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Processos de aquecimento na alta atmosfera estelar: emissão coronal em raio-x e emissão cromosférica em CaII

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Academic year: 2017

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(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIˆENCIAS EXATAS E DA TERRA

DEPARTAMENTO DE F´ISICA TE ´ORICA E EXPERIMENTAL PROGRAMA DE P ´OS-GRADUAC¸ ˜AO EM F´ISICA

PROCESSOS DE AQUECIMENTO NA ALTA ATMOSFERA

ESTELAR: EMISS ˜

AO CORONAL EM RAIO-X E EMISS ˜

AO

CROMOSF´

ERICA EM CaII

Luiz Pinheiro de Souza Neto

Orientador: Prof. Dr. Jos´e Renan de Medeiros Co-orientador: Prof. Dr. Jos´e Dias do Nascimento J´unior

Disserta¸c˜ao de mestrado apresentada `a Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial `a obten¸c˜ao do grau de MESTRE em F´ISICA.

(2)

Para Pessoas Especiais:

(3)

”O bom senso ´e o que h´a de mais bem distribu´ıdo no mundo, pois cada um pensa estar bem provido dele.”

Ren´e Descartes, (1596-1650)

(4)

Agradecimentos

Ao Prof. Jos´e Renan de Medeiros, n˜ao s´o pela orienta¸c˜ao recebida para realiza¸c˜ao deste trabalho mas tamb´em pelas li¸c˜oes de vida;

Ao Prof. Jos´e Dias do Nascimento Jr. pelas importantes discuss˜oes e li¸c˜oes desen-volvidas desde o per´ıodo de inicia¸c˜ao cient´ıfica;

Ao Prof. Joel Cˆamara de Carvalho pelo aprendizado com ele obtido;

Agrade¸co tamb´em aos professores Samuel, Carlos Chesman, Claudionor Bezerra, Fran-cisco Alexandre e Rui Tertuliano pela contribui¸c˜ao `a minha carreira acadˆemica;

Ao companheiro de trabalho Daniel Brito de Freitas pelas conversas durante todo este per´ıodo de mestrado que nos levou a pensar e refletir, tanto na astronomia como nas coisas da vida;

Ao colega Bruno Leonardo Canto Martins pelas importantes dicas dadas para o de-senvolvimento dos resultados no decorrer deste trabalho;

Aos colegas de grupo, Br´aulio Soares, Izan Le˜ao, Jefferson, Sˆanzia Alves, Saulo Carneiro e a todos os colegas do DFTE pela convivˆencia;

Aos colegas Francisco Carlos de Meneses J´unior, Alexsandro, Bernardino, Armando, Edson, Rodrigo, Klaydson, Sandro, Hidalyn, Gustavo e em especial a Josenildo Vicente Firmino, pela convivˆencia e companherismo durante os ´ultimos 5 anos;

Agrade¸co tamb´em `a minha irm˜a Renata L´ıgia e a colega Alexsandra Patr´ıcia, que me deram uma grande ajuda e incentivo para a realiza¸c˜ao desta disserta¸c˜ao e, finalmente `a minha namorada Micheline da Silva Paiva pelos momentos que vivemos juntos;

Ao CNPq pelo apoio financeiro;

(5)

Resumo

No presente trabalho estudamos os processos de aquecimento na alta atmosfera estelar, com base numa an´alise do comportamento da emiss˜ao cromosf´erica e coronal de estre-las simples cestre-lassificadas como gigantes na literatura. O status evolutivo das estreestre-las da amostra foi determinado a partir de medidas trigonom´etricas de paralaxe feitas pelo sat´elite HIPPARCOS e tra¸cos obtidos a partir do c´odigo de Toulouse-Gen`eve. Neste estudo mostramos a forma como se comporta o fluxo de emiss˜ao em CaII nas linhas espectrais H e K F(CaII) e o fluxo de emiss˜ao em raio-X em fun¸c˜ao da rota¸c˜ao, do n´umero de Rossby R0 e da profundidade em massa da envolt´oria convectiva. Nesta

(6)

Abstract

In the present work we study the processes of heating in the high stellar atmosphere, with base in an analysis of behavior of the cromospheric and coronal emission for a sample of single stars classified as giant in the literature. The evolutionary status of the stars of the sample was determined from HIPPARCOS satellite trigonometric parallax measurements and from the Toulouse–Gen`eve code. In this study we show the form of behavior of the CaII emission flux in spectral lines H and K F(CaII) and the X-ray emission flux in function of the rotation, number of Rossby R0 and depth in mass of the convective

(7)

´Indice

Agradecimentos ii

Resumo iii

Abstract iv

1

INTRODUC

¸ ˜

AO

1

1.1 A atmosfera estelar . . . 1

1.2 Os processos de aquecimento na alta atmosfera estelar . . . 4

1.3 A atividade cromosf´erica . . . 6

1.4 A atividade coronal . . . 7

1.5 Nosso trabalho . . . 9

2

A F´ISICA DOS PROCESSOS DE AQUECIMENTO

10

2.1 A equa¸c˜ao de indu¸c˜ao . . . 10

2.2 Os efeitos α e ω . . . 14

2.3 A eficiˆencia do d´ınamo . . . 16

2.3.1 N´umero do d´ınamo (D) . . . 17

2.3.2 N´umero de Rossby (R0) . . . 18

3

DADOS OBSERVACIONAIS E PAR ˆ

AMETROS

ESTE-LARES

21

3.1

A amostra

. . . 21

3.2

Rota¸c˜ao

. . . 21

(8)

3.4

Atividade Coronal

. . . 27 3.5

Profundidade da envolt´oria convectiva

. . . 28

4

RESULTADOS E DISCUSS ˜

OES

32

4.1

Comportamento do fluxo de CaII e do fluxo de raio-X no

dia-grama HR

. . . 32 4.2

Rela¸c˜ao entre a velocidade rotacional,

V sini

, a atividade

cro-mosf´erica e a atividade coronal

. . . 36 4.3

A conex˜ao entre a atividade cromosf´erica, atividade coronal e

o n´

umero de Rossby

. . . 39 4.4

O comportamento da atividade cromosf´erica e da atividade

coronal como fun¸c˜ao da profundidade da envolt´oria convectiva

41

5

CONCLUS ˜

OES E PERSPECTIVAS

45

5.1

Conclus˜oes

. . . 45 5.2

Perspectivas

. . . 48

A

Parˆ

ametros fundamentais para as estrelas com fluxo de

CaII.

49

B

Parˆ

ametros fundamentais para as estrelas com fluxo de

raio-X.

55

C

Publica¸

oes

59

(9)

Lista de Figuras

1.1 Esquema ilustrativo mostrando as camadas da atmosfera, zona radiativa e envolt´oria convectiva para as estrelas de pouca massa (em torno da massa solar). . . 2 3.1 Rela¸c˜ao entre os fatores S2 e S1 para as estrelas gigantes da amostra de

Rutten (1987b) mostrando a reta obtida a partir de uma regress˜ao linear. A figura apresenta tamb´em a reta obtida, considerando apenas os pontos da regi˜ao 0.1≤S1 ≤0.4. . . 26

3.2 Histograma da metalicidade [F e/H] para as estrelas de nossa amostra. . . 29 3.3 Profundidade em massa da envolt´oria convectiva mostrada como uma

fun¸c˜ao da temperatura efetiva (primeira dragagem) para 1.0 (s´olida), 1.2 (ponto), 1.5 (pequeno tra¸co), 2.0 (longo tra¸co), 2.5 (ponto-pequeno tra¸co), 3.0 (ponto-longo tra¸co), e 4.0M⊙(pequeno tra¸co-longo tra¸co) e [F e/H] = 0.

A figura apresenta tamb´em umzoomda regi˜ao 3.8 ≤ log Tef f ≤ 3.74. O pontoa indica o fim da primeira dragagem (copiada a partir de do Nasci-mento et al. 2000). . . 31 4.1 Distribui¸c˜ao das estrelas gigantes no diagrama HR, com o comportamento

do fluxo cromosf´erico,log F(CaII), em fun¸c˜ao da luminosidade e da tem-peratura efetiva. Tra¸cados evolutivos para [Fe/H] = 0 obtidos a partir do c´odigo Toulose-Gen`eve s˜ao mostrados para massas estelares entre 1 e 4M⊙

(10)

4.2 Distribui¸c˜ao das estrelas gigantes no diagrama HR, com o comportamento do fluxo coronal,log (fx/fv), em fun¸c˜ao da luminosidade e da temperatura efetiva. Tra¸cados evolutivos est˜ao definidos na figura (4.1). A linha ponti-lhada indica o in´ıcio do ramo das subgigantes e a linha tracejada representa o in´ıcio do ramo das gigantes vermelhas. . . 35 4.3 Fluxo cromosf´erico, log F(CaII), versus velocidade rotacional, log (Vsini)

para as estrelas de nossa amostra. Os triˆangulos fechados representam estrelas com (B −V) ≤ 0.7; os c´ırculos com 0.7 < (B −V) ≤ 0.9; os quadrados possuem 0.9<(B−V)≤1.2 e os triˆangulos abertos s˜ao estrelas com (B −V)>1.2. . . 37 4.4 Fluxo coronal, log (fx/fv), versus velocidade rotacional, log (V sini) para

as estrelas de nossa amostra. Os s´ımbolos est˜ao definidos na figura (4.3) . . 38

4.5 log F(CaII)versus o n´umero de Rossbylog (R0) para as estrelas de nossa

amostra. Os s´ımbolos est˜ao definidos na figura (4.3). . . 40 4.6 log (fx/fv) versus o n´umero de Rossby log (R0) para as estrelas de nossa

amostra. Os s´ımbolos est˜ao definidos na figura (4.3). . . 41 4.7 A profundidade (em massa) da envolt´oria convectiva em fun¸c˜ao da

tempe-ratura efetiva para as estrelas de nossa amostra. O tamanho dos s´ımbolos ´e proporcional ao fluxo de CaII, log F(CaII). . . 43 4.8 A profundidade (em massa) da envolt´oria convectiva em fun¸c˜ao da

(11)

Lista de Tabelas

(12)

CAP´ITULO 1

INTRODUC

¸ ˜

AO

Entre tantas coisas existentes no universo, apenas algumas podemos ser capazes de explicar e entender um pouco do seu comportamento e natureza. A mat´eria prima que alimenta tantas descobertas da ciˆencia ´e a vontade de querer saber cada vez mais como funciona e como se comportam tais coisas existentes no universo.

