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Aspectos da infecção toxoplasmática no sistema reprodutor de ovinos (Ovis aries) machos experimentalmente infectados

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(1)

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS

CAMPUS DE JABOTICABAL

ASPECTOS DA INFECÇÃO TOXOPLÁSMICA NO

SISTEMA REPRODUTOR DE OVINOS (Ovis aries)

MACHOS EXPERIMENTALMENTE INFECTADOS

Welber Daniel Zanetti Lopes

Médico Veterinário

(2)

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS

CAMPUS DE JABOTICABAL

ASPECTOS DA INFECÇÃO TOXOPLÁSMICA NO

SISTEMA REPRODUTOR DE OVINOS (Ovis aries)

MACHOS EXPERIMENTALMENTE INFECTADOS

Welber Daniel Zanetti Lopes

Prof. Dr. Alvimar José da Costa

Orientador

JABOTICABAL – SÃO PAULO - BRASIL

Janeiro de 2007

Dissertação apresentada à Facul-

dade de Ciências Agrárias e

Veterinárias - UNESP, Campus de

Jaboticabal,

como

parte

das

(3)

Trabalho

realizado

no

“Centro

de

Pesquisas

em

Sanidade

Animal-

CPPAR/FCAV/UNESP, no departamento

de Medicina Veterinária Preventiva da

FCAV-UNESP, no Instituto Adolfo Lutz e no

Laboratório de prozoologia molecular da

(4)

SUMÁRIO

Página

LISTA DE TABELAS... iv

LISTA DE FIGURAS... vii

RESUMO... 01

SUMMARY... 02

1. INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA... 03

1.1. Aspectos Gerais... 03

1.2 Toxoplasmose em ovinos... 07

2. OBJETIVOS... 15

3. MATERIAL E MÉTODOS... 16

3.1. Cepas de Toxoplasma gondii... 16

3.2 Obtenção de cistos cerebrais contendo bradizoítos de T. gondii... 16

3.3. Obtenção de oocistos de Toxoplasma gondii... 17

3.4. Obtenção de taquizoítos de Toxoplasma gondii... 19

3.5 Confecção de lâminas com antígeno para IFI... 19

3.6. Seleção e adaptação dos ovinos reprodutores para o experimento... 20

3.7 Condicionamento dos reprodutores ovinos à colheita de sêmen... 21

3.8 Inoculação dos ovinos reprodutores machos... 21

3.9. Exames clínicos... 23

3.10. Determinação de parasitemia... 23

(5)

3.12. Exames no sistema reprodutor dos ovinos infectados experimentalmente ... 25

3.12.1. Colheita do sêmen... 25

3.12.2. Parâmetros espermáticos... 25

3.12.2.1 Motilidade e vigor... 25

3.12.2.2 Concentração e volume... 25

3.12.2.3 Morfologia espermática... 26

3.13. Bioensaio em camundongos... 26

3.14 Pesquisa de DNA de T. gondii pela PCR... 26

3.14.1. Extração do DNA das amostras do controle positivo e das amostras de sêmen... 27

3.14.2. Reação em cadeia da polimerase (PCR)... 28

3.14.3. Eletroforese em gel de agarose para análise dos produtos amplificados na PCR... 29

3.15. Pesquisa do Toxoplasma gondii no testículo, vesícula seminal, próstata e epidídimo dos ovinos reprodutores... 29

3.15.1. Exames anátomo-histopatológicos nos órgãos reprodutores dos ovinos... 29

3.15.2. Bioensaio em camundongos... 30

3.15.3. Imunoistoquímica em órgãos do sistema reprodutor dos ovinos.. 31

3.15.4 Pesquisa do DNA de T. gondii em tecidos pela PCR... 33

4. ANÁLISE ESTATÍSTICAS... 34

5. RESULTADOS... 35

5.1. Obtenção de taquizoítos de T. gondii... 35

(6)

5.3. Obtenção de oocistos de T.gondii... 35

5.4. Seleção dos ovinos reprodutores... 36

5.5. Exames clínicos... 37

5.5.1 Temperatura corporal... 37

5.5.2 Freqüência cardíaca... 39

5.5.3 Freqüência respiratória... 41

5.5.4 Outros sinais clínicos... 43

5.6 Exames nos sistema reprodutor dos ovinos infectados experimentalmente... 45

5.6.1 Parâmetros espermáticos... 45

5.7. Determinação de Parasitemia... 53

5.8. Resposta Imune Humoral..(RIFI)... 55

5.9. Pesquisa do Toxoplasma gondii no sêmen dos ovinos (Bioprova)... 58

5.10. Pesquisa do Toxoplasma gondii no sêmen dos ovinos pela PCR... 61

5.11. Exames anátomo-histopatológicos (necropsias)... 62

5.12 Exames histopatológicos... 62

5.13. Pesquisa do Toxoplasma gondii em tecidos dos reprodutores ovinos... 62

5.13.1. Bioprova... 62

5.13.2. Imunoistoquímica... 62

5.13.3 Reação em Cadeia da Polimerase (PCR)... 65

6. DISCUSSÃO... 66

7. CONCLUSÕES... 73

(7)

LISTA DE TABELAS

Página

Tabela 1. Infecção toxoplásmica em ovinos pertencentes a diversas

regiões Mundiais... 09

Tabela 2. Delineamento experimental dos oito ovinos reprodutores

submetidos à infecção toxoplásmica experimental... 22

Tabela 3. Protocolo de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR)... 29

Tabela 4. Resultados sorológicos para Toxoplasmose, Neosporose,

Brucelose e Leptospirose dos ovinos examinados para seleção dos

(8)

Tabela 5. Temperatura retal média mensurada dos ovinos

experimentais até 70 dias pós-inoculação com Toxoplasma

gondii... 38

Tabela 6. Freqüência cardíaca média mensurada nos ovinos

experimentais até 70 dias pós-inoculação com Toxoplasma

gondii... 40

Tabela 7. Freqüência respiratória média mensurada nos ovinos

experimentais até 70 dias pós-inoculação com Toxoplasma

gondii... 42

Tabela 8. Parâmetros seminais de ovinos inoculados com oocistos de

Toxoplasma gondii... 46

Tabela 9. Parâmetros seminais de ovinos inoculados com taquizoítos

de Toxoplasma gondii... 47

Tabela 10. Parâmetros seminais de ovinos pertencentes ao grupo

Controle... 48

Tabela 11. Comparações múltiplas e resultados da análise de

variância dos parâmetros seminais de ovinos nos não inoculados

(controle) e inoculados com 2,0 x 105 oocistos ou com 1,0 x 106

taquizoítos de Toxoplasma gondii... 49

Tabela 12. Surtos parasitêmicos detectados em ovinos não infectados

(controle) e inoculados com Toxoplasma

(9)

Tabela 13. Recíproca dos títulos obtidos pela Reação de

Inumofluorescência Indireta (IFI) em ovinos não inoculados (controle) e

inoculados com 2,5 x 105 ou com 1,0 x 106

taquizoítos... 56

Tabela 14. Comparações múltiplas e resultados da análise de

variância do título sorológico de ovinos nos não inoculados (controle) e

inoculados com 2,0 x 105 oocistos ou com 1,0 x 106 taquizoítos de

Toxoplasma gondii... 57

Tabela 15. Pesquisa de T. gondii em camundongos inoculados com

amostras seminais oriundas dos reprodutores ovinos não inoculados

(controle) e inoculados com oocistos ou

taquizoítos... 60

Tabela 16. Parasitismo tissular detectado pela técnica de

imunoistoquímica em testículos, epidídimos vesícula seminal e

próstata de ovinos inoculados com 2 x 10 5 oocistos ou 1 x 10 6

(10)

LISTA DE FIGURAS

Página

Figura 1. Temperaturas retais médias mensuradas nos ovinos não

inoculados (controle) e inoculados com 1 x 106 taquizoítos ou com 2,0 x

105 oocistos de Toxoplasma gondii... 39

Figura 2. Freqüências cardíacas médias mensuradas nos ovinos não

inoculados (controle) e inoculados com 1 x 106 taquizoítos ou com 2,0 x

105 oocistos de Toxoplasma gondii... 41

Figura 3. Freqüências respiratórias médias mensuradas nos ovinos não

inoculados (controle) e inoculados com 1 x 106 taquizoítos ou com 2,0 x

(11)

