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Cotidiano de portadores de esquizofrenia, após uso de um antipsicótico atípico e acompanhamento em grupo: visão do familiar.

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Academic year: 2017

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COTI DI ANO DE PORTADORES DE ESQUI ZOFRENI A, APÓS USO DE UM

ANTI PSI CÓTI CO ATÍ PI CO E ACOMPANHAMENTO EM GRUPO: VI SÃO DO FAMI LI AR

1

Ana Maria Sert ori Durão2 Maria Conceição Bernardo de Mello e Souza3

Durão AMS, Souza MCBM. Cot idiano de port adores de esquizofrenia, após uso de um ant ipsicót ico at ípico e acom panham ent o em grupo: visão do fam iliar. Rev Lat ino- am Enferm agem 2006 j ulho-agost o; 14( 4) : 586- 92.

Est e est udo descreveu o cot idiano do port ador de esquizofrenia, após o uso de ant ipsicót ico at ípico e acom p an h am en t o em g r u p o, n a v isão d o f am iliar . A p op u lação f oi con st it u íd a p or 1 1 f am iliar es q u e acom panharam com m aior freqüência os 11 port adores de esquizofrenia que part icipam do grupo e ut ilizam ant ipisicót ico. Para colet a de dados ut ilizou- se de ent revist a sem i- est rut urada, guiada por rot eiro, no m ês de abril de 2003. Essas foram gravadas e, post eriorm ent e, t ranscrit as na ínt egra. Obt eve- se, com o result ados, m elhora do paciente quanto aos sintom as da doença evidenciada, pela dim inuição do isolam ento social, retom ada de at ividades dom ést icas/ t rabalho e est udo e part icipação em at ividades de convívio social. Tais result ados apont am a necessidade de um novo olhar para o port ador de t ranst orno m ent al e seus fam iliares, no sent ido de buscar at it udes t erapêut icas m ais adequadas que at uem na produção de vida visando novo sent ido para a exist ência, nas diferent es form as de convivência e de sociabilidade.

DESCRI TORES: esquizofrenia; clozapina; fam ília

SCHI ZOPHRENI A PATI ENTS’ DAI LY LI FE AFTER THE USE

OF CLOZAPI NE AND GROUP ACCOMPANI MENT: FAMI LY’S VI EW

This st udy descr ibed t he daily life of schizophr enia pat ient s aft er t he use of clozapine and gr oup accom panim ent fr om t he per spect iv e of fam ily m em ber s. The r esear ch populat ion consist ed of 11 fam ily m em bers who m ost frequent ly accom panied 11 schizophrenia pat ient s who part icipat e in t he group and use clozapine. Wit h a view t o dat a collect ion, int erviews orient ed by a script were held in April 2003, which were t aped and fully t ranscribed aft erwards. Result s indicat ed an im provem ent in pat ient s’ sym pt om s, dem onst rat ed by decreased social isolation, resum ption of hom e/ work activities and study as well as by participation in social event s. These result s point t owards t he need for a new view on pat ient s who suffer from m ent al disorder and their fam ily m em bers, with a view to seeking therapeutic attitudes that act in the production of life with a view t o a new exist ent ial m eaning, in t he different form s of social cont act and sociabilit y.