Neste trabalho apresentamos um estudo sobre o aquecimento da alta atmosfera este-lar, em particular para as estrelas de classe de luminosidade III que s˜ao estrelas evolu´ıdas, classificadas como gigantes na literatura. Nos concentramos basicamente na emiss˜ao coro-nal e na emiss˜ao cromosf´erica dessas estrelas com o objetivo de melhor entender a forma de aquecimento na alta atmosfera estelar, analisando os efeitos dos processos t´ermicos e n˜ao-t´ermicos associados diretamente com o fluxo de emiss˜ao em CaII e o fluxo de emiss˜ao em raio-X.

1.1

A atmosfera estelar

Classicamente podemos dizer que a atmosfera de uma estrela ´e dividida em fotosfera, cromosfera e coroa. A fotosfera, localizada acima da camada convectiva estelar, ´e uma fina camada de g´as, com temperatura na ordem de 103 K, onde emana a principal parte

(13)

A cromosfera1 ´e a camada logo acima da fotosfera e tem uma densidade gasosa muito

menor que a densidade fotosf´erica, com uma temperatura na ordem de 104K. A cromosfera

no Sol ´e visualizada somente na luz vis´ıvel durante breves segundos antes e depois da totalidade de um eclipse solar. Seu nome se deve a cor avermelhada proveniente da colora¸c˜ao devida `a linhaHα.

A coroa ´e a camada mais externa e mais extensa da atmosfera estelar com temperatura de 106 K e localizada acima da cromosfera. No Sol, esta camada ´e observada na luz vis´ıvel

apenas durante o eclipse solar total quando o disco solar est´a completamente coberto pela lua. Visto que a temperatura cresce da cromosfera para a coroa deve-se existir uma camada com uma temperatura intermedi´aria entre a temperatura da cromosfera e da coroa. Essa camada ´e conhecida como camada de transi¸c˜ao. Existe uma grande dificuldade em se definir onde esta camada de transi¸c˜ao come¸ca e termina. Um esquema ilustrativo da atmosfera estelar ´e mostrado na figura (1.1).

Figura 1.1: Esquema ilustrativo mostrando as camadas da atmosfera, zona radiativa e envolt´oria convectiva para as estrelas de pouca massa (em torno da massa solar).

Com o avan¸co tecnol´ogico dos telesc´opios ocorrido no s´eculo passado tornou-se poss´ıvel

1

(14)

a observa¸c˜ao de linhas espectrais na cromosfera e na camada de transi¸c˜ao no ultravioleta sem a necessidade de um eclipse solar. O estudo espectrogr´afico da cromosfera revela um grande n´umero de linhas tais como Hα, CaII H e K, M gII h e k. Essas linhas s˜ao formadas em camadas com temperaturas acima de 15000 K com exce¸c˜ao das linhas do h´elio, que se formam em camadas comT ≈20000 K.

Na coroa, tamb´em foram observadas linhas espectrais que quando detectadas pela primeira vez mostraram-se razoavelmente fortes em 5303 ˚A, 5694 ˚A e 6374 ˚A. Somente ap´os B. Eldl´en (1941, 1942) fazer medidas em laborat´orio dos comprimentos de onda das linhas do ultravioleta do feixe de FeIX e FeX construiu-se um diagrama dos n´ıveis de ener-gias para esses ´ıons. A partir desses diagramas, Grotrian (1939) conseguiu identificar algu-mas dessas linhas coronais como sendo devida a esses ´ıons altamente ionizados. Baseado nessa descoberta, Eldl´en identificou as linhas coronais restantes na regi˜ao do vis´ıvel como sendo devidas a outros ´ıons altamente ionizados, dentro do contexto seguinte: as linhas de 5303 ˚A e 6374 ˚A s˜ao devidas a ´ıons de Ferro que perderam 13 el´etrons e 9 el´etrons respectivamente e a linha 5694 ˚A ´e devida ao ´ıon de C´alcio que perdeu 14 el´etrons. Para separar o el´etron mais interno para alguns desses ´ıons s˜ao necess´arias energias da ordem de 300 eV. Como a radia¸c˜ao vinda da fotosfera n˜ao possui f´otons com energia t˜ao alta, a ´

unica forma de fazer com que essas part´ıculas sejam ionizadas em alto grau ´e atrav´es de colis˜oes com part´ıculas bastante energ´eticas. Isso exige a existˆencia de temperaturas da ordem de 106 K na coroa. As emiss˜oes em raio-X provenientes da coroa solar mostram

essa ordem de grandeza.

(15)

1.2

Os processos de aquecimento na alta atmosfera

estelar

As primeiras teorias a cerca dos processos de aquecimento na atmosfera estelar foram desenvolvidas por Biermann (1946), Schwarzschild (1948) e Schatzman (1949). Segundo tais teorias, os processos de aquecimento eram oriundos dos movimentos turbulentos na camada superior da envolt´oria convectiva que por sua vez, gera um pacote de ondas ac´usticas que se propagam para a atmosfera superior, sendo amortecidas ao longo do caminho e transferindo energia para o meio em forma de calor. O primeiro a ressaltar que ondas magnetohidrodinˆamicas tamb´em podem aquecer a alta atmosfera solar foi Alfv´en (1947).

A gera¸c˜ao de energia n˜ao t´ermica, na atmosfera estelar, acontece quando o plasma flui atrav´es das linhas de campo magn´etico. Um plasma que se move com velocidade v, suas cargas positivas e negativas reagem de forma diferente `a intera¸c˜ao com os campos el´etricos e magn´eticos, resultando numa separa¸c˜ao local das cargas, fazendo com que apare¸cam correntes el´etricas. Assim temos a convers˜ao da energia mecˆanica associada ao campo de velocidades, em energia eletrodinˆamica associada aos campos el´etricos e magn´eticos. Processos deste tipo tˆem uma grande importˆancia na fotosfera, j´a que esta concentra uma grande reserva de energia t´ermica.

Uma parte da energia eletromagn´etica ´e levada pelas ondas magnetohidrodinˆamicas ou ondas de Alfv´en que se propagam em dire¸c˜ao `a alta atmosfera estelar. Tais ondas, s˜ao amortecidas ao viajar pela atmosfera devido `as intera¸c˜oes com os constituintes do plasma, fazendo com que a energia perdida no amortecimento seja transferida para o meio sob forma de calor. Esse modelo ´e parecido ao proposto para o aquecimento via ondas ac´usticas, mudando apenas na natureza das ondas.

(16)

natureza. Contudo, campos magn´eticos tˆem sido observados numa grande variedade de objetos astronˆomicos, como por exemplo, nos planetas do sistema solar, no Sol e em muitas outras estrelas, gal´axias e objetos compactos como estrelas de nˆeutrons e an˜as brancas. Podemos dizer ent˜ao que em princ´ıpio, qualquer objeto astrof´ısico que seja fluido e tenha rota¸c˜ao pode gerar e manter campos magn´eticos. ´E baseado nesse contexto que surge a teoria do d´ınamo magnetohidrodinˆamico.

Acredita-se que os campos magn´eticos nas estrelas s˜ao produzidos por um processo d´ınamo, onde esses campos s˜ao formados por correntes induzidas pelo movimento de fluidos carregados. A teoria do d´ınamo tem avan¸cado dramaticamente na ´ultima d´ecada com a ajuda de novas observa¸c˜oes e o avan¸co dos computadores.

Para saber onde os fenˆomenos ligados ao campo magn´etico s˜ao relevantes, ´e preciso observar um parˆametro chamado ”β de plasma”, definido como sendo a raz˜ao entre a press˜ao do g´as, devido ao efeito t´ermico e a press˜ao magn´etica ligado a intensidade do campo magn´etico. Dessa forma a alta atmosfera pode ser dividida em duas regi˜oes: uma

paraβ >1 , que indica que o aquecimento ocorre via processos mecˆanicos (t´ermicos) tipo

ondas ac´usticas. A segunda regi˜ao ´e paraβ <1, que indica que o aquecimento ocorre em processos eletrodinˆamicos (n˜ao t´ermicos).

Durante muito tempo n˜ao se podia testar as teorias dos processos de aquecimento da atmosfera estelar, por n˜ao existir uma base de dados de boa qualidade contendo in-forma¸c˜oes sobre os fluxos referentes `a atividade cromosf´erica e coronal. Entretanto, em 1978 dois sat´elites foram lan¸cados e deram uma grande contribui¸c˜ao para o desenvolvi-mento e compreens˜ao do problema dos procesos de aquecidesenvolvi-mento na atmosfera estelar. O sat´elite International Ultraviolet Explorer (IUE) obteve espectros no ultravioleta para uma grande amostra de estrelas e deu evidˆencias de um plasma com temperatura em torno de 104 K - 105 K na cromosfera e na regi˜ao de transi¸c˜ao. J´a O sat´elite High Energy Astrophysics Observatoy 2 (HEAO-2) ou Einstein, detectou fluxos de raio-X em v´arios tipos de estrelas dando evidˆencias de um plasma com temperatura em torno de 106 K

(17)

Um outro sat´elite que deu grande contribui¸c˜ao para o estudo do processo de aqueci-mento da atmosfera estelar foi o ROSAT2, lan¸cado pela NASA em 1990. Tal laborat´orio,

realizou nos 6 meses iniciais de opera¸c˜ao o primeiro levantamento de todas as fontes de raio-X moles do c´eu. O ROSAT transportava um telesc´opio maior do que o utilizado pelo sat´elite Einstein, o que possibilitou observar mais profundamendte o c´eu dentro da radia¸c˜ao eletromagn´etica dos raio-X mole.

