RevPaulPediatr.2015;33(2):150---153
www.rpped.com.br
REVISTA
PAULISTA
DE
PEDIATRIA
ARTIGO
ORIGINAL
Complicac
¸ões
infecciosas
em
crianc
¸as
com
doenc
¸a
falciforme
após
esplenectomia
cirúrgica
Cypriano
Petrus
Monaco
Junior,
Patricia
Belintani
Blum
Fonseca
∗e
Josefina
Aparecida
Pellegrini
Braga
UniversidadeFederaldeSãoPaulo(Unifesp),SãoPaulo,SP,Brasil
Recebidoem3dejunhode2014;aceitoem26desetembrode2014 DisponívelnaInternetem28demarçode2015
PALAVRAS-CHAVE
Doenc¸afalciforme; Sequestroesplênico; Esplenectomia; Infecc¸ão
Resumo
Objetivo: Avaliarafrequênciadecomplicac¸õesinfecciosasempacientesportadoresdedoenc¸a falciforme(DF)submetidos àesplenectomiacirúrgica, apósepisódiodesequestro esplênico (SE).
Métodos: Coorte retrospectivadecrianc¸ascomDF quenasceram após2002eque estavam emacompanhamentoregularatéjulhode2013.Ospacientesforamdivididosemdoisgrupos, casos(constituídopelascrianc¸ascomDFquefizeramesplenectomiacirúrgicaapóssequestro esplênico)econtroles(crianc¸ascomDFquenãotiveramSEenãoforamsubmetidasao procedi-mento),afimdecompararafrequênciadeinfecc¸õesinvasivas(sepse,meningite,bacteremia comhemoculturapositiva,síndrometorácicaagudae/oupneumonia)pormeiodeinformac¸ões obtidasdoprontuário.Aanáliseestatísticafoidescritiva.
Resultados: Foramavaliados44pacientescomidademédianomomentodaesplenectomiade 2,6anos(1-6,9anos)ecomtempomédiodeseguimentoapósesplenectomiade6,1anos (3,8-9,9anos).Ogrupocontrolefoiformadopor69pacientescomidademédiadoiníciodo segui-mentode5,6meses(1-49meses)etempodeacompanhamentomédiode7,2anos(4-10,3anos). Todosreceberamavacinapneumocócicaconjugada.Nãofoiobservadadiferenc¸asignificativa entreosgruposemrelac¸ãoaosprocessosinfecciososduranteoperíododeseguimento.
Conclusões: A esplenectomia cirúrgicanas crianc¸as com doenc¸a falciforme e quesofreram sequestroesplênico não seassociou ao aumentonafrequência decomplicac¸ões infecciosas apósseisanosdeacompanhamentoclínico.
©2015Associac¸ão dePediatriade SãoPaulo.Publicado porElsevier EditoraLtda.Todosos direitosreservados.
∗Autorparacorrespondência.
E-mail:patriciablum@uol.com.br(P.B.B.Fonseca).
http://dx.doi.org/10.1016/j.rpped.2014.09.006
Complicac¸õesinfecciosasemcrianc¸ascomdoenc¸afalciformeapósesplenectomiacirúrgica 151
KEYWORDS
Sicklecelldisease; Acutesplenic sequestration; Splenectomy; Infection
Infectiouscomplicationsaftersurgicalsplenectomyinchildrenwithsicklecell anemiadisease
Abstract
Objective: Toevaluatethefrequencyofinfectiouscomplicationsinchildren withsicklecell disease(SCD)aftersurgicalsplenectomyforacutesplenicsequestrationcrisis.
Methods: RetrospectivecohortofchildrenwithSCDwhowerebornafter2002andwere regu-larlymonitoreduntilJuly2013.Patientsweredividedintotwogroups:cases(childrenwithSCD whounderwentsurgicalsplenectomyafter anepisodeofsplenicsequestration)andcontrols (childrenwithSCDwhodidnothavesplenicsequestrationandsurgicalprocedures),inorderto comparethefrequencyofinvasiveinfections(sepsis,meningitis,bacteremiawithpositiveblood cultures,acutechestsyndromeand/orpneumonia)by datacollectedfrommedicalrecords. Datawereanalyzedbydescriptivestatisticalanalysis.
