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Agricultura familiar, políticas públicas e dinâmica territorial em Vera Cruz/RN

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM GEOGRAFIA MESTRADO EM GEOGRAFIA

LUCIENE DE VASCONCELOS CASADO

PROF. DR. ANIERES BARBOSA DA SILVA ORIENTADOR:

NATAL/RN NOVEMBRO - 2010

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LUCIENE DE VASCONCELOS CASADO

AGRICULTURA FAMILIAR, POLITICAS PÚBLICAS E DINAMICA TERRITORIAL EM VERA CRUZ/RN

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, atendendo a uma das exigências para a obtenção do titulo de Mestre em Geografia.

Orientador: Prof. Dr. Anieres Barbosa da Silva.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM GEOGRAFIA

FOLHA DE APROVAÇÃO

A dissertação “Agricultura familiar, políticas públicas e dinâmica territorial em Vera Cruz-RN”, apresentada por Luciene de Vasconcelos Casado, foi aprovada e aceita como um requisito para a obtenção do titulo de Mestre em Geografia pelo Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pela seguinte banca examinadora:

_________________________________________________________ Prof. Dr. Anieres Barbosa da Silva - UFPB

Orientador

________________________________________________________________ Prof. Dr. Bartolomeu Israel de Souza - UFPB

(Examinador externo)

________________________________________________________________ Profª. Drª Rita de Cássia da Conceição Gomes - UFRN

(Examinador suplente)

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AGRADECIMENTOS

Na caminhada pelo conhecimento, nos deparamos com momentos de vitórias, de angustias, de alegrias e mesmo de sentirmos incapazes de alcançar os nossos objetivos. Mas para tanto, chegamos a uma conclusão bem fortalecedora... não estamos sós.

Para cada passo, existiu um gesto, um comentário, um sorriso, uma lagrima, um conselho e uma mão estendida a nos acolher e guiar. E aqui chegamos para dar mais um passo, e para aqueles que propiciaram o meu caminhar menos monologo, meus agradecimentos. Para tanto, existiram aqueles à quem preciso destacar alguma palavras...

À Deus, sempre em primeiro lugar nas minhas caminhadas e responsável pela vida que me concede todos os dias, eternamente grata.

À minha família, em particular, meus pais e irmãos, minha eterna gratidão pela compreensão e incentivo nas minhas escolhas, que com amor incondicional e apoio, estão sempre presente com um sorriso de fortaleza nos momentos de conquista, ou uma mão estendida nas horas difíceis. Minha vitória seria sem cor sem a existência de vocês.

A todos os professores do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, o meu reconhecimento pela dedicação e compromisso na disseminação do saber na academia.

Aos professores Celso Locatel e Fernando Bastos, por suas valorosas contribuições na banca de qualificação, muito obrigada.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Anieres Barbosa da Silva, que acolheu-me em meus objetivos e concedendo-me tempo, atenção, contribuições e principalmente, paciência para a finalização deste trabalho. Obrigado por tudo, meu imenso respeito e eterna gratidão.

Aos meus queridos amigos (as) pelo privilégio de tê-los no convívio diário, na busca de ser a cada dia um ser melhor e de tornar a cada momento um eterno aprendizado. A vocês minha eterna alegria de viver.

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reafirmo meu agradecimento à minha irmã do coração, à qual a palavra amizade se materializa e se fortalece a cada momento. Meu eterno agradecimento a Janaina Silveira, por todos os momentos de nossa amizade.

À Claudio André, Beatriz e Polyana, pelo apoio técnico e incentivo, pelos risos e alegria que contagiaram nos momentos difíceis, modificando-os para a certeza que tudo iria dar certo. Muito obrigada.

Meus sinceros agradecimentos a Fátima Viegas, pelo apoio e acolhimento no município de Vera Cruz/RN, em nome de quem estendo meus agradecimentos a todos que contribuem para o desenvolvimento de melhores oportunidades para os citadinos Veracruzenses.

Em especial, ao amigo Edvaldo pela alegria de compartilhar junto a sua família, o apoio, as conversas e ajuda mais que necessária em campo. Você é parte integrante desse trabalho de forma incondicional. Muito obrigada.

Enfim, a duas pessoas mais que especiais, a profª. Rita de Cássia da C. Gomes e Hilca Honorato, pela insistência em acreditar em mim e ter me disponibilizado um espaço em suas vidas, depositando por mais uma vez, o voto de confiança na minha pessoa; agradeço-as também pela paciência e incentivo integral nos momentos que mais precisei. Muito obrigado por tudo.

A todos que colaboraram, direta ou indiretamente, para a execução dessa dissertação!

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“Entre o "fio da navalha" da

exclusão/inclusão social coloco

em debate o papel do território

enquanto um possível "fio da

meada" que possa dar início a

uma nova trama de tecer as

políticas públicas brasileiras

em direção à justiça social".

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CASADO, Luciene de Vasconcelos Casado. Agricultura familiar, políticas públicas e dinâmica territorial em Vera Cruz/RN. Dissertação. (Mestrado em Geografia). Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia. Natal, 2010.

RESUMO

A agricultura familiar hoje desempenha um papel social, marcada de relações político-econômicas, importantes para o desenvolvimento do Brasil e principalmente, para as pequenas cidades, quem tem nessa atividade, sua principal fonte de renda. Para tanto, a ação do Estado intervindo nos territórios rurais, através das políticas públicas, vem implementando estratégias de forma a dinamizar, reconhecer e “proteger” a agricultura familiar. Nessa perspectiva o presente trabalho objetiva analisar a dinâmica do território, tendo em vista a aplicação e efetivação de políticas públicas, como o PRONAF e o compra direta, destinadas a agricultura familiar do município de Vera Cruz. Com base nesse enfoque, buscou-se discutir na continuidade temporal da inserção das políticas públicas no âmbito municipal, a atual configuração e dinâmica da agricultura familiar, suas fragilidades em solver as políticas localizadas e direcionadas a esse seguimento, questionando os entraves e as influências de políticas que nesse território se dá. Como aporte teórico, utilizamos o conceito de Território, segundo Santos, visto considerarmos a abordagem territorial um caminho importante a subsidiar o entendimento, a análise e a critica na trama territorial que envolve o espaço rural. Como metodologia utilizou-se levantamento bibliográfico, em periódicos, livros, documentos digitais e entrevistas in loco, com técnicos, agricultores e pessoas ligadas à esfera governamental, para se obter uma análise qualitativa da atual situação da agricultura familiar no município. Constatou-se que a agricultura familiar se faz presente no município, como um dos principais motores ao seu desenvolvimento, e nesse, as políticas públicas aí inseridas desempenham um papel importante para a inserção de capital, bem como na própria comercialização dos produtos aqui produzidos. Porém faz-se necessário um maior envolvimento de todos os agentes e atores sociais, na busca de se apropriarem melhor dos recursos a eles destinados, e mesmo, de se articularem e fortalecerem, dando impulso à dinâmica local, não permitindo que os benefícios aqui inseridos, estejam restritos a alguns grupos.

