REVISTA
BRASILEIRA
DE
REUMATOLOGIA
www . r e u m a t o l o g i a . c o m . b r
Artigo
de
revisão
A
ac¸ão
analgésica
da
lidocaína
intravenosa
no
tratamento
da
dor
crônica:
uma
revisão
de
literatura
Maiara
Ferreira
de
Souza
∗e
Durval
Campos
Kraychete
FaculdadedeMedicina,UniversidadeFederaldaBahia,Salvador,BA,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem16deoutubrode2013 Aceitoem28dejaneirode2014
On-lineem6dejulhode2014
Palavras-chave:
Lidocaína
Lidocaínaintravenosa Dorcrônica
r
e
s
u
m
o
Justificativa:Adoréumproblemadesaúdepública,comprometendosobremaneiraa qua-lidadedevida.Quase80%dospacientescomdorcrônicarelataramqueadorinterfereem suasatividadesdavidadiária,edoisterc¸osafirmaramqueadorprovocaimpactonegativo nasrelac¸õespessoais.Aincapacidadefísicaefuncional,sejatemporáriaoupermanente, comprometeaatividadeprofissionalecausaabsenteísmoaotrabalho,elevandooscustos dossistemasdesaúde.
Objetivos:Oobjetivodestarevisãoéanalisar,combasenaliteratura,oefeitoanalgésicoda lidocaínaadministradaporviaintravenosanotratamentodadorcrônicaeavaliarareduc¸ão daintensidadedadorempacientescomdorcrônica,focandoaetiologiamusculoesquelética eneuropática.
Metodologia:Ométodoadotadofoioderevisãodaliteratura,consistindonabuscadeartigos científicossobreaeficáciadainfusãointravenosadelidocaínanotratamentodepacientes comdorcrônica.
Conteúdo:Dos19 estudosrevisados,12 apresentaramresultadosqueconfirmama ac¸ão analgésicadalidocaínaporviaintravenosaempacientescomdorcrônica.Amaioriados autoresutilizoudosesde5mg/kginfundidaspor30minutosoumais,produzindoanalgesia significativacomdurac¸ãovariável(deminutosasemanas).
Conclusões:Combasenarevisãodaliteratura,nãoépossíveluniformementeespecificara dosemaiseficazeseguradelidocaínaadministradaporviaintravenosanotratamento dador neuropáticaoumusculoesquelética.Quantoà eficácia,a infusãointravenosada lidocaínacomoalternativaparaotratamentodadorcrônicadeetiologiasdiversasparece bastantepromissora,emboraestudosadicionaisnecessitemserrealizados.
©2014ElsevierEditoraLtda.Todososdireitosreservados.
∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:maifsmr@hotmail.com(M.F.deSouza).
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbr.2014.01.010
The
analgesic
effect
of
intravenous
lidocaine
in
the
treatment
of
chronic
pain:
a
literature
review
Keywords:
Lidocaine
Intravenouslidocaine Chronicpain
a
b
s
t
r
a
c
t
Background: Painisapublichealthproblem,greatlyimpairingqualityoflife.Almost80%of patientswithchronicpainreportedthattheirpaininterfereswithactivitiesofdailyliving, andtwothirdsreportedthatthepaincausesnegativeimpactontheirpersonalrelationships. Thephysicalandfunctionaldisability,whethertemporaryorpermanent,compromisesthe professionalactivityandcausesworkabsenteeism,increasingcostsofhealthsystems.
Objectives: Theaimofthisreviewistoanalyze,basedontheliterature,theanalgesiceffect oflidocaineadministeredintravenouslyforthetreatmentofchronicpainandtoevaluate thereductionofpainintensityinpatientswithchronicpain,focusingonmusculoskeletal andneuropathicetiology.
Methodology: Themethodusedwasareviewoftheliterature,consistinginsearchingthe scientificliteratureontheefficacyofintravenouslidocaineinfusioninthetreatmentof patientswithchronicpain.
Content:Ofthe19studiesreviewed,12hadresultsthatconfirmtheanalgesiceffectof intra-venouslidocaineinpatientswithchronicpain.Mostauthorsuseddosesof5mg/kginfused for30minutesormore,producingsignificantanalgesiawithvariableduration(minutesto weeks).
Conclusions: Basedontheliteraturereview,itisnotpossibletouniformlyspecifythemost effectiveandsafedoseoflidocaineadministeredintravenouslyforthetreatmentof neuro-pathicormusculoskeletalpain.Asforeffectiveness,theintravenousinfusionoflidocaineas analternativeforthetreatmentofchronicpainofvariousetiologiesseemsverypromising, butfurtherstudiesneedtobeconducted.
©2014ElsevierEditoraLtda.Allrightsreserved.
