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Uso de computador e ergonomia: um estudo sobre as escolas de ensino fundamental e médio de São Paulo.

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7 9 Educação e Pesquisa, São Paulo, v.29, n.1, p. 79-87, jan./jun. 2003

U s o d e c o m p u t a d o r e e r g o n o m ia :

um estudo sobre as escolas

de ensino fundamental e médio de São Paulo

Lys Esther Rocha

Raquel Aparecida Casarotto

Laerte Sznelwar

Universidade de São Paulo

R e s u m o

A ut ilização da inf ormát ica como inst rument o de ensino t em se disseminado na educação. Est e est udo t eve como objet ivo veri-f icar como o comput ador est á sendo usado em escolas da região met ropolit ana de São Paulo, avaliando o grau de considerações sobre ergonomia na int rodução dessa f errament a. A ergonomia compreende o conjunt o de conheciment os cient íf icos visando o conf ort o, segurança e ef icácia dos produt os.

Part iciparam 126 escolas, 37 delas do ensino f undament al, de 1a à 4a série, com 21.824 alunos; 49 escolas do ensino f undamen-t al, de 5a à 8a série, com 29.851 alunos e 40 escolas do ensino médio com 31.516 alunos. A maioria das escolas inf ormou ut ilizar o comput ador como f errament a auxiliar das mat érias curriculares a part ir de 1995. O uso do comput ador predominou, no período de 5a à 8a série, nas escolas part iculares; com um comput ador para cada 2 ou 3 alunos e com a duração semanal das aulas de at é 1h59min. Nas salas de inf ormát ica inst aladas nas escolas, predominou a ausência de mesas e cadeiras com ajust es de alt u-ra pau-ra as cau-ract eríst icas ant ropomét ricas dos alunos. As orient a-ções sobre ergonomia da comput ação f oram f ornecidas em 30% das escolas. Na maioria das escolas não se observou queixa de desconf ort o visual ou muscular sof ridos pelos alunos durant e a ut ilização do comput ador. Esse f at o pode est ar relacionado ao pequeno número de horas de ut ilização do comput ador. Concluímos que a aquisição de mobiliário e equipament os para as salas de inf ormát ica deve incluir a consult a a banco de dados ant ropomét ricos e à percepção de conf ort o dos est udant es.

P a l a v r a s - c h a v e

Inf ormát ica – Escolas - Comput ador - Ergonomia.

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E r g o n o m ic s a n d t h e u s e o f c o m p u t e r s :

a study with

primary and secondary schools in the State of São Paulo

Lys Esther Rocha

Raquel Aparecida Casarotto

Laerte Sznelwar

Universidade de São Paulo

A b s t r a c t

The use of computers as a teaching tool is becoming disseminated in educat ion. The present st udy has as it s purpose t o invest igat e how comput ers are being used in schools wit hin t he met ropolit an area of São Pau l o, eval u at i n g t he l evel of ergon om i c i ssu es considered when int roducing t his t ool. Ergonomics comprise t he collection of scientific knowledge to ensure the comfort, safety, and ef f icacy of product s.

The work included 126 schools dist ribut ed as f ollows: 37 primary schools (1st t o 4t h year) wit h 21,824 st udent s; 49 primary schools (5t h t o 8t h year) wit h 29,851 st udent s; and 40 secondary schools with 31,516 students. Most schools have declared to use computers as an auxiliary t ool in t heir syllabuses since 1995. The use of computers in the 5th to 8th year of schooling was predominant in privat e schools, wit h an average of t wo t o t hree st udent s per computer, and an average duration of classes of up to 1h59min per week. The majorit y of t ables and chairs inst alled in comput er cl assr o o m s at sch o o l s l ack h ei g h t ad j u st m en t s t o f i t t h e ant hropomet ric charact erist ics of pupils. Thirt y percent of schools supplied computer ergonomics guidelines. In most of the schools no complaint s were observed regarding st udent s’ visual or muscular discomfort during the use of computers. This fact can be related to the small number of hours of use.

We have concluded that the acquisition of furniture and equipment for computer classrooms should include consulting anthropometric dat abases and st udent s’ percept ion of comf ort .