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ABSTRACT

Familiar agriculture today plays a social role, marked of politician-economic, important relations for the development of Brazil and mainly, for the small cities, who has in this activity, its main source of income. To in such a way, the action of the State intervined in the agricultural territories, through the public politics, comes implementing form strategies to dinamise, to recognize and “to protect” familiar agriculture. In this perspective the present objective this paper, to analyze the dynamics of the territory, in view of the application and effectivetion of public politics, as the PRONAF and the direct purchase, destined the familiar agriculture of the town of Vera Cruz. On the basis of this approach searched to argue in the secular continuity of the insertion of the public politics in the municipal scope, the current configuration and dynamics of familiar agriculture, its fragilities in solving the politics located and directed to this pursuing, questioning the impediments and the influences of politics that in this territory if of. As it arrives in port theoretical, we use the concept of Territory, according to Saints, seen to consider the territorial boarding a way important to subsidize the agreement, the analysis and it criticizes it in the territorial tram that involves the agricultural space. As methodology bibliographical survey was used, in periodic, books, digital documents and interviews in loco with technician, agriculturists and on people to the governmental sphere, to get a qualitative analysis of the current situation of familiar agriculture in the city. It was evidenced that familiar agriculture if makes gift in the town, as one of the main engines to its development, and in this, there inserted the public politics play an important role for the capital insertion, as well as in the proper commercialization of the products produced here. However a bigger envolvement of all becomes necessary the social agents and actors, in the search of if better appropriating of the resources they destined, and same of if articulating and fortifying, giving to impulse the local dynamics, not allowing that the here inserted benefits, are restricted to some groups.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Primeira residência em alvenaria 45

Figura 02 - Igreja de Vera Cruz 45

Figura 03 - Território de Vera Cruz no âmbito da Micro-região Agreste, Rio

Grande do Norte e Brasil 46

Figura 04 - Mapa de localização dos distritos municipais no território de Vera

Cruz/RN no âmbito do Rio Grande do Norte 50

Figura 05 - Distribuição de estabelecimentos rurais no Brasil segundo dados

do censo agropecuário de 2006. 68

Figura 06 - Mapa da produção agrícola e outras atividades econômicas nos

distritos de Vera Cruz-RN 83

Figura 07 - Linha de evolução relativa aos números de contratos e ano

respectivamente 89

Figura 08 - Linha de evolução de financiamentos e respectivos valores 89

Figura 09 - Imagem da plantação de feijão com sistema de irrigação na comunidade de Araça II 90

Figura 10 - Imagem de tanques para o sistema de irrigação na comunidade de

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01- Número de estabelecimentos agropecuários que não obtiveram

financiamento por motivo da não obtenção do financiamento. ... 78

Tabela 02- Número de estabelecimento agropecuários que não obtiveram

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LISTA DE SIGLAS

ATER - Assistência Técnica e Extensão Rural

CMMAD - Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento

CNPQ - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

EMATER/RN – Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Norte

FPM - Fundo de Participação Municipal

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INCRA - Instituto de Colonização e Reforma Agrária

MDA - Ministério de Desenvolvimento Agrário

PAPP - Programa de Apoio ao Pequeno Produtor rural

PAA - Programa de Aquisição de Alimentos

PGPAF - Programa de Garantia de Preços para a Agricultura Familiar

PRONAF - Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

PRONERA - Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 15

1. RELEITURAS: território, agricultura familiar e políticas públicas ... 22

1.1. Território e suas dinâmicas ... 23

1.2. Territórios rurais e agricultura familiar: uma face nesse processo ... 29

1.3. Políticas públicas: Ação do Estado intervindo no território ... 38

1.4. Vera Cruz/RN: perspectivas e realidades na formação territorial ... 43

2. POLÍTICA PÚBLICA E USOS DO TERRITÓRIO RURAL ... 56

2.1. Espaço rural e territorialidades: os usos e as solidariedades ... 57

2.2. Políticas públicas e agricultura familiar: faces políticas e sociais ... 65

2.3 Vera Cruz/RN: entre oportunidades e desigualdades ... 69

3. VERA CRUZ/RN: situações geográficas do passado ao presente ... 77

3.1. Agricultura familiar, estrutura produtiva e dinâmica territorial ... 77

3.2. Vera Cruz: dinâmica local e configuração de um território ... 83

PREMISSAS DE CONCLUSÃO ... 97

REFERÊNCIAS IBLIOGRÁFICA...102

APÊNDICE A...107

APÊNDICE B...109

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INTRODUÇÃO

Este trabalho estuda a agricultura familiar, as políticas públicas e a dinâmica territorial em Vera Cruz, Rio Grande do Norte. A área objeto de estudo foi escolhida, visto sua dinâmica econômica estar atrelada à agricultura familiar, e essa, por sua vez, materializar no uso de seu território, reflexos da efetivação de políticas públicas de ordem federal bem como as contradições socioterritoriais, faces da questão do desenvolvimento rural.

Os estudos sobre espaços rurais sempre estiveram na pauta das agendas políticas e econômicas, devido a sua importância para a realidade brasileira. Nessa perspectiva, a década de 90 foi marcada por avanços quanto ao reconhecimento da importância da agricultura, possibilitando ações mais efetivas para se obter o desenvolvimento do campo. Nesse contexto, crescem as pesquisas e os estudos com vista a qualificar e quantificar o que estaria acontecendo nos espaços rurais, direcionando-se o conhecimento para se estabelecerem novas bases para a formulação de políticas públicas destinadas a esse segmento econômico.

Surgem novos conceitos, na busca de melhor compreender a complexidade existente, principalmente no que diz respeito a necessidade de se rever o papel dos espaços rurais e da agricultura no processo de desenvolvimento social e produtividade econômica, respondendo às demandas de mercado e diminuindo as desigualdades evidentes entre a agricultura patronal e a familiar.

Percebe-se, dessa forma, que, apesar das adversidades que ainda impõem limites às possibilidades de desenvolvimento socioeconômico contínuo e diversificado nos territórios rurais, nos últimos tempos a agricultura familiar vem recebendo maior atenção por parte dos formuladores de políticas públicas, o que indica o reconhecimento do papel dessa agricultura e sua contribuição para a economia brasileira.

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Dessa forma, a categoria de análise “território” perpassa por toda a pesquisa, propondo-se um estudo teórico-empírico denominando-se teoricamente geográfico.

Nesse contexto, o estudo busca analisar a dinâmica do território tendo em vista as políticas públicas, que se fazem relevantes para a dinâmica territorial executada pela agricultura familiar do município de Vera Cruz. E, ainda, refletir sobre como as políticas públicas direcionadas à agricultura familiar se materializam nas ações políticas, econômicas, sociais, culturais e geográficas nesse território.

Um ponto de extrema importância, que fundamenta e justifica o desenvolvimento deste estudo, diz respeito às lacunas ainda existentes no Rio Grande do Norte quanto a estudos voltados para analisar a relação entre agricultura familiar e políticas públicas, sobretudo se considerarmos a importância da unidade familiar na dinâmica territorial dos espaços rurais no Brasil, bem como a ausência de estudos sobre o recorte espacial que escolhemos, tal situação confirma, portanto, a observação feita por diversos pesquisadores quanto à necessidade de se colocar em evidência a importância dessa agricultura na produção do território.

A escolha do município de Vera Cruz-RN para o desenvolvimento desta pesquisa justifica-se pela história do município, o qual desde seu povoamento, tem a agricultura como principal atividade econômica. Desde então, destaca-se aí a forte presença de pequenos produtores, que são os responsáveis pela produção que impulsiona a economia do local e contribuem para a expansão da infraestrutura rural / urbana.

