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Artigo
Original
Reconstruc¸ão
do
ligamento
patelofemoral
medial
na
luxac¸ão
traumática
aguda
da
patela:
perspectivas
e
tendências
atuais
no
Brasil
夽
Gustavo
Gonc¸alves
Arliani
a,∗,
Adriano
Vaso
Rodrigues
da
Silva
b,
Léo
Renato
Shigueru
Ueda
b,
Diego
da
Costa
Astur
a,
João
Alberto
Yazigi
Júnior
be
Moises
Cohen
baCentrodeTraumatologiadoEsporte,DepartamentodeOrtopediaeTraumatologia,UniversidadeFederaldeSãoPaulo(Unifesp),São Paulo,SP,Brasil
bDepartamentodeOrtopediaeTraumatologia,UniversidadeFederaldeSãoPaulo(Unifesp),SãoPaulo,SP,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem20dejunhode2013 Aceitoem23deagostode2013 On-lineem20dejunhode2014
Palavras-chave: Joelho
Articulac¸ãodojoelho
Ligamentopatelofemoralmedial Reconstruc¸ão
Reabilitac¸ão
r
e
s
u
m
o
Objetivo:AvaliarascondutaseosprocedimentosfeitospeloscirurgiõesdejoelhodoBrasil notratamentodaslesõesdoligamentopatelofemoralmedial(LPFM)dojoelhonaluxac¸ão agudatraumáticadapatela.
Materiaisemétodos:Questionáriode15questõesfechadasqueabordavatópicosrelacionados aotratamentodaslesõesdoLPFMdojoelhoapósluxac¸ãoagudadapatela.Foiaplicadoa cirurgiõesbrasileirosdejoelhoduranteostrêsdiasdo44◦CongressoBrasileirodeOrtopedia eTraumatologia,em2012.
Resultados: Preencheramcompletamenteoquestionárioefizerampartedaamostra anali-sada106cirurgiõesdejoelho.AmaiorparteeraprovenientedaRegiãoSudeste.Amaioria (57%)relatoufazermenosdecincoprocedimentosdereconstruc¸ãodoLPFM/ano.Aindicac¸ão dotratamentonãocirúrgicoapósprimeiroepisódiodeluxac¸ãoagudadapatelaéapreferida efeitapor93,4%daamostra.Somente9,1%dosparticipantesrelataramnuncaterobservado complicac¸õesnopós-operatório.Aradioscopiaintraoperatóriaéadotadarotineiramentepor 48%.Osprofissionaisquenãoausamparadeterminac¸ãodopontodefixac¸ãodoligamento nofêmurnãoobservamestatisticamentemaiscomplicac¸õespós-operatóriascomparados comosqueusamessaferramenta(p>0,05).
Conclusões:Existem claras tendências de evoluc¸ão no tratamento e na reabilitac¸ão da luxac¸ãoagudadapatelacomlesãodoLPFMnoBrasil.Noentanto,maisestudosprospectivos controladossãonecessáriosparaavaliarobenefícioclínicoecientíficodessastendências.
©2014SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublicadoporElsevierEditora Ltda.Todososdireitosreservados.
夽
TrabalhodesenvolvidonoCentrodeTraumatologiadoEsporte,DepartamentodeOrtopediaeTraumatologia,UniversidadeFederal deSãoPaulo,SãoPaulo,SP,Brasil.
∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:ggarliani@hotmail.com(G.G.Arliani).
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2013.08.015
Reconstruction
of
the
medial
patellofemoral
ligament
in
cases
of
acute
traumatic
dislocation
of
the
patella:
current
perspectives
and
trends
in
Brazil
Keywords: Knee Kneejoint
Medialpatellofemoralligament Reconstruction
Rehabilitation
a
b
s
t
r
a
c
t
Objective: Toevaluate theapproachesandprocedures usedbykneesurgeonsinBrazil fortreatingmedialpatellofemorallesions(MPFL)ofthekneeincasesofacutetraumatic dislocationofthepatella.
Materialsandmethods: Aquestionnairecomprising15closedquestionsontopicsrelating totreatingMPFLofthekneefollowingacutedislocationofthepatellawasused.Itwas appliedtoBraziliankneesurgeonsduringthethreedaysofthe44thBrazilianCongressof OrthopedicsandTraumatology,in2012.