Introduc¸ão
Ador crônicaafeta, aproximadamente, entre7% e40% da populac¸ão mundial.1 No Brasil, um estudo realizado pela
Organizac¸ãoMundialdaSaúde(OMS)em1998mostrouuma prevalênciade31%(dadosdoRiodeJaneiro);2jáemSalvador,
estima-seque41,4%dapopulac¸ãosofradedorcrônica.1
Adoréumproblemadesaúdepública,3–5comprometendo
sobremaneira a qualidade de vida. Diversos fatores, como depressão,alterac¸õesdosono,dificuldadede concentrac¸ão, desesperanc¸a,sentimentodemorteeoutros,encontram-se associadosaosintoma.Aperda daqualidadedevidaéum fato,vistoqueadorcomec¸aadirecionarealimitaros compor-tamentoseasatividadesdoindivíduo,gerandoafastamento social, mudanc¸as na sexualidade, alterac¸ões na dinâmica familiaredesequilíbrioeconômico.3Quase80%dospacientes
comdorcrônicarelataramqueosintomainterfereemsuas atividadesdavidadiáriaedoisterc¸osafirmaramqueprovoca impactonegativo nas relac¸ões pessoais.6 As incapacidades
físicaefuncional,sejamtemporáriasoupermanentes, com-prometemaatividadeprofissional7ecausamabsenteísmoao
trabalho,elevandooscustosdossistemasdesaúde.5Nos
Esta-dosUnidos,porexemplo,estima-sequemaisde50milhões dediasdetrabalhosejamperdidosporano.8Adorcrônicaé,
portanto,umproblemamédicoesocialimportante,sendoo abusodeopioidesumagrandepreocupac¸ão,pelosproblemas decorrentes de seus múltiplos efeitos colaterais, incluindo dependência.
A complexidade dos mecanismos fisiopatológicos que explicam o inícioea manutenc¸ãoda dordificulta, muitas vezes,aavaliac¸ão,odiagnósticoeotratamentodassíndromes dolorosas, que podem apresentar componentes inflamató-rios, neuropáticos ou mistos.Desse modo, diversas são as classesdemedicamentosutilizadosnotratamentode paci-entescomdorcrônica,natentativadereduziraintensidade dadoremelhoraraqualidadedevida.Entreosanestésicos locais,alidocaína[2-(dietilamino)-N-(2,6dimetilfenil) aceta-mida],umabasefracacompropriedadesantiarrítmicas,9tem
sidoempregadapordiversasvias,inclusiveavenosa. Alidocaínaalteraacondutânciatransmembranade cáti-ons,principalmentedosódio,dopotássioedocálcio,tantonos neurônioscomonosmiócitos.10Oscanaisdesódio
voltagem--dependentes constituemseus alvosclássicoseaafinidade dofármacopelocanalémaiorquandoesteseencontraaberto (ativadoouinativo).9Assim,ograudebloqueiovariaconforme
afrequênciadaestimulac¸ãoneuronal.6,11Noentanto,outros
mecanismostambémestãoenvolvidosnaanalgesia propor-cionada pelalidocaína,9,12 comoa interac¸ão,sejadireta ou
indireta,comdiferentesreceptoreseviasdetransmissão noci-ceptiva,aexemplodosagonistasmuscarínicos,inibidoresde glicina,liberac¸ãodeopioidesendógenosedeadenosina tri-fosfato,reduc¸ãodaproduc¸ãodeaminoácidosexcitatórios,de neurocininasedetromboxanoA2.12
central,13,14tratamentodafibromialgia15ecomoadjuvantena
dorpós-operatória,9entreoutros.
Pelo exposto, a lidocaína é utilizada no tratamento de pacientes com fibromialgia,artrose, câncer, neuralgia pós--herpética, dor neuropática e portadores de várias outras condic¸ões quecursamcom dorcrônica.Emboraocontrole dadorcrônicasejadifícil,muitosesforc¸osvêm sendo dire-cionadosparaodesenvolvimentodetratamentos,sobretudo farmacológicos,cadavezmaiseficazesemdiminuira inten-sidadedadornessespacienteseproporcionarperíodosmais longosdeanalgesia.
Oobjetivodestarevisãoéanalisar,combasenaliteratura, oefeitoanalgésicodalidocaínaadministradaporvia intrave-nosanotratamentodadorcrônica.Ométodoadotadofoio derevisãodaliteratura,consistindonabuscadeartigos cien-tíficos,nestecaso,sobreaeficáciadainfusãointravenosade lidocaínanotratamentodepacientescomdorcrônica.Para tal,foramutilizadasasbasesdedadosbibliográficosCENTRAL, MEDLINE/PubMed,LILACSeSCIELO.Naestratégiadebusca, foramutilizadasasseguintespalavras-chave:lidocaine, intra-venousandchronicpain,ouainda,lidocaine,infusionandchronic pain.Outra estratégiafoiabuscamanualemlistasde refe-rênciasdosartigos identificadoseselecionadospela busca eletrônica.Utilizamos como critério para selec¸ãodos estu-dospublicac¸õesatédezembrode2012,comdesenhosdotipo ensaioclínicoaleatóriorealizadocomhumanos,quetenham sidopublicadosemportuguêsouinglês,sendoexcluídos estu-dosnosdemaisidiomas.Foramincluídostambémartigosde relevânciasobrealidocaína,bemcomosobrecondic¸õesque cursamcomdorcrônica.Critériosdeexclusão:foram descar-tadosestudosqueavaliavamaeficáciadalidocaínanoalívio dadorevocadaapenas,realizadoscomanimaisouque avali-avamaeficáciadaassociac¸ãodalidocaínaaoutrofármaco.