O município de Vera Cruz está localizado no estado do Rio Grande do Norte e, pela classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), está inserido na microrregião do Agreste Potiguar. Situa-se a 37 Km da cidade de Natal, capital do Rio Grande do Norte. Possui uma área de 92,12 Km², equivalente a 0,19 % da superfície estadual, tendo como limites político-administrativos os seguintes municípios: Macaíba, ao norte; Monte Alegre e Lagoa Salgada, ao sul; São José de Mipibú, a leste; e Boa Saúde e Macaíba, a oeste.

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debate sobre essa questão de forma a contribuirmos para a academia, e para a ciência à nos dedicamos, a Geografia.

O nosso recorte espacial que exploraremos compreende o espaço rural do município de Vera Cruz, composto por catorze comunidades – Cobé, Papagaio, Araçá (I, II e III), Ponta de Várzea, Pitombeira, Jacaré, Euzébio, Jenipapo, Sítio Santa Cruz, Pororocas, Areias e Vera Cruz – as quais foram contempladas por políticas públicas destinadas à agricultura familiar. Buscaremos informações junto aos agentes sociais envolvidos e/ou excluídos da dinâmica de desenvolvimento territorial, bem como aos gestores dessas políticas nos municípios, especialmente as organizações civis que atuam na área de estudo promovendo aí o desenvolvimento da agricultura familiar.

A investigação compreende uma análise qualitativa, que visa promover e ampliar o entendimento da temática em tela e responder aos questionamentos propostos para o estudo, visto que será na análise dos dados obtidos durante a pesquisa que a representação de um universo de significados, atitudes e relações políticas e socioterritoriais, se tornará mais compreensível.

Para a produção de informações sobre a realidade da dinâmica territorial foram realizadas entrevistas, com perguntas abertas, com os diversos agentes sociais envolvidos no estudo em tela. Entrevistamos os assistentes técnicos, secretários municipais, prefeito e agricultores.

Os procedimentos metodológicos da pesquisa foram assim distribuídos:

Etapa 1: Fontes (levantamento e obtenção de dados bibliográficos, documentais e cartográficos)

Essa etapa da pesquisa foi contínua, e objetivou tomarmos conhecimento dos trabalhos já publicados e relacionados com o presente estudo no âmbito local e no geral, fornecendo-nos um arsenal teórico-conceitual referente à análise que pretendíamos realizar. Para a obtenção de informações referentes a dados estatísticos e documentos que abordavam os principais eventos que contribuíram para a realidade que estava sendo analisada e aos contextos em que estavam inseridos, recorrermos a órgãos com competência para isso.

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central da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), nas bibliotecas setoriais dos Departamentos de Geografia e de Ciências Sociais, bem como; de sites oficiais, como: o portal da CAPES, que contém

dissertações e teses, o site da revista de geografia e ciências sociais Scripta

Nova, o Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural (NEAD), e o

portal do Governo brasileiro; e dos ministérios que participam da discussão e implementação de políticas públicas diretamente relacionadas com a temática do estudo.

Nessa etapa, buscamos também documentos cartográficos, mapas e informações relacionadas aos eventos que configuraram a atual situação geográfica em questão, em jornais e revistas de circulação local bem como em órgãos ou instituições não elencados aqui.

Etapa 2: Procedimentos (Produção de informações)

Essa etapa da pesquisa, associada à etapa anterior, consistiu numa significativa busca de informações, visando ao alcance de nossos objetivos, com a realização da pesquisa in loco. Entre conversas informais, aplicação de

entrevistas e observações diretas (Anexo A), foi feito o levantamento de campo.

Etapa 3: Análise dos dados levantados em campo e produção do texto final

Os dados obtidos através da pesquisa de campo serviram de base para a construção de uma matriz de periodização e para as análises, as quais foram construídas à luz de um arcabouço teórico-metodológico.

Esperávamos desse modo compreender como o território é usado e dinamizado pela agricultura familiar com a aplicação de políticas públicas em Vera Cruz-RN.

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reflexões. A “trama territorial”, que se fundamenta nas relações entre a agricultura familiar, as políticas públicas e as ações correspondentes no uso do território, é a peça-chave deste estudo. Nesse sentido, seguimos na perspectiva de uma discussão conceitual intercalada com dados da situação geográfica do recorte espacial que escolhemos para a análise – o município de Vera Cruz-RN.

Na segunda parte, analisamos os usos e as solidariedades que ocorrem no espaço rural, principalmente aquelas, que estão diretamente relacionadas com a situação da agricultura familiar. As políticas públicas a ela direcionadas, também aqui se fazem importantes tendo-se em vista os entraves encontrados nos territórios, quanto ao acesso a elas, a sua aplicação e efetivação, ainda que tudo isso seja reflexo de transformações benéficas ao desenvolvimento do espaço rural. Para atingir nossos objetivos, buscamos, na bibliografia relacionada a nossa análise, reflexões, propostas e respostas para a discussão em curso.

Na terceira parte, analisamos a atual situação do território de Vera Cruz, a partir da dinâmica que a agricultura familiar promove no município. Iniciamos nossas reflexões com base numa discussão teórica sobre a agricultura familiar e a estrutura produtiva, considerando a primeira responsável por uma parcela significativa da dinâmica territorial do Brasil e, especificamente, da dinâmica e da configuração do território de Vera Cruz-RN.

As reflexões que conseguimos fazer nos levam a considerar que, ainda que as políticas e os programas governamentais desenvolvidas no espaço rural tenham o objetivo de oportunizar melhores condições ao pequeno produtor, a sua produção e consequentemente, a melhoria de sua vida, permitindo, assim sua permanência no campo, há, ainda, uma grande parcela de agricultores que não se inserem nesse contexto, perpetuando as condições de atraso historicamente construídas no Brasil, principalmente no nordeste brasileiro.

É, contudo, pertinente frisarmos a importância de tais políticas para o desenvolvimento do espaço rural brasileiro, embora fazendo algumas ressalvas quanto a particularidades ainda existentes, principalmente em pequenas cidades, nas quais a agricultura de subsistência continua presente.

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os eventos que configuram a atual situação da agricultura familiar ainda são permeados de uma cultura clientelista, que proporciona a permanência de tantas já conhecidas realidades socioculturais.

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1 RELEITURAS: TERRITÓRIO, AGRICULTURA FAMILIAR E POLÍTICAS PÚBLICAS

Nosso objetivo aqui é a apreensão de uma matriz de periodização dos principais eventos que constituíram a formação territorial de nosso recorte geográfico de estudo – o município de Vera Cruz-RN. Fizemos releituras conceituais, as quais são nossas bases teóricas, que nos permitem melhor compreender o tema em tela e apresentar nossas análises, pois é na inter-relação teórica e empírica que se ancoram nossas reflexões.

A “trama territorial” que se fundamenta nas relações entre a agricultura familiar, as políticas públicas e as ações destas no uso do território são as peças-chave deste estudo. Seguimos na perspectiva de uma discussão conceitual intercalada com os dados concretos que dizem respeito à situação geográfica do município de Vera Cruz-RN.

