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O processo de urbanização e o uso agrícola do território na região metropolitana de Natal/RN – 1990 a 2015

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Academic year: 2017

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0 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM GEOGRAFIA

O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO E O USO AGRÍCOLA DO TERRITÓRIO NA REGIÃO METROPOLITANA DE NATAL/RN - 1990 A 2015

ELIZABETE RODRIGUES GURGEL DOS SANTOS

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1 ELIZABETE RODRIGUES GURGEL DOS SANTOS

O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO E O USO AGRÍCOLA DO TERRITÓRIO NA REGIÃO METROPOLITANA DE NATAL/RN - 1990 A 2015

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação e Pesquisa em Geografia (PPGe) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como pré-requisito para obtenção do título de mestre.

Orientador: Prof. Dr. Celso Donizete Locatel

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2 Catalogação da Publicação na Fonte.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA).

Santos, Elizabete Rodrigues Gurgel dos.

O processo de urbanização e o uso agrícola do território na região metropolitana de Natal/RN – 1990 a 2015 / Elizabete Rodrigues Gurgel dos Santos. – 2016.

149 f.: il., mapas.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia, 2016.

Orientador: Prof. Dr. Celso Donizete Locatel.

1. Urbanização – Natal (RN). 2. Geografia urbana – Natal (RN). 3. Geografia rural – Natal (RN). I. Locatel, Celso Donizete. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

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3 AGRADECIMENTOS

A finalização dessa dissertação reflete o encerramento de um ciclo em minha vida e ao mesmo tempo aponta para o início de um projeto de vida, onde a busca pelo conhecimento científico assume um papel importantíssimo. Mas não poderia encerrar esse ciclo sem prestar meus agradecimentos as pessoas mais importantes da minha vida, sem as quais, a finalização dessa dissertação não seria possível.

Primeiramente gostaria de agradecer a Deus que nunca me desamparou e que sempre me mostrou que embora muitos duvidassem, tudo é possível ao que crê. Um Deus tão grande, mas que se importa comigo e que sempre me mostra que se honrarmos primeiro o Reino de Deus, todas as demais coisas nos serão acrescentadas.

Em seguida agradeço ao meu pai Sebastião Gurgel e a minha mãe, Gilka Rodrigues, que sempre se anularam para me proporcionar o melhor, me amando incondicionalmente, cuidando de mim e da minha filha, para que eu pudesse desenvolver minha pesquisa; sou eternamente grata aos melhores pais que alguém poderia ter.

Também agradeço ao meu esposo, Elanilson Felix, que por várias noites teve que dormir sozinho para que eu pudesse escrever e que sempre me confortou com palavras motivadoras, me mostrando que eu podia sim, ser mãe, esposa e profissional ao mesmo tempo. A ele que por vezes assumiu o papel de pai e mãe, cuidando da nossa pequena para me proporcionar momentos de reflexões para desenvolver a pesquisa. E, também a minha filha, Ana Beatriz, que esteve comigo desde a barriga, assistindo aulas, e após seu nascimento, por vezes, teve que conter o choro por compreender, tenho certeza, que a mamãe precisava se ausentar por alguns instantes para cumprir com os prazos das atividades do mestrado.

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4 ajudaram desde a fase de seleção no mestrado até o momento de finalização da dissertação.

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5 RESUMO

Não são raros estudos sobre o rural e o urbano, a cidade e o campo, na Geografia brasileira. No entanto, analisar a urbanização enquanto um processo que ocorre em todo o território, e o rural e o urbano enquanto conteúdos que coexistem no espaço geográfico é desafiador. Assim, essa dissertação busca fugir da dicotomia, outrora empreendida nas análises do rural e do urbano, a partir de uma visão integrada do espaço, objetivando analisar o uso agrícola do território na Região Metropolitana de Natal e o processo de urbanização do mesmo. Para isso, elaborou-se um índice de urbanização a partir de variáveis pré-selecionadas que considera os diferentes níveis técnicos e permite visualizar as densidades da urbanização em cada município da RMN, de acordo com a realidade do estado, e proporcional ao tamanho da população e suas demandas. Dois dos municípios da RMN são considerados, pelo poder público e pelo próprio IBGE, como 100% urbanos. No entanto, a pesquisa de campo revelou a presença marcante do conteúdo rural nesses municípios e áreas em que o conteúdo urbano é rarefeito, com ocorrência de uso agrícola de parte desses municípios. Essa normatização traz consequências para os agricultores, que além de não terem acesso a algumas políticas e programas governamentais, por residirem em municípios 100% urbano, ainda não recebem assistência técnica, e, precisam pagar IPTU, quando, de acordo com a natureza da atividade desenvolvida e as características da localidade, deveria ser cobrado o ITR. Além disso, a atividade agrícola é responsável pela geração de muitos empregos na RMN, havendo municípios em que há um percentual considerável de trabalhadores vinculados ao setor primário, e também em grande parte dos municípios a terra utilizada para plantação e pastagens é bastante considerável, daí a importância de se estudar o uso agrícola do território na RMN. Com a pesquisa constatou-se que é no município de Natal onde é encontrado uma maior densidade urbana, já que é nesse município onde há uma maior materialidade desse conteúdo. O que pode ser atribuído tanto a demanda interna da população desse município, quanto a demanda gerada por outros municípios do estado, culminando na ocorrência de uma forte centralidade de Natal. Os municípios de Parnamirim e São Gonçalo do Amarante tem aumentado sua centralidade, sendo o primeiro, o segundo município com maior índice de urbanização. Contudo, mesmo com os maiores níveis de urbanização, há, nesses municípios, áreas de rarefações do conteúdo urbano e de densidade do conteúdo rural, que podem ser percebidos seja no modo de vida da população ou até mesmo na prática agrícola com características de ruralidades que comprovam a coexistência do conteúdo rural e urbano em um mesmo espaço.

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6 Abstract

There are few studies on rural and urban, town and country, the Brazilian Geography. However, analyzing the urbanization as a process that occurs throughout the country, and rural and urban content while coexisting in the geographic space is challenging. Thus, this work tries to escape the dichotomy, once undertaken the analysis of rural and urban, from an integrated view of space, aiming to analyze the agricultural use of the land in Greater Natal and the same process of urbanization. For this, it elaborated an urbanization rate from pre-selected variables that considers the different technical levels and allows you to view the density of urbanization in each municipality of RMN, according to the real conditions, and proportional to population size and their demands. Two of the RMN of municipalities are considered by the government and by the IBGE, as 100% urban. However, field research revealed the remarkable presence of rural content in these municipalities and urban areas where the content is thin, with the occurrence of agricultural use of these municipalities. This regulation has consequences for farmers, which besides not having access to some government policies and programs, because they live in municipalities 100% urban, yet do not receive technical assistance, and need to pay property tax, when, according to the nature of the activity developed and the characteristics of locality should be charged for the ITR. Moreover, agriculture is responsible for generating many jobs in RMN, with municipalities where there is a considerable percentage of workers covered by the primary sector, and also in most of the municipalities land used for cultivation and pastures is quite considerable, there the importance of studying the agricultural land use in RMN. With the survey found that it's in Natal where increased urban density is found, since it is in this city where there is a greater materiality of that content. What can be attributed to both the internal demand of the population of this municipality, as the demand generated by other municipalities in the state, resulting in the occurrence of a strong central Christmas. The municipalities of Parnamirim and São Gonçalo do Amarante has increased its centrality, the first, the second municipality with greater urbanization rate. However, even with the highest levels of urbanization, there is, in these municipalities, rarefactions areas of urban content and density of rural content that may be perceived to be in people's way of life or even in agricultural practice with ruralities features that show the coexistence of rural and urban content into the same space.