Os sat´elites Chandra e o XMM-Newton lan¸cados em 1999 s˜ao tamb´em importantes na observa¸c˜ao em raio-X. O Observat´orio de Raio-X Chandra foi um sat´elite fabricado pela NASA e foi assim chamado em honra ao f´ısico ´ındiano Subrahmanyan Chandrasekhar. Chandra pode observar o c´eu em raio-X com uma resolu¸c˜ao angular de 0,5 segundos de arco, mil vezes mais preciso do que o primeiro telesc´opio orbital de raio-X. O XMM-Newton (X-ray Multi-Mirror XMM-Newton) ´e um orbitante observat´orio de raio-X lan¸cado pela ESA (European Space Agency) e provˆe observa¸c˜oes de todos os tipos de objetos astronˆomicos, tais como estrelas, planetas em nosso sistema solar e quasares. ´E importante ressaltar que os sat´elites Chandra e XMM-Newton ainda encontram-se em atividade.

1.3

A atividade cromosf´

erica

O estudo da atividade cromosf´erica obteve um grande avan¸co a partir da d´ecada de 80 com a ajuda dos dados observacionais coletados em diferentes observat´orios. Middelkoop e Zwaan (1981) utilizando fluxos de C´alcio como diagn´ostico, mostraram que a emiss˜ao cromosf´erica depende da a¸c˜ao do d´ınamo na envolt´oria convectiva e que a eficiˆencia deste d´ınamo diminuiria com o decrescimento da velocidade de rota¸c˜ao.

Rutten (1987a) analisou a rela¸c˜ao do fluxo de C´alcio com a velocidade de rota¸c˜ao, tendo por objetivo verificar se o fluxo de C´alcio tinha alguma rela¸c˜ao com o efeito d´ınamo, que por sua vez est´a diretamente ligado com a velocidade de rota¸c˜ao. Rutten (1987a)

2

(18)

procurava confirmar se a hip´otese de Middelkoop e Zwaan (1981) estava correta. Neste mesmo trabalho, Rutten construiu um diagrama log F(CaII)versus (B-V) e verificou que havia um fluxo m´ınimo Fmin(CaII) para um dado (B-V). Obteve uma fun¸c˜ao emp´ırica

Fmin(CaII) chamando-a decomponente basal. Baseado nisso Schrijver (1987a,b) mostrou que a componente basal era independente da a¸c˜ao do processo d´ınamo. Este autor obteve um melhor comportamento do fluxo de C´alcio F(CaII) em fun¸c˜ao de (B−V) subtraindo a componente basalFmin(CaII). Schrijver (1987a,b) sugeriu que ∆F(CaII) = (F(CaII)−

Fmin(CaII)) era devido apenas ao fluxo produzido por processos n˜ao-t´ermicos e que dependem somente da velocidade de rota¸c˜ao. Rutten chega a conclus˜ao que a cromosfera ´e aquecida por duas componentes, uma componente t´ermica e outra n˜ao-t´ermica. A primeira estaria ligada aos processos de ondas ac´usticas, e a componente n˜ao-t´ermica teria origem na a¸c˜ao do d´ınamo magnetohidrodinˆamico.

Diversos outros autores estudaram as rela¸c˜oes atividade cromosf´erica-rota¸c˜ao em es-trelas evolu´ıdas, sempre observando um comportamento linear da atividade com a rota¸c˜ao (Rutten e Pylyser 1988; Simon e Drake 1989; Strassmeier et al. 1994; Gunn et al. 1998; Pasquini et al. 2000). Recentemente, um importante trabalho foi desenvolvido por do Nascimento et al. (2003) que analisou a liga¸c˜ao entre velocidade de rota¸c˜ao e atividade cromosf´erica. Um aspecto importante deste estudo foi a an´alise precisa do est´agio evolu-tivo. Todos esses trabalhos confirmaram que a atividade cromosf´erica est´a efetivamente associada `a a¸c˜ao do d´ınamo magnetohidrodinˆamico e que o processo de aquecimento na cromosfera ´e resultado de um processo dependente do campo magn´etico.

1.4

A atividade coronal

(19)

que as estrelas G apresentam uma larga faixa de valores de emiss˜ao em raio-X, sendo que algumas delas possuem valores compar´aveis aos sistemas RS CVn3 e apresentam valores

abaixo do n´ıvel solar, enquanto que as gigantes K apresentam o n´ıvel de emiss˜ao mais fraco do que as gigantes F e G. Mostrou ainda que a maior parte dos emissores pertencem aos sistemas bin´arios.

A partir do trabalho de Maggio et al., surgiram interroga¸c˜oes sobre o comportamento das rela¸c˜oes entre o fluxo de emiss˜ao em raio-X e os parˆametros estelares fundamentais, tais como rota¸c˜ao, temperatura, per´ıodo orbital e idade.

Rutten et al. (1991) usaram a mesma linha de racioc´ınio utilizada no estudo da emiss˜ao em CaII na atividade cromosf´erica. Definiram uma componente basal e um excesso de fluxo ligada a emiss˜ao em raio-X na coroa. Tais autores, entretanto, n˜ao encontraram argumentos s´olidos para estabelecer uma componente basal associada `a atividade coronal e conclu´ıram que o processo f´ısico respons´avel pela emiss˜ao em raio-X coronal depende essencialmente do campo magn´etico.

Haisch et al. (1992) com base em uma amostra de 65 estrelas simples com fluxo de emiss˜ao em raio-X observadas com o sat´elite ROSAT, analisou a atividade coronal em estrelas gigantes e supergigantes. Tal autor mostrou a presen¸ca de uma linha divis´oria em torno do tipo espectral K3, onde as estrelas localizadas antes da linha divis´oria apresentam fluxos de raio-X enquanto que as estrelas localizadas ap´os a linha divis´oria n˜ao apresen-tam essencialmente nenhum fluxo de raio-X. O desaparecimento abrupto deste fluxo foi explicado com base no aparecimento de ventos massivos neste est´agio evolucion´ario.

Um outro trabalho importante no estudo da atividade coronal foi desenvolvido por De Medeiros e Mayor (1995), onde ´e analisada a rela¸c˜ao entre rota¸c˜ao e atividade coronal para uma amostra de 144 estrelas evolu´ıdas pertencentes a sistemas simples e bin´arios.

3

RS Canum Venaticorum Systems s˜ao sistemas bin´arios compostos de uma estrela evolu´ıda e de uma

(20)

1.5

Nosso trabalho

Ap´os 60 anos dos trabalhos pioneiros de Biermann, Schwarzschild e Schatzman ainda existem muitas quest˜oes em aberto sobre a natureza dos processos de aquecimento da atmosfera estelar. Em particular, a natureza e a¸c˜ao dos processos f´ısicos respons´aveis pela grande diferen¸ca de temperatura entre a base e a camada mais externa dessa atmosfera. O efetivo papel de alguns parˆametros estelares fundamentais como velocidade rotacional, massa e metalicidade sobre a atividade cromosf´erica e coronal, tamb´em ´e ainda motivo de debates. A dependˆencia da atividade estelar sobre a dinˆamica interna das estrelas, incluindo profundidade da envolt´oria convectiva e rota¸c˜ao diferencial tamb´em carecem de estudos mais s´olidos.

O presente trabalho representa um esfor¸co na busca por respostas para algumas dessas quest˜oes. Com base na mais ampla amostra de estrelas gigantes at´e ent˜ao utilizada, confrontam as rela¸c˜oes entre rota¸c˜oes e fluxos de emiss˜ao cromosf´erica e coronal tentando entender onde reside a diferen¸ca entre as mesmas. Tamb´em de forma pioneira, estudamos o papel da profundidade (em massa) da envolt´oria convectiva sobre a atividade estelar.

(21)

CAP´ITULO 2

A F´ISICA DOS PROCESSOS DE AQUECIMENTO

No presente cap´ıtulo discutiremos alguns aspectos da teoria dos processos de aque-cimento, como a equa¸c˜ao de indu¸c˜ao, os efeitos α e ω e a eficiˆencia do d´ınamo. Esses conceitos s˜ao fundamentais para o entendimento dos processos que acontecem na atmos-fera estelar.

2.1

A equa¸

ao de indu¸

ao

Na atmosfera estelar o material predominante ´e o plasma, portanto podemos utilizar as equa¸c˜oes da hidrodinˆamica para compreender os processos f´ısicos envolvidos. Va-mos considerar o comportamento de um fluido em equil´ıbrio termodinˆamico, condutor, eletricamente neutro e submetido a campos eletromagn´eticos. O fluido ´e descrito pela press˜ao p(x, t), velocidade v(x,t), densidade ρ(x, t) e pela condutividade σ. As equa¸c˜oes hidrodinˆamicas s˜ao dadas pela equa¸c˜ao da continuidade,

∂ρ

∂t +∇.(ρv) = 0 (2.1)

e a lei de for¸cas,

ρ∂v

∂t =−∇p+

1

(22)

A equa¸c˜ao (2.1) ´e a equa¸c˜ao da continuidade para o movimento de mat´eria cont´ınua, que estabelece, essencialmente, que a mat´eria n˜ao ´e criada nem destru´ıda; a massa em qualquer volume, que se mova com o fluido, permanece constante.

Al´em dos termos de press˜ao e de for¸ca magn´etica, verifica-se tamb´em os termos com for¸ca viscosa e gravitacional. OndeJ ´e a densidade de corrente e B o campo magn´etico.

Desprezando a corrente de deslocamento do fluido, os campos eletromagn´eticos podem ser descritos da forma:

∇ ×E+1

c

∂B

∂t = 0 (2.3)

∇ ×B= 4π

c J (2.4)

Neste ponto ´e necess´ario estabelecer uma rela¸c˜ao entre a densidade de correnteJ e os campos Ee B. Em um meio condutor simples de condutividade σ, podemos aplicar a lei de Ohm, e escrever a densidade de corrente da forma:

J′

=σE′

(2.5) onde J′

e E′

s˜ao medidos no referencial de repouso do meio (o fluido).

Para o caso de um fluido com velocidade v, em rela¸c˜ao ao laborat´orio ser´a necess´aria uma transforma¸c˜ao n˜ao s´o da densidade de corrente mas tamb´em do campo el´etrico. Utilizando transforma¸c˜oes n˜ao-relativ´ısticas para a densidade de corrente e para o campo el´etrico, temos:

E′

=E+1

c(v×B) (2.6)

J′

(23)

Como estamos tratando de um fluido condutor puro, teremos a densidade de carga el´etrica ρe nula. Substituindo as equa¸c˜oes (2.6) e (2.7) na equa¸c˜ao (2.5) que ´e a lei de Ohm, obtemos:

J=σ(E+v

c ×B) (2.8)

As equa¸c˜oes (2.1), (2.2), (2.3), (2.4), (2.8) e a equa¸c˜ao de estado do fluido constituem as equa¸c˜oes da magnetohidrodinˆamica.