Essa é mais uma oportunidade de colocar em evidência o conceito de território, que vem sendo motivo de diversas análises e de divergências, tanto no meio acadêmico-científico quanto no quadro institucional, tendo em vista a maneira como vem sendo utilizado na formulação de políticas, programas e projetos de cunho econômico-social. Nestes o conceito de território é utilizado como uma “noção espacial”, como unidade de planejamento para execução de ações governamentais. Na reflexão que substancia nossas análises, temos o entendimento de que a abordagem territorial orienta e facilita o entendimento do movimento, das contradições, ou das dominações, contemplando como resultado as desigualdades socioterritoriais existentes no Brasil.

Geograficamente, as ações, os objetos e mesmo as subjetividades se materializam num dado espaço, que, ao ser compreendido como uma instância social, se configura um espaço geográfico. Nessa linha de reflexão, o estudo problematiza um objeto construído – a agricultura familiar – elegendo como categoria de análise o território — e consequentemente seus “usos e abusos” (SOUZA, 2003). E as políticas públicas, aqui entendidas como um discurso institucional, configurado nas normas, nas técnicas e nas juridicidades, implicando nesse território e na relação com a agricultura familiar, uma dinamicidade, dando forma e que tem consequências políticas, sociais e

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As formas geográficas, são objetos materializados e localizados no território (fazendas, casas, tratores, animais, igreja, prefeitura, praça, associações, etc.), distribuídos em relação uns aos outros, o que gera uma trama, ou seja, produz uma idéia de estrutura, definida pela configuração das formas se dão. Esses objetos são portadores de sentido, em si mesmos, de informação, de significados. Formam uma trama relacional – uma trama

territorial – que dá valor à construção, à estruturação e à dinâmica de um

território.

Entendemos que para conhecer uma dinâmica – neste estudo, especificamente, a dinâmica territorial – é necessário que se saiba como ela se configura, isto é, neste caso, como a trama territorial, a agricultura familiar e as políticas publicas estão relacionadas e fazem uso do território.

Tal uso dinamiza e conforma, em suas estruturas fixas (prédios, transportes, estradas, etc.) e em seus fluxos (pessoas, mercadorias, comunicação), suas contradições, dominações, velocidades e/ou lentidão. Influenciados pelas características do próprio território e influenciadores delas, ou seja, a dimensão política, a social, a econômica, e principalmente a geográfica.

A análise que realizamos estrutura-se na reflexão teórica, com base na bibliografia referente ao tema proposto, versando sobre território, agricultura familiar e políticas públicas. Dialogando a partir dos eventos que se circunscreveram nos espaços rurais do município de Vera Cruz-RN, abarcando também eventos externos que se combinaram aos internos e constituíram a formação territorial desse município.

1.1 Território e suas dinâmicas

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Nos últimos tempos, com mais veemência, os geógrafos têm-se preocupado em abordar a epistemologia da ciência geográfica, principalmente em torno do espaço geográfico, visando elucidar lacunas existentes na própria ciência geográfica.

Um dos principais teóricos que mostraram essa preocupação foi o geógrafo Milton Santos, ao apresentar o conceito de espaço como “uma união indissolúvel de sistema de objetos e sistemas de ações, e suas formas hibridas, as técnicas” (SANTOS e SILVEIRA, 2008, p. 11), indicando, assim, como, onde, por quem, para quem e por que o território é usado.

Diante dessa compreensão acerca do espaço geográfico, a categoria de análise “território”, na visão desse autor, aparece como sinônimo de espaço habitado – ou seja, como território usado, humanizado, como um produto que é produzido e consumido pela prática social vez que seu processo de ocupação é determinado pela infraestrutura econômica e, ao mesmo tempo, sua regulação se dá por interesses políticos da sociedade.

E ainda: “o território não é apenas condição da ação tática e estratégica. Manifesta, ao contrário, outras dimensões da experiência humana, envolvidas no propósito teórico-político de apreensão da totalidade concreta”. (RIBEIRO, 2003, p. 35). Para nosso estudo, o território de Vera Cruz esclarece o entendimento de que temos sobre tal conceito. Além das dimensões meramente fisiográficas e administrativas, como em qualquer outro espaço geográfico, é inerente a esse território, o uso por meio de relações heterogêneas entre os agentes sociais. Os aspectos econômico, social e político (este principalmente) têm em Vera Cruz uma conotação interna culturalmente estabelecida; no entanto, estando sob o reflexo da dinâmica externa, inserem nesse território certas relações de poder que o dinamizam e o marcam. Entre essas relações, damos destaque a dinâmica territorial, com foco na agricultura familiar e nas políticas públicas implementadas.

Tais reflexos externos advêm da dinâmica regional do Agreste Potiguar bem como da dinâmica político-social que se efetiva em escala nacional/estadual, e mesmo da metropolitana, visto que o município integra a região metropolitana de Natal (capital).

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perspectiva de manter o sistema vigente e dar-lhe continuidade, e no uso do território.

Retomando as questões teóricas, vale salientar, que a discussão em torno do conceito de território é antiga e conforma em seus conceitos a temporalidade e as características dos anseios com os quais estes eram formulados.

O conceito de território foi, assim, sendo construído e desconstruído ao longo das diversas correntes de pensamento geográfico: determinismo, possibilismo, nova geografia, geografia crítica e geografia humanista. Na construção de um entendimento acerca do território, para alguns teóricos o conceito de território se diferencia, e não se deve confundi-lo com o conceito de espaço, tendo-se em vista as especificidades do primeiro como categoria de análise.

No entanto, fica claro que o território se constitui numa objetivação multidimensional da apropriação social do espaço (CARA, 1994 apud SILVA,

2008) e, ainda, que o território não é espaço, mas o espaço é o cerne para sua existência; ou seja, o território é uma produção do espaço, uma das dimensões singulares do espaço geográfico. (SILVA, 2008). Entendemos, assim, que ele é construído nas mais diversas escalas de tempo, dependendo das características que o território apresenta. As transformações político-econômicas ocorridas no final do século XX retomaram as discussões sobre o território, chamando atenção para ele.

Limitar o conceito de território às identidades, ou aos recortes físicos, já não comporta toda a amplitude que esse conceito contempla. Poder, movimento e competição são noções que parecem ter mais a ver, nos dias atuais, com a complexidade existente nos territórios, e, por meio delas tentar decifrar a dinâmica neles existente.

A questão política – em especial para nosso estudo, (institucionalizado pelas políticas públicas ou socializado pela construção histórica e cultural que se dá pela sociedade) – tem no território um ponto-chave para a compreensão dos movimentos, nos quais encontramos os atores que “produzem” e os agentes que “usam” o território.

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programas, projetos, etc.), e o indivíduo, por sua vez, procede da mesma forma ao construir e usar o território segundo suas necessidades.

Acerca desse processo de construção, o entendimento de Santos (2000) é indispensável, principalmente quando ele nos faz refletir sobre o território como o chão da população, isto é, sua identidade, o sentimento de pertencermos àquilo que nos pertence. Sendo assim, o território é a base do trabalho, da residência, das trocas materiais e espirituais da vida, sobre as quais ele influi. E, ainda, conforme Santos (2002, p. 84),

Não é apenas um conjunto de formas naturais, mas um conjunto de sistemas naturais e artificiais, junto com as pessoas, as instituições e as empresas que abriga, não importa o seu poder. O território deve ser considerado em suas divisões jurídico-políticas, suas heranças históricas e seu atual conteúdo econômico, financeiro, fiscal e normativo. É desse modo que ele constitui, pelos lugares, aquele quadro da vida social onde tudo é interdependente, lavando também, à fusão entre o local, o global invasor e o nacional sem defesa (no caso do Brasil).

