercondutividade em um liquido de Luttinger. Vamos usar o método de bosonização

introduzido no capitulo 2 para fazer essa análise. Por simplicidade, vamos considerar

férmions, sem spins, livres na presença de um condensado de quasipartículas em um gás

de elétrons em uma dimensão.

5.1 Hamiltoniano e Lagrangiano do Modelo

A densidade de hamiltoniano nas vizinhanças à esquerda e a direita dos dois

pontos de Fermi de férmions livres sem spins, com propensão a formar um condensado

de pares de quasipartículas, é dada por

(52)

( √ ) ( √ )

onde é a velocidade de Fermi, e a compressibilidade do condensado. Os campos

, e se fazem necessários para evitar uma quebra de simetria. Claramente,

tomamos aqui, por simplicidade, a velocidade do superfluido como a velocidade de

Fermi [10]. A densidade de hamiltoniana pode ser escrita em termos do campo

fermiônico de Nambu, definido com

e usando-se também que

̅

Podemos analisar cada termo da densidade de hamiltoniano separadamente, e depois de

um pouco de álgebra, vamos reescrevê-los como

̅

e

( √ ) ( √ ) ̅ ( √ )

Portanto, a densidade de hamiltoniana, em termos dos operadores de campo de Nambu,

torna-se

(53)

As matrizes são definidas em termos das bem conhecidas matrizes de Pauli , e

A densidade de lagrangiana correspondente a hamiltoniana (5.6) é dada por

Podemos escrever o termo entre parênteses na forma compacta usando o campo de

Nambu . Fazendo isso temos

̅

e usando o fato de que o momento conjugado do campo é dado por

Substituindo (5.8) e (5.9) na densidade de lagrangiana (5.7), temos

̅ [ ] ̅ ( √ )

Aqui nós levamos, explicitamente em conta, o fato de que o campo de fase

associada ao gap é diferente de zero para evitar a quebra espontânea de simetria em 1 D.

Note que, a densidade de lagrangiano é invariante a uma transformação quiral global

, ̅ ̅ e √ . Ela também possui uma

simetria global do tipo U(1), , ̅ ̅ .

5.2 Densidades de Hamiltoniano e Lagrangiano

(54)

A técnica de bosonização nos permite resolver exatamente esse modelo de

lagrangiana. Vamos trabalhar diretamente com os campos bosônicos e para isso

introduzimos os dois campos e tais como em [2]

√ √

e

√ √

Note que já estamos ignorando o fator de Klein. No primeiro termo do lado direito

da densidade hamiltoniana (5.8) vamos usar a expansão de produto de operadores

(“OPE”, em inglês). Considere o produto de dois operadores onde

é uma constante real. Quando o produto diverge, pois os operadores não

estão em ordenamento normal. Podemos, por exemplo, escolher o ramo positivo e,

portanto, temos que

e, por definição, a expansão de produtos de operadores, por exemplo, para é

dada por

[ ]

Usando a identidade encontrada na

referência [2], podemos escrever a equação (5.15), como

[ √ √ ⟨ ⟩

(55)

[ ]

[

]

onde, na segunda linha, o argumento da exponencial foi expandido até a primeira ordem

em e, na terceira linha, nós tomamos o limite . Para o ramo negativo, temos um

resultado parecido que pode ser obtido usando a mesma técnica, e com isso temos que

Definindo-se os campos duais como

e

podemos reescrever os campos e em termos desses novos campos,

obtemos

Substituindo (5.21) e (5.22) em (5.17) e (5.18) respectivamente, e somando-se os termos

(56)

( ) ( )

Ainda falta bosonizarmos o termo ̅ (

√ ) , o que é feito usando-se as

definições dos campos fermiônicos (5.12) e (5.13). Por fim, substituindo-se as

equações (5.21) e (5.22), ficamos com o termo de emparelhamento na forma

bosonizada, como

̅ ( √ )

Vamos definir o momento conjugado do campo simplesmente como

Finalmente, a densidade de hamiltoniano bosonizada, em termos dos novos campos,

torna-se

( ) ( ) [ ]

Com isso, segue-se imediatamente que a densidade de lagrangiano é então

[ ] [ ]

(57)
(58)

A densidade de lagrangiano bosonizada e na forma diagonal fica então

[ ] [ ]

√ √

Esta é a teoria de campo de Sine-Gordon para e uma teoria de campo livre e

sem massa para . O espectro de Sine-Gordon é conhecido exatamente, e neste caso

como √

é maior do que √ , está diretamente associado a um férmion com

massa. Em outras palavras, com era de se esperar, os férmions adquirem “massa” na

presença de um termo de interação do tipo BCS. Entretanto, em uma dimensão 1+1, isso

ocorre sem qualquer quebra espontânea de simetria.

