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Inoculante "graminante" nas culturas de trigo e aveia.

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Academic year: 2017

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INOCULANTE “GRAMINANTE” NAS CULTURAS DE TRIGO E AVEIA

INOCULANT “GRAMINANTE” IN WHEAT AND OAT CROPS

Ben-Hur Costa de Campos1 Sergiomar Theisen2 Valderi Gnatta3

1

Engenheiro Agrônomo, Mestre, Pesquisador da Fundação Centro de Experimentação e Pesquisa Fecotrigo (FUNDACEP FECOTRIGO), RS 342, km 14, CP 10, 98100-970. Cruz Alta, RS. E-mail: fundacep@azcomnet.com.br. Autor para correspondência. 2

Aluno do Curso de Agronomia, Universidade de Cruz Alta. Cruz Alta, RS. Bolsista do CIEE.

RESUMO

Com o objetivo de avaliar o inoculante “Grami-nante”, foram realizados seis experimentos em área experimental localizada na FUNDACEP FECOTRIGO, Cruz Alta, RS, condu-zidos no sistema plantio direto. Na safra 1996, conduziram-se dois experimentos com a cultura do trigo e, na safra 1997, dois com a cultura do trigo e dois com a cultura da aveia. O produto comercial foi testado individualmente e associado à adubação nitrogenada. Na safra 1996, os tratamentos foram: 1) testemunha sem inoculação e sem fertilizante nitrogenado (N); 2) com “Gra-minante”; 3) com N na semeadura e em cobertura; 4) com “Graminante” + N na semeadura e em cobertura; 5) com “Gra-minante” + N na semeadura e, 6) com “Gra“Gra-minante” + N em cobertura. Na safra 1997, foram acrescidos dois tratamentos: 7) com N na semeadura e, 8) com N em cobertura. Na safra 1996, foram avaliados, no trigo, o rendimento bruto e líquido dos grãos. Na safra 1997, para a mesma cultura, foram avaliados o número de plantas, de perfilhos e de espigas, a altura de plantas, o teor de nitrogênio total do grão e o rendimento de grãos. Para a cultura da aveia, foram avaliados o número de plantas e perfi-lhos, a massa verde, a massa seca, o teor de nitrogênio total do grão e o rendimento de grãos com corte e sem corte. O “Grami-nante” não apresentou resposta agronômica favorável em ne-nhum dos parâmetros analisados nas culturas do trigo e da aveia.

Palavras-chave: fixação biológica de N2, inoculação,

Azospirillum, trigo, aveia.

SUMMARY

To evaluate the inoculant “Graminante”, six field experiments were carried out at FUNDACEP FECOTRIGO, in Cruz Alta, RS. In the 1996 cropping season, two experiments were carried out with wheat crop and in the 1997 cropping season two experiments were carried out on wheat and two on oat crop. The commercial product was tested isolated and in association with nitrogen fertilization. In the 1996 cropping season the treatments were as follows: 1) Check without inoculation and without nitrogen fertilizer (N); 2) “Graminante” inoculant; 3) Nitrogen fertilizer applied at the planting date and broadcasting; 4) “Graminante” inoculant + N fertilizer at planting date and broadcasting; 5) “Graminante” inoculant at

planting date + N fertilizer broadcasting; 6) “Graminante” inoculant + N at planting date and fertilizer broadcasting. In the 1997 cropping season another two treatments were added: 7) N at planting date and 8) N fertilizer broadcasting. In the 1996 season, both the gross and the net yield weights were evaluate on the wheat crop. In the 1997 season, and for the same crop, the parameters evaluated were: number of plants, of tillerings and of spikes, plant height, the total nitrogen content of the grain and grain yield. On the oat crop the parameters evaluated were: number os plants and tillerings, green matter weight, dry matter weight, total nitrogen content in the grain and grain yield, both with and without cutting. The inoculant “Graminante” did not show any favourable agronomical answer to any of the parameters analized for both the wheat and the oat crops.

Key words: nitrogen biological fixation, inoculation,

Azospirillum, wheat, oat.

