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O panorama da interação entre universidades e a industria no Basil

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Número: 228/2009 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS PÓS-GRADUAÇÃO EM

POLÍTICA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

Hérica Morais Righi

O Panorama da Interação entre Universidades e a Indústria no Brasil

Dissertação apresentada ao Instituto de Geociências como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Política Científica Tecnológica.

Orientador: Prof. Dr. Wilson Suzigan

CAMPINAS - SÃO PAULO Agosto - 2009

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Dedico este trabalho à minha família, em especial a dois dos meus queridos avós, Nelson e Yolanda, pelo

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Agradecimentos

Os agradecimentos... Talvez a parte mais difícil da dissertação. Depois de olhar pra esses dois anos que se passaram é difícil traduzir em palavras a gratidão por todo o apoio que recebi ao longo desse processo. Tentarei e espero não esquecer ninguém! Se caso isso ocorra, peço desculpas, mas não é por ingratidão é por ter tido a sorte de encontrar muitas pessoas atenciosas e generosas no meu caminho.

Em primeiro lugar eu agradeço às duas pessoas mais importantes da minha vida que sempre estiveram na primeira fila me aplaudindo de pé, meus pais! Considero-me uma pessoa de muita sorte por ter vocês como meus pais e ainda por cima receber de vocês tanta dedicação e amor. Vocês sempre me apóiam incondicionalmente em tudo, mesmo que isso signifique que fiquemos fisicamente distantes. A saudade aperta, mas vocês sempre compreensíveis entendem que a distância é necessária para que eu alcance meus objetivos. Papi e Mami, obrigada por me aconselhar, me escutar, me agüentar quando estou nervosa (e olha que isso não é nada fácil!), me confortar nos momentos de desespero (que algumas vezes não tem razão de ser), me ensinar a ser uma pessoa melhor... etc etc etc... Enfim, são pais fantásticos! Obrigada por tudo, a cada dia que passa amo mais vocês e sei que nunca vou conseguir retribuir todo o esforço e amor de vocês. Sem vocês, eu não conseguiria alcançar meus sonhos.

Não posso esquecer a minha irmã, Helen, que junto com os meus pais sempre torce por mim e acompanha todos os meus passos. Aos meus dois amores, meus avós Nelson e Yolanda, pelo carinho e paciência. Aos meus tios, tias, primos e primas (impossível listar o nome de todos, amo vocês!), que sempre foram importantes na minha vida, nos momentos de descontração ou nos momentos difíceis. Obrigada por vibrarem comigo a cada pequena conquista. Deixo aqui também um agradecimento a três pessoas especiais que não estão mais comigo, mas sei o quanto me amavam e o quanto devem estar felizes (independente de onde estão): meus avós Violeta e Maximiniano e meu tio Marcos.

Agradeço meus queridos (e muito queridos) amigos pela paciência e pelo carinho. Não vou conseguir listar todos, pois tenho sorte de estar cercada por pessoas especiais que gostam de mim e me apóiam sempre. Em primeiro lugar às Varjolinhas, amigas queridas de Varginha: Ana Cry, Ana Lu, Camila, Carol, Déborah, Fernanda, Lari, Lu, Paulinha, Pri, Pri R. Cada uma está em um lugar, mas nosso amor é muito mais forte que a distância. Vocês me acompanham desde pequena e sei o quanto torcem por mim! Lindas, amo todas vocês! Voltarei a ser a Hérica

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de sempre. Aos amigos de faculdade, meus queridos e amados irmãos: Bruno, Daniel, Drumond, Eric, Henrique, Júlio, Leandro e Matheus. Às minhas queridas amigas de faculdade: Cintia, Isabel, Karina P. e Marina. Nesses dois anos foram poucas as oportunidades de revê-los, mas sei que torcem por mim. Um agradecimento especial à minha queridíssima amiga Karina (titia), por me ajudar nos momentos difíceis, por rir nos momentos felizes e por estar comigo em todos os momentos! Querida amiga Simone, eu sou grata pelo apoio nesses três últimos anos e pelo carinho nos cinco anos de amizade!

Ao longo dessa jornada eu construí belíssimas amizades com pessoas muito especiais em Campinas: Camila, Carol, Charlito, Day, Du, Edi, Lia, Ma, Moniquinha, Rafa e Rolo! Para vocês só agradecer o apoio não é suficiente... eu preciso agradecer o conforto, as risadas, as festas, a cantoria... vocês tornaram essa jornada menos penosa e mais divertida! À Camila e à Day, Tininas, companheiras de casa que dividiram comigo as assombrações do apartamento e da dissertação, os jantares que duravam até a madrugada, os conselhos de vida, as risadas por nada.... obrigada por tudo! À Ma por me brindar todo dia com sua doçura e sensibilidade, obrigada por me escutar, por me fazer rir, por me acompanhar nas loucuras, você é única! À minha querida amiga Carol, somos tão parecidas e tão diferentes ao mesmo tempo! Você é um grande apoio, me deu muita força em momentos difíceis, com a sua amizade descobri que tudo é mais fácil quando dividido! Não tenho dúvidas que sua amizade foi crucial para a conclusão desse trabalho! Espero um dia conseguir retribuir essa amizade.

Não posso esquecer as pessoas que integram a equipe de pesquisa do projeto interação universidade-empresa, que me ajudaram nesse processo de formação e que se tornaram colegas e amigos queridos. Começo agradecendo à equipe e orientandos do Prof. Suzigan: Estiva, Felipe, Monique, Murilo, Philipe, Renan e Sarah. Obrigada pela oportunidade de dividir meu trabalho e pelas valiosas discussões. Um agradecimento especial à Vanessa que ao ajudá-la a desenvolver o seu trabalho me alertou para questões importantes do meu, você é uma amiga muito querida! À Fátima pelo seu bom-humor e comentários certeiros e hilários! Sou grata à equipe de alunos da Engenharia de Produção da Poli-USP, coordenada pelos profs. João Furtado e Renato Garcia, por me receberem de braços abertos e serem sempre atenciosos comigo. À equipe do projeto nacional sobre interação universidade-empresa por acreditarem no meu trabalho e pelas descontrações nos nossos encontros.

Impossível deixar de mencionar a minha gratidão à Fundação Dom Cabral por apoiar meu mestrado e pela confiança no meu trabalho. Em especial agradeço à Rosiléia que me

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acompanha há quatro anos e que sempre mostra o quanto confia no meu trabalho! Rosi, sua confiança e seu apoio sempre foram essenciais para que eu acreditasse que estava no caminho certo. Sou grata por todas as oportunidades que me proporciona e espero corresponder às suas expectativas!

Reservo o final dos meus agradecimentos às pessoas especiais na minha formação! Ao meu orientador da monografia, Prof. Eduardo Albuquerque por me apresentar ao tema, por ter acreditado em mim desde o começo e por todos os ensinamentos ao longo desses anos.

A uma amiga muito querida que me inseriu nesse mundo louco da academia e que até hoje é uma grande parceira eu não tenho nem como agradecer. Marcinha querida, você já sabe que é um anjo em minha vida. A sua atenção, carinho e respeito me incentivam a buscar cada vez mais novos desafios e a confiar que esse caminho é o certo, e que um dia chegaremos lá! Obrigada por tudo, pela receptividade em sua casa, pelas conversas nos bares, pelos sermões nas apresentações, pela torcida nas conquistas. A minha admiração por você é muito maior do que imagina! Espero que continuemos sempre boas parceiras de trabalho e, mais do que isso, grandes amigas!

