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(Re) pensando as políticas públicas de esporte e lazer: a sociogênese do subcampo político/burocrático do esporte e lazer no Brasil.

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www.rbceonline.org.br

Revista

Brasileira

de

CIÊNCIAS

DO

ESPORTE

ARTIGO

ORIGINAL

(Re)

pensando

as

políticas

públicas

de

esporte

e

lazer:

a

sociogênese

do

subcampo

político/burocrático

do

esporte

e

lazer

no

Brasil

Fernando

Augusto

Starepravo

a,∗

e

Wanderley

Marchi

Júnior

b

aDepartamentodeEducac¸ãoFísica,CentrodeCiênciasdaSaúde,UniversidadeEstadualdeMaringá,Maringá,PR,Brasil bDepartamentodeEducac¸ãoFísica,SetordeCiênciasBiológicas,UniversidadeFederaldoParaná,Curitiba,PR,Brasil

Recebidoem11deoutubrode2011;aceitoem23demarçode2012 DisponívelnaInternetem14denovembrode2015

PALAVRAS-CHAVE

Políticaspúblicas; Esporte;

Lazer; Subcampo

político/burocrático

Resumo A pretensão deste ensaio é resgatar o histórico de disputas no subcampo

polí-tico/burocráticodoesporteelazeredestacaralgumastensões,rivalidades,ac¸õesedisposic¸ões, especialmentenagênesedosubcampo,quepoderãoservircomosubsídioparafuturas refle-xõessobreaspolíticaspúblicasdeesporteelazernoBrasil.Paratantofoifeitaumareleitura críticadealgumasrelevantesobrasquetratamdoassunto,sobaperspectivadaconstituic¸ão dosubcampo,amparadosespecialmentenospressupostosteóricosdePierreBourdieueNorbert Elias.

©2015ColégioBrasileirodeCiênciasdoEsporte.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Todosos direitosreservados.

KEYWORDS

Publicpolicies; Sports; Leisure; Subfield politi-cal/bureaucratic

(Re)thinkingaboutpublicpolicyofsportandleisure:thesocio-genesisofthesubfield political/bureaucraticofthesportandleisureinBrazil

Abstract Theintentionofthisessayistorescuethehistoryofthedisputeinsubfield politi-cal/bureaucraticofthesportandrecreation,highlightingsometensions,rivalries,actionsand measures,especiallyinthegenesisofthesubfield,whichmayserveasaninputforfuture reflec-tionsofpublicpoliciesofthesportandleisureinBrazil.Tothatend,weperformedacritical

Autorparacorrespondência.

E-mail:fernando.starepravo@hotmail.com(F.A.Starepravo).

http://dx.doi.org/10.1016/j.rbce.2015.10.008

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rereadingofsomerelevantworksdealingwiththematterfromtheperspectiveofthe consti-tutionofthesubfield,especiallyinthetheoreticalassumptionssupportedbyPierreBourdieu andNorbertElias.

©2015ColégioBrasileirodeCiênciasdoEsporte.PublishedbyElsevierEditoraLtda.Allrights reserved.

PALABRASCLAVE

Políticaspúblicas; Deporte;

Ocio;

Subespecialidad político/burocrático

(Re)pensandolapolíticapúblicadedeporteyocio:lasociogénesisdela subespecialidadpolítica/burocráticadeldeporteyelocioenBrasil

Resumen Laintencióndeesteensayoesrescatarlahistoriadelacontroversiasobrela subes-pecialidadpolítica/burocráticadeldeporteyelocioparaponerdemanifiestoalgunastensiones, rivalidades,accionesymedidas,especialmenteenlagénesisdelasubespecialidad,quepuedan servircomounaaportaciónafuturasreflexionessobrelaspolíticaspúblicassobredeportey ocioenBrasil.Conestefinhemosrealizadounarelecturacríticadealgunasobras importan-tesrelacionadasconestetemadesdelaperspectivadelaconstitucióndelasubespecialidad, especialmenteenlossupuestosteóricosapoyadosporPierreBourdieuyNorbertElias. ©2015ColégioBrasileirodeCiênciasdoEsporte.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Todoslos derechosreservados.

Introduc

¸ão

Observa-se no campo científico/acadêmico da educac¸ão físicabrasileirauminteressecrescentenaspolíticaspúblicas deesportee lazer.Issopodeserobservadonoprogressivo aumentodaproduc¸ão científicasobreo assunto,que vem sendovinculadaespecialmentepormeiodelivroseartigos científicosem periódicoseanaisdecongressosdaáreade educac¸ãofísica,esporteelazer(AmaralePereira,2009).