Figura 4. Apatia dos animais inoculados com oocistos de Toxoplasma

gondii no 5º DPI... 44

Figura 5. Apatia dos animais inoculados com oocistos de Toxoplasma

gondii no 7º DPI... 44

Figura 6. Volume espermático médio (mL) em ovinos não inoculados

(controle) e inoculados com 1 x 106 taquizoítos ou com 2 x 105

oocistos de Toxoplasma gondii... 50

Figura 7. Motilidade espermática média (%) em ovinos não inoculados

(controle) e inoculados com 1 x 106 taquizoítos ou com 2 x 105 oocistos

de Toxoplasma gondii... 50

Figura 8. Vigor espermático médio (0 a 5) em ovinos não inoculados

(controle) e inoculados com 1 x 106 taquizoítos ou com 2 x 105 oocistos

de Toxoplasma gondii... 51

Figura 9. Concentração espermáticas médias (x 108) em ovinos não

inoculados (controle) e inoculados com 1 x 106 taquizoítos ou com 2 x

105 oocistos de Toxoplasma gondii... 51

Figura 10. Patologias espermáticas médias de cabeça (%) em ovinos não

inoculados (controle) e inoculados com 1 x 106 taquizoítos ou com 2 x

105 oocistos de Toxoplasma gondii... 52

Figura 11. Patologias espermáticas médias de cauda (%) em ovinos não

inoculados (controle) e inoculados com 1 x 106 taquizoítos ou com 2 x

(12)

Figura 12. Taquizoítos fluorescentes de Toxoplasma gondii (IFI). Soro de

camundongo inoculado com amostra seminal de ovino infectado com

taquizoítos. Obj. 20x... 58

Figura 13. Cisto de Toxoplasma gondii em cérebro de camundongo

inoculado com sêmen de ovino infectado com oocistos. Obj. 40x... 59

Figura 14. Eletroforese em gel de agarose 2% de produto da reação em

cadeia da polimerase (PCR), a partir de amostras seminais dos ovinos

experimentalmente infectados... 61

Figura 15. Próstata demonstrando imunomarcação ao Toxoplasma gondii.

Ovino inoculado com oocistos de Toxoplasma gondii. Obj.

40x... 64

Figura 16. Vesícula seminal demonstrando agrupamento de taquizoítos

com imunomarcação ao Toxoplasma gondii. Ovino inoculado com

taquizoítos de Toxoplasma gondii. Obj. 40x... 64

Figura 17. Eletroforese em gel de agarose 2% de produto da reação em

cadeia da polimerase (PCR), a partir do “pool” das amostras de tecidos

(testículos, vesícula seminal, próstata e epidídimos) dos ovinos

(13)

ASPECTOS DA INFECÇÃO TOXOPLÁSMICA NO SISTEMA

REPRODUTOR DE OVINOS (Ovis aries) MACHOS

EXPERIMENTALMENTE INFECTADOS

RESUMO

Oito reprodutores ovinos, isentos de Toxoplasma gondii e quaisquer outras doenças

reprodutivas, foram distribuídos em três grupos para infecção com o respectivo

protozoário: GI - três ovinos (2,0 x 105 oocistos da cepa P), GII - três ovinos (1,0 x 106

taquizoítos da cepa RH) e GIII - dois ovinos (controle). Parâmetros clínicos foram

mensurados. Avaliações parasitêmicas e sorológicas (IFI) foram efetuadas. Qualidade

espermática foi avaliada e a presença do parasito no sêmen foi investigada por meio

das técnicas da bioprova e da PCR. Parasitismo tissular foi pesquisado pela bioprova,

PCR e imunohistoquímica. Foi possível registrar alterações hipertermia e apatia nos

ovinos infectados com oocistos de Toxoplasma gondii Parasitemia foi detectada em

cinco ovinos. Todos os ovinos inoculados responderam ao estímulo antigênico,

produzindo anticorpos contra T. gondii a partir do 5º dia pós-inoculação. Nos animais

dos grupos I e II, os títulos observados foram de 1:4096 e 1:8192, respectivamente. Nos

mesmos grupos, foram ainda, pela bioprova e PCR, constatada a presença do parasito

no sêmen. Pela PCR detectou-se o DNA de T. gondii no sêmen dos animais 02 e 09 (do

GI oocistos) e 07, 48 e 52 (do GII taquizoítos). Parasitismo tissular por T. gondii

(bioprova e PCR) foi diagnosticada nos ovinos 09, 16 (oocistos) e 07 (taquizoítos).

Vesícula seminal e próstata foram os tecidos de eleição da infecção por T. gondii

(imunohistoquímica) no sistema reprodutor dos ovinos experimentalmente infectados.

Em síntese, estes resultados sugerem a viabilidade da transmissão venérea deste

coccídio.

(14)

ASPECTS OF THE TOXOPLASMIC INFECTION ON

REPRODUCTIVE SYSTEM OF SHEEP (Ovis aries)

EXPERIMENTALLY INFECTED

SUMMARY

Eight sheep reproducers exempt of Toxoplasma gondii and any other reproductive

illnesses, were distributed in three groups for infection with the respective protozoan: GI

- three sheep (2.0 x 105 oocysts from P lineage), GII - three sheep (1.0 x 106 taquizoites

from RH lineage) and GIII - two sheep (control). Clinical parameters were measured.

Parasitemics and sorologicals evaluations (IFA) were effected. Spermetic quality was

evaluated and the presence of the parasite in the semen was searched through

techniques of bioassay and PCR. Tissue parasitism was researched through bioassay,

PCR and immuneistochemistry. It was possible to registered hyperthermia and apathy

alterations in sheep infected with oocysts from Toxoplasma gondii. Parasitemia was

detected in five sheep. All inoculated sheep responded to antigenic stimulation,

producing antibodies against T. gondii upon the 5th day post-inoculation. In animals from

groups I and II, the titles observed were 1:4096 and 1:8192, respectively. The animals of

group III (control), did not present antibodies against T. gondii during all experimental

period. In the same groups, it still has been evidenced, through bioassay and PCR, the

presence of the parasite in the semen. Through PCR, T. gondii DNA was detected in the

semen of animals 02, 09 of GI (oocysts) and 07, 48 and 52 of GII (taquizoites). Tissue

parasitism by T. gondii (biotest and PCR) was diagnosed in sheep 09, 16 (oocysts) and

07 (taquizoites). Seminal vesicle and prostate were the tissues elected for infection with

T. gondii (immuneistochemistry) in the experimentally infected sheep reproductive

system. In summery, these results suggests the viability of the venereal transmission for

this coccidium.

(15)

1. INTRODUÇÃO E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.1 Aspectos Gerais

Uma das tarefas básicas da pesquisa agropecuária consiste em divulgar, reunir e

conferir informações científicas que possibilitem prevenir problemas, visando resguardar

a integridade física e sanitária do rebanho.

Em relação à criação de ovinos, tendo em vista a importância econômica que

representa no contexto pecuário, a prioridade é de aumentar a segurança dos

investimentos realizados, principalmente em regiões de expressiva produtividade.

Portanto, conhecer doenças que possam vir a ser um problema em futuro próximo, é a

importância de se manter pesquisas na área animal.

O estudo do Filo Apicomplexa, o qual compreende parasitas intracelulares

obrigatórios, que são altamente adaptados e conseguem invadir e se desenvolver

dentro das células hospedeiras, torna-se de suma importância. Este grupo possui ciclos

de vida complexo, em que cada forma evolutiva interage com células específicas de um

único hospedeiro (QUEIROZ, 1998).

Um dos membros deste filo, a família Sarcocystidae, possui mais de 200

espécies reconhecidas de coccídios heteroxenos formadores de cistos tissulares nos

hospedeiros intermediários, sendo subdividida em duas sub-famílias: Sarcocystinae e

Toxoplasmatinae (RESENDES et al., 2002). Pertence ao reino protista, filo

Apicomplexa, classe Sporoazida, ordem Eucoccidiorida, família Sarcocystidae,

subfamília Toxoplasmatinae, gênero Toxoplasma, tipo-espécie Toxoplasma gondii.

A sub-família Toxoplasmatinae compreende quatro gêneros diferentes, dentro

dos quais pelo menos duas espécies, Toxoplasma gondii e Neospora caninum, são de

importância em saúde pública e veterinária, podendo causar abortamentos, natimortos

ou doença congênita nos hospedeiros.

T. gondii foi descrito pela primeira vez em coelhos por SPLENDORE (1908), em

(16)

roedor, o Ctenodactylus gondii, no entanto teve seus nomes genérico e específico

determinados por NICOLLE & MANCEAUX (1909).

