• Nenhum resultado encontrado

Remoção de frações de óleo leve e pesado de rocha calcária através de sistemas microemulsionados

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Remoção de frações de óleo leve e pesado de rocha calcária através de sistemas microemulsionados"

Copied!
88
0
0

Texto

(1)

Giliane Cristina Medeiros do Nascimento Santos

Remoção de frações de óleo leve e pesado em rocha calcária através

de sistemas microemulsionados

___________________________________________________________

Dissertação de Mestrado

Natal/RN, julho de 2013

INSTITUTO DE QUÍMICA

(2)

GILIANE CRISTINA MEDEIROS DO NASCIMENTO SANTOS

REMOÇÃO DE FRAÇÕES DE ÓLEO LEVE E PESADO DE ROCHA

CALCÁRIA ATRAVÉS DE SISTEMAS MICROEMULSIONADOS

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de

Pós Graduação em Química da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos para

obtenção do título de Mestre em Química.

Orientadores: Profa. Dra. Tereza Neuma de Castro Dantas

Dra. Cátia Guaraciara Fernandes Teixeira Rossi

NATAL - RN

(3)

UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede. Catalogação da Publicação na Fonte.

Santos, Giliane Cristina Medeiros do Nascimento.

Remoção de frações de óleo leve e pesado em rocha calcária através de sistemas microemulsionados. / Giliane Cristina Medeiros do NascimentoSantos. – Natal, RN, 2013.

86 f.: il.

Orientadora: Profa. Dra. Tereza Neuma de Castro Dantas.

Co-orientadora: Profa. Dra. Cátia Guaraciara Fernandes Teixeira Rossi.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Exatas e da Terra. Instituto de Química. Programa de Pós-Graduação em Química.

1. Microemulsão - Dissertação. 2. Calcário - Dissertação. 3. Óleo pesado - Dissertação. 4. Óleo leve – Dissertação. 5. Remoção de óleo – Dissertação. I. Dantas, Tereza Neuma de Castro. II. Rossi, Cátia Guaraciara Fernandes Teixeira. III. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título.

(4)
(5)

A ciência nunca resolve um problema sem criar pelo menos outros dez.”

(6)

DEDICATÓRIA

À Deus por estar sempre comigo, me apoiando principalmente nos momentos mais difíceis.

(7)

À Deus, por estar presente em todos os momentos da minha vida, principalmente os mais

difíceis, me dando forças e confiança para seguir em frente.

À minha família, por estarem presentes nos momentos de dificuldades e de alegrias, pela

paciência nos momentos difíceis e pela confiança que vocês sempre depositam em mim.

Ao meu marido, André Luiz Gomes dos Santos, pelo incentivo, compreensão,

companheirismo, paciência e apoio incondicional.

A professora Dra. Tereza Neuma de Castro Dantas e a Dra. Cátia Guaraciara Fernandes

Teixeira Rossi, pela oportunidade da realização deste trabalho, pela orientação, companheirismo

e principalmente pela amizade.

Aos meus professores que facilitaram minha caminhada nesta Universidade, me

ensinando esta maravilhosa ciência.

Aos meus amigos, por tudo que pudemos compartilhar, alegrias e tristezas, certezas e

dúvidas, vitórias e derrotas, sofrimentos. Principalmente a Flávia pela bela amizade construída.

Uma irmã que a vida me deu!

Enfim, a todos que não citei, pois muitos cooperaram para o meu crescimento pessoal e

(8)

RESUMO

O presente trabalho objetivou estudar a remoção de frações de óleo leve e pesado em

rocha calcária desintegrada através de sistemas microemulsionados, comparando as eficiências de

remoção em diferentes concentrações de matéria ativa (C/T) e tempo de contato. Os sistemas

microemulsionados (SME) são constituídos por tensoativo, cotensoativo, fase oleosa e fase

aquosa. Nos sistemas estudados, três pontos ricos em água da região de microemulsão foram

utilizados para verificar a eficiência de remoção. Os sistemas foram caracterizados para avaliar a

influência do tamanho do agregado, tensão superficial e viscosidade na estabilidade micelar e

compreender como as propriedades físicas podem influenciar o processo de remoção de óleo. A

amostra de rocha calcária foi caracterizada por Termogravimetria, Área BET, Microscopia

Eletrônica de Varredura, Difração de Raios-X e Fluorescência de Raios-X. A rocha preparada foi

colocada em contato com solução de óleo leve e pesado em xileno para permitir a adsorção de

óleo. Os testes de remoção foram realizados a fim de avaliar a influência do tempo de contato (1,

30, 60 e 120 minutos), da concentração de matéria ativa (20, 30 e 40%), do cotensoativo e da fase

oleosa. Para o óleo pesado, o melhor resultado foi para o SME 1, com 20 % de matéria ativa, no

tempo de 1 minuto, com 93,33 % de eficiência. Para o óleo leve, o SME 1 no percentual de 20 %,

com 120 minutos apresentou o melhor rendimento, com 62,38 %. A partir dos resultados obtidos,

concluiu-se que os sistemas microemulsionados apresentam-se como uma alternativa eficaz para

remoção de óleo em formações calcárias.

(9)

In this research the removal of light and heavy oil from disintegrated limestone was

investigated with use of microemulsions. These chemical systems were composed by surfactant,

cosurfactant, oil phase and aqueous phase. In the studied systems, three points in the water -rich

microemulsion region of the phase diagrams were used in oil removal experiments. These

microemulsion systems were characterized to evaluate the influence of particle size, surface

tension, density and viscosity in micellar stability and to understand how the physical properties

can influence the oil recovery process. The limestone rock sample was characterized by

thermogravimetry, BET area, scanning electron microscopy and X-ray fluorescence. After

preparation, the rock was placed in contact with light and heavy oil solutions to allow oil

adsorption. The removal tests were performed to evaluate the influence of contact time (1 minute,

30 minutes, 60 minutes and 120 minutes), the concentration of active matter (20, 30 and 40 %),

different cosurfactants and different oil phases. For the heavy oil, the best result was on SME 1,

with 20 % of active matter, 1 minute of contact time, with efficiency of 93,33 %. For the light oil,

also the SME 1, with 20 % of active matter, 120 minutes of contact time, with 62,38 % of

efficiency. From the obtained results, it was possible to conclude that microemulsions can be

considered as efficient chemical systems for oil removal from limestone formations.