Essa produc¸ão, por sua vez, tende a apresentar-se combaixovalorcientífico(Starepravo,2007;Starepravoe Mezzadri,2007;Starepravoetal.,2009)ecaracterizauma proliferac¸ão horizontal de estudos de caso (Melo, 1999). Ademais,sãorarososestudosquetratamouaomenos consi-deramohistóricodelutasdosubcampopolítico/burocrático doesporteelazer.1 Algumasexcec¸õessãoCastellaniFilho

(1988),Linhales(1996),Mezzadri(2000),Manhães(2002)e

Veronez(2005), porém todasessassãoobras configuradas comolivrose/outeses,oquedificultasuadifusão.

Diante desse quadro brevemente evocado, e pautados nos referenciais que serão desenvolvidos no texto, nos posicionamos no sentido de pensar as políticas públicas de esporte e lazer para além da política pública em si,

1Defendemosqueoestudodaspolíticaspúblicaspossacomec¸ar

ancoradonoconceito decampopolítico/burocrático,um espac¸o quesupõeadissociac¸ãodaposic¸ãoedeseuocupante,dafunc¸ãoe dofuncionário,dointeressepúblicoedosinteressesprivados,mas queparadoxalmentefuncionacomoummetacampodopoder,até porqueagênesedaordempúblicavemacompanhadadaaparic¸ãoe acumulac¸ãodeum‘‘capitalpúblico’’(Bourdieu,2005,p.68).Cada áreanointeriordocampopolítico/burocrático,porsuavez,pode serentendidacomoumsubcampopolítico/burocrático,noqualas especificidadesdaáreadeatuac¸ãodoEstadodelimitamoespac¸o socialdeatuac¸ãodosagentesaelavinculados.

oprograma esportivo oua iniciativa pública voltadapara atenderocidadãonoseudireitoaolazercomofenômenos estanques ou isolados de um contexto social. A política públicamuitasvezeséapenasapartemaisvisíveldetodo umprocessodesenvolvidonumespac¸osocialespecífico,que comporta disputas, relac¸ões, alianc¸as, decisões estratégi-case também‘‘não planejadas’’ (Elias, 2005). Em suma, escrever sobrepolíticas públicas requer mapear o espac¸o socialnoqualessa éproduzida, avanc¸arnoentendimento dasrelac¸õesentreosagentes,atéfinalmentecompreender quaisaspolíticasqueforamefetivadas,aquelasqueforam preteridas, as que obtiveram êxito e aquelas que não passaramdepropostas.

Falamos,portanto,deumsubcampopolítico/burocrático doesporte e lazer,e nãoapenasdas políticaspúblicasde esporte e lazer. A tarefa de compreender o subcampo, entretanto,écomplexa(atémesmopelacomplexidadedo Estadomoderno) e por vezes limitada. Para minimizar as dificuldades e tentar avanc¸ar nessa compreensão, faz-se necessário cumprir algumas etapas, pautados pelo rigor científico,quedeve comec¸arpelo resgate dohistóricode lutasdoespac¸o socialpesquisado (Bourdieu, 1983).Nesse sentido, a pretensão deste ensaio é resgatar o histórico de disputas no subcampo político/burocrático do esporte e lazer, destacar algumas tensões, rivalidades, ac¸ões e disposic¸ões, especialmente na gênese do subcampo, que poderão servir como subsídio para reflexões sobre as políticaspúblicas deesporte e lazernoBrasil. Para tanto foifeitaumareleituracríticadealgumasrelevantesobras quetratamdoassunto,2sobaperspectivadaconstituic¸ão

2Apesar de escassa, a literatura sobre políticas públicas de

esporteelazernoBrasilapresentaalgunsbonstrabalhosqueforam fontes do presente estudo, em especial os de Linhales (1996),

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dosubcampo, amparados especialmente nos pressupostos teóricosdePierreBourdieueNorbertElias.

O

início

da

organizac

¸ão

do

esporte

no

Brasil

Comomencionado,aofazeraleituraecompreensãodeum espac¸osocial,umdosprimeirosprocedimentosdescritosna sociologiareflexivadePierreBourdieuconsisteemresgatar ohistóricodelutasnointeriordocampoousubcampo3aser

estudado.Numprimeiromomentohaveráespecialatenc¸ão àsociogênese4 daintervenc¸ão estatal noesporte e lazer,

porentenderqueospilaresdessaintervenc¸ãoimpactamaté hojeaformadesefazerpolíticaspúblicasnosetor.

Antes disso, porém, pode-se dizer que as práticas esportivasforampaulatinamenteintroduzidasnasociedade brasileira apartir doséculoXIX.A eliteletrada brasileira daquelefimdeséculo,diantedeumpassadomarcadopelo estigmadaescravidão,buscounovospadrões de sociabili-dadeenovasreferênciasculturaisnamodernidadeeuropeia distante do mundo hispânico-português. Essa elite impôs parasi mesmaa tarefade criarumanova história paraa nac¸ãoedefinir,entreoutrascoisas,novospadrõesdelazer erecreac¸õessociais(DeDecca,2001).

