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ARTIGO
ORIGINAL
High-frequency
profile
in
adolescents
and
its
relationship
with
the
use
of
personal
stereo
devices
夽
,
夽夽
Renata
Almeida
Araújo
Silvestre
a,∗,
Ângela
Ribas
a,
Rogério
Hammerschmidt
be
Adriana
Bender
Moreira
de
Lacerda
aaUniversidadeTuiutidoParaná(UTP),Curitiba,PR,Brasil bUniversidadeFederaldoParaná(UFPR),Curitiba,PR,Brasil
Recebidoem14demaiode2015;aceitoem13dejulhode2015
KEYWORDS Audiometry; Adolescent; MP3player; Hearingloss; Primaryprevention
Abstract
Objective: Toanalyzeandcorrelatetheaudiometricfindingsofhighfrequencies(9---16kHz)in
adolescentswiththeirhearinghabitsandattitudes,inordertopreventnoise-inducedhearing loss.
Method: This was a descriptive cross-sectional study, which included 125 adolescents ina
sampleofnormal-hearingstudents,atastateschool.Thesubjectsperformedhigh-frequency audiometrytestingandansweredaself-administeredquestionnaireaddressinginformationon soundhabitsconcerningtheuseofpersonalstereodevices.Thesamplewasdividedaccording totheexposurecharacteristics(time,duration,intensity,etc.)andtheresultswerecompared withtheobservedthresholds,throughthedifferenceinproportionstest,chi-squared,Student’s
t-test,andAnova,allatasignificancelevelof0.05.
Results: Averagehigh-frequencythresholdswereregisteredbelow15dBHLandnosignificant
correlationwasfoundbetweenhighfrequencyaudiometricfindingsandthedegreeofexposure.
Conclusion: Theprevalenceofharmfulsoundhabits duetotheuseofpersonalstereo
devi-cesishighintheadolescentpopulation, buttherewasnocorrelationbetweenexposureto highsoundpressurelevelsthroughpersonalstereosandthehigh-frequencythresholdsinthis population.
©2016SociedadeBrasileiradePediatria.PublishedbyElsevierEditoraLtda.Allrightsreserved.
DOIserefereaoartigo:
http://dx.doi.org/10.1016/j.jped.2015.07.008
夽 Comocitaresteartigo:SilvestreRA,RibasÂ,HammerschmidtR,deLacerdaAB.High-frequencyprofileinadolescentsanditsrelationship withtheuseofpersonalstereodevices.JPediatr(RioJ).2016;92:206---11.
夽夽Esteartigofoiescritocomopartedatesedemestradodaautoraprincipal. ∗Autorparacorrespondência.
E-mail:renatasaa@hotmail.com(R.A.A.Silvestre).
PALAVRAS-CHAVE Audiometria; Adolescente; MP3player; Perdaauditiva; Prevenc¸ãoprimária
Perfildealtafrequênciaemadolescentesesuarelac¸ãocomousodeMP3players
Resumo
Objetivo: Analisar ecorrelacionarosachadosaudiométricosdealtasfrequências (9-16kHz)
emadolescentescomseushábitoseatitudesdeaudic¸ãoparaprevenirperdaauditivainduzida porruído.
Método: Esteéumestudotransversaldescritivoqueincluiu125adolescentesemumaamostra
dealunosouvintesemumaescolaestadual.Osindivíduosforamsubmetidosatestesde audio-metriadealtasfrequênciaseresponderamaumquestionárioautoadministradoqueabordava informac¸õessobrehábitossonoroscomrelac¸ãoaousodeMP3players.Aamostrafoidivididade acordocomascaracterísticasdeexposic¸ão(tempo,durac¸ão,intensidadeetc.)eosresultados foramcomparadoscomoslimitesobservados,pormeiodostestesdediferenc¸adeproporc¸ões, qui-quadrado,tdeStudenteanálisedevariância(Anova),todosemumníveldesignificância de0,05.
Resultados: Foiregistradamédiadelimiaresdealtasfrequênciasabaixode15dBHLenãofoi
encontradacorrec¸ãosignificativaentreosachadosaudiométricosdealtasfrequênciaseograu deexposic¸ão.