(10)

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 17

2. ASPECTOS TEÓRICOS ... 21

2.1. TENSOATIVOS... 21

2.1.1. Definição ... 21

2.1.2. Classificação ... 21

2.1.2.1. Tensoativos Iônicos ... 22

2.1.2.2. Tensoativos Catiônicos ... 22

2.1.2.3. Tensoativos Aniônicos ... 22

2.1.2.4. Tensoativos Anfóteros ... 23

2.1.2.5. Tensoativos Não-Iônicos... 23

2.1.3. Balanço hidrofílico-lipofílico (BHL) ... 24

2.1.4. Concentração Micelar Crítica (c.m.c.) ... 24

2.2. MICELAS ... 25

2.3. MICROEMULSÕES ... 26

2.3.1. Definição ... 26

2.3.2. Formação das Microemulsões ... 26

2.3.3. Estrutura das Microemulsões ... 27

2.4. SISTEMAS DE WINSOR ... 28

2.5. REPRESENTAÇÃO DE WINSOR EM DIAGRAMA DE FASES ... 29

2.5.1. Sistemas Ternários e Quaternários ... 29

2.5.2. Sistemas Pseudoternários ... 29

2.6. ASPECTOS GERAIS SOBRE ADSORÇÃO ... 30

2.6.1. Fatores determinantes do Processo de Adsorção ... 30

2.6.1.1. Temperatura ... 30

2.6.1.2. Natureza do Solvente ... 31

2.6.1.3. Velocidade de Adsorção ... 31

2.6.1.4. Estrutura do Poro ... 31

2.6.1.5. Área Superficial do Adsorvente ... 31

(11)

2.7. CLASSIFICAÇÃO E MODELAGEM DAS ISOTERMAS ... 33

2.7.1. As Principais Isotermas ... 33

2.7.1.1. A Isoterma “C” ... 34

2.7.1.2. A Isoterma “L” ... 34

2.7.1.3. A Isoterma “H” ... 34

2.7.1.4. A Isoterma “S” ... 35

2.7.1.5. Modelo BET (Brunauer, Emmett & Teller)... 35

2.8. CALCÁRIO ... 38

2.8.1. Movimento de Fluidos em rochas ... 38

2.8.1.1. Porosidade ... 38

2.8.1.2. Permeabilidade ... 39

2.8.2. Remoção de contaminantes ... 40

2.8.3. Remoção de frações leves e pesadas em rocha calcária através de Sistemas Microemulsionados ... 41

2.9. ESTADO DA ARTE ... 41

2.9.1. Calcário ... 41

2.9.2. Adsorção ... 43

2.9.3. Tensoativos e microemulsão ... 45

3. MATERIAIS E MÉTODOS ... 49

3.1. METODOLOGIA... 49

3.1.1. Materiais ... 51

3.1.2. Obtenção e determinação de sistemas microemulsionados através dos diagramas de fases...51

3.1.3. Preparação e caracterização da rocha calcária. ... 51

3.1.4. Adsorção de óleo leve e pesado em Rocha Calcária moída... 52

3.1.5. Remoção de óleo leve e pesado de Rocha Calcária moída ... 53

3.2. TÉCNICAS UTILIZADAS ... 54

3.2.1. Análise Térmica ... 54

3.2.2. Microscopia Eletrônica de Varredura ... 55

(12)

3.2.4. Difratometria de Raios-X ... 57

3.2.5. Área BET ... 58

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 61

4.1. CARACTERIZAÇÃO DA ROCHA CALCÁRIA ... 61

4.1.1. Análise Termogravimétrica da Rocha Calcária ... 61

4.1.2. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) ... 61

4.1.3. Fluorescência de Raios-X (FRX) ... 63

4.1.4. Difratometria de Raios-X (DRX) ... 63

4.1.5. Área BET (ABET) ... 63

4.2. ADSORÇÃO DE ÓLEO LEVE E PESADO NA ROCHA CALCÁRIA MOÍDA ... 64

4.3. CRITÉRIO DE ESCOLHA DOS SISTEMAS MICROEMULSIONADOS ... 64

4.4. ESCOLHA E CARACTERIZAÇÃO DOS PONTOS NOS SISTEMAS MICROEMULSIONADOS. ... 66

4.5. REMOÇÃO DE ÓLEO DE ROCHA CALCÁRIA MOÍDA UTILIZANDO SISTEMAS MICROEMULSIONADOS... 69

4.5.1. Influência do percentual de C/T e tempo de contato. ... 69

4.5.1.1. Remoção de óleo pesado com sistemas microemulsionados ... 69

4.5.1.2. Remoção de óleo leve com sistemas microemulsionados ... 72

4.5.2. Considerações Finais ... 75

5. CONCLUSÕES... 77

(13)

Figura 1 - Representação de um tensoativo (molécula anfifílica) ... 21

Figura 2 - Exemplo de tensoativo catiônico ... 22

Figura 3 - Exemplo de tensoativo aniônico ... 22

Figura 4 - Exemplo de tensoativo anfótero ... 23

Figura 5 - Exemplo de tensoativo não-iônico ... 23

Figura 6 - Representação da formação de micelas ... 25

Figura 7 - (a) Micela direta e (b) Micela inversa ... 26

Figura 8 - Exemplos de fases em Sistemas Microemulsionados ... 28

Figura 9 - Classificação de Winsor ... 29

Figura 10 - Representação gráfica de diagramas de fases ... 30

Figura 11 - Quatro principais modelos de isoterma para adsorção em sólidos. ... 34

Figura 12 - Isotermas de adsorção de BET ... 35

Figura 13 - Classificação das histereses de acordo com formato do mesoporos ... 37

Figura 14 - Fluxogramas da metodologia experimental ... 49

Figura 15 - Rocha calcária após desintegração, aquecimento e peneiramento. ... 52

Figura 16 - Rocha calcária após contaminação ... 53

Figura 17 - Equipamento DTG50 – Shimadzu... 55

Figura 18 - Equipamento de MEV (XL-30 - ESEM) ... 56

Figura 19 - Equipamento de FRX (modelo XRF-1800) ... 57

Figura 20 - Equipamento de DRX (modelo XRD-6000 - Shimadzu) ... 58

Figura 21 - Equipamento de Área BET (NOVA V. 8.0 – Quantachrome) ... 59

Figura 22 - MEV da rocha calcária calcinada a 400°C ... 62

Figura 23 - MEV da rocha calcária aquecida a 250°C ... 62

Figura 24 - Adsorção de óleo leve e pesado em Rocha Calcária moída... 64

Figura 25 - Diagramas do sistema microemulsionado... 65

Figura 26 - Eficiências de remoção obtidas para o Óleo Pesado ... 70

(14)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Valores de BHL em função da aplicação do tensoativo ... 24