Results: 106kneesurgeonscompletelyfilledoutthequestionnaireandformedpartofthe sampleanalyzed.MostofthemwerefromthesoutheasternregionofBrazil.Themajority (57%)reportedthattheyperformfewerthanfiveMPFLreconstructionproceduresperyear. Indicationofnon-surgicaltreatmentafterafirstepisodeofacutedislocationofthepatella waspreferredanddoneby93.4%ofthesample.Only9.1%oftheparticipantsreportedthat theyhadneverobservedpostoperativecomplications.Intraoperativeradioscopywasused routinelyby48%.Theprofessionalswhodidnotusethistooltodeterminethepointof ligamentfixationinthefemurdidnothaveastatisticallygreaternumberofpostoperative complicationsthanthosewhousedit(p>0.05).
Conclusions: Thereareclearevolutionarytrendsintreatmentsandrehabilitationforacute dislocationofthepatelladuetoMPFL,inBrazil.However,furtherprospectivecontrolled studiesareneededinordertoevaluatetheclinicalandscientificbenefitofthesetrends.
©2014SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublishedbyElsevierEditora Ltda.Allrightsreserved.
Introduc¸ão
Aluxac¸ãoagudada patelaéumalesãotípicadepacientes jovenseativosdeambosossexos.Aprevalêncianapopulac¸ão éde6-77por100.000habitantes.1,2Ataxaderecorrênciaglobal
apósumprimeiroepisódioseaproximade40%.3
Afunc¸ãonormalda articulac¸ãofemoropatelaré assegu-radaporestabilizadoresestáticosedinâmicos.Nosúltimos anos,noentanto,háumcrescenteinteressenaliteratura orto-pédicanoestudodasestruturasligamentaresqueajudamna estabilizac¸ãodapatela.4,5
Dentreessasestruturas,certamenteamaisestudadaéo ligamentopatelofemoralmedial(LPFM).Estende-sedesde a margem medialesuperior da patela até o fêmur, onde se insere entre o tubérculo adutor e o epicôndilo medial e é responsávelpor50% a60% da forc¸ade restric¸ãolateral da patela.6,7
OLPFMémuitasvezesdanificadoapósepisódiodeluxac¸ão patelaremuitastécnicasdiferentesdereconstruc¸ãocirúrgica foramdescritasatéhojenaliteratura.3
Nosúltimosanos,diversosestudosforamfeitossobreesse tema.5,8,9Noentanto,aindanãoexistenaliteraturaum
con-sensosobrediversosassuntos.3
Aelevadaincidênciadessalesãoeagrandeimportância dosaspectossociaiseeconômicosrelacionadosaela, asso-ciadas àenorme divergência naliteraturasobre oassunto, tornamdeextremarelevânciaaavaliac¸ãodascondutasedas tendênciassobreotema.
O objetivodeste estudo éavaliaras condutas eos pro-cedimentos feitos pelos cirurgiões de joelho do Brasil no tratamentodaslesõesagudasdoLPFM.Apartirdosresultados deste estudopoderemos delimitar as tendências nacionais sobreoassunto,bemcomoorientarfuturosestudosde quali-dade.
Material
e
métodos
Estudodotipodescritivo,comaplicac¸ãodequestionárioauma amostradecirurgiõesdejoelhodoBrasil.Oquestionáriofoi elaboradoeaprovadopelosautoresdemaneiraqueestivesse bastantecompreensivo esimples.Consistiade15 questões fechadasqueabordavamtópicoscomoosanosde experiên-cia, onúmeroanual dereconstruc¸õesdoLPFM feitaspelos cirurgiõesediversosaspectosrelacionadosàindicac¸ãoeao tratamentocomousodessesmétodos(anexo1).
Oquestionáriofoiaplicadoacirurgiõesbrasileirosdejoelho durante os três dias do 44◦ Congresso Brasileiro de
Orto-pedia eTraumatologia,em2012.Somenteortopedistasque faziamcirurgiasdejoelhopreencheramoquestionário.Foram preenchidos 116. Desses,10 foram excluídos,por causade preenchimentoincompleto.Pararesolvereventuaisdúvidas duranteopreenchimento,trêspesquisadoresestiveram pre-sentesdurantetodooperíododeaplicac¸ão.