K e y w o r d s

Comput ing – Schools – Comput ers – Ergonomics.

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8 1 Educação e Pesquisa, São Paulo, v.29, n.1, p. 79-87, jan./jun. 2003

A u t i l i z ação d e co m p u t ad o r es n a ed u cação t em t r azi d o d i f er en t es t i p o s d e di scu ssão. La Fai l l e (1989), Crochi k (1990) e Bi t t en co u rt (1 9 9 8 ) an al i sam a p ro b l em át i ca da in f ormát ica n a edu cação do pon t o de vis-t a epi svis-t em ol ógi co e di dávis-t i co, caracvis-t eri zan do o co m p u t ad o r co m o u m r ecu r so d i d át i co -p ed ag ó g i co . Um a d as -p reo cu -p açõ es d esses pesqu i sadores resi de n o f at o de qu e o com -p u t ad o r est i m u l ari a a o -p eraci o n al i zação d e co n cei t o s, em p o b r ecen d o o r aci o cín i o d o s est u d an t es. Po r o u t r o l ad o , o d esen vo l vi -m en t o de sof t w ares co-m l i n gu age-m de pro-gramação, como Basic, Pascal e Logo, permi-t i r am ao al u n o vi ven ci ar o seu p o permi-t en ci al cri at i vo , u m a vez q u e p o ssi b i l i t am ao est u -d an t e u t i l i zar o co m p u t a-d o r co m o m áq u i n a a ser en si n ada, poden do resol ver probl em as, f i n al i zar t aref as, desen har, escrever (Val en t e, 2 0 0 2 ; Prad o , 2 0 0 2 ).

Ent re as vant agens da ut ilização das t ecnologias de inf ormát ica nas escolas, Knave (1997) cit a o desenvolviment o da art e de edu-car e t reinar que, com o uso das t ecnologias, t orna mais agradável a aula para os est udant es, f azen do da escol a u m l u gar mai s agradável , excit ant e e variável, t ornando os alunos mais mot ivados e concent rados, e possibilit ando que o s est u d an t es o b t en h am resp o st as ráp i d as, desenvolvam a cooperação e a solidariedade. Na Suécia, em 1994, f oi desenvolvida uma polít i-ca para o uso da t ecnologia da inf ormát ii-ca na edu cação en f at i zan do qu e os al u n os devem aprender a buscar inf ormações e se comunicar por comput adores pessoais, a ut ilizar programas de processadores de t ext o e cálculo e que os prof essores devem receber t reinament o nesse t ipo de t ecnologia.

Além dos aspect os pedagógicos, o uso do com pu t ador n a escol a su sci t a di scu ssões sobre a ut ilização da ergonomia no planeja-ment o do ambient e escolar e na def inição de orient ações prevent ivas aos prof essores e est u-dan t es. En t en den do- se com o ergon om i a “ o conjunt o de conheciment os cient íf icos relat ivos ao homem e necessários para a concepção de

f errament as, máquinas e disposit ivos que pos-sam ser ut ilizados com o máximo de conf ort o, segurança e ef icácia” (Wisner, 1987, p.12).

Bart ol om eu et al . (1999) an al i sam o di m en si on am en t o corret o do m obi l i ári o dos laborat órios de inf ormát ica das escolas, discu-t indo desde a disdiscu-t ribuição do mobiliário nas salas de inf ormát ica at é as caract eríst icas das mesas, cadeiras e microcomput adores.

Levando- se em cont a que, no moment o at ual, o emprego da inf ormát ica na educação t em se disseminado nas escolas em São Paulo, est e est udo t eve por objet ivo verif icar como o comput ador est á sendo ut ilizado, avaliando o grau de con si derações sobre ergon om i a n a int rodução dessa f errament a, no planejament o do l ocal de su a u t i l i zação e n as ori en t ações f ornecidas aos prof essores e alunos.

M e t o d o lo g ia

Est e est udo envolveu a part icipação de 125 escol as da regi ão m et ropol i t an a de São Paulo, divididas em:

a) ensino f undament al de 1a à 4a série, 37 escolas, 21.824 alunos;

b) ensino f undament al de 5a à 8a série, 49 escolas, 29.851 alunos;

c) en si n o m édi o, 40 escol as, 31.51 6 alunos.