Tabela 2 - Tamanho médio das micelas em emulsões ... 27

Tabela 3 - Classificação dos poros de acordo com os diâmetros ... 36

Tabela 4 - Porosidade de alguns materiais ... 39

Tabela 5 - Propriedade físicas medidas em análises térmicas ... 54

Tabela 6 - Fluorescência de Raios-X da Rocha Calcária moída ... 63

Tabela 7 - Sistemas microemulsionados escolhidos ... 65

Tabela 8 - Caracterizações dos sistemas microemulsionados ... 67

Tabela 9 - Eficiências de remoção obtidas (por sistema) ... 69

(15)

RN - Rio Grande do Norte

PR - Paraná

CE - Ceará

C/T - Cotensoativo/ tensoativo

pH - Potencial hidrogeniônico

BHL - Balanço hidrofílico-lipofílico

c.m.c - Concentração micelar crítica

O/A - Micelas óleo em água

A/O - Micelas água em óleo

km - Quilômetro

nm - Nanômetro

WI - Winsor I

WII - Winsor II

WIII - Winsor III

WIV - Winsor IV

Fo - Fase óleo

Fa - Fase água

ME - Microemulsão

BET - Isotermas determinadas por Brunauer, Emmet e Teller

IUPAC - International Union of Pure and Applied Chemistry

Å - Angstrom

g - Grama

mL - Mililitro

C - Constant partition

L - Langmuir

H - High affinity

S - Spherical

ɸ - Diâmetro de poro P - Pressão

(16)

∆adsH - Variação de entalpia de adsorção

∆ desH - Variação de entalpia de dessorção %P - Permeabilidade

Vporo - Volume de poro

Vtotal - Volume total

Q - Vazão do fluido (cm3/s)

K - Permeabilidade do meio poroso (Darcy)

ƞ - Viscosidade absoluta (cP)

L - Comprimento do meio poroso A - Área do meio poroso (cm2)

ΔP - Diferencial de pressão (atm)

mN - Milinewton

m - Metro

CTAB - Brometo de cetiltrimetilamônio

SDS - Dodecil sulfato de sódio

mg - Miligrama

DCB - Diclorobifenilo

UV - Ultravioleta

λ - Comprimento de onda FID - Flame Ionization Detector

S/L - Razão sólido/líquido

W/V - Razão water/volume

TPH - Total de hidrocarboneto de petróleo

TG - Termogravimetria

MEV - Microscopia Eletrônica de Varredura

FRX - Fluorescência de Raios-X

DRX - Difração de Raios-X

ABET - Área BET

SME - Sistema Microemulsionado

min - Minutos

ºAPI - Grau API

(17)

DTG - Análise Termogravimétrica Diferencial

DTA - Análise Térmica Diferencial

DSC - Calorimetria Diferencial de Varredura

TMA - Análise Termomecânica

DMA - Análise Dinâmico-mecânica

PV - Pressão de vapor

PN - Pressão de Nitrogênio V - Volume

m2 - Metro quadrado

ADT - Água de Torneira

(18)
(19)

1. INTRODUÇÃO

Derramamentos de petróleo sempre ocupam as manchetes dos veículos de comunicação

ao redor do mundo. Os incidentes com petróleo sempre despertam alerta sobre os riscos e os

impactos destas atividades, principalmente devido a crescente preocupação com o meio ambiente

global. Com isto, o desenvolvimento de técnicas de limpeza mais eficazes é necessário e tem sido

objeto de diversas pesquisas atuais, como processo de tratamento biológico, dessorção térmica,

extração a vapor e lavagem de solos (Lee et al., 1998; Mulligan, Yong & Gibbs, 2001; Virkutyte,

Sillanpää & Latostenmaa, 2002; Chu & Kwan, 2003; Paria, 2008; Lai et al., 2009; Castro Dantas

et al., 2010; Dantas Neto et al., 2011; Hanna et al., 2012).

Os métodos de limpeza que devem ser utilizados nos derramamentos de petróleo

dependem de onde ocorreu o derramamento, se em solo ou em água. A principal prioridade é

sempre conter o derramamento a fim de evitar seu espalhamento e agravar a situação. A

identificação do contaminante e seu teor, bem como a destinação após a limpeza, são fatores

determinantes para a escolha da metodologia a ser empregada para a remediação do local onde

houve o derramamento (Oliveira, 2004).

O petróleo é constituído por uma complexa mistura de hidrocarbonetos, encontrada em

diversas rochas reservatório ao redor do mundo. Estas rochas podem ser formadas por arenitos,

como a formação Assu (RN) ou Botucatú (PR), calcários (Trairí – CE), e mais recentemente, foi descoberto petróleo na camada de Pré-Sal (Espírito Santo ao Paraná).

Os gastos com a recuperação do meio ambiente após um derramamento pode ultrapassar a

barreira de bilhões de dólares, como o caso da Exxon Valdez em 1989. Na época, o desastre

levou ao derramamento de mais de 10 milhões de galões de óleo que vazaram próximo ao Alasca,

causando grande dano à fauna local (Paine et al., 1996; Plater, 2010). Estima-se que a limpeza da

área custou mais de 2 bilhões de dólares.

Além da busca incessante por técnicas de limpeza mais eficazes e acessíveis, as pesquisas

buscam novos materiais a fim de diminuir o custo final de operação. Neste contexto, o uso de

substâncias tensoativas tem se tornado uma alternativa eficaz, pois substâncias tensoativas podem

ser recuperadas após o tratamento e reutilizadas (Oliveira, 2004; Rossi et al., 2006; Sabatini et

(20)

18

As substâncias tensoativas apresentam características hidrofílicas e lipofílicas, e por isto

migram para a interface óleo/água, levando à redução da tensão interfacial, facilitando a remoção

do contaminante. Estas substâncias podem ser utilizadas em sistemas microemulsionados com a

mesma finalidade. A obtenção de sistemas microemulsionados data de 1943, quando Schulman

obteve microemulsão ao adicionar alcoóis de cadeia média a emulsões de sabão.

O uso de tensoativos em sistemas microemulsionados com a finalidade de limpeza de

contaminantes em rochas tem sido alvo de algumas pesquisas. Os resultados mostram eficiências

superiores a 90% na operação (Oliveira, 2004; Pinheiro, 2005; Bonaparte et al., 2010; Dantas

Neto et al., 2010).

A constante busca por novas reservas de petróleo e gás levaram a descoberta dos vastos

campos situados no litoral brasileiro, mais especificamente nas bacias de Santos, Campos e

Espírito Santo. Nesta região, o petróleo e o gás foram encontrados na camada de pré-sal.