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7 LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Mapa de localização e ano de inserção dos municípios na RMN ...13

Figura 02: Fluxograma - Elementos indicativos do processo de urbanização ...30

Figura 03: Região de Influência das cidades no Rio Grande do Norte ...49

Figura 04: Caracterização do comércio dos municípios integrantes da RMN ...83

Figura 05: Caracterização dos serviços dos municípios integrantes da RMN ...86

Figura 06: Caracterização das indústrias nos municípios integrantes da RMN ...88

Figura 07: Caracterização da infraestrutura dos municípios integrantes da RMN ...91

Figura 08: Estabelecimentos e pessoal ocupado na administração pública na RMN ...93

Figura 09: Índice de urbanização dos municípios integrantes da RMN ...95

Figura 10: Fazenda França localizada no bairro de Pajuçara, Natal/RN ...100

Figura 11: Propriedade em que é desenvolvida agricultura no bairro de Capim Macio, Natal/RN ...105

Figura 12: Condição do produtor - número de estabelecimentos agropecuários (2006)...108

Figura 13: Produção agrícola municipal (2014) - valores absolutos e percentuais ....110

Figura 14: Região Metropolitana de Natal: Percentual da área utilizada para agropecuária e total de animais (criação) por município da RMN ...112

Figura 15: Região Metropolitana de Natal: Localização das empresas relacionadas ao setor agropecuário (2011) ...114

Figura 16: Nível de tecnificação da agricultura no Rio Grande do Norte ...116

Figura 17: Propriedade com hortaliças em Parnamirim/RN ...118

Figura 18: Propriedade situada no bairro de Pajuçara em Natal/RN ...120

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8 LISTA DE TABELAS

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9 LISTA DE SIGLAS

ACP – Área de Concentração Populacional BNH – Banco Nacional da Habitação

CAGED – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados DIN – Distrito Industrial de Natal

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IFRN – Instituto Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte IPTU – Imposto Predial Territorial Urbano

ITR - Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural PIB – Produto Interno Bruto

PROADI - Programa de Apoio ao Desenvolvimento Industrial

PRODETUR - Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste RAIS - Relação Anual de Informações Sociais

REGIC – Região de Influência das Cidades RMN – Região Metropolitana de Natal

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10 SUMÁRIO

1. Introdução ...11

2. Compreendendo a urbanização e o uso agrícola do território na Região Metropolitana de Natal: Uma proposta metodológica ...17

2.1 Definição do objeto da pesquisa: o âmbito do problema ...17

2.2 Delimitação dos procedimentos metodológicos e técnicos ...28

3. As materialidades pretéritas da urbanização na Região Metropolitana de Natal...38

3.1 A materialidade e a dimensão das cidades no período pré-RMN...39

3.2 A rede urbana potiguar...46

3.3 Dinâmica econômica e populacional ...50

3.4 Reestruturação produtiva e a dinâmica urbana na RMN a partir da década de 1990...62

4. A Urbanização do território na região metropolitana de Natal ...71

4.1 A urbanização do território: da compartimentação a totalidade ...72

4.2O processo de urbanização nos municípios integrantes da RMN ...76

4.3 Índice de urbanização: as densidades e rarefações do conteúdo urbano ...79

5 O uso agrícola do território na região metropolitana de Natal: desconstruindo o mito da exclusividade urbana ...98

5.2 A complementaridade rural/urbano e a interdependência campo/cidade ...98

5.3 O uso agrícola do território na RMN: da agricultura com especificidades rurais a agricultura urbana ...101

5.4 Os desdobramentos da urbanização enquanto norma nos municípios considerados 100% urbanos ...120

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12 1. INTRODUÇÃO

Estudos sobre a urbanização, cidade, campo, rural e urbano não são raros na geografia, no entanto, a análise da urbanização enquanto processo que ocorre no território como um todo, permitindo a coexistência do rural e do urbano é no mínimo desafiador. São comuns estudos que admitem a urbanização enquanto um processo formador de cidade e que consideram o rural e o urbano como elementos excludentes, desconsiderando as relações de coexistência e complementaridade. Nesse sentido, essa dissertação busca fugir das dicotomias e generalizações, objetivando compreender o processo de urbanização e o uso agrícola do território na Região Metropolitana de Natal, principalmente a partir da década de 1990, período de criação da RMN.

Os municípios integrantes da RMN são considerados pelo poder público e por grande parte dos pesquisadores como detentores de altos índices de urbanização, em virtude de se considerar como único critério de análise a localização das residências. Tal situação tem inviabilizado a obtenção de créditos agrícolas e assistência técnica por parte dos agricultores que se inserem no segmento da agricultura urbana ou mesmo periurbana, por seus imóveis estarem destro do perímetro urbano definido nos Planos Diretores dos municípios, além de gerar a obrigatoriedade destes em pagar o IPTU.

Contudo, esse nível de urbanização, apontado pelos números oficiais e incorporado pelo discurso acadêmico, é questionável já que as características internas que esses municípios apresentam, como presença de atividades agrícolas e outras características rurais, além de funções urbanas rarefeitas, ineficiência e precariedade dos serviços, comprovam uma coexistência de elementos do rural e do urbano nos mesmos.

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13 Extremoz. Contudo, no ano de 2002, Nísia Floresta e São José de Mipibu foram incluídos na RMN. Em 2005 foi integrado o município de Monte Alegre e em 2009 o município de Vera Cruz. Posteriormente a Lei Complementar de nº 485 de 2013 incluiu o município de Maxaranguape à RMN.

E no ano de 2015, por meio da Lei Complementar de nº 540 foi a vez da inserção do município de Ielmo Marinho. Na Figura 01 está destacada a região metropolitana de Natal, com os municípios em gradação de cor de acordo com o ano de inserção dos mesmos na região metropolitana. Atualmente a RMN é composta por 12 municípios, os quais apesar de compreenderem pouco mais de 6% da área total do estado, concentram aproximadamente 44% de sua população, e quase metade do PIB estadual.

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15 Tendo em vista a importância de se desenvolver estudos sobre a Região Metropolitana de Natal, essa dissertação tem por objetivo compreender o processo de urbanização e o uso agrícola do território na RMN, considerando a complementaridade entre cidade e campo, sobretudo a partir da década de 1990 até 2015.

Para isso essa dissertação foi dividida em cinco capítulos, incluindo essa introdução. No segundo capítulo, intitulado de“Compreendendo a urbanização e o uso agrícola do território na Região Metropolitana de Natal: uma proposta metodológica”, são elencados os procedimentos metodológicos necessários para o desenvolvimento da pesquisa, visando atingir os objetivos. A opção pela dedicação de um capítulo para a discussão da metodologia vem no sentido de valorizar a importância do rigor científico na escolha dos procedimentos e de elucidar a corrente de pensamento e o método dessa pesquisa. Nesse capítulo são explicitados o principal conceito, a teoria, as categorias de análise, os elementos do espaço, o objeto (problema) e os objetivos da pesquisa, além da delimitação dos procedimentos metodológicos e técnicos.

No terceiro capítulo, denominado “As materialidades pretéritas da urbanização na Região Metropolitana de Natal”, é discutido a dinâmica da rede urbana potiguar no período anterior a década de 1990, a materialidade e dimensão das cidades no período pré-RMN e adinâmica econômica e de localização da população.

O quarto capítulo foi intitulado de “A Urbanização do território na Região Metropolitana de Natal”, pois discorre-se sobre o processo de urbanização na RMN e suas diferentes temporalidades e, em seguida, discute-se o índice de urbanização criado para identificar as densidades e rarefações do conteúdo urbano e os diferentes níveis técnicos encontrados no território.