Em Campinas conheci três pessoas especiais que se mostraram ser muito mais que professores, mas pessoas generosas e atenciosas: João F., Renato G. e Prof. Suzigan! Como agradecer tudo o que fizeram por mim? Impossível!! Vocês me receberam em Campinas de braços abertos e sempre com muito carinho. Aprendi muito com cada um de vocês, e espero continuar aprendendo! Eu não posso retribuir de outro jeito senão expressando todo o meu carinho e minha admiração! Pra vocês muito mais que obrigada, um beijo enorme!

João, sempre com seu jeito carinhoso e atencioso de receber as pessoas, me mostrou que a vida acadêmica é muito mais que os livros e os dados. Você me ensinou que um profissional tem que estar em constante processo de renovação! Além de me agüentar nas reuniões em São Paulo também me aturou na sua casa e meus “surtos” na internet de madrugada! Obrigada pelo carinho, pela receptividade, pelos conselhos, pelos ensinamentos e pela generosidade!

Renato, esse tempo em Campinas não seria tão divertido se você não tivesse presente. Eu tenho muito que agradecer: pelo seu jeito leve de ensinar, pela animação constante, por me deixar compartilhar as aflições, pelos cafés, por me deixar chorar quando precisava, pelas brincadeiras, pelo apoio no meu trabalho, pelas caronas pra São Paulo e depois de volta pra

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Campinas, e, claro, por sempre me manter atualizada sobre o Brasileirão... Mas em especial por me mostrar que tudo tem sempre um lado cômico e que nada é tão grave quanto parece! A vida é muito mais fácil se for enfrentada de frente e com calma! Como eu teria ânimo pra continuar esse trabalho senão aprendesse a ver as situações difíceis de um jeito mais leve?? Eu já teria pirado! Então, eu gostaria de acrescentar mais um agradecimento... sou grata por não me deixar enlouquecer!!!

Prof. Suzigan, meu querido orientador, que me ajudou a construir este trabalho e agüentou muita choradeira e falatório por causa dele. Eu já te disse o quanto sou grata por toda a atenção e paciência para me ensinar e por sempre discutir meu trabalho. A sua dedicação como professor e orientador é admirável, prestou atenção em todos os detalhes e me guiou de perto ao longo de todo o caminho. Com essa atenção, você se mostrou mais do que orientador, mas um ponto de apoio importante. Prof., obrigada por me receber como orientanda e por dividir comigo uma parcela de todo o seu conhecimento. Tenho muito orgulho de ser orientada por você e por mais que eu tente, fale ou mostre, nunca será o suficiente pra mostrar toda a minha gratidão e todo o meu afeto. Obrigada, Prof.!

Agradeço aos professores Sérgio Queiroz, João Furtado e Marcelo Pinho pelas sugestões e observações no exame de qualificação e na banca de defesa que foram muito valiosas para a conclusão deste trabalho e para a minha formação como economista e pesquisadora.

Registro também a minha gratidão aos professores do DPCT por tudo o que aprendi, pelas aulas preciosas e pelos debates que me mostraram que a verdade nunca está apenas de um lado! Um abraço à secretaria da pós, Val, Ednalva, Aline e Gorete, vocês são como mães que nos cobram, mas ao mesmo tempo nos protegem e nos ajudam. Obrigada por tudo meninas!

Agradeço ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) por apoiar e financiar este trabalho!

A Deus eu agradeço a força e proteção necessária para passar por essa fase.

Desculpe se fui muito longa nos agradecimentos. Mas, como já disse, tenho o privilégio de estar cercada por pessoas especiais e atenciosas e poder contar com elas em todos os momentos da minha vida. Obrigada a todos que participaram direta ou indiretamente deste trabalho!!

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“Por vezes parece que as coisas serão assim: tu tens tal tarefa a cumprir, dispões de tantas forças quantas são

necessárias para levar a bom termo (nem muito, nem muito pouco, sem dúvida te é necessário concentrares-te,

mas não tens que estar ansioso), com bastante tempo teu e boa vontade para o trabalho, onde está o obstáculo ao êxito da imensa tarefa? Não percas tempo a procurá-lo,

talvez não exista”. Franz Kafka

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Sumário

INTRODUÇÃO ... 1

1 A IMPORTÂNCIA DA INTERAÇÃO UNIVERSIDADE- INDÚSTRIA NO PROCESSO INOVATIVO ... 7

1.1 A ascensão do papel da ciência no desenvolvimento de novas tecnologias e o Modelo Linear de Inovação (MLI) ... 8

1.2 O Modelo Interativo e o Sistema Nacional de Inovação ... 11

1.3 O Sistema Setorial de Inovação e a Interação Universidade-Indústria... 15

2 A IMPORTÂNCIA DA ESTRUTURA UNIVERSITÁRIA E DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA NO NSI... 21

2.1 O Papel das Universidades no desenvolvimento do NSI... 23

2.2 A Formação da Base Científica e das Universidades no Brasil ... 27

2.2.1 O início da atividade científica brasileira e a fundação dos primeiros institutos de pesquisa 29 2.2.2 O debate e a fundação da universidade moderna no Brasil ... 33

2.2.3 O impulso à atividade científica como meio de competitividade ... 37

2.2.4 A universidade e a produção científica no Brasil desde a década de 1990 até o período atual 46 3 O PAPEL DA BASE INDUSTRIAL NO NSI E A IMPORTÂNCIA DA GERAÇÃO DE TECNOLOGIAS NACIONAIS ... 55

3.1 O Papel da Empresa no desenvolvimento de um NSI ... 56

3.2 Constituição e Organização da Base Industrial Brasileira ... 61

3.2.1 A base industrial nascente entre meados do século XIX e início da década de 1930 64 3.2.2 O período de aceleração da industrialização – década de 1930 a 1979 ... 69 3.2.3 A crise econômica e o retrocesso no processo de industrialização na década de 1980

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3.2.4 A abertura econômica e reestruturação da base industrial – década de 1990 .. 83

4 O PANORAMA ATUAL DA INTERAÇÃO UNIVERSIDADE-INDÚSTRIA NO BRASIL... 89

4.1 A estrutura industrial e a importância da cooperação com as universidades para o processo inovativo - a partir dos dados da PINTEC ... 90

4.2 A estratégia de cooperação na visão das universidades a partir do Censo 2004 do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq. ... 104

4.2.1 Metodologia... 106

4.2.2 Características e localização dos grupos interativos... 112

4.2.3 Áreas do Conhecimento ... 116

4.2.4 Tipos de relacionamentos, áreas de conhecimento e setores de atividades ... 118

4.2.5 “Manchas” de Interação ... 121

CONCLUSÃO ... 131

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 139

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xv Lista de Gráficos

GRÁFICO 2.1 – Evolução da Matrícula nas Universidades – Brasil – 1980-1998 ... 47

GRÁFICO 2.2 – Número de cursos de pós-graduação, Brasil, 1996-2008... 48

GRÁFICO 4.1 – Participação no PIB (valor adicionado) a preços básicos por atividade, Brasil, 2006... 91

GRÁFICO 4.2 – Número de empresas da indústria de transformação que implementaram inovações e participação percentual, Brasil, períodos 1998-2000, 2001-2003, 2004-2005... 96

GRÁFICO 4.3 – Porcentagem de empresas que implementaram inovações segundo as 14 atividades com maior número relativo de empresas inovadoras, Brasil, 2003-2005 ... 97

GRÁFICO 4.4 – Número de empresas por grau de importância das atividades inovativas desenvolvidas, Brasil, período 2003-2005... 100