DESCRI PTORS: schizophrenia; clozapine; fam ily

COTI DI ANO DE LOS PORTADORES DE ESQUI ZOFRENI A DESPUÉS DEL USO DEL

ANTI PSI CÓTI CO ATÍ PI CO Y ACOMPAÑAMI ENTO EN GRUPO: EL PUNTO DE VI STA DEL FAMI LI AR

Est e est udio descr ibió el cot idiano del por t ador de esquizofr enia después del uso de clozapina y acom pañam iento en grupo de acuerdo con el punto de vista de los fam iliares. La población fue constituida por 11 fam iliares que acom pañaron de m anera m ás frecuent e los 11 port adores de esquizofrenia que part iciparon del grupo y ut ilizan clozapina. Para la recopilación de dat os se ut ilizó una ent revist a orient ada por guión, en abril de 2003. Las ent revist as fueron regist radas y después t ranscrit as por ent ero. Los result ados indicaron la m ej oría de los pacient es con respect o a los sínt om as de la enferm edad, evidenciada por la dism inución del aislam ient o social, recom ienzo de act ividades dom ést icas/ t rabaj o y est udio y part icipación en act ividades de conv iv encia social. Tales r esult ados señalan la necesidad de una nuev a m aner a de m ir ar el por t ador de trastorno m ental y sus fam iliares en el sentido de buscar actitudes terapéuticas que actúen en la producción de vida con vistas a un nuevo sentido para la existencia, en las diferentes form as de convivencia y de sociabilidad.

DESCRI PTORES: esquizofrenia; clozapina; fam ilia

1 Trabalho ext raído da Dissert ação de Mest rado; 2 Mest re em Enferm agem Psiquiát rica, Enferm eira Chefe do Hospit al das Clínicas da Faculdade de Medicina

(2)

I NTRODUÇÃO

N

os dias de hoj e, a esquizofrenia constitui a m aior causa de internação nos hospitais psiquiátricos. Aproxim adam ent e 50% dos leit os são ocupados por pacientes com essa enferm idade, isso porque, a cada ano, sur gem 50 nov os casos de esquizofr enia par a cada 100.000 habitantes, o que representa, no Brasil, cerca de 75.000 novos doent es por ano( 1).

A esquizofrenia é um a doença m ental que se caract eriza por desorganização de diversos processos m en t ais; é u m a das desor den s psiqu iát r icas m ais desafiadoras e com plexas que afligem a hum anidade, levando o indivíduo a apresent ar vários sint om as( 2).

At u al m en t e, os si n t om as q u e p od em ser obser v ados na esquizofr enia v êm sendo agr upados e m si n t o m a s: p o s i t i v o s ( d e l ír i o s, a l u ci n a çõ e s, d e so r g a n i za çã o d o p e n sa m e n t o ) , n e g a t i v o s

( d i m i n u i çã o d a v o n t a d e e d a a f e t i v i d a d e , o em p o b r eci m en t o d o p en sam en t o e o i so l am en t o so ci a l ) , c o g n i t i v o s ( d i f i cu l d a d e n a a t e n çã o , concent ração, com preensão e abst ração) e a fe t ivos

( depr essão, desesper an ça e as idéias de t r ist eza, ruína e, inclusive, aut odest ruição)( 2). O conhecim ent o

dessa at u al classificação dos sin t om as est á sen do valiosa para port adores e fam iliares bem com o para a p e sq u i sa e a cl ín i ca , p o r q u e , se n d o d e f á ci l com preensão e percepção, perm it e m elhor avaliação geral da sit uação do port ador em dado m om ent o de sua doença( 2).

Na m aioria dos pacient es, a doença aparece em idade precoce, entre 15 e 54 anos de idade. Pode-se dizer que o aparecim ent o da pat ologia ant es dos 10 anos é ext rem am ent e raro. Em relação ao sexo, nas m ulher es, a idade de apar ecim ent o est á ent r e 25 e 35 anos e para os hom ens entre 15 e 25 anos de idade( 1,3).

A esquizofr enia é um a doença cr ônica cuj o t rat am ent o é feit o som ent e para aliviar os sint om as e m e l h o r a r a s co n d i çõ e s d e v i d a d o p a ci e n t e . Atualm ente, há vários recursos terapêuticos, portanto, o t r at am ent o par a a enfer m idade apoia- se em dois pilares: o t rat am ent o m edicam ent oso e psicossocial. Na d écad a d e 5 0 , a u t ilização d e d r og as a n t i p si có t i ca s co n st i t u i u p a sso i n i ci a l p a r a a desinst it ucionalização e o cuidado dent ro da própria co m u n i d a d e . Co m p r o v a d a m e n t e , o t r a t a m e n t o m ed i cam en t o so m el h o r a o s si n t o m as p si có t i co s, dim inui a suscet ibilidade da r ecor r ência, m ant ém a est a b i l i d a d e cl ín i ca e, p o ssi v el m en t e, p r ev i n e a

det eriorização em longo prazo. Todavia, nas décadas de 60 e 70, o t rat am ent o com ant ipsicót icos t ornou-se experiência am bígua, t endo em vist a o aum ent o das expect at ivas dos pacient es e a consciência sobre os efeit os colat erais desses m edicam ent os( 4).