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16 Esse trabalho foi elaborado com a contribuição de vários autores com destaque para Santos (1985,1994, 2005, 2008, 2009, 2009b), no que se refere as noções de configuração territorial, materialidades, território usado, além das categorias de análise privilegiadas na pesquisa. Locatel (2004, 2012, 2013), onde o mesmo discute acerca do rural e do urbano enquanto conteúdos e do campo e cidade enquanto formas-conteúdos, assim como a ideia de urbanização enquanto processo. Lefebvre (1991), que aborda a ideia de urbanização da sociedade; Vicini (2005), que propõe a metodologia de análise multivariada; Gottmann (2012), no que tange ao conceito de território e; Rochefort (2008), que discute as dinâmicas populacionais nos países do sul.

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18 2. COMPREENDENDO A URBANIZAÇÃO E O USO AGRÍCOLA DO TERRITÓRIO NA REGIÃO METROPOLITANA DE NATAL: UMA PROPOSTA METODOLÓGICA

A discussão sobre o conceito de rural e urbano não é nova na Geografia, nem tampouco nas ciências sociais, contudo durante muito tempo as análises empreendidas acerca de tais conceitos estiveram ora pautadas na mera dicotomia rural-urbano, ora na noção de continuum rural-urbano. Mas em que consistiria a diferenciação entre o par

campo-cidade, rural-urbano? Haveria relação direta entre eles ou dever-se-ia considerar a exclusividade do urbano na cidade e do rural no campo, admitindo-se assim uma dicotomia existente entre eles?

Para Locatel (2013) campo e cidade são formas e rural e urbano são conteúdos, e, por isso, não é possível admitir nos estudos geográficos a exclusividade do conteúdo rural no campo e do urbano na cidade, como durante muito tempo vem sendo admitido, já que essa análise dicotômica não permite a compreensão da realidade. Assim, Locatel (2013, p. 88) afirma que

Se campo e cidade são formas espaciais produzidas por relações sociais, rural e urbana constituem as relações que configuram o modo de vida específico para cada espaço, ou seja, são os conteúdos que dão vida a essas formas.

Nessa perspectiva, será discutido no presente capítulo, o âmbito do problema a que se refere essa pesquisa, o conceito central que subsidia a análise, a teoria que fundamenta a pesquisa bem como as categorias de análise privilegiadas, os objetivos e os procedimentos metodológicos e técnicos.

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19 Historicamente a análise do rural e urbano realizada por muitos geógrafos tem possibilitado interpretações baseadas na dicotomia rural-urbano admitindo que o espaço rural se opõe totalmente ao espaço urbano, como se a existência de um pressuponha a ausência do outro. Nesse sentido, rural e urbano são considerados formas e não conteúdos. Ao optar por tal abordagem conceitual, muitos admitiram o esvaziamento demográfico do campo, decorrente da intensificação do processo de êxodo rural. Processo este que vem ocorrendo em virtude da nova configuração no espaço geográfico, provocado por vários fatores como a disseminação da industrialização, períodos prolongados de secas, polarização das instituições de ensino nas cidades, maior oferta de empregos, entre outros. Tais fatores potencializaram a centralidade dos núcleos urbanos, contudo não resultaram no esvaziamento demográfico do campo.

Já a corrente que admite a noção de continuum rural-urbano, por sua vez,

considera que o rural e o urbano se constituem enquanto polos extremos de uma mesma escala de gradação, dessa forma no início da escala estariam o rural e ao final o urbano. Logo, se uma determinada porção do espaço é considerada rural, conforme a sociedade se apropria dele e o produz, esse espaço após um tempo, que não é o mesmo nos diferentes lugares, será transformado em urbano, admitindo-se assim o desaparecimento do campo, em detrimento de sua transformação em cidade.

Nesse sentido, é fundamental avançar no entendimento de que o rural e o urbano consistem em subcategorias do espaço geográfico e, portanto, para entender o espaço enquanto uma totalidade torna-se fundamental uma visão holística, que considere o rural e o urbano em uma relação de complementaridade, e fuja assim das análises pautadas em dicotomias (LOCATEL, 2013).

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20 Concordamos com Capel (2003) que para que a cidade se constitua efetivamente, esta deve conter simultaneamente três dimensões: a urbs – espaço

construído; a civitas – o espaço apropriado e usado de diferentes formas pelos cidadãos,

sejam estes campesinos ou citadinos; e a polis – função político-administrativa.

Contudo, há uma ineficiência dos parâmetros utilizados, por muitos geógrafos, para analisar o nível de urbanização no Brasil, vale salientar que a utilização de tais parâmetros possui raízes conceituais. Esses pesquisadores não consideram o fenômeno da urbanização enquanto um processo que se manifesta no território como um todo, mas sim enquanto um processo formador de cidades. Tal opção conceitual e normativa reflete diretamente na compreensão do espaço brasileiro, pois uma análise geográfica de determinadas cidades (do ponto de vista normativo), pode comprovar a existência de diversas aglomerações que, apesar de não possuírem funções urbanas, são consideradas cidades.

Se entendido enquanto um processo que ocorre no território como um todo, é possível falar na urbanização do campo sem necessariamente pressupor a formação de uma cidade, já que esta última se constitui enquanto uma forma-conteúdo resultante da densidade do conteúdo urbano (LOCATEL, 2010).

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21 urbanos se dá pela pressão dos capitais especulativos e imobiliário, para se aumentar os estoques de terras urbanas.

Por meio dos planos diretores municipais, o poder público tem atribuído um alto índice de urbanização aos municípios integrantes da região metropolitana de Natal, considerando dois deles 100% urbanos, quais sejam: Natal e Parnamirim. Contudo, em virtude dos fatores já citados é difícil conceber tal índice de urbanização, sendo mais coerente admitir uma coexistência de elementos do rural e do urbano nesses municípios.

Para compreender a urbanização do território é fundamental avançar no sentido de não considerar a localização das residências da população como único critério de análise, haja vista que esse processo é complexo e ganha materialidades diferentes, a depender das especificidades do lugar.

Também é fundamental refletir acerca do papel do Estado na criação da cidade do ponto de vista normativo, aspecto destacado por Locatel (2010, p. 03) ao afirmar que

Para se entender a organização do espaço urbano no geral e, mais especificamente, de Natal-RN, é necessário analisar essas três dimensões, ou seja, o espaço construído, o uso e função dado a ele e a institucionalidade jurídico-administrativa a partir da dimensão territorial. Dessa forma, se faz necessário a compreensão da atuação dos agentes envolvidos na produção do espaço e, nesse caso, faz-se necessário destacar o papel do Estado, nas suas diferentes instâncias, enquanto principal articulador do processo de apropriação e produção do espaço urbano.

Nesse contexto, ocorrem diferentes usos e apropriação do solo urbano, evidenciando as desigualdades sociais, intrínsecas ao próprio sistema capitalista, os quais se manifestam de diferentes formas nesses lugares, a depender de suas especificidades.

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22 agentes sociais envolvidos, visto que fazem com que os trabalhadores que não se inserem no mercado de trabalho formal, seja por não admitirem estar submetidos a relações de exploração de tal natureza, seja por não conseguirem se inserir no mesmo, encontram na agricultura urbana um meio de obtenção ou complementação de sua renda. E, portanto, não há como negar a importância social do estudo desse segmento da agricultura, no recorte espacial analisado.

Para evidenciar a necessidade do estudo, dados do Censo agropecuário (2006) mostram que municípios como Monte Alegre e Vera Cruz possuem mais da metade de sua área total destinada à plantação, seja de lavoura permanente, temporária ou área de pastagem. Mesmo nos municípios de Natal e Parnamirim, considerados 100% urbanos observa-se nos dados do último Censo a prática de atividades agropecuárias.