No seu ciclo evolutivo, T. gondii se apresenta sob três formas principais: 1)

taquizoítos, de rápida multiplicação e que ocorrem na infecção aguda; 2) bradizoítos,

localizados em cistos teciduais e presentes na infecção crônica e 3) oocistos, produto

final da reprodução sexuada e que ocorre somente no trato digestivo dos felídeos, seus

hospedeiros definitivos (MILLER et al., 1972). Os oocistos são eliminados para o meio

juntamente com as fezes dos felídeos onde, após esporulação, tornam-se infectantes.

Após a ingestão, a parede do cisto ou do oocisto se rompe por ação enzimática,

liberando as formas infectantes (bradizoítos e esporozoítos, respectivamente) no trato

digestivo do hospedeiro. Penetram então nas células epiteliais do intestino parasitado

onde, após multiplicação, transformam-se em taquizoítos. A disseminação ocorre pelo

rompimento das células infectadas seguido da invasão das células vizinhas,

distribuindo-se praticamente por todo organismo via circulação sanguínea ou se

difundindo de uma célula a outra, podendo, ainda, ser disseminado por macrófagos,

linfócitos ou granulócitos, além de circular na corrente sanguínea na sua forma livre.

Os taquizoítos são encontrados somente em células nucleadas, com maior

afinidade pelos sistemas muscular e nervoso, onde se multiplicam com rapidez até

destruí-las.

Com o avanço da infecção, o hospedeiro começa a desenvolver uma resposta

imune que atua sobre a multiplicação dos taquizoítos, os quais passam a se dividir mais

lentamente, sendo então denominados bradizoítos e que se encontram confinados num

cisto no interior da célula parasitada, protegidos contra a ação do sistema imune e de

drogas. É a infecção latente ou crônica, que pode se perpetuar por vários anos

(HUTCHISON et al., 1968, 1970, 1971; WITE, PIEKARSKI, 1970; FRENKEL, 1970;

FRENKEL, 1973 e SWANGO et al., 1989).

Além deste ciclo, no hospedeiro definitivo, em especial o gato doméstico, ocorre

o ciclo entero-epitelial com esquizogonia e gametogonia, culminando com a fecundação

e produção do oocisto (FRENKEL, 1970 e WONG & REMINGTON, 1993). Os felídeos

(17)

ingestão de cistos com bradizoítos, por meio do carnivorismo, a via mais freqüente

(SWANGO et al., 1989; DUBEY et al., 1996 e DUBEY, 2002).

Normalmente T. gondii parasita seus hospedeiros sem a manifestação de sinais

clínicos, porém pode ser capaz de desencadear doença severa, ocorrendo graves

alterações comportamentais, como déficit de atenção e esquizofrenia (LAFFERTY,

2005) reduzindo a qualidade de vida dos indivíduos (McALLISTER, 2005). Deve-se

atentar para os fatores de risco de aquisição da infecção pré natal bem como considerar

sua patogenia e seqüelas (DUBEY, 1993; KRAVETZ, FEDERMAN, 2005;

BACHMEYER et al., 2006 e HUNG et al., 2007).

O risco de aquisição desta enfermidade na vida pós-natal, também foi

demonstrado por vários autores (DUBEY et al. 1998; GIRALDI et al. 2001 e SILVA et al.

2001).

Em humanos, a infecção é muito comum, porém a enfermidade clínica é pouco

freqüente. Estima-se que um terço, ou mais, da população possua anticorpos contra o

parasito. Somente nos EUA é provável que ocorram 1.437.500 novos casos de infecção

por T. gondii, com um custo aproximado de U$ 445 milhões por ano (TODD, 1989). No

mesmo país, segundo SAAD et al. (1996), aproximadamente 300 pessoas morrem

anualmente devido à toxoplasmose, tanto na sua forma congênita (neonatos) quanto

em indivíduos com severa imunossupressão iatrogênica (transplantados, tratamento de

neoplasias, pacientes submetidos à diálise renal) ou que sofram de enfermidades

imunossupressoras como doenças auto-imunes ou a síndrome de imunodeficiência

adquirida – AIDS (SMITH, 1993).

Em pacientes com síndrome de imunodeficiência adquirida, a toxoplasmose

manifesta-se com uma elevada freqüência, sendo considerada uma doença oportunista

(LUTF & REMINGTON, 1988; PASSOS et al., 2000) que provoca a reativação dos

cistos, principalmente os cerebrais, produzindo grave encefalite (HALONEN et al., 2001;

KHETSURIANI et al., 2002; MAMIDI et al., 2002; COLLAZOS, 2003; YADAV et al., 2004

e PRADHAN et al., 2007). POTASMAN et al. (1987) observaram uma freqüência de

encefalite por T. gondii entre seis e 10% de pacientes aidéticos nos EUA. No Brasil, em

(18)

mais prevalente, com 11.809 (3,72%) dos 314.582 casos notificados entre 1980 e 1996

(BRASIL, 1996).

Estudos da soroprevalência de Toxoplasma em indivíduos da cidade de

Fortaleza, Ceará, mostraram um rápido aumento na positividade, durante os primeiros

10 anos de vida, sugerindo que a maioria das infecções primárias seja adquirida

durante a infância. Fato este que pode ser associado ao contato domiciliar com gatos e

famílias numerosas, que provavelmente deixam a desejar na higiene e cuidado com as

crianças (REY & RAMALHO, 1999).

As principais vias de transmissão do T. gondii são: infecção transplacentária

(taquizoítos circulantes), sendo mais freqüente no terço final da gestação (FRENKEL,

1973; DUBEY e TOWLE 1986; MAMIDI et al., 2002); ingestão de água, como sugerem

os trabalhos de ARAMINI et al. (1998 e 1999), ou alimentos contaminados com oocistos

esporulados oriundos das fezes do gato e, ainda, ingestão de cistos teciduais em

carnes cruas e/ou mal cozidas (SILVA et al., 2000).

Menos freqüente, porém possível, a infecção pode se dar por meio de acidentes

laboratoriais (WONG & REMINGTON, 1993), transfusão sangüínea

(FIGUEROA-DAMIAN, 1998), transplante de órgãos (MUNIR et al., 2000), e ingestão de leite caprino

não pasteurizado contendo taquizoítos, já descrita em humanos por CHIARI & NEVES

(1984). Em mulheres, embora não se tenha comprovado a transmissão por meio da

amamentação, BONAMETTI et al. (1997a) descrevem um caso positivo de

toxoplasmose em uma criança, cuja dieta era constituída exclusivamente por leite

materno, e a mãe fazia parte de um grupo de 17 indivíduos que havia adquirido

toxoplasmose pela ingestão de carne ovina crua. Um inquérito sorológico na

propriedade de origem dos ovinos revelou 43% dos animais soropositivos para

protozoonose.

Outra via de transmissão recentemente reconhecida é o contato com cães,

devido ao comportamento de alguns deles de ingerir e rolar sobre fezes de gatos, talvez

atraídos pelo cheiro forte. Este comportamento foi denominado xesnomofilia e

possibilitaria a transmissão pelo contato com possíveis oocistos presentes na pelagem

(19)

1.2 Toxoplasmose em ovinos

A toxoplasmose ovina é uma doença parasitária de elevada importância

veterinária, zootécnica e de saúde pública, uma vez que acarreta prejuízos aos animais

de produção (WYSS et al., 2000; SMIELEWSKA, et al., 2001, O’ROUKE, 2002), além

de servirem de fonte direta ou indireta de infecção para o ser humano (LINDSAY et al.,

1997; GARCIA et al., 1999; WALSH et al., 1999). Na Europa, mais de 50% da carne de

ovinos e suínos, pesquisada por ACHA & SZYFRES (1986) apresentaram-se

parasitadas pelo T. gondii. A carne suína é considerada a principal fonte de transmissão

para humanos nos Estados Unidos e, provavelmente, em vários outros países

(GAMBLE, 1997). Em frangos de corte estima-se que a prevalência seja baixa, embora

KANETO et al. (1997) tenham isolado cistos viáveis de T. gondii de musculaturas

esquelética e cardíaca de animais infectados experimentalmente, e GARCIA et al.

(2000) encontraram uma soroprevalência de 10,3% em frangos de corte no estado do

Paraná.

Dentre os animais de produção, o ovino é um dos que mais comumente

apresenta-se infectado, juntamente com os suínos, caprinos e coelhos (DUBEY &

THULLIEZ, 1993).