Conclusão: AprevalênciadehábitossonorosprejudiciaisdevidoaousodeMP3playerséaltana
populac¸ãoadolescente,porémnãohouvecorrelac¸ãoentreaexposic¸ãoaaltosníveisdepressão sonorapormeiodeMP3playerseoslimiaresdealtasfrequênciasnessapopulac¸ão.
©2016SociedadeBrasileiradePediatria.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Todososdireitos reservados.
Introduc
¸ão
Estudosrelacionadosaoshábitosrecreativoscomexposic¸ão a altosníveis de pressão sonora(SPL),especialmente por meio de aparelhos estéreo de uso pessoal, provaram ser recorrentes em diferentes populac¸ões adolescentes, com dadosprevalentesacimade90%.1,2
Considerandoqueodesenvolvimentotecnológico propor-cionouaumento na qualidade e na potência dos fones de ouvidoeheadsets,comamplificadoresqueatingem130dB SPLsemdistorc¸ãonaintensidadesonora,3,4 eassociadosa
MP3playersbaratos,altamenteportáteis,comgrande capa-cidadedearmazenamentodemúsicas ebateriasdelonga durac¸ão,háumasituac¸ãona qualoMP3playerssetornou particularmenteprevalenteeprejudicialentreapopulac¸ão jovemurbana.4,5
Algumaspossíveisexplicac¸õesparaessaexposic¸ão envol-vem:anecessidadedeautoestimaeaceitac¸ãosocial,que levaàadoc¸ãodemodismosparasetornar membrodeum grupo;6potencialdepersonalizac¸ãodeumambientesonoro
quelevaaisolamentopessoal;4emesmosensac¸ãode
pra-zereeuforiaquepoderãosurgirdaliberac¸ãodeendorfina devidoàreac¸ãofisiológicaqueacompanhaaexposic¸ãoem níveissonorosacimade80dBSPL.7
Apesardeamúsicatersidoconsideradamenos prejudi-cialaosistemaauditivohumanodoqueumruídoindustrial equivalente, devidoà natureza intermitente doprimeiro, que permiteumperíododerecuperac¸ãodaaudic¸ão,uma menorfrequênciadominanteereac¸õesdealertamais dis-cretasdevidoàinterpretac¸ãopessoaldesomagradável,6o
indivíduoprecisaseatentaràcaracterísticairreversívelda perdaauditivainduzidaporaltoSPL(HSPLIHL),àmaior sus-ceptibilidadededanococlearnaspopulac¸õesjovens8eao
aumentodapredisposic¸ãoadesenvolverperdaauditivana
vidaadultaquandohouverexposic¸ãoprecoceaaltosníveis deruído.9
Tradicionalmente,odiagnósticodeHSPLIHL,bemcomo seumonitoramentoesuaverificac¸ão,éfeitopelotestedo limiaraudiométricosubjetivoobservadopormeioda audi-ometria tonal liminar (ATL) e de avaliac¸ões audiológicas objetivas,comorespostaauditivadotroncocerebral(BERA) e testes de emissões otoacústicas (EOAs), principalmente emissões otoacústicas evocadas por produto de distorc¸ão (EOE/DP).10
Contudo,emvistadaelevac¸ãoprecocereconhecidados limiaresauditivos para altasfrequências, em comparac¸ão comoslimiaresnormais, emvista dascondic¸ões possivel-menteprejudiciaisparaosistemacoclear,comoexposic¸ão aruídoocupacionale/oudrogasototóxicas,podemocorrer certasdoenc¸assistêmicaseontológicas,bemcomodurante oprocesso deenvelhecimento auditivo.A audiometriade altasfrequências(AAF)temsidoindicadacomoinstrumento nodiagnósticoprecocedeperdaauditiva,emcomparac¸ão comaATLeEOAs.11---15
Esteartigovisaaanalisarosachadosdaaudiometriade altasfrequências(AAF)emadolescentesecorrelacioná-los comousodeMP3players.