Tabela1–Descric¸ãodotempodeexperiênciadosprofissionaisemcirurgiadoLPFMsegundocada característicadeinteresseeresultadodascomparac¸ões
Variável Não Sim v
Média DP N Média DP N
1/3Medialtendãopetelar 5,66 6,01 89 7,93 6,18 14 0,195
1/3Medialtendãoquadríceps 5,74 6,09 87 7,25 5,86 16 0,360
Tendãoflexoresgrácilitendíneo 5,34 5,38 76 7,74 7,49 27 0,077
ReparodiretodoLPFM(Artroscopicoouaberto) 5,86 6,10 96 7,43 5,59 7 0,512
Tendãoflexorgrácil 5,94 6,20 84 6,11 5,54 19 0,915
Tendãoflexorsemitendíneo 5,90 5,74 69 6,12 6,74 34 0,864
Outro 6,22 6,14 97 2,00 1,67 6 0,098
Fêmur
Endobotton 6,02 6,12 96 5,29 5,50 7 0,758
ParafusoInterferência/Biotenodese 5,03 5,99 33 6,41 6,08 70 0,281
Âncoras 6,00 6,03 93 5,7 6,57 10 0,882
Parafuso(Poste) 6,12 6,16 98 3,00 2,00 5 0,263
Grampos(AGRAF) 5,97 6,05 103 . . 0 *
Suturadireita 5,93 5,85 91 6,25 7,71 12 0,866
Outras 5,97 6,05 103 . . 0 *
Patela
Endobotton 5,82 6,01 93 7,40 6,57 10 0,435
ParafusoInterferência/Biotenodese 5,94 6,15 94 6,33 5,20 9 0,852
Âncoras 5,71 5,72 75 6,68 6,93 28 0,471
Parafuso(Poste) 5,97 6,05 103 . . 0 *
Grampos(AGRAF) 5,97 6,05 103 . . 0 *
Suturadireita 5,66 5,70 86 7,53 7,61 17 0,247
Outras 6,17 6,24 94 3,89 3,02 9 0,282
Indicatratamentocirúrgicoapóso1◦episódio
deluxac¸ãodapatela
5,65 5,85 96 12,00 6,93 6 0,012
Utilizaradioscopiaintra-operatóriaparadeterminac¸ão dopontodefixac¸ãodo“neoligamento”nofêmur
6,35 6,43 52 5,81 5,76 48 0,664
Resultadodotestet-Student.
∗ Nãoépossívelcalcularaausênciadeprofissionaisquerealizamoprocedimento.
OsdadosforamanalisadosnoprogramaSPSSforWindows versão20.0eumasignificânciade5%foiadotada.
Resultados
Preencheramcompletamenteoquestionárioefizeramparte da amostraanalisada 106cirurgiões. Amaiorparte (56,6%) eraprovenientedaRegiãoSudeste.Emrelac¸ãoaotempode experiência, obtivemos umamédia de 5,97 (± 6,054)anos, com o mínimo de um ano e o máximo de 30. A maioria dosparticipantes(57%)relatoufazermenosdecinco proce-dimentosdereconstruc¸ãodoLPFM/ano.Ostiposdeenxerto maisusadosforamotendãodomúsculosemitendíneo,por 36%, e ambos os tendões flexores (grácil e semitendíneo), por28%.Aopc¸ãode fixac¸ãodoenxertocom 30◦ ou45◦ de
flexãodojoelho foi escolhidapelamaiorparteda amostra (75%). Dos participantes, 50% fazem a fixac¸ão com o joe-lhoem30◦ deflexão. Em relac¸ãoao métodode fixac¸ãodo