A alta prevalência da toxoplasmose em ovinos pode estar ligada a menor

resistência desta espécie ao parasita e as próprias condições de exploração da

ovinocultura que expõe estes animais a maior probabilidade de contato com os oocistos

eliminados pelos gatos (DUBEY & HAMIR, 2002).

A toxoplasmose em ovinos foi descrita pela primeira vez por OLAFSON &

MONLUX (1942), nos Estados Unidos. Estes autores assinalaram esta enfermidade em

uma ovelha que clinicamente apresentava sintomatologia nervosa, aumento de

temperatura, rigidez muscular, entre outros. O diagnóstico para esta zoonose foi

estabelecido após necropsia e exame histopatológico do cérebro e medula espinhal do

animal.

Desordens reprodutivas, como abortos e neonatos mortos ou fracos, que

(20)

(PEREIRA-BUENO et al., 2004). Estudos conduzidos no Uruguai apontaram a

toxoplasmose como um problema importante nos rebanhos ovinos, promovendo

prejuízos anuais de US$ 1,4 a 4,7 milhões (FREYRE et al., 1999). MUNDAY & MASON

(1979) foram os primeiros a descreverem a toxoplasmose como importante causa de

prejuízos reprodutivos em caprino, e apesar de pouco relatada nesta espécie,

aparentemente, os danos são maiores, acometendo clinicamente tanto animais jovens,

como adultos (DUBEY, 1987). Para pequenos ruminantes, a principal via de infecção é

a ingestão de oocistos esporulados do parasito (DUBEY & BEVERLEY, 1988).

Em conseqüência disto, na Nova Zelândia e em alguns países europeus, tem

sido licenciado o uso de uma vacina (cepa atenuada “S48”) de taquizoítos, com o

objetivo de minimizar as perdas econômicas nestes sistemas de produção (MONTOYA

& LIESENFELD, 2004).

Um surto de Toxoplasmose humana foi relatado na cidade de Bandeirantes,

Estado do Paraná por BONAMETTI et al., (1997b). Os autores apresentaram 17 casos

(dentre estes, uma paciente que estava no 5º mês de gestação) com sintomatologia

aguda da doença, adquirida pela ingestão de carne crua de carneiro, servida em uma

festa. Todos apresentaram títulos séricos de anticorpos específicos (IgM) que

evidenciaram fase aguda da toxoplasmose, pela reação de Imunofluorescência Indireta

(IFI).

As taxas de infecção apontadas para rebanhos ovinos são variáveis (Tabela 1).

Esta flutuação na ocorrência deve-se principalmente ao tipo de teste sorológico

(21)

Tabela 1: Infecção toxoplásmica em ovinos pertencentes a diversas regiões Mundiais.

Autor(es) Ano País Reação

Sorológica

Nº de

ovinos

examinados

% de

positivos

FELDMAN & MILLER 1956 Estados Unidos SF 9 100

ANGELOFF et al., 1957 Bulgária SF 138 3

ROEVER-BONNET 1957 Holanda SF 128 63

RAWAL 1959 Inglaterra SF 200 36

EYLES et al., 1959 Estados Unidos SF 29 100

COOK 1959 Austrália SF 485 6

ANGELOV et al., 1960 Bulgária FC 526 24

GUILO & DESMONTS 1960 França SF 165 72

SATO 1960 Japão SF 52 44

BERVELEY &

WASTON 1961 Inglaterra SF 200 36

JACOBS 1961 Nova Zelândia SF 18 83

MOYLE & HARTLEY 1961 Nova Zelândia SF 696 45

BERVELEY & MACKAY 1962 Inglaterra SF 77 31

BERVELY & WASTON 1962 Inglaterra SF 246 25

JACOBS et al., 1963 Nova Zelândia SF 29 100

McCULLOCH et al., 1964 Estados Unidos SF 27 81

IFI 315 55

BOCH et al., 1965 Alemanha

ELISA 315 90

ZASTERA et al., 1965 Czechoslovakia SF 127 73

BERENGO et al., 1965 Itália SF 77 43

BERGER 1966 Alemanha SF 146 99

ELIAS 1966 Romênia SF 635 53

WORK 1967 Dinamarka SF 70 61

SINGH et al., 1967 Singapura HAI 24 25

(22)

continuação

JANITSCHKE et al., 1968 Alemanha SF 49 87

HARTLEY & MOYLE 1968 Austrália SF 230 88

CATAR et al., 1969 Czechoslovakia FC 429 27

ROEVER-BONNET 1969 Argentina SF 37 62

GILL & PRAKASCH 1970 Índia HAI 488 9

FRENCH et al., 1970 Kwait SF 70 70

WEILAND &

DALCHOW 1970 Turquia SF 250 38

MUNDAY &

CORBOULD 1971 Austrália IFI 1022 14

TATEYMA et al., 1971 Japão HAI 11 27

GARIN et al., 1971 Senegal IFI 83 46

WASTON &

BERVELEY 1971 Inglaterra SF 270 92

DONEV 1972 Bulgária FC 968 31

MARONPOT et al., 1972 Egito IFI 389 12

MUNDAY 1972 Austrália IFI 493 9

BERENGO et al., 1972 Itália SF 88 99

IANNUZZI & RENIERI 1973 Itália HAI 371 48

PLANT et al., 1974 Austrália SF 48 84

CAMPANA et al., 1974 França IFI 583 72

VANDERWAGEN et al., 1974 Estados Unidos HAI 68 28

FRANTI et al., 1975 Estados Unidos IFI 405 13

IFI 144 (M) 62

MUNDAY 1975 Tasmânia

IFI 160 (F) 17

KOZOJED et al., 1976 Afeganistão HAI 117 21

(23)

continuação

CHHABRA &

MAHAHAN 1976 Índia HAI 189 19

ARNAUDOV 1977 Estados Unidos HAI 1579 38

HASGAWA et al., 1977 Japão SF 17 18

MAITANI 1977 Japão SF 34 44

SHARMA & GAUTAM 1977 Índia HAI 122 7

WYNNE & MARTIN 1977 Argentina HAI 105 54

PECHERE et al., 1977 Canadá HAI 26 23

ARNAUDOV et al., 1977 Czechoslovakia IFI 493 33

RIFAAT et al., 1977 Egito SF 52 27

2164 (M) 24

RIEMANN et al., 1977 Estados Unidos HAI

699 (F) 4

MICHAEL 1977 Egito SF 100 51

AMARAL et al., 1978 Brasil HAI 100 23

HAGIQARA et al., 1978 Japão SF 26 65

APARICIO et al., 1978 Espanha IFI 84 50

PERRY 1978 Colômbia HAI 1655 58

TIZARD et al., 1978 Canadá SF 273 65

RIFAAT et al., 1978 Egito SF 54 18

CHABASSE et al., 1978 França IFI 60 15

AMARAL et al., 1978 Brasil (Bahia e

RS) SF 100 23

PERRY et al., 1979 Colômbia IFI 1655 58

RIFAAT et al., 1979 Egito SF 76 47

FAHMY et al., 1979 Egito SF 169 68

Larsson et al., 1980 Brasil

(Uruguaiana/RS) SF 100 39

(24)

continuação

Larsson et al., 1980 Brasil

(Uruguaiana/RS) SF 100 39

SHARMA 1980 Romênia IFI 502 37

PLANT et al., 1980 Austrália IFI 5724 42

PROSECK & HEIJECK 1980 Czechoslovakia SF 89 11

IFI 1092 (M) 29

RUTHERFORT 1980 Nova Zelândia

IFI 50 (F) 0

RAMISSE et al., 1981 França HAI 263 22

OKHO et al., 1981 Nigéria HAI 479 27

SILVA & COSTA 1981 Brasil

(Guaíba/RS) IFI 310 12

AGANGA et al., 1983 Nigéria IFI 200 9

GHORBANIi et al., 1983 Irã AL 203 32

UGGLA & HJORT 1984 Suécia IFI 155 62

SRIVASTAVA et al., 1984 Índia HAI 202 34

DUBEY & KIRKBRIDE 1984 Estados Unidos SF 15 100

RHYAN & DUBEY 1984 Estados Unidos SF 12 91

NISHIKAWA et al., 1984 Brasil (Rio

Grande do Sul) AL 655 8

DUBEY et al., 1985 Estados Unidos SF 78 41

DUBEY 1985 Estados Unidos SF 649 13

ALI ABBAS et al., 1986 Índia HAI 177 26

FESHASKI - HASHENI 1996 Iran IFI 3311 24,5

GONDIN et al., 1999 Brasil (Bahia) IFI 240 18,75

IFI 352 55

LANGONI et al., 1999 Brasil (Estado

de São Paulo)

HAI 352 30

(25)

continuação

MEIRELLES 2003 Brasil (São

Manuel/SP) ELISA 200 31

SILVA et al., 2003 Brasil

(Pernambuco) IFI 173 35,3

FIGIOULO et al., 2004 Brasil (Estado

de São Paulo) IFI 597 34

SAWADOGO et al., 2005 Moroccos ELISA 261 27,6

KLUN et al., 2006 Sérvia

Montenegro IFI 511 84,5

DUMETRE et al., 2006 França AD 257 44

LOPES et al., 2006 Brasil

(Jaboticabal/SP) IFI 134 56

SHARIF et al., 2006 Iran IFI 588 35

Convenções: SF: Reação de Sabin & Feldman; HAI: Reação de Hemoaglutinação Indireta; AL: Aglutinação em Látex; FC: Fixação de Complemento; IFI: Reação de Imunofluorêscencia Indireta; AD: aglutinação direta; ELISA: Ensaio Imunoenzimático.