Primeirorestritoàelitebrasileira,oesporterapidamente se popularizou e atingiu outros grupos sociais. Segundo

Lucena (2001), trata-se de um período no qual se deve considerarque o alargamentoda práticade esportes e o envolvimento de camadas sociais diferenciadas estiveram relacionadosàemergênciadeumamaiordiversificac¸ão fun-cional,oquepermitiuoembatedediferentesgruposapartir dadiversificac¸ãonoquadrodasredessociaismaisamplas.

Nessecontexto,aprimeiraetapadatrajetóriapolíticado esportenoBrasilinicia-se, segundoLinhales(1996),ainda no século XIX, quando o esporte chega com a influência europeia.Dessemomentoatéoiníciodadécadade1930, observa-se uma efetiva autonomia da sociedade para se organizar esportivamente. A autonomia relativa da soci-edade em organizar-se esportivamente acaba sendo uma característicacentraldoesportebrasileiroemsuaorigem.

Aintervenc¸ãodoEstadobrasileirovaiseefetivando,de formalenta de gradual, nas primeiras décadasdo século XX.SegundoLinhales(1996),porvoltade1904,o governo estimulou o futebol em substituic¸ão à capoeira, identifi-cada como crime ou prática social desviante. Na década seguinte,deformamaissignificativa,estimulouaexpansão dapráticadofutebolcomo formadedispersãodas inten-sivasmobilizac¸õesegrevesoperáriasqueeclodiamnopaís entre1910e1917.Comopassardotempo,

3Acaracterizac¸ãodo campo ou subcampo se por meio da

definic¸ãodoespac¸osocialnoqualseencontramfixadasasposic¸ões eosagentessociaismovimentam-seobjetivandoconquistas.

4Elias(1994)busca acompreensãode umsentido noprocesso

civilizadorcombaseeminvestigac¸õesqueelemesmodenominou de‘‘psicogenéticas’’e‘‘sociogenéticas’’.Asmudanc¸associaisede comportamento,segundoElias,nãoocorremapenasnoíntimode cadapessoa.Elasestãoligadas tambémaodesenvolvimentodas estruturassociais.Porisso,astransformac¸õesdaconsciênciasão tantohistóricasquantopessoais.Assim,asociogênesecorresponde aodesenvolvimentodasestruturassociaisemlongoprazo(Lucena, 2001).

[...]osdirigentespúblicoscomec¸aram,assim,a

identifi-carocaráterutilitáriodoesportecomoinstrumentode negac¸ãoesubstituic¸ãodeconflitossociais.[...]

Inaugura--se um novo quadro para a relac¸ão que se estabelece aoredordofenômenoesportivo,capazdetransformara autonomiadasociedadeeminstrumentodecomposic¸ões ebarganhas(LINHALES,1996,p.74).

Essequadrovai seconsolidandoatéadécada de1930, quando no Estado Novo o significado político-ideológico atribuído ao esporte influenciou, de forma decisiva, sua consolidac¸ão como prática social e esfera de atuac¸ão do poderpúblico.Aintervenc¸ãodoEstadobrasileironocampo esportivo,nesseperíodo,guardaestreitarelac¸ãocomo pro-cesso deconstruc¸ãodeumanova ordempolítica e social, queculminoucomoprojetomaiorcaracterísticodoEstado Novodecontrolargrandepartedasociedade,nosentidode fortalecimentodopoderpúblico.

Sociogênese

do

subcampo

político/burocrático

do

esporte

e

lazer

no

Brasil

Atransferência domodeloliberaldeadministrac¸ão, cons-tituído até o fim da década de 1920, para o modelo centralizador, a partir do Estado Novo, interferiu direta-mentenavidacotidianadosindivíduos.OEstadotornou-se umagenteativonaorganizac¸ãopolítica,socialeeconômica dasociedade(MEZZADRI,2000).

Nesse novo momento, verifica-se a existência de um Estadocorporativizador daordem social,que pressupõe a intervenc¸ãodoEstadonadinâmicaenofuncionamentodas entidadescivis,quesuperpõeopúblicoaoprivadoemnome deumasupostaharmoniasocial.

Opotencial de poder que seencontrava maisdisperso entreosváriosagenteseinstituic¸õesnaépocapassaaser concentradonasmãosdoEstado.Hánaverdadeum reequi-líbriona balanc¸ade poder,jáque,como noslembraElias (2005),oequilíbriodepoderconstituiumelementointegral detodasasrelac¸õeshumanas,quesão,usualmente, multi-polares.Segundoosmodelosdejogossociaisapresentados peloautor,pode-severificarapresenc¸adeumacompetic¸ão dotipooligárquico,naqualoequilíbriodepoderafavordo nívelmaiselevadoémuitodesproporcional,rígidoeestável. Porém,ainterdependênciaentreosníveisimpõelimitac¸ões a cada jogador, mesmo no nível mais elevado. Ou seja, por maisque tenha o Estado,por meioslegais, garantido umaposic¸ãodedestaquenasociedadebrasileira,comuma visão e umentendimento privilegiadodo jogo, ele não a controlava completamente. Outros estratos da sociedade provavelmente obtiveram lucros a partir da ordem social estabelecidaeforamconiventescomaatuac¸ãocontroladora doEstado.