enxerto,amaioriausaparafusodeinterferência/biotenodese (70%) para fixac¸ão do enxerto no fêmur e âncoras (28%) parafixac¸ãonapatela.Aindicac¸ãodotratamentonão cirúr-gicoapós primeiroepisódiodeluxac¸ãoagudadapatelaéa preferida e éfeita por 93,4% da amostra. A avaliac¸ão pré--operatória,comexamessubsidiáriosantesdareconstruc¸ão doLPFM,éfeitapor98,1%.Operíododeumaaquatrosemanas
Tabela2–Descric¸ãodotempoquejulgaidealentrelesão/luxac¸ãoecirurgiasegundocomplicac¸ões observadaseresultadodostestescomparativos
Complicac¸õesobservadas
noPO
Tempoquevocêjulgaseroidealentrelesão/luxac¸ãoecirurgia Total p
Até7dias 1-4semanas 4-12semanas 12-24semanas 6-12meses >1ano
N % N % N % N % N % N %
Dor 0,590
Não 3 12,5 8 33,3 4 16,7 1 4,2 7 29,2 1 4,2 24
Sim 2 2,8 23 32,4 16 22,5 13 18,3 15 21,1 2 2,8 71
Disfunc¸ãoquadríceps 0,146
Não 5 7,6 22 33,3 15 22,7 9 13,6 13 19,7 2 3,0 66
Sim 0 0,0 9 31,0 5 17,2 5 17,2 9 31,0 1 3,4 29
Presenc¸adeapreensão 0,701
Não 5 5,5 29 31,9 19 20,9 14 15,4 21 23,1 3 3,3 91
Sim 0 0,0 2 50,0 1 25,0 0 0,0 1 25,0 0 0,0 4
Diminuic¸ãoADMjoelho 0,762
Não 5 7,5 19 28,4 16 23,9 12 17,9 12 17,9 3 4,5 67
Sim 0 0,0 12 42,9 4 14,3 2 7,1 10 35,7 0 0,0 28
Subluxac¸ão/Luxac¸ãolateral dapatela
0,274
Não 5 6,1 29 35,4 15 18,3 11 13,4 20 24,4 2 2,4 82
Sim 0 0,0 2 15,4 5 38,5 3 23,1 2 15,4 1 7,7 13
Subluxac¸ão/Luxac¸ãomedial dapatela
0,854
Não 3 3,4 31 35,2 20 22,7 9 10,2 22 25,0 3 3,4 88
Sim 2 28,6 0 0,0 0 0,0 5 71,4 0 0,0 0 0,0 7
Fraturadapatela 0,298
Não 5 5,6 31 34,4 19 21,1 10 11,1 22 24,4 3 3,3 90
Sim 0 0,0 0 0,0 1 20,0 4 80,0 0 0,0 0 0,0 5
Derramearticulardojoelho 0,760
Não 3 4,6 23 35,4 12 18,5 10 15,4 16 24,6 1 1,5 65
Sim 2 6,7 8 26,7 8 26,7 4 13,3 6 20,0 2 6,7 30
Infecc¸ão 0,217
Não 5 5,4 31 33,7 19 20,7 13 14,1 22 23,9 2 2,2 92
Sim 0 0,0 0 0,0 1 33,3 1 33,3 0 0,0 1 33,3 3
Semcomplicac¸ões 0,238
Não 3 3,5 28 32,6 19 22,1 13 15,1 20 23,3 3 3,5 86
Sim 2 22,2 3 33,3 1 11,1 1 11,1 2 22,2 0 0,0 9
ResultadodotesteMann-Whitney.
Discussão
Foramencontradosnaliteraturadiversosestudossobre trata-mentodaluxac¸ãoagudadapatelaereconstruc¸ãodoLPFM,
mas nenhum com o objetivo de avaliar as perspectivas e
astendênciasnotratamentoenareabilitac¸ãodepacientes
com lesão desseligamento após luxac¸ãotraumática.