A partir da equa¸c˜ao (2.8), isolamos o campo E que assume a forma:

E= J

σ −

v

c ×B (2.9)

A partir da equa¸c˜ao (2.4), obtemos a densidade de corrente J em fun¸c˜ao do campo magn´etico B, obtendo

J= c

4π∇ ×B (2.10)

e substituindo as equa¸c˜oes (2.9) e (2.10) na equa¸c˜ao (2.3) obtemos:

∂B

∂t =∇ ×(v×B) +η∇

2B (2.11)

onde η = c2/4πσ ´e definido como sendo a difusividade, que por sua vez ´e fun¸c˜ao da

condutividadeσ. Essa equa¸c˜ao ´e a conhecida equa¸c˜ao de indu¸c˜ao.

(24)

i) Fluido em repouso(v= 0)

Neste caso, a equa¸c˜ao (2.11) toma a forma:

∂B

∂t =η∇

2B (2.12)

Esta equa¸c˜ao representa a equa¸c˜ao de difus˜ao do campo magn´etico B. Fazendo uma an´alise da ordem de grandeza das quantidades envolvidas, podemos encontrar o tempo caracter´ıstico de difus˜ao

∂B ∂t ∼ B τ = η∇2B

∼η

B

L2 (2.13)

onde L ´e uma dimens˜ao caracter´ıstica da varia¸c˜ao do campo magn´etico B e ser´a de grande importˆancia na defini¸c˜ao da eficiˆencia do d´ınamo magn´etico, como veremos pos-teriormente.

Temos, ent˜ao, que o tempo de difus˜ao (τdif) ser´a dado por:

τdif =

L2

η (2.14)

ii) Fluido com uma condutividade grande (σ−→ ∞)

Neste caso, partindo da equa¸c˜ao (2.11) ficaremos apenas com o primeiro termo,

∂B

∂t =∇ ×(v×B) (2.15)

Aplicando o divergente em ambos os lados da equa¸c˜ao (2.15), teremos:

(25)

Utilizando o teorema da divergˆencia, podemos afirmar que o fluxo magn´etico atrav´es de uma espira que est´a se movendo junto ao fluido ´e constante no tempo. Podemos ainda dizer que as linhas de campo est˜ao congeladas no fluido e que s˜ao arrastadas por ele.

Para diferenciarmos entre as situa¸c˜oes nas quais a difus˜ao das linhas de campo ocorre de modo significativo e aquelas onde as linhas de campo est˜ao congeladas, existe um parˆametro chamadon´umero de Reynolds magn´etico (Rm) definido por

Rm =

τdif f

τcon

= vτdif f

L (2.17)

onde τcon ´e o tempo caracter´ıstico de convec¸c˜ao dado pela raz˜ao L/v, onde L e v repre-sentam o comprimento t´ıpico e a velocidade t´ıpica respectivamente. Nas regi˜oes onde

Rm >> 1, o transporte das linhas de for¸cas com o fluido ´e predominante em rela¸c˜ao `a

difus˜ao. Desta forma ocorrer´a um congelamento das linhas de campoB, ou seja, o fluido pode fluir livremente na dire¸c˜ao paralela aB, mas se caso o vetor velocidadev do fluido tiver uma componente perpendicular a B, as linhas de campo ser˜ao arrastadas com o fluido.

Em meios astrof´ısicos, o n´umeor de Reynolds (Rm) assume valores altos, portanto podemos considerar a existˆencia do congelamento do fluido como uma boa aproxima¸c˜ao. Entretando, devemos ter cuidado ao estimar o valor de L, pois em alguns casos a escala de comprimento local pode ser pequena e ser suficiente para permitir uma quebra local da condi¸c˜ao de congelamento. Esta, ´e a id´eia central do teorema anti-d´ınamo de Cowling (1934).

2.2

Os efeitos

α

e

ω

(26)

hidrodinˆamico precisamos saber sob quais condi¸c˜oes podemos encontrar solu¸c˜oes para que o campo magn´eticoBn˜ao varie com o tempo. Para isso, ser´a necess´ario conhecer o campo magn´etico B(x,t) e o campo de velocidades v(x,t)com uma maior precis˜ao.

Cowling (1934) criou o ”problema”do d´ınamo ao inverso, que ao inv´es de provar dire-tamente a existˆencia do d´ınamo, provou que n˜ao pode ser mantido um campo estacion´ario sim´etrico.

Agora, vamos dividir o campo magn´etico B e o campo de velocidades v em duas componentes linearmente independentes. S˜ao estas a componente poloidal e a componente toroidal. De forma que o produto escalar seja nulo, ou seja,Bp.Bt= 0 e vp.vt = 0.

Ent˜ao para o campo magn´etico B temos:

B = ⎧ ⎪ ⎨ ⎪ ⎩ Bt

Bp =∇ ×(ψϕˆ)

(2.18)

e para o campo de velocidades v:

v= ⎧ ⎪ ⎨ ⎪ ⎩

vt =vtϕˆ vp

(2.19)

onde ψ ´e uma determinada fun¸c˜ao de campo e ˆϕ ´e o vetor unit´ario na dire¸c˜ao azimutal, utilizando as coordenadas esf´ericasr,θ e ϕ.

Utilizando as defini¸c˜oes das equa¸c˜oes (2.18) e (2.19) na equa¸c˜ao 2.11, temos

∂ψ

∂t +

1 ˜

ωvp.∇(˜ωψ) =ηD

2ψ (2.20)

∂ ∂t Bt ˜ ω +∇. Bt ˜ ω vp

=Bp.∇

(27)

onde ˜ω =rsenθ e D2 =2 1/r2sen2θ.

O processo conhecido como efeito ω corresponde `a gera¸c˜ao do fluxo toroidal a partir da intera¸c˜ao da componente poloidal com a rota¸c˜ao diferencial, correspondente ao termo Bp.∇Ω na equa¸c˜ao (2.21), onde Ω = vt/ω˜ ´e a velocidade angular. Mas, n˜ao observamos a existˆencia de um termo que mostre a produ¸c˜ao da componente poloidal a partir da componente toroidal na equa¸c˜ao 2.20. Parker (1955) chamou aten¸c˜ao para o fato que um fluido em convec¸c˜ao sofre a a¸c˜ao das for¸cas de Coriolis (ligadas a rota¸c˜ao das estrelas). A a¸c˜ao conjunta das for¸cas de Coriolis e dos movimentos convectivos originam os movimentos ciclˆonicos, que fazem com que as linhas de campo toroidais presas `as c´elulas convectivas realizem um movimento no sentido radial e no sentido toroidal, gerando pequenos loops

de campo magn´eticos. Esses loops sofrer˜ao uma reconex˜ao magn´etica originando um campo poloidal. Parker (1955 e 1970) propˆos que a taxa de cria¸c˜ao do campo poloidal ´e proporcional aBt. Assim, a equa¸c˜ao (2.20) assume a forma:

∂ψ

∂t +

1 ˜

ωvp.∇(˜ωψ) =αBt+ηD

2ψ (2.22)

As equa¸c˜oes (2.21) e (2.22) s˜ao conhecidas como equa¸c˜oes do d´ınamo. A partir da equa¸c˜ao (2.22) podemos observar que o novo termo implica numa regenera¸c˜ao do campo poloidal a partir da intera¸c˜ao entre os movimentos convectivos e a rota¸c˜ao estelar (for¸cas de Coriolis) que atuam sobre a componente toroidal. Tal efeito, ´e conhecido comoefeito

α.

2.3

A eficiˆ

encia do d´ınamo

(28)

d´ınamo (D) e o n´umero de Rossby (R0). Neste trabalho utilizamos o n´umero de Rossby

para medir a eficiˆencia do d´ınamo das estrelas de nossa amostra, pois expressamos tal parˆametro em termos do tempo caracter´ıstico de convec¸c˜aoτc e da velocidade angular de rota¸c˜aoVr como mostrado na se¸c˜ao 2.3.2.

Durney e Latour (1978) mostrou que quando o tempo caracter´ıstico de convec¸c˜ao for maior do que o tempo caracter´ıstico da rota¸c˜ao, maior ser´a a eficiˆencia do d´ınamo, nos dando a desigualdade

l/R vc

> 1 vr

(2.23) onde l/R ´e a profundidade da envolt´oria convectiva, em termos do raio estelar R, e vc e

vr s˜ao a velocidade dos elementos convectivos e a velocidade de rota¸c˜ao, respectivamente. Da inequa¸c˜ao (2.23), temos que

vr >

vc

l/R (2.24)

Essa equa¸c˜ao nos mostra que para a existˆencia de um d´ınamo eficiente a velocidade de rota¸c˜ao deve ser maior do que o valor limite vc/(l/R).

2.3.1

umero do d´ınamo (

D

)

O n´umero do d´ınamo (D) ´e um parˆametro importante e ´util para indicar a eficiˆencia do d´ınamo. Este parˆametro utiliza os tempos de convec¸c˜ao, da amplifica¸c˜ao do campo magn´etico e da difus˜ao. Caso os tempos caracter´ısticos de convec¸c˜ao e/ou de difus˜ao forem menores do que o tempo necess´ario para amplificar o campo magn´etico atrav´es do efeito d´ınamo, podemos dizer que o efeito d´ınamo tem pouca eficiˆencia. Podemos expressar esta condi¸c˜ao pela desigualdade:

D≡ αωL

3

(29)

onde α ´e a magnitude do efeito-α, ω ´e a magnitude da rota¸c˜ao diferencial, L ´e a escala de altura e η´e a difusividade magn´etica.