Nocasodoesporte,essa,

[...] nova ordem adentrou o esporte numduplo

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ordenamento da sociedade nos moldes de seu projeto político-ideológico(Linhales,1996,p.75).

Esse projeto político-ideológico usaria do esporte na contribuic¸ão no alcance de alguns dos objetivos propos-tospelo EstadoNovo,principalmente na centralizac¸ão do poder e na formac¸ão da identidade nacional (Mezzadri, 2000). Segundo Mazo (2005), o projeto nacionalista bus-cava ahomogeneizac¸ãocultural, eracontrário aqualquer manifestac¸ão pluralista e diversificada. Naquele período acentuou-seapreocupac¸ãocomaformac¸ãodaidentidade culturalbrasileira,pois,comoassinalouOrtiz(1994),o Bra-sil não tinha uma identidade e, portanto, não tinha uma nac¸ão.Nãohaviaumaimagemdepovobrasileiro,massim umEstadocompostodegovernoeterritório.Frenteaessa situac¸ão,oEstadobrasileiroassumiucaracterísticas inter-vencionistas, enquanto promotor de políticas culturais e educacionaisdestinadasaconstruiranac¸ãobrasileira, den-treelasaquelasvoltadasparaoesporte.

Ajustificativaparatalintervenc¸ão,porém,passavapor outras questões. Diferentemente do cenário do fim do século XIX, observava-se nesse período certo nível de conflito e disputa de poder dentro do incipiente campo esportivo brasileiro. As disputas de poder e os conflitos giravam,basicamente, segundoLinhales (1996),em torno de questões tais como: as diferenc¸as entre os defenso-resdoamadorismoeosdoprofissionalismo;alegitimidade representativa dasconfederac¸ões e federac¸ões,seus pro-cessosdecisóriosesuasáreasdeabrangência;asformasde organizac¸ãodosselecionadosnacionaispararepresentac¸ão doBrasilemeventosinternacionais,entreoutras.

Dentreasdisputascitadas,Manhães(2002),destacaque constantementeocorriamnasentidadesesportivas brasilei-rascisões responsáveispeloque seacostumou chamarde ‘‘problemade duplicidade deentidades’’, que significava o aparecimento de mais de uma entidade avocando-se o direitodaadministrac¸ãodedeterminadoramoesportivono mesmoespac¸ogeopolítico.

Para arbitrar taisconflitos, o Estado tomaria parasi a responsabilidadedecontrolarocampoesportivonopaís.As justificativasdo poder públicopara sua ac¸ão intervencio-nistanocampoesportivoorientaram-se,basicamente,pela necessidadedeconstituic¸ãode umárbitro neutro paraos conflitos.Manhães(2002)relataquetendoem vista docu-mentos originaise depoimentos de autoridades,salta aos olhos a relevância dacategoria ‘‘disciplina’’,justificativa dainiciativadelegislarsobreesporte.

Assim consta, segundo o autor, da exposic¸ão de moti-vosdoprojetolevadoao presidentedarepública,Getúlio Vargas,queresultarianodecreto-lein◦3.199,que,

[...] os desportos vêm sendo praticados entre nós há

muitos decênios e já conseguiram, em grande número de suas modalidades, um desenvolvimentonotável, do queéexpressivaprovaoêxitodosjogadoresbrasileiros em diversas e memoráveis competic¸ões internacionais. Entretanto, acrescenta que o mesmo ressente-se da ‘‘falta de organizac¸ão geral e adequada, que lhes imprima a disciplina necessária à sua correta prá-tica, conveniente desenvolvimentoe útil influência na formac¸ão espiritual e física da juventude’’ (Manhães, 2002,p.29,destaquedoautor).

Vale ressaltar que, segundo Linhales (1996), tal como ocorreuemoutrossetoressociais,aintervenc¸ãoestatalno campoesportivocaracterizou-secomoumaantecipac¸ãodo Estadoà sociedade.Osclubes constituíamformas básicas deorganizac¸ãoesportivaeosconflitos,mesmoque aconte-cendo,davamotomdapluralidadeedaautonomiarelativa existentesnosetor.Aindasegundoaautora,embora fosse possívelconstatar,noiníciodadécadade1930,a existên-ciade um significativo nível de conflitos entre os grupos e agremiac¸ões esportivas, também vale registrar que as estratégias e soluc¸ões para tais problemas vinham sendo buscadas pelos próprios agentesinseridos noembrionário campoesportivobrasileiro.