Results: 44patientswereincludedinthecasegroup.Themeanageatthetimeofsplenectomy was2.6years(1-6.9years)andthemeanpostoperativelengthoffollow-upwas6.1years (3.8-9.9years).Thecontrolgroupconsistedof69patientswithameanageattheinitialfollow-up visitof5.6months(1-49months)andameanlengthoffollow-upof7.2years(4-10.3years). Allchildrenreceivedpneumococcalconjugatevaccine.Nosignificantdifferencewasobserved betweengroupsinrelationtoinfectionsduringthefollow-up.
Conclusions: Surgicalsplenectomyinchildrenwithsicklecelldiseasethathadsplenic seques-tration did not affect the frequency ofinfectious complicationsduring 6years ofclinical follow-up.
© 2015Associac¸ão dePediatria deSãoPaulo. Publishedby Elsevier EditoraLtda. Allrights reserved.
Introduc
¸ão
Adoenc¸afalciforme (DF)éumaanemiahemolítica decor-rentedeumahemoglobinopatiaque,devidoàsubstituic¸ão doácidoglutâmicopelavalinana sextaposic¸ão dacadeia beta da globina, leva à formac¸ão de uma hemoglobina anômala,chamadaS(HbS).1ADFcompreendeaanemia
fal-ciforme(AF)easassociac¸õesqueocorremquandoogeneda
HbSseassociaaogenedeoutrashemoglobinopatias,como
hemoglobinopatiaSC(HbSC),HbS-betatalassemia(HbS).1
Entre as complicac¸ões da DF, o sequestro esplênico
(SE)acomete7,5% a30%dos pacientes,geralmenteentre
trêsmesesecincoanosdeidade.Éasegundacausademorte
na primeira décadade vida.1,2 A taxa demortalidade por
crise deSEpodechegar a12% erecorrer em maisde50%
dospacientes.1,3,4Otratamento deveserimediato, coma
intenc¸ãoderestauraravolemia,pormeiodetransfusãode
glóbulosvermelhos.1Aprevenc¸ãodarecorrênciadoSEpode
serfeitapormeiodetransfusõesperiódicascronicamente
oudeesplenectomia.1,5-8
A eficácia datransfusão crônicana prevenc¸ãoda
reci-divaaindanãoestábemestabelecida.Estudodemonstrou
queacrisedeSEocorreapesardareduc¸ãodahemoglobina
S(HbS)paramenosde30%eficaoriscoderecorrência
simi-lar paraospacientes quereceberam transfusão crônicae
paraosqueficaramapenasemobservac¸ãoclínica.6Porém,
estudosrandomizadossãonecessáriosparaconfirmaresses
dados.2Brousseetal.verificaramqueoriscoderecorrência
foimaiorquandooprimeiroepisódiodeSEocorreuantesde
doisanosdeidadeeconcluíramqueumtratamento
preven-tivomaisagressivodeveserfeitonessafaixaetária.9
Afeituradeesplenectomianosprimeirosanosdevidaé
semprequestionadadevidoaoriscoaumentadodeinfecc¸ão
porbactérias capsuladas.10Porém,deve-seconsiderarque
crianc¸as portadoras de doenc¸a falciforme já apresentam
hipofunc¸ãoesplênicadesdeosprimeirosmesesdevida11 e
queoavanc¸ona prevenc¸ãodessas infecc¸ões,pormeiode
profilaxiacompenicilinaevacinasconjugadas,alterouesse
risco.12,13
Em razãodo exposto,o objetivo desteestudo foi
ava-liar, em crianc¸as portadoras de DF e que sofreram SE, a
frequênciade complicac¸ões infecciosas após a feitura da
esplenectomiacirúrgica.
Método
152 MonacoJuniorCPetal.
cirúrgicaeestavamemacompanhamentoregularemnosso servic¸oatéjulhode2013.
Ambos os grupos receberam profilaxia com penicilina desde o diagnóstico até no mínimo cincoanos de idade, até terem recebido o reforc¸o da vacina pneumocócica polissacarídica 23-valente. Todos os pacientes estavam com a imunizac¸ão adequada e completa para a idade quanto às vacinas pneumocócicas conjugada 7-valente, meningocócica,anti-hemófiloe pneumocócica polissacarí-dica23-valente. Todosospacientes receberamasvacinas conjugadasaolongodoprimeiroanodevida.