Steenbeck e Krause (1969) estimaram as quantidades α, ω eη e s˜ao dadas por:

α∼= vr

Rl

2/L (2.26)

ω ∼=l2vr

R/L

2 (2.27)

η∼=vcl (2.28)

Nos dando:

D∼=

l R

vr

vc

2

(2.29)

2.3.2

umero de Rossby (

R

0

)

Um outro parˆametro fundamental para analisar a eficiˆencia do d´ınamo ´e o chamado

n´umero de Rossby (R0). Num sistema em rota¸c˜ao, podemos considerar o n´umero de Rossby como sendo a seguinte raz˜ao:

R0 =

v

ΩL (2.30)

onde v ´e a velocidade t´ıpica, L o comprimento t´ıpico e Ω a velocidade angular.

Podemos expressar melhor a hip´otese de Durney e Latour (1978) dada pela equa¸c˜ao (2.23), pelo n´umero de Rossby

R0 =

vc (l/R)vr

(30)

Observamos ent˜ao que quanto maior a velocidade de rota¸c˜ao, menor o n´umero de Rossby e maior ser´a a eficiˆencia do d´ınamo.

Desta forma vemos que o n´umero de Rossby mede o quanto a rota¸c˜ao se acopla `a convec¸c˜ao para produzir a complexidade necess´aria para o acontecimento do efeito-α.

Podemos obter uma rela¸c˜ao entre o n´umero de Reynolds (Rm) e o n´umero de Rossby (R0), comparando a equa¸c˜ao (2.17) com a equa¸c˜ao (2.30), nos dando a express˜ao:

Rm =τdifΩR0 (2.32)

Podemos ainda obter uma rela¸c˜ao do n´umero do d´ınamo (D) em fun¸c˜ao do n´umero de Rossby (R0) comparando a equa¸c˜ao (2.29) com a equa¸c˜ao (2.31),

D∼=

l R

vr

vc

2

=R−2

0 (2.33)

Portanto, podemos medir a eficiˆencia do processo d´ınamo usando o n´umero de Reynolds (Rm) ou o n´umero do d´ınamo (D) ou o n´umero de Rossby (R0).

No presente trabalho, o parˆametro que utilizamos para medir a eficiˆencia do d´ınamo foi o n´umero de Rossby (R0). Em nossa amostra, este parˆametro varia de 0 `a 16. Para

calcular este parˆametro, reescrevemos a equa¸c˜ao (2.31) de uma forma mais conveniente, dada por:

R0 =

1

τcVr

(31)

< Veq >= 4

π < V sini >⇒Veq

= 4

πV sini (2.35)

Obtendo:

Vr=

4

π V sini

R (2.36)

onde R ´e o raio estelar.

Portanto, para calcular o n´umero de Rossby para as estrelas de nossa amostra pre-cisamos da velocidade de rota¸c˜aoV sini, do tempo caracter´ıstico de convec¸c˜aoτc e do raio estelarR. A velocidade de rota¸c˜ao obtemos do cat´alogo De Medeiros e Mayor (1999).

Para o tempo caracter´ıstico de convec¸c˜ao,τc, calculamos para o parˆametro de mistura (mixing-lenght) α = 1.9 a partir da rela¸c˜ao de τc com o ´ındice de cor (B-V) dada por Noyes et al. (1984) que obteve uma fun¸c˜ao emp´ırica entre logτc e (B −V), dada por:

logτc =

⎪ ⎨

⎪ ⎩

1.362−0.166x+ 0.025x25.323x3, se x >0

1.362−0.14x, sex <0

(2.37)

onde x= 1−(B−V).

E para o c´alculo dos raios estelares, utilizamos a lei de Stefan-Boltzmann, dada por:

L= 4πσR2Tef f4 (2.38)

Considerando a estrela como um corpo negro, onde L ´e a luminosidade, Tef f a tem-peratura efetiva e σ a constante de Stefan-Boltzmann.

(32)

CAP´ITULO 3

DADOS OBSERVACIONAIS E PAR ˆ

AMETROS ESTELARES

3.1

A amostra

Neste trabalho utilizamos uma amostra de 461 estrelas simples classificadas como gigantes na literatura, sendo 271 estrelas com fluxo de CaII e 190 estrelas com fluxo de raio-X. Dessa amostra, apenas 38 estrelas apresentam estes dois fluxos. Todas essas estrelas tem tipos espectrais situados nas regi˜oes espectrais F, G e K e medidas de velocidade rotacional obtidas a partir do cat´alogo De Medeiros e Mayor (1999). O fluxo de CaII ´e proveniente de Rutten (1987b) e o fluxo de raio-X do cat´alogo de H¨unsch et al. (1998). A profundidade da envolt´oria convectiva, em massa representada pela rela¸c˜ao (Mzc/MEstrela) foi obtida como descrito na se¸c˜ao (3.5).

A descri¸c˜ao das medidas da velocidade de rota¸c˜ao, da atividade cromosf´erica e da atividade coronal ser˜ao descritas nas se¸c˜oes (3.2), (3.3) e (3.4) respectivamente.

3.2

Rota¸

ao

(33)

Existem v´arias t´ecnicas importantes para a determina¸c˜ao da velocidade rotacional. Smith e Gray (1976) foram os primeiros a proporem um procedimento para esse c´alculo, que consiste numa t´ecnica de alta resolu¸c˜ao baseada na an´alise do perfil das raias, onde a partir da an´alise de Fourier do perfil das raias fotosf´ericas observadas s˜ao determinadas a velocidade de rota¸c˜ao e a velocidade de turbulˆencia.

Outra t´ecnica existente, ´e a utilizada no instrumento chamado CORAVEL1 (Barane

et al., 1979), espectrˆometro desenvolvido por um grupo franco-su´ı¸co. Esse instrumento realiza uma correla¸c˜ao cruzada entre o espectro estelar que est´a sendo observada e uma m´ascara colocada no plano focal do espectr´ografo. Essa m´ascara consiste numa lˆamina de vidro coberta por uma fina camada de cromo, onde ´e gravado o espectro contendo cerca de 1500 linhas (Griffin 1968) estelarArcturus.

Um outro procedimeto utilizado para o c´alculo da rota¸c˜ao estelar ´e a determina¸c˜ao direta, a partir das medidas do per´ıodo de rota¸c˜ao, mas este m´etodo ´e pouco difundido sendo mais aplicado `as estrelas ativas.

As informa¸c˜oes de rota¸c˜ao contidas no espectro para as estrelas com rota¸c˜oes baixas ou moderadas se aproximam de uma curva gaussiana. Os processos de redu¸c˜ao das medidas do CORAVEL ajusta uma fun¸c˜ao gaussiana aos pontos que definem o perfil de correla¸c˜ao. A partir deste ajuste, extra´ımos trˆes parˆametros diferentes: a metalicidade, a velocidade radial e a velocidade de rota¸c˜aoV sini. Este ´ultimo parˆametro ´e obtido a partir da largura a meia altura da gaussiana que melhor se ajusta ao perfil de correla¸c˜ao. Aqui, estamos nos referindo a velocidade rotacional equatorial projetada na linha de visada, por isso, definimos a velocidade rotacional por V sini, onde i ´e o ˆangulo entre o eixo de rota¸c˜ao estelar e a linha de visada.

Em nosso trabalho, utilizamos os dados de velocidade rotacional obtidos a partir do cat´alogo de De Medeiros e Mayor (1999). A precis˜ao para essas medidas ´e de

aproximada-1

(34)

mente 1.0km s−1 para as estrelas com velocidades rotacionais menores ou da ordem de 30

km s−1 e para as estrelas com velocidades maiores que 30 km s−1 a incerteza ´e cerca de

10%. Listamos nas tabelas (A.1) e (B.1) as velocidades rotacionais das estrelas de nossa amostra.

3.3

Atividade Cromosf´

erica

Utilizamos o fluxo de CaII nas linhas H e K como diagn´ostico da atividade cro-mosf´erica. Esses valores foram obtidos a partir de medidas efetuadas com o fotˆometro CaII H e K acoplado ao telesc´opio de 1.5m do observat´orio Mt. Wilson. Essas medidas foram obtidas a partir dos procedimento dados por Rutten (1984), que converte uma medida relativa no fluxo superficial absoluto F(CaII).

O procedimento utilizado por Rutten consiste na contagem dos f´otons nas duas janelas centradas nas raias H e K do CaII, e nas duas janelas do cont´ınuo centradas em 4001.1 ˚A e 3901.1 ˚A. Com isso, se define um parˆametro chamado de ´ındice de fluxo S, dado por:

S =αNH +NK

NR+NV

(3.1)

α´e um fator de normaliza¸c˜ao eNH +NK eNR+NV ´e a contagem dos f´otons nas janelas H e K, e nas janelas do cont´ınuo 4001.1 ˚A e 3901.1 ˚A (canais R e V) respectivamente.

Como o fluxo absolutoFH+FKpor unidade de ´area da superf´ıcie estelar ´e proporcional ao fluxo aparentefH +fK por unidade de ´area detectado na terra, ent˜ao

FH +FK =

Fbol

fbol

(fH +fK), (3.2)

onde Fbol ´e o fluxo bolom´etrico absoluto,

(35)

e fbol ´e o fluxo bolom´etrico aparente,

fbol =γ10−0.4(mV+BC) (3.4)

E nas express˜oes acima σ e γ s˜ao constantes, Tef f ´e a temperatura efetiva, mV a magnitude visual aparente e BC a corre¸c˜ao bolom´etrica. Como o fluxo aparente fH+fK ´e proporcional `a taxa de contagem NH +NK, ent˜ao

fH +fK =β(NH +NK), (3.5)

onde β ´e uma constante se assumirmos a extin¸c˜ao e a sensibilidade do instrumento cons-tantes. Combinando as equa¸c˜oes anteriores, chegamos a

FH +FK =

βσ

γαS(NR+NV)T

4

ef f10

0.4(mV+BC). (3.6)

Introduzindo o fator de convers˜ao Ccf, definido por Middelkoop (1982), dado por:

Ccf ≡(NR+NV)100.4(mV+BC)10

−4.8, (3.7)

e substituindo este fator de convers˜ao na equa¸c˜ao (3.6), temos que o fluxo absoluto ser´a dado por:

FH +FK =

βσ

γα10

−4.8SC

cfTef f4 (3.8)

Introduzindo a unidade de fluxo e o fator arbitr´ario 10−14

(36)