Material
e
métodos
Todos os indivíduos convidados a participar do estudo eramalunos adolescentesdeambosossexosmatriculados emumaescolaestadualemCuritiba,Brasil,eestavam pre-sentesduranteosdiasdeavaliac¸ão.Oscritériosdeinclusão estabelecidos foram: assinatura do termo de consenti-mento, exame otorrinolaringológico normal, avaliac¸ão da impedânciaacústica eaudiometria tonalliminar(n=134). OsalunosquenãotinhamhábitodeescutarmúsicaemMP3 playersforamexcluídosdocorpodepesquisafinal(n=9).
A avaliac¸ão feita por ummédico otorrinolaringologista deuumenfoqueespecialàsestruturasnasaisedosseiosda faceeàsestruturasdoouvidoexternoemédioelimpouo canalauditivoexternoquandonecessário.
Naavaliac¸ãoaudiológica,oslimiaresnormaisforam con-sideradosaté25dBHLporclassificac¸ãoporLloydeKaplan (1978)16 e obtidos por meio de audiometria tonal liminar
(500Hz-8000Hz),feitacomumaparelhodamarca Otome-trics(MadsenIteraII®,Taastrup,Dinamarca),comfonesde
ouvidoTDH39® (MedRx, Inc,RD, EUA), calibradoem uma
cabine acústica de acordo com os padrões exigidos pelo ConselhoFederaldeFonoaudiologia.16 Paraavaliara
impe-dânciaacústica,foiusadoumanalisadordeouvidomédioda marcaInteracoustics,modeloAT22® (Otometrics®,
Middel-fart,Dinamarca)eosresultadosnormaisforamconsiderados aquelescompatíveiscomotimpanogramatipoA,segundo Jerger.16
Osalunosincluídos noscritérios deselec¸ãoforam con-vidados a responder a um questionário autoadministrado composto de perguntas abertas e fechadas que abor-davahábitos sonorosrelacionados ao usode MP3players, incluindo informac¸ões sobre características de exposic¸ão (tempo de exposic¸ão em anos, dias por semana e horas por dia, fones de inserc¸ão ou com abafadores de ruído, hábito de dormir com o aparelho ligado, hábito de falar enquanto usa o aparelho, intensidade comumente usada) e os sintomas associados à exposic¸ão. Foi usada uma escala visual analógica para estimar a faixa de volume comumente usada pelos indivíduos do estudo. Quaisquer dúvidas dos indivíduos foramesclarecidas pela equipede pesquisa.
Aseguir, foifeitaumaavaliac¸ãoaudiométricadealtas frequênciasnas condic¸õesacústicas descritas acima,com oaudiômetromencionadoefonesdeouvidoKOSSHV/PRO (KOSS®,EUA),noslimiaresexpressosemdBHL,nas frequên-ciasde9.000,11.200,12.500,14.000e16.000Hz.
Os resultados forem analisados estatisticamente pelos testesqui-quadrado,dediferenc¸adeproporc¸ões,tde Stu-denteAnovanoníveldesignificânciade0,05.
Resultados
Mediante oestabelecimento doscritériosde inclusãocom perspectivasdenormalidadeclínicaeaudiológica(n=134), bem como o uso deMP3 players (n=125), foi encontrada prevalênciadousodeMP3playersentreadolescentescom audic¸ãonormal(93,28%).Umacomparac¸ãodaamostrapor idadeesexoémostradanatabela1.
Ao analisar a amostra por tempo de exposic¸ão a MP3 players, foi constatado que 58,4% (n=73) dos indivíduos fazem uso diário de seus aparelhos, com respostas equi-valentes de ambos os sexos. Contudo, ao usar o teste qui-quadrado, em um nível de significância de 0,05, observou-se que há um uso significativamente maislongo deMP3playerspormulheres,deacordocomatabela2.
Além disso, ao usar o teste qui-quadrado,foram iden-tificados hábitos mais prejudiciais entre mulheres para as seguintes variáveis: hábito de dormir com o MP3 player ligado (p=0,0037) e volume percebido por outros (p=0,0458). E, por meio do teste de diferenc¸a de proporc¸ões, foi mostrada uma preferência por fones deouvidodeinserc¸ão(p=0,0150),comambosostextosno níveldesignificânciade0,05.