O pré-sal apresenta aproximadamente 800 km de extensão, acerca de 400 km da costa

brasileira, na faixa situada do Estado do Espírito Santo até Santa Catarina, a uma profundidade de

aproximadamente 7 km. Estima-se que o pré-sal foi formado há 115 milhões de anos, durante a

separação dos continentes. Estas rochas são constituídas praticamente por carbonatos de cálcio

que formam as rochas carbonáticas (Melo et al., 2011). Diante desse desafio, faz-se necessário o

conhecimento das propriedades físicas e químicas desta rocha, principalmente seu

comportamento na camada de pré-sal.

Estas descobertas, quando colocadas em produção com capacidade total, poderão deixar o

Brasil entre os cinco países que mais produzem petróleo no mundo. Atualmente o Brasil

encontra-se na 18ª posição no ranking de países produtores de petróleo, com 14 bilhões de barris

de óleo, sendo a maior parte de óleo pesado. Algumas estimativas iniciais sobre estas jazidas

preveem a produção de cerca de 300 mil barris de óleo leve por dia, que apresenta melhor

qualidade e é bem mais valorizado no mercado (Pré-sal: Perguntas e Respostas, 2009).

Portanto, será necessário o desenvolvimento de estudos envolvendo rochas carbonáticas,

de modo a propor algumas soluções para a produção no pré-sal, principalmente quanto a

geometria da rocha, porosidade, permeabilidade, capacidade de absorção do óleo e a melhor

forma de posicionar os poços, visando diminuir o tempo de perfuração, bem como o custo de

(21)

Neste trabalho, foi estudada a remoção de frações de óleo leve e pesado de rocha calcária

através de sistemas microemulsionados, comparando as eficiências de remoção em diferentes

(22)

2 ASPECTOS TEÓRICOS E

(23)

2. ASPECTOS TEÓRICOS

Neste capítulo são apresentadas teorias e definições necessárias para o entendimento do

trabalho desenvolvido, como tensoativos, micelas, microemulsões, sistemas de Winsor, sua

representação em diagramas de fases, aspectos gerais sobre adsorção, classificação e modelagem

de isotermas, e por fim o calcário. Após os aspectos teóricos, segue-se o estado da arte sobre

calcário, adsorção, e tensoativos e microemulsões, justificando a relevância do trabalho e seus

objetivos.

2.1. TENSOATIVOS

2.1.1. Definição

Tensoativo é uma molécula que apresenta em sua estrutura dois grupos com afinidades

antagônicas, sendo uma cabeça polar (hidrofílica) ligada a uma cauda apolar (hidrofóbica)

(Schramm, 2000). A presença destes dois grupos funcionais em uma mesma molécula a

caracteriza como anfifílica (Figura 1).

Figura 1 - Representação de um tensoativo (molécula anfifílica)

Fonte: Elaborado pela autora

2.1.2. Classificação

As moléculas de tensoativos podem ser classificadas segundo a região polar em iônicos e

(24)

22

2.1.2.1. Tensoativos Iônicos

Os tensoativos iônicos, quando em solução aquosa, apresentam a formação de íons na

parte polar, podendo se subdividir em catiônicos, aniônicos ou anfóteros.

2.1.2.2. Tensoativos Catiônicos

Ao se dissociarem em solução aquosa, estes tensoativos formam íons carregados

positivamente. Geralmente estes tensoativos são derivados de sais de amônio quaternários

(Figura 2).

Figura 2 - Exemplo de tensoativo catiônico

Fonte: Elaborado pela autora

2.1.2.3. Tensoativos Aniônicos

Tensoativos aniônicos formam íons carregados negativamente quando em solução aquosa.

Geralmente são derivados de grupos carboxílicos, sulfônicos e sulfatos (Figura 3).

Figura 3 - Exemplo de tensoativo aniônico

(25)

2.1.2.4. Tensoativos Anfóteros

São aqueles que apresentam caráter anfótero, ou seja, podem apresentar tanto carga

negativa quanto positiva na mesma molécula, mostrando ora caráter catiônico, ora aniônico

(Figura 4). Esta predominância da carga ocorrerá em função do pH da solução. Caso o pH seja

ácido, a predominância será do caráter catiônico, caso o pH seja básico, o caráter predominante

será o aniônico.

Figura 4 - Exemplo de tensoativo anfótero

Fonte: Elaborado pela autora

2.1.2.5. Tensoativos Não-Iônicos

Esta classe de tensoativos não formam íons em soluções aquosas, por isso são chamados

de não-iônicos (Figura 5). Seus radicais mais comuns são éter, hidroxi e éster (nonilfenol

etoxilado, álcoois graxos etoxilados e o propilenoglicoletoxilado).

Figura 5 - Exemplo de tensoativo não-iônico

(26)

24

2.1.3. Balanço hidrofílico-lipofílico (BHL)

O balanço hidrofílico-lipofílico visa quantificar as contribuições das partes polares e

apolares de um tensoativo, o que determina suas características específicas (Griffin, 1954) e suas aplicações, definindo que quanto mais hidrofílico for o tensoativo maior seu valor de BHL

(Bouchemal et al., 2004). A Tabela 1 mostra alguns valores de BHL característicos para alguns

tensoativos.

Tabela 1 - Valores de BHL em função da aplicação do tensoativo

APLICAÇÃO BHL (teórico)

Anti-espumante 1,5 – 3,0

Espumante 7,0 – 9,0

Emulsificante (A/O) 3,0 – 6,0 Emulsificante (O/A) 8,0 – 18,0 Detergente 13,0 – 15,0

Fonte: Adaptado de Griffin, 1954.

2.1.4. Concentração Micelar Crítica (c.m.c.)

Em soluções com baixas concentrações de tensoativos, eles tendem a ficar separados,

como monômeros e migram para as interfaces existentes, como água/óleo, água/ar ou água/solo.

Quando ocorre a saturação das interfaces e a concentração de tensoativos continua a ser

incrementada, ocorre a formação de micelas (Figura 6). A concentração em que ocorre a

formação de micelas é conhecida por Concentração Micelar Crítica (Attwood & Florense, 1985;

(27)

Figura 6 - Representação da formação de micelas

Fonte: Elaborado pela autora

2.2. MICELAS

Uma das características mais importantes dos tensoativos é a capacidade de organizar-se

em estruturas conhecidas como micelas. As micelas podem ser definidas como agregados

moleculares, que apresentam uma região hidrofóbica, e outra hidrofílica, podendo formar

agregados moleculares de dimensões coloidais (West & Harwell, 1992).