INTRODUÇÃO

Os microrganismos fixadores de N2 em

vida livre, também chamados diazotróficos, apesar de importantes em número, em geral contribuem pouco em N fixado, devido à pouca quantidade de substrato como fonte de energia existente na biosfera circundante (RUSCHEL & PONTES, 1992). O efeito dessas bactérias está, principalmente, na pro-moção do crescimento radicular das plantas, pela produção de substâncias promotoras de crescimento (OKON & LABANDERA-GONZALEZ, 1994).

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como alimento pelo homem. Por isso, mesmo que apenas uma parte do N pudesse ser fornecida pela associação com bactérias fixadoras, a economia em adubos nitrogenados seria igual ou superior àquela verificada com as leguminosas que podem ser auto-suficientes em nitrogênio (DÖBEREINER, 1992).

O estudo de fixadoras associadas com gramíneas é bastante novo. A fixação de N em

Paspalum notatum foi determinada em 1977 e

estimada em 40 kg/ha/ano, suficiente para manter essa espécie o ano inteiro sem adição de fertilizantes nitrogenados. A bactéria Azotobacter paspalli é a responsável pela fixação e vive na superfície das raízes (DÖBEREINER, 1992).

Além das bactérias fixadoras que ocorrem na superfície de raízes, têm sido identificadas várias espécies de Azospirillum, que ocorrem na superfície e no interior de raízes de várias plantas, especial-mente gramíneas forrageiras e cereais (DÖBEREINER & PEDROSA, 1987). Essas bacté-rias, em regiões tropicais e subtropicais, ocorrem em números entre 103 a 106 por grama de solo, e em números ainda maiores na superfície de raízes de cereais e gramíneas forrageiras (DÖBEREINER et

al., 1990). Esse aumento é mais pronunciado dentro

das raízes e ocorre junto com o pico de fixação de nitrogênio. Dentro das raízes, a bactéria fica protegi-da de fatores negativos do solo, como o excesso de O2, a competição com outros organismos, a acidez

do solo e a deficiência de fósforo. Esta interação constitui um estágio intermediário entre a associação de A. paspali, que vive na superfície de raízes, e a simbiose das leguminosas com o rizóbio, onde ocor-rem modificações anatômicas e fisiológicas dos tecidos do hospedeiro, em resposta à presença da bactéria e perfeita integração funcional entre os dois organismos (DÖBEREINER & PEDROSA, 1987).

Segundo ALVAREZ et al. (1996), as bactérias do gênero Azospirillum, além de fixadoras assimbióticas de N2, também são consideradas

rizo-bactérias promotoras de crescimento de plantas comumente associadas com raízes de cereais. Dentro de cada espécie deste gênero, existem estirpes com comportamento diferente. Esses autores, testando estirpes de Azospirillum brasilense, constataram que a estirpe Sp 245 foi mais hábil em promover o rápi-do crescimento de plântulas de trigo em condições de estresse hídrico do que outras. Esta característica torna-se importante quando se deseja inocular essa bactéria em solos já colonizados, buscando-se estir-pes com maior eficiência.

DÖBEREINER et al. (1990) citam que, como no caso das leguminosas, o efeito da inocula-ção de cereais com essas bactérias depende do esta-belecimento de estirpes selecionadas sob condições

de campo. Este estabelecimento torna-se difícil em solos de regiões tropicais, onde a incidência de

Azospirillum é relativamente grande e não há

espe-cificidade nas associações de gramíneas com essa bactéria. Dessa forma, a inoculação com estas bacté-rias não parece um meio muito promissor de

incre-mentar a fixação de N2 em gramíneas

(DÖBEREINER, 1977).

Recentemente, têm sido introduzidos no Brasil inoculantes contendo cepas de Azospirillum, com o nome comercial “Graminante”, havendo, contudo, carência de informações relativas ao seu potencial agronômico e retorno econômico para o agricultor.

O objetivo deste trabalho foi testar a efi-ciência agronômica do produto comercial “Grami-nante” nas culturas de trigo e aveia.