As escolas f oram selecionadas buscan-do abranger dif erent es localizações geográf icas da região met ropolit ana de São Paulo, como t ambém a nat ureza pública ou privada da ins-t iins-t uição. Não houve a inins-t enção de f ornecer um quadro represent at ivo da ut ilização de compu-t adores pel as escol as em São Pau l o, m as o objet ivo de compreender como o comput ador t em sido usado no ensino f undament al e mé-dio.

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quest ionário f oi ut ilizado na Suécia e depois t raduzido e aplicado no Japão, It ália, Noruega, Chile, Aust rália, Finlândia e Est ados Unidos.

A primeira etapa do presente estudo con-sistiu na tradução do questionário do inglês para o português por docentes da Faculdade de Medicina e da Escola Polit écnica da Universidade de São Paulo. A tradução foi testada em cinco escolas do ensino fundamental e médio para avaliar a compre-ensão do seu conteúdo. O conteúdo do questioná-rio caracteriza a existência de cursos de informática ou a utilização de computadores como auxiliar nas demais matérias; o tempo de utilização dos compu-tadores pelos alunos; as características das salas de inf ormát ica e equipament os; as orient ações f or-necidas na utilização dos computadores e as quei-xas de desconforto referidas pelos estudantes.

A segunda etapa consistiu no treinamen-t o de alunos do curso de Fisiotreinamen-t erapia da Univer-sidade de São Paulo, que estavam participando da disciplina Fisioterapia Preventiva. Foi lido o ques-t ionário e discuques-t ido o conques-t eúdo de cada quesques-t ão. A coleta de dados nas escolas foi feita no período ent re maio e set embro de 1998, pelos alunos do curso de Fisiot erapia, sob a supervisão de docent es da Faculdade de M edicina e Escola Polit écnica da Universidade de São Paulo. Nas escolas, as ent revist as f oram realizadas com os prof essores de inf ormát ica; não havendo esse cargo, as quest ões f oram dirigidas à direção da escola. Em cada escola, as respost as f oram pre-enchidas para apenas um período escolar (ensi-no f undament al de 1a à 4a série ou de 5a à 8a série ou do ensino médio).

Os dados dos quest ionários f oram codi-f icados e digit ados com análise de consist ência das inf ormações. Nest e est udo realizamos a aná-lise descrit iva dos result ados.

R e s u lt a d o s

O número médio de alunos das escolas em cada estágio de ensino foi de 590 no ensino fun-damental de 1a à 4a série, correspondendo a um computador para cada 24 alunos; 609 alunos de 5a à 8a série, com um computador para cada 27

alu-nos; e 788 alunos no ensino médio, com um com-putador para cada 22 alunos. A maioria das esco-las informou utilizar o computador a partir de 1995. A ut ilização do comput ador variou de aco rd o co m o an o esco l ar, co m ín d i ce d e 62,2% para o ensino f undament al de 1a à 4a série, de 77,6% para o ensino f undament al de 5a à 8a série e de 62,5% para o ensino médio. Quant o à nat ureza pública ou privada das es-colas, as escolas públicas apresent aram menor uso do comput ador em t odos os anos de en-sino (Tabela 1).

Em relação ao emprego ext ensivo do comput ador, a maioria das escolas, em t odos os níveis de ensino, ut ilizou o comput ador princi-palment e como f errament a auxiliar das mat érias curriculares e em menor proporção para cursos de inf ormát ica. Para os alunos da 1a à 4a série

TTTTTaaaaabela 1 .bela 1 .bela 1 .bela 1 .bela 1 . Dimensão do uso do computador pelas escolas de São Paulo segundo o nível de escolaridade, a natureza da instituição e o tipo de utilização.

***** o total de escolas públicas de 1a à 4a série foi de 15 escolas, de 5a à 8a série foi de 19 escolas e no ensino médio foi de 9 escolas. * *

* * * * * *

* * o total de escolas privadas de 1a à 4a série foi de 22 escolas, de 5a à 8a série foi de 30 escolas e no ensino médio foi de 31 escolas. ***

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do ensino f undament al, essa dif erença f oi mais acent uada: 51,4% das escolas usam o compu-t ador como f erramen compu-t a n o au xílio de ou compu-t ras disciplinas e 5,4% of erecem cursos específ icos de inf ormát ica. Por out ro lado, no ensino mé-dio e f undament al de 5a à 8a série, observou-se maior of ert a de cursos de inf ormát ica para os alunos (Tabela 1).