Diante do exposto, sente-se a necessidade de aprofundar discussões e análises sobre o processo de urbanização na RMN e o uso do território pela agricultura. Nesse contexto, o questionamento central desta pesquisa é de que maneira ocorre o processo de urbanização e o uso agrícola do território na RMN?

Dentre as questões suscitadas, devem ser destacadas: de que forma se dá a atual dinâmica da agricultura na RMN e como se dá o uso do território por essa atividade? Quais as áreas de densidade e de rarefação do processo de urbanização nos municípios da RMN? De que maneira ocorrem as coexistências entre os conteúdos rural e urbano na RMN? Quais os desdobramentos da urbanização enquanto norma no território?

O conceito fundante da Geografia que será privilegiado na pesquisa ora proposta será o conceito de território, em virtude da possibilidade de empiricização. Ele será operacionalizado a partir da categoria de análise território usado, proposta por Santos e

Silveira (2008), que defendem que o território deve ser abordado nos estudos geográficos como uma categoria social de análise, pois é no território que se concretizam os processos sociais, políticos e econômicos.

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23 abordado o uso do território pela agricultura, a fim de identificar como essa atividade influencia na configuração do espaço geográfico. Além disso, para analisar a urbanização enquanto um processo também será considerado o conjunto de infraestruturas que constituem o território e que condicionam as ações sob o mesmo.

Gottmann (2012) sustenta que o território consiste em uma porção do espaço geográfico que coincide com a extensão espacial da jurisdição de um governo e descreve a arena espacial de um sistema político, desenvolvido em um Estado nacional ou uma parte deste, que é dotada de certa autonomia. Porém, o referido autor avança ao entender que o território é constituído por

componentes materiais ordenados no espaço geográfico, sendo estes componentes materiais delimitados pela ação humana e usados por certo número de pessoas, por razões específicas, sendo tais usos e intenções determinados por e pertencentes a um processo político (GOTTMANN, 2012, p. 2).

Para compreender o território Silveira (2008, p. 3) defende que se deve considerar “todas las empresas, todas las instituciones, todos los individuos, independientemente de su fuerza diferente, a pesar de su fuerza desigual”. Nessa perspectiva, Santos (2008) afirma que para compreender o espaço geográfico devem-se considerar as inter-relações entre os cinco elementos que constituem este espaço, quais sejam: o homem, as instituições, as firmas, as infraestruturas e o meio ecológico. Logo, para compreender o território e os seus usos é fundamental considerar tais elementos.

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24 Não se considera nessa pesquisa a Região Metropolitana de Natal enquanto um território, em virtude meramente da área delimitada por limites político-administrativos, mas sim em função da ocorrência neste território de um conjunto de elementos específicos que geram um conteúdo próprio, conferindo a esse território o caráter de forma-conteúdo.

A partir da teoria de Santos (1985,1994, 2005, 2008, 2009, 2009b) sobre o espaço geográfico, buscar-se-á dialogar com a teoria da urbanização da sociedade proposta por Lefebvre (1991), que parte do princípio da formação de uma sociedade urbana que seria a sociedade que resulta da urbanização completa, que segundo o mesmo seria virtual, mas poderá vir a ser real. O autor trata essa sociedade urbana como um objeto virtual, mas possível, em fase de gestação. Para Lefebvre (1991) a industrialização seria a variável primordial para a urbanização, contudo acredita-se que essa variável é válida para pensar a industrialização europeia, mas não a brasileira, já que outras variáveis, além desta, precisam ser consideradas para analisar esse processo, as quais serão explicitadas no desenrolar dessa dissertação.

Lefebvre (1991) defende uma escala de 0 a 100% que iria da ausência da urbanização ou natureza pura à culminação do processo ou realidade urbana, marcada pela concentração urbana, êxodo rural, extensão do tecido urbano e subordinação completa do agrário ao urbano. Tais processos podem ser visualizados no Brasil, mas em proporções bem diferentes do modelo europeu. É preciso pensar na coexistência de elementos do rural e do urbano em um mesmo território ao invés de pensar em uma subordinação completa do rural ao urbano, já que o Brasil ainda é um país com forte presença do agrário, seja pela sua importância econômica, pois parte significativa da pauta de exportação brasileira está ligada a agricultura e a pecuária, seja pela presença marcante do modo de vida rural e pela própria rarefação de elementos do urbano.

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25 na cidade. Contudo, deve-se fazer uma ressalva ao passo que há muitas pessoas que moram na cidade mas que possuem o modo de vida rural.

Concorda-se com Lefebvre (2008) quando este disserta que “...o tecido urbano, não designa, de maneira restrita, o domínio edificado nas cidades, mas o conjunto das manifestações do predomínio da cidade sobre o campo”. Assim, a urbanização não seria o processo de formação de cidades, mas um processo que ocorre no território como um todo, e para se pensar em cidade dever-se-á considerar os níveis de urbanização.

Na busca de uma geografização dessa teoria será proposta uma metodologia de análise que considere a urbanização do território. Para isso partir-se-á das materialidades, ao considerar como variáveis, as indústrias, o comércio, os serviços, infraestrutura e administração pública.

A dicotomia rural-urbano esteve como centro das discussões sobre a urbanização durante muito tempo, sobretudo no que se refere à noção de continuum

rural-urbano. Porém, esse trabalho se propõe a analisar o rural e o urbano enquanto subcategorias do espaço geográfico, e sendo assim os mesmos estabelecem uma relação de complementaridade e não de sucessão como muitos pesquisadores entendem, no sentido de que o urbano sempre sucederia o rural, ao passo que tudo que é rural se transformaria em urbano. Sendo analisados em sua relação complementar, essa análise se propõe a compreender o espaço enquanto uma totalidade.

Assim, concorda-se com Locatel (2013, p.100) no sentido de que

campo e cidade não se tratam de espaços opostos, que suas características se diferenciam pela lógica de desenvolvimento das forças produtivas e de usos do território, pelos agentes hegemônicos e não-hegemônicos, fazendo com que esses subespaços compartilhem conteúdos urbanos, assim como rurais, uma vez que não há como explica-los de forma dissociada.

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26 compreender a realidade atual, sendo eles partes integrantes de um todo que se relacionam. Não há uma linha de fronteira que separe o campo e a cidade.

Locatel (2010) defende que para compreender a urbanização do território torna-se necessário avançar, no torna-sentido de não considerar a localização da população como único critério de análise, já que esse processo é complexo e ganha materialidades diferentes, a depender das especificidades do lugar. Logo, para a análise de urbanização tem que se considerar o rural e o urbano enquanto conteúdos e o campo e a cidade enquanto formas-conteúdos.

Dentre as categorias de análise privilegiadas na pesquisa, além da categoria

território usado, já ressaltada, utilizou-se do par dialético densidade e rarefação, a fim

de compreender os diferentes níveis técnicos de urbanização dos municípios integrantes da RMN, visto que existem porções do território que apresentam uma maior densidade de funções urbanas, enquanto em outras tais funções são rarefeitas. Ao propor essa categoria de análise para compreender o espaço, Santos (2008, p. 260), sustenta que:

Tais densidades, vistas como números, não são mais do que indicadores. Elas revelam e escondem, ao mesmo tempo, uma situação e uma história. Na realidade, trata-se de um verdadeiro palimpsesto, objeto de superposições contínuas ou descontínuas, abrangentes ou localizadas, representativas de épocas, cujos traços tanto podem mostrar-se na atualidade como haver sido já substituídos por novas adições.

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27 nada dizem sobre o processo de urbanização, é necessário relacioná-lo ao tempo e ao espaço. Sobre isso Monbeig (1954, p. 3) afirma que

Há o desconhecimento total da geografia e a convicção de boa fé, que um nome, um dado, são “fatos geográficos” e que, a partir deles se elabora a ciência geográfica. Ora, a geografia não é uma ciência de fatos isolados simples, passíveis de serem conhecidos por si e em si.