5.3 Refermionização da Densidade de Lagrangiana e

Funções de Correlação

Com a finalidade de tornar a discursão no final da seção anterior mais clara,

vamos refermionizar o campo de bóson de Sine-Gordon. Primeiro realizamos uma

(59)

̃

agora substituindo (5.33) na densidade de lagrangiano (5.32), temos

[ ( ̃) ( ̃) ] [ ]

(√ ̃)

Vamos somar e subtrair ( ̃) ( ̃) da equação acima, temos com isso

[ ( ̃) ( ̃) ] [ ] (√ ̃)

[ ( ̃) ( ̃) ]

Para iniciarmos a refermionização da densidade de lagrangiano. Definimos

inicialmente os novos campos fermiônicos tais como

̃

√ √ ̃

̃

√ √ ̃

Assim, o novo campo de Nambu ̃ é tal que

̃ ̃

̃

(60)

Note que, com essas definições

̃̅ ̃ ̃ ̃ ̃ ̃ ̃

̃

̃ ̃ ̃

̃

̃ ̃ ̃ ̃

√ ̃ ̃ √ ̃ ̃

√ ̃ ̃

Mas, por definição, ̃ ̃ ̃ o que nos leva imediatamente a

̃̅ ̃ (√ ̃)

Agora temos que refermionizar o termo

( ̃) ( ̃) .

Considere ̃̅ ̃ usando a técnica de expansão de produto de operadores e usando

uma transformação conforme.

̅

segue-se que

̃̅ ̃ ̃ ̃ ̃ ̃ ̃ ̃ ̅ ̃

̃ ̅

(61)

Mas, esse tipo de cálculo já foi feito anteriormente e o resultado final é facilmente

obtido. Seguindo-se os mesmos passos encontramos que

̃ ̃

√ ̃

e

̃ ̅ ̃ ̅

√ ̅ ̃ ̅

Então,

̃̅ ̃

√ ̃ √ ̅ ̃ ̅

Agora, usando a definição dada em [2],

̅

̅

segue-se que

̃̅ ̃

√ ̅ ̃ ̃ ̅

√ ̅ ̃ ̃ ̅

√ ( ̃ ̃ )

(62)

Considere agora, ̃̅ ̃ . Seguindo o mesmo procedimento é fácil chegarmos

ao resultado

̃̅ ̃

√ ̃

Podemos concluir de (5.50) e (5.51) que

̃̅ ̃ ̃̅ ̃ ( ̃̅ ̃ ) ( ̃̅ ̃ )

(

√ ̃) √ ̃

[ ( ̃) ( ̃) ]

[ ( ̃) ( ̃) ]

ou seja,

̃̅ ̃ ̃̅ ̃ [ ( ̃) ( ̃) ]

Multiplicando ambos os lados por,

, temos que

̃̅ ̃ ̃̅ ̃ [ ( ̃) ( ̃) ]

Levando-se esse resultado na densidade de lagrangiana, obtemos

[ ( ̃) ( ̃) ] [ ] ̃̅ ̃

(63)

O termo,

( ̃) ( ̃) da densidade de lagrangiana precisa ser

refermionizado, para isso basta notar que

[ ( ̃) ( ̃) ] ( ̃) [ ( ̃) ( ̃) ]

̃ ̃

[ ( ̃) ( ̃) ]

Como sabemos que

̃ ( ̃) ̃ ̃ ̃ ̃

̃̅ ̃

Finalmente, a densidade de lagrangiano em termos dos novos campos fermiônicos

̃̅ ̃ [ ]

( ̃̅ ̃) ( ̃̅ ̃ )

Apesar não haver quebra espontânea de simetria o férmion físico torna-se massivo

e passa a possuir um gap BCS característico do condensado. Além disso, existe uma

auto interação fermiônica atrativa como resultado da contribuição do emparelhamento

produzida pelo condensado. Embora seja um bóson livre sem massa, pelo teorema de

Coleman [11], ele não é um modo de Goldstone. Para esclarecermos isso, vamos

discutir a seguir, a relação de simetria quiral dos campos fermiônicos antigos e os

resultantes. Sob uma transformação quiral as componentes direita e esquerda do campo

(64)

Naturalmente, se o propagador anômalo for diferente de zero ele

viola a quiralidade. Para calcularmos esse propagador, nós vamos expressar o campo

original em termo do campo livre e do campo fermiônico ̃, como feito em [12], é

̃

̃

onde,

Então o propagador anômalo fica da forma

̃ ̃

̃ ̃

Note que e ̃ se dissociam um do outro exatamente e pela

condição de neutralidade [2]. Assim, a parte da assimetria quiral do propagando

anômalo fermiônico se anula.