Em relação aos cursos de inf ormát ica (Tabela 2), observou- se o predomínio da of er-t a de cursos de processadores de er-t exer-t o e cria-ção de imagens em t odos os níveis de ensino. Em relação a cursos que habilit assem à ut iliza-ção da Int ernet , houve predomínio da of ert a para os alunos do curso médio.

Em relação ao modo de ut ilização do comput ador (Tabela 3), verif icou- se o predomí-nio do uso de um comput ador para cada dois a t rês alunos, com a duração semanal das au-las de at é 1h59min em t odos os est ágios. Com relação à disponibilidade de ut ilização do com-put ador, est a se deu em 72% das escolas para os alunos do ensino médio e em apenas 34% delas para os alunos do ensino f undament al, o que demonst ra um uso dif erenciado de acordo com o est ágio do aluno.

Observou- se, nas escolas, a const rução ou adapt ação de salas para o uso dos compu-t adores, conhecidas como Salas de Inf ormácompu-t ica (Tabela 4). Esses locais são ut ilizados por alunos

do ensino f undament al e médio, predominando a ausência de mesas e cadeiras com ajust es de alt ura, ist o é, sem adapt ação do mobiliário para

TTTTTaaaaabela 2.bela 2.bela 2.bela 2.bela 2. Tipos de cursos de informática oferecidos pelas escolas de São Paulo segundo o nível de escolaridade

TTTTTaaaaabela 3 .bela 3 .bela 3 .bela 3 .bela 3 . Aspectos da utilização do computador pelas escolas de São Paulo segundo o nível de escolaridade

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as dif erent es est at uras ent re alunos de 7 a 17 anos. Em t orno de 50% das escolas, f oi plane-jado o posicionament o das janelas e lâmpadas, durant e a inst alação dos comput adores, visando a evit ar a presença de ref lexos nos t erminais.

Em relação às caract eríst icas dos compu-t adores ucompu-t ilizados, compu-t odas as escolas ucompu-t ilizavam o comput ador t ipo Deskt op, com t elas CRT e co-loridas, com uso do t eclado e mouse para a en-t rada de dados.

Em relação às orien t ações f orn ecidas para os al u n os qu an t o ao m odo de u so dos comput adores (Tabela 5), em t orno de 30% das

escolas relat aram of erecer algum curso sobre ergonomia na comput ação. As recomendações sobre a post ura a ser adot ada nas cadeiras f oi f ornecida para 91,3% dos alunos do curso f un-dament al da 1a à 4a série e para 60% dos alu-nos dos out ros est ágios.

Na t abela 6 caract erizou- se a observa-ção dos prof essores de inf ormát ica em sobre a presença de queixas de desconf ort o pelos alu-nos durant e a ut ilização dos comput adores. Na maioria das escolas não f oram observadas quei-xas. O desconf ort o mais cit ado f oi o relaciona-do ao sist ema ocular, que acont eceu em 20% dos alunos do ensino médio, 13% do ensino f undament al de 1a à 4a série e 7,9% para os alunos do ensino f undament al de 5a à 8a série. O desconf ort o relacionado às cost as ocorreu em 12% do ensino médio.

D is c u s s ã o

Este estudo mostrou um crescente uso de computadores nas escolas da região metropolita-na de São Paulo, principalment e metropolita-nas inst it uições privadas, com o planejament o de salas de in-f ormát ica que est ão sendo ut ilizadas por alunos dos dif erent es est ágios (ensino f undament al e médio) sem um adequado dimensionament o do mobiliário para a variabilidade de dimensões cor-porais dos est udant es.