É nessa relação entre local e global que se intensifica a importância de analisar o território, encontrar explicações para seu desenvolvimento e para as desigualdades em nosso mundo globalizado, bem como para as configurações locais.

Essas desigualdades são características intrínsecas do território usado e traduzem o dinamismo dos lugares, sua relação com o mundo e sua funcionalidade, ou seja, zonas de densidade e zonas de rarefação (densidade demográfica), territórios de fluidez e territórios de viscosidade (condições de circulação dos homens, dos produtos, mercadorias, do dinheiro, da informação, etc.), espaços da rapidez e espaços da lentidão (espaços que mandam e que obedecem), e espaços luminosos e espaços opacos, (Santos e Silveira, 2008). Assim, a compreensão de território usado se dá a partir da dinâmica existente nos lugares, estes em constante transformação.

Com esse conceito de território usado, formulado por Santos e Silveira

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suas descontinuidades. Nesse processo, as contradições, as imbricações políticas e as heterogeneidades resultantes do contexto histórico, político e social, que influencia e é influenciado pela dinâmica territorial.

O território, em sua dinamicidade, ainda é um elemento decisivo no estabelecimento do poder (GOMES, 2006a). Segundo esse entendimento, ele é visto apenas como uma extensão física do espaço, expressão de domínio. Diante de tantas transformações que vem sofrendo, o território, hoje, segue influências que extrapolam suas barreiras físicas, e estas, por sua vez, se configuram nas redes subjetivas e imateriais do capital, das técnicas e das informações.

Percebemos, que, mesmo aqueles que pensam diferentemente acerca do que seja território têm a necessidade de dialogar com os que adotam o pensamento do território como campo de relações marcadas pelo poder (RAFFESTIN, 1993). Isso porque, nos espaços rurais, ainda existe uma intensa ação do capital. Os elementos culturais enraizados nas questões políticas, sociais e econômicas expressam, no território físico, seu poder, suas estratégias e suas ações, materializando-as em suas subjetividades. Ou seja, a medida que essas relações se materializam no espaço e na sociedade, circunscritas no território, este se torna dinâmico e flexível, dependendo de cada momento e de cada realidade social. (SACK, 1986, apud SILVA, 2008).

Enfatizando a dinamicidade do território, Sack (1986 apud SILVA, 2008) nos diz que o território é um lugar demarcado como área de influência e de controle. Para ele, um lugar pode, um determinado momento, ser um território e não ser mais em outro. Assim, o território pode criar-produzir lugar. Sobre a territorialidade, Sack (1986, apud SILVA, 2008) enfatiza, numa visão geográfica, que é uma forma espacial de comportamento espacial, ou seja, a territorialidade está intimamente relacionada à utilização da terra por determinado grupo de indivíduos, as suas estratégias, ações e ao estabelecimento do poder, que, ao mesmo tempo, se mantêm e reforça a organização da sociedade no espaço e no tempo. (SILVA, 2008)

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Em nosso estudo, esse entendimento é muito importante, porque dá suporte à compreensão da dinâmica existente no território do município de Vera Cruz, pois as relações entre a agricultura familiar e as políticas a ela direcionadas tem rebatimentos em sua organização sociopolítica, em seu território e na socioeconomia local, mesmo que esta se disponha de forma implícita.

Assim, dentro das linhas de reflexão de Sack, Paulo César da Costa Gomes em seu livro A condição urbana, considera o território como “uma

parcela de um terreno utilizado como forma de expressão e exercício de poder” (GOMES, 2006a, p. 12) e, nesse território, devido à expressão de poder, há um exercício de controle, uma imposição de “regras de acesso, de normatização de usos, de atitudes e comportamentos” (GOMES, 2006a, p.12). Esse exercício de controle, nos territórios rurais, evidencia-se na historicidade construída, na qual sua dinamicidade, de longe é regida pela excludente diferenciação social e econômica em relação aos espaços urbanos, e dentro do próprio espaço rural.

A inserção de políticas públicas nesses territórios, sem averiguarem-se suas especificidades, suas potencialidades e fragilidades tem resultado num grande esvaziamento dos espaços rurais.

Grandes fluxos migratórios e intensificação das desigualdades sociais são os efeitos deixados nesses espaços, visto a burocracia ser ainda o problema-chave para os mais desfavorecidos. Além, claro, de uma imposição política, neles culturalmente enraizada. As estratégias político-econômicas, consignadas nas mãos de grandes proprietários de terra, e/ou agentes da gestão pública, acabam por restringir o acesso ainda mais para os pequenos agricultores. Estes agora enfrentam uma serie de normas, de juridicidades, não compatíveis até com seu nível social (posto os excludentes níveis de escolaridade, saúde, renda), dificultando sua inserção no mercado, entre tantos outros problemas.

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de informações e da própria normatização, que se efetiva, principalmente, na ação de instituições e empresas privadas. Isso porque, ideologicamente, a informação transparece como um bem comum, contudo está acessível apenas a alguns agentes (SANTOS e SILVEIRA, 2008). Nesses sistemas de ações, a que se referem Santos e Silveira (2008), o território implica a ação das técnicas, por um lado, e da política de outro, exercício que se dá pela existência de materiais e técnicas, que se substanciam na materialidade geográfica de seus fixos e fluxos.

Seguimos, então, no entendimento e na perspectiva da complexidade que se confere ao conceito de território e ao deste. Assim, as diferentes vertentes e categorias de análise irão configurar o território, conformando, em suas formas, seus objetos e, em suas ações, as dinâmicas territoriais.

Neste estudo específico, a compreensão do uso do território pela agricultura familiar em Vera Cruz-RN.

1.2 Territórios rurais e agricultura familiar: uma face desse processo

No processo de formação socioespacial, a agricultura sempre esteve na pauta das políticas governamentais. Além de ser uma atividade que, como nenhuma outra, se revela em ações e relações humanas, absorvendo em seus territórios profundas transformações, é um dos focos importantes das ações políticas e econômicas, que determinam seus ritmos, tanto em sua produção (comercial ou de subsistência) como em sua função sociocultural, instalando-se também nesse espaço os processos da racionalidade internos e externos às práticas.

Caberia então indagar, com base na própria agricultura, a definição de agricultura familiar, que está posta na agendas dos debates político, econômico e social, na atualidade. Insere-se, nesses espaços, uma nova forma de olhar para essa unidade produtiva, diferente da própria configuração econômica que hoje se dinamiza nos espaços rurais produzindo e conformando em territórios usados.

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Não existe um padrão universal para definir a 'agricultura familiar' que identifique de forma clara a qual estamos nos referindo. À referência dessa expressão pode se pensar na concepção utilizada pela política setorial brasileira; à destinação do crédito; a alguns indicadores de escala de empreendimentos; à exploração pessoal do imóvel pelo agricultor e sua família; ao tamanho das lavouras; à renda bruta anual obtida; à quantidade produzida; à produtividade da terra; à intensidade do uso da terra e do trabalho; aos contingentes beneficiários dos programas de financiamento dirigido. (NAVARRO, 2001, p.03)

Diante disso faz-se pertinente esclarecer qual a definição que adotaremos, haja vista, fazer-se presente em nossas análises uma conformação dos agricultores familiares em estudo e o entendimento que o governo faz dessa categoria, posto direcionar-lhe políticas e programas governamentais.