̃ ̃

No teorema de Coleman, o comportamento de férmions bilineares tais como a

função de correlação de pares devem ser anular para

(65)

̃ ̃ ̃ ̃

̃ ̃ ̃ ̃

O segundo termo do lado direito se aproxima de uma constante para | | grande. Então

precisamos nos preocupar com o primeiro termo. Usando-se

e, o nosso resultado conhecido da teoria de bosonização chegamos que

| |

e portanto,

| |

| |

Isso é um decaimento de lei de potencia. Isso está de acordo com o fato de não pode

haver quebra de simetria continua em dimensão 1+1.

| |

Finalmente, vamos considerar o propagador de única partícula

para férmions livres que se propagam para a direita

(66)

ostrando novamente um decaimento de lei de potência para grandes distâncias o comportamento de (5.

mas o | | , enquanto que ̃ ̃ é o propagador de

um férmion massivo, e, portanto tem o comportamento | |para o | | grande, onde

é a massa. Então, 71) é

| | | |

m . Entretanto o termo

exponencial apesar disso atenua esse comportamento em grandes distâncias. O

propagador de uma partícula continua sem polo simples e continua também a possuir

um ramo de corte, sinalizando a ausência de ordenamento de longo alcance em uma

dimensão. No entanto, o “gap” introduz uma “massa” no propagador de uma

partícula que está completamente dissociado do campo , e isso faz com que essa

(67)

Conclusão

Levando-se em conta que ainda não há uma teoria de supercondutividade em um

líquido de Luttinger, nós formulamos um modelo que descreve um gás de elétrons em

uma dimensão na presença de um termo de interação do tipo BCS. Usando o método de

bosonização, uma ferramenta muito utilizada para sistemas em 1D, e uma

transformação apropriada para dois campos bosônicos, o modelo resultante é

basicamente uma teoria de Sine-Gordon para um desses campos associados e uma teoria

de campo livre, sem massa, para o campo de fase. Para explicamos o significado físico

dessa teoria efetiva refermionizamos o campo de bóson de Sine-Gordon e o férmion

físico adquire massa sem qualquer quebra espontânea de simetria. Para averiguarmos

isso nós calculamos o propagador anômalo e encontramos que ele se anula confirmando

a não violação da simetria quiral. Nós mostramos que ambas as funções de correlação

de pares e o propagador fermiônico de uma partícula obedecem a um comportamento de

lei de potência para grandes distâncias. Esse comportamento, que é típico de um líquido

de TL em uma dimensão, sinaliza também a ausência de um ordenamento de longo

alcance. Porém, esse comportamento de lei de potência para o propagador é atenuado

para grandes distâncias por um fator exponencial que é função do “gap” supercondutor.

Como a magnitude do “gap” é diferente de zero, ele introduz, com isso, uma “massa” no

propagador de uma partícula. Isso, automaticamente, dá um caráter de quasipartícula

(68)

mesmo se o estado normal de referência é um líquido de TL, podem haver excitações de

1-particulas que se assemelham as excitações de quasipartículas na presença de um gap

supercondutor. A fase metálica otimamente dopada, e a fase pseudogap dos cupratos

supercondutores se notabilizam pelas suas inúmeras propriedades não convencionais e

pela ausência de quasipartículas bem definidas para . Em contraste, na fase

supercondutora, apesar de haverem pares de Cooper em profusão, as propriedades

supercondutoras são visivelmente não BCS, especialmente, na região de baixa

dopagem. Como vimos, os nossos férmions efetivos se assemelham bastante com as

quasipartículas convencionais. Essa situação de certo modo é retratada facilmente em

Imagem

Figura  2.1.1.  Espectro  das  excitações  de  partícula  buraco  para  sistemas  em  uma  dimensão em (a) e para duas dimensões em (b)
Figura 2.1.2. O modelo original de férmions com banda curva em (a) e substituído por  um  modelo  de  férmions  com  espectro  linear  em  (b)
Figura 3.1. A evolução temporal das temperaturas críticas dos supercondutores desde a  descoberta  da  supercondutividade  em  1911
Figura 3.1.1. Diagrama de fase típico dos cupratos supercondutores do tipo d.
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Referências

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