SPOSITO-FILHA et al. (1992), isolaram 20 cepas de Toxoplasma a partir do

diafragma de 136 ovinos. DA SILVA & LANGONI (2001) identificaram o T. gondii do

cérebro e diafragma de 34 dos 40 ovinos sorologicamente reagentes à

imunofluorescência indireta. Estes trabalhos de isolamento de parasitos viáveis em

tecidos comestíveis, bem como no leite caprino (CHIARI & NEVES, 1984) revelam a

importância destas espécies como fonte de infecção para o homem. O isolamento do T.

gondii no sêmen de animais domésticos, foi comprovado em caprinos (DUBEY &

SHARMA, 1980), bovinos (SCARPELLI, 2001), suínos (MOURA, 2004) e caninos

(ARANTES, 2005).

Apenas três trabalhos na literatura (SPENCE et al., 1978; TEALE et al., 1982;

AGANGA et al., 1988) relatam o isolamento de T. gondii em sêmen de ovinos.

Diferentemente destes autores, no presente trabalho foram utilizadas duas

(26)

resultados relativos ao sistema reprodutor de ovinos (parâmetros espermáticos,

histopatologia, bioensaio, imunohistoquímica e PCR) são inéditos na literatura

(27)

2. OBJETIVOS

2.1 - Avaliar a infecção experimental, em ovinos machos, em idade reprodutiva,

inoculados com oocistos e taquizoítos de T. gondii;

2.2 - Compilar dados clínicos e laboratoriais para melhor conhecimento da infecção

toxoplásmica em reprodutores ovinos;

2.3 - Avaliar a resposta imune humoral dos animais infectados por meio da Reação de

Imunofluorescência Indireta (IFI);

2.4 - Pesquisar pelas técnicas da bioprova e da PCR, a eventual presença de T. gondii

em amostras de sêmen colhidas dos ovinos infectados experimentalmente.

2.5 - Investigar a presença de T. gondii em testículos, próstata, vesícula seminal e

epidídimo dos ovinos infectados experimentalmente por meio do bioensaio (inoculação

em camundongos), da Imunoistoquímica e da PCR.

2.6 - Dos resultados obtidos, devidamente analisados, extrair inferências sobre a

(28)

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 – Cepas de Toxoplasma gondii

Foram utilizadas as cepas “P” (JAMARA & VIEIRA, 1991) e ”RH” (SABIN, 1941),

mantidas no “CPPAR - Centro de Pesquisas em Sanidade Animal” da Faculdade de

Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP - Campus de Jaboticabal. A cepa “P” produz

infecções letais nos camundongos experimentalmente infectados. Os sobreviventes à

infecção normalmente apresentam razoável quantidade de cistos teciduais em cérebro.

Os oocistos desta cepa apresentam-se infectantes para camundongos (VIDOTTO et al.,

1986b) mesmo depois de mantidos durante cinco anos em temperatura de refrigeração

(4oC a 8oC).

3.2 Obtenção de cistos cerebrais contendo bradizoítos de T. gondii

Camundongos albinos suíços, fêmeas, com idade média de 35 dias foram

inoculados intraperitonealmente com aproximadamente 10 cistos (cepa “P”) cada, e

observados diariamente até o 42o dia pós-inoculação, quando, então, eram

eutanasiádos. Os camundongos inoculados foram medicados com sulfadiazina (500

mg) misturada à ração (100g) na dose de 3,5g/animal/dia de ração do segundo ao 11o

dia pós-inoculação de T. gondii. A maioria dos camundongos sobreviventes à infecção

apresentavam cistos cerebrais.

Para pesquisa de cistos de T. gondii os camundongos foram eutanasiádos e

posicionados em decúbito esternal. Com o auxílio de pinça e tesoura, cada cérebro foi

removido e transferido para um graal estéril e macerado com cerca de 1,0 ml de

solução fisiológica estéril. Uma alíquota de 50 l foi examinada ao microscópio óptico,

com objetiva de 40X, para identificação e quantificação dos cistos de T. gondii

eventualmente presentes. Nos camundongos que morreram antes do 11o dia

(29)

assim obtidos, dependendo da concentração e viabilidade, foram também inoculados

em outros camundongos com o objetivo de se obter cistos cerebrais.

3.3 – Obtenção de oocistos de T. gondii

Foram utilizados dois gatos, SRD (sem raça definida), entre dois e três meses de

idade, todos sorologicamente negativos (IFI) para a presença de T. gondii (anticorpos e

oocistos). Cada um deles recebeu aproximadamente 3 mL de um inóculo, contendo

aproximadamente 1500 cistos de T. gondii provenientes de cérebros dos camundongos

cronicamente infectados (cepa “P”). Para a inoculação dos gatos, adotou-se a

metodologia proposta por COSTA et al. (1977), tomando-se o cuidado de realizar a

lavagem da seringa utilizada com solução fisiológica, a fim de remover os cistos que

porventura estivessem aderidos às paredes da mesma. Além do macerado cerebral, os

gatos receberam vísceras (pulmão, coração e fígado) e, ainda, a carcaça dos

camundongos positivos para cistos, com o objetivo de aumentar o inóculo administrado.

Os felinos foram mantidos, isoladamente, em gaiolas metálicas, devidamente

adaptadas para recebê-los. Os animais foram colocados em ambiente fechado, sendo a

água e a ração fornecidas “ad libitum”. A cada 24 horas, os animais foram transferidos

para gaiolas limpas e os comedouros e bebedouros trocados. Os papéis utilizados para

forrar as gaiolas foram acondicionados em sacos de papel e incinerados. As gaiolas e o

recinto (piso e paredes) ocupados pelos gatos infectados foram tratados com água

quente (80ºC).

Exames coproparasitológicos (Método de Sheather), utilizando-se do volume

total de fezes excretadas durante 24 horas pelos gatos, foram realizados, diariamente,

durante 15 dias consecutivos pós-inoculação. As fezes recentemente colhidas foram

misturadas com água até a formação de uma massa pastosa. Uma solução de

sacarose (500g de açúcar dissolvidas em 320mL de água destilada) foi adicionada na

proporção 1:1 para homogeneização do material. Em seguida, este material foi filtrado

para a remoção das partículas maiores e transferido para tubos cônicos de centrífuga

(30)

10 minutos), foram aspiradas alíquotas do sobrenadante, com auxílio de uma pipeta

Pasteur, para a pesquisa de oocistos de T. gondii em microscópio óptico (objetiva de

40X). Em cada uma das amostras de oocistos, assim obtidos, foi adicionada soluções

de ácido sulfúrico a 2% para auxiliar na esporulação. Assim, o material colhido

diariamente, foi mantido em temperatura ambiente em frasco, parcialmente fechado e

aerado mecanicamente duas vezes ao dia, durante 10 dias até a completa esporulação

dos oocistos (DUBEY et al., 1972).

Os oocistos esporulados foram lavados em solução fisiológica, por meio de

sucessivas centrifugações, para remoção do ácido sulfúrico 2% e estocados em

temperatura de refrigeração (4oC a 8oC), imersos em solução salina a 0,85%.