Identifiquemos, portanto, nosso universo: a situação dos espaços rurais de Vera Cruz e a própria realidade que transcende esses espaços, mas que interfere pontualmente em sua dinâmica material, além das relações sociais existentes. Incluímos por tanto, nesse debate local/global:

Os agricultores familiares, [como] unidades de produção em que se usa intensivamente os fatores de produção; a grande maioria que continua enfrentando restrições e dificuldades para sobreviver em mercados cada vez mais competitivos e exigentes. Aqueles - mais de um milhão - que nos últimos dez anos têm sido expulsos do campo e certamente já não encontram ocupação nos meios urbanos. A agricultura familiar com toda a sua diversidade está representada por 24 milhões de pessoas, o equivalente a 16% da população brasileira. É responsável pela produção da maior parte dos alimentos ofertados aos demais 150 milhões de brasileiros, ou seja, 87% da mandioca, 67% do feijão, 49% do milho, 46% do arroz, 54% do rebanho bovino de leite, 40% de aves e ovos e 58% dos suínos. (NAVARRO, 2001, p 03)

Conforme essas estatísticas1, no vasto cenário de transformações sociais, políticas e econômicas ocorridas nos últimos tempos, a agricultura familiar se coloca frente a uma disputa com as transformações que vêm ocorrendo no espaço rural. Isso tem possibilitado afirmar-se que:

1

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No Brasil as políticas e as visões dominantes sobre a agricultura familiar e a pequena produção familiar rural foram historicamente conformadas pela ideologia de subsistência, com base na ideologia nas relações sociais, da morada de favor do nordeste açucareiro. (MOREIRA, 2007 pag. 86)

O autor frisa, ainda, que essa visão é complementada pelo entendimento dos agricultores familiares – “como incapazes do progresso econômico e social”, (MOREIRA, 2007). E alguns autores problematizam entendendo a agricultura familiar como

Uma categoria de ação política que nomeia um amplo e diferenciado segmento mobilizado à construção de novas posições sociais mediante engajamento político. Por este engajamento ele se torna concorrente na disputa de créditos e serviços sociais [...] (NEVES, 2002, pág. 137)

Ou seja, dada sua construção social ou categoria de ação política, percebe-se a fragilidade dos espaços rurais em sua própria construção social, em construção ideológica, como também no entendimento e direcionamento das normatizações que regulam a dinâmica e a configuração político-econômica, direcionada aos agricultores familiares e seu território em particular. Nesse cenário de contradições, dominações e estratégias, o conceito de território nos dá bases sólidas para nosso estudo. Isto porque visualizamos, na relação entre a agricultura familiar e as políticas públicas, uma trama territorial, em que a

Idéia de território traduz, ao mesmo tempo, uma classificação que exclui e inclui; um exercício de gestão que é objeto de mecanismos de controle e de subversão; e uma qualificação do espaço que cria valores diferenciais, redefinindo uma morfologia de cunho socioespacial. Estes pares –

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Diante desse contexto, coloca-se, ainda, a conservação de precárias estruturas institucionais, e mesmo as benesses das políticas agrícolas direcionadas a poucos, e poucos que, dialeticamente, seriam os que menos precisariam, instituindo e efetivando ainda hoje a perpetuação da desigualdade que nos espaços rurais se instaura.

Para os homens do campo, o assistencialismo tende a assumir um papel importante, porque para eles, o pouco que têm se faz sua própria subsistência, não constituindo uma prática que logre ascensão socioeconômica. Assim, colocou-se na pauta das discussões e mesmo das políticas públicas, transformações quanto à formulação teórica destas e ações direcionadas à agricultura familiar.

A partir do início da década de 1990, foram elaboradas diversas propostas de dinamização dos espaços rurais, com o objetivo de reordenar o território, reduzir as desigualdades sociais, inserir no mercado os agricultores familiares, até de consolidar o conceito de desenvolvimento local.

Com o passar do tempo, o conceito de desenvolvimento local foi substituído pela concepção de desenvolvimento territorial, sendo colocado, portanto, a noção de “território”, como um recorte espacial, que é visto por suas particularidades e “estratégias” políticas, econômicas, sociais e mesmo culturais.

A periodização das políticas pressupõe um caráter político-ideológico, por trás das configurações, políticas, sociais e territoriais,que neste estudo não cabe aprofundar. Contudo, ele permite compreender tais conformações políticas no uso do território, materializando nas formas – fixas e fluxos – técnicas e normas, a fim de promover suas “dominações” e seus objetivos. Transformados e transformadores de toda uma construção social e do próprio espaço geográfico. Fica claro, para nós, e seria importante frisar que

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pouco conhecido no próprio desenvolvimento econômico. (ABRAMOVAI, 2001, pag. 3)

Por essas transformações dadas nos territórios rurais, se consolidou uma precária situação de condições sociais e econômicas, precárias condições de moradia, de saúde ambiental e coletiva, de lazer e de trabalho impostas pela competição perversa dos mercados nos dias atuais, pelas transformações técnicas inseridas no espaço rural. Disso resulta o intenso atraso estrutural que se dá e que se substancia numa precária escolarização dos habitantes desses espaços, refletindo-se no atraso deles e na incapacidade de acompanhar os avanços técnico-científico-informacionais. Uma bola de neve vai se acumulando, e esses entraves, impõem aos agricultores e seus familiares realidades diversas, como a fuga para a cidade, ou a busca de outras fontes de renda.

A agricultura aí estaria exposta a uma existência simultânea de continuidade e descontinuidades. Ela se faz presente no urbano, e o urbano se faz presente nos territórios rurais, nas mais variadas formas – de serviços, de funções e de materialidades.

Fixos e fluxos são instaurados na produção socioterritorial pelas relações políticas, econômicas, sociais e culturais, relações que instituem poder, acessibilidade, liberdade e trocas, reordenando e dinamizando os espaços, promovendo um novo olhar e novas perspectivas de ação e de uso no/do território, bem como de possibilidades de representatividade no próprio mercado.

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Visto haver no desenvolvimento rural, uma série de fragilidades, quanto às instituições que se direcionam ao objetivo de diminuir as desigualdades socioeconômicas vislumbradas historicamente pelo homem do campo, as políticas públicas localizadas ainda não são acessíveis a todos, ou melhor, não se materializam como questão de base, ou seja, na capacidade de promover um real desenvolvimento com melhoria da qualidade de vida e aumento da justiça social construídos em comum acordo com os agentes locais.