Durante o processo de formação das micelas em água, ocorre o balanço dos impedimentos

estéricos, das forças intermoleculares e interações de van der Waals. A força de atração resulta da

cauda apolar do tensoativo e a força repulsiva se dá devido aos efeitos estéricos e interações

eletrostáticas entre as cabeças polares. A formação da micela só ocorre quando estas forças

encontram-se em equilíbrio (Tanford, 1980; Israelachvili, 1991; Lange, 1999).

As micelas podem estar dispostas de dois modos diferentes: de forma direta ou inversa

(Figura 7). As micelas diretas formam-se em solventes polares e apresentam a parte apolar do

tensoativo no centro do agregado, isolando-a do solvente. Já as micelas inversas formam-se em

solventes apolares, e a parte polar do tensoativo encontra-se no centro do agregado (Evans &

(28)

26

Figura 7 - (a) Micela direta e (b) Micela inversa

(a) (b)

Fonte: Elaborado pela autora

2.3. MICROEMULSÕES

2.3.1. Definição

As microemulsões são sistemas formados espontaneamente pela auto-organização de

moléculas tensoativas nas interfaces óleo-água, formando microestruturas dispersas em um meio

contínuo formado por três ou mais constituintes, tais como tensoativo, fase óleo e fase água

(Kumar & Mittal, 1999; Oliveira et al., 2004; Rossi et al., 2007).

Os sistemas microemulsionados podem ser definidos como sendo sistemas

termodinamicamente estáveis, dispersos, monofásicos, transparentes ou translúcidos, com baixa

tensão interfacial e que possuem capacidade de combinar grandes quantidades de dois líquidos

imiscíveis em uma única fase homogênea, na presença de tensoativo e/ou cotensoativo (Robb,

1982; Attwood & Florense, 1985; Paul & Moulik, 1997; Oliveira et al., 2004; Rossi et al., 2007).

2.3.2. Formação das Microemulsões

Para que uma microemulsão seja formada é necessária a mistura de alguns constituintes

tais como tensoativo, fase aquosa, fase oleosa e, se necessário um co-tensoativo. O sistema

poderá ser do tipo óleo em água (O/A) ou água em óleo (A/O), tudo dependerá das propriedades

(29)

Ao se misturar dois líquidos imiscíveis, sob agitação constante, eles tendem a formar

gotículas uma dentro da outra; porém, quando a agitação cessa, eles tendem a coalescer. Ao se

adicionar um tensoativo ao sistema e agitá-lo, ele torna-se homogêneo e apresenta estabilidade

termodinâmica. Isto se deve ao fato de o tensoativo agir na interface do sistema, diminuindo a

tensão interfacial, facilitando assim a solubilização destes líquidos.

2.3.3. Estrutura das Microemulsões

De acordo com a composição dos sistemas microemulsionados, eles podem apresentar

diversas configurações, como micelas diretas (óleo em água) ou inversas (água em óleo). O

tamanho médio das micelas em emulsões estão apresentados na Tabela 2.

Tabela 2 - Tamanho médio das micelas em emulsões

Tipo de emulsão Tamanho da partícula

Macroemulsões > 400 nm

Microemulsões < 100 nm

Nanoemulsões 100 – 400 nm Fonte: Adaptado de Rosen, 2004.

Podem ainda ocorrer outras estruturas nas microemulsões como os cristais líquidos.

(30)

28

Figura 8 - Exemplos de fases em Sistemas Microemulsionados

(a)Hexagonal (b) Lamelar (c) Cúbica.

(a) (b) (c)

Fonte: Adaptado de Rosen, 2004.

2.4. SISTEMAS DE WINSOR

Winsor (1948) estudou sistemas contendo microemulsões em equilíbrio com fases aquosa

e oleosa e propôs uma classificação. Em função das fases em equilíbrio, foram estabelecidos

quatro sistemas (Figura 9):

 Winsor I (WI): Equilíbrio entre a fase de microemulsão (do tipo O/A) e a fase oleosa

em excesso.

 Winsor II (WII): Equilíbrio entre a fase microemulsão (do tipo A/O) e uma fase

aquosa em excesso.

 Winsor III (WIII): Coexistência das três fases em equilíbrio – oleosa, microemulsão

(geralmente do tipo bicontínua) e aquosa.

 Winsor IV (WIV): Apenas a fase de microemulsão (sistema monofásico), que pode

(31)

Figura 9 - Classificação de Winsor

Fonte: Elaborado pela autora

2.5. REPRESENTAÇÃO DE WINSOR EM DIAGRAMA DE FASES

Os diagramas de fases são ferramentas utilizadas para representar os sistemas formados,

de modo que as regiões de miscibilidade possam ser delimitadas e visualizadas (Silva de Araújo,

2004).

2.5.1. Sistemas Ternários e Quaternários

Os diagramas ternários são formados por três constituintes, um em cada vértice, sendo sua

representação feita em um triângulo equilátero (Figura 10 a). Os diagramas quaternários (Figura

10 b) é obtido em uma pirâmide equilátera, com quatro constituintes, um em cada vértice. Uma

vez que há quatro constituintes, faz-se necessário uma representação tetraédrica (Paul & Moulik,

2001).

2.5.2. Sistemas Pseudoternários

Devido à difícil interpretação envolvendo construção tridimensional dos diagramas

quaternários, utilizam-se diagramas pseudoternários como alternativa (Friberg, 1977). Dois componentes são agrupados em um único vértice, sendo considerado como um

(32)

30

Figura 10 - Representação gráfica de diagramas de fases

a) Ternário b) Quaternário c) Pseudoternário

Fonte: Rossi et al, 2007.

2.6. ASPECTOS GERAIS SOBRE ADSORÇÃO

Adsorção pode ser definida como a interação entre um fluido (líquido ou gasoso) e uma

superfície (sólida). Ela pode ser classificada de duas maneiras: quimissorção e fisissorção. A

quimissorção é baseada em ligações químicas formadas devido à afinidade do adsorvente com o

substrato (superfície), em que ocorrem alterações no estado eletrônico (compartilhamento ou

troca de elétrons). Já a fisissorção é relacionada às interações de forças fracas de Van Der Walls

entre o adsorvente e a superfície (Gregg & Sing, 1982).

2.6.1. Fatores determinantes do Processo de Adsorção

O processo de adsorção pode ser afetado por diversos fatores. Abaixo encontram-se

detalhados alguns destes fatores.