A identificação dos oocistos esporulados foi realizada utilizando-se critérios

morfológicos (ZAMAN, 1970), por meio da mensuração dos oocistos (10 a 12

micrômetros) em régua micrométrica ocular calibrada para a objetiva de aumento 40X

do microscópio óptico e por meio de inoculações intraperitoneais em camundongos

(DUBEY et al., 1972). Após a identificação, foi efetuada a quantificação total dos

oocistos em cada uma das datas de emissão das fezes, para cada um dos dois felinos,

por meio de cinco contagens em câmara de Neubauer, de acordo com a técnica

adotada por COSTA et al. (1977).

Para a inoculação nos ovinos, procedeu-se uma mistura de todas as amostras

fecais positivas, nos respectivos dias em que foram colhidas, para cada um dos felinos,

resultando assim em duas soluções (oriundas dos dois felinos). Posteriormente estas

soluções foram novamente examinadas, sendo o tamanho do inóculo definido mediante

(31)

3.4

Obtenção de taquizoítos de T. gondii

Para a obtenção dos taquizoítos e padronização dos inóculos que posteriormente

foram administrados aos ovinos procedeu-se da seguinte forma: camundongos albinos

suíços fêmeas, com idade de 35 dias, receberam por via subcutânea exsudato

(contendo T. gondii) colhidos de outros camundongos previamente inoculados com

taquizoítos de T. gondii (cepa RH). Freqüentemente, alguns destes camundongos eram

eutanasiádos e posicionados em decúbito dorsal. Após o acesso à cavidade abdominal,

era feito um lavado intraperitoneal com injeção de 1,0 mL de solução fisiológica estéril e

posterior aspiração deste conteúdo.

Com o auxílio de microscopia óptica (objetiva de 40X), a concentração,

viabilidade e morfologia dos taquizoítos foram avaliadas para obtenção dos inóculos. A

padronização desta metodologia permite a obtenção de taquizoítos, em concentrações

variadas, presentes no exsudato intraperitoneal dos camundongos previamente

infectados por T. gondii (COSTA, 1979).

3.5 - Confecção de lâminas com antígeno para IFI

Para a realização da IFI foi utilizado, como antígeno, taquizoítos da cepa RH de

T. gondii, mantidos em solução salina estéril acrescida de heparina (25µl de heparina em 50 mL de solução salina), obtidos de camundongos no segundo dia pós-infecção, e

inativados por formol a 0,5%, em estufa a 37oC por 30 minutos. Após centrifugação (um

minuto a 500 rpm), para sedimentar impurezas, o sobrenadante recolhido foi novamente

centrifugado (10 minutos a 1500 rpm), sendo descartado o novo sobrenadante. O

sedimento foi então ressuspenso em PBS e centrifugado mais uma vez. Após nova

ressuspensão do sedimento, o mesmo foi avaliado (microscopia óptica, objetiva de 40X)

quanto à quantidade de taquizoítos e então diluído em PBS até obter-se uma média de

20 a 30 taquizoítos por campo. Dez microlitros desta suspensão de taquizoítos foram

colocados em “poços” (impressos em lâminas de microscopia pela técnica de “Silk

(32)

(“overnight”), cobertas para evitar contaminação por poeira, para secarem. Em seguida,

as mesmas foram envoltas em papel alumínio e estocadas a –20oC até a utilização.

3.6 - Seleção e adaptação dos reprodutores ovinos para o experimento

Oito ovinos machos sorologicamente negativos para toxoplasmose, neosporose,

brucelose e leptospirose, clinicamente saudáveis, em idade reprodutiva, foram

selecionados de um total de 74 animais examinados, oriundos de propriedades rurais

dos municípios paulistas de Viradouro, Pitanguerias, Morro Agudo e Jaboticabal.

Amostras de sangue dos animais foram colhidas por venopunção jugular, em

tubos de vacutainer, sem anticoagulante. O material foi centrifugado a 2000 rpm, por 10

minutos, e os soros obtidos foram estocados a -20ºC, até o processamento. A técnica

sorológica empregada para detecção de anticorpos contra T. gondii foi a IFI - Reação

de Imunofluorescência Indireta (CAMARGO, 1964), utilizando-se de conjugado anti-IgG

específico para ovinos, marcado com isotiocianato de fluoresceína, sendo utilizadas as

diluições de 1:16 e 1:64. Foram consideradas como amostras positivas os soros que

apresentaram títulos iguais ou superiores a 1:16 (MAINARDI et al, 2003).

Empregou-se, também, a IFI para detectar a presença de anticorpos contra

Neospora caninum (CONRAD et al. 1993) sendo os soros dos animais usados nas

diluições de 1:50 e 1:100. Os ovinos com títulos sorológicos a partir de 1:50, foram

considerados positivos (FIGLIUOLO et al., 2004) e, conseqüentemente, descartados do

experimento.

Para pesquisa de anticorpos contra brucelose foi utilizada a Técnica do Antígeno

Acidificado Tamponado, também conhecida como Teste do Rosa Bengala ou “Card

Test” (ALTON et al., 1988). Para este teste, 0,03 mL do soro foi colocado em contato

com 0,03 mL do antígeno em placa de vidro própria. Em seguida, a mistura foi

homogeneizada e a placa mantida em movimentos rotatórios durante quatro minutos,

para observar a ocorrência, ou não, de grumos de aglutinação, indicativos da

(33)

impossibilidade de obtenção do antígeno referente a Brucela canis, não mais produzido

pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

Quanto à leptospirose, a técnica empregada foi a Prova de Soroaglutinação

Microscópica. Os soros foram testados contra os sorovares pomona,

icterohaemorrhagiae e canicula. O critério adotado para considerar um soro reagente foi

de 50% de aglutinação no título final de 1:100, ou seja, metade das leptospiras

aglutinadas no campo microscópico, observado no aumento de 100X. Para a realização

da técnica e interpretação do grau de aglutinação foram adotadas as recomendações

do CENTRO PANAMERICANO DE ZOONOSIS (1985).

Após a realização de todos os exames sorológicos, os animais selecionados

foram alocados em boxes individuais descontaminados, pertencentes ao “Setor de

Ovinos e Caprinos” do CPPAR - Centro de Pesquisas em Sanidade Animal da FCAV –

UNESP, Campus de Jaboticabal. Posteriormente, foram desverminados, examinados

clinicamente e submetidos a quarentena (quatro semanas) para detecção de eventuais

alterações clínicas e/ou laboratoriais que pudessem interferir nos resultados

experimentais. Durante o período de adaptação pré-experimental (40 dias) os ovinos

receberam água e ração “ad libitum”.

3.7 – Condicionamento dos reprodutores ovinos à colheita de sêmen

Durante esta fase pré-experimental, os animais foram submetidos à colheita de

sêmen pelo método artificial, com o uso de eletro-ejaculador, a cada sete dias, por um

período de quatro semanas, para obtenção de sêmen e, conseqüentemente, para que

estivessem aptos a doarem sêmen no decorrer do experimento.

3.8 – Inoculação dos ovinos reprodutores machos.

Após o período de adaptação, os animais foram identificados, sorteados e

(34)

Tabela 2. Delineamento experimental dos oito ovinos reprodutores submetidos à

infecção experimental por Toxoplasma gondii.

Número do

Ovino

Grupo

Oocistos de

Toxoplasma gondii

Taquizoítos de

Toxoplasma gondii

Via de

inoculação

02 2x 105 -- Oral

09 2x 105 -- Oral

16

I

2x 105 -- Oral

07 -- 1 x 106 Subcutânea

48 -- 1 x 106 Subcutânea

52

II

-- 1 x 106 Subcutânea

43 Placebo Oral

44 III Placebo Oral

Os oocistos foram administrados por meio de seringa acoplada a uma sonda de

metal, para deposição direta no esôfago dos animais. Em seguida a inoculação dos

oocistos, foram administrados mais 100 mL de solução fisiológica estéril em cada

animal, para lavagem das paredes da seringa e/ou sonda, onde eventualmente os

oocistos pudessem estar aderidos.

Os taquizoítos foram administrados via subcutânea (na região da paleta),

utilizando-se seringas e agulhas estéreis conforme descrito por BRESCIANI (2003).

Posteriormente, os últimos dois animais foram inoculados com 100 mL de solução

fisiológica estéril, por via oral, constituindo, assim, o grupo controle.

Todos os animais foram mantidos isolados, em baias individuais, no Setor de

Ovinos e Caprinos – CPPAR, durante todo o período experimental. Exames sorológicos

(35)

desordens reprodutivas, (brucelose, neosporose e leptospirose) também foram

realizados em todos os ovinos experimentais, pré e pós-inoculação.