Nesse aspecto, torna-se um grande desafio a criação de condições para a permanência do homem no campo, de enfrentamento de estruturas, historicamente construídas, no que diz respeito a ter-se nos territórios uma vida digna e uma dinamicidade econômica e social. Sendo assim, concordamos com o pensamento de Gomes (2006a), que, ao discutir as desigualdades socioespaciais do Rio Grande do Norte, faz a seguinte afirmação:

Temos então a compreensão de que as desigualdades socioespaciais reforçam as tendências a transformações sociais e econômicas provocadas pela reestruturação produtiva em curso, um novo sistema mundializado e ainda uma nova ordem urbana. Essa nova ordem tem sido marcada, principalmente, por uma intensa desigualdade socioespacial que tem se apresentado como um produto e, ao mesmo tempo condição de um ambiente social desfavorável, resultante de uma política de desenvolvimento seletiva e excludente que privilegia alguns espaços enquanto negligencia outros. (GOMES, 2006b, pag. 15)

Essa condição está visível nas constatações nacionais e locais, o que nos leva a refletir sobre a, forma como tais problemas se materializam e se subjetivam expressas por diversos meios de caráter social. Ou seja, a falta de moradia, o analfabetismo, a falta de acesso a equipamentos e atividades de lazer, precárias condições de infraestrutura de equipamentos de saúde, associadas à ausência de emprego, tudo isso aponta a existência de espaços de dinamicidade econômica e social bastante diferenciada, resultando numa intensa e concentrada pobreza.

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aprendizado e do conhecimento popular e técnico, por remover as inquietudes e transformá-las em participação e autonomia social. (GOMES, 2007)

Os espaços rurais sempre estiveram marcados pelas concepções econômicas, diferenciando-se não como espaços de vida, de singularidades próprias, e sim pelas dinâmicas econômicas, as quais também acabavam por deixá-las esse espaço à margem da evolução técnico-informacional.

Pensar, conceitualmente e empiricamente, o desenvolvimento do espaço rural é repensar esse espaço de vida e acompanhar novas concepções e medidas que venham a propiciar a construção de novos parâmetros e novas possibilidades de vida para seus beneficiários, bem como de novos olhares analítico-reflexivos sobre a temática.

Paulatinamente, crescem as indagações acerca das novas valorizações do rural, de sua dinamicidade e da situação da agricultura familiar, em sua territorialidade e em seu desenvolvimento territorial, tido como sustentável, se é que pode sustentar-se dentro da ideologia de mercado que se vigora em nossos dias.

Propõe-se então o caminho da sustentabilidade como a tese para se alcançar em níveis sociais satisfatórios no tocante à qualidade de vida “como síntese das novas intenções de uma política que seja verdadeiramente de crescimento com desenvolvimento” (GOMES DA SILVA, p. 167, 2002), na qual é importante a troca de saberes. Isto porque:

Não basta a difusão de informações. O processo é de formação de novas atitudes e percepções, que propiciem aos protagonistas agricultores administrarem a relação com os representantes das instâncias de intervenção e dominação econômica, política e simbólica, a negociação e a pressão no sentido da incorporação de seus interesses (NEVES, 2002, p. 145).

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território de forma a promover uma distribuição equitativa de sua riqueza para os próprios detentores da terra, assegurando sua permanência.

Faz-se necessário “compreender, mesmo que tardiamente, que o rural longe de ser um setor, um território decadente, poderá ainda vir a ser um motor do desenvolvimento a partir de dentro” (SACHS, 2001 p. 75). É preciso levar em conta que

os níveis mais graves de pobreza e exclusão social no campo e a consolidação de um padrão de desenvolvimento rural não excludente passam necessariamente pela conclusão do processo de reforma agrária e da capacitação dos agricultores a fim de obter padrões mais elevados da produção e produtividade e inserção nos mercados com garantia de preços compensatórios, além de garantia de acesso a todos os bens e serviços necessários a todas as comunidades urbanas ou rurais (educação de qualidade, saúde, transporte, saneamento básico e segurança, entre outros). (IPEA, 2007. p. 22)

Tal compreensão nos leva a refletir acerca da agricultura familiar e seu papel na dinâmica do território, tendo em vista que se trata “de uma categoria de ação política, um amplo e diferenciado segmento mobilizado para a construção de novas posições sociais mediante engajamento político” (NEVES, 2002p.137).

Destaca-se, assim a própria reprodução da família e não apenas a unidade de produção, visto a própria reprodução familiar é um viés que influencia a agricultura familiar de forma mais contundente. (Neves, 1995; 1996)

Historicamente, um dos entraves para o desenvolvimento, do espaço rural são as práticas políticas econômicas. É limitante para o desenvolvimento das iniciativas pensadas e propostas para o meio rural, a falta da objetividade das políticas públicas, nas quais, não se identifica a preocupação com as especificidades do espaço rural.

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Nesse contexto, quando nos remetemos à agricultura familiar a vemos como “uma categoria que se define não pelo tamanho da área disponível, mas sim pelas características organizacionais que lhes são inerentes” (VEIGA 2001, Apud PESSOA 2006 p.217) e posto ainda que a mesma se insere num território de lutas, relações de poder, as quais a participação social inserida nesse campo de forças identifica estratégias que se subscreve nas identidades ao próprio território elegendo aí a liberdade substantiva.

Abrimos aqui um parentes e nos remetemos a pensar nessa liberdade igualmente às colocações de Amartya Sen (2000) ao analisar o processo de desenvolvimento. Para ele tal processo consiste na superação de privações de liberdade que limitam as escolhas e as oportunidades das pessoas de exercer ponderadamente sua condição de agente.

E para tanto aqui, a “liberdade” exerce um papel instrumental: “liberdade de participação política, facilidades econômicas, oportunidades sociais e segurança protetora” (SEN, 2000 p. 54); a qual concerne ao modo como diferentes tipos de direitos e oportunidades contribuem para a expansão da liberdade humana em geral e, assim, para o desenvolvimento.

Desenvolvimento esse que sempre parece ser o foco e objetivo a ser alcançado em todas as segmentações político econômicas, nem sempre efetivado nas esferas sociais mais necessitadas desses objetivos. As reflexões até aqui colocadas procura sinalizar às faces em que a agricultura familiar se coloca, posto a realidade atual. Conseguir, quem sabe, considerar a partir desse pensamento, na subjetividade, a autonomia do espaço rural, como espaço de vida, de qualidade de vida, de liberdade ainda a ser alcançada, e sobre tudo, vivida.

1.3 Políticas públicas: Ação do Estado intervindo no território

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A bibliografia existente acerca do tema aqui colocado – políticas públicas – nos coloca frente a particularidades inerentes a diferentes realidades, as quais estão diretamente relacionadas aos objetivos propostos e a formulação / implementação de políticas públicas a determinados setores da sociedade.

Não seria por tanto, realizar aqui uma análise mais profunda, quanto às discussões que discorrem na ciência política, acerca da análise política que envolve a teorização das Políticas Públicas. No entanto, evidenciamos a breves considerações a própria noção de políticas públicas, antes mesmo, de determos as considerações quanto a efetivação dessas à agricultura familiar, nosso foco nesse estudo.

Consideremos então a complexidade existente na sociedade e para tanto, a necessidade de administrar diferentes interesses os quais geram conflitos. Nesse contexto, toda política comporta-se como um conjunto de procedimentos formais e informais que expressam relações de poder e que destinam a resolução pacifica dos conflitos quanto a bens públicos.

Nesse sentido, àquelas geradas pelo setor público, por mais específica que seja, pode ser considerada como uma política pública. Mesmo que os benefícios visados pela política atinjam, tão somente, um grupo restrito da sociedade.