MATERIAL E MÉTODOS

Os experimentos foram instalados a cam-po, em áreas experimentais da FUNDACEP FECOTRIGO, Cruz Alta, RS. Na safra 1996, foram instalados dois experimentos com a cultura de trigo, um sobre resteva de feijão e outro sobre resteva de nabo forrageiro. Na safra 1997, foram conduzidos quatro experimentos, dois com a cultura do trigo e dois com a cultura da aveia (Avena strigosa Schreb.), sendo que um experimento de cada cultura foi em resteva de soja e o outro em resteva de milho. O solo das áreas experimentais é classifi-cado como latossolo vermelho-escuro, fase argilosa, pertencente à unidade de mapeamento Passo Fundo, cujas principais características são apresentadas na tabela 1.

O produto comercial “Graminante” para trigo e aveia teve como origem a Empresa Laborató-rios Alquimia S.A., com sede na Argentina. Segundo o fabricante, trata-se de um inoculante, composto por bactérias do gênero Azospirillum e tendo como veículo carbonato de cálcio e carbonato de magné-sio. A aplicação do produto foi feita a seco, confor-me recoconfor-mendação do fabricante, e realizada em laboratório imediatamente antes da semeadura. Em ambas as culturas, foi utilizada a dose de 200g do produto comercial por 50kg de sementes. O fabri-cante não especifica o número de bactérias por gra-ma de inoculante.

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conti-nham inoculante, para diminuir os riscos de conta-minação.

O trigo, cultivar CEP 27, teve a semeadu-ra, na safra 1996, realizada em 25/06/96 na resteva de feijão e em 17/07/96 na resteva de nabo forragei-ro. Na safra 1997, esta ocorreu em 12/06/97 na área com resteva de soja e em 13/06/97 na resteva de milho. A aveia preta, cultivar comum, foi semeada em 21/05/97 na área com resteva de soja e em 23/06/97 na área com resteva de milho.

Em todos os experimentos, as parcelas ti-veram 3,0m de largura e 5,0m de comprimento, com quinze linhas das culturas. As parcelas tiveram bor-daduras de 0,50m nas extremidades e uma linha da cultura em cada lateral. Foram deixadas ruas com 1,0m entre as parcela e de 2,0m entre os blocos.

O delineamento experimental foi de blo-cos ao acaso com cinco repetições. Na safra 1996, os tratamentos foram os seguintes: 1) Testemunha sem inoculação e sem adubação nitrogenada; 2) Grami-nante; 3) Fertilizante nitrogenado na semeadura e em cobertura; 4) Graminante + fertilizante nitrogenado na semeadura e em cobertura; 5) Graminante + fer-tilizante nitrogenado na semeadura e, 6) Graminante + fertilizante nitrogenado em cobertura. Na safra 1997, foram incluídos os tratamentos: 7) somente com fertilizante nitrogenado na semeadura e 8) so-mente fertilizante nitrogenado em cobertura.

Nos tratamentos com adubação nitroge-nada na cultura do trigo, aplicaram-se 15kg/ha de N na semeadura e 30kg/ha em cobertura, no início do perfilhamento, na safra 1996 e, 45kg/ha, na safra 1997. Na cultura da aveia, foram aplicados 20kg/ha de N na semeadura e 50kg/ha em cobertura, no iní-cio do perfilhamento. O adubo nitrogenado usado foi a uréia.

Na safra 1996, foram avaliados, no trigo, o rendimento bruto e líquido dos grãos. O cálculo do

rendimento líquido foi baseado no custo do inocu-lante (R$ 10,00/ha), da uréia (R$ 0,37/kg) e da apli-cação do adubo (R$ 3,35/ha), transformados em kg de trigo (R$ 0,12/kg) descontados do rendimento bruto, nos respectivos tratamentos. Na safra 1997, para a mesma cultura, foram avaliados o número de plantas, de perfilhos, de espigas e a altura de plantas. Também nesta safra, foi avaliado o teor de nitrogê-nio total do grão pelo método Kjeldahl (TEDESCO

et al., 1985), no Laboratório de Análise de Solos,

Adubos, Corretivos e Tecido Vegetal da FUNDACEP FECOTRIGO. O rendimento de grãos foi avaliado colhendo-se 13 linhas centrais, corres-pondendo a 8,84m2, expressando-se o resultado em kg/ha a 13% de umidade.