Outra categoria de análise abordada foi associada ao par dialético das sucessões e coexistências, tendo em vista que na análise geográfica não podemos dissociar o

tempo do espaço, pois essa dissociação resulta na perda da análise dos processos. Além disso, é fundamental analisar as coexistências, pois nem sempre um objeto geográfico sucede outro, já que a configuração territorial preexistente é um condicionante para a ocorrência do novo. Sobre a necessidade de atentar para o tempo, Santos (2009, p.158) afirma:

É o instante que valoriza diferentemente os objetos. A cada momento muda o valor da totalidade (quantidade, qualidade, funcionalidade) isto é, mudam os processos que asseguram a incidência do acontecer, e muda a função das coisas, isto é, seu valor específico. O valor total das coisas se modifica, a cada momento, arrastando a alteração do valor de cada coisa. Tal distribuição de valores não é aleatória. Ela revela as determinações pelas quais a realidade total vai mudando para se encaixar nas formas preexistentes ou criadas. O modelo sistema de objetos/sistema de ações somente se entende como um modelo espaço-temporal.

(29)

28 Em cada lugar, os sistemas sucessivos do acontecer social distinguem períodos diferentes, permitindo falar de hoje e de ontem. Este é o eixo das sucessões. Em cada lugar, o tempo das diversas ações e dos diversos atores e a maneira como utilizam o tempo social não são os mesmos. No viver comum de cada instante, os eventos não são sucessivos, mas concomitantes. Temos, aqui, o eixo das coexistências.

Nessa perspectiva, o rural e o urbano não serão analisados sob o ponto de vista da sucessão, como se um necessariamente sucedesse o outro, como comumente é considerado. Eles serão analisados principalmente em sua relação de coexistência, pois em um mesmo território podem coexistir elementos de conteúdo do rural e do urbano.

Também serão analisadas as verticalidades e horizontalidades, as quais são

compreendidas por Santos (1994), respectivamente, como vetores de uma racionalidade superior e de um discurso pragmático, e como lugares de uma finalidade impostas de fora. Essa categoria de análise foi fundamental para entender o uso agrícola do território nos diferentes momentos da produção e o próprio processo de urbanização.

Diante da delimitação do problema de pesquisa apresentado, o objetivo geral dessa pesquisa foi compreender o processo de urbanização e o uso agrícola do território na Região Metropolitana de Natal, considerando a complementaridade entre cidade e campo, sobretudo a partir da década de 1990 até 2015.

Para viabilizar metodologicamente a pesquisa, o objetivo geral foi desdobrado em objetivos específicos, a saber:

 Verificar as coexistências das diferentes temporalidades e densidades técnicas da urbanização na RMN;

 Compreender os desdobramentos da urbanização enquanto norma na RMN;  Caracterizar a evolução e atual dinâmica da agricultura na RMN;

(30)

29 2.2 Delimitação dos procedimentos metodológicos e técnicos

Uma pesquisa é realizada com a finalidade de revelar respostas para um problema identificado, essas respostas são encontradas mediante a execução de um conjunto de procedimentos metodológicos, que sigam uma lógica coerente de ideias. Não se busca nessa dissertação seguir uma receita, considerando o modo de fazer pesquisa está pronto e é apenas reproduzido, mas busca-se definir uma metodologia que possa atender aos objetivos propostos e assim responder aos questionamentos elencados.

Partindo do pressuposto de que a urbanização é um processo e que, portanto, ocorre no território como um todo, é essencial repensar as metodologias adotadas atualmente para analisar o grau de urbanização no Brasil, as quais em sua maioria consideram apenas a localização das residências no perímetro urbano.

A fim de analisar o nível de urbanização dos municípios da Região Metropolitana de Natal, considerando as diferentes temporalidades e densidades técnicas deste processo foram consideradas, enquanto elementos indicativos, cinco grupos de variáveis, quais sejam: infraestrutura, comércio, serviços, indústria e administração pública. Estas variáveis foram avaliadas quanto aos níveis técnicos, o pessoal ocupado e o número de estabelecimentos, a partir de dados relativos.

Dessa maneira, as fontes de consulta de dados secundários foram: os Censos Demográfico e Agropecuário, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a fim de definir os empregos gerados, o pessoal ocupado e as características socioeconômicas e de moradia da população; a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) foi utilizada para identificar as funções urbanas; e o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) para identificar o tamanho, localização e natureza das empresas.

(31)

30 em média e alta complexidade de acordo com uma adaptação da metodologia do IPEA (2001), e a indústria foi agrupada em bens de consumo duráveis, não-duráveis, bens de produção e agroindústria. Para aferir a administração pública, foi considerado o número de estabelecimentos vinculados ao setor, transformado em dados relativo de acordo com o tamanho da população e o percentual do pessoal ocupado em cargos público em relação ao número de empregos total em cada município.

(32)

31 Figura 02: Fluxograma - Elementos indicativos do processo de urbanização

Fonte: Elaboração própria

A fim de atingir os objetivos específicos, relacionados à definição da área onde são desenvolvidas a prática da agricultura na RMN, no que se refere aos dados secundários, foram consultados o Censo Agropecuário de 2006, realizado pelo IBGE. Os dados foram tratados, não somente com a base em números absolutos, mas proporcionais. Foram coletados dados de área plantada, área colhida e área de pastagens, além de pessoal ocupado, quantidade produzida total e por lavoura temporária e permanente.

Também foi consultado o Anuário Estatístico do Crédito Rural, o qual possui informações sobre os financiamentos destinados a agricultura por município. Os documentos mais recentes do Plano Safra e do PRONAF, disponível na Secretaria da Agricultura Familiar do Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA), também foram consultados com a finalidade de avaliar se os agricultores que desenvolvem suas atividades no perímetro urbano estão sendo beneficiados. Esses dados, uma vez

Bens de Produção Agroindústrias Indústria

Infraestrutura

Bens de consumo não-duráveis Comércio

Serviços

Administração pública

Baixa complexidade Média e alta complexidade

Baixa complexidade Média e alta complexidade

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32 coletados, foram tabulados, analisados e foram gerados gráficos e tabelas que facilitaram a análise, além de mapas, produzidos a partir da utilização do Software

ArcGis 10, que possibilitaram a análise espacial.

Para elaborar o índice de urbanização dos municípios analisados foram atribuídos pesos aos grupos de variáveis selecionadas, considerando o grau de complexidade, pois foram considerados a coexistência entre níveis técnicos. O índice foi elaborado com base em uma adaptação da análise de agrupamentos ou de cluster,

um tipo de técnica de análise multivariada, sob a perspectiva não hierárquica, já que foi utilizado um grande número de observações.

Foram considerados comércio de baixa complexidade o comércio varejista em geral (com exceção do comércio varejista de motocicletas, partes, peças e acessórios e comércio varejista em hipermercados) e o comércio atacadista de alguns produtos alimentícios, hortifrutigranjeiros, pescados, carne, animais vivos, leites e derivados, cereais, leguminosas, farinhas, amidos e féculas, bebidas, fumo, extrativos de origem mineral, resíduos e sucatas. Já como comércio de média e alta complexidade foram considerados o comércio atacadista em geral (com exceção dos citados cima) e o comércio varejista de motocicletas, partes, peças e acessórios e comércio varejista em hipermercados.

(34)

33 serviços veterinários, algumas atividades de saúde de baixa complexidade, transporte rodoviário de mudança e leitos ambulatoriais.