GRÁFICO 4.5 – Empresas que implementaram inovações com relações de cooperação com outras organizações, por grau de importância da parceria, Brasil, 2003-2005 ... 102

GRÁFICO 4.6 – Número de relacionamentos por Tipo, Brasil, Censo 2004 ... 119

Lista de Quadros QUADRO 3.1 – Principais setores industriais desenvolvidos no Brasil no período anterior e no posterior à Primeira Guerra Mundial... 69

QUADRO 3.2 – Principais etapas do processo de industrialização brasileiro ... 87

QUADRO 4.1 – Tipos de relacionamentos entre empresas e universidades de acordo com o CNPq ... 111

Lista de Tabelas TABELA 2.1 – Evolução das bolsas de estudo Capes – Brasil, 1995 a 2008... 50

TABELA 2.2 – Artigos publicados em periódicos científicos internacionais indexados no Institute for Scientific Information (ISI) e percentual em relação ao mundo – 1981-2007 ... 52

TABELA 3.1 – Estrutura industrial segundo categorias de uso – 1919-1939 ... 72

TABELA 3.2 – Brasil – Taxas anuais de crescimento da produção industrial, 1939-1945 ... 74

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TABELA 3.4 – Participação relativa dos gêneros da industria de transformação no valor da transformação industrial, 1919-1980... 80 TABELA 3.5 – Participação relativa dos gêneros da indústria de transformação no valor da transformação industrial, 1967, 1973, 1976, 1984, 1990 e 1992 ... 82 TABELA 4.1 – Estrutura do valor da transformação industrial das empresas industriais segundo o grau de atividades, Brasil, 1996, 2000 e 2006 ... 94 TABELA 4.2 – Numero de empresas que implementaram inovação por tipo, Brasil, períodos 1998-2000, 2001-2003, 2003-2005 ... 99 TABELA 4.3 – Número de grupos de pesquisa, relacionamentos e empresas interativas por Estado, Brasil, Censo 2004... 114 TABELA 4.4 – Número de grupos de pesquisa, relacionamentos e empresas nas 15 instituições mais interativas, Brasil, Censo 2004... 116 TABELA 4.5 – Número de grupos de pesquisa, relacionamentos e empresas por grande área do conhecimento, Brasil, Censo 2004 ... 117 TABELA 4.6 – Número de relacionamentos das 19 empresas mais interativas, Brasil, Censo 2004... 120 TABELA 4.7 – Área do Conhecimento e Setores de Atividade que apresentam relacionamentos mais freqüentes, Brasil, Censo 2004... 129

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Siglas

ABC – Academia Brasileira de Ciências ABE – Associação Brasileira de Educação

ANPEI – Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia de Empresas Inovadoras

BNDE – Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social C&T – Ciência e Tecnologia

C,T&I – Ciência, Tecnologia e Inovação

Capes – Comissão de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior CBPF – Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas

Cenpes – Centro de Pesquisa da Petrobrás CIS – Comunity Innovation Survey

CNAE – Classificação Nacional de Atividade Econômica CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica

CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico COPPE – Coordenadoria de Programas de Pós-Graduação em Engenharia CPqD – Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações CSN – Companhia Siderúrgica Nacional

CTA – Centro Tecnológico da Aeronáutica Embraer – Empresa Brasileira de Aeronáutica

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Esalq – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”

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xviii EUA – Estados Unidos da América

Finep – Financiadora de Estudos e Projetos

FNDCT – Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico FUNTEC – Fundo de Desenvolvimento Tecnológico

GIFAR – Grupo Interministerial para a Indústria Farmacêutica IAC – Instituto Agronômico de Campinas

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDE – Investimento Direto Estrangeiro

INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira INT – Instituto Nacional de Tecnologia

IPP – Institutos Públicos de Pesquisa IPT – Instituto de Pesquisa Tecnológicas ITA – Instituto Tecnológico da Aeronáutica MCT – Ministério da Ciência e Tecnologia MI – Modelo Interativo

MLI – Modelo Linear de Inovação NSI – Sistema Nacional de Inovação

OCDE – Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico ONG – Organização Não-Governamental

P&D – Pesquisa e Desenvolvimento

PBDCT – Plano Básico de Desenvolvimento Científico e Tecnológico PDP – Política de Desenvolvimento Produtivo

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xix PIB – Produto Interno Bruto

PICE – Política Industrial e de Comércio Exterior PINTEC – Pesquisa de Inovação Tecnológica

PITCE – Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior PND – Plano Nacional de Desenvolvimento

PPB – Processo Produtivo Básico PUC – Pontifícia Universidade Católica R&D – Research and Development

RAIS – Relação Anual de Informações Sociais

SBPC – Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência

SNDCT – Sistema Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico SSI – Sistema Setorial de Inovação

UB – Universidade do Brasil

UDF – Universidade do Distrito Federal

UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais UFPE – Universidade Federal de Pernambuco UFSCar – Universidade Federal de São Carlos UNB – Universidade de Brasília

Unesp – Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho Unicamp – Universidade Estadual de Campinas

USP – Universidade de São Paulo

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

Pós-Graduação em Política Científica e Tecnológica

O Panorama da Interação entre Universidades e a Indústria no Brasil

RESUMO

Dissertação de Mestrado

Hérica Morais Righi

Esta dissertação apresenta um panorama do padrão de interação universidade-indústria no Brasil a partir de dados do Diretório do CNPq, que representam a visão da universidade sobre o tema, e de dados da Pesquisa de Inovação Tecnológica do IBGE (Pintec), que mostram a percepção da indústria acerca da importância dos projetos cooperativos para o desenvolvimento de novos produtos e de novos processos. O objetivo deste estudo é entender quais os setores que mais utilizam as universidades na promoção de inovações e quais as áreas do conhecimento que contribuem de forma direta e ativa com a atividade inovativa industrial no Brasil. Além dos dados destacados acima, este trabalho também discute a importância da aproximação entre a esfera científica e a tecnológica para garantir um processo de desenvolvimento consistente e sustentado. E, considerando que a formação das instituições é um fator relevante e determinante para a constituição desse relacionamento, também será apresentado o histórico do cenário científico e industrial e assim mostrar que a fraca interação observada no país é em grande medida influenciada pela maneira como esses atores foram constituídos e consolidados. A partir de informações coletadas no Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq, foi possível elaborar uma matriz com a quantidade de grupos de pesquisa e empresas que se relacionam a partir das disciplinas acadêmicas e dos setores. Foram localizadas nessa matriz apenas 15 “manchas de interação”, isto é, 15 pontos em que o diálogo e o feedback entre universidade e indústria é relevante. Poucos são os pontos em que se observa o relacionamento universidade-indústria e raros os que ocorrem com maior intensidade. Dentre as “manchas” encontradas nesta dissertação foi descrita a ligação com o processo histórico de quatro casos. A partir desses casos descritos brevemente, é possível afirmar que as “manchas de interação” têm raízes no desenvolvimento pautado em incentivos cooperativos, políticas de desenvolvimento e consolidação setoriais, na presença de uma indústria nacional instigada a competir e exportar, na formação de setores intensivos em conhecimento e demandantes de tecnologia, no estímulo à produção científica via formação de novos pesquisadores, no financiamento à ciência e interesse da comunidade científica em contribuir com o plano de capacitação tecnológica desses setores. Por mais que o panorama apresentado reflita uma fragilidade no diálogo entre universidade e indústria, e que essa fraqueza influencie o processo inovativo, o cenário brasileiro ainda pode ser avaliado como otimista. Se for considerado o início recente da conscientização quanto à importância do processo inovativo como fonte de competitividade e desenvolvimento (década de 1990), o Brasil pode ser considerado um país em que o processo de busca pela produção de tecnologia está no início e apresenta uma evolução positiva.