Apossibilidadededivergênciaeralegítima,segundoas regras inerentes ao campo esportivo, até então liberais. Ordemessaoriginária daassociac¸ãoespontâneade indiví-duosem entidadesde direito privado, osclubes, centros emqueosesporteserampraticadoseensinados.Desses,em ligas, federac¸ões e confederac¸ões, cujo funcionamento, dinâmicae relacionamentoeram reguladosúnicae exclu-sivamente por seus estatutos, consequentes da iniciativa dossegmentoseagentesafins,seminterferênciadoEstado (Manhães,2002).

Aospoucos, ascaracterísticasdaordemdominantevão tomandoconta docampo esportivo.Tomás Mazoni citado porLinhales(1996,p.80),aofazerem1941umasínteseda situac¸ão do esporte brasileiro durante adécada de 1930, apresenta alguns argumentos que corroboram esse movi-mento:

Poderásurpreenderaosneófitosetambémamuitagente do próprio ambiente esportivo afirmarmos que nestes 11 anos transcorridos desde o advento do governo de 1930,oesportenoBrasiltenhaevoluídomuito,devendo não pouco dessaevoluc¸ão ànova mentalidade política que comec¸ouadominar oPaísdesdeaquela data.[...]

Éfácilcompreenderoquerepresentaparaoesporte bra-sileiro estar integradonas leise noespírito doEstado Novo.Passaráacolocar-seaservic¸odaPátria,eistudo! [...]Oesporte brasileironãopoderiavivermaistempo

divorciado do espírito e da doutrina do Estado Novo. Impor uma sódisciplina, acabar com o espírito clubís-tico, exterminar a política dos homens, dar-lhes outra orientac¸ão,outrasfunc¸õesqueatendemaosseus princí-pios,aosseusideais,fazerdeseushomensdirigentes,e não‘‘caciques’’ouchefetesdegruposeclubes.

Odiscursoentãocaminhanosentidodanecessidadede umaintervenc¸ãoestatalqueconseguissedisciplinare con-trolarocampoesportivo.ParaManhães(2002),ainiciativa detornardominantesospressupostosreferentesaoprojeto dasociedadehegemônica, em detrimentodaqueles explí-citos na ordem liberal das entidades esportivas, passava necessariamentepelainviabilizac¸ãodoconflitooupelo arbi-tramentodosjáexistentes,tendoporconsequênciaofimdo pluralismo.

Assim, novamente escreve Tomás Mazoni, citado por

Linhales(1996,p. 82), nojornalCorreiodaNoite,doRio deJaneiro:

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umadassuasprincipaisfunc¸õeséaeducac¸ão,éofuturo damocidadebrasileira!Enganaram-seredondamenteos quejulgaramqueavidaesportivanacionalnãose inte-grarianadoutrinaenosprincípiosqueconduzemoBrasil Novoaosseusgrandesdestinos, trac¸ados peloregimen de10denovembro.Oesportebrasileirojáestáàs por-tasde sua verdadeiramissão disciplinar, pois o Estado Novoquer transformá-loemforc¸anova daNac¸ão,quer dar-lheamesmaimportânciaquepossuiemtodosos Paí-sesadiantados.[...]Asbandeirasdosclubescontinuarão

aexistir,masacimadessas bandeirasestará o idealdo esportee maisacimaaindaa bandeiradaPátriadessa mocidade.Aela,sóaela,équedevemosolhar!

Comojá apontado,esseperíodocaracteriza-sepor um projeto de sociedade corporativo, no qual o espac¸o de intervenc¸ão dos segmentos sociais na direc¸ão dos seto-res,pelavia dasentidadescivis, émuito pequeno.Sendo assim,peloperfilautoritáriodaordemcorporativa,o pró-prioEstadonãointerveionocampoesportivopormeiode incentivosoudeinstruc¸õesprópriasdosplanos,mas deter-minoupordecretoeporlei.Nessesentido,inexistemplanos depolíticadeesporteduranteoperíodo,masévastíssima alegislac¸ãoafim(Manhães,2002).Portanto,aanálisenesse momentoficarámaiscentradana dimensãopolítica polity

(Frey,2000),queserefereàordemdosistemapolítico, deli-neadapelo sistemajurídico ea estruturainstitucional do sistemapolíticoadministrativo.

O

controle

por

decreto

AprimeirapropostadeLeiOrgânicaparaosesportesno Bra-sildatadeabrilde1941.Trata-sedoDecreto-Lein◦ 3.199

(Brasil,1941),adjetivadoespecialmentepelos decretosn◦

9.267(Brasil, 1942),n◦ 7.674(Brasil, 1945)e pelas

diver-sasDeliberac¸õesdoConselhoNacionaldeDesportos(CND), órgãocriadopelopróprioDecreto-Lei3.199.