A clozapina é um antipsicótico atípico que está sen d o u sad o p ar a o t r at am en t o d a esq u izof r en ia desde a década de 70. O seu per fil t er apêut ico foi se n d o co n f i r m a d o g r a d a t i v a m e n t e a t r a v é s d e d iv er sos est u d os. As v an t ag en s t er ap êu t icas em r e l a çã o a o s n e u r o l é p t i co s co n v e n ci o n a i s sã o ca r a ct er i za d a s p o r a m p l o esp ect r o d e a t i v i d a d e ant ipsicót ica, r apidez de início de ação e ausência r elat iv a de r eações ex t r apir am idais. Os pacien t es esquizofrênicos resist ent es apresent am m elhora t ant o d o s si n t o m a s p o si t i v o s co m o d o s si n t o m a s negat ivos( 5).

A a g r a n u l o ci t o se é o m a i s g r a v e e f e i t o adv er so da clozapin a, obser v ado em 1 a 2 % dos casos. A dim inuição dos leucócitos totais, granulócitos e neut rófilos é geralm ent e gradual, sendo obrigat ório int errom per- se o t rat am ent o com a clozapina se eles at ingirem níveis inferiores a 3000/ m m3 e 1500/ m m3,

r esp ect iv am en t e. En t r et an t o, h á casos em q u e a r e d u çã o é a b r u p t a , j u st i f i ca n d o - se , p o r t a n t o , a m onit or ização sem anal, pelo m enos no per íodo de risco m áxim o( 6).

Em 1 9 9 0 , o s EUA a p r o v a r a m o u so d a clozapina em pacient es com esquizofrenia refrat ária, m as com a condição de que houvesse m onit orização sangüínea par a dar indicat iv os quant o à ocor r ência da agranulocitose. A clozapina com eçou a ser testada em est udos aber t os a par t ir de 1970 e foi lançada com ercialm ent e em agost o de 1992( 7).

Para que a m edicação possa ser utilizada com segurança, a equipe de saúde, fam iliares e pacient es d ev em est ar at en t o s q u an t o ao s r esu l t ad o s d o s exam es hem atológicos e quaisquer sinais ou sintom as de infecção.

(3)

Os p acien t es m elh or am q u an d o, além d o t rat am ent o m edicam ent oso, est ão recebendo algum a f or m a de t er apia psicossocial, e as f am ílias est ão inseridas em algum grupo de apoio( 9).

A fam ília não é considerada responsável pela ocorrência da doença, ao cont rário, procura ent ender as dificuldades de out r as fam ílias que possuem um m em bro com grave t ranst orno m ent al. Sendo assim , um a das int ervenções psicossociais aos fam iliares é a ênfase no t rabalho colaborat ivo ent re fam iliares e p r o f i ssi o n a i s, co m p a r t i l h a n d o e a b o r d a n d o i n f o r m a çõ e s so b r e a d o e n ça o u d i scu t i n d o con j u n t am en t e os obj et iv os das t ar efas du r an t e o t r at am ent o m edicam ent oso e out r os at endim ent os clínicos específicos( 10).

Tendo em vist a esses aspect os, a equipe de saú d e d a u n id ad e d e p siq u iat r ia d o Hosp it al d as Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Pret o-USP criou o GRUMA ( Grupo de Medicações At ípicas) . Esse grupo funciona desde 1999, no 3º andar ( Unidade “ C” ) do referido hospit al. Surgiu da necessidade de form alizar o at endim ent o ao grupo de pacient es em uso de clozapina e aos seus fam iliares. São pacientes com indicação para o GRUMA aqueles com diagnóstico de esquizofr enia que obt iv er am m elhor cont r ole de su a doen ça com o u so dos an t ipsicót icos at ípicos ( clozapina, olanzapina, quet iapina, risperidona) .