Lidocaína
intravenosa
no
tratamento
dos
estados
dolorosos
crônicos
Fibromialgia
Diversosestudossugeremquealidocaínaintravenosapode reduziradorassociadaàfibromialgia,emboraestasejauma condic¸ãoresistenteaoutrasmedicac¸õesanalgésicas.Emum experimento duplo-cego controlado com placebo realizado nosanos1990,houvediminuic¸ãonosescoresdedordurante eapósainfusãodelidocaína.15Talachadoécorroboradopor
estudosposteriores,emqueadurac¸ãodoalívioexcedeutanto otempodeinfusãocomoameia-vidadofármaco.15Emum
ensaionãocontrolado,cincoinfusõesconsecutivasde lido-caínaintravenosacomdosescrescentesde2mg/kga5mg/kg resultaramemumareduc¸ãonosscoresde dorquefoi sig-nificativa após o quintodia e persistiuapós 30 dias.15 Em
outroestudo,areduc¸ãonosscoresdedortambémfoi man-tidamesmo30diasapósaúltimainfusãodelidocaína.15Em
umexperimentocruzadoduplo-cegoenvolvendo75pacientes comfibromialgia,oefeitoanalgésicoduradourodadrogafoi confirmado.15Poroutrolado,estudosdistintosnãoobtiveram
resultados positivos após infusãointravenosa delidocaína: aofinal dequatroinfusõesda droga comintervalos sema-nais,areduc¸ãonosescoresdedornãoatingiusignificância
estatística.16 Em outro trabalho, que combinou3mg/kg de
lidocaínaintravenosaadministradasemanalmentea25mgde amitriptilina durantequatrosemanas,nãohouvemudanc¸a na intensidade da dor em pacientes com fibromialgia em comparac¸ãocomaamitriptilinasozinha.17
Síndromesdedormiofascial
Amaioriadosestudoscomlidocaínaporviaintravenosafoi realizadaempacientescomdorneuropática,enquanto porta-doresdedormiofascialsãogeralmentetestadoscominfusões intramuscularesdofármaco.Emumestudodoanode2005 queenvolveuinfusõesdelidocaína,cetaminaemorfina,dos 30 pacientes com dor crônica associada a whiplash (lesão cervical pordesacelerac¸ão),11de18 respondedores experi-mentaramreduc¸ãodadorapósainfusãodelidocaínanadose de5mg/kg.18
Dorneuropática
Neuropatiasperiféricas
Wallace et al. (1996) alcanc¸aram analgesia significativaem concentrac¸ões plasmáticasdelidocaínaentre1,5-2,5g/mL.
Emoutroestudo,ocorreureduc¸ãonoescoreVASparador con-tínuaquandolidocaínafoiinfundidaemdosesaltas(5mg/kg) ebaixas(1mg/kg),porperíodosdeduashorasoumais.Não houve,contudo,diferenc¸aemrelac¸ãoaoplacebo.19
NoexperimentodeFerranteetal.(1996),ainfusãode lido-caínaporviavenosademandoucercadecincominutospara atingiranalgesiamáxima,tendooefeitoanalgésico aumen-tadoabruptamenteapartirdecertaconcentrac¸ãoplasmática (0,62g/mL).20Emoutrosestudos,oefeitoseiniciou30
minu-tosapósocomec¸odainfusão,atingindo opicodeac¸ãoem 60a120minutos.21,22Alémdisso,observou-seanalgesia
sig-nificativaemrelac¸ãoaoplacebopormaisdeseishorasapós ainfusão,sendoqueumsubgrupodepacientesrelatoualívio porumperíodoaindamaior,superiorasetedias.21
Reduc¸ãonaintensidadedadortambémfoiregistradaem pacientescomneuralgiapós-herpética.Ainfusãodadrogaem dosesde5mg/kgou,atémesmo,de1mg/kgdurante perío-dosvariados provocoureduc¸ão significativanosescoresde dor6 sem, no entanto, uma correlac¸ão entre o alívio e as
concentrac¸õesplasmáticasdofármaco.