Os dados clínicos e laboratoriais foram obtidos dos prontuários com as consultas de rotina desses pacien-tes no ambulatório e se levaram em considerac¸ão as informac¸ões dos responsáveis e/ou resumo de alta hospi-talare/ou resultado de exames. Osdadosobtidos para o GPforam:genótipo,idadenoprimeiroepisódiode seques-troesplênicoe no momentodaesplenectomia, tempode acompanhamentoapósesplenectomia,complicac¸ões infec-ciosas após esplenectomia (meningite bacteriana, sepse, hemocultura[HMC]positivaparaStreptococcuspneumoniae
e/ououtrosagentesbacterianos,síndrometorácica aguda [STA]/pneumonia).Osmesmo dadosclínicosforamobtidos dosprontuáriosdogrupocontrole(GC).
Para análisedosresultados foilevadaem considerac¸ão anaturezadasvariáveis,jáquesetratavadeamostrasnão relacionadas.Foifeitaaanálisedescritivadoperfildos paci-entesestudados.Paraanálisedasvariáveiscategóricaspara secomprovar a significânciadas diferenc¸as entre o GP e oGC,em relac¸ãoàscomplicac¸õesinfecciosasfoiaplicado o teste exato de Fisher. O nível descritivo de p<0,05 foi consideradoestatisticamentesignificativo,aoserejeitara hipótesedeigualdade.
ApesquisafoiaprovadapeloComitêdeÉticaemPesquisa daUniversidadeFederaldeSãoPaulo.
Resultados
Dos 53 pacientes que fizeram esplenectomia cirúrgica duranteo períododeinclusão noestudo,participaram 44 (83%)portadores de DF que continuavam em acompanha-mentoregularduranteoperíododeseguimento.Aidadedas crianc¸asdurante o episódiodesequestro esplênicovariou dedoisa79meses(médiade21,2±16,5meses)e21(70,5%) pacientestinhamidadeinferioradoisanosquandoda ocor-rênciadoprimeiroepisódiodesequestroesplênicoeaidade quandofizeramaesplenectomiaeradeuma6,9anos(média
de2,6±1,3anos).Quantoaogenótipo,39(88,6%)pacientes eramportadoresdeHbSS,4(9,1%)deHbS0talassemiae
1(2,3%)deHbSC.Otempodeseguimentoapósa esplenec-tomiafoide3,8a9,9anos(médiade6,1±1,6anos).
Emrelac¸ãoaoGCforamavaliadososdadosde69 paci-entes que estavam em acompanhamento regular, a idade de início de acompanhamento era de um a 49meses (média de 5,6±9,2meses) e o tempo de seguimento de quatroa10,3anos(médiade7,2±1,9anos).Emrelac¸ãoao genótipo,57(82,6%)eramportadoresdeHbSS,1(1,4%)de HbS0talassemiae11(16%)deHbSC.
Natabela 1estão apresentadasascomplicac¸ões
infec-ciosas das crianc¸as portadoras dedoenc¸a falciforme após
feitura de esplenectomia cirúrgica e do grupo controle.
Durante o seguimento desses pacientes não se observou
diferenc¸aentreoGPeGCemrelac¸ãoaosprocessos
infec-ciosos.
Os agentes infecciosos isolados em hemocultura no
GP foram Salmonella spp (umpaciente) e Klebsiella spp
(umpaciente) e no GC Escherichia coli (umpaciente),
S. pneumoniae (umpaciente) e Klebsiella spp (um paciente).
Discussão
Vários estudos, assim como este, verificaram que a crise de sequestro esplênico é mais frequente em menores de doisanos,3-5. Essa é a faixa etária na qual as infecc¸ões
por bactérias encapsuladas, especialmente o
Streptococ-cus pneumoniae, são mais prevalentes.14 O bac¸o exerce
importantepapelnadefesacontraessesmicrorganismose
aretiradadesseórgão estáassociadaaoaumentodorisco
infeccioso.11Portanto,aindicac¸ãodeesplenectomianessa
faixaetáriadevesersemprecriteriosa.