Estu-dosrecentesforamfeitosnoBrasil,porémcomointuitode
avaliaros métodos de tratamento usados na entorse
late-ral dotornozelo,na lesão doligamento cruzadoanterior e naartroseunicompartimentaldojoelho.10–12Naavaliac¸ãoda
frequênciadosortopedistasparticipantesporregiãonotamos umpredomíniodaSudeste,apesardeoestudotersidofeito naRegiãoNordeste(Salvador).Acreditamosqueissopossater ocorridoemfunc¸ão daexistência de ummaiornúmerode especialistasemcirurgiadojoelhonaquela região.Ostipos deenxertomaisusadospelanossaamostranareconstruc¸ão
doLPFMforamotendãodomúsculosemitendíneoisoladoe ambosostendõesflexores(grácilesemitendíneo).Umestudo prévio mostrou que o LPFM tem uma resistência média à trac¸ão de 208N a26mmde deslocamento.13 E osdiversos
enxertos usadosnasinúmerastécnicas cirúrgicasdescritas naliteraturaparareconstruc¸ãodoligamentoobtiverambons resultados,semmaiorincidênciadefalhacomumenxerto emdetrimentodeoutro.9 Emrelac¸ão aométododefixac¸ão
doenxertonareconstruc¸ãodoLPFM,amaioriausaparafuso de interferência/biotenodesenofêmureâncorasnapatela. Um estudorecentedemonstrouque afixac¸ãocom parafu-sosdeinterferênciaeratãofortequantoatécnicadeusode túneistransversais napatela parareconstruc¸ãodoLPFM.14
Tabela3–Descric¸ãodapresenc¸adecomplicac¸õessegundousoderadioscopiaintraoperatóriaparadeterminac¸ão dopontodefixac¸ãodoneoligamentonofêmureresultadodostestesdeassociac¸ão
Complicac¸õesobservadasnoPO Utilizaradioscopiaintra-operatóriaparadeterminac¸ãodoponto
defixac¸ãodo“neoligamento”nofêmur
Total p
Não Sim
N % N %
Dor 0,680
Não 13 26,0 11 22,4 24
Sim 37 74,0 38 77,6 75
Disfunc¸ãoquadríceps 0,099
Não 30 60,0 37 75,5 67
Sim 20 40,0 12 24,5 32
Presenc¸adeapreensão 0,678*
Não 46 92,0 47 95,9 93
Sim 4 8,0 2 4,1 6
Diminuic¸ãoADMjoelho 0,213
Não 32 64,0 37 75,5 69
Sim 18 36,0 12 24,5 30
Subluxac¸ão/Luxac¸ãolateraldapatela 0,076
Não 46 92,0 39 79,6 85
Sim 4 8,0 10 20,4 14
Subluxac¸ão/Luxac¸ãomedialdapatela 0,160*
Não 48 96,0 43 87,8 91
Sim 2 4,0 6 12,2 8
Fraturadapatela 0,027*
Não 50 100,0 44 89,8 94
Sim 0 0,0 5 10,2 5
Derramearticulardojoelho 0,477
Não 35 70,0 31 63,3 66
Sim 15 30,0 18 36,7 33
Infecc¸ão >0,999*
Não 47 94,0 47 95,9 94
Sim 3 6,0 2 4,1 5
Semcomplicac¸ões 0,741*
Não 46 92,0 44 89,8 90
Sim 4 8,0 5 10,2 9
Resultadodotestechi-quadrado.
∗ ResultadodotesteexatodeFisher.
Aindicac¸ãodotratamentonãocirúrgicoapósprimeiro epi-sódiodeluxac¸ãotraumáticaagudadapatelafoiapreferida emnossoestudo(93,4%).Aindanãoexisteumconsensosobre esseassuntonaliteratura.Noentanto,amaioriadosestudos recomendatratamento conservadorapós primeiroepisódio deluxac¸ãopatelartraumáticaquandonaausênciadelesões osteocondraisedefatoresderiscosignificantespararecidiva. Essesestudosnãomostraramdiferenc¸aentreostratamentos cirúrgicoenãocirúrgicoapós primeiroepisódio deluxac¸ão agudadapatela.15,16 Bitar etal., entretanto,demonstraram
que areconstruc¸ão doLPFM com tendãopatelar produziu melhoresresultadosbaseadosnaincidênciaderecorrênciase noquestionárioKujalaquandocomparadacomotratamento nãocirúrgicocom acompanhamentodedoisanos.8Apesar
deapenas48%doscirurgiõesusarem radioscopia intraope-ratóriaparadeterminac¸ãodoponto deinserc¸ãofemoraldo ligamento,diversosestudossugeremousodessaferramenta durantea cirurgia,visto quea posic¸ãodotúnelfemoraljá
semostrou essencial paraevitara perda da isometria.17–19
Artigosanterioresmostraramíndicesdecomplicac¸õesapós cirurgia dereconstruc¸ãodoLPFMque variaramde 16,2%a 26,1%doscasos.20,21Essesnúmerosmostramqueonúmero
de complicac¸ões não é insignificante, apesar dos excelen-tes resultados observadosno pós-operatóriodospacientes. Esses resultados podemserrelacionados como achado de nosso estudo, que mostrou que apenas 9,1% dos partici-pantesnuncaviramcomplicac¸ões apósesse procedimento. As complicac¸ões maisobservadas em nosso estudo foram dorederramearticular.Entretanto,naliteraturaaperdade arco de movimento e a instabilidade recorrente foram as complicac¸õesmaisobservadas.21Emnossoestudonão
Conclusão
Este estudo demonstra que existem claras tendências de evoluc¸ãonotratamentoenareabilitac¸ãodaluxac¸ãoaguda dapatelacomlesãodoLPFM.Noentanto,maisestudos pros-pectivoscontroladossãonecessáriosparaavaliarobenefício clínicoecientíficodessastendências.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
Anexo
1.