Em indivíduos com neuropatia diabética dolorosa, a durac¸ãodoefeitoindividualvariouentretrêse28dias,com doses de 5ou7,5mg/kginfundidasporumperíodode até quatro horas,23,24 com tendência para umamaiorresposta
à lidocaína na dose de 7,5mg/kg em comparac¸ão com a de 5mg/kg, masessadiferenc¸anãoatingiusignificância.A natureza qualitativa da dor também foi significativamente modificadapelofármacoemcomparac¸ãocomplacebo.24
Emboradiversosestudosconfirmemaeficáciadalidocaína nadorespontâneacontínuacausadaporlesãonervosa perifé-rica,outrosexperimentosnãotiveramsucessoemreafirmar o efeito benéfico da droga nesse sentido.Um experimento realizado em2006,porexemplo,demonstrouumareduc¸ão significativana dorevocadaporestímulos repetitivos, mas nãonadorespontânea,apósainfusãode5,0mg/kgdurante 30 minutos.25 O mesmo resultado negativo foi observado
o efeito da lidocaína com a cetamina e com o placebo, a dosede2,5mg/kgdelidocaínanãofoisuficienteparagerar diferenc¸assignificativasemrelac¸ãoaoplaceboouàcetamina. Noentanto, após a infusão serinterrompida, os pacientes queresponderamàlidocaínaexperimentaramumperíodode alívio da dormaior doque os pacientes queresponderam àcetamina,cujosescoresVASpraticamenteretornaramaos valorespré-drogaapósofinaldainfusão.27Outroexperimento
quetestoudosescrescentesdofármaco(1,3e5mg/kg) tam-bémfalhouemdemonstraroefeitoanalgésicodalidocaínaem dosesbaixas,provandosuaeficáciaapenasnaconcentrac¸ão maiselevada.28
Dosesdelidocaínaentre1,5e5mg/kgdemonstraramser efetivaspara suprimir descargasectópicas sembloquear a conduc¸ãonervosa,correspondendo aníveisplasmáticosde 0,62a5mg/mL.Alémdisso, oefeitoda lidocaínasistêmica sobreadorneuropática podeserdiferente dependendoda fontede gerac¸ãodador.Desse modo,suaeficáciapodeser maior em pacientes com lesão nervosa periférica do que naquelescomdordecorrentededanos nosistemanervoso centraloudeetiologiasdesconhecidas.29
NaCRPSoempregodelidocaínaporviavenosafoi rela-tadocomo benéfico emalgunspacientes quandoestudado retrospectivamente,tantoemadultoscomoemcrianc¸as.30,31
Estudoscontrolados,noentanto,nãoforamcapazesde com-provaresses dados. Emumexperimento queutilizou uma bomba de infusãocontrolada por computador, houve uma diminuic¸ãosignificativanosescoresdedorespontânea ape-nasquandoalidocaínaatingiuonívelplasmáticomaisalto (3mg/mL);níveis plasmáticosde1e2mg/mLnãogeraram efeito relevante sobre a dor espontânea, o que pode ser explicadopelofatodequeesseestudoenvolveutestes neu-rosensitivosintensos,quepodemtermascaradoosefeitosdo fármaco.32
Dorcentral
Alidocaínaporviasistêmicaécapazdeinduzirreduc¸ão sig-nificativaeseletivadevárioscomponentesdadorcausada porlesõesdosistemanervosocentral(SNC),inclusivedador espontânea,sendoquedoisde16pacientesapresentaram alí-viopormaisde45minutosapósainfusãode5mg/kgdadroga ativa,emcomparac¸ãocomplacebo.33Emoutroexperimento
randomizadoecontroladoporplacebo,ofármacoaliviouador neuropáticatanto abaixocomoaonível dalesão espinal.34
Taisresultadossãoopostosaosencontradosemumestudo de2004,emqueapenasacetamina,enãoalidocaína, mos-troureduziradorespontâneacontínuaempacientescomdor secundáriaàlesãodoSNC.6
Os três estudos controlados por placebo citados acima avaliaramaeficáciadalidocaínaporviaintravenosanador neuropáticacentral.Doisdeles,queutilizaramaltasdosesdo fármaco(5mg/kgIV)eincluíramumtotalde32pacientescom lesãoespinaltraumáticaousiringomielia,tiveramresultados positivosparadorespontânea(tantoaoníveldalesão espi-nalcomoabaixodele),enquantooestudoqueutilizouuma doseconsideravelmentemenor(1,5mg/kgIV)teveum desfe-chonegativo.
Aanálisedatabela1permiteconstatarafaltade unifor-midadedosestudosemrelac¸ãoaosdadosapresentados:dos dezoitoartigosanalisados,nemtodosinformaramadosede
lidocaínaadministradaouotempodeinfusão;apenasalguns realizarammedic¸õesdaconcentrac¸ãoplasmáticadofármaco duranteainfusãoe,dosqueofizeram,poucosinformaram onívelplasmáticomínimo emquehouveefeito.Apesarde aocorrênciadeefeitosadversostersidorelatadanamaioria dosestudos,algunsnãoespecificaramquaisreac¸ões foram observadas.Agrandemaioriadosestudoslimitou-sea pes-quisaroefeitoanalgésicodalidocaínalogoapósainfusãoou, nomáximo,poucas horasdepois,abstendo-sedeinvestigar sehouvealívioprolongado,essencialempacientescomdor crônica.Opequenotamanhodasamostrasfoiumalimitac¸ão comumaváriosdosestudosrevisadose,empelomenosum deles,geroudiferenc¸aentreosgruposestudados(nas caracte-rísticas:idademédiaeproporc¸ãoentrehomensemulheres), apesardaalocac¸ãoaleatória.28
Doisdosestudosincluídosnarevisãonãoenvolveramum grupocontrole;noentanto,amanutenc¸ãodeefeitopositivo pormaisde30 diasapós aúltimaintervenc¸ãoterapêutica, comoocorreunoexperimentoconduzidoporSchafranskiet al.(2009),15tornaoefeitoplacebopoucoprovável.Demodo
contrário,umestudocontroladofalhouemdemonstrara efi-cáciaanalgésicadalidocaínaempacientescomfibromialgia porqueareduc¸ãonosescoresdedornãoatingiu significân-ciaestatística,emboraalíviosmaiorestenhamsido obtidos nogrupoquerecebeuofármacoquandocomparadoaoque recebeuoplacebo.16
Segundoamaioriadosestudosrevisados,o efeito dura-douroseriaobtidoapósinfusõesrepetidasdofármaco,embora nãosejadescartadaapossibilidadedealívioapósumaúnica infusão.Dos seisexperimentosrelacionadosàfibromialgia, apenasdoisnãoconfirmaramopoderanalgésicodalidocaína administradaporviaintravenosa,havendofortesevidências desuaeficácianocontroledadornessespacientes.