Sobreasmotivac¸õesdoDecreto-Lei3.199,oDr.JoãoLyra Filho (primeiropresidente doCND), entrevistadoe citado porManhães(2002,p.36-7,destaquesdoautor),maisuma vez destaca os conflitos existentes no interior do campo esportivo,com realceà disputa entreamadorismo e pro-fissionalismo:

Em 1941, a razão do Decreto n◦ 3.199, foi o

abas-tardamento das atividades desportivas. Precisava-se pôr ordem na vida desportiva. Até então, só havia amadorismo.Veiooprofissionalismoeiniciou-seuma bri-galheirageral.QuiseramextinguiraprópriaCND.Ogrupo doprofissionalismo,lideradopeloSr.ArnaldoGuinle,do Fluminense,nãoadmitiaentidadesecléticas.Chegoua criaraCBF.Sóquea CBDestavafiliada àFifa.Arnaldo GuinlelutouparaqueaFifadesfiliasseaCBDeatraíssea CBF.Argumentavacomofatoverdadeirodequeomaior númerodeclubesdefutebolestavasubordinadoàCBF, queaCBDjá nãorepresentavao futebolbrasileiro.No meiodetudo,aCBDprocuroutirarjogadoresdeclubes nãofiliados a ela paraformar uma selec¸ão.Daí houve umtumultonacional.[...]Urgiadisciplinarepacificaro

desportobrasileiro.

TambémoministrodaEducac¸ãoeSaúdedaépoca,pasta em que se inseria o esporte, Gustavo Capanema, citado

por Manhães (2002, p. 30), em discurso proferido nodia 20.04.1940,naReaberturadasAulasdaEscoladeEducac¸ão Física,afirmavaque:

[...]paracompletoêxito dosdesportosbrasileiros,que

jáestãoseaparelhandodastécnicasdequenecessita,o governonãoquerburocratizaravidaesportivadopaís, masdesejadar-lhe disciplina.[...]a legislac¸ãofederal

visouadisciplinadasatividadescorrespondentes, sobre-tudododesportoprofissionalizado,eàsistematizac¸ãoe intensificac¸ão dosauxílios dos poderespúblicos à enti-dadesdesportivas.[...]escrevi,alhures,queadisciplina

dasatividadesdesportivas deucausaàcriac¸ãodoCND, paraassegurarclimasaudávelàordemespiritualdos des-portos.

Apesardeoministroressaltarquenãoseriainteressedo Estadoburocratizaravidaesportiva,foiissooque aconte-ceu, nosentidodado porBourdieu ao campoburocrático, noqualosinteressesparticularessãosobrepostospor inte-ressescoletivos.Esseatééumdosargumentosusadospelo governoparacontrolarocampoesportivo.

Alheio à categoria disciplina destacada por Manhães (2002)emrelac¸ãoàlegislac¸ãoesportivadaépoca,Mezzadri (2000) destaca que a aprovac¸ão do Decreto-Lei n◦ 3.199

interferiudiretamentenaestruturac¸ãodoesporteno Bra-sil. A lei teria contribuído em três pontos básicos da estruturac¸ãodo esporte: a regulamentac¸ãodas entidades esportivas,adefinic¸ãodafunc¸ãodoEstadobrasileirofrente ao esporte e a indicac¸ão decomo administrar aspráticas esportivas.

JásegundoLinhales(1996),oprojetoparaoesportese apoiouemtrêsdimensõescentraiseconstitutivasdo ideá-rio estadonovista. A primeira dimensão dizia respeito ao corporativismo,adotadocomoestratégiadeorganizac¸ãoe disciplinamentodasociedade.Emnomedaharmoniasocial e do pretendido fortalecimento do Estado, tal estrutura caracterizou-secomo

[...]umasobreposic¸ãodopúblicoaoprivado,emqueas

formasembrionárias epluralistas deorganizac¸ão social existentesforamconsideradasilegítimas,namedidaem queosconflitoseadiversidadedeinteresseseram iden-tificados com a barbárie, com o anarquismo ou com o ‘‘laissez-faire’’(Linhales,1996,p.83).

A oposic¸ão do público ao privado, que poderia ter uma conotac¸ão positiva, já que isso poderia impulsionar e democratizar oesporte, daforma quefoi feita, apenas representouaburocratizac¸ãodomesmoeinverteualógica dopúblicosobreoprivado,quandodasac¸õespersonalistas eindividuaisdadaspelosburocratas.

AsegundadimensãoapontadaporLinhales(1996), cor-roboradaporMezzadri(2000),refere-seàconsolidac¸ãodo nacionalismocomoelementodeunificac¸ãoeconstruc¸ãode uma cultura cívica capaz de sobrepor às diferenc¸as regi-onais. Nesse sentido, o esporte seria um instrumento de consolidac¸ãodonacionalismo,auxiliarnaconstruc¸ãodeuma pretensa unidade nacional, e forma de representac¸ão da próprianac¸ão.