Durante o estágio vegetativo da cultura da aveia, foram avaliados o número de plantase o nú-mero de perfilhos. Quando a aveia atingiu cerca de 30cm de altura, ponto considerado para primeiro corte ou pastejo, a parcela foi dividida ao meio, ficando cada subparcela com 2,5m de comprimento. Em uma subparcela, foi feito o corte da aveia a uma altura de 5 a 7cm em uma área de 1m2 para avalia-ção da produavalia-ção da massa verde e massa seca por área. Posteriormente, a aveia de toda a subparcela foi cortada. Este procedimento ocorreu em 14/08/97 na área com resteva de soja e em 04/09/97 na área com resteva de milho. O rendimento de grãos foi avaliado tanto na subparcela mantida sem corte como naquela com corte, colhendo-se todas as 15 linhas da cultura, correspondendo a 6,68m2 em cada subparcela, expressando-se o resultado em kg/ha a 13% de umidade. Também foi avaliado o teor de nitrogênio total do grão.

Os resultados foram avaliados pela análi-se da variância e as médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste de Duncan a 5% de signifi-cância.

Tabela 1 - Características químicas e físicas do solo das áreas experimentais na profundidade de 0 a 20cm. FUNDACEP FECOTRIGO, safras 1996 e 1997. Cruz Alta, RS.

Área Argila M.O. pH (H2O) P K Al Ca Mg CTC(1

) H+Al --- g/kg --- --- mg/L --- cmolc/L

---Experimento trigo/96 - resteva de feijão 600 39 5,6 13,9 133 0,0 5,7 3,2 11,9 2,7 Experimento trigo/96 - resteva de nabo 550 44 6,3 27,9 193 0,0 7,0 4,0 13,1 1,7 Experimento trigo/97 - resteva de soja 510 35 5,5 17,3 151 0,1 6,7 3,2 14,1 3,9 Experimento trigo/97 - resteva de milho 540 35 5,1 28,7 123 0,3 5,8 3,0 13,4 4,3 Experimento aveia/97 - resteva de soja 480 33 5,5 18,2 185 0,1 6,9 3,5 14,4 3,6 Experimento aveia/97 - resteva de milho 510 34 5,5 48,1 180 0,1 6,4 3,0 13,4 3,6

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RESULTADOS E DISCUSSÃO 1. Efeito na cultura do trigo

Na safra 1996 (tabela 2), na área em que o trigo foi cul-tivado em resteva de feijão, não houve efeito da inoculação com Graminante, uma vez que o ren-dimento bruto de grãos de trigo não diferiu entre os tratamentos testemunha sem inoculação e sem adubação nitrogenada (T1) e com o inoculante Graminante(T2), nem entre os tratamentos com N mine-ral completo (T3) e com inocula-ção mais N mineral completo (T4). Com relação ao rendimento líqui-do, na mesma resteva, não houve diferenças estatísticas entre os tratamentos já que aqueles que produziram mais foram os de maior custo, nivelando-se com os demais. No experimento em que o

trigo foi cultivado em resteva de nabo forrageiro também não houve diferenças no rendimento de grãos entre os tratamentos T1 e T2 e os tratamentos T3 e T4, confirmando a ausência de resposta à apli-cação do inoculante. Nesta área, verifica-se que os tratamentos, que apresentaram maior rendimento bruto, continuaram a apresentar maior rendimento líquido, devido ao maior teto de rendimento da área.