2.6.1.1. Temperatura

Usualmente o processo de adsorção é exotérmico (Gregg & Sing, 1982). Como é

necessário que as moléculas mantenham uma interação com a superfície para que a adsorção seja

(33)

aumentada, o que ocorre com o aumento da temperatura, as moléculas podem ser dessorvidas da

superfície, diminuindo a eficiência da adsorção. Porém, existem casos em que a adsorção pode

ser favorecida com o aumento da temperatura, que pode ser atribuído ao aumento no tamanho do

poro (Gupta, 1998).

2.6.1.2. Natureza do Solvente

A utilização do solvente no processo de adsorção visa aumentar a interação na interface

líquido-sólido, logo ele não deve competir com a superfície sólida pela matéria a ser adsorvida.

Uma solução de soluto e solvente orgânicos não seria adsorvida tão bem quanto se o soluto fosse

solubilizado, por exemplo, em um solvente mais polar (Gregg & Sing, 1982).

2.6.1.3. Velocidade de Adsorção

A adsorção em fase líquida ocorre bem mais lentamente que a em fase gasosa. Um dos

fatores pra que isso ocorra é a viscosidade do líquido, já que quanto mais viscoso, maior as

interações entre suas moléculas, e isto demanda a necessidade de mais energia para que a

adsorção ocorra, já que esta interação deverá ser maior entre as moléculas do adsorvato e a

superfície sólida que entre as moléculas do adsorvato entre si.

2.6.1.4. Estrutura do Poro

A estrutura do poro é determinante para o processo de adsorção, já que se a molécula a ser

adsorvida for maior que o diâmetro do poro, este atuará como um limitante do processo de

adsorção, visto que a adsorção neste caso só ocorrerá na superfície externa do sólido (Do, 1998).

2.6.1.5. Área Superficial do Adsorvente

A adsorção deve ser proporcional à área superficial (externa e interna aos poros) da

superfície sólida disponível (Weber Jr, 1974). A área superficial é dada através da adsorção de N2

(34)

32

superficial total com que ela conseguirá entrar em contato será menor, pois ela poderá não

penetrar no poro, devido ao fato de o diâmetro do poro ser bem menor que o diâmetro da

molécula.

2.6.1.6. Tipos de Adsorventes

A natureza da superfície sólida, assim como o tamanho e distribuição dos poros, afetam

as propriedades adsortivas (Curbelo, 2002). Segundo a International Union of Pure and Applied

Chemistry (IUPAC), os poros são definidos de acordo com o seu tamanho em: microporo, com

menos de 20 Å; mesoporo, de 20 a 500 Å; e macroporo, maior que 500 Å (Seader & Henley,

2011).

Os microporos são ligeiramente maiores do que a molécula a ser adsorvida. Neles,

considera-se que todas as moléculas encontram-se na fase adsorvida, já que o campo de forças da

superfície sólida prende a molécula, mesmo que ela esteja no centro do poro.

Em adsorventes cristalinos, como as zeólitas, o tamanho dos microporos são definidos

pela estrutura da rede cristalina, e por isso não ocorre uma distribuição de tamanho. Já

adsorventes, como a sílica gel e a alumina ativada (produzidos através da precipitação de

partículas coloidais, seguida por desidratação), ou adsorventes como carbono (obtidos pela

queima controlada de materiais carbonáceos), permitem uma distribuição do tamanho do poro

bem maior.

Por outro lado, mesoporos contribuem mais efetivamente para a capacidade adsortiva,

mas seu papel principal é o de fornecer acesso aos microporos. Nestes mesoporos, a difusão pode

ocorrer por diferentes mecanismos.

2.6.1.7. Natureza das Superfícies

Uma substância polar é mais bem adsorvida em superfícies polares. Estas substâncias são

ditas hidrofílicas, ou seja, tem maior afinidade com a água, que é uma molécula bastante polar. Já

superfícies não polares apresentam maior interação com substâncias apolares, e por isso são

(35)

2.6.1.8. Razão Sólido/Solução

Apesar de este parâmetro geralmente não influenciar a forma das isotermas, alguns

estudos têm observado uma significância e dependência não linear da razão sólido/solução e a

efetividade da adsorção (Porro, Newman & Dunnivant, 2000; Limousin et al., 2007).

Geralmente, em experimentos em batelada com materiais porosos naturais, a razão

sólido/solução deverá estar entre 1 g de sólido para 2 mL de solução até 1 g de sólido para 4 mL

de solução (Porro, Newman & Dunnivant, 2000; Limousin et al., 2007).

2.7. CLASSIFICAÇÃO E MODELAGEM DAS ISOTERMAS

A isoterma de adsorção é função da pressão (gases) ou da concentração (líquido), da

temperatura, do gás (ou líquido) e do sólido, mostrando que a isoterma depende também da

massa e do tipo do adsorvente e da superfície. Em temperaturas constantes a adsorção dos gases

podem ser determinadas pelas curvas, chamadas isotermas, que será em função da pressão (Giles,

Smith & Huitson, 1974; Guimarães, 2006).

2.7.1. As Principais Isotermas

Em 1974, Giles, Smith & Huitson, propuseram modelagens para adsorção de soluções

contendo sólidos. As isotermas foram então classificadas de acordo com seu declive inicial em

(36)

34

Figura 11 - Quatro principais modelos de isoterma para adsorção em sólidos.

Fonte: Adaptado de Falone & Vieira, 2004

2.7.1.1. A Isoterma “C”

Sua denominação vem do inglês (“Constant partition”). Como o próprio nome já diz, esta isoterma equivale a uma divisão constante entre o soluto e a solução com o adsorvente, o que

implica em uma reta. Estas isotermas podem ser favorecidas por substratos porosos flexíveis

(Falone & Vieira, 2004; Avelino, 2009).

2.7.1.2. A Isoterma “L”

A isoterma L é a isoterma de “Langmuir”. Esta isoterma apresenta inclinação não linear e

côncava em relação à abcissa. Isto implica numa diminuição da disponibilidade dos sítios

adsortivos com o aumento da concentração da solução adsorvente (Falone & Vieira, 2004;

Avelino, 2009).

2.7.1.3. A Isoterma “H”

Esta isoterma é um caso especial da isoterma do tipo L. Ela ocorre quando a superfície do

adsorvente possui alta afinidade pelo soluto adsorvido. Por isso sua denominação do inglês é

(37)

2.7.1.4. A Isoterma “S”

Do inglês, “Spherical”, esta isoterma apresenta inclinação linear e convexa em relação à

abcissa. No início, a adsorção é baixa, porém ela tende a aumentar à medida que o número de

moléculas adsorvidas aumenta (Falone & Vieira, 2004; Avelino, 2009). Isto implica em uma

adsorção cooperativa, ou seja, a adsorção ocorre muito mais quando há uma associação entre as

moléculas adsortivas (Hinz, 2001).