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

Pós-Graduação em Política Científica e Tecnológica

O Panorama da Interação entre Universidades e a Indústria no Brasil

Abstract

Master´s Dissertation

Hérica Morais Righi

This dissertation presents the university-industry linkage panorama in Brazil, by CNPq’s Directory data, that represents a university’s overview, and Pintec´s data, that shows industry’s opinion of the importance of cooperative projects to develop new process and products. The focus of this study is to understand which sectors use more universities to develop innovations and which science fields contribute directly with innovative active in Brazil. This work also discusses the relationship between science and technology importance to assurance a development process coherent and sustainable. Considering that institutions’ construction are significant elements and determines the building of this relationship, it also presents an historical overview of scientific and industrial building and then shows that weak university-industry linkages detected is influenced by how those actors were built up and consolidated. Using information collected on CNPq’s Directory it could be elaborated a matrix that show the number of research groups and firms that interact dividing by science fields and industrial sectors. To Brazil were founded 15 “spots of interactions” where it is relevant the dialogue and feedback between universities and industry. There are few points where there is university-industry relationship and rare of them are intense. Among the “spots” founded in this dissertation it was described briefly four cases and their linkage to their histories’ constitution. From these cases described in a few words, it can be said that the "spots of interaction" have roots in the development based on incentives for cooperation, development and sectorial consolidation policy, existence of a domestic industry instigated to compete and export, constitution of knowledge-based and technological sectors, support to scientific production by stimulating the formation of new researchers, funding for science and scientific community concern to contribute to technological capabilities of those industries. Even though the picture presented reflects a weakness in the university-industry linkages, and this weakness influences innovative process, the Brazilian scenario can still be estimated as optimistic. If considered the beginning of the recent concern about the importance of innovative process as a source of competitiveness and development (the 1990s), Brazil can be considered a country where the owned technology production is in its beginning and provides a positive progress.

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INTRODUÇÃO

Esta dissertação apresenta um panorama do padrão de interação universidade-indústria no Brasil a partir de dados do Censo 2004 do Diretório do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que apresentam os tipos de relacionamentos dos grupos de pesquisa com a indústria a partir de informações declaradas pelos líderes dos grupos, e de dados extraídos da Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostram o número de empresas industriais que desenvolveram inovações a partir de projetos em cooperação com universidades. O objetivo deste estudo é entender quais os setores que mais utilizam as universidades e quais as áreas do conhecimento que contribuem de forma direta e ativa com a atividade inovativa industrial no Brasil1. Além dos dados destacados acima, este trabalho também discute a importância da aproximação entre a esfera científica e a tecnológica para garantir um processo de desenvolvimento consistente e sustentado. E, considerando que a formação das instituições é um fator relevante e determinante para a constituição desse relacionamento, também será apresentado brevemente o histórico geral do cenário científico e industrial dado que a fraca interação observada no país pode ser em grande medida atribuída à maneira como esses atores foram constituídos e consolidados.

Desde a segunda metade do século XIX observou-se um estreitamento do relacionamento entre ciência e tecnologia. Essa aproximação é evidenciada principalmente depois da reestruturação das universidades, iniciada na Alemanha, que passaram a realizar atividades de pesquisa em conjunto com seu papel tradicional de formação e treinamento de mão-de-obra. Apesar de contribuírem anteriormente com problemas práticos às indústrias (solução de problemas imediatos), as universidades, a partir do final do século XIX, passam a exercer papel mais ativo na atividade inovativa ao fornecer conhecimento científico que serve de base para o desenvolvimento de novas tecnologias e de novos produtos e processos na indústria.

Observa-se ainda nesse período, a constituição de laboratórios de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) nas empresas químicas alemãs, dado que o progresso técnico estava cada vez mais ligado

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No entanto, ressalta-se que os dados utilizados para a elaboração desta dissertação não permitem avaliar o tipo de relacionamento existente entre as universidades e a indústria.

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ao avanço de áreas como a física e química, especialmente a partir da II Revolução Industrial2. Dentro do processo inovativo, as empresas, com destaque para a indústria de transformação, possuem o papel de produtoras de tecnologia, dado que é através desse processo que elas buscam aumentar a sua competitividade frente ao dinamismo do mercado. Desde a II Revolução Industrial o segredo do sucesso e da longevidade de uma empresa está parcialmente ligado à sua capacidade de se renovar frente aos desafios impostos pelos competidores e pelas mudanças das preferências dos consumidores. Com base nessas considerações é possível afirmar que o desenvolvimento da indústria está fortemente ligado à sua capacidade de acompanhar e contribuir para o avanço da tecnologia. Schumpeter (1982) demonstra a importância da inovação no estabelecimento de uma nova realidade a partir de uma ruptura no padrão existente, não apenas na economia como também na sociedade em geral.

A inovação configura-se para a indústria como uma ferramenta crucial na busca por melhores condições competitivas, através da redução de custos, criação de novos produtos, surgimento de um novo processo de produção, ou outros fatores. Em um contexto em que o dinamismo do mercado exige uma renovação constante das empresas, o conhecimento exerce papel incisivo no desenvolvimento econômico. O investimento em produção e absorção de conhecimento torna-se determinante para o crescimento da indústria, não apenas por auxiliar na produção direta de inovações tecnológicas, como também por desenvolver a competência interna para que a empresa consiga absorver e aplicar o conhecimento gerado extramuros (universidades, laboratórios de pesquisa e outras empresas, por exemplo).

Entretanto deve-se ser prudente ao entender a atividade inovativa como sendo resultado de um processo linear. O conhecimento, em especial o científico, é a base da inovação tecnológica, mas muitas vezes ele pode ser criado a partir de uma tecnologia. Deste modo, ao contrário do conceito que emerge com a Segunda Guerra Mundial (modelo linear de inovação), a atividade inovativa não é linear e não obedece a uma ordem de etapas. Na verdade, a ordem entre a produção de conhecimento científico e de tecnologia não é determinada, pois um suscita questões e desafios para o outro.

2 Mowery e Rosenberg (2005) afirmam que a relação entre a expansão do conhecimento científico e a aplicação

desse conhecimento no progresso técnico foi estreitada a partir do avanço da química e da física observado em meados do século XIX.

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É fato que uma inovação não emerge a partir do esforço de um único agente. A atividade inovativa é resultado de um processo que envolve vários atores, sejam eles de ordem nacional ou setorial. A abordagem do “Sistema Nacional de Inovação” (NSI) apresenta a importância da interação entre instituições partícipes do processo inovativo. Essa abordagem ressalta que a interação entre diferentes atores da economia influencia a criação e difusão de novas tecnologias, que por sua vez impulsionam o progresso tecnológico de um país. Nesse escopo, a fragilidade das conexões entre instituições e empresas dos países em desenvolvimento, como observado no Brasil, prejudica a consolidação do NSI e por conseqüência compromete seu desenvolvimento econômico e social.