Na safra 1997 (tabela 3), não houve dife-renças estatísticas entre os tratamentos para o núme-ro de plantas, númenúme-ro de perfilhos e altura de plantas em ambos os experimentos. Para número de espigas, houve diferenças entre os tratamentos apenas na área com resteva de milho, com destaque para aqueles que receberam as maiores doses de nitrogênio mine-ral, onde o melhor tratamento foi o Graminante + fertilizante nitrogenado na semeadura e em cobertu-ra (T4), diferindo da testemunha (T1), Gcobertu-raminante (T2) e fertilizante somente na semeadura (T5). Com relação ao produto comercial Graminante, verificou-se não haver resposta deste, pois não houve diferen-ça estatística na comparação dos tratamentos que receberam a mesma dose de N mineral com e sem Graminante.

O teor de nitrogênio no grão, tanto na área de resteva de soja como na de resteva de milho, diferiu entre os tratamentos, sendo que as diferenças observadas estão relacionadas à quantidade de adubo nitrogenado aplicada e não ao produto Graminante. Aqueles tratamentos que receberam as maiores do-ses de N apresentaram maior teor de nitrogênio total no grão.

O rendimento de grãos no experimento instalado em área de resteva de soja não apresentou diferenças estatísticas entre os tratamentos. Já no experimento com resteva de milho, houve diferenças entre os tratamentos, com destaque novamente para as maiores doses de nitrogênio mineral. Com relação ao Graminante, este não apresentou resposta para rendimento de grãos, pois os tratamentos com dose equivalente de N mineral, com e sem o produto, não apresentaram diferenças entre si, verificando-se, inclusive, que o tratamento que recebeu somente Graminante (T2), apresentou um rendimento inferior à testemunha.

2. Efeito na cultura da aveia

Os resultados referentes à cultura da aveia em resteva de soja e em resteva de milho encontram-se na tabela 4.

Na área de resteva de soja, destacaram-se na produção de massa verde e de massa seca os tratamentos que receberam a dose completa de ni-trogênio mineral (T3 e T4). O produto Graminante não aumentou a produção de fitomassa, pois não houve diferença estatística na comparação dos tra-tamentos que receberam doses equivalentes de ni-trogênio mineral com e sem o produto. Na resteva de milho, as diferenças foram maiores entre os trata-mentos do que na resteva de soja, quando novamente os tratamentos que receberam a dose completa de nitrogênio mineral (T3 e T4) tiveram produções bem superiores aos demais tratamentos, principalmente de massa verde. Os tratamentos que não receberam

Tabela 2 - Rendimento bruto e líquido de grãos de trigo, cultivar CEP 27, em área de reste-va de feijão e restereste-va de nabo, com a aplicação do produto comercial “Grami-nante”. FUNDACEP FECOTRIGO, 1996. Cruz Alta, RS.

Tratamento Rendimento de grãos de trigo (kg/ha)

Resteva de feijão Resteva de nabo bruto líquido(4) bruto líquido

1) Testemunha 1645 c(2) 1645 ns(3) 3147 b 3147 bc 2) Graminante 1821 bc 1755 3123 b 3057 c 3) Fertilizante N (semeadura + cobertura)(1) 2354ab 2022 3907a 3575a 4) Graminante + fertilizante N (semeadura +

cobertura) 2389a 1992 3747a 3350abc

5) Graminante + fertilizante N (semeadura) 1949abc 1782 3765a 3598a 6) Graminante + fertilizante N (cobertura) 2166abc 1870 3754a 3458ab C.V. (%) 16,0 17,8 6,9 7,3

(1) semeadura: 15 kg de N/ha; cobertura: 30 kg de N/ha.

(2) Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente pelo teste de Duncan em nível de 5%.

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N mineral tiveram as menores produções (T1 e T2), não diferindo em massa seca dos tratamentos que somente receberam N mineral na semeadura. Con-forme já observado na resteva de soja, não houve resposta em aumento de fitomassa de aveia pelo uso do produto Graminante na resteva de milho.