Const it uem obj et ivos dest e grupo:

- r eav aliação psiquiát r ica per iódica com solicit ação de hem ogram a e out ros exam es;

- cont r ole dos pr ocessos de aquisição gr at uit a dos ant ipsicót icos em uso ( m edicações de alt o cust o) ; - reintegração social através da troca de inform ações, en v olv im en t o f am iliar n o t r at am en t o e est ím u lo à part icipação em at ividades com unit árias.

O grupo é realizado t oda segunda- feira, das 14 às 15 horas, com os pacient es e seus fam iliares. A equipe r esponsáv el pelo at endim ent o do gr upo é com posta por um a enferm eira, um a assistente social, u m a a p r i m o r a n d a d o ser v i ço so ci a l , u m m éd i co assist ent e e um m édico resident e ( R2) .

Ao conviver, no dia- a- dia, com o sofrim ent o m ent al das pessoas, alguns quest ionam ent os foram surgindo e um deles está relacionado com o portador d e e sq u i zo f r e n i a , p o r se r a e sq u i zo f r e n i a u m t r an st or n o m en t al bast an t e lim it an t e. Ser á qu e o por t ador de esquizofr enia que par t icipa do gr upo e f a z u so d a m e d i ca çã o co n se g u e m e l h o r a r su a s condições de vida cot idiana?

O p r e se n t e e st u d o b u sca a p o i a r - se e m in st r u m en t os t eór ico- m et od ológ icos q u e p od er ão perm it ir com preender o cot idiano dos port adores de esquizofrenia, após o uso de um antipisicótico atípico, e aco m p an h am en t o n o g r u p o , n a v i são d e seu s fam iliar es.

Acredit a- se que um t rabalho dessa nat ureza poder á cont r ibuir par a discussões com a equipe de sa ú d e e n v o l v i d a n o t r a t a m e n t o , b u sca n d o aprim oram ent o na assist ência prest ada ao port ador de esquizofrenia e seu fam iliar.

OBJETI VO

D e scr e v e r o co t i d i a n o d o p o r t a d o r d e esquizofrenia, após o uso de ant ipsicót ico at ípico, e acom panham ent o em grupo, na visão do fam iliar.

METODOLOGI A

Delineam ent o do est udo

Trata- se de pesquisa de avaliação que tem o propósito de detectar o quanto um procedim ento está funcionando. É do t ipo descr it iv o ex plor at ór io, que b u sca i d e n t i f i ca r co m o o f a m i l i a r d o p a ci e n t e esquizofrênico percebe o cot idiano do m esm o, após o uso de ant ipsicót ico at ípico e o acom panham ent o grupal( 11). Para desenvolver est a invest igação opt

ou-se por t rabalhar com dados qualit at ivos.

Suj eit os do est udo

A população foi const it uída por 11 fam iliares q u e a co m p a n h a m co m m a i o r f r e q ü ê n ci a o s 1 1 port adores de esquizofrenia que part icipam do grupo de m edicações atípicas ( GRUMA) e utilizam clozapina.

Colet a de dados

Os dados foram colet ados após a aprovação do proj eto pelo Com itê de Ética de Pesquisa em Seres Hu m a n o s d a i n st i t u i çã o h o sp i t a l a r e co n f o r m e Resolução 196/ 96( 12).

(4)

das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeir ão Pret o da Universidade de São Paulo ( HCFMRP- USP) , local on de acon t ecem as r eu n iões dos gr u pos. As e n t r e v i st a s f o r a m g r a v a d a s e , p o st e r i o r m e n t e , t ranscr it as na ínt egra pelo pr ópr io pesquisador. Foi so l i ci t a d o o co n se n t i m e n t o i n f o r m a d o a o s part icipant es do est udo.

Análise dos dados

Ap ó s a t r a n scr i çã o d a s e n t r e v i st a s f o i r ealizada um a pr im eir a leit ur a par a t er um a v isão geral do conteúdo obtido. Posteriorm ente, foi realizada an álise q u alit at iv a d os d ad os u t ilizan d o- se com o em basam ent o os passos propost os por Minayo( 13).