De modo complementar, estudos empíricos mostram que entender apenas a infra-estrutura cientifica e tecnológica de um país não é suficiente para entender como ocorre o processo inovativo com um todo, pois ele também é específico a cada setor. Ao apresentar o conceito de Sistema Setorial de Inovação (SSI), Malerba (2005) mostra que a dinâmica inovativa de um setor é fruto de um processo co-evolucionário, influenciado por três elementos básicos: base de conhecimento e de tecnologia, atores e instituições. Assim, não apenas o histórico das instituições e o arcabouço de políticas de incentivo científico e tecnológico nacionais devem ser entendidos, como também é importante destacar as particularidades dos setores que operam na economia, assim como especificidades do surgimento do setor no país, a origem do capital das empresas envolvidas nesse setor, bem como o tipo de conhecimento e de tecnologia utilizado nesse setor.

Essa interação entre instituições em grande parte é resultado do desenho traçado na história do país, ou seja, dos processos que determinaram a formação de suas instituições. Portanto, ao analisar o contexto atual é preciso levar em consideração esse histórico e entender de que forma ele afeta a realidade atual. Países em que há forte interação entre universidades e a indústria, em sua maioria, são marcados por instituições originalmente voltadas para a cooperação com o setor industrial para a solução de problemas e apoio na geração de novas tecnologias. Enquanto em países em que os laços entre as duas esferas são frágeis apresentam a origem de universidades pouco voltadas para as questões industriais e mais preocupadas com problemas da sociedade em geral ou em entender o conhecimento produzido externamente.

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Um país em que se observa um relacionamento universidade-indústria robusto são os Estados Unidos. Nesse país observa-se uma cumplicidade entre a esfera científica e a tecnológica. Ao apresentar a formação das universidades nos Estados Unidos, Mowery et al. (2004) destacam que desde sua origem elas eram responsáveis pelo financiamento de suas atividades, ainda que tivessem suporte do governo federal. Os autores destacam que como resultado observa-se ao longo do século XX grande autonomia das universidades americanas na sua administração. Mowery et al. (2004) destacam que nos Estados Unidos grande parte das universidades desde o início priorizavam em suas atividades a economia local e procuravam atender a necessidade do seu entorno, sendo de utilidade prática e direta para o meio em que estava inserida. Assim, a indústria norte-americana encontra nas universidades um suporte científico estável para suas atividades de produção e tecnologia e assegura assim a sua competitividade.

O Brasil, ao contrário dos Estados Unidos, apresenta um vínculo fraco entre as universidades e a indústria, como mostra o Censo 2004 do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq. Essa fragilidade reflete-se no baixo desempenho da atividade inovativa, como mostrado na Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec) do IBGE. É possível explicar esse desempenho a partir do histórico da criação dessas instituições no Brasil. As universidades, criadas tardiamente, sempre tiveram como foco principal de pesquisa o entendimento do conhecimento já produzido em grandes centros, ainda que algumas linhas de pesquisa busquem avançar na fronteira do conhecimento. Nota-se também que parte das pesquisas realizadas no Brasil ainda não possui ainda como prioridade a busca de soluções de problemas apresentados pela indústria. A indústria brasileira, por sua vez, durante grande parte de sua história se encontrava em uma situação cômoda em que a competição com a indústria mais avançada de outros países não era prioridade em sua agenda. Ela estava instalada em um mercado protegido e seu atraso tecnológico não permitia sequer pensar em expandir seu mercado para outros países. Assim, mostra-se que as universidades e a indústria surgiram no Brasil paralelamente e sem objetivos e interesses em convergentes. Essa questão ajuda a entender e justificar a dificuldade em se estabelecer um diálogo entre essas instituições, mas, principalmente mostra a importância de mudar essa questão.

Assim, como exposto anteriormente o objetivo desse trabalho é entender de que forma esse diálogo ocorre atualmente e investigar as razões que justificam sua fragilidade. A partir de dados

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5

do Censo 20043 do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq, é possível identificar os grupos

de pesquisa no Brasil (a partir da declaração dos líderes) que interagem com empresas. De dois em dois anos o diretório realiza um censo, como uma espécie de fotografia, que mostra as atividades dos grupos de pesquisa. Assim, a partir da visão da universidade, é possível traçar um panorama da interação entre universidades e empresas no país. A partir das características dos setores industriais fornecidas por outras bases de dados, como a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) e a Pesquisa Industrial Anual (PIA), o diretório esclarece se a interação com as universidades impulsiona a produtividade e competitividade da indústria nacional. Outra fonte de dados utilizada é a PINTEC realizada pelo IBGE a cada três anos. Essa pesquisa é respondida pelas empresas, e assim apresenta a participação direta das universidades na atividade inovativa das empresas e se a interação com essas instituições é relevante para o seu desenvolvimento. Mas esses dados devem ser interpretados à luz do histórico das instituições brasileiras. Portanto, uma descrição de como surgiram as universidades e de que modo a indústria se estabeleceu no Brasil é necessária para interpretar as informações fornecidas por essas bases e auxilia na descrição do panorama da interação entre esses agentes.

Esta dissertação se propõe a apresentar esse panorama e para tanto está dividida em quatro capítulos além desta introdução e da conclusão. O primeiro capítulo aborda o referencial teórico sobre a importância da inovação no desenvolvimento e da interação universidade-indústria nesse processo. O capítulo também trata de que forma que a interação entre eles influencia no processo inovativo e o reflexo observado no estágio de desenvolvimento dos países e setores. O segundo capítulo apresenta o papel da universidade no processo inovativo e de que modo a origem das universidades modernas influenciou o desenvolvimento de países como a Alemanha e os Estados Unidos. A segunda seção apresenta a constituição da base científica brasileira e elucida a sua formação independente e distante das empresas no Brasil. O terceiro capítulo, por sua vez, faz um paralelo com o capítulo anterior e mostra o papel da indústria no progresso técnico de países

3 É importante destacar que o Censo 2006 e o Censo 2008 já foram realizados pelo Diretório dos Grupos de Pesquisa

do CNPq, mas os Censos não estavam disponíveis na constituição dessa base de dados. O Censo 2006 foi

disponibilizado no site do CNPq (www.cnpq.br) em janeiro de 2008, mas em seguida os dados ficaram inacessíveis por problemas não esclarecidos pela instituição. Esses dados foram trabalhados no período de janeiro a julho de 2007, e até o mês de julho de 2008 os dados dos grupos interativos do Censo 2006 do Diretório dos Grupos de Pesquisa não foram disponibilizados novamente no Diretório. O Censo 2008, por sua vez, foi disponibilizado em julho de 2009. Devido a essas questões, optei por utilizar o Censo 2004 nesse estudo, apesar de estar ciente da existência de dados atualizados.

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como a Coréia do Sul, Alemanha e o Japão e como surgiu e se consolidou a base industrial nacional evidenciando o seu baixo interesse em promover atividades inovativas e em aumentar a sua competitividade com o setor externo dado a sua história protecionista. O quarto capítulo apresenta os dados de inovação e interação no Brasil a partir das perspectivas da universidade e das empresas industriais. A partir dos dados foi possível traçar uma matriz que destaca os setores e as disciplinas acadêmicas que apresentam um relacionamento mais intenso.

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7

1 A IMPORTÂNCIA DA INTERAÇÃO UNIVERSIDADE- INDÚSTRIA NO

PROCESSO INOVATIVO

Considerando a importância da universidade na produção de novos conhecimentos e da empresa no desenvolvimento de novas tecnologias, este capítulo tem como objetivo relatar de que maneira a interação entre universidade e indústria contribui para o funcionamento do processo de desenvolvimento econômico e de que maneira o ambiente institucional e as especificidades dos setores influenciam nesse relacionamento.