Noqueconcerneàdormusculoesquelética,osefeitos posi-tivos das drogas costumam ser pobres e, geralmente, não melhoramsignificativamenteaincapacidadeeaqualidadede vida,apesardeproduziremalíviodador.20Dessaforma,ainda
énecessárioummaiornúmerodeestudosparaavaliaroefeito dalidocaínasistêmicanessespacientes,afimdedeterminar suarealutilidadeeeficácia.
Boas et al., em 1982, relataram a reduc¸ão da dor por desaferentac¸ão edadorcentralcom lidocaínaintravenosa, indicando um possível valor terapêutico da administrac¸ão intravenosa dessa droga no manejo de síndromes de dor neuropática intratáveis.35 Desdeentão, diversosestudosjá
demonstraramquealidocaínasistêmicapodeserefetivano tratamentodeváriascondic¸õesquecursamcomdor neuro-pática emdosesque nãoproduzem anestesiafranca eem concentrac¸ões plasmáticas abaixodas requeridas para blo-quear a conduc¸ão axonal.23,35–38 Os efeitos analgésicos do
fármacopodemserobservadosempacientescomneuropatia diabética,neuralgiapós-herpéticaeváriasdesordens neuro-páticas, comosíndromecomplexa regionaltipoIeIIedor pós-AVC.28
Emdorneuropáticaperiférica,concentrac¸õesplasmáticas delidocaínaentre1,5-2,5g/mL,parecemsersuficientespara
promover analgesia.29 No entanto, háevidências de que a
Tabela1–Dadosdosartigosrevisados
Autor(es)/ano Tamanhoda
amostra (casos/controles)
Tipodeensaio
(cruzado/paralelo/ aberto)
N◦de
infusõesde
lidocaína
Doseutilizada
emcada
infusão
Tempode
infusão
Alíviosignificativo
emrelac¸ãoao
placebo
Wallaceetal.,199629 11(11/11) Cruzado 1 **** **** Sim
Baranowskietal.,199939 24(24/24) Cruzado 2 1e5mg/kg 2h Não
Attaletal.,200033 16(16/16) Cruzado 1 5mg/kg 30min Sim
Finnerupetal.,200543 24(13/11) Cruzado 1 5mg/kg 30min Sim
Lemmingetal.,200518 33(dadonão
encontrado)
Cruzado 1 5mg/kg 30min Sim
Tremont-Lukatsetal.,200628 32(7/9/8/8) Paralelo 1 1,3e5mg/kg 6h Sim(maiordose)
Attaletal.,200421 22(22/22) Cruzado 1 5mg/kg 30min Sim
Wallaceetal.,200032 16(16/16) Cruzado 1 **** **** Sim
Gottrupetal.,200625 20(10/10) Cruzado 1 5mg/kg 30min Não
Vlainichetal.,201017 30(15/15) Paralelo 4 3mg/kg 60min Não
Schafranskietal.,200915,* 23 Aberto 5 2a5mg/kg 2h Sim
Kastrupetal.,198723 15(8/7) Cruzado 1 5mg/kg 30min Sim
Kvarnströmet.al.,2003/20046,27 10(10/10) Cruzado 1 2,5mg/kg 40min Não
Ferranteetal.,199640,* 13 Aberto 1 500mg 60min Sim
Gormsenetal.,200926 15(15/13) Cruzado 1 5mg/kg 4h Não
Violaetal.,200624 15(15/15/15) Cruzado 2 5e7,5mg/kg 4h Sim
Wuetal.,200222 32(11/11/12) Cruzado 1 5mg/kg 42min Não
Autor(es)/ano Reduc¸ãodador
(%)
N◦depacientesque
relataramalívioem
cadagrupo
(casos/controles)
Durac¸ão
doefeito
Concentrac¸ão plasmática
emque
houvealívio
Efeitosadversos Escorede
jadad
Wallaceetal.,199629 >50 **** **** 1,5-2,5
g/mL Delírio,náuseas 2
Baranowskietal.,199939 ∼50(1mg/kg)e
>30(5mg/kg))
**** **** 1,7
g/ml Parestesiaperioral(dosemaior) 2
Attaletal.,200033 ∼50 10/6 45min **** **** 4
Finnerupetal.,200543 >30 19/4 **** 1,5-4,1g/mL Delírio,tontura,sonolência,
disartria,visãoturva,tremores,
bocaseca,cefaleia.
5
Lemmingetal.,200518 **** 11/2 **** **** **** 5
Tremont-Lukatsetal.,
200628
>30 **** 6h **** Delírio,náuseas/vômitos,
dipopia,cefaleia,zumbido,
parestesiaperioral,gosto
metálico,apertonagarganta.
5
Attaletal.,200421 >60 11/*** 6h **** Delírio,sonolência,dormência
perioral,falatruncada,tontura,
disartria.
5
Wallaceetal.,200032 ≥ 25 **** **** 3
g/mL Delírio 2
Gottrupetal.,200625 ∼10 4/0 **** **** Delírio,náusea,parestesia,
visãoturva,tontura,disastria,
cefaleia,bocaseca.