(6)

do Brasil urbano durante a Velha República quanto como condic¸ãonecessáriaaopaísparasuainserc¸ãonoplanodas relac¸õesinternacionais.

A construc¸ão de um Brasil moderno e industrializado demandava ac¸ões e projetos capazes de educar a Nac¸ão,oumaisespecificamenteaclassetrabalhadora,no sentidododesenvolvimentoprodutivo,baseadona raci-onalidadee na eficiência.Aquitambém, nesseprisma, oesporterecebeuedeusuacontribuic¸ão[...].Segundo

Lenharo,‘‘apráticaesportivaécolocadanomesmoplano dosbenefíciostrabalhistasqueogovernovinha gradati-vamenteconcedendo’’(Linhales,1996,p.85).

A construc¸ão da hegemonia doesporte, em relac¸ão às demais atividades corporais, que iniciara no período em questão,tambémguardarelac¸ãocoma ideiade moderni-dadeeprogresso,jáqueoesporteeraaatividadecorporal demovimento empleno crescimentonospaíses desenvol-vidos.CabiaaoBrasiladotá-lotambémcomopartedesuas metas demodernizac¸ão, sustentadaspelaracionalidadee pelaeficiência(Linhales,1996).

Diante desse contexto e dessas intencionalidades, o governo federal propôs a regulamentac¸ão do esporte no Brasil, por meio do Decreto-Lei n◦ 3.199, de 1941.

A institucionalizac¸ão doesporte, porém, foi marcada por uma característica administrativa comandada pelos buro-cratase pelospolíticos, comumaparticipac¸ãorestritada sociedadeedosindivíduosnastomadasdedecisão(Linhales, 1996; Mezzadri, 2000;Manhães, 2002), o quecorrobora a ideia de que aqui configuram-se relac¸ões sociais do tipo oligárquicas,segundoospressupostosdeElias(2005).

A criac¸ão do CND, por meio do dispositivo legal, por exemplo,destinadoa‘‘orientar,fiscalizareincentivara prá-ticadedesportosnopaís’’,que,emoutrostermos,poderia constituir-seumavanc¸oparaoesporte,nãopermitiuacesso dasentidadesesportivasàscadeirasdoCND,acompor-se, inicialmente,decincomembros,todosnomeadospelo Pre-sidentedaRepública.

OCND,duranteasdécadasde1940a1970,estruturoue comandouoesportenacional,fiscalizouasatividades espor-tivasdesenvolvidasnopaís.Osestatutosdasfederac¸õese confederac¸ões deveriam ser aprovados pelo CND e regu-lamentados posteriormentepelo MinistériodaEducac¸ãoe Saúde(Mezzadri,2000).

O interesse do Estado Novo em disciplinar (atrelar ao Estado)ocampoesportivofoioargumentocentralque jus-tificou a legislac¸ão esportiva da época. O pluralismo de interessesatéentãovigentesfoiinterpretadocomonocivo ao propósito de elevac¸ão do esporte à condic¸ão de uma causaquedeveriaestaraservic¸odaPátria,enãoaservic¸o doscidadãosorganizadosesportivamente.(Linhales,1996). Arreliado com a ‘‘indisciplina’’ (pluralidade), o Estado Novonãoseocupoucomac¸õespolíticascapazesdelegitimar eorganizarosconflitosdeinteresse;lanc¸ou-seàsociedade esportiva,sobrepõe-seaelaporlei,aosmoldesdoque tam-bémfezem outrossetoresdavidasocial(Manhães,2002; Linhales,1996).

SegundoLinhales(1996),oefeitodessalegislac¸ãosobre a autonomia da sociedade para se organizar esportiva-mente pode ser considerado devastador, na medida em queoesporte brasileiropassaaestabelecercomoEstado

uma relac¸ão de dependência tutelar. Aqui pode estar a raizdavinculac¸ãoe subordinac¸ão dasociedadeaoEstado no que tange à prática esportiva até os dias atuais. Essarelac¸ãoquaseumbilicalpodeterdesencadeado práti-cas‘‘salvacionistas’’,‘‘utilitaristas’’e‘‘paternalistas’’do Estadoparacomorestantedasociedadebrasileira.

Opróprioprocessodeintervenc¸ãodoEstadonocampo esportivosedeumuitomaisporlógicasexistentesno inte-riordoprópriocampopolítico/burocráticodoqueporuma reconhecidademandadasociedade.Tampoucooesportefoi oficializadoapartirdaperspectivadoreconhecimentocomo umdireito social, mesmo sendo esse um dos argumentos oficiaisparaaintervenc¸ão.

