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Resistência do morangueiro (Fragaria híbridos) à Mycosphaerella fragariae (TUL.) LIND. (Ramularia tulasnei SACC.).

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R E S I S T Ê N C I A DO M 0 R A N G U E I R O (Fragaria h í b r i d o s ) À Mycosphaerella fragariae ( T U L . ) L I N D .

(Ramularia tulasnei S A C C . ) *

JOSÉ OTÁVIO Μ. MENTEN**

FRANCISCO ANTONIO PASSOS*** KEIGO MINAMI****

RESUMO

Foram testados 49 clones de morangueiro quanto a reação à incidência natural de Ramu¬

laria tulasnei sob condições de campo, em Pi¬ racicaba, SP. A avaliação foi realizada de acordo com uma escala de 1 (ausência de

sin-tomas) a 6 (severa incidência) na fase de maior severidade da doença e os clones

clas-sificados em resistentes (1,00 a 2 , 3 0 ) , mode¬ radamente resistentes (2,31 a 3,70) e susce-tíveis (3,71 a 5,00). Identificaram-se 11 clones resistentes, 31 moderadamente resis-tentes e 7 suscetíveis. Os resisresis-tentes fo-ram "I-2008" (grau 1,00 ± 0,00), "IAC-2713", "Camanducaia (IAC-3530)", "A. Brucknner (I-2492)","IAC-3113 χ (IAC-2712 χ 1-2008-1)10", "IAC-4326", "IAC-3530 χ IAC-2747-2", "Kon¬

* Entregue para publicação em 28.12.1978. ** Seção de Radiogenética, CENA/ESALQ/USP.

*** Seção de Hortaliças de Frutos, IAC, Campinas, SP.

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woy (1-3846)", "Atibaia (IAC-4325)", "1-4896

- 4 " e "IAC-4749" e o mais suscetível foi "Jundiaí (IAC-4204)" (grau 5,00 ± 0,41).

INTRODUÇÃO

A mancha micosferela ê uma doença que ocorre em todos os locais onde se cultiva o morangueiro , podendo ocasionar severas perdas de acordo com a

suscetibilidade genotípica e condições ambientais. Trata-se da doença mais freqüente nas plantações de morangueiro do Estado de São Paulo (CAMARGO, 19 73), podendo ocasionar a morte das plantas (PESSANHA, ΙΑΜΑΜΟΊΌ & SCARANARI, 1970) . Embora no Brasil não se disponha de dados sobre os prejuízos causados pelo patõgeno, tem-se observado a severidade da doença afetando toda a- parte aérea da planta, espe

cialmente as folhas (CAMARGO, 1973); a literatura estrangeira, relatando perdas de 10 a 100%, refere esta doença como a mais importante da cultura (DA-LE & FULTON, 1957 e GALLI et alii , 1968).

O agente causai, Mycosphaerella fragariae é um

ascomiceto cuja fase assexuada corresponde a Romu-laria tulasnei, sendo esta a fase mais importante

devido a sua rápida propagação sob condições tropic cais (GALLI et alii , 1968).

Embora haja possibilidades de controle do pato geno pelo emprego de fungicidas (CARDOSO et alii~

19 76; GALLI et alii, 196 8 e PESSANHA et alii, 19 70) ,

existem inconvenientes como a ocorrência de

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Assim, os programas de melhoramento da cultura  tem procurado, hγ muito tempo, evitar a seleηγo de  plβntulas altamente suscetíveis ao patυgeno (SPANGE  LO & BOLTON, 195 3) e identificar boas fontes de re­ sistκncia (JANICK & WILLIAMS, 1959). Seleηυes rea­ lizadas sob condiηυes de campo ou de casa­de­vegeta  ηao, tem detectado diversos clones como resisten^­ tes: "Albritton", "Earlibelle", "Tennesse Beauty",  "Dabreak", "Midland", "Sius 199" (NEMEC, 1971),  "Seyanets Komsomolki", "Novinka", "Festival1

 naya"  (SHPILEVA, 1973), "Blakemore", "Fairfax", "Fair­ more", "Headliner", "Howard 17", "Klonmore", "Mas­ sey", "Missionary", "Surecrop" (SCOTT & LAURENCE,  1975), "Cardinal" (MOORE et alii, 1975), etc.. En­

tretanto, esta resistκncia tem sido quebrada pela  ocorrκncia de diversas raηas patogκnicas (BOLTON,  1962 e 1958; NEMEC, 1969; PLAKIDAS, 1948; SCOTT &  LAWRENCE, 1975). Assim, clones considerados resis­

tentes em certa regiγo podem se comportar como sus­ cetíveis em outras. 