F′

H +F

K ≡SCcfTef f4 10

−14. (3.9)

Rutten (1984) mostrou que para estrelas evolu´ıdas que apresentam classe de luminosi-dade de I a IV, e que tenham 0.30≤(B −V)≤1.70, o fator de convers˜ao em fun¸c˜ao de (B-V) ´e dado por:

log(Ccf) =−0.066(B−V)3−0.25(B−V)2−0.49(B −V) + 0.45 (3.10)

Para encontrar a calibra¸c˜ao absoluta das unidades arbitr´arias usadas na defini¸c˜ao da equa¸c˜ao (3.9), Rutten (1984) encontrou que os fluxos superficiais absoluto e relativo na superf´ıcie solar s˜ao (FH +FK)⊙ = 2.172×106 erg cm

−2 s−1 e (F

H +F

K)⊙ = 1.69,

respectivamente em unidade solar. Chegando a rela¸c˜ao entre os fluxos superficiais absoluto e relativo que ´e dada por:

FH +FK = 1.29×106(F

H +F

K) erg cm

−2 s−1 (3.11)

Substituindo a equa¸c˜ao (3.9) na equa¸c˜ao (3.11), e definindo F(CaII) = FH +FK, temos, finalmente que

F(CaII) = 1.29×10−8SC

cfTef f4 erg cm

−2 s−1 (3.12)

A equa¸c˜ao (3.12) descreve o fluxo utilizado neste trabalho. O ´ındice de fluxo S foi listado por Rutten (1987b) em seu cat´alogo de medidas de emiss˜ao de CaII nas linhas H e K. Os ´ındices de fluxos medidos s˜ao S1 e S2. O ´ındice de fluxo S1 ´e principalmente

usado para estrelas subgigantes. Uma convers˜ao deS1 paraS2 se faz necess´aria para uma

(37)

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

1.4

1.6

1.8

0.10 0.15 0.20 0.25 0.30 0.35 0.40 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7

S

2

S

1

Figura 3.1: Rela¸c˜ao entre os fatoresS2eS1 para as estrelas gigantes da amostra de Rutten

(1987b) mostrando a reta obtida a partir de uma regress˜ao linear. A figura apresenta tamb´em a reta obtida, considerando apenas os pontos da regi˜ao 0.1≤S1 ≤0.4.

de luminosidade III contidas no cat´alogo de Rutten (1987b) e que apresentam ambos os valores dos ´ındices. Na figura (3.1) apresentamos a rela¸c˜ao entre os ´ındices de fluxosS1 e

S2. Tal rela¸c˜ao ´e representada pela express˜ao:

S2 = 0.888 + 1.51631×S1 (3.13)

A figura (3.1) apresenta tamb´em a reta obtida a partir de uma regress˜ao linear, con-siderando apenas os pontos da regi˜ao 0.1 ≤ S1 ≤ 0.4. Nesta regi˜ao encontramos que os

´ındices de fluxos S1 e S2 est˜ao relacionados pela express˜ao S2 = 0.06673 + 1.61723×S1

(38)

bem correlacionadas. Entretanto, utilizamos a express˜ao (3.13) para encontrar o ´ındice de fluxo S2 para as estrelas gigantes de nossa amostra.

As medidas do fluxo cromosf´erico logF(CaII) e do ´ındice de fluxoS2 para as estrelas

de nossa amostra s˜ao apresentadas na tabela (A.1).

3.4

Atividade Coronal

Para a atividade coronal utilizamos dados de raio-X para estrelas gigantes do cat´alogo de H¨unsch et al. (1998) na regi˜ao espectral F, G e K.

Os dados de raio-X foram obtidos com um contador de f´otons (PSPC2) a bordo do

sat´elite ROSAT (Pfeffermann et al., 1986) que observou fluxos de raio-X para centenas de estrelas em todo o c´eu.

Para converter as taxas de contagem de f´otons do PSPC em fluxos de raio-X (fx) na terra ´e preciso aplicar um fator de corre¸c˜ao de energia,

fx=ECF.CR (3.14)

onde ECF ´e o fator de convers˜ao de energia e CR ´e a taxa de contagem dos f´otons. O fator de convers˜ao de energiaECF utilizado por H¨unsch et al. (1998) para o raio-X mole ´e dado por 6×10−12

ergs contagens−1

cm−2

.

Uma grande fonte de erro neste c´alculo ´e devido `as incertezas no raio e na distˆancia de cada estrela at´e a Terra. Portanto, ´e importante calcular um parˆametro que seja independente do raio e da distˆancia estelar, esse parˆametro ser´a a raz˜ao entre o fluxo de raio-X fx e o fluxo no vis´ıvel fv ondelog (fx/fv) ´e dado por:

log (fx/fv) =log fx+mv+ 5.47 (3.15)

onde mv ´e a magnitude visual aparente.

2

(39)

O parˆametro utilizado como diagn´ostico da atividade coronal, em nosso trabalho ´e o logar´ıtmo da raz˜ao entre o fluxo de raio-X e o fluxo no vis´ıvel, log(fx/fv), e est˜ao apresentados na tabela (B.1).

3.5

Profundidade da envolt´

oria convectiva

Para estimar a profundidade da envolt´oria convectiva de forma precisa, faz-se necess´ario conhecer a posi¸c˜ao da estrela no diagrama HR. Precisamos conhecer ao mesmo tempo a magnitude visual absoluta (ou luminosidade) e a temperatura efetiva das estrelas de nossa amostra.

Neste trabalho, utilizamos a paralaxe trigonom´etrica π e a magnitude V obtidas a partir do sat´elite HIPPARCOS3 (ESA 1997).

A temperatura efetiva calculamos a partir da calibra¸c˜ao (B − V) versus log(Tef f) proposta por Flower (1996).

Para a luminosidade das estrelas de nossa amostra calculamos seguindo trˆes passos. Primeiro, combinamos as magnitudes visuais aparente V e as paralaxes π para obter as magnitudes visuais absolutas. Tal equa¸c˜ao ´e dada por:

MV =V + 5−5log(dpc) +Aext (3.16) Como a maioria das estrelas de nossa amostra s˜ao estrelas com pequenas distˆancias (<

300 pc), consideremos a extin¸c˜ao Aext= 0. V ´e a magnitude visual aparente (no sistema fotom´etrico de Johnson) edpc ´e a distˆancia em parsecs, dada pordpc = 1000/π.

Calculamos a corre¸c˜ao bolom´etrica BC a partir da calibra¸c˜ao log(Tef f) versus BC

3

(40)

proposta por Flower (1996) e somando com a a magnitude visual aparente encontramos a magnitude absoluta bolom´etrica Mbol, dada por:

Mbol =MV +BC (3.17)

Finalmente calculamos a luminosidade estelar a partir da magnitude bolom´etrica uti-lizando a seguinte equa¸c˜ao:

log(L/L⊙) =

4.72−Mbol

2.5 (3.18)

-1.0 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 0

10 20 30 40 50 60 70

N

[Fe/H]

Figura 3.2: Histograma da metalicidade [F e/H] para as estrelas de nossa amostra.

(41)

Com os valores da massa e temperatura efetiva para nossa base e utilizando os re-sultados encontrados por do Nascimento et al. (2000) que mostra o comportamento da profundidade da envolt´oria convectiva como fun¸c˜ao da temperatura efetiva para dife-rentes massas, podemos ent˜ao estimar a profundidade da envolt´oria convectiva em massa (MZC/MEstrela). A figura (3.3) mostra o resultado obtido por do Nascimento (2000), onde a profundidade da envolt´oria convectiva est´a representada como fun¸c˜ao da temperatura efetiva.

Os valores do ´ındice de cor (B−V), temperatura efetivaTef f, luminosidadelog(L/L⊙),

(42)

Figura 3.3: Profundidade em massa da envolt´oria convectiva mostrada como uma fun¸c˜ao da temperatura efetiva (primeira dragagem) para 1.0 (s´olida), 1.2 (ponto), 1.5 (pequeno tra¸co), 2.0 (longo tra¸co), 2.5 (ponto-pequeno tra¸co), 3.0 (ponto-longo tra¸co), e 4.0M⊙

(43)

CAP´ITULO 4

RESULTADOS E DISCUSS ˜

OES

Neste cap´ıtulo, apresentamos os resultados obtidos em nosso trabalho para as rela¸c˜oes entre rota¸c˜ao, atividade cromosf´erica e atividade coronal. Um aspecto importante aqui desenvolvido ´e a an´alise da dependˆencia dos fluxos de CaII e raio-X com a profundidade da envolt´oria convectiva. Evidenciamos a rela¸c˜ao desses fluxos com a rota¸c˜ao. Estudamos ainda a conex˜ao entre o fluxo de CaII, fluxo de raio-X e o d´ınamo magnetohidrodinˆamico. Para esta an´alise calculamos o n´umero de Rossby. Obtivemos ainda a profundidade da envolt´oria convectiva para melhor entender a dependˆencia da atividade estelar com este importante parˆametro.

4.1

Comportamento do fluxo de CaII e do fluxo de raio-X no

diagrama HR

O comportamento da atividade cromosf´erica, aqui diagnosticado pelo fluxo de CaII, e da atividade coronal, representada pelo fluxo de emiss˜ao em raio-X, ao longo do diagrama HR, ´e mostrado nas figuras (4.1) e (4.2) respectivamente. Os tra¸cados evolutivos, con-forme foram discutidos no cap´ıtulo anterior, s˜ao mostrados nessas figuras para auxiliar na determina¸c˜ao do est´agio evolutivo de cada estrela.

(44)

diferentes regi˜oes de luminosidade (ou massa) no diagrama HR. Enquanto que a emiss˜ao coronal apresenta uma dispers˜ao de valores para uma mesmo est´agio evolutivo, como mostra a figura (4.2).

Analizando a figura (4.1), em particular para estrelas com massas entre 1.2 e 2.0 M⊙)

notamos os seguintes aspectos:

• Estrelas evoluindo no turnoff ou imediatamente mais evolu´ıdas, apresentam alto fluxo de CaII;

• Entre oturnoff e a base da regi˜ao das gigantes h´a um claro decrescimento na inten-sidade da atividade cromosf´erica. Claramente ao longo desta regi˜ao o fluxo de CaII decresce com a temperatura;

• Estrelas evoluindo na regi˜ao das gigantes vermelhas apresentam essencialmente baixos fluxos de CaII. Nesta regi˜ao h´a um claro desaparecimento da atividade cro-mosf´erica.