O debate sobre o papel da interação entre indústria e universidade é intenso e passa pelo entendimento do papel da ciência e da tecnologia no processo inovativo. Dentre as abordagens que trabalham essa questão podem ser citadas duas: o Modelo Linear de Inovação (MLI) e a abordagem do Sistema Nacional de Inovação (NSI). Ainda que essas linhas de pensamento enfatizem a importância da atividade inovativa para o desenvolvimento de economias, elas enxergam o processo e a participação dos atores de maneira distinta. A primeira apresenta uma ordem cronológica e seqüencial do processo inovativo, que se inicia na produção de conhecimento científico, passa para o desenvolvimento do conhecimento aplicado em torno do conceito inicial e a empresa então, a partir da internalização desse conhecimento, desenvolve produtos e tecnologias que são repassados ao mercado.

No entanto, a partir da análise do desenvolvimento de tecnologias e conhecimentos científicos, como o avião e a microbiologia, nota-se que muitas vezes, pode-se considerar até mesmo que na maioria dos casos, essa seqüência não é verdadeira dado que a tecnologia pode preceder ou mesmo viabilizar o desenvolvimento do conhecimento científico e não apenas na ordem inversa. Dessa maneira, surge o modelo interativo como crítica ao primeiro modelo e com o intuito de explicar de que maneira são produzidos novos conhecimentos e novas tecnologias. Dentro do Modelo Interativo (MI), o NSI ressalta que o processo inovativo é baseado em retroalimentação de informações e questionamentos entre as diferentes etapas.

Assim, para analisar o processo de interação universidade-indústria e a influência desse relacionamento na atividade inovativa de um país, é importante entender de que maneira esses elementos se organizam, como eles contribuem para o desenvolvimento dessa atividade e em qual contexto essa relação está inserida. Mas, entender o ambiente institucional de um país não é

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8

suficiente, dado que questões específicas a cada setor como o tipo de conhecimento e tecnologia utilizada, os atores envolvidos no processo inovativo e as instituições de apoio para o desenvolvimento desses setores influenciam em grande medida esse relacionamento, como abordado na literatura sobre Sistema Setorial de Inovação.

Deste modo, com o intuito de apresentar e discutir os elementos que influenciam a interação universidade-indústria, o capítulo está dividido em três seções. A primeira apresenta um breve histórico de como a ciência passou a interagir com a tecnologia e de que maneira as universidades se tornaram importantes agentes nesse processo. Essa seção também apresenta a emergência do MLI e as críticas existentes ao modelo. Com base nos argumentos apresentados na primeira seção, a segunda apresenta a abordagem do NSI e a importância da interação universidade-indústria dentro desse sistema. A terceira seção, por fim, destaca os elementos que diferenciam o desenvolvimento dos setores e como essas questões influenciam no relacionamento com a universidade.

1.1

A ascensão do papel da ciência no desenvolvimento de novas tecnologias e o Modelo Linear de Inovação (MLI)

Como já destacado na introdução deste estudo, a partir de meados do século XIX é possível observar uma conexão maior entre ciência e tecnologia. Nesse período, surge uma série de novidades como energia, motores elétricos, química orgânica, sintéticos, motor de combustão interna, indústria de precisão dentre outras. Essas novidades, que emergiram com a II Revolução Industrial, fizeram com que a economia e o setor industrial retomassem o fôlego do crescimento. Assim como exposto em Schumpeter (1982), essas novidades trazem à economia novos elementos que a impulsionaram para um estágio mais avançado que o anterior. Essa explosão de novos conhecimentos e novas tecnologias, observada na II Revolução Industrial, é marcada pela transformação da ciência em capital (Braverman, 1980).

Apesar de já existir uma relação entre ciência e tecnologia anterior a esse período, a ciência passa a exercer um papel mais ativo na construção de novas soluções para a indústria (Landes, 1969). A partir de 1850, a aplicação da ciência às práticas industriais cresceu mais rapidamente do que o desenvolvimento da atividade científica em si. Parte dessa mudança e do aumento dessa demanda está ligada também à constituição dos laboratórios de P&D internos à indústria, que teve origem

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9

na Alemanha na década de 18704. A partir do século XX, essa prática se difunde também nos EUA e a atividade de pesquisa começa a ter maior importância para a indústria, que passa então por um processo de “revolução da investigação” (Freeman, 1974). Porém, a atividade de P&D na indústria não significa a substituição dos contratos com laboratórios de pesquisa independentes, que se mantiveram de maneira complementar. Os laboratórios internos tinham como função o monitoramento do conhecimento e absorção de tecnologias e conhecimentos produzidos extramuros. A emergência de atividades de P&D interna à empresa representa uma alteração na estrutura, na organização e nos papéis das instituições inseridas no processo de inovação (Mowery; Rosenberg, 2005).

Para ilustrar a importância da atividade de P&D, o crescente papel do conhecimento científico no desenvolvimento de novas tecnologias (até mesmo de novos setores industriais) e a importância da aproximação entre ciência e tecnologia nesse período, Noble (1982) mostra que o avanço da indústria química e elétrica só foi possível devido a avanços do conhecimento básico (comportamento dos átomos, moléculas, gases, magnetismo, dentre outros), em especial da química e da física.

No entanto, ainda que a ciência já ocupasse importante papel na atividade industrial desde a II Revolução Industrial, ela passa a integrar a agenda de políticas governamentais apenas no período pós-guerra. A partir do Projeto Manhattan5, o apoio à atividade científica foi visto pelo Estado como estratégico para o desenvolvimento de países (Price, 1986)6. O sucesso obtido durante a II Guerra Mundial fez com que o setor público passasse a aportar mais recursos para a

atividade de pesquisa7, tendo como um dos objetivos o avanço da indústria e o aumento de sua

4 Os laboratórios de P&D industriais tiveram origem na Alemanha nos anos de 1870 no setor de produtos químicos e

a partir do século XX observou-se o surgimento de laboratórios de pesquisa industriais nos EUA nas indústrias química e de equipamentos elétricos (Mowery; Rosenberg, 2005).

5 Projeto responsável pela construção da bomba atômica que foi realizado no final da II Guerra Mundial por

cientistas norte-americanos. Para a realização desse projeto o exército americano contratou os melhores cientistas disponíveis na área, coordenados pelo Dr. Oppenheimer. Eles ficaram confinados em um campo militar (Los Alamos) por 19 meses discutindo e procurando a aplicação dos conceitos que eles haviam estudado e desenvolvido, e, enfim, construíram uma bomba atômica que confirmou a soberania do país e foi usada para intimidar seus inimigos.

6

Com a realização do Projeto Manhattan é inaugurada uma nova fase da ciência, a era da Big Science. Kinsella (1996) afirma que o conceito de Big Science evidencia a importância da relação entre pesquisa básica e aplicada e entre ciência e tecnologia. Price (1986) destaca que uma das características dessa época é o volume de recursos aportados nos projetos de pesquisa, especialmente militares.

7

Esse aumento do financiamento foi justificado pelo documento elaborado por Vannevar Bush, a pedido do presidente Roosevelt, o relatório “Science, the Endless Frontier”.

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10

competitividade, bem como o avanço do conhecimento científico nos Estados Unidos. “O Projeto Manhattan (...) foi um marco nesse processo de tomada de consciência do novo papel do Estado no campo científico”, em especial do papel da pesquisa militar8 (Furtado, 2005, p. 42).