Como os pacientes portadores de anemia falciforme
apresentamhipofunc¸ãoesplênicadesdeosprimeirosmeses
de vida e sofrem a autoesplenectomia por volta dos
cincoanos,1,11 o risco infeccioso está aumentado. Dessa
forma, tais pacientes recebem profilaxia com penicilina
desde os doismeses de vida15 e vacinas contra
microrga-nismos encapsulados,comoo hemófiloe opneumococo.12
Aintroduc¸ãodaprofilaxiaedasvacinas,especialmentedas
vacinasconjugadas,levouàdiminuic¸ãoimportanteda
mor-talidade por infecc¸ão nesses pacientes e até o momento
essasmedidaspreventivassemostrameficazes,apesarda
contínuapreocupac¸ãoenecessidadedevigilânciaquantoao
surgimentodecepasdepneumococoresistentesàpenicilina
Tabela1 Complicac¸õesinfecciosasdascrianc¸asportadorasdedoenc¸afalciformeapósesplenectomiacirúrgicaedascrianc¸as dogrupocontrole
Grupos(n=113) p*
Esplenectomizados(n=44) Controles(n=69)
HMCpositivaS.pneumoniae 0 1(1,4%) NA
HMCpositivaoutrasbactérias 2(4,5%) 3(4,3%) 1
Sepse 1(2,3%) 0 NA
Meningite 0 1(1,4%) NA
STA/pneumonia 33(75,0%) 51(74,0%) 1
Complicac¸õesinfecciosasemcrianc¸ascomdoenc¸afalciformeapósesplenectomiacirúrgica 153
oudecepasinvasivasnãocobertaspelavacina.12,13 Assim,
pode-seconsiderarqueospacientescomDF,
esplenectomi-zadoscirurgicamenteounão,apresentammaiorriscopara
infecc¸ão,porémficaapreocupac¸ãoseaperdacompletada
func¸ãoesplênicanosprimeirosanosdevidaapós
esplenec-tomiacirúrgicapoderiaaumentaronúmerodecomplicac¸ões
infecciosas.
Estudo desériedecasosdepacientescom anemia
fal-ciforme esplenectomizados de 1988 a 1992 não mostrou
diferenc¸a estatística na incidência desepse antese após
aesplenectomia,16 resultadosemelhanteaoobservadopor
Kalpatthi etal., que fizeram estudo de coorte
retrospec-tivode58pacientesetambémnãoencontraramdiferenc¸a
no risco de infecc¸ão invasiva antes e após a cirurgia.17
Oriscodeinfecc¸ãoinvasiva,principalmentepneumocócica,
em crianc¸as com doenc¸a falciforme é maior nos
primei-ros trêsanos de vida e diminui consideravelmente após
os cincoanos.18,19 Assim, seguir o mesmo paciente antes
e após esplenectomiacirúrgica leva aum viés, tendoem
vistaqueasinfecc¸õesinvasivasvãodiminuindonodecorrer
dosanosdevida,mesmonospacientesesplenectomizados
cirurgicamente, comofoi observadopelos estudos citados
anteriormente.16,17
Nosso estudo comparou afrequência deinfecc¸ão
inva-siva entre pacientes falciformes, da mesma faixa etária,
com mesmo tempo de seguimento, com e sem
esplenec-tomia cirúrgica, de modo similar ao estudo de Wright
et al., que também usaram um grupo controle em sua
coorteretrospectiva.20Emambososestudosnãoseobservou
diferenc¸anataxadeinfecc¸ãoentreosgrupos.
AincidênciadeSTAempacientescomdoenc¸afalciforme
édeaproximadamente30%.2,21 Nopresenteestudo, cerca
de75%dospacientestinhamanotac¸õesnoprontuárioquanto
à ocorrência pregressa de STA/pneumonia. Isso
provavel-mente se deve aos critérios diversos usados nos servic¸os
deemergênciaparacaracterizaressacomplicac¸ão.Talviés
ocorreudeformahomogêneanosdoisgrupos.
Aprincipallimitac¸ãodoestudofoiaobtenc¸ãodedados
retrospectivosdosprontuários,queestãosujeitosaviésde
memóriaequeimpossibilitamoestabelecimentode
crité-rioshomogêneosparadefinirodiagnósticodascomplicac¸ões
infecciosas.Afeituradeestudosprospectivosénecessária
paramelhoravaliaressaquestãoeconfirmarosresultados
observadosatéomomento.
Pode-seconcluirqueaindicac¸ãodeesplenectomia
cirúr-gica nas crianc¸as com doenc¸a falciforme que sofreram
sequestroesplêniconãosemostrouassociadaao aumento
nafrequênciadeprocessos infecciososinvasivosduranteo
períododeseguimento.
Financiamento
Oestudonãorecebeufinanciamento.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
Referências
1.DoverGJ,PlattOS.Sicklecelldisease.In:OrkinSH,NathanDG, GinsburgD,LookAT,FisherD,LuxS,editors.Hematologyof
infancyandchildhood.6thedPhiladelphia:WBSaunders;2003. p.790---841.