2.7.1.5. Modelo BET (Brunauer, Emmett & Teller)

Baseado nos estudos da fisissorção, Brunauer, Emmett & Teller (1938) classificaram as isotermas de adsorção em seis tipos, como mostrado na Figura 12.

Figura 12 - Isotermas de adsorção de BET

Fonte: Adaptado de Coutinho et al., 2001.

As isotermas de adsorção podem definir o tipo de poro de cada superfície. Os tipos de

(38)

36

Tabela 3 - Classificação dos poros de acordo com os diâmetros

Classificação Diâmetro (Å)

Microporo ɸ < 20

Mesoporo 20 < ɸ < 500

Macroporo ɸ > 500

Fonte: Adaptado de Coutinho, Teixeira & Gomes, 2001.

Para a obtenção da equação da isoterma de BET foi necessário definir algumas hipóteses,

sendo elas as seguintes:

1. A adsorção é feita através de interações de Van der Waals;

2. Podem existir infinitas camadas;

3. A primeira camada adsorve-se seguindo o modelo de Langmuir;

4. Cada camada possui o tamanho da superfície e a quantidade de sítios ativos constantes;

5. Não há interações laterais entre as moléculas adsorvidas;

6. A energia de adsorção é constante na primeira camada;

7. A energia de adsorção nas demais camadas é igual à energia de condensação.

A isoterma do tipo I representa sólidos microporosos (ɸ < 20Å), em que a isoterma de adsorção é semelhante à quimissorção, ou seja, a de Langmuir, responsável pela formação da

primeira camada (a única no caso de Langmuir – monocamada). A facilidade da adsorção para a formação de monocamada é visível por apresentar no início da curva uma inclinação quase

vertical, mostrando a facilidade da adsorção em materiais microporosos. Logo após, atinge-se um

platô (quase horizontal) representando a saturação da monocamada. Diferente da quimissorção, o

processo de fisissorção ocorre em temperaturas inferiores e poderão ser formadas posteriormente

outras camadas (Figura 12 I).

Já a isoterma do tipo II (Figura 12 II) representa sólidos não porosos, em que ∆adsH < 0. Inicialmente o gás adsorve-se rapidamente, conforme mostrado pela inclinação quase vertical no

começo da curva. Logo após, essa adsorção passa a ser mais lenta (aumento da inclinação); isso

(39)

Depois de preenchida toda a primeira camada, passa-se a formar as múltiplas camadas,

representadas no final do gráfico. A área superficial da amostra pode ser calculada através da

primeira região da curva, em que se formou a monocamada.

A isoterma do tipo III (Figura 12 III) representa sólidos não porosos, em que o ∆adsH > 0, sendo então a adsorção desfavorável, de modo que a afinidade do adsorvente por si mesmo pode

ser maior que a do adsorvente pelo substrato, e também a afinidade do adsorvente pela superfície

ser muito fraca.

Nas isotermas dos tipos IV e V (Figura 12 IV e 12 V) estão representados sólidos

mesoporosos (entre 20 e 500 Å), sendo na Figura IV, o ∆ adsH < 0, e na Figura V. o ∆adsH > 0. Na isoterma tipo IV a monocamada é formada rapidamente, como se percebe pelo início da curva, e

logo após ocorre a histerese; já no tipo V, a adsorção é desfavorável, sendo verificada sua

formação no final da curva. Essas duas curvas são caracterizadas por apresentarem histereses. As

histereses ocorrem devido à diferença da entalpia de adsorção e de dessorção (∆adsH ≠ ∆desH). Os fenômenos de histereses (Figura 13) podem ser classificadas de acordo com as formas

dos mesoporos, podendo ser cilíndricos (Tipo A), no formato de fenda (Tipo B), cônicos (Tipo

C), formato de cunha (Tipo D), de garrafa (Tipo E), conforme mostrado abaixo (Claudino, 2003).

Figura 13 - Classificação das histereses de acordo com formato do mesoporos

Fonte: Adaptado de Claudino, 2003.

A isoterma do tipo VI (Figura 12 IV) representa superfícies quase uniforme em sólidos

não porosos, em que visivelmente ocorre a formação de múltiplas camadas, sendo a altura de

(40)

38

2.8. CALCÁRIO

As rochas sedimentares podem ser classificadas em Clásticas (originadas de rochas

preexistentes), Químicas (oriundas de possíveis precipitações, como por exemplo, de sais

presentes em rios, lagos e mares) e Orgânicas (devido a acumulações de substâncias orgânicas

provenientes de animais ou vegetais). Dentre as rochas sedimentares de origem química

(também chamadas de autigênicas), temos as silicosas, salinas, ferruginosas e carbonáticas. A

rocha calcária é um dos principais tipos de rocha carbonática (composta por mais de 50% de

seus minerais, como a calcita e o carbonato de cálcio); um ponto relevante é que os carbonatos

também podem apresentar origem orgânica, originados do acúmulo, por exemplo, de carapaças e

esqueletos de organismos vivos (Rocha & Azevedo, 2009).

A estruturação do calcário se dá inicialmente por intemperismo e posteriormente pelo

processo de diagênese, em que ocorre a transformação dos sedimentos que são inicialmente

inconsolidados e friáveis em rocha maciça devido ao processo de litificação. Assim, a

organização dos seus grãos forma interstícios denominados poros, influenciando propriedades

físicas importantes como porosidade e permeabilidade (Thomas, 2004; Rocha & Azevedo,

2009).

2.8.1. Movimento de Fluidos em rochas

Os grãos que compõem uma rocha se tocam, deixando interstícios entre si, chamados de

poros. Os poros são caracterizados por forma, tamanho e distribuição. Raramente as rochas são

compostas por um único material e com apenas uma granulometria. Os movimentos de fluidos

são afetados, principalmente, por duas propriedades físicas: porosidade e permeabilidade

(Chiossi, 1987 apud Pinheiro, 2005).

2.8.1.1. Porosidade

A porosidade pode ser definida pela razão entre o volume do poro e o volume total do

material, sendo expressa em porcentagem conforme a Equação 1 (Chiossi, 1987). Na Tabela 4

(41)

(Equa ção 1)

Onde:

%P = permeabilidade

Vporo = Volume de poro

Vtotal = Volume total.