A década de 1940, para o campo esportivo no Brasil, é, portanto, crucial. Se, por um lado, é possível afir-mar que essa etapa acolheu um verdadeiro processo de popularizac¸ão e massificac¸ão do esporte, apoiado pelo Estado,por outro,valedestacarquetal processonão sig-nificouademocratizac¸ãodoesporteouasuaconsolidac¸ão como um direito social. O esporte foi institucionalizado, ganhoulegislac¸ãoprópria, foioferecido peloEstadocomo umbem coletivo. Recebeuinvestimentospúblicos e cons-tituiu uma burocracia oficial para seu desenvolvimento, controleefiscalizac¸ão.Foiestatizado,semcontudo,tersido publicizado(Linhales,1996).

Tambémaperdaouafragilizac¸ãodaautonomiarelativa dasociedadeparaseorganizaresportivamente,associadaà estatizac¸ãodocampoesportivo,provocouofortalecimento de relac¸ões de dependência tutelar entre o esporte e o Estado.Para existir,oesporte dependiadoEstadoe esse, por sua vez, só implantava e apoiava aquelas ac¸ões que seriamde seuinteresse.Essa espécie depacto de conve-niênciatambémgerouseusefeitos perversos. Umesporte atrelado ao Estado, e um Estado que institucionaliza um sistemaesportivocontroladopordirigentesescolhidospor méritos,confianc¸aseanuênciasaopoder,acaboupor con-solidarocampoesportivocomoespac¸oprivilegiadoparaas relac¸õespolíticasbaseadasnoclientelismoenopopulismo (Linhales,1996).

Considerac

¸ões

finais

O subcampo político/burocrático de esporte e lazer, que emergea partirdadécada de1930 noBrasil,e se conso-lidadurantetodooséculoXXe iníciodoséculoXXI,épor princípioumespac¸odecoexistênciadeinteressespúblicose privados.Écomoseseapresentassecomoumabalanc¸a,que orapendeparaosinteressesparticularistas,orapendepara osinteressescoletivos,públicos,muitasvezeschamadosde interessenacional.

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emnossassociedades,oEstadocontribuidemaneira deter-minante na produc¸ão e reproduc¸ão dos instrumentos de construc¸ãodarealidadesocial.Enquanto estrutura organi-zacionaleinstânciareguladoradepráticas,eleexerceuma ac¸ãoformadoradedisposic¸õesduradouras,pormeiodetodo controleedisciplinaqueimpõeaoconjuntodeagentes.

Através do enquadramento que impõe às práticas, o Estado instaura e inculca formas e categorias de percepc¸ãoedepensamentocomuns,quadrossociaisde percepc¸ão,dacompreensãooudamemória,estruturas mentais,formasestataisdeclassificac¸ão.Ecria,assim, ascondic¸õesdeumaespéciedeorquestrac¸ãoimediatade

habitusqueé,elaprópria,ofundamentodeumaespécie deconsensosobreesseconjuntodeevidências compar-tilhadas,constitutivasdosensocomum(Bourdieu,2007, p.116-7).

Umfenômenosocialquetraziaprioritariamente interes-ses particulares é forjado a carregar a bandeira do bem público, com vistas especialmente à constituic¸ão de um

habitus nacional. Como contrapartida, o Estado oferece financiamentoaosatletaseàsinstituic¸õesdepromoc¸ãodo esporteeinstauraumadependênciatutelardocampo espor-tivoaocampopolítico/burocrático.

Além disso, os agentes do campo político/burocrático queseenvolveramcomoesporteperceberamseresseum meio muito eficaz para aprimorar o acúmulo de capital públicooupolítico, já que anatureza doesporte carrega consigosignosdeamizade,companheirismo,descontrac¸ão, além do próprio apelo popular, que fazia com que esses agentestivessemgrandevisibilidadejuntoàsociedade bra-sileira. A incorporac¸ão do campo esportivo pelo campo político/burocrático,sob a justificativa daprevalência da lógica do Estado (pública), rapidamentepassa a ser pau-tada também por interesses individuais daqueles agentes envolvidoscomoesportenoâmbitoestatal.

Esse movimento deixou um grande lastro na política esportivabrasileira, que atéhojeconvivecomfenômenos taiscomooclientelismo,outilitarismoeoassistencialismo. Resgatarasociogênesedosubcampopolítico/burocráticodo esporteelazernoBrasil,portanto,ajudaapensaras atu-aispolíticasesportivasnasdiferentesesferasdegovernoe desnudaaincapacidadedaáreadedesvencilhar-sede prá-ticasoriundasnoEstadoNovo.Trazeràtonaessasquestões, nessesentido,podeserútilapesquisadoresegestores,que, por vezes pautados apenas noempirismo, acabam repro-duzindo,de formaconsciente ounão,essaspráticas, que têmcomofinalidadeoacúmulodecapitaldemaneira indi-vidual e pouco contribuem para o desenvolvimento e a democratizac¸ãodoesportenopaís.

Financiamento

Coordenac¸ão de Aperfeic¸oamento de Pessoal de Nível Superior/Reestruturac¸ão e Expansão das Universidades Federais(Capes/Reuni),modalidadebolsadedoutorado.

Conflitos

de

interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

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