A partir dessa nova conjuntura, que desponta a partir do entrelaçamento entre ciência e tecnologia, surgimento de laboratórios de P&D na indústria e políticas voltadas para o fomento de atividades de pesquisa, emerge um novo conceito do processo de inovação tecnológica que ressalta o papel da ciência, o MLI. O MLI é conseqüência da maneira com que a atividade científica é tratada a partir da Segunda Guerra, como um estágio anterior obrigatório para o progresso tecnológico. Nessa abordagem o processo inovativo inicia-se com a pesquisa básica, segue para a pesquisa aplicada, desenvolvimento, inovação e difusão. Nesse modelo, o processo é visto como um fluxo de uma via, isto é, não há feedback entre as distintas fases (Kline; Rosenberg,1986).

Nesse sentido, a pesquisa pública (em especial realizadas nas universidades e nos institutos de pesquisa) recebe investimento (público ou privado) e se desenvolve independentemente de outros fatores (como a tecnologia, por exemplo). A tecnologia torna-se resultado (e apenas um resultado) dos “achados” da pesquisa básica (Cohen et al., 2002). Nesse sentido, a ciência funciona como se fosse uma máquina de produção em que ela é o insumo e as novas tecnologias o produto, isto é, a inovação tecnológica seria o resultado de um longo caminho – separado cronologicamente – que se inicia na pesquisa básica e termina com a difusão da tecnologia desenvolvida.

Entretanto, sabe-se que o desenvolvimento de novas tecnologias não obedece necessariamente essa ordem cronológica e “separada”, em que o conhecimento científico gera a tecnologia (em uma via de mão única). O desenvolvimento alcançado na II Revolução Industrial é um exemplo, como colocado acima, pois as novas tecnologias demandavam e serviam de base para novos

8 Mowery e Rosenberg (2005) apontam que, paradoxalmente, o Projeto Manhattan mostrou que a ciência

desempenha importante função no desenvolvimento e bem-estar da sociedade, apesar de ser destinado à construção de uma arma de destruição em massa. A mobilização de cientistas e engenheiros acadêmicos e do setor produtivo resultou no avanço e em novas descobertas no setor militar e em setores civis como o avanço observado na eletrônica (Rosenberg; Nelson, 2006 ). Nelson (2006a, p. 132) afirma que “constatou-se, após a Segunda Guerra Mundial, que ambos esses aspectos dos programas de P&D militares – o aspecto do amplo apoio à pesquisa e o aspecto particular relativo ao desenvolvimento vinculado às compras – deram origem a várias tecnologias, computadores eletrônicos e aviões a jato”.

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11

conhecimentos. Dosi et al. (2006), ao discutir o conceito “Stanford-Yale-Sussex (SYS) synthesis”9, mostram que a relação entre ciência e tecnologia não obedece a uma trajetória linear, mas apresenta uma trajetória bidirecional. A falta de feedback entre as diferentes fases do processo compromete o MLI, dado que “feedbacks are an inherent part of development (…) shortcomings and failures are part of the learning process that creates innovation of every kind” (Kline; Rosenberg, 1986, p. 286).

Ao argumentar que a relação entre ciência e tecnologia não obedece a uma trajetória linear, Dosi et al. (2006) apresentam três circunstâncias em que a ciência não é precursora da tecnologia. A primeira delas ocorre quando o desenvolvimento da tecnologia precede a explicação científica para seu funcionamento. Como exemplo dessa questão os autores utilizam o desenvolvimento das propriedades aerodinâmicas, que ocorreu posteriormente à invenção do avião. A segunda circunstância apresentada pelos autores ocorre quando uma nova tecnologia (principalmente novos instrumentos) viabiliza o avanço da ciência, como o microscópio, por exemplo. E, por último, Dosi et al. (2006) citam a complementaridade entre ciência e tecnologia a qual diferencia-se de acordo com os diferencia-setores de aplicação. Por exemplo, no diferencia-setor farmacêutico existe uma complementaridade maior do que na têxtil, por exemplo.

As correntes de pensamento que criticam a linearidade do processo inovativo, embasam seu argumento mostrando que as fases do processo inovativo são caracterizadas pela retro-alimentação, e essa interatividade é importante dado que tanto a ciência quanto a tecnologia suscitam questões que impulsionam a criação de novos conhecimentos em ambas as esferas. Dentre essas escolas de pensamento destaca-se o Sistema Nacional de Inovação da escola evolucionista, cuja idéia central é que a interação entre os atores partícipes da infra-estrutura científica e tecnológica de um país é a grande propulsora do desenvolvimento tecnológico e econômico.

1.2

O Modelo Interativo e o Sistema Nacional de Inovação

O Modelo Linear de Inovação apresentado na seção anterior, não caracteriza o processo inovativo de forma fiel, dado que não se pode presumir que existe um caminho único ou mesmo um

9

SYS syntheses é a idéia de que o fluxo de conhecimento é bidirecional, isto é, a ciência e a tecnologia são complementares e importantes no desenvolvimento da economia.

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caminho certo que guie essa atividade. Na verdade, ele reflete apenas um caminho percorrido (Cohen et al., 2002). Entretanto, ao longo do percurso observado no processo inovativo, é possível observar feedbacks entre as diferentes fases desse processo e ele pode se iniciar em qualquer fase, e não necessariamente apenas na pesquisa básica. Com o intuito de explicar de maneira mais “realista” o processo inovativo, surge o Modelo Interativo (MI) em que o processo inicia-se em qualquer fase e há sempre um feedback entre elas.

O MI, portanto, é caracterizado por relacionamentos de trocas bidirecionais entre as etapas do processo, em que a pesquisa básica pode tanto liderar o processo de desenvolvimento como também pode solucionar problemas advindos de uma tecnologia desenvolvida a priori, conforme exemplificado na seção anterior (Cohen et al., 2002). Considerando a importância da troca bidirecional de informação e conhecimento na atividade inovativa, a abordagem do MI destaca a interação entre os atores nesse processo. Dentro desse modelo, o Sistema Nacional de Inovação (NSI) emerge como uma abordagem em que a interação entre os agentes inseridos no processo inovativo é crucial e evidencia a retroalimentação existente entre as diferentes etapas do processo10.

A abordagem do NSI11 evidencia a importância da interação entre os atores e do papel de cada um deles. Ela procura explicar de que maneira o arranjo institucional influencia o progresso tecnológico de um país e assim as diferenças de crescimento entre um país e outro. Os NSIs fundamentam-se na idéia de que muitos dos fatores que influenciam as atividades de inovação são internos aos países, tais como fatores institucionais, cultura e valores. Lundvall et al. (2002) afirmam que essa abordagem surge com a necessidade dos formuladores de política e teóricos da inovação em explicar as diferenças nas taxas de crescimento dos países, principalmente dos

10 Dentro do modelo interativo também se encaixa a abordagem da Hélice Tripla, liderada por Etzkowitz e

Leydesdorff . Nessa perspectiva, as instituições gradualmente assumem o papel umas das outras à medida que interagem entre si (Etzkowitz, 2003). “There is a new balance between structural integration and functional

differentiation in which university, industry and government are relatively autonomous but overlapping, with each taking the role of the other” (Etzkowitz, 2002, p. 8). Apesar de entender a importância desse modelo para explicar o

desenvolvimento tecnológico de um país, neste estudo, a interação universidade-indústria será explicada a partir do Sistema Nacional de Inovação. Sobre o debate acerca do Sistema Nacional de Inovação e do modelo da Hélice Tripla, consulte Leydesdorff e Etzkowitz (1998) e Nelson (1993).