Berg q vi st et al . (1 9 9 7 ) ap l i caram o mesmo quest ionário, ut ilizado nest e est udo, em Est ocolmo, observando que o uso mais f reqüen-t e do compureqüen-t ador aconreqüen-t eceu como f erramenreqüen-t a de ensino auxiliar de outras matérias. Nas escolas ent ão pesquisadas havia dez est udant es para cada comput ador. No ensino médio a ut ilização individual do comput ador era comum. Foram organizadas salas de inf ormát ica e a maioria u t i l i zava com pu t ador deskt op e col ori do. A minoria das escolas havia f ornecido orient ações sobre ergonomia e post ura. No moment o da inst alação dos comput adores, f oram considera-dos os posicionament os das janelas e lâmpadas. Esses dados são similares aos encont rados nest a pesquisa, exceção f eit a ao f at o de que o número

TTTTTaaaaabela 5 .bela 5 .bela 5 .bela 5 .bela 5 . Orientações aos alunos sobre o uso dos computadores em escolas de São Paulo segundo nível de escolaridade

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8 5 Educação e Pesquisa, São Paulo, v.29, n.1, p. 79-87, jan./jun. 2003

de usuários por microcomput ador no ensino médio em São Paulo é maior que 1(um).

No present e est udo verif icou- se a ut i-lização dos comput adores por mais de uma cri-ança. Esse f at o t ambém f oi observado por Noro et al. (1997), em inquérit o sobre o uso de com-put adores em escolas do ensino f undament al de 1a à 4a série, no Japão, onde um post o com comput ador é dividido por duas ou t rês crian-ças e o t amanho geral do mobiliário é grande quando comparado à est at ura das crianças.

Nas escolas est udadas predominou o uso de comput adores deskt op com as queixas de desconf ort o nas cost as variando de 5 a 12%, enquant o Harris e St raker, (2000) ao analisar o uso de lapt op por crianças de 10 a 17 anos, na Aust rália, em casa e escola, verif icaram que 20 a 38% relat aram desconf ort o na coluna lombar quando usavam ou carregavam o equipament o. Nest e est u do veri f i cou - se u m ín di ce pequeno de queixas de desconf ort o para o sis-t ema visual e coluna, resulsis-t ado sis-t ambém obser-vado no est udo de Bergqvist et al. (1997). Esse f at o pode ser explicado pelo pouco t empo de uso dos comput adores pelos alunos nas escolas. O dimensionament o corret o do mobiliá-rio para escolas é uma preocupação int ernacio-nal, t endo gerado uma padronização, que no Brasil f oi def inida pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) sob o número 14.006. Ent ret ant o, esses parâmet ros est ão sendo dis-cut i dos por di versos au t ores (M an dal , 1982; Aag aar d - H an sen et St o r r - Pau l sen , 1 9 9 5 ; Trou ssier et al., 1999).

Noro et al. (1997) sugerem o planeja-ment o específ ico para o mobiliário com a inclu-são de ajust es nas mesas e cadeiras de acordo com as medidas dos alunos, acompanhada da colocação do monit or do comput ador diret a-ment e na mesa, do f ornecia-ment o de suport e para os pés quando as crianças não alcançarem o chão e a preocupação com o apoio das mãos e braços dos alunos.

No Brasil, Bartolomeu et al. (1999) anali-saram o mobiliário de inf ormát ica dest inado a crianças de 5 a 11 anos e apresent aram algumas

orient ações em relação à post ura e caract eríst i-cas desses equipament os:

— Cadeira: o assent o e o encost o devem ser estofados e revestidos de material perspirante, com densidade e consist ência para suport ar at é 2 cm de depressão. O assent o e o encost o de-vem ser ajust áveis para a alt ura, permit indo que o est udant e apoie t ot alment e os pés no chão e garant am o suport e lombar. O assent o deve t er as bordas arredondadas. Os pés da cadeira de-vem ser est áveis, com cinco pés e rodízio para sua moviment ação.

— Mesa: deve permit ir que o aluno f ique posicionado com os ombros relaxados e o ângu-lo ent re o braço e o ant ebraço seja de 90 graus. A mesa deve ser f eit a de mat erial ant i- ref lexivo. — Apoio para os pés: deve apresent ar uma inclinação de 20 graus, para melhorar a post ura e o ret orno venoso do usuário.