Como ate o momento nγo foi relatado nenhum clo­

ne com resistκncia a todas as raηas conhecidas  (SCOTT & LAURENCE, 1975), o melhoramento para resis  tκncia ao patυgeno deve ser feito regionalmente uti  lizando­se fontes de resistκncia locais. Assim, a  partir de 1975, PASSOS (1976), tem buscado identifi  car fontes de resistκncia sob condiηυes de campo, a  populaηγo de R. tulasnei presente em Monte Alegre  do Sul ­ SP; embora nγo tenha sido detectado nenhum  clone com ausκncia de sintomas, "Camanducaia IAC­

3530", "Konwoy (1­3846)" e "I­2008"_tem apresentado  alto grau de resistκncia (PASSOS, nγo publicado). 

O presente trabalho teve como objetivo verifi­ car a reaηγo apresentada por 49 clones prι­selecio­ nados por PASSOS (1976) γ populaηγo de R. tulasnei existente em Piracicaba, Estado de Sγo Paulo, sob 

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MATERIAL Ε MÉTODOS

Mudas aparentemente sadias, porém, sem

contro-le de virus, de 49 clones de morangueiro (Tabela 1) , provenientes da Seção de Hortaliças de Frutos do Instituto Agronômico de Campinas, foram planta-das em canteiros do campo experimental do Setor de Horticultura do Departamento de Agricultura e Hor-ticultura da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", em Piracicaba, São Paulo, a 13.08. 19 76; as condições para o desenvolvimento das plan tas foram boas, porém, dispensou-se o emprego de defensivos químicos.

0 delineamento experimental foi de blocos ao acaso, com 4 repetições, constituindo-se cada

par-cela de uma linha com 5 plantas (NEMEC, 1971),

es-paçadas de 30 cm; o espaçamento entre linhas foi de 40 cm.

Foi acompanhado o aparecimento e desenvolvimen to de sintomas da doença e quatro meses apôs a in£ talaçao do ensaio (13.12.1976), foi realizada a a-valiação; nesta época, jã não havia evolução acen-tuada dos sintomas e se observavam nítidas diferen ças entre os clones quanto a reação ao patõgeno.Pa ra a avaliação foi utilizada uma modificação da es cala proposta por SPANGELO & BOLTON (1953), seme-lhante ao sistema jã empregado por PASSOS (19 76)

que consiste em graus de 1 a 6 de acordo com a ãrea foliar afetada pelo patõgeno (Figura 1 ) .

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Os dados obtidos neste experimento foram anali  sados estatisticamente e as mιdias comparadas pelo  teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade; co  mo medida de dispersγo das mιdias, foram calcula­ dos seus erros padrυes. 

RESULTADOS 

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(ν): media das reaηυes apresentadas em 4 repetiηυes com fndi  ce de doenηa variando de 1 (ausκncia de sintomas) a 6  (severa incidκncia) e respectivo erro da media; 

(x): mιdias seguidas da mesma letra nao diferem significati­ vamente entre si ao nível de 5% pelo teste de Tukey.  DMS 5% ­ 1,50; C.V.  = 1 7 , 4 4 % . 

(z): R ⊅ resistente (índice de doenηa = 1,00 ­ 2,30) 

Μ = moderadamente resistente (índice de doenηa = 2,31 ­ ­ 3,70) 

S = suscetível (índice de doenηa = 3,71 ­ 5,00) 

DISCUSSΓO 

A determinaηγo de resistκncia em plantas sob  condiηυes naturais de inoculaηγo, embora seja afe­

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satisfatσria sob condiηυes de campo, embora a inocu  laηγo artificial possa ser empregada criteriosamen­ te com a finalidade de garantir um nível de infec­ ηao adequado para a seleηγo (NEMEC, 19  7 1 ) . 