11 A discussão sobre Sistema Nacional de Inovação teve início em 1982 com o texto de Christopher Freeman

preparado para o Grupo de Ciência, Tecnologia e Competitividade da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

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13

países desenvolvidos12. Para o autor, essa diferença poderia ser explicada pela divergência no sistema de pesquisa de cada país.

O sistema de pesquisa não é o único fator que diferencia a taxa de crescimento entre os países, mas também a constituição da base e da infra-estrutura científica e tecnológica como um todo. Elementos como a organização da base industrial está organizada, o tipo de conhecimento científico produzido no país, os incentivos e os tipos de apoio e financiamento são exemplos de fatores que influenciam a atividade tecnológica de um país e contribuem, então, para a diferenciação na taxa de crescimento entre eles. Pesquisas recentes identificaram dois componentes críticos ligados à atividade de geração de conhecimento que são responsáveis pela diferença na taxa de crescimento dos países: educação e treinamento, e P&D industrial (Patel; Pavitt, 1998). Nelson (2006b) acrescenta que a diferença entre os países também pode ser explicada pelas condições macroeconômicas (como políticas de incentivos industriais). Portanto, para entender as razões que levam à diferença na taxa de crescimento entre países é necessário compreender o contexto em que se desenvolvem as instituições de um país, suas particularidades e a estrutura nacional (organização das instituições, a infra-estrutura disponível, o papel que o governo, empresas e universidades exercem no processo inovativo, etc.).

Para entender o que traduz a idéia de “Sistema Nacional de Inovação” é necessário entender o significado de cada palavra. Assim, os autores explicam que “sistema” diz respeito a um conjunto de atores e/ou instituições cuja interação determina o desempenho inovativo de um país, em especial, o das empresas nacionais. A palavra “nacional” refere-se ao sistema de instituições de um país que apóiam e incentivam a inovação tecnológica. E, por fim, “inovação” representa a influência das capacidades tecnológicas nacionais na criação, difusão e implantação de novos processos ou produtos (Nelson; Rosenberg, 1993).

Sendo assim, no NSI observa-se a conexão entre diversos atores – como governo, empresas, universidades, institutos de pesquisa, agentes financiadores, dentre outros – buscando criar a partir de instituições nacionais um ambiente favorável para o desenvolvimento de novas

12

Apesar de ser um conceito desenvolvido para entender o processo de desenvolvimento tecnológico dos países ricos, Lundvall et al. (2002) observam que ele tem sido aplicado em países da América Latina, África e Ásia.

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tecnologias e novos conhecimentos13. Deste modo, considerando que um sistema é composto de

elementos e do relacionamento existente entre os envolvidos (Lundvall, 1992), pode-se caracterizar o Sistema Nacional de Inovação como um arranjo institucional que envolve atores da economia e da sociedade, cujo relacionamento estimula a criação, difusão e avanço de inovações tecnológicas (Lundvall, 1992; Nelson, 1993; Freeman, 1995; Mowery; Rosenberg, 2005). Nelson (2004) complementa essa idéia ao afirmar que o avanço tecnológico é resultado do trabalho de diversos inventores e “developers” e ainda destaca que é um processo coletivo, cultural e evolutivo que não pode ser realizado individualmente. Assim, é importante que as instituições estejam ligadas umas às outras para que o NSI possa operar como um sistema legítimo. Nesse modelo cada instituição possui um papel no desenvolvimento tecnológico e é a união desse esforço que gera novos conhecimentos e novas tecnologias.

A abordagem do NSI preocupa-se com os fatores que influenciam as aptidões tecnológicas nacionais (Nelson, 2006b). Nessa perspectiva, as empresas são o centro do processo inovativo e as outras instituições configuram-se como um suporte desse processo. Dentro dessa rede de apoio à atividade tecnológica destacam-se instituições como: a universidade, ao prover conhecimento e recursos humanos qualificados; o governo, com a promoção de políticas de incentivo e financiamento à atividade científica; o sistema financeiro, com o financiamento das atividades inovativas; e os institutos de pesquisa, com o apoio ao desenvolvimento de novas tecnologias. Dentre as possíveis ligações de um NSI, destaca-se a conexão entre as universidades e a indústria como importante interação para o progresso tecnológico, dado que as universidades produzem o conhecimento científico que dá suporte à atividade inovativa tecnológica realizada na indústria e o progresso técnico é cada vez mais dependente do avanço do conhecimento científico (Klevorick et al. 1995, Cohen et al., 2002), sendo esse o foco desta dissertação.

A literatura especializada mostra que a interação universidade-indústria tem aumentado ao longo do tempo, visto que cada vez mais os laboratórios industriais de P&D utilizam os laboratórios públicos e das universidades (Rees; Debbage, 1992). Entretanto, considerar que as instituições

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Lundvall et al. (2002) mostram que depois do surgimento do conceito de NSI emergiram três novos conceitos que focam a importância de sistemas de inovação em outros níveis de análise: Sistemas Regionais de Inovação, Sistemas Tecnológicos, e Sistemas Setoriais de Inovação. Os autores (p. 215) mostram que “sometimes these concepts have

been presented or interpreted as alternatives to the national system, if not most, interesting interactions in the context of modern innovation tend to cross national borders and that there is no a priori reason why the national level should be taken as a given for the analysis”.

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diferem quanto à sua cultura e aos seus objetivos é importante ao analisar esse relacionamento (Meyer-Khramer; Schmoch, 1998; Rees; Debbage, 1992; Mowery; Sampat, 2005). Na universidade, os pesquisadores estão preocupados em avançar e desenvolver novos conhecimentos científicos, publicar os resultados encontrados e obter o reconhecimento da comunidade científica a partir dos resultados obtidos na pesquisa. As empresas industriais, por sua vez, prezam na maioria das vezes pelo segredo industrial ou pelo patenteamento de novas tecnologias que asseguram a sua competitividade.

Contudo, não é apenas uma forte ligação entre as universidades e a indústria que determina o estágio de desenvolvimento e a competitividade de um país, pois a interação entre universidades e a indústria é também específica a cada setor, e essas especificidades setoriais devem ser levadas em consideração ao analisar o relacionamento entre esses agentes (Mowery; Sampat, 2005). Considerando essas diferenças, é possível entender o porquê alguns setores são mais interativos que outros, a intensidade da tecnologia produzida na região e a densidade dos fluxos de conhecimento entre as universidades e as empresas industriais.

Nesse ponto emerge de maneira complementar à idéia do NSI o conceito de Sistema Setorial de Inovação (SSI) que transpassa as fronteiras nacionais e evidencia que o movimento da estrutura setorial é influenciado pela base de conhecimento, tecnologia, atores e instituições (entrada e saída de empresas), como um processo co-evolucionário. Essa abordagem ressalta que a alteração da estrutura setorial pode estimular, ou até mesmo inibir, o desenvolvimento tecnológico de setores. Assim, para analisar de forma sistemática a realidade do relacionamento entre universidades e a indústria em um país, é importante entender as particularidades acerca dos setores que constituem e destacam-se em sua base industrial, bem como as disciplinas que compõem seu acervo científico. A seção seguinte apresenta o conceito de Sistema Setorial de Inovação e de que forma essa abordagem influencia na interação universidade-indústria a partir de casos empíricos estudados por outros autores.

1.3

O Sistema Setorial de Inovação e a Interação Universidade-Indústria

Como mencionado, entender a organização das instituições nacionais e de que maneira elas se relacionam a fim de incentivar e impulsionar o progresso tecnológico não é suficiente para analisar o estágio de desenvolvimento em que um país se encontra. Para tanto, é necessário

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