Observamos que quase 40% dos adolescentes (n=49) apresentarampelomenosumsintomaotológicodevido ao usodeMP3players,comprevalênciadezumbidode21,6%, seguidodedornoouvido,plenitudeauricular,prurido, ton-turaeperdaauditiva.Aotentarcorrelacionaraprevalência dequeixas otológicascom o usohabitual deMP3 players, comaaplicac¸ãodostestesqui-quadradoedediferenc¸ade proporc¸ões,em umnível designificânciade0,05, nãofoi encontradadiferenc¸asignificativaentreosindivíduosmais emenosexpostos.
Ao avaliar osresultados dos limiares auditivos para as altas frequências testadas, foram obtidos valores médios abaixode15dBHL,comresultadosligeiramentemelhores para mulheres de 11.200Hz. Com relac¸ão às desigualda-desentreosouvidos,nãohouvediferenc¸aestatisticamente significativa, apesar de terem sido observadas respostas
Tabela1 Descric¸ãodaamostraporidadeesexo
Idade Feminino(n=63) Masculino(n=62) p
n % n %
12 2 3,17 2 3,23 0,9848
13 13 20,63 7 11,29 0,1569
14 17 26,98 12 19,35 0,3142
15 14 22,22 24 38,71 0,0473a
16 11 17,46 11 17,74 0,9673
17 6 9,52 6 9,68 0,9758
Total 63 50,04 62 49,60
Tabela2 Descric¸ãodaamostraporhábitosdeusodeMP3players
Tempodeexposic¸ãoaoMP3Player Feminino(n=63) Masculino(n=62) p
n % n %
Menosde3anos 32 50,79 43 69,35 0,0342a
3anosoumais 31 49,21 19 30,65
Até4dias/semana 11 17,46 20 32,26 0,0054a
5oumaisdias/semana 52 82,54 42 67,74
Menosde2horas/dia 30 47,62 41 66,13 0,0367a
2oumaishoras/dia 33 52,38 21 33,87
Obs.:Testequi-quadrado,níveldesignificânciade0,05. a p<0,05.
Tabela3 Descric¸ãodoslimitesdeaudic¸ãoemdecibéisafrequênciasde9.000-16.000Hzporfaixaetária
Freq. (kHz)
Faixaetária Estatísticasdescritivas p
n Média(dBHL) Mediana Mín. Máx. DP
9 12-4 53 9,87 10,0 -10,0 40,0 8,0 0,2790
15-17 72 10,6 10,0 -10,0 25,0 5,9
11,2 12-14 53 11,5 10,0 -10,0 55,0 10,0 0,5262
15-17 72 11,4 10,0 -5,0 30,0 7,0
12,5 12-14 53 7,07 5,0 -15,0 55,0 10,9 0,0812
15-17 72 9,47 10,0 -10,0 30,0 8,2
14 12-14 53 4,65 5,0 -20,0 50,0 12,9 0,0244a
15-17 72 8,67 10,0 -20,0 30,0 9,7
16 12-14 53 5,82 5,0 -20,0 45,0 14,6 0,0962
15-17 72 9,07 10,0 -20,0 40,0 13,0
Obs.:TesteTdeStudent,níveldesignificânciade0,05. a p<0,05.
ligeiramentemelhoresparaoouvidodireito,apenasentre mulheres.
Considerandoasduasfaixasetárias,houveumamédiade maiores limiaresnogrupodeindivíduos maisvelhos,para todasasfrequências testadas, excetoem 11.200Hz. Con-tudo,houveapenasumadiferenc¸asignificativaem14.000Hz eotestetdeStudentmostrouumníveldesignificânciade 0,05. A caracterizac¸ão dos altos limiares de frequênciaé mostradanatabela3.
Paradescrevereanalisarosresultadosporsexo,houve umadiferenc¸aestatisticamentesignificativanasfrequências cominícioem12,5KHzparaafaixaentre15-17anos,com apiormédiaentrehomens.