Os trabalhos de seleηγo de genυtipos resisten­ tes tκm sido dificultados pela ocorrκncia de raηas  fisiolσgicas do patσgeno (BOLTON, 1948, 1962; PLAKI  DAS, 1948). NEMEC (1969), relatou que, de 27 isola  dos do fungo de uma mesma regiγo, foram detectadas  6 raηas, com a prevalκncia de uma delas. Assim, i­ noculaηoes sob condiηυes artificiais tambιm podem  ser ٥teis na identificaηγo das raηas presentes em  determinada regiγo para o aproveitamento de fontes  de resistκncia jγ conhecidas. Mas, embora NEMEC 

(1971) relatasse o clone "Dabreak" como resistente  a quatro raηas sob condiηυes artificiais de inocula  ηγo, nγo foi encontrado nenhum clone com resistκn­ cia a todas as raηas (SCOTT & LAWRENCE, 1975); as­ sim, torna­se ٧til a seleηγo em campo, sob pressγo  de todos os genυtipos do patυgeno presentes naquele  local, para fornecimento de informaηυes para um pro  grama regional de melhoramento. 

Como as condiηυes naturais sγo muito peculiares  a cada regiγo e ιpoca, cada experimento deve ter  uma interpretaηγo propria (NEMEC, 1971); assim, em­

bora SPANGELO & BOLTON (1953), utilizando uma esca­ la de resistκncia de 1 a 6, sugerissem 3,49 como o  ponto de separaηγo entre clones resistentes e susce 

tíveis, este valor depende dos resultados obtidos  em cada experimento, pois, este ponto estα em fun­

ηγo do nível de desenvolvimento da doenηa. Como no  presente experimento as reaηυes mιdias variaram de 

1,00 a 5,007 designaram­se os clones em trκs clas­ ses. Na classe resistente (1,00 a 2,30) agruparam­ ­se os clones que podem ser utilizados em programas  de melhoramento como fonte de resistκncia ΰ R.

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os clones cujo cultivo pode ser limitado pela inci  dκncia do patυgeno, sendo que os comerciais devem  ser gradativamente substituído por outros com ní­ vel de resistκncia mais elevado. 

Dos clones testados (Tabela  1 ) , 11 foram clas­ sificados como resistentes; embora nγo haja dife­ renηa estatística ao nível de 5% entre eles,  " I ­ ­2008" (que nγo apresentou sintomas), "IAC­2713" e 

"Camanducaia" se destacaram. PASSOS (nγo publica­ do) , jγ havia observado o alto grau de resistκncia  de "1­200 8" e "Camanducaia" em Monte Alegre do Sul,  Sγo Paulo. Isto parece indicar uma estabilidade na  reaηγo ΰ inoculaηγo de R. tulasnei destes clones ·  Por outro lado, clones preliminares identificados  como resistentes em Monte Alegre do Sul ("IAC­4109M 

e "Sierra") (PASSOS, 1976), comportaram­se como  suscetíveis em Piracicaba; e "Atibaia", suscetível 

em Monte Alegre do Sul (PASSOS, 19 76) , mostrou­se  resistente em Piracicaba. Isto pode ser interpre­ tado como a prevalκncia de diferentes raηas patogκ  nicas do fungo nos dois locais, mesmo nγo havendo  relato desta variabilidade no Brasil (GALLI et alii, 1968) . Embora NEMEC (1972) mostrasse que a expres  sγo dos sintomas varia em funηγo da temperatura,  a hipσtese da ocorrκncia de raηas κ corroborada pe  Ias condiηυes distintas e prσprias entre os dois  locais: em Monte Alegre do Sul, alem de mais frio  e do cultivo dos melhores clones de morangueiro pa  ra fornecimento de mudas, hγ uma coleηγo de 60 cio  nes geneticamente distintos, enquanto Piracicaba ,  alιm de mais quente, caracteriza­se por cultivar o  morangueiro apenas experimentalmente, implicando  numa distinta variaηγo genιtica do hospedeiro; es­

ta, talvez, tambιm seja a explicaηγo da cultivar  "Campinas", um dos clones mais suscetíveis em Mon­

te Alegre do Sul (PASSOS, nγo publicado), tenha se  comportado como moderadamente resistente em Piraci  caba. 