O teor de N total no grão foi semelhante entre os tratamentos na área de resteva de soja. Na área de resteva de milho, houve diferenças signifi-cativas entre os tratamentos, mas estas diferenças estão relacionadas à quantidade de adubo nitrogena-do aplicada e não ao produto Graminante, sennitrogena-do que os tratamentos que receberam as maiores doses de N apresentaram maior teor de nitrogênio total no grão.

Houve menor rendimento de grãos na área de resteva de soja para aqueles tratamentos que receberam as maiores doses de N mineral, princi-palmente para o tratamento 4 (Graminante + fertili-zante mineral na semeadura e em cobertura). Este resultado deveu-se, provavelmente, ao acamamento da cultura, ocasionado por fortes chuvas e ventos ocorridos no período, principalmente naqueles

tra-tamentos com maior produção de fitomassa e, por-tanto, mais suscetíveis ao acamamento. Este com-portamento foi observado tanto na área sem corte como naquela com corte, onde houve redução severa na produção de grãos. O produto Graminante não afetou a produção de grãos, confirmando os resulta-dos obtiresulta-dos com a cultura do trigo.

Na área de resteva de milho, o rendimento de grãos foi extremamente baixo, provavelmente em conseqüência das fortes chuvas e ventos que acama-ram a cultura, provocando a debulha das espigas no campo, prejudicando a produção final de grãos. Como a incidência de chuvas e ventos ocorreu prin-cipalmente na fase final do ciclo da cultura, o expe-rimento sobre resteva de milho foi o mais prejudica-do, uma vez que ele foi colhido cerca de 25 dias após o experimento sobre resteva de soja. Além disso, os menores rendimentos, tanto de aveia como de trigo, em área de resteva de milho, quando com-parada à resteva de soja, podem ser atribuídos à alta relação carbono/nitrogênio da palhada de milho, que causa a imobilização microbiana do nitrogênio mi-neral do solo, retardando a disponibilidade deste

Tabela 3 - Número de plantas, número de perfilhos, número de espigas, altura de plantas, teor de N total no grão e rendimento de grãos de trigo, em área de resteva de soja e área de resteva de milho, com a aplicação do produto comercial “Graminante”. Média de 5 re-petições. FUNDACEP FECOTRIGO, 1997. Cruz Alta, RS.

Tratamento Número

de plantas/ m2

Número de perfilhos/

m2

Número de espigas/

m2

Altura de plantas

(cm)

N total no grão (%)

Rendimento de grãos

(kg/ha)

Área de resteva de soja

1) Testemunha 290ns(3) 503ns 382ns 79,0ns 2,08 d(2) 1903ns

2) Graminante 288 463 374 81,7 2,13 cd 2120

3) Fertilizante N (semeadura + cobertura)(1) 323 527 346 86,7 2,34a 2240 4) Graminante + fertilizante N (semeadura + cobertura) 319 506 352 84,3 2,28ab 2238 5) Fertilizante N (semeadura) 278 555 326 82,4 2,11 d 2288 6) Graminante + fertilizante N (semeadura) 271 543 360 82,2 2,20 bc 2174 7) Fertilizante N (cobertura) 280 537 376 84,8 2,28ab 2386 8) Graminante + fertilizante N (cobertura) 291 517 380 84,6 2,28ab 2304

C.V. (%) 16,6 12,3 18,9 5,0 2,8 14,1

Área de resteva de milho

1) Testemunha 121ns 421ns 290 bc 78,6ns 2,37 bc 1399 d 2) Graminante 129 356 256 c 76,3 2,45abc 1228 e 3) Fertilizante N (semeadura + cobertura) 142 375 350ab 78,2 2,44abc 1737ab 4) Graminante + fertilizante N (semeadura + cobertura) 143 391 366a 78,3 2,54a 1833a 5) Fertilizante N (semeadura) 156 493 291 bc 78,8 2,37 bc 1536 cd 6) Graminante + fertilizante N (semeadura) 130 377 353ab 76,5 2,33 c 1430 d 7) Fertilizante N (cobertura) 135 379 311abc 78,6 2,46ab 1667abc 8) Graminante + fertilizante N (cobertura) 138 376 352ab 77,2 2,44abc 1631 bc C.V. (%) 14,3 20,9 14,0 4,8 3,5 8,4

(1) semeadura: 15kg de N/ha; cobertura: 45kg de N/ha.