RESULTADOS E DI SCUSSÃO

Participaram da pesquisa, 11 fam iliares sendo a m ãe o m em bro da fam ília que m ais acom panhou o pacient e aos grupos e part icipou das ent revist as.

Qu a n d o q u e st i o n a d o s so b r e o s v á r i o s aspect os do cot idiano do pacient e, após part icipação n o gr u po, f oi possív el obser v ar qu e os f am iliar es ex pr essar am sat isf ação com o t r at am en t o qu e os pacient es vêm recebendo, o que pode ser observado a t r a v é s d o s t e m a s q u e e m e r g i r a m d e se u s depoim ent os.

Fam iliar es sen t in do a m elh or a do pacien t e após a part icipação no grupo

O grupo exerce função psicopedagógica, no sent ido de inst ruir o port ador da doença, a respeit o de suas lim it ações, aj udando- o na adapt ação social e cont ribuindo para conciliar sua sit uação de doença com as posturas de convivência que o universo social r equer( 2).

Vár ios r elat os d e f am iliar es ev id en ciam a v alor ização d o g r u p o n a con t r ib u ição d a m elh or a progressiva dos sint om as do pacient e.

... É, antes dele entrar nesse grupo, ele já fazia grupo lá

no Dr. Ele fez lá alguns grupos... depois veio para cá, aí já com eçou

a ficar m elhor sem pre. Ele está sobrevivendo, sobressaindo da

m elhor form a possível.. ( f.2) .

Melhor! Eu acho assim ... ele est á um anj o... m udou

bastante: eu diria prá você cem por cento, não falaria nem setenta,

oitenta, cem , cem por cento...(f.5).

Hoj e ela nossa! É 90% m elhor. Que isso? Muito m ais...

posso sair sossegada deixo a casa por conta dela ela faz a com ida,

lava, passa, cuida da criação, cuida da casa, tranca a porta direitinho

não tem problem a. Então ela tem responsabilidade... horário de

tom ar o rem édio, ela fala... quando tem que levá os m eninos no

Posto de Saúde no m édico ela leva... De prim eiro nossa! Ela não

t inha nem conhecim ent o das crianças.... ( f.10) .

Al g u n s r e l a t o s d e n o t a m a sa t i sf a çã o , en v o l v i m en t o e co m p r o m i sso d o s f a m i l i a r es em relação à part icipação no grupo.

... o dia da gente vir aqui, ele m esm o vai m arcá o ônibus

e fala, ‘m ãe nós tem os que ir’. ‘Tal dia nós tem ô que ir’. Então ele

m esm o que m e lem bra... Então eu acho gostoso vim aqui. Tam bém

eu sinto que ele acha bom ( f.6) .

... a gente fala o tanto que foi bom isso pra ela. A gente

procura não faltar m esm o. Porque ela precisa disso aqui tipo

assim ... se um dia ela for afastada deste grupo por algum m otivo,

receber alta, não precisá vim m ais, eu acho vai fazer falta pra

ela... (f.11).

A t e r a p i a d e g r u p o , co m p a ci e n t e s esquizofrênicos, proporciona significat iva m elhora na r e d u çã o d o i so l a m e n t o so ci a l , n o a u m e n t o d o co m p r o m i sso co m a m e d i ca çã o , n o s a sp e ct o s v o l i t i v o s, n a m el h o r a d o t est e d e r ea l i d a d e, n o au m en t o do sen so de coesão con t r ibu in do, desse m o d o , p a r a a d i m i n u i çã o n a f r e q ü ê n ci a d e r eint er nações( 14).

Resgat ando as relações com pessoas significat ivas

A terapia de grupo concentra- se no incentivo e desenvolvim ent o de habilidades sociais ( at ividades da v ida diár ia) , especialm ent e no que se r efer e à dim inuição do isolam ent o social( 1).

É um a vida m aravilhosa. Muit o boa! Ele conversa...

m ais presente... convive com a gente... Hoje ele está m uito alegre.