Tais aspectos observacionais s˜ao de suma importˆancia quando analisados em conjunto com a evolu¸c˜ao da profundidade da envolt´oria convectiva como veremos na se¸c˜ao 4.4.

(45)

Figura 4.1: Distribui¸c˜ao das estrelas gigantes no diagrama HR, com o comportamento do fluxo cromosf´erico, log F(CaII), em fun¸c˜ao da luminosidade e da temperatura efetiva. Tra¸cados evolutivos para [Fe/H] = 0 obtidos a partir do c´odigo Toulose-Gen`eve s˜ao mostrados para massas estelares entre 1 e 4 M⊙ (para detalhes, ver do Nascimento et al.

2000). A linha pontilhada indica o in´ıcio do ramo das subgigantes e a linha tracejada representa o in´ıcio do ramo das gigantes vermelhas.

nas camadas mais externas da superf´ıcie estelar, tendo como resultado uma desacelera¸c˜ao rotacional e consequentemente uma diminui¸c˜ao da atividade.

(46)

(1992) no estudo da atividade coronal em estrelas evolu´ıdas. Esses autores observaram um desaparecimento abrupto da emiss˜ao em raio-X coronal na regi˜ao espectral K3 indicando haver uma linha divis´oria no diagrama HR. Nesta descri¸c˜ao as estrelas `a direita desta linha divis´oria n˜ao apresentam emiss˜ao em raio-X, mas exibem ventos estelares intensos.

Haisch et al. mostraram que estes ventos n˜ao s˜ao suficientemente densos para que a absor¸c˜ao dos raio-X seja a causa do desaparecimento da emiss˜ao coronal e conclu´ıram que a linha divis´oria representa somente uma transi¸c˜ao evolucion´aria nessas estrelas, onde a coroa quente ´e substitu´ıda por ventos frios.

(47)

A figura (4.2) apresenta a distribui¸c˜ao do fluxo de raio-X das estrelas de nossa amostra no diagrama HR, onde se observa um comportamento bastante distinto daquele apresen-tado pela distribui¸c˜ao do fluxo do CaII. Em tal figura observamos os seguintes aspectos:

• Estrelas evoluindo no turnoff ou ent˜ao imediatamente mais evolu´ıdas apresentam uma dispers˜ao nos valores dos fluxos de raio-X, com valores de fluxos baixos, mo-derados e altos para um mesmo est´agio evolutivo.

• O cen´ario acima se repete para as estrelas na base da regi˜ao das gigantes vermelhas principalmente para estrelas com massas entre 2.5 e 4 M⊙;

• Estrelas evoluindo na regi˜ao das gigantes vermelhas, com log (Tef f) ≤ 3.66, apre-sentam um decrescimento na intensidade da atividade coronal. Nesta regi˜ao, as estrelas exibem essencialmente fluxos de raio-X baixos e moderados.

4.2

Rela¸

ao entre a velocidade rotacional,

V sini

, a atividade

cromosf´

erica e a atividade coronal

Nesta se¸c˜ao, apresentamos o comportamento da rota¸c˜ao em fun¸c˜ao dos parˆametros indicadores da atividade cromosf´erica (fluxos de CaII) e coronal (fluxos de raio-X). Para esta an´alise, cujo resultado principal ´e ilustrado nas figuras (4.3) e (4.4), dividimos as estrelas em diferentes intervalos de cor (B-V): os triˆangulos fechados representam estrelas com (B−V)≤ 0.7 [Tef f ≥5559], os c´ırculos 0.7<(B−V)≤0.9 [5047< Tef f ≤5559], os quadrados 0.9 <(B −V) ≤ 1.2 [4483 < Tef f ≤ 5047] e os triˆangulos abertos estrelas com (B−V)>1.2 [Tef f <4483].

(48)

Figura 4.3: Fluxo cromosf´erico, log F(CaII), versus velocidade rotacional, log (Vsini) para as estrelas de nossa amostra. Os triˆangulos fechados representam estrelas com (B−

V)≤0.7; os c´ırculos com 0.7<(B−V)≤0.9; os quadrados possuem 0.9<(B−V)≤1.2 e os triˆangulos abertos s˜ao estrelas com (B−V)>1.2.

resultados encontrados por outros autores para estrelas evolu´ıdas (Strassmeier et al. 1994; Pasquini et al. 2000; Canto Martins 2003; do Nascimento et al. 2003).

(49)

Figura 4.4: Fluxo coronal, log (fx/fv), versus velocidade rotacional,log (V sini) para as estrelas de nossa amostra. Os s´ımbolos est˜ao definidos na figura (4.3)

A figura (4.4) apresenta o comportamento do fluxo de emiss˜ao em raio-X, aqui re-presentado por log (fx/fv), em fun¸c˜ao da velocidade rotacional. Nenhuma correla¸c˜ao ´e observada nesta figura. Duas estrelas, HD 222404 e HD 62509 apresentam ao mesmo tempo baixa rota¸c˜ao e baixo fluxo de raio-X e um comportamento de destaque com rela¸c˜ao a dispers˜ao central. Observa-se claramente que a maioria das estrelas apresentam fluxos de raio-X localizadas numa faixa de valores entre−6 e−4, com valores de rota¸c˜oes

V sini variando de cerca de 1 a 100 km/s. Vemos na figura (4.4) que valores elevados de

(50)

4.3

A conex˜

ao entre a atividade cromosf´

erica, atividade

coro-nal e o n´

umero de Rossby

´

E bem conhecido na literatura que o n´umero de Rossby ´e um bom indicador da ve-locidade de rota¸c˜ao estelar. Este parˆametro leva em conta a rota¸c˜ao n˜ao s´o da superf´ıcie estelar mais tamb´em a rota¸c˜ao no interior atrav´es de toda envolt´oria convectiva. Neste trabalho calculamos o n´umero de Rossby para o melhor valor do parˆametro de mistura

α sugerido por Noyes et al. (1984), dado por α = 1.9. O comportamento de FCaII e

fx/fv como fun¸c˜ao do n´umero de Rossby, log (R0), para as estrelas de nossa amostra

´e apresentado nas figuras (4.5) e (4.6), respectivamente. Os s´ımbolos mostrados nestas figuras representam os intervalos de (B −V) indicados na se¸c˜ao anterior.

A figura (4.5) mostra claramente uma boa correla¸c˜ao entre FCaII e o n´umero de Rossby

R0. Ao compararmos tal correla¸c˜ao na figura (4.5) com a figura (4.3) vemos a importˆancia

da utiliza¸c˜ao do n´umero de Rossby quando comparado somente com a rota¸c˜ao. Apesar da existˆencia de uma certa dispers˜ao em FCaII dentro de um mesmo intervalo de cor, ´e bastante n´ıtido o decrescimento da atividade cromosf´erica com o aumento do n´umero de Rossby ao longo da sequˆencia de valores crescentes de (B-V). Como mostrado na se¸c˜ao (2.3.2), a eficiˆencia do d´ınamo magn´etico cresce com a rota¸c˜ao, a qual cresce com o inverso do n´umero de Rossby.

Um resultado semelhante foi encontrado para o estudo da rela¸c˜aoF(CaII) versus R0

por Canto Martins (2003) e Simon e Drake (1989) no estudo da rela¸c˜ao F(CIV) versus

R0, em estrelas subgigantes.

(51)

Figura 4.5: log F(CaII) versus o n´umero de Rossby log (R0) para as estrelas de nossa

amostra. Os s´ımbolos est˜ao definidos na figura (4.3).

(4.6) n˜ao vemos nenhuma tendˆencia para elevados valores de log (fx/fv) estarem associ-ados a valores elevassoci-ados delog (R0) ou baixos valores de log (fx/fv) estarem associados a baixos valores de log (R0).

(52)

Figura 4.6: log (fx/fv) versus o n´umero de Rossby log (R0) para as estrelas de nossa

amostra. Os s´ımbolos est˜ao definidos na figura (4.3).

4.4

O comportamento da atividade cromosf´

erica e da

ativi-dade coronal como fun¸

ao da profundidade da envolt´

oria

convectiva

(53)

As estrelas de pouca massa apresentam uma envolt´oria convectiva logo abaixo da fotosfera, e esta envolt´oria se expande no sentido da superf´ıcie para o interior estelar `a medida que a estrela evolui. Neste ponto iremos analisar a influˆencia deste aprofudamento da envolt´oria convectiva com a evolu¸c˜ao da atividade nas estrelas gigantes.

Para a an´alise do comportamento da atividade cromosf´erica e da atividade coronal em fun¸c˜ao da profundidade da envolt´oria convectiva constru´ımos uma figura cujo eixo das abscissas ´e representado pela temperatura efetiva estelar (log (Tef f)). Neste eixo,

log(Tef f) decresce da esquerda para a direita e est´a diretamente ligado `a idade estelar. No eixo das ordenadas est´a representado a profundidade em massa da envolt´oria convectiva estelar (MZC/MEstrela).

Na figura (4.7), apresentamos o comportamento do fluxo de CaII com a profundi-dade da envolt´oria convectiva. O tamanho dos s´ımbolos ´e proporcional ao fluxo de CaII,

log F(CaII). Nesta figura observamos trˆes pontos interessantes. Primeiro, as estrelas com

uma envolt´oria convectiva pouco desenvolvida apresentam essencialmente altos valores de fluxos de CaII (com valores delog F(CaII)>6.0).

Segundo, na regi˜ao intermedi´aria do aprofundamento da envolt´oria convectiva ob-servamos uma dispers˜ao nos valores dos fluxos de CaII, apresentando em sua maioria

(log F(CaII) ≤ 6.5). Terceiro, todas as estrelas que apresentam uma massa convectiva

≥60% da massa total da estrela (exce¸c˜ao de HD 371601) apresentam baixo fluxo de CaII

(log F(CaII)≤ 6.0). Este comportamento indica que a atividade cromosf´erica depende

fortemente da mistura convectiva e da idade estelar, visto que ocorre a diminui¸c˜ao da emiss˜ao do F(CaII) na medida que as estrelas evoluem como mostrado por Skumanich (1972).