Já como serviços de média e alta complexidade foram considerados os estabelecimentos de ensino de nível superior, pós-graduação, com extensão, profissional de nível técnico e tecnológico, estabelecimentos hoteleiros, agências de viagens, planos de saúde, previdência, seguridade social, estabelecimentos médicos de urgência e de internação, leitos de urgência e de internação, atividades de serviços de complementação diagnóstica ou terapêutica, atividades jurídicas, de contabilidade e auditoria, holdings, atividades de assessoria em gestão empresarial, serviços de arquitetura, engenharia e publicidade, seleção, agenciamento e locação de Mão de obra;

atividades de investigação, agências de correio, bancos, caixas econômicas,

incorporação de imóveis, defesa, justiça, segurança e ordem pública. Além de serviços gráficos, manutenção e reparação de máquinas para fins industriais, construção civil, agrícola e médico hospitalar, instalações de sistemas de ar condicionado, ventilação refrigeração, hidráulicas, sanitárias, de gás e de sistema de prevenção contra incêndio, aluguel de equipamentos de construção e demolição com operários, manutenção e Reparação de Veículos Automotores, aluguel de Automóveis, aluguel de máquinas e equipamentos de construção e engenharia civil e escritórios, manutenção e reparação de máquinas de escritório e de informática, atividades de organizações empresariais e patronais, profissionais e políticas, atividades de televisão, rádio, de espetáculos, agências de notícias, organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais.

A análise de cluster ou de conglomerados, como também é chamada, é definida por Vicini (2005) como

(35)

34 Logo, essa técnica permite o agrupamento de variáveis que possibilitam a interpretação de cada conglomerado e a relação deste com os demais. É preciso selecionar os dados e padronizá-los com uma única unidade de medida e em seguida determinar uma distância apropriada que indica as semelhanças e diferenças entre observações intra-grupos e extra-grupos (VICINI, 2005). Assim, o produto final permitirá a identificação das semelhanças e diferenças das variáveis selecionadas. Assim Vicini (2005, p.14) explica que

Dada uma amostra de n objetos (ou indivíduos), cada um deles

medindo segundo p variáveis, procurar um esquema de classificação

que agrupe os objetos em g grupos. Deve ser determinado, também, o

número de variáveis desses grupos. Portanto, a finalidade dessa técnica é reunir os objetos (indivíduos, elementos) verificados nos grupos em que exista homogeneidade dentro do grupo e heterogeneidade entre os grupos, objetivando propor classificações. Os objetos em um grupo são relativamente semelhantes, em termos dessas variáveis, e diferentes de objetos de outros grupos.

Para isso foi necessário construir uma matriz em que as variáveis compõem as colunas e os objetos são distribuídos nas linhas, tal matriz originou gráficos. Essa

matriz de dados possui p variáveis (j=1,2..., p) e n objetos (i=1,2..., n), as variáveis

estão no Anexo 01 e os objetos são os municípios. O valor do índice poderá variar de 0 a 1.

Antes do cálculo do índice, as variáveis (Anexo 01) foram agrupadas em grupos e subgrupos, para nos subgrupos receberem pesos diferenciados, de acordo com a complexidade, assim as variáveis do subgrupo comércio de baixa complexidade, por exemplo, recebem um peso diferenciado das variáveis do subgrupo de média e alta complexidade. O resultado da soma das médias ponderadas realizadas com os valores dos subgrupos e seus pesos, compõe o valor do grupo, o qual foi utilizado no cálculo do índice.

(36)

35 G= (S1 x P1) + (S2 x P2) + (Sn x Pn)

(P1+ P2+ Pn)

Onde, G= Grupo S= Subgrupo P= Peso atribuído

A escolha das variáveis e dos pesos é de extrema importância para o cálculo do índice, pois uma variável errada pode comprometer todo o resultado final. O primeiro passo na elaboração do índice foi a seleção das variáveis e agrupamento nos subgrupos e grupos. Os grupos de variáveis são: comércio, serviços, indústria, infraestrutura e administração pública. As variáveis que compõe os dois primeiros grupos foram divididas em subgrupos de acordo com sua complexidade. As variáveis que compõem o grupo indústria também foram agrupadas, em indústrias de bens de consumo duráveis, bens de consumo não duráveis, bens de produção e agroindústrias. As variáveis dos demais grupos não precisaram ser divididas em subgrupos.

(37)

36 valor. Em seguida é feito o cálculo do índice, no qual é atribuído um peso para cada grupo e realizada uma nova média ponderada.

Elaborado o índice a preocupação volta-se as técnicas de estatística espacial, já que elas são de extrema importância na análise científica, haja vista que apenas definir os dados e validá-los estatisticamente sem localizá-los e correlacioná-los no espaço pouco ou nada dizem sobre o objeto de estudo. Além de propor o índice de urbanização com uma base estatística foram elaborados mapas que mostram a disposição espacial desse processo.

Foram elaborados mapas de densidades e rarefações da urbanização, os quais levaram em consideração o índice de urbanização já descrito. Assim como mapas para todos os municípios que relacionem pessoal ocupado por setor, números de estabelecimentos total e o percentual de estabelecimentos por subgrupos. Estes foram elaborados através do software Arcmap 9.3.

A base digital cartográfica das malhas municipais foram obtidas no formato

shapefile (.shp) e importadas para o software ArcGIS (SIG), no qual foram utilizadas

técnicas de estatística espacial e transformadas no formato Geodatabase Feature Class

(.gdb), a fim de enquadrar os dados na programação estatística do software para permitir seu comando automático. As informações cartográficas básicas das bases dos mapas são: Sistema de coordenadas South American Datum – 1969; zona 25;

Quilômetro (unidade de medida linear).

Além da coleta, tratamento e análise de dados secundário, também realizou-se um trabalho empírico. A pesquisa empírica refere-se à coleta direta de dados, realizada pelo pesquisador in locus. Ela possibilita a observação dos fenômenos, objetos

(38)

37 As visitas técnicas foram realizadas em secretarias, órgãos relacionados à agricultura, sindicatos do trabalhador rural, propriedades onde são desenvolvidas agricultura nos municípios considerados totalmente urbanos. Nessas propriedades foram entrevistados os trabalhadores agrícolas, a fim de compreender de que modo os mesmos são afetados pelo fato dos municípios em que desenvolvem suas atividades serem considerados totalmente urbanos. Dessa maneira, questionou-se a respeito da concessão de créditos, assistência técnica, direitos trabalhistas especiais que são concedidos a trabalhadores rurais, características da produção e comercialização, entre outros questionamentos que foram surgindo no decorrer das entrevistas. Foram aplicados roteiros de entrevistas de caráter semiestruturado, com perguntas abertas. Além disso, também foram realizados registros fotográficos, os quais auxiliaram na análise dos processos e dos objetos geográficos. Os roteiros de entrevistas aplicados com os trabalhadores agrícolas estão no Anexo 02.

Com esses procedimentos metodológicos buscou-se compreender o espaço enquanto uma totalidade, dividindo-se esse todo em partes a fim de facilitar a análise para posterior agrupamento dessas partes. Contudo, é importante lembrar que o todo não constitui a soma das partes, mas, o conjunto de inter-relações estabelecidas entre elas. Vale lembrar também que este todo está em constante movimento e dessa maneira não podemos cristalizar a análise nem tampouco ter a ambição de desvendar a realidade tal qual ela é. Com o máximo de esforço só é possível ao pesquisador a busca contínua e incessante por aproximar-se dessa realidade e dessa totalidade. Vale lembrar que o conhecimento é múltiplo e a análise científica falível.

Conforme afirma Santos (1996), há apenas uma realidade social e cada ciência tem o dever de estudar um de seus aspectos. Sendo assim, essa dissertação se propõe a desenvolver uma pesquisa a luz do pensamento geográfico, logo considerando o espaço geográfico como objeto de estudo, e considerando-o enquanto uma totalidade.