A análise dos limiares audiométricos em termos de exposic¸ãoaMP3playersnãomostroudiferenc¸asignificativa emqualquer frequênciatestada,sejaparaasvariáveisde durac¸ãodousodeMP3playersemanos,diasporsemanaou horaspordia,comotestetdeStudentouparaasvariáveis deintensidadeoutiposdefonedeouvidocomotesteAnova, comambosostestesnoníveldesignificânciade0,05, ape-sardeterhavidoumamédiamaioremtodasasfrequências testadas,nosdoisouvidos,entreaquelesqueescutamMP3 playercincooumaisdiasporsemana.
Ascorrelac¸õessobreexposic¸ãosãodescritasnatabela4, naqualhouvemenosusodeMP3playersemdiasporsemana
e horas pordia para osindivíduos que comec¸aram a usar MP3playersmaisrecentemente.Tambémfoiobservadauma preferênciaparamaiorintensidadedeníveldesom(volume) entreaquelesqueescutam osaparelhospelomenoscinco diasporsemana.
Discussão
Apopularizac¸ãodousodeMP3players,principalmentenas populac¸ões jovens, e a falta de regulamentac¸ão sobre a intensidade máxima de saída de som dos aparelhos têm contribuídoparaoaumentodaexposic¸ãorecreativaasom emaltaintensidadenessafaixaetária.4Aaltaprevalência
dohábitodeusodoMP3playerobservada(93,28%)tem-se repetidoemestudosqueenvolvempopulac¸õesadolescentes emdiferentescontinenteseatinge95,6%dosindivíduosem algumasamostras.1,2,7
Tabela4 Relac¸ãoentreotempodeusodeMP3playerecaracterísticasdeuso(emnúmerodediasporsemanas,númerode horaspordiaeníveldovolume)
CaracterísticasdeusodeMP3Player Tempodeuso p
Menosde3anos 3anosoumais
Até4dias/semanas 27 4 0,0004a
5oumaisdias/semana 48 46
Menosde2horas/dia 52 19 0,0005a
2oumaishoras/dia 23 31
Níveldevolume1-5 21 13 0,8055
Níveldevolume6-10 54 37
Obs.:Testequi-quadrado,níveldesignificânciade0,05. ap<0,05.
Contudo, diferentemente do que é comumente men-cionado nos estudos,20,21 a observac¸ão de hábitos mais
deletériosno grupo de mulheres pode ser explicadapela maiornecessidadedeisolamentoeumaprevalênciade sin-tomasquerelacionama ansiedadee adepressãoentreas meninas.22,23
Considerandooconhecimentodopotencialdeletériode altoSPL sobre a saúdeauditiva, é relevante estimar que 10-30%dosusuáriosdeMP3playerscorremrisco deperda auditivainduzidaporruídoapóscincoanosoumaisdeuso devidoàexposic¸ãoaruídodealtaintensidadeporumlongo período.1 Como a ocorrênciade sintomasotológicos pode
significar dano auditivo subclínico temporário ou perma-nente,aaltaprevalênciadequeixasotológicas(39,2%)entre nossosindivíduossedestaca,apesardealgunsestudosterem mostradoresultadosdeaté67,2%.5
Comparandoapresenc¸adezumbidodentregruposmais emenosafetados,nãoobservamosdiferenc¸ana prevalên-cia dos sintomas otológicos, o que coincide com outros estudos,21apesardealgunsautoresteremidentificadouma
correlac¸ão positiva com o abuso no uso de MP3 players quandooindivíduofoiexpostoaumperíodomaislongo,5,22
em maiores intensidades, e uso de fones de ouvido de inserc¸ão.2
Limiaresmédios abaixode15dBHLforamidentificados paraambos os sexos em todas asfrequências testadas, o que comprovaa sugestão de adoc¸ão desses valores como parâmetrosdenormalidadeparaapopulac¸ãoadolescente.24
A identificac¸ão de resultados ligeiramente melhores no grupodemulherescominícioem11.200Hztambémtemsido recorrenteemestudosdealtasfrequências,oque demons-tra dependência dos limiares auditivos em homens já na adolescência.25,26Aobservac¸ãodealtonívelnafrequência
de11.200Hzparaosresultadosemmeninosnãoencontrou referêncianaliteratura,apesardeSulaimanetal.21 terem
observadoumacorrelac¸ãopositivaentreovolumedoMP3 playerusadoeoslimiaresem11,2e14kHz.