(2) Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem estatisticamente pelo teste de Duncan em nível de 5%. (3)

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elemento para as culturas posteriores, principal-mente as gramíneas. Entretanto, este comportamento não ocorreu na produção de massa seca da aveia, pois esta foi ligeiramente maior na área de resteva de milho quando comparada à área de resteva de soja. Mesmo assim, conforme já mencionado, neste pa-râmetro houve uma maior resposta à aplicação de N na resteva de milho do que na resteva de soja. Sali-enta-se que a comparação das restevas foi prejudica-da pelas diferentes épocas de semeadura e corte nas duas áreas, podendo influenciar o comportamento da cultura.

DUTTO et al. (1996) citam que a aveia é sensível à inoculação com Azospirillum, embora sejam variáveis as respostas da cultura à inoculação. Estes autores não encontraram resposta da aveia ao uso da inoculação em experimento no campo, além da produção de raízes e da parte aérea das plantas inoculadas terem sido inferiores à testemunha sem inoculação.

FAGES (1994), com base em uma ampla revisão da literatura concernente ao uso de inocu-lantes à base de Azospirillum em experimentos de campo, enfatiza que o uso agronômico desta bactéria foi extensivamente testado durante o final dos anos 70 e nos anos 80, mostrando os primeiros resultados promissores no desenvolvimento das plantas. Entre-tanto, o autor salienta que a análise global dos expe-rimentos de campo, durante este período, conduz ao entendimento de que apesar de vários resultados positivos, a falta de consistência dos mesmos impe-de um significativo impe-desenvolvimento comercial impe-de produtos à base de Azospirillum. Para este autor, é necessária uma mudança nos programas de pesquisa, os quais devem enfocar prioritarimente o estudo da associação Azospirillum-planta, permitindo aumento significativo do conhecimento básico da genética e fisiologia desta espécie e dos mecanismos molecula-res de interação com as raízes. Neste mesmo sentido, SUMNER (1990) relata que, apesar do número

ex-Tabela 4 - Massa verde, massa seca, número de plantas, número de perfilhos, teor de N total no grão e rendimento de grãos sem corte e com corte da parte aérea da cultura da aveia, em área de resteva de soja e em área de resteva de milho, com a aplicação do produto co-mercial “Graminante”. Média de 5 repetições. FUNDACEP FECOTRIGO, 1997. Cruz Alta, RS.

Rendimento de grãos (kg/ha) Tratamento

Massa verde (kg/ha)

Massa seca (kg/ha)

Número de plantas/

m2

Número de perfilhos/

m2

N total no grão (%)

Sem corte Com corte

Área de resteva de soja

1) Testemunha 3932 cd(2) 646 c 216ns(3) 569ns 2,24ns 1154ab 475abc 2) Graminante 3276 d 582 c 220 494 2,20 1127abc 528a 3) Fertilizante N (semeadura + cobertura)(1) 9866a 1278a 268 557 2,37 1080abc 392 cd 4) Graminante + fertilizante N (semeadura +

cobertura) 8550ab 1158ab 244 568 2,26 978 c 424 bcd 5) Fertilizante N (semeadura) 6168 bc 935 b 231 530 2,20 1240a 504ab 6) Graminante + fertilizante N (semeadura) 6316 b 939 b 240 546 2,23 1227ab 464abcd 7) Fertilizante N (cobertura) 6876 b 957 b 229 560 2,17 1170ab 419 bcd 8) Graminante + fertilizante N (cobertura) 7470 b 1040ab 220 542 2,25 1067 bc 382 d C.V. (%) 26,4 22,4 13,3 12,0 4,7 10,3 13,9