(39)

38 visão geral e ao mesmo tempo aproximativa; e, explicativa, visto que se propõe a investigar os fatores que contribuem para a ocorrência de fenômenos.

(40)
(41)

40 3 AS MATERIALIDADES PRETÉRITAS, DINÂMICA ECONÔMICA E POPULACIONAL DA REGIÃO METROPOLITANA DE NATAL

Para se compreender o processo de urbanização na Região Metropolitana de Natal não se pode partir da década de 1990, período de criação da RMN, sem anteriormente se reportar aos eventos pretéritos que contribuíram com a formação da atual configuração territorial da RMN. Santos (1996) ao explicar o princípio da dialética do espaço, afirma que há sempre uma primeira natureza pronta a se transformar em segunda natureza, sendo que uma depende da outra, já que a natureza segunda não se realiza sem as condições da segunda natureza, e, a primeira, por sua vez, é sempre incompleta sem a segunda. Santos (2008) ainda defende que a dinâmica globalizante não apaga restos do passado, mas modifica seu significado e acrescenta ao já existente, novos objetos e ações. Assim nesse capítulo serão abordadas as materialidades pretéritas da urbanização na Região Metropolitana de Natal, no período anterior a década de 1990, e será analisado a dinâmica populacional no período posterior a essa década.

3.1A materialidade e dimensão das cidades no período pré-RMN

(42)

41 apesar de não se ter encontrado em um primeiro momento ouro nessas terras, a exploração do pau-Brasil e posteriormente da cana-de-açúcar era um tanto quanto vantajosa para a coroa portuguesa.

A capitania do Rio Grande de início não foi empossada por nenhum donatário. Foi somente no final do século XVI, que a capitania do Rio Grande foi transformada em uma Capitania Real sendo enviada uma frota de guerra que chega ao Rio Potengi em 1597, iniciando a construção do Forte dos Reis Magos (CLEMENTINO, 1995). No caso do Rio Grande do Norte, e mais especificamente de Natal, a localização geográfica favoreceu a ocupação relacionada a defesa e por isso essa área foi selecionada para a criação do forte e também sua localização, ás margens do estuário do rio Potengi, permitiu que essas terras servissem de saída de produtos de exportação. Assim a Coroa Portuguesa funda a cidade de Natal, que diferentemente de outras regiões do país, nasce cidade antes mesmo de ser vila. Esses fatos justificam um atraso no processo de ocupação do estado do Rio Grande do Norte.

No que se refere a materialidade o município de Natal sempre assumiu um pioneirismo na criação de infraestruturas, já que centralizou grande parte dos investimentos e por ser a capital do estado era o lócus da decisão. Ao ser fundada em

1599, como cidade, não possuía a materialidade urbana, mas foi denominada normativamente como cidade em função de uma intencionalidade da coroa portuguesa de proteger essas terras, logo uma intenção de apropriação.

(43)

42 do século XIX que instituiu o ensino primário no Brasil, que culminou na instalação de vários estabelecimentos escolares; outros marcos citados pelo autor são a construção da Delegacia do Tesouro Nacional, o Corpo Militar de Segurança, a Companhia de Aprendizes de Marinheiro, a Associação do Comércio e Serviços de Correios, a Estrada de Ferro Imperial Brasiliam Railway Company Limited, a Sociedade Promotora da Agricultura, a Sociedade Libertadora Norte-rio-grandense, o Centro Operário de Jornais e Revistas.

No que se refere a infraestrutura urbana, Araújo (2000) afirma que a iluminação pública só foi inaugurada em 1859, ainda com lampiões de azeite, e o abastecimento d’água encanada só surgiu no ano de 1882. Nesse período não existia nem pavimentação nem tampouco transporte coletivo.

Esse período anterior ao século XX foi marcado por uma rarefação no conteúdo urbano, havendo nesse século um grande avanço na criação de “materialidade urbana”. Foram criados bairros planejados em Natal, Tirol e Petrópolis, e houve a implantação de planos urbanísticos, e a criação de uma série de infraestruturas. Como reflexo da revolução de 1930, Araújo cita:

Reflexo desses acontecimentos ocorridos no país surgem em Natal diversas instituições públicas, obras de infra-estrutura e inúmeros estabelecimentos comerciais que se refletem na ampliação do mercado de trabalho local, trazendo para a cidade, uma maior dinamicidade e importância econômica e administrativa no cenário nacional (Araújo, 2000, p.117).

(44)

43 de Natal atinge um total de 54.836 habitantes e, em 1950, essa população praticamente dobra, atingindo 103.215 habitantes. Segundo o mesmo autor em um estudo realizado por Vidal (1998), comprova-se que durante a década de 1940, Natal apresenta a maior taxa de crescimento populacional de sua história, 6,53% a.a., o que corresponde a quase o dobro da taxa de crescimento da população urbana do país no mesmo período 3,8% a.a.

Com relação a materialidade, propriamente dita, em 1940 ocorre a criação da base aérea de Natal, em 1941 a Base Naval de Natal, e em consequência disso é construída uma estrada asfaltada ligando Natal a Parnamirim, em 1942. Essas construções foram importantes para integração desses dois municípios e para o crescimento de Parnamirim que, em 1958, é emancipado, tornando-se município. Na segunda metade do século XX são instalados vários estabelecimentos hospitalares, de ensino e uma série de infraestruturas viárias. Os municípios da RMN recebem um aumento na infraestrutura de pavimentação, no sistema de abastecimento de água e iluminação pública, apesar de ainda hoje haver rarefação dos mesmos em várias áreas dos municípios.

O crescimento populacional dos municípios da Região Metropolitana de Natal e o próprio processo de urbanização estiveram atrelados no período posterior a década de 1940 a uma série de eventos que são elencados por Araújo (2000). O primeiro deles é a criação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), em 1959, aliada a política habitacional, iniciada no começo da década de 1960 no Rio Grande do Norte e, em particular, em Natal, que se consolidaram no começo da década de 1970, com a criação do Banco Nacional da Habitação. Esses eventos resultaram em mudanças significativas na dinâmica habitacional dos municípios da RMN, principalmente de Natal.

(45)

44 da RMN um papel central, contribui com o crescimento populacional da região, por atrair migrantes para Natal e os municípios do entorno.

Já a criação do Programa Habitacional, em 1963, repercute na elaboração do primeiro Plano Habitacional do estado, que ganha forças a partir das ações de financiamento do BNH, que segundo Araújo (2000) passa, posteriormente, a financiar programas maiores do que os de habitação, como planos de saneamento e programas relativos a urbanização como transportes e equipamentos para fins comunitários.

Outro evento de suma importância é a intensificação da atividade industrial com a criação do Distrito Industrial de Natal (DIN) no final da década de 1970, que além de dinamizar a economia da região aumentou a oferta de empregos não só em Natal, mas nos municípios vizinhos, intensificando os movimentos pendulares. Quando o DIN foi criado, na zona Norte de Natal, houve um crescimento que extrapolou essa área, atingindo municípios vizinhos como Extremoz e São Gonçalo do Amarante.

Muitas indústrias se instalaram na capital motivadas pelos incentivos fiscais e financeiros oferecidos pelo governo. Ocorreu também nessa mesma década o crescimento do setor terciário em Natal e a implantação da Região de Produção do Distrito Setentrional da Petrobrás, no final dessa década e início dos anos 1980. Outro fator destacado pelo autor é o surgimento da atividade turística, no final dos anos 1980 e começo dos anos 1990, que trouxe com ela uma forte demanda por melhorias e criação de infraestrutura urbana, e representou um aumento na oferta de emprego nos municípios em que essa atividade é desenvolvida.