4
Vlainichetal.,201017 >45 **** **** **** **** 4
Schafranskietal.,
200915,*
>15e>10(após
30dias)
**** 30dias **** Nãohouve Nãose
aplica
Kastrupetal.,198723 >40(1–3dias)e
>15
9/4 3-21dias **** **** 2
Kvarnströmet.al.,
2003/20046,27
∼10(>50em1
paciente)
1/0 **** **** Sonolência,parestesiaperioral. 4
Ferranteetal.,199640,* 100(100
pacientes),62,55
e40(osdemais)
13 **** 0,62g/mL **** Nãose
aplica
Gormsenetal.,200926 ∼36 11/8 **** **** Sonolência,parestesiaperioral,
cefaléia,tontura,fadiga,
desconforto,bocaseca,
náuseas,espasmos
musculares.
5
Violaetal.,200624 **** **** 28dias **** Delírio(maiordose) 3
Wuetal.,200222 ∼30 **** **** **** **** 4
∗ Estudosnãocontrolados.
lidocaína,porperíodosdeduashorasoumais,emboranão tenhahavidodiferenc¸aemrelac¸ãoaoplacebo.39Ofatodea
lidocaínateratingidoanalgesiamáximacincominutosapós oiníciodainfusão,comaumentoabruptodoefeito analgé-sicoapartirdecertaconcentrac¸ãoplasmática (0,62g/mL),
indicaqueseuoefeitoanalgésicoporviavenosanãosegue umacurvadose-efeito,bloqueandorepentinamenteoimpulso doloroso.40
Apesar de a meia-vida do fármaco ser de apenas 120minutos, a analgesia proporcionada pelalidocaína sis-têmicaéprolongada,podendo estender-sepordias, ouaté semanas.21Issopodeserdecorrentedaac¸ãodalidocaínapor
viavenosa nosistemanervosoperiféricoecentral.Sabe-se queosneuromasformadosemlocaisdelesãodenervos peri-féricospossuemumacúmuloanormaldecanaisdesódio,o quedeveserumgrandecontribuintedadorintensaproduzida portaislesões.14,41Ahiperalgesiacentral,poroutrolado,está
relacionadaacanaisdesódiolocalizadosnasterminac¸õesdos mecanorreceptores,namedulaespinhalenogângliodaraiz dorsal.12Obloqueiodessescanaisdesódiocausainibic¸ãoda
atividadeneuronalespontâneaeevocada,bemcomoreduza hiperatividadeneuronal,comalíviodadorportempomaior que a relacionadacom os padrões farmacocinéticosdessa droga.A lidocaínatambémpromovea reduc¸ãoda alodinia edahiperalgesia.Ocorrediminuic¸ãodadorespontânea,da disestesia,dahiperalgesiamecânicaedaalodiniamecânica.9
Além das ac¸õesanestésicaseantiarrítmicas, estas bem estabelecidas, a lidocaína por via venosa também possui propriedades anti-inflamatórias significativas, por inibir a liberac¸ãodecitocinaseinterferirnaac¸ãodecélulas inflamató-rias,comomacrófagos,monócitosepolimorfonucleares.9,12,42
Estaúltimaformadeatuac¸ãovemsendotestadaemvários estudosatualmenteeparecebastantepromissora.
Emindivíduoscomneuropatiadiabéticadolorosa,a lido-caínapodereduziraatividadeespontâneaempequenasfibras mielinizadasdanificadasaoestabilizarmembranasnervosas, oquetemsidopropostocomoacausadadorneuropática.23
Alémdisso,oefeitodalidocaínasistêmicasobreador neu-ropáticapodeserdiferente,dependendodafontedegerac¸ão dador.Dessemodo,suaeficáciapodesermaiorem pacien-tescom lesão nervosa periféricadoquenaqueles com dor decorrentededanosnoSNCoudeetiologiasdesconhecidas.29
No estudo de Viola et al. (2006), houve tendência para uma maior resposta à lidocaína na dose de 7,5mg/kg em comparac¸ão com a de 5mg/kg, porém sem significância estatística.24Talresultadopodeindicarqueasdoses
examina-dasestavampertodapartesuperiordacurvadedose-resposta paraareferidaterapia.Emboradiversosestudosconfirmem aeficáciadalidocaínanadorespontâneacontínuacausada porlesãonervosaperiférica,outrosexperimentosnãotiveram sucessoemreafirmaroefeitobenéficodadroganessesentido. Aliteraturasugereque,defato,alidocaínaporvia intra-venosa é eficaz no manejo da dor crônica. Dez dos 14 estudosrealizados empacientes com neuropatias periféri-cas obtiveram resultados favoráveis à utilizac¸ão sistêmica do fármaco no tratamento de doenc¸as que cursam com dorneuropática,incluindoneuralgiapós-herpéticae neuro-patiadiabética dolorosa.Os quatro restantes falharam em demonstraroefeitoanalgésicodalidocaína,provavelmente por questões metodológicas como, por exemplo, número
insuficientedepacientes,26 ouainda,produc¸ãodedor
evo-cada poucoapóso inícioda infusão,mascarandopossíveis resultadospositivos.25
EmpacientescomlesãodoSNC,alidocaínaaliviouador neuropáticatantoabaixocomoaoníveldalesãoespinal, suge-rindoumefeitosobreosmecanismosgeradoresdadorcentral, emboranãosejapossíveldeterminarseoefeitoocorreanível espinaloucerebral.43
A dose de lidocaína empregada por vários investigado-resvaria,namaioriadasvezes,de1a5mg/kgadministrada ao longo de um período de 30 a 60 minutos. Em vários ensaios clínicos randomizados, pesquisadores mediram os níveisplasmáticosdadroganumatentativadeencontraruma relac¸ão entre concentrac¸ão e resposta.32,40 Embora alguns
autores afirmem que a mínima concentrac¸ão plasmática capazdeproduziranalgesiasignificativaéde1,5mL/L (con-seguida com doses de 2-5 mg/kg infundidas durante 30-60 minutos),22 nenhuma informac¸ão sobre a concentrac¸ão
terapêuticaespecíficaestádisponível.