3.9 – Exames clínicos

Os reprodutores foram submetidos a exames clínicos (Freqüência cardíaca,

respiratória e temperatura retal), desde o primeiro dia antes da infecção e a cada três

dias até o 14º dia pós-inoculação (DPI). A partir desta data, tais exames passaram a ser

realizados semanalmente até 70º DPI.

3.10 – Determinação da parasitemia

A avaliação parasitêmica em camundongos, segundo a técnica descrita por

OLIVEIRA (1997). Amostras de sangue (10 mL) dos animais inoculados e controles

foram colhidas em tubo estéril contendo EDTA, nas mesmas datas dos exames clínicos.

Após centrifugação (3000 rpm por 15 minutos), a camada leucocitária foi

cuidadosamente aspirada com auxílio de pipeta Pasteur e inoculada,

intraperitonealmente, em grupos de três camundongos. Esses camundongos foram

observados por 15 minutos após as inoculações para avaliar possíveis efeitos adversos

à inoculação. Em seguida, avaliações diárias foram efetuadas até 42 dias

pós-inoculação para verificação de manifestações da infecção toxoplásmica.

Nos animais que apresentaram aumento de volume abdominal ou que morreram

até o 10o DPI, foi pesquisada a presença de taquizoítos de T. gondii por meio da

microscopia do exsudato peritoneal e “imprint” de pulmão dos mesmos. Nos animais

que morreram a partir do 11o até o 42o DPI, realizou-se a pesquisa de anticorpos

(36)

3.11 – Resposta imune humoral

Nos soros de todos os ovinos reprodutores infectados experimentalmente e dos

controles, obtidos um dia anterior à inoculação e nos dias 3, 5, 7, 11, 14 após a infecção

e, semanalmente, até o fim do experimento foram pesquisados anticorpos contra

T.gondii por meio da Reação de Imunofluorescência Indireta (IFI), segundo CAMARGO

(1964).

A colheita de sangue foi feita por meio de punção da veia jugular com agulha 40

x 12 mm. Foram colhidos aproximadamente 10 mL de sangue sem anticoagulante de

cada animal. Este material foi processado para obtenção do soro, sendo centrifugado

por 10 minutos a 3000 rpm. O soro foi retirado com auxilio de pipeta de vidro e

acondicionado em microtubos previamente autoclavados, e mantidos sob congelamento

(-20oC).

Os soros dos ovinos foram diluídos em PBS (1:16 até 1:8192). A diluição de 16

microlitros de cada diluição de cada soro, foram depositados nos poços das lâminas

contendo o antígeno. As lâminas, assim preparadas, foram acondicionadas em câmara

úmida e incubadas a 37oC por 40 minutos. Em seguida, as lâminas foram lavadas três

vezes (em tampão PBS, 10 minutos cada vez) e colocadas para secarem (seis minutos

em estufa a 37oC). Posteriormente, adicionou-se o conjugado gamaglobulina anti-IgG

total de ovino marcado com isotiocianato de fluoresceína, e as lâminas foram

novamente incubadas em câmara úmida (37oC por 40 minutos) em estufa. Nova

lavagem por duas vezes foi procedida com tampão PBS e uma vez com água

bidestilada (10 minutos cada lavagem) para remoção do excesso de sais. Após a

secagem definitiva das lâminas, glicerina tamponada foi adicionada às mesmas,

recobertas com lamínulas e examinadas em microscópio de fluorescência (objetiva de

(37)

3.12 – Exames no sistema reprodutor dos ovinos infectados experimentalmente

3.12.1- Colheita do sêmen

A cada sete dias, por um período de quatro semanas, os oito ovinos foram

submetidos ao “condicionamento” para a colheita de sêmen, com o uso de

eletro-ejaculador. Dos oito ovinos experimentais foram obtidos ejaculados um dia antes da

inoculação, prosseguindo, no período de 3, 5, 7, 11, 14 e, semanalmente, até o 70º DPI.

Os ejaculados foram recolhidos em tubos graduados acoplados à funis plásticos

previamente esterilizados. Estes foram mantidos a 37ºC e, no momento da colheita,

acoplados a um recipiente aquecido para evitar o choque térmico, que poderia

ocasionar mortalidade dos espermatozóides e alterações morfológicas.

Imediatamente após o término da ejaculação, o tubo contendo o sêmen foi

colocado em banho-maria (37ºC) para garantir a integridade espermática.

3.12.2 Parâmetros espermáticos

3.12.2.1 Motilidade e Vigor

Para avaliação da motilidade (expressa em % de espermatozóides que se

movimentam em trajetória retilínea e para frente) e do vigor (intensidade com que esta

motilidade é exercida), imediatamente após a colheita, uma alíquota do sêmen

(aproximadamente 10µL) foi colocada sobre lâmina e recoberta por lamínula

(previamente aquecidas a 37ºC) e observada ao microscópio óptico (aumentos de 10 e

40X). Os dados foram expressos em porcentagem (motilidade), numa escala de 0 a 5

(vigor), e anotados em fichas próprias para posterior análise.

3.12.2.2 Concentração e volume

Para análise da concentração espermática foram obtidas alíquotas de 5µl,

(38)

contagem em câmara de Neubauer, conforme MAIA (1998). O volume seminal

mensurado por meio da observação direta dos tubos graduados.

3.12.2.3 Morfologia espermática

Para a análise da morfologia espermática foram obtidas alíquotas de 50µl,

diluídas em 1 mL de solução salina formol (0,9%). A morfologia seminal, para evidenciar

possíveis patologias espermáticas, foi realizada de acordo com critérios padronizados

por BLOM (1973), utilizando-se de microscopia de contraste de fase, conforme o

Manual de Exame Andrológico e Avaliação de Sêmen Animal do COLÉGIO

BRASILEIRO DE REPRODUÇÃO ANIMAL (1998).

3.13 – Bioensaio em Camundongos

Para o isolamento de T. gondii das amostras de sêmen (todas as frações)

colhidas, foi utilizada a metodologia proposta por TEALE et al. (1982), modificada.

Foram separadas duas amostras de sêmen (0,5mL cada amostra) de cada animal. Em

0,5 mL da amostra seminal, foi acrescido 0,5mL da solução tampão (PBS), com pH 7,2,

autoclavado e antibiótico (ampicilina, 1 mg/mL). Cinco camundongos foram inoculados,

via intraperitoneal, com 1mL da alíquota espermática diluída. Os camundongos foram

observados e examinados conforme metodologia adotada por OLIVEIRA (1997) e

BRESCIANI (1999).

3.14 – Pesquisa do DNA de T. gondii pela PCR

Alíquotas de 1mL de sêmen (não diluído) de cada animal infectado, foram

devidamente armazenadas para posterior processamento da técnica de PCR (BURG et

al. 1989 e FUENTS et al. 1996).

Escalas de diluição de taquizoítos de T. gondii (cepa RH) foram realizadas,

(39)

lavagem intraperitoneal dos camundongos, previamente inoculados, a concentração foi

aferida em câmara de Neubauer e o volume final ajustado para 1,0 x 107 taquizoítos/mL

(de PBS ou sêmen ou tecido). A partir desta diluição inicial, 500µL da mesma foram

diluídos em 9,5 mL de água de MiliQ estéril e assim sucessivamente, obtendo-se as

diluições de 107, 106 , 105,104 , 103 , 102 , 101 e 100 parasitos por mL. O material assim

obtido foi mantido congelado (-20oC) até a extração do DNA.

3.14.1 - Extração do DNA das amostras do controle positivo e das amostras de

sêmen e tecidos

Todas as amostras de sêmen (positivas para a presença de T. gondii em

camundongos inoculados) obtidas ao longo do experimento foram avaliadas quanto à

presença do T. gondii pela técnica de PCR.

O DNA de T. gondii das escalas de diluição (controle positivo) e das amostras de

sêmen para a detecção do DNA de T. gondii foi extraído segundo metodologia

preconizada por SAMBROOK & RUSSELL (2001).