Tá m uito alegre com o nascim ento da sobrinha, em bora ele não

tem um bom relacionam ento com o cunhado... (f.2).

Hoj e ele gost a que vai em casa, conversa com as

pessoas. Ele é preocupado dem ais...quando o irm ão sai à noite até

qu e ele n ão ch ega ele n ão descan sa sabe, ele t em u m a

preocupação... (f.4).

Se vai alguém em casa... fam ília freqüenta ele se dá

bem ... se vem alguém visitá se tem algum a reunião... fam ília no

alm oço, no j antar que sem pre se faz né? Com prim os né? Aí ele

tem paciência, é m uito gentil sabe? Ele diz ‘cê qué que eu levo o

prato pra você’? Ele leva o prato traz o copo de algum a coisa, ele é

m uito gentil m esm o... ( f.5) .

... ela é m elosa dem ais, ‘m ãe quero beij o’, ‘m ãe quero

(5)

escreve cartinha m e m anda beij inho, e é desse j eito, m elosa.

Melosa com A., m elosa com a C., m elosa com os cunhados, beij a abraça todo m undo, ela é carente sabe, ela gosta de carinho (f.10).

A r et om ada das at ividades dom ést icas e ocupação/ t r abalho

At é 9 0 % d o s p a ci e n t e s co m p r o b l e m a s m e n t a i s g r a v e s se e n co n t r a m d e se m p r e g a d o s, apesar de qu e o t r abalh o r em u n er ado sej a m u it o im por t ant e na r eabilit ação do pacient e. Um est udo inform a que depois de um ano de trabalho, 40% dos pacien t es com esqu izofr en ia, qu e er am pagos por se u s se r v i ço s, o b t i v e r a m m e l h o r a e m t o d o s o s sin t om as e 5 0 % in f or m ar am g r an d e m elh or a n os sint om as posit iv os. Par a os que não r ecebiam por seu trabalho, a m elhora foi consideravelm ente m enor. Menos de um quar t o dos pacient es esquizofr ênicos est ão em pr ogr am as qu e aj u dam a en con t r ar u m t rabalho para o indivíduo se m ant er( 11).

Nos d ep oim en t os d os f am iliar es, p od e- se observar o desej o de que ( seus parent es) consigam um t rabalho ao qual possam r ealm ent e se adapt ar. Aparece a necessidade de que o doente se sinta útil, num a sociedade que valoriza t ant o o ser produt ivo. Ainda ev idenciam a r esponsabilidade dos pacient es no que se refere às at ividades que desem penham .

... trabalha em um a casa de m aterial de construção, queixa da m em ória fraca que não consegue guardar os nom es e

m etragens dos m ateriais... m as, perm anece lá ganhando seu dinheirinho... ( f.2) .

... gost a de t rabalhar. Agora não gost a de chegar na

hora errada, gosta de chegar na hora certinha tudo... ( f.8) . ... ele faz bem o serviço, ele lava roupa e bem lavada em

vista de sê hom em ué faz... né? Ele lim pa casa, ele faz com ida... (f.9).

... ela trabalha tam bém , né? Está trabalhando... ela vai lá na m inha sogra, faz faxina lá, m inha sogra paga ela... qualquer

um que cham ar ela pra trabalhar ela vai, lim pa a casa direitinho ela é trabalhadeira (f.10).

Por t ador es de esqu izof r en ia, com qu adr os graves, apesar de dependerem de m edicação, chegam a m elhorar at é a pont o de poderem desem penhar o trabalho. Em bora não se possa falar em cura, tal com o se preconiza a cura t ot al na m edicina, a reabilit ação psicossocial da m aior ia desses pacien t es t em sido bast ant e evident e. Apesar da esquizofrenia t ender a deixar m ais seqüelas a cada novo surto, o im portante é saber que essas pessoas podem chegar a ter funções na sociedade e podem chegar a ser m uito produtivas, dent ro de suas possibilidades( 9).