Conclusão
Ainfusãointravenosadalidocaínacomoalternativaparao tratamentodadorcrônicadeetiologiasdiversasparece bas-tantepromissora,emboraestudosadicionaisnecessitemser realizados.
Noqueconcerneàdorneuropáticaoumusculoesquelética, nãoépossíveluniformementeespecificaradosemaiseficaz eseguradelidocaínaadministradaporviaintravenosaaser utilizadaemseutratamento.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
r
e
f
e
r
ê
n
c
i
a
s
1.SáK,BaptistaAF,MatosMA,LessaI.Prevalênciadedor crônicaefatoresassociadosnapopulac¸ãodeSalvador,Bahia. RevSaúdePública.2009;43:622–30.
2.GurejeO,VonKorff,SimonG,GalerR.Persistentpainand well-being:aWorldHealthOrganizationstudyinprimary care.JAMA.1998;280:147–51.
3.DellarozaMSG,PimentaCAM,MatsuoT.Prevalênciae caracterizac¸ãodadorcrônicaemidososnão
institucionalizados.CadSaúdePública[serialnainternet]. 2007;23:1151–60,citado30junho2011.
4.KrelingMCGD,CruzDALM,PimentaCAM.Prevalenciade dolorcrônicoenadultos.RevBrasEnferm.2006;59:509–13.
5.PicavetHS,SchoutenJS.Musculoskeletalpaininthe Netherlands:prevalences,consequencesandriskgroups,the DMC3-study.Pain.2003;102:167–78.
6.KvarnströmA,KarlstenR,QuidingH,GordhT.Theanalgesic effectofintravenousketamineandlidocaineonpainafter spinalcordinjury.ActaAnaesthesiolScand.2004;48:498–506.
8. StewartWF,RicciJA,CheeE,MorgansteinD,LiptonR.Lost productivetimeandcostduetocommonpainconditionsin theUSworkforce.JAMA.2003;290:2443.
9. OliveiraCMB,IssyAM,SakataRK.Lidocaínaporviavenosa intraoperatória.RevBrasAnestesiol.2010;60:325–32.
10.DiasRR,DalvaM,SantosB,KwasnickaKL,SarraffAP,DiasAR. Influênciadalidocaínanaprotec¸ãomiocárdicacomsoluc¸ão cardioplégicasanguínea.RevBrasCirCardiovasc,SãoJosédo RioPreto.2002;17(3).
11.HeavnerJE.Localanesthetics.CurrOpinAnaesthesiol. 2007;20:336–42.
12.LaurettiGR.Mecanismosenvolvidosnaanalgesiada lidocaínaporviavenosa.RevBrasAnestesiol.2008;58:280–6.
13.CahanaA,CarotaA,MontadonML,AnnoniJM.Thelong-term effectofrepeatedintravenouslidocaineoncentralpainand possiblecorrelationinpositronemissiontomography measurements.AnesthAnalg.2004;98:1581–4.
14.NikolajsenL,BlackJA,KronerK,JensenTS,WaxmanSG. Neuromaremovalforneuropathicpain:efficacyand predictivevalueoflidocaineinfusion.ClinJPain. 2010;26:788–93.
15.SchafranskiMD,MalucelliT,MachadoF,TakeshiH,KaiberF, SchmidtC,etal.Intravenouslidocaineforfibromyalgia syndrome:anopentrial.ClinRheumatol.2009;28:853–5.
16.PosnerIA.Treatmentoffibromyalgiasyndromewith intravenouslidocaine:aprospective,randomizedpilotstudy. 1994.
17.VlainichR,IssyAM,GerolaLR,SakataRK.Effectof
intravenouslidocaineonmanifestationsoffibromyalgia.Pain Pract.2010;10:301–5.
18.LemmingD,SörensenJ,Graven-NielsenT,Arendt-NielsenL, GerdleB.Theresponsestopharmacologicalchallengesand experimentalpaininpatientswithchronic
whiplash-associatedpain.ClinJPain.2005;21:412–21.
19.BackonjaM.Neuromodulatingdrugsforthesymptomatic treatmentofneuropathicpain.CurrPainHeadacheRep. 2004;8:212–6.
20.CuratoloM,BogdukN.Pharmacologicpaintreatmentof musculoskeletaldisorders:currentperspectivesandfuture prospects.ClinJPain.2001;17:25–32.