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e 7 suscetíveis; a prι­seleηγo destes clones para  resistκncia a R. tulasnei realizada em Monte Alegre  do Sul (PASSOS, 1976) pode ser a causa do baixo nu­ mero de genτtipos suscetíveis. 

Entretanto, nenhum dos clones da classe resis­ tente tem possibilidades de substituir as cultiva­ res "Campinas" (IAC­2712) e "Monte Alegre" (IAC­ ­ 3 1 1 3 ) , pois, nγo apresentam características agrono  micas e comerciais comparαveis. Contudo, estes ma­

teriais poderγo ser empregados como fontes de resijs  tκnci^ em programas de melhoramento, jγ que os clo­ nes cultivados sγo suscetíveis nas regiυes produto­

ras. Como a seleηγo do morangueiro realiza­se em  funηγo de níveis independentes de avaliaηγo, ou se­

ja, deve haver um bom balanηo entre os componentes  de qualidade do produto e da planta, o clone resis­

tente "IAC­4 326" que apresenta menos defeitos, deve  ser incluído com vantagens nos programas de melhora  mento. Como entre os clones hγ variaηγo na habili­

dade de transferκncia dos genes de resistκncia as  suas progenies (SCOTT & LAWRENCE, 19  7 5 ) , seria reco  mendγvel incluir vαrios genτtipos num programa de  melhoramento. Tal medida poderia gerar maior varia  bilidade genιtica e permitir o aparecimento de me­

lhores combinaηυes dos caracteres desejados. Entre  tanto, as possibilidades de κxito no emprego do cio  ne "1­2008" sγo grandes, jγ que seus descendentes  como "Camanducaia" (IAC­2712 1­2008), "IAC­4326" e  "1­3113 (IAC­2712 x^I­2008­1)^10" tambιm mostraram  bom nível de resistκncia. Alιm de provavelmente se 

tratar de um genυtipo que transfere a resistκncia  em alto grau a seus descendentes, "1­2008" tem­se  mostrado altamente resistente tanto em Monte Alegre  do Sul (PASSOS, nγo publicado) como em Piracicaba;  e, embora KULIKOWA (19 74) e PASSOS (nγo publicado)  relatem que nenhum clone tem­se mostrado completa ­ mente resistemte, "1­2008", sob as condiηυes natu­ rais de inoculaηγo em Piracicaba, mostrou­se comple  tamente sem sintomas. 

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minaηγo do efeito de resistκncia vertical, a sele­ ηγo sob condiηυes naturais de inoculaηγo pode ser  realizada sem se considerar a maneira que a resis­ tκncia se manifeste. Um dos mιtodos para se elimi  nar os efeitos da resistκncia vertical ι, durante  o processo de seleηγo, expor os clones ΰs raηas vi 

rulentas do patυgeno, o suficiente para superar  qualquer gene de resistκncia vertical que esteja  presente. Como neste experimento nγo se sabe se  isto ocorreu, nγo se pode afirmar que se trata de  resistκncia horizontal. 

SUMMARY 

RESISTANCE OF STRAWBERRY (Fragaria hybrids) TO  Mycosphaerella fragariae (TUL.) LIND. 

(Ramularia tulasnei  S A C C ) . 

49 strawberry clones were tested for the reaction to the natural incidente of Ramularia tulasnei in field

condictions, in Piracicaba, São Paulo State. The evaluation were done using a scale of 1 (denoting no infection) to 6

(indicating a severe infection) in the phase of highest severity of the disease; the clones were classified in resistants (1.00 to 2.30), moderately resistants (2.31 to 3.70), and susceptibles(3.71 to 5.00). 11 resistant clones, 31 moderately resistant, and 7 susceptible ones were

identified. The resistant clones were "1-2008" (grade 1.00 ± 0.00), "IAC-2713", "Camanducaia (IAC-3530)", "A. Brucknner

(1-2492)", "IAC-3113 x (IAC-2712 x 1-2008-1)-10", "IAC-4326", "IAC-3530 x IAC-2747-2", "Konwoy (1-3846)", "Atibaia

(IAC-- 4 3 2 5 ) " , "IAC(IAC--4896(IAC--4", and "IAC(IAC--4749"; the most susceptible one was "Jundiai (IAC-4204)" (grade 5.00 ± 0.41).

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Referências

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