(46)

45 Com o aumento populacional vieram também a implementação de políticas públicas relacionadas a habitação, calçamento e drenagem, que até a década de 1940 eram bastante insuficientes. O índice de crescimento da população dos municípios da RMN, entre as décadas de 1940 e 1980, foram em geral elevados, contudo a partir da década de 1990 há uma queda do mesmo, aspecto que será discutida posteriormente.

Este fato reflete uma realidade nacional, contudo Araújo (2000) aponta uma especificidade em relação ao município de Natal

Em Natal, entretanto, existe outro agravante que justifica ainda mais a diminuição desse índice: a cidade mesmo com a existência de vazios como reserva de valor não possui praticamente mais áreas para se expandir horizontalmente, pois o seu perímetro municipal encontra-se praticamente já consolidado com edificações e o pouco disponível apresenta um valor imobiliário altíssimo, fazendo com que a maioria dos agentes imobiliários, passe a construir nos seus limites municipais, atingindo os municípios vizinhos de Parnamirim, Extremoz e São Gonçalo do Amarante (ARAÚJO, 2000, p.106).

E isso resultou em um crescimento populacional dos municípios vizinhos de Natal, principalmente Parnamirim e São Gonçalo do Amarante, que receberam e continuam recebendo migrantes tanto oriundos de Natal, que já não conseguem viver no município devido à valorização imobiliária, quanto oriundos de outros municípios do estado e do restante do país.

(47)

46 Tabela 1: Total de habitantes por município da RMN – 1970, 1980 e 1991

Município População em 1970 População em 1980 População em 1991

Ceará-Mirim 37.930 40.106 52.157

Extremoz 8.991 8.796 14.941

Ielmo Marinho 9.582 9.225 9.106

Macaíba 29.126 31.270 43.450

Maxaranguape 9.223 11.139 13.518

Monte Alegre 10.929 13.819 15.871

Natal 264.379 416.892 606.887

Nísia Floresta 9.412 9.982 13.934

Parnamirim 14.502 26.362 63.312

São Gonçalo do Amarante

18.826 30.797 45.461

São José de Mipibu 17.312 20.441 28.151

Vera Cruz 4.857 6.178 7.970

RMN 435.069 625.007 914.758

Fonte: IBGE, 2010

(48)

47

a 42% no primeiro intervalo e acima de 46% no segundo intervalo. Crescimento este que acompanhou uma tendência de crescimento populacional do estado e até mesmo do país.

3.2As cidades da RMN no contexto da rede urbana potiguar

O atual estágio da globalização denominado por Santos (1997) de meio técnico-científico-informacional, possibilitou a ocorrência de mudanças significativas no território, seja com o surgimento de novos objetos, seja com a ressignificação de objetos antigos, que condicionam novas ações. Essas mudanças culminaram em um aumento significativo dos fluxos e na intensificação das relações funcionais entre os lugares, intensificando a ocorrência e magnitude das redes.

Mediante a importância do conceito de rede para a análise do espaço geográfico na atualidade e tendo em vista que as sociedades variam no tempo e no espaço e modificam este de maneira diferente, condicionadas pela configuração territorial e influenciadas pelas especificidades de cada lugar, Castells (1999) defende que a sociedade atual tem vivenciado uma profusão nunca vista anteriormente de fluxos, em meio a uma economia denominada por ele de ‘global’, e um capitalismo ‘informacional’, e por isso o autor considera a sociedade atual como uma “sociedade em rede”.

Sendo assim, não há como discutir a urbanização sem antes discutir a noção de rede urbana, que é compreendida por Corrêa (2006, p. 7) como sendo o “conjunto funcionalmente articulado de centros urbanos e suas hinterlândias”. Essas hinterlândias são as áreas que possuem uma demanda de funções que não conseguem por si só suprir e, por isso, são atraídas pelas ofertas de funções desse centro urbano que exerce assim um poder de polarização sobre as mesmas.

(49)

48 sobremaneira na compreensão das relações estabelecidas entre os centros urbanos e suas áreas de influência.

Sobre a necessidade da existência dos pequenos centros que formam uma rede urbana, Corrêa sustenta que

A elevada ocorrência de pequenos centros deriva, de um lado, de uma necessária economia de mercado, por mais incipiente que seja, geradora de trocas fundamentadas em uma mínima divisão territorial do trabalho. De outro, deriva de elevadas densidades demográficas associadas a uma estrutura agrária calcada no pequeno estabelecimento rural ou em plantations caracterizadas pelo trabalho intensivo. Decorre, então, uma grande demanda de bens e serviços caracterizados por limitados alcances espaciais mínimo e máximo (CHRISTALLER,1966), responsáveis pela relativa proliferação de inúmeros centros de mercado no espaço. Deriva, adicionalmente, da pequena mobilidade espacial da população, associada aos transportes pré-mecânicos e mesmo ferroviário, sendo inexistentes ou pouco usuais o caminhão e o automóvel. A Pequena mobilidade implica a ampliação, ainda mais, do número de pequenos centros de mercado (CORRÊA, 1999, p. 45).

Logo, o próprio fato do ser humano viver em sociedade, em meio a uma economia capitalista e globalizada gera a necessidade de formação de pequenos centros urbanos, como é o caso dos municípios integrantes da RMN, a exceção de Natal e Parnamirim que possuem um poder de polarização maior. Todos os outros municípios possuem um pequeno centro urbano onde há o desenvolvimento de uma rede de comércio e serviços de alcance local, para atender a demanda de uma população crescente. Os municípios de São Gonçalo do Amarante e Macaíba também tem pouco a pouco aumentado sua centralidade, mas ainda podem ser consideradas cidades locais.

(50)

49 denominado de minimum range, sendo que da combinação desses recortes espaciais

é definida a área de influência de um determinado centro, em virtude de uma hierarquização entre as localidades centrais (CHRISTALLER, 1966).

O IBGE vem realizando desde 1966 um estudo das regiões de influência das cidades (REGIC), com o intuito de conhecer os relacionamentos entre as cidades brasileiras com base na análise dos fluxos de bens e serviços. Das REGICs elaboradas, a análise irá centralizar na REGIC de 1987, anterior a criação da RMN, e na REGIC de 2007, último estudo elaborado.

O estudo de 1987 utilizou a teoria das localidades entrais de Cristhaller como base da análise. Nessa REGIC o maior nível hierárquico na rede urbana era a metrópole regional, sendo consideradas como tal as cidades de Belém, Manaus, Recife, Fortaleza, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Goiânia, Curitiba e Porto Alegre. O segundo maior nível na hierarquia era atribuído aos chamados centros submetropolitanos, grupo do qual Natal fazia parte. E o terceiro grupo eram as capitais regionais que tinha o município de Mossoró como representante potiguar. Os municípios de Caicó e Currais Novos apareceram como centro sub-regionias, e os demais municípios foram considerados alguns como centros de zona e outros como municípios subordinados.

Já no estudo de 2007, foram utilizados como principais fatores para a composição dos níveis hierárquicos dos centros a dimensão da região de influência de cada centro, a classificação dos centros de gestão do território e a intensidade de relacionamentos. Um diferencial desse estudo foi a criação da unidade de observação “Área de Concentração da População” (ACP), utilizada para cidades que se configuram enquanto grande aglomerado urbano. A ACP de Natal foi formada por Natal, Extremoz, Macaíba, Parnamirim, São José de Mipibu, São Gonçalo do Amarante e Nísia Floresta.

Imagem

Figura  03:  Região  de  Influência  das  cidades  no  Rio  Grande  do  Norte
Figura 10: Fazenda França localizada no bairro de Pajuçara, Natal/RN
Figura 11: Propriedade em que é desenvolvida agricultura no  bairro de Capim Macio, Natal/RN
Tabela  7:  Região  Metropolitana  de  Natal:  Pessoal  ocupado  na  agricultura  por  município (2011)
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Referências

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