21.AttalN,RouaudJ,BrasseurL,ChauvinM,BouhassiraD. Systemiclidocaineinpainduetoperipheralnerveinjuryand predictorsofresponse.Neurology.2004;62:
218–25.
22.WuCL,TellaP,StaatsPS,VaslavR,KazimDA,WesselmannU, etal.Analgesiceffectsofintravenouslidocaineandmorphine onpostamputationpain:arandomizeddoubleblind,active placebo-controlled,crossovertrial.Anesthesiology. 2002;96:841–8.
23.KastrupJ,PetersenP,DejgårdA,AngeloHR,HilstedJ. Intravenouslidocaineinfusion:anewtreatmentofchronic painfuldiabeticneuropathy?1987.
24.ViolaV,NewnhamHH,SimpsonRW.Treatmentofintractable painfuldiabeticneuropathywithintravenouslignocaine. 2006.
25.GottrupH,BachFW,JuhlG,JensenTS.Differentialeffectof ketamineandlidocaineonspontaneousandmechanical evokedpaininpatientswithnerveinjurypain.
Anesthesiology.2006;104:527–36.
26.GormsenL,FinnerupNB,AlmqvistPM,JensenTS.The efficacyoftheAMPAreceptorantagonistNS1209and lidocaineinnerveinjurypain:arandomized,double-blind, placebo-controlled,three-waycrossoverstudy.AnesthAnalg. 2009;108:1311–9.
27.KvarnströmA,KarlstenR,QuidingH,EmanuelssonBM, GordhT.Theeffectivenessofintravenousketamineand lidocaineonperipheralneuropathicpain.ActaAnaesthesiol Scand.2003;47:868–77.
28.Tremont-LukatsIW,HutsonPR,BackonjaMM.Arandomized, double-masked,placebo-controlledpilottrialofextendedIV lidocaineinfusionforreliefofongoingneuropathicpain.Clin JPain.2006;22:266–71.
29.WallaceMS,DyckJB,RossiSS,YakshTL.Computer-controlled lidocaineinfusionfortheevaluationofneuropathicpain afterperipheralnerveinjury.Pain.1996;66:69–77.
30.SchwartzmanRJ,PatelM,GrothusenJR,AlexanderGM. Efficacyof5-daycontinuouslidocaineinfusionforthe treatmentofrefractorycomplexregionalpainsyndrome.Pain Med.2009;10:401–12.
31.SureshS,WheelerM,PatelA.Caseseries:IVregional anesthesiawithketorolacandlidocaine:isiteffectiveforthe managementofcomplexregionalpainsyndrome1in childrenandadolescents?AnesthAnalg.2003;96:694–5.
32.WallaceMS,RidgewayBM,LeungAY,GerayliA,YakshTL. Concentration-effectrelationshipofintravenouslidocaineon theallodyniaofcomplexregionalpainsyndrometypesIand II.Anesthesiology.2000;92:75–83.
33.AttalN,GaudéV,BrasseurL,DupuyM,GuirimandF,ParkerF, etal.Intravenouslidocaineincentralpain:adouble-blind, placebo-controlled,psychophysicalstudy.Neurology. 2000;54:564–74.
34.FinePG.Theuseofopioidsinpainmanagement.CitaP,Marx S,PenlesL.Health-relatedqualityoflife(HRQoL)among patientsexperiencingacuteandchronic
moderate-to-moderately-severepain:resultsfromasurveyof 606painpatientsintheUnitedStates.Paperpresentedat: AmericanPainSocietyAnnualMeeting;May8-10,2008; Tampa,Florida.Availablefrom:
http://www.accesscme.org/PDFs/PN808.pdf
35.BoasRA,CovinoBG,ShahnarianA.AnalgesicresponsestoI.V. lidocaine.BrJAnesth.1982;54:501–5.
36.BachFW,JensenTS,KastrupJ,StigsbyB,DejgårdA.Theeffect ofintravenouslidocaineonnociceptiveprocessingindiabetic neuropathy.Pain.1990;40:29–34.
37.LeeE,DonovanK.Reactivationofphantomlimbpainafter combinedinterscalenebrachialplexusblockandgeneral anesthesia:successfultreatmentwithintravenouslidocaine. Anesthesiology.1995;82:295–8.
38.TanelianDL,BroseWG.Neuropathicpaincanberelievedby drugsthatareuse-dependentsodiumchannelblockers: lidocaine,carbamazepine,andmexiletine.Anesthesiology. 1991;74:949–51.
39.BaranowskiAP,DeCourceyJ,BonelloE.Atrialofintravenous lidocaineonthepainandallodyniaofpostherpeticneuralgia. JPainSymptomManage.1999;17:429–33.
40.FerranteFM,PaggioliJ,CherukuriS,ArthurGR.Theanalgesic responsetointravenouslidocaineinthetreatmentof neuropathicpain.AnesthAnalg.1996;82:91–7.
41.AmirR,ArgoffCE,BennettGJ,CumminsTR,DurieuxME, GernerP,etal.Theroleofsodiumchannelsinchronic inflammatoryandneuropathicpain.JPain.2006;7:S1–29.
42.KraycheteDC,GuimarãesAC,CarvalhoMG,CarvalhoEM. Papeldalidocaínaporviavenosanotratamentodadorna esclerodermia:relatodecaso.RevBrasAnestesiol.2003.