Na figura (4.8), apresentamos o comportamento do fluxo de raio-X em fun¸c˜ao da profundidade da envolt´oria convectiva. Nesta figura observamos que as estrelas com a envolt´oria convectiva pouco desenvolvida exibem uma dispers˜ao nos valores de fluxos

1

(54)

Figura 4.7: A profundidade (em massa) da envolt´oria convectiva em fun¸c˜ao da tempera-tura efetiva para as estrelas de nossa amostra. O tamanho dos s´ımbolos ´e proporcional ao fluxo de CaII,log F(CaII).

de raio-X. A mesma dispers˜ao ´e observada para as estrelas com a envolt´oria convectiva bastante desenvolvida, indicando que a atividade coronal n˜ao mostra uma dependˆencia direta com a massa da envolt´oria convectiva.

`

(55)
(56)

CAP´ITULO 5

CONCLUS ˜

OES E PERSPECTIVAS

5.1

Conclus˜

oes

No presente trabalho, estudamos o comportamento da atividade cromosf´erica e coronal em estrelas gigantes. Para isso analisamos as rela¸c˜oes entre rota¸c˜ao, n´umero de Rossby e profundidade da envolt´oria convectiva com os fluxos de emiss˜ao cromosf´erica (representada pelo fluxo de CaII nas linhas H e K) e de emiss˜ao coronal (representada pelo fluxo de raio-X). Esse estudo tem como base uma amostra de 461 estrelas gigantes simples (conforme se¸c˜ao 3.1). Especial ˆenfase foi dada na determina¸c˜ao do status evolutivo das estrelas da amostra, o qual foi determinado a partir de paralaxes trigonom´etricas obtidas pelo sat´elite HIPPARCOS e tra¸cados evolutivos calculados com o c´odigo de Toulouse-Gen`eve.

As distribui¸c˜oes do fluxo de CaII e do fluxo de raio-X para as estrelas da amostra no diagrama HR, apresentam comportamentos distintos: para o fluxo de CaII observamos uma sequˆencia evolutiva em diferentes regi˜oes de massa e uma tendˆencia para duas de-scontinuidades. A primeira em torno delog (Tef f)∼3.72, confirmando estudos anteriores e a segunda na base do ramo das gigantes vermelhas. Para os fluxos de raio-X, observamos uma dispers˜ao nos valores dos mesmos ao longo dos est´agios evolutivos entre o turnoff e o ramo das gigantes vermelhas. Uma vez evoluindo ao longo do ramo das gigantes, as estrelas exibem essencialmente baixos fluxos cromosf´ericos e coronais.

(57)

uma correla¸c˜ao entre estes parˆametros, confirmando resultados anteriores encontrados por outros autores a partir da an´alise da distribui¸c˜ao de fluxos de outros elementos, tais como CIV e MgII. Observamos tamb´em um espalhamento na rela¸c˜ao log F(CaII)

versuslog (V sini), indicando que a velocidade de rota¸c˜ao pode n˜ao ser o ´unico parˆametro controlador da atividade cromosf´erica em estrelas gigantes.

Na rela¸c˜ao entre o fluxo de emiss˜ao em raio-X e velocidade de rota¸c˜ao n˜ao observa-mos nenhuma correla¸c˜ao entre estes parˆametros. Duas estrelas HD 222404 e HD 62509 mostram um comportamento de destaque, no entanto observamos que a maioria delas apresentam fluxos de raio-X espalhados numa faixa de valores entre -6 e -4 e com rota¸c˜ao variando de 1 a 100 km/s. N˜ao vemos uma clara liga¸c˜ao da atividade coronal com a rota¸c˜ao para essas estrelas. Isto leva-nos a supor que a rota¸c˜ao n˜ao ´e um parˆametro t˜ao importante no controle da atividade coronal como ´e na atividade cromosf´erica. A influˆencia da rota¸c˜ao sobre a atividade cromosf´erica ´e maior do que sobre a atividade coronal.

Na rela¸c˜ao entre o fluxo de CaII e o n´umero de Rossby observamos um n´ıtido decresci-mento deste fluxo com o audecresci-mento do n´umero de Rossby seguido de um crescimento dos valores de (B-V). Apesar da dispers˜ao nos valores dos fluxos de CaII em um mesmo inter-valo de cor, essa rela¸c˜ao mostra uma melhor correla¸c˜ao do que a observada na rela¸c˜ao do fluxo de CaII com Vsini. Isso indica que a atividade cromosf´erica de estrelas gigantes tem uma liga¸c˜ao direta com o n´umero de Rossby. Sendo assim, podemos inferir que a eficiˆencia do d´ınamo magn´etico ´e de grande relevˆancia na produ¸c˜ao da atividade cromosf´erica.

A rela¸c˜ao entre o fluxo de raio-X e o n´umero de Rossby n˜ao mostra nenhuma correla¸c˜ao. Nesta rela¸c˜ao observamos tamb´em uma grande dispers˜ao no fluxo de raio-X com valores que v˜ao de -6 a -4 para a maioria das estrelas.

(58)

esta envolt´oria vai se aprofundando, observa-se um decrescimento nos fluxos de CaII. Quando a profundidade da envolt´oria convectiva (em massa) alcan¸ca cerca de 60% da massa estelar encontramos apenas baixos fluxos de CaII, com exce¸c˜ao de HD 37160. Tal fato indica que a mistura convectiva tamb´em deve ser um mecanismo importante na produ¸c˜ao da atividade cromosf´erica nas estrelas gigantes.

Na an´alise da atividade coronal com a profundidade da envolt´oria convectiva obser-vamos que as estrelas com uma envolt´oria convectiva pouco desenvolvida apresentam uma dispers˜ao nos valores da atividade coronal e o mesmo comportamento ´e observado para as estrelas que apresentam a envolt´oria convectiva completamente desenvolvida. Tal resultado indica que a massa da envolt´oria convectiva parece ser um parˆametro pouco importante no controle da atividade coronal. A an´alise do efetivo papel da profundidade da envolt´oria convectiva com a atividade em estrelas evolu´ıdas ´e um aspecto pioneiro em nosso trabalho.

A atividade cromosf´erica para as estrelas evolu´ıdas do tipo tardio reflete a presen¸ca de um campo magn´etico que al´em de controlar os procesos de perdas de massa e de momento angular ´e determinante para o aquecimento da cromosfera. A distribui¸c˜ao espacial e a intensidade dos campos magn´eticos s˜ao, provavelmente, produzidos por um processo d´ınamo, no qual sua modalidade de opera¸c˜ao e eficiˆencia dependem da intera¸c˜ao entre os movimentos convectivos subfotosf´ericos e da rota¸c˜ao estelar. Portanto, deve-se esperar uma associa¸c˜ao direta entre as descontinuidades no fluxo de CaII e na rota¸c˜ao, com um decl´ınio de ambos na mesma regi˜ao espectral, caso a rota¸c˜ao seja o principal parˆametro controlador da atividade cromosf´erica.

(59)

componente magn´etica (associada ao campo magn´etico e, portanto, a rota¸c˜ao) e uma componente mecˆanica, ainda a ser definida claramente.

5.2

Perspectivas

O presente trabalho aponta para a necessidade de uma componente mecˆanica para a atividade coronal das estrelas gigantes de tipo espectral F, G e K. Isto indica a neces-sidade de um s´olido estudo te´orico para tentar entender e quantificar a natureza desta componente.

´

E necess´ario efetuar um estudo comparativo com dados de fluxos de raio-X mais re-centes, obtidos a partir de observa¸c˜oes feitas com os sat´elites Chandra e XMM. Utilizar dados de per´ıodo de rota¸c˜ao oriundos do sat´elite CoRoT e reavaliar a evolu¸c˜ao e interde-pendˆencia/dependˆencia entre esses parˆametros `a luz desses novos dados.

Um outro ponto a ser explorado ´e o estudo das rela¸c˜oes rota¸c˜ao-atividade, n´umero de Rossby-atividade e profundidade da envolt´oria convectiva-atividade para uma amostra de estrelas em sistemas bin´arios, possibilitando uma an´alise sobre os efeitos de mar´es gravitacionais na produ¸c˜ao de energia na atmosfera estelar.

(60)

Apˆ

endice A

Parˆ

ametros fundamentais para as estrelas com fluxo de CaII.

Neste apˆendice s˜ao apresentados, na tabela (A.1), os parˆametros fundamentais cor-respondentes a amostra de 271 estrelas simples que apresentam FCaII . Tais parˆametros est˜ao descritos abaixo:

• HD: n´umero de identifica¸c˜ao no cat´alogo de Henry-Draper (HD); • ST: tipo espectral e classe de luminosidade;

• (B−V): tipo espectral e classe de luminosidade; • log(L/L⊙): logaritmo da luminosidade;

• Tef f: temperatura efetiva da superf´ıcie estelar;

• S2: ´ındices de fluxos obtidos a partir de Rutten (1987b);

• logF(CaII): logaritmo do fluxo superficial absoluto do CaII. • M/M⊙: massa da estrela no diagrama HR;

• MZC/MEstrela: profundidade em massa da envolt´oria convectiva;

• V sini: velocidade de rota¸c˜ao projetada;

Imagem

Figura 1.1: Esquema ilustrativo mostrando as camadas da atmosfera, zona radiativa e envolt´oria convectiva para as estrelas de pouca massa (em torno da massa solar).
Figura 3.1: Rela¸c˜ao entre os fatores S 2 e S 1 para as estrelas gigantes da amostra de Rutten
Figura 3.2: Histograma da metalicidade [F e/H] para as estrelas de nossa amostra.
Figura 3.3: Profundidade em massa da envolt´oria convectiva mostrada como uma fun¸c˜ao da temperatura efetiva (primeira dragagem) para 1.0 (s´ olida), 1.2 (ponto), 1.5 (pequeno tra¸co), 2.0 (longo tra¸co), 2.5 (ponto-pequeno tra¸co), 3.0 (ponto-longo tra¸c
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