Em u m p a ís e m q u e o d e se m p r e g o é const ant e, ent r et ant o, sobr am poucas ou nenhum a op or t u n id ad e p ar a p essoas p or t ad or as d e d oen ça m ental. Suas chances nesse m ercado com petitivo são precárias, fazendo com que se confirm e o sentim ento d e f r acasso n o sen t id o d e in t eg r ar - se n o m u n d o social.

Manifest ando int eresse em ret om ar os est udos

As falas abaixo dos fam iliares expressam a v ont ade dos m esm os de que o pacient e r et om e os estudos. Alguns depoim entos, entretanto, revelam que a vont ade de ret om ar os est udos vem acom panhada pelas dificuldades do pacient e em fazê- lo.

... gostaria de voltar a estudar... só que ele não tem

um a vida progressiva. Mas, sem pre superando com aj uda do

m edicam ento e do grupo daqui do hospital. Ele está sobrevivendo,

sobressaindo da m elhor form a possível, em bora a gente gostaria

que ele voltasse até m esm o estudar... ( f.2) .

Volt ar num a escola assim ou com put ação, um curso

que ele queira fazer prá ele arrum ar um servicinho m elhor pra

ele... (f.6)

... ele fala de estudar. Então, eu peguei e liguei na

escola j á! Disse: ‘você vai ter de fazer supletivo, com essa sua

idade você não pode ficar em sala de aula com crianças m enores

porque pode atrapalhar essas crianças’...Ele falou: ‘Ah! Meu Deus

é m uito difícil’. Vai praticando, exercitando a m ente. Ontem ele

com eçou todo anim ado... (f.7)

A sat isfação dem onst r ada sobr e a possibilidade de ret om ar e prosseguir os est udos

Pode- se constatar, através dos relatos abaixo, q u e p a r t e d o s p a ci e n t e s, a p ó s i n i ci a r e m acom panham ent o em grupo, conseguiram ret om ar e p r o sse g u i r co m o e st u d o . Al g u n s f a m i l i a r e s expressam , em seus relat os, sat isfação com o bom desem penho escolar do pacient e.

Ele voltou a estudar... aproveitou que m inha filha voltou

a estudar e está indo com ela... ( f.9) .

... volt ou a est udar e est á acom panhando com o nunca

tivesse saído da escola... ( f.10) .

A part icipação em at ividades de convívio social

(6)

clubes, fest as, assist ir t elevisão, ouvir m úsicas, ent re out ras, present es nos relat os a seguir.

... às vezes não participa de festas, joga bola na calçada

de casa com os colegas ( f.1) .

Lazer agora! Quando dá, quando eu tam bém estou afim ,

a gente vai no clube, vai nadá na piscina... gosta m ais é de nadar,

piscina ele gosta ( f.7) .

... lazer dele é de ir em aniversário da fam ília... ir no bar

e assisti j ogo, adora j ogo na televisão ( f.8) .

Vai nas festas, com e bastante, não dá trabalho, não dá

vexam e. Fica quietinha no canto dela, conversa com um , conversa

com outro, conversa até dem ais ... acho que o que ela já conseguiu

até hoj e... está bom dem ais! Hoj e eu olho nela assim eu nem

acredito... Quando eu posso levar ela, ela vai ela nada. Ela sabe

nadar, ela nada fica lá brincando com as crianças... ( f.10) .

As e x p e r i ê n ci a s d e l a ze r co n t r i b u e m efet iv am ent e par a a v alor ização dos elem ent os do pr azer, da liber dade, da afet iv idade, em oção e da espont aneidade e cont r ibuem par a a pr om oção do desenvolvim ent o do hom em de m aneira significat iva, at relando- se posit ivam ent e à sua ação no m undo( 15).

CONSI DERAÇÕES FI NAI S

O u so d o n eu r o l ép t i co am p l i a a b ase d e sust ent ação do pacient e a cam inho da r eabilit ação. To d a v i a , o e sq u e m a m e d i ca m e n t o so d e v e se r com p lem en t ad o p elos d ois ou t r os elem en t os q u e com põem o t r ipé t er apêu t ico: o acom pan h am en t o psicot erapêut ico com o pacient e e a sociot erapia.