Com relac¸ão à disparidade entre os ouvidos, não foi encontrada diferenc¸a nos limiares, apesar de terem sido vistas respostas ligeiramente melhores no ouvido direito nogrupo dehomens. Osachados são bastante controver-sosnaliteraturae,apesardealgunsautoresapresentarem resultadossemelhantesaosidentificados,27nãoháum
con-senso a esse respeito, incluindo os achados de piores
limiares no ouvido direito.28 A ausência de concordância
sobreessavariávelnaAAFpoderáresultardeumafaltade especificac¸ãoeprocessamentoestatísticodelimiares inte-rauraisencontradosemalgunsestudos.
A caracterizac¸ão de limiares de altas frequências por faixaetária(tabela3)mostrarespostaspioresnafaixa etá-ria mais velha, exceto na frequência de 11,2kHz, o que reforc¸aarelac¸ãodiretadeidadenosresultadosdaAAFna adolescência;25,29apesardeestudosnãomostrarem
concor-dânciasobreoperíodoexatodoiníciodessareduc¸ão.24,26
A análise de limiares audiométricos relacionados às característicasdeexposic¸ão(durac¸ãodeusodoMP3players, tipodefonedeouvido,volumeutilizado,sexoetc.)não mos-troudiferenc¸asignificativaemqualquerfrequênciatestada. Apesardisso,foiobservadoque,nosdoisouvidos,emtodas as frequências, houve respostas piores nogrupo com uso habitual porcincodiaspor semanaoumais, contudocom nenhumadiferenc¸aestatística.
Algunsestudosidentificaram limiares de até6dB HL a maisem indivíduos compelo menoscincoanosde usode MP3players,emcomparac¸ãocomindivíduosnãoexpostos.25
Alémdisso,apesardeessesestudosteremdemonstradouma correlac¸ão positiva,mesmo fraca, com relac¸ão ao uso de MP3players eaumentonasrespostasem 11.2e 14KHz,23
outrosfatoresnãodeixaramdeidentificaressacorrelac¸ão.30
Alémdasdiferenc¸asmetodológicasenosgrupos amostra-dosentreváriosestudos,apossibilidadeéqueosindivíduos commaiorexposic¸ãoaMP3playersqueforaminvestigados nestapesquisanãomostraramdanoauditivodevidoaoinício recentenousodeMP3players(60%comusopormenosde trêsanos).Mesmoapesardeascorrelac¸õesrelacionadasàs característicasdeexposic¸ãoteremmostradoqueosusuários commaiortempodeusotambémapresentammaishorasde usosemanalmenteecommaiorintensidade(volume)entre osusuáriosregulares.
Por fim, durante as análises, percebemos que alguns fatores que podem ter limitado este estudo, como a homogeneidade da amostra, apesar da selec¸ão aleató-ria dos indivíduos, nãopossibilitaram grupos com grandes diferenc¸asdeexposic¸ão.
entre os grupos de exposic¸ão para esclarecer ou reduzir resultadosconflitantes.
FoiconstatadoqueosachadosdaAAFforamanalisados comsucesso,comênfasenaobservac¸ãodelimiaresabaixo de15dBHL,provavelmenteparafuncionarcomovaloresde referêncianormaisnaadolescênciacomumarelac¸ão posi-tivacomaidadeemhomensapartirdos15anos.
Paralelamente, houve umaalta prevalência de hábitos sonoros prejudiciais com relac¸ão ao uso de MP3 players. Contudo, apesar de nenhuma correlac¸ão ter sido obser-vada entrea exposic¸ão a MP3 players e limiares de altas frequências na populac¸ão estudada, considerando a natu-reza irretratável da perda auditiva induzida por ruído, é importanteummonitoramentoaudiológicoemedidas edu-cacionaisquecontenhamesseshábitoseatitudes.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
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