2.Owusu-OforiS,HirstC.Splenectomyversusconservative mana-gementforacutesequestrationcrisesinpeoplewithsicklecell disease.CochraneDatabaseSystRev.2013;31(5):CD003425. 3.Topley JM,RogersDW,StevensMC,Serjeant GR.Acute
sple-nicsequestrationandhypersplenism inthefirstfive yearsin homozygoussicklecelldisease.ArchDisChild.1981;56:765---9. 4.RezendePV,VianaMB,MuraoM,ChavesAC,RibeiroAC.Acute splenic sequestrationina cohortofchildrenwithsickle cell anemia.JPediatr(RioJ).2009;85:163---9.
5.EmondAM,CollisR,DarvillD,HiggsDR,MaudeGH,SerjeantGR. Acutesplenicsequestrationinhomozygoussicklecelldisease: naturalhistoryandmanagement.JPediatr.1985;107:201---6. 6.KinneyTR,WareRE,SchultzWH,FilstonHC.Long-term
mana-gement of splenic sequestration in children withsickle cell disease.JPediatr.1990;117:194---9.
7.LesherAP,KalpatthiR,GlennJB,JacksonSM,HebraA.Outcome ofsplenectomyinchildrenyoungerthan4yearswithsicklecell disease.JPediatrSurg.2009;44:1134---8.
8.Al-SalemAH.Spleniccomplicationsofsicklecell anemiaand theroleofsplenectomy.ISRNHematol.2011;2011:864257. 9.Brousse V, Elie C, Benkerrou M, Odièvre MH, Lesprit E,
Bernaudin F,et al. Acute splenic sequestration crisis in sic-klecell disease:cohortstudyof190paediatricpatient.BrJ Haematol.2012;156:643---8.
10.Davidson RN,WallRA.Prevention and managementof infec-tions in patients without a spleen. Clin Microbiol Infect. 2001;7:657---60.
11.Pearson HA,SpencerRP,CorneliusEA.Functionalaspleniain sickle-cellanemia.NEnglJMed.1969;281:923---6.
12.Advisory Committee on Immunization Practices Preventing pneumococcal disease among infants and young children. RecommendationsoftheAdvisoryCommitteeonImmunization Practices(ACIP).MMWRRecommRep.2000;49:1---35.
13.FonsecaPB,FarhatCK,SucciRC,MachadoAM,BragaJA. Peni-cillinresistanceinnasopharyngealStreptococcuspneumoniae amongchildrenwithsicklecelldiseaseimmunizedwith7-valent pneumococcalconjugatevaccine.WJV.2013;3:25---31. 14.Overturf GD.American Academyof PediatricsCommittee on
infectiousdiseases.Technicalreport:preventionof pneumoco-calinfections,includingtheuseofpneumococcalconjugateand polysaccharidevaccinesandantibioticprophylaxis.Pediatrics. 2000;106:367---76.
15.GastonMH,VerterJI,WoodsG, PegelowC,Kelleher J, Pres-bury G, et al. Prophylaxis with oral penicillin in children with sickle cell anemia. A randomized trial. N Engl J Med. 1986;314:1593---9.
16.SorrellsDL,MorrisseyTB,BrownMF.Septiccomplicationsafter splenectomyforsicklecellsequestrationcrisis.PediatrSurgInt. 1998;13:100---3.
17.KalpatthiR,KaneID,ShatatIF,RackoffB,DiscoD,JacksonSM. Clinicaleventsaftersurgicalsplenectomyinchildrenwithsickle cellanemia.PediatrSurgInt.2010;26:495---500.
18.GillFM,SleeperLA,WeinerSJ,BrownAK,BellevueR,Grover R,etal.Clinicaleventsinthefirstdecadeinacohortofinfants withsicklecelldisease.Blood.1995;86:776---83.
19.FallettaJM,WoodsGM,VerterJI,BuchananGR,PegelowCH, IyerRV,et al.Discontinuingpenicillin prophylaxisinchildren withsicklecellanemiaProphylacticPenicilinStudyII.JPediatr. 1995;127:685---90.
20.WrightJG,HambletonIR,ThomasPW,DuncanND,VenugopalS, SerjeantGR.Postsplenectomycourseinhomozygoussicklecell disease.JPediatr.1999;134:304---9.