Área de resteva de milho

1) Testemunha 2441 e 744 c 137ns 529ns 2,23 d 173 bc 137 b 2) Graminante 3481 de 708 c 143 580 2,22 d 148 c 128 b 3) Fertilizante N (semeadura + cobertura) 11619a 1714a 131 573 2,45ab 178 bc 154ab 4) Graminante + fertilizante N (semeadura +

cobertura) 11007a 1638a 136 546 2,48a 132 c 126 b 5) Fertilizante N (semeadura) 6159 bc 968 bc 144 575 2,31 cd 197ab 117 b 6) Graminante + fertilizante N (semeadura) 5543 cd 1048 bc 121 469 2,29 cd 138 c 141 b 7) Fertilizante N (cobertura) 8371 b 1266 b 145 525 2,35 bc 226a 135 b 8) Graminante + fertilizante N (cobertura) 7859 bc 1240 b 134 543 2,33 cd 172 bc 186a C.V. (%) 25,7 23,2 19,5 19,9 3,3 20,1 19,8

(1) semeadura: 20kg de N/ha; cobertura: 50kg de N/ha. (2)

(7)

Ciência Rural, v. 29, n. 3, 1999.

pressivo de trabalhos, falta clareza com relação aos mecanismos que resultam no melhor crescimento e performance da planta hospedeira e a ausência de resposta é muitas vezes observada no campo. Por outro lado, DIDONET et al. (1996) citam que vários resultados experimentais têm mostrado efeitos bené-ficos expressivos da inoculação em sementes de trigo com a estirpe 245 de Azospirillum brasilense, resultando em aumento de produtividade de grãos, principalmente relacionado à presença da bactéria no interior da raiz do trigo e não na superfície radicular. Em trabalho realizado no campo, os mesmos autores concluíram que os inoculantes à base de turfa em pó das estirpes de Azospirillum brasiliense 245 e JA04 promoveram maior acúmulo de massa seca total da planta de trigo, no período compreendido entre 20 dias após a antese e a maturação. Todavia, apenas a inoculação com a estirpe JA04 resultou em aumento na produção de grãos em relação à testemunha sem nitrogênio.

Um dos aspectos que deve merecer a atenção permanente da pesquisa refere-se à seleção de estirpes adaptadas às condições locais e às cultu-ras e cultivares usados na região (DÖBEREINER & PEDROSA, 1987; MARTIN & DIDONET, 1996; SAUBIDET & BARNIEX, 1996). É preciso testar as estirpes e buscar aquelas melhor adaptadas a cada região, em termos de clima e sistema de manejo e posteriormente, introduzi-las no produto comercial Graminante, pois a estirpe presente, além de não especificada pelo fabricante, não foi eficiente. Uma vantagem verificada no produto é a sua formulação. O veículo a seco, o qual facilita a aplicação do pro-duto na semente, se associado a estirpes eficientes, certamente, permitirá uma maior aceitação por parte do agricultor.

CONCLUSÃO

O produto comercial “Graminante” não é eficiente nas culturas de trigo e aveia.

AGRADECIMENTOS

Ao funcionário Jorge Antônio de Moraes, demais funcionários, colegas e estagiários que colaboram para realização deste trabalho. À AZOTEC pelo financiamento do trabalho na safra 1997 e pela bolsa de iniciação científica do aluno Sergiomar Theisen.

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Tabela 1 - Características químicas e físicas do solo das áreas experimentais na profundidade de 0 a 20cm
Tabela 2 - Rendimento bruto e líquido de grãos de trigo, cultivar CEP 27, em área de reste- reste-va de feijão e restereste-va de nabo, com a aplicação do produto comercial  “Grami-nante”
Tabela 3 - Número de plantas, número de perfilhos, número de espigas, altura de plantas, teor de N total no grão e rendimento de grãos de trigo, em área de resteva de soja e área de resteva de milho, com a aplicação do produto comercial “Graminante”
Tabela 4 - Massa verde, massa seca, número de plantas, número de perfilhos, teor de N total no grão e rendimento de grãos sem corte e com corte da parte aérea da cultura da aveia, em área de resteva de soja e em área de resteva de milho, com a aplicação do

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