O interesse em tratam entos psicossociais tem du as r azões: pr im eir o, do r econ h ecim en t o de qu e ag en t es f ar m acológ icos t êm im p act o lim it ad o n a recuperação do funcionam ent o social e segundo, que a redução do período de int ernação levou pacient es em rem issão parcial a serem tratados na com unidade e seus fam iliares t ornaram - se as principais pessoas envolvidas no cuidado desses pacient es( 16).

Ne sse co n t e x t o , a f a m íl i a a ssu m e a r e sp o n sa b i l i d a d e d o cu i d a d o d a sa ú d e d e se u s m em bros, necessit ando de apoio dos profissionais de saúde, no âm bit o hospit alar e pós- alt a, t ant o par a facilitar sua interação com o doente m ental com o para propiciar a int egração desse à sociedade.

Diant e de t ais aspect os, m ost ra- se evident e a n ecessid ad e d a eq u ip e d e saú d e v olt ar - se n ão apenas para o paciente, m as, tam bém , para o contexto social e fam iliar no qual o m esm o se insere. Deve- se com preender a fam ília com o ext ensão do pacient e.

Foi possível verificar que o grupo em questão p o ssi b i l i t o u q u e p a ci e n t e s e f a m i l i a r e s f o sse m orientados a reconhecer os sintom as, ou as situações est ressant es que podem servir de disparadores para um surt o esquizofrênico, aj udando- os a reconhecer, t am bém , quando os pacient es, subm et idos às drogas ( m edicam en t os) , m an if est am os sin ais pr év ios de efeit os colat erais concernent es ao t rat am ent o.

Al g u m a s p e sso a s, m e sm o t o m a n d o a m ed icação r eg u lar m en t e, p od em t er r ecaíd a d os sin t om as psicót icos. Além do r isco de r ecaídas, o usuário de ant ipsicót icos at ípicos, com o a clozapina, t em o r isco d e ag r an u locit ose, sen d o n ecessár ia m onitorização sangüínea periódica. É m uito im portante q u e t a n t o o p a ci e n t e q u a n t o o f a m i l i a r sa i b a m reconhecer os sint om as de recaídas e indicat ivos de alt er ações sangüíneas, pois a int er v enção pr ecoce da equipe de saúde pode im pedir a recaída bem com o cont rolar o quadro clínico do pacient e.

As t é cn i ca s d e t e r a p i a f a m i l i a r p o d e m dim inuir significat iv am ent e as t ax as de r ecaída do m em br o esqu izof r ên ico da f am ília. A alt a em oção ex pr essa na int er ação fam iliar pode ser dim inuída at r av és d a t er ap ia f am iliar. Gr u p o com m ú lt ip las f a m íl i a s, n o s q u a i s o s f a m i l i a r e s d e p a ci e n t e s esquizofrênicos discut em e com part ilham t em as, t êm sido part icularm ent e út eis( 1).

Ob ser v a- se q u e, q u an d o os f am iliar es d e por t ador es de esquizofr enia r ecebem at endim ent o, se se n t e m a co l h i d o s, r e sp e i t a d o s e v a l o r i za d o s p or q u e seu s con h ecim en t os e ex p er iên cias f or am r econ h ecidos.

Const at a- se a m elhor a do r elacionam ent o, a n t e s d i f íci l , a d i m i n u i çã o d a a n si e d a d e e d a a g r e ssi v i d a d e , o a u m e n t o d a a u t o - e st i m a , d a t o l e r â n ci a e f o r ça d e v o n t a d e , b e m co m o o fort alecim ent o dos vínculos fam iliares.

(7)

Fa z- se n ecessár i o u m n o v o o l h ar p ar a o port ador de t ranst orno m ent al e para seus fam iliares no sentido de buscar atitudes terapêuticas que atuem na pr odução de v ida, em um nov o sent ido par a a

ex ist ência, nas difer ent es for m as de conv iv ência e de sociabilidade. Acr edit a- se que o r om pim ent o de valores padronizados possa possibilit ar novas form as criat ivas e espont âneas de viver em sociedade.

REFERÊCI AS BI BI OGRAFI CAS

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