Questionário
Cirurgia/Reabilitac¸ão
LPFM
Joelho
Questionário Cirurgia/Reabilitação LPFM Joelho
Cidade/Estado:______________________________________________________________
1 - Anos Experiência Cirurgia Ligamento Patelo Femoral Medial (LPFM) :_______________________anos
2- Quantas reconstruções do LPFM você faz por ano?
Numero por ano < 05 05-10 11-15 16-20 >20
3-Tipo de Reconstrução/Reparo que você utiliza: 1/3 Medial tendão Patelar
1/3 Medial tendão Quadríceps Tendão flexores Grácil e Semitendíneo Reparo direto do LPFM (Artroscopicoouaberto) Tendão flexor Grácil
Tendão flexorSemitendíneo
Outros.Qual?___________________________________
4 -Com quantos graus de flexão do joelho você realiza a fixação do LPFM? < 30 graus 60 graus
30 graus > 60 graus 45 graus
5 - Tipo de Fixação utilizada:
Fêmur Patela Endobotton
Parafuso Interferência/Biotenodese Âncoras
Parafuso(Poste) Grampos(AGRAF) Sutura Direta
Outras:_________________________
6 - Você sempre indica tratamento cirúrgico após o primeiro episódio de luxação da patela?
SIM NÃO
7 – Você realiza avaliação pré-operatória com exames subsidiários?
SIM NÃO
Se SIM: RX TC RM Outros:____________________
8–Tempo que você julga ser o ideal entre lesão/luxação e cirurgia
Ideal Até 7 dias
4-12 semanas 12-24 semanas
6 meses-1 ano > 1ano
9 - Você rotineiramente utiliza radioscopia intra-operatória para determinação do ponto de fixação do " neoligamento" no fêmur?
SIM NÃO
10 – Você tem um protocolo específico de reabilitação pós-operatório para reconstrução do LPFM?
SIM NÃO
11 – Você utiliza Brace no pós-operatório dos seus pacientes?
SIM NÃO
12 –Se SIM, por quantas semanas?
1 2 3 4 5 6 >6semanas
13 -Quanto tempo você considera ideal para retorno de um atleta para o esporte após a cirurgia?
4 meses 5 meses 6 meses > 6 meses
14 – Fatores que determinam sua decisão de operar o paciente:
1 – Sexo do Paciente
2 - Ruptura do LPFM vista na Ressonância Magnética 3 – Presença de dor e/ou desconforto anterior no joelho 4 – Presença de fatores predisponentes a instabilidade patelar (Displasia da Tróclea, patela alta, TAGT aumentado,etc) 5 - Proteção da Superfície Condral
6 - Falha do Tratamento Conservador ( instabilidade/nova Luxação) 7 - Ruptura do LPFM vista na Artroscopia
8 - Idade do Paciente
15 – Complicações observadas por você no pós-operatório dos pacientes:
1 -Dor
2 –Disfunção Quadríceps 3 – Presença de apreensão 4 –Diminuição ADM joelho
5 –Subluxação/Luxação lateral da patela 6 - Subluxação/Luxação medial da patela 7 – Fratura da Patela
8 – Derrame articular do joelho 9 – Infecção
10 – Sem complicações
r
e
f
e
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ê
n
c
i
a
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