Uma alíquota de 100µL (sêmen e tecido) previamente preparado para a extração

de DNA, foi transferida para um microtubo de 1500 µL. A esta, foram acrescidos 900 µL

de tampão PBS, pH 7,2, previamente autoclavado. Após homogeneização, o material

foi então centrifugado (8000 rpm por 6 min) para lavagem, sendo o sobrenadante

removido por inversão. Ao sedimento, foram acrescentados 100 µL de PBS e 400 µL da

solução de lise (2% β-mercaptoetanol, 10 mM Tris pH 8,0, 10 mM EDTA pH 8,0, 0,5%

SDS e 100 mM de NaCl). Após agitação em vortex, a amostra foi incubada em banho

Maria (37oC) por 30 minutos. Foram então adicionados 5µL de Proteinase K (200µg/mL)

e nova incubação em banho Maria (37oC por 12 a 16 horas). Na seqüência, foram

realizadas duas extrações de DNA com fenol:clorofórmio:álcool isoamílico (25:24:1). Em

seguida, foram acrescentados 10% do volume de uma solução de Acetato de Sódio

para precipitação do DNA. Na seqüência, foi adicionado etanol 100%, gelado (duas

(40)

a formação da “medusa” de DNA. Em seguida, o material foi centrifugado (12000-16000

rpm por 20 min), o sobrenadante descartado por inversão e 900µL de etanol 70% foram

acrescidos. O DNA precipitado foi submetido à agitação (vortex) para se desprender o

pellet. Nova centrifugação (12000-16000 rpm por 20 min) e o sobrenadante foi

desprezado por inversão e o tubo contendo o DNA foi deixado a secar de boca para

baixo em papel absorvente. O DNA foi ressuspendido em 50 µL de água miliQ

autoclavada e mantido em temperatura ambiente “overnight” para, em seguida, ser

estocado sob temperatura de congelamento (-20oC) até realização da PCR.

A quantificação do DNA foi realizada por meio de espectrofotometria em

absorbância de 260nm e corrida eletroforética, em gel de agarose 0,8% corado com

brometo de etídio, de 5µL do DNA previamente extraído. Foi utilizado o padrão de peso

molecular λ (50ng/10µL) e, por comparação visual, a quantidade de DNA foi estimada.

3.14.2 – Reação em cadeia da polimerase (PCR)

Para a detecção do DNA de T. gondii nas amostras de sêmen e tecidos

analisadas, foi amplificado um fragmento do gene B1 de T. gondii de 194 pares de

bases (bp) utilizando-se os “primers” 5’–GGAACTGCATCCGTTCATGAG-3’ (B11) e

5’TCTTTAAAGCGTTCGTGGTC –3’ (B12), descritos por BURG et al. (1989) e

FUENTES et al. (1996). A reação de polimerização em Cadeia (Polimerase Chain

Reaction) SAIKI et al. (1988) foi feita pela adição de 500ng de DNA molde em um meio

de reação contendo MgCl2 2mM, KCl 50mM, Tris-HCl 10mM pH 9, Triton X-100 0,01%,

(41)

Tabela 3. Protocolo de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR):

PASSO

TEMPO TEMPERATURA (ºC)

1 2 minutos 95

2 1 minuto 95

3 30 segundos 55

4 1 minuto 72

5 35 vezes (passo 2 a 4) -

6 7 minutos 72

7 - 4

As reações foram realizadas em termociclador modelo Mastercycler gradient®

(Eppendorf).

3.14.3 – Eletroforese em gel de agarose para análise dos produtos amplificados

na PCR

A análise dos produtos amplificados foi feita por eletroforese em gel de agarose

2% preparado em tampão de TAE 1X (Tris-Acetato 40 mM, EDTA 0,1 mM). As

eletroforeses foram realizadas neste mesmo tampão à temperatura ambiente. Géis de

agarose contendo fragmentos de restrição separados por eletroforese foram corados

em solução de Brometo de Etídeo 0,5 µg/mL em água por 20 minutos e observados em

trans-iluminados UV.

3.15 - Pesquisa do Toxoplasma gondii em testículos, epidídimos, vesícula seminal

e próstata dos ovinos reprodutores

3.15.1 – Exames anátomo-histopatológicos nos órgãos reprodutores dos ovinos

Os animais foram necropsiados para realização de exames

(42)

tecidos foram colhidas para exames histopatológicos e para isolamento de T. gondii por

meio da técnica da bioprova, Imunoistoquímica e PCR: testículos, epidídimos, vesícula

seminal e próstata. Para exames histopatológicos e imunoistoquímica, o material

colhido foi fixado em formol tamponado a 10%, por um período de 24 horas, sendo

então transferido para uma solução de álcool 70%. Em seguida o material foi

emblocado em parafina histológica e armazenado desta forma até a realização dos

exames.

3.15.2 - Bioensaio em camundongos

O bioensaio de amostras de testículos, epidídimos, vesícula seminal e próstata

colhidas, inclusive do grupo controle, foi realizado de acordo com o protocolo descrito

por DUBEY (1998). Os tecidos foram primeiramente cortados em pequenos pedaços,

sendo removidos o tecido conectivo e a gordura. A vesícula seminal e a próstata foram

utilizadas integralmente, enquanto que o testículo e epidídimo foram utilizados para

completar 100g de tecidos. O “pool” de tecidos foi homogeneizado com cinco volumes

de NaCl 0,15M (salina) sendo usado um homogenizador de uso doméstico.

Ao material homogeneizado adicionou-se o mesmo volume de uma solução de

pepsina ácida, pH 1,1 – 1,2 (pepsina, 2,6g; HCl, 7,0mL; água destilada suficiente para

500mL de solução), recém preparada e aquecida em banho-maria a 37ºC. A mistura foi

incubada em estufa a 37ºC por uma hora sobre agitador magnético.

Após a incubação, a suspensão foi coada por meio de duas camadas de gaze, o

coado transferido para cinco tubos cônicos de 50mL e centrifugado a 1.200 giros por 10

minutos. O sobrenadante foi desprezado e o sedimento de cada tubo foi então

neutralizado pela adição gradual de bicarbonato de sódio a 1,2%, pH 8,3,

recém-preparado (ao redor de 5,0mL por tubo). A neutralização foi percebida visualmente pela

mudança de cor do sedimento. Após homogeneização, o material foi transferido para

um vidro único tubo cônico, completando-se o volume para 50mL com salina, e

(43)

e o sedimento homogeneizado com salina (v/v) contendo 2000U de penicilina e 200ug

de estreptomicina por mililitro.

Imediatamente a amostra foi inoculada em grupo de 15 camundongos.

Esses camundongos inoculados (1mL/camundongo) foram observados

diariamente, por seis semanas (COSTA et al., 1977), para a avaliação da presença de

sinais clínicos da toxoplasmose. Naqueles que apresentaram pêlos eriçados e/ou

aumento de volume abdominal durante este período, foi pesquisada a presença de

taquizoítos de T. gondii no exsudato peritoneal e “imprint” de pulmão. Os sobreviventes

foram exsanguinados para pesquisa de anticorpos (IFI - CAMARGO, 1964) e cistos

cerebrais de T. gondii, em amostras de soros e cérebros dos camundongos

respectivamente.

3.15.3 – Imunoistoquímica em órgãos do sistema reprodutor dos ovinos

Fragmentos de testículos, epidídimos, vesícula seminal e próstata dos ovinos

reprodutores (controle e inoculados), colhidos e processados conforme item 3.15.1,

foram analisados pela Imunoistoquímica para pesquisa de possíveis antígenos de T.

gondii. Para tanto, foi utilizado o método imuno-enzimático de amplificação com o

complexo estrepto-avidina com peroxidase-biotina (Kit LSAB/HRP, Dako, USA)

conforme GUESDON et al. (1979).

Os tecidos incluídos em parafina foram submetidos à microtomia para obtenção

de secções histológicas de 3 m de espessura, estendidas em lâminas silanizadas e

incubadas em estufa a 55oC por seis horas para fixação dos cortes. Os cortes

histológicos foram submetidos a desparafinização em xilol, seguida de banhos em

álcoois gradualmente hidratados (álcool absoluto, álcool a 95%, álcool a 80%) e em

água destilada.

Foi empregado anticorpo policlonal contra T. gondii produzido por MINEO (2002

– comunicação pessoal), cuja diluição otimizada para o ensaio imunoistoquímico foi de

Imagem

Tabela 1: Infecção toxoplásmica em ovinos pertencentes a diversas regiões Mundiais.
Tabela  2.  Delineamento  experimental  dos  oito  ovinos  reprodutores  submetidos  à  infecção experimental por Toxoplasma gondii
Tabela 3. Protocolo de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR):
Tabela 5: Temperaturas retais médias mensuradas nos ovinos experimentais até 70 dias pós- inoculação com T
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Referências

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