— Posicionament o dos equipament os: o t erminal de vídeo deve f icar a 90 graus do pla-no da mesa, sendo sua dist ância para os olhos de 35 a 50 cm. A alt ura do t erminal de vídeo deve ser de dez graus abaixo da linha do hori-zont e visual do usuário.

A part ir do art igo de M orgado et al. (2002), sobre recomendações para criação de ambient es inf ormat izados em escolas públicas, evidenciam- se as divergências exist ent es sobre alt ura de mesa e cadeiras, uma vez que esse au-t or recomenda alau-t uras f ixas para os dois equipa-ment os, enquant o Bart olomeu et al. (1999) pro-põem regulagem para ambos.

A aquisição de mobiliário e equipamen-t os para o laboraequipamen-t ório de inf ormáequipamen-t ica deve incluir a consult a a banco de dados ant ropomét ricos e t ambém a percepção de conf ort o dos est udan-t es na uudan-t ilização desses insudan-t rumenudan-t os, conf orme propost o por Aagard- Hansen e St orr- Paulsen (1995). Casarot t o e Libert i (1994) desenvolve-ram bancos de dados com medidas dos segmen-t os corporais de escolares brasileiros na f aixa et ária de 4 a 7 anos e Silva e Paschoarelli (1999) na f aixa de 3 a 18 anos.

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principais t aref as colocam duas exigências quase opost as.

A l ei t u ra do t ext o e o ol har para o t ecl ado requ erem u m n ível de i l u m i n ação el evado, enquant o a leit ura da inf ormação na t ela do m on i t or, exi ge u m bom con t rast e en t re os caract eres e o f undo. Pela sua nat ureza est e co n t rast e d i m i n u i em f u n ção d o au m en t o do nível de iluminação do local por int erf e-rência da luz. (Lips et al., 1991, p. 26)

É preciso colocar as luminárias de ma-neira a evit ar os ref lexos na superf ície da t ela. Algumas recomendações incluem a necessida-de necessida-de não haver janelas em f rent e ou at rás do monit or; e de o ângulo principal do olhar ser paralelo à f ila de jan elas e de lu min árias.

Nest e est u do observou - se u m a preo-cupação das escolas em orient ar sobre a pos-t ura correpos-t a na cadeira. Conpos-t udo o dimensio-n am edimensio-n t o i dimensio-n adequ ado do m obi l i ári o e a f al t a de possi bi l i dade de aj u st á- l os t orn a i n ef i ca-zes essas ori en t ações para os al u n os, para os program as de preven ção de dores n a col u n a e l esões por esf orços repet i t i vos n a popu l a-ção t rabal hadora.

M at t os (1990), ao an al i sar o proces-so d e f o r m ação d e p r o f esproces-so r es d e seg u n d o g rau em i n f o rm át i ca ed u caci o n al , m o st ra a au sên ci a d esse co n t eú d o n o s p r o g r am as d esen vo l vi d o s. N as p r o p o st as d e Al m ei d a (2 0 0 2 ), p ar a u m cu r so d e esp eci al i z ação em i n f orm át i ca em edu cação, esses con t eú -d o s t am b ém est ão au sen t es.

C o n c l u s ã o

Est e est udo verif icou que o comput ador é uma f errament a de ensino consolidada nas es-colas. Apesar disso, a adequação das salas de informática às características antropométricas dos est udant es ainda não f oi implement ada. Reco-menda- se que, na aquisição de mobiliários novos, ou reest rut uração dos ambient es, as orient ações sobre ergonomia sejam incorporadas.

Os prof essores de inf ormát ica deveriam t ambém receber noções de ergonomia, para que pu dessem repassar esses con heci m en t os n as aulas de inf ormát ica, ajudando assim a criar nos est udant es uma post ura prevent iva com relação aos problemas que o uso do comput ador e os ambient es inadequados podem ocasionar nos seus desempenhos e na saúde.

R e f e r ê n c ia s b ib lio g r á f ic a s

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Recebido em 12.07.02 Aprovado em 07.04.03

Lys Esther Rocha é professora doutora do Departamento de Medicina Legal, Ética Médica e Medicina Social e do Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Raquel Aparecida Casarotto é professora doutora do Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Referências

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