Considerada como uma estrutura com diferentes compartimentos, a política pública envolve mais que uma decisão e requer diversas ações estrategicamente selecionadas para implementar as decisões tomadas.

Por isso mesmo, alguns autores ao analisar tais contextos, classificam e segmentam as políticas públicas sobre diferentes dimensões: por área substantiva (social, urbana, de saúde, agrícola); por jurisdição político administrativa; por parâmetros (monetária, fiscal, cambial); por grupos (social, econômicas, compensatórias) e mesmo por clientela. Ressalta se sempre, como um dos integrantes no seu conjunto, a interação com a política econômica do governo.

Algumas teorias atentam para a avaliação a partir da realidade conjuntural, internas e externas, influenciando direta e indiretamente, a tomada de decisões para não entrar em conflitos com grupos setoriais.

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contribuam para um melhor entendimento, de todo o processo da política pública. Nesse contexto, nos chama atenção a teoria das elites2 e a teoria dos grupos3, visto as relações e uso de poder, intrínsecas na análise territorial.

Para a nossa análise, destacamos que, mesmo diante de toda uma dinâmica histórica de lutas sociais para a diminuição das desigualdades socioespaciais, o que vemos na realidade, são casos pontuais de grupos sociais menos favorecidos, de interesses coletivos, cooperados e organizados, para juntos obterem força na construção de projetos e mesmo políticas capazes de efetivar a equidade econômica e social. Nesses casos, evidencia-se um grau de participação mais contundente e sucesso quanto a participação nas políticas públicas á esses grupo destinadas.

O Estado, institucionalizado governamentalmente, representa um grupo que exerce grande importância e influência na política pública. Principalmente quando normatizado na burocracia, limitando ou dando acesso a formulação de políticas e efetivação das mesmas (MONTEIRO, 1990, 1994), e/ou a partir do momento que é adotada, implementada e imposta por alguma instituição governamental.

No Brasil, a ação do Estado em seu território torna-se um processo complexo. A sua grande diversidade, seja ela, social, econômica e ambiental nos distintos espaços geográficos, necessita de políticas públicas que, de certa forma, contemple nas suas regiões, as especificidades inerentes a cada uma e ao mesmo tempo o todo.

Contextualizando tamanha complexidade, coloca-se em evidencia para as nossas análises a política pública destinada ao desenvolvimento dos

2

A teoria das elites dispõe a existência sempre de uma minoria que detém do poder e governa em contraposição a uma maioria sem poder e que não governa. Destaca-se assim, as formas de poder: econômico, ideológico e político as quais fica evidente a indiferença e a má informação em relação à política pública das massas, deixando espaço mais efetivo para que as elites expressem a opinião das massas a respeito de questões políticas, muito mais do que as massas expressem a opinião das elites. Os sentimentos das massas são manipulados pelas elites muito mais frequentemente do que os valores das elites são influenciados pelos sentimentos das massas.

3

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territórios rurais e nesse, aquelas direcionadas especificamente a agricultura familiar. Para essa categoria, “pode-se admitir que há no Brasil modelos diversos de agricultura familiar, que se distinguem pelas oportunidades oferecidas aos agricultores e pela própria atuação diferenciada do Estado em cada região”. WANDERLEY (1995, P.57).

Nesse contexto, historicamente, o Estado, por meio de suas ações, nos espaços rurais, determinou mudanças no âmbito técnico, econômico e muito mais no social, visto as questões políticas tornarem-se fatores determinantes para ditar quem “manda” e quem “obedece”.

Para tanto, a década de 70 tornou-se um período importante para a agricultura, visto ser nesse período, se dar o reconhecimento devido à agricultura pelo seu papel na economia. Período também, em que as políticas destinadas a tal segmento da economia ganha força, principalmente com respaldos financeiros e sociopolíticos.

Data desse período, também, o Sistema Nacional de Crédito Rural, criado no ano de 1965. Vale destacar que tal inserção do capital no campo, privilegiaria, quase que na sua totalidade, ao grande proprietário, e em futuras crises, os mais afetados seria a pequena produção, esta a margem e na dependência daqueles beneficiários das políticas econômicas (COSTA, 2005).

As políticas públicas estariam aí inseridas nos espaços rurais, na preocupação do seu desenvolvimento, o que na época se consolidava na troca da inchada pelo uso de insumos e técnicas modernas para o aumento da produtividade, respondendo assim a égide do mercado consumidor, cada vez mais urbano.

Assim, o credito financeiro, as relações de trabalho, o acesso a terra, foram e são, alguns dos mecanismos institucionais, os quais, o Estado detém para a manutenção e regulamentação do campo.

O capital, aí inserido, proporciona a retirada de algumas barreiras importantes, ao mesmo tempo em que, estando acessível a um determinado grupo, acaba por criar outras barreiras, àqueles que não têm o mesmo acesso a tais políticas.

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Esse poder de mando das elites agrárias veio dar caráter definitivo à presença do Estado no meio rural, de forma que o acesso às classes subalternas só poderia ocorrer pelas mãos dessas elites e resguardadas suas prioridades. Estava sendo erguida a base de sustentação do ambiente institucional que permearia a implementação das intervenções públicas para o meio rural fundadas na cultura da subordinação ao poder oligárquico. (COSTA, 2005, p.28)

Caberia então ressaltar aqui, a conotação de ambiente institucional “como um conjunto de organismos, regras, convenções e valores que, na medida em que intermedeiam a implementação das políticas públicas vis a vis

demandas locais, confeccionam determinados resultados na intervenção do Estado.” (COSTA,2005, p.29)

No processo de industrialização brasileira e, consequentemente, a inserção da agricultura nesse contexto, a mesma, passa então a fazer parte como elemento da reestruturação produtiva, estando essa subordinada ao lucro e as intensas mudanças que viriam a se refletir nas questões socioespaciais.

Nessa perspectiva, confere então para a agricultura familiar, a imposição de se adaptar as exigências do mercado para a agricultura moderna, na qual, os incentivos gerados pelos financiamentos bancários, ou pelas linhas de credito cedidas pelo estado se fazem importante para a sua efetivação. (FRANÇA, 2005).

A partir dos anos 90, as estratégias do governo que orientam suas ações, são focalizadas para a agricultura sob duas vertentes: o fortalecimento da agricultura empresarial e o fortalecimento da agricultura familiar. Ressalta se aqui, a importância da formulação e implementação de políticas públicas para afirmação da agricultura familiar, as quais se intensificaram nesse período.

Enaltece, para tanto aqui4, a criação do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), o qual veio a configurar como o reconhecimento da importância da agricultura familiar, bem como, ao mesmo tempo, possibilitar abarcar, em meio aos seus objetivos, inserir e

Imagem

Figura 01: Primeira residência em alvenaria                             Figura 02: Igreja de Vera Cruz 6 Foto: Markelly, dezembro de 2008
Figura 03: Território de Vera Cruz no âmbito da Micro-região Agreste,   Rio Grande do Norte e Brasil
Figura 4  – Mapa de localização dos distritos municipais no território de Vera Cruz/RN no âmbito do Rio Grande do Norte  Fonte: Base cartográfica digital do município de Vera Cruz, 2008
Figura  5:  Distribuição  de  estabelecimentos  rurais  no  Brasil  segundo  dados  do  censo  agropecuário  de  2006
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