Tabela 4 - Porosidade de alguns materiais

Material Porosidade (%)

Argila 45 – 55 Silte 40 – 50 Arenito 10 – 20 Calcário 1 – 10

Fonte: Chiossi, 1987 2.8.1.2. Permeabilidade

A permeabilidade é a facilidade com que o fluido atravessa uma rocha, em um

determinado espaço de tempo e com certa velocidade. Isto depende da interligação entre poros,

da granulometria dos materiais que compõem a rocha e das fraturas que possam estar presentes.

A medida da permeabilidade é expressa pela Lei de Darcy, conforme a Equação 2 (Chiossi, 1987;

Dullien, 1992):

(Equa ção 2)

Sendo:

Q = Vazão do fluido (cm3/s)

K = Permeabilidade do meio poroso (Darcy)

ƞ = Viscosidade absoluta (cP)

(42)

40

A = Área do meio poroso (cm2)

ΔP = Diferencial de pressão (atm)

2.8.2. Remoção de contaminantes

A exploração das reservas de petróleo podem causar derramamentos durante o transporte

do óleo de uma região a outra. O petróleo é uma mistura complexa de hidrocarbonetos (Thomas,

2004; Cardoso, 2005). Quando o petróleo entra em contato com os materiais, além de contaminar

a porção superficial, ele pode penetrar e chegar a contaminar aquíferos, gerando problemas ainda

maiores (Oliveira, 2004).

A remoção de um contaminante consiste em eliminar ou diminuir a concentração do

contaminante. Para que esta remoção ocorra, faz-se necessário, inicialmente, a identificação do

contaminante, bem como, a determinação da melhor política de limpeza a ser adotada (Oliveira,

2004).

A remoção de contaminantes pode ser realizada de duas formas: quanto a ação de

tratamento e ao local de tratamento. Quanto a ação do tratamento, elas podem ser classificadas

em: biológica, física e química. A remoção biológica vem da ação de fungos e/ou bactérias que

consomem o material orgânico. Na remoção física são utilizados principalmente tratamentos

térmicos. A remoção química faz uso de técnicas de lavagem, utilizando desde água até

substâncias que reajam com os contaminantes a fim de eliminá-los (Oliveira, 2004; Pinheiro,

2005).

Já com relação ao local de tratamento, podemos classificar a limpeza de solos em: in situ

ou ex situ. Na técnica in situ, as medidas de remoção são realizadas no mesmo local onde se deu a

contaminação, sem a necessidade da remoção do material. Na técnica ex situ, o material

contaminado é retirado do local onde ocorreu o fato, e levado a um local diferente onde os

(43)

2.8.3. Remoção de frações leves e pesadas em rocha calcária através de Sistemas

Microemulsionados

Para a remoção de frações leves e pesadas de contaminantes presentes na rocha calcária,

é importante entender o mecanismo do escoamento dos fluidos em seu interior bem como sua

estrutura e composição, além da interação destas frações de petróleo com a rocha. O calcário é

composto por diversos minerais, tendo em sua predominância a presença de carbonatos, que,

dependendo do processo de decomposição, recomposição e consolidação, ao passar dos anos, em

condições geológicas definidas, podem formar reservatórios petrolíferos.

2.9. ESTADO DA ARTE

Pesquisas relacionadas a remediação em rochas calcárias foram realizadas não tendo sido

evidenciado na literatura nenhum trabalho acerca deste tema. No entanto, tem sido bastante

explorada a mudança na molhabilidade do calcário quando tratado com soluções de tensoativos.

Na literatura alguns trabalhos mencionam o uso de tensoativos como uma alternativa

eficaz na remoção de contaminantes e na recuperação avançada de petróleo seja em soluções

micelares ou como componentes de microemulsões.

2.9.1. Calcário

Standnes & Austad (2000) estudaram a alteração de molhabilidade em calcários calcíticos com baixa permeabilidade usando 14 diferentes tensoativos em soluções e duas fases óleo

diferentes – n-heptano puro e um óleo cru ácido do Mar do Norte dissolvido em n-heptano. A alteração da molhabilidade foi determinada através do ângulo de contato entre o óleo e a amostra

da rocha. A eficiência dos tensoativos está relacionada com propriedades como c.m.c.,

propriedades hidrofóbicas e efeitos estéricos relacionados ao átomo de nitrogênio. Também foi

realizado o teste de Amott, onde as amostras de rocha são submetidas a inibição com solução de

tensoativos. Elas foram preenchidas com salmoura e depois saturadas com óleo. Na rocha é então

reinjetada a salmoura para ver a quantidade de óleo que é produzida, sendo calculado o índice de

(44)

42

carboxilatos orgânicos existentes no óleo cru. Tensoativos catiônicos do tipo R – N+(CH3)3X foram capazes de modificar a molhabilidade do calcário de forma irreversível; já tensoativos

aniônicos não demonstraram esta capacidade de modificar a molhabilidade de forma irreversível

e nem de remover carboxilatos aniônicos. Os tensoativos etoxilados removeram os orgânicos de

forma espontânea em processo lento e em baixas tensões interfaciais (0,08 mN/m).

Drummond & Israelachvili (2004) buscaram o entendimento fundamental da molhabilidade das superfícies das rochas por petróleo e salmoura, através das interações

intermoleculares entre as fases em contato, medindo diretamente essas interações e estabelecendo

suas implicações para o comportamento da molhabilidade. Ao modificar uma ou ambas as

superfícies através de pré-adsorção controlada de agentes de superfície polares a partir do

petróleo bruto, a interação entre a rocha e óleo em salmoura ou rocha em óleo foram

determinadas. A partir das medidas do ângulo de contato foi traçado um “mapa de molhabilidade” que mostra as regiões em função de diferentes ângulos de contato, ou

“molhabilidade” em função do pH e da força iônica. Este “mapa de molhabilidade” foi feito para ser correlacionado independentemente com as medidas de forças de superfície e adsorção. Foi

estabelecido o conceito de uma superfície intrinsecamente molhável a óleo e molhável a água no

reservatório e isto não pode, em geral, ser corrigido: dependendo da natureza do óleo e da

salmoura, diferentes espécies de um óleo poderá se adsorver nas superfícies dos minerais e a

interface óleo-água, determinando assim o comportamento de molhabilidade de um reservatório

ou de rocha.

Jarrahian et al. (2012) estudaram a alteração da molhabilidade de rochas carbonáticas, considerando que em todo o mundo, várias reservas de petróleo encontravam-se localizadas em

reservatórios carbonáticos naturalmente fraturados, apresentando baixa eficiência de recuperação,

devido a sua molhabilidade e a matriz ser muito condensada. A eficiência de recuperação pode

ser melhorada se a molhabilidade da rocha reservatório for alterada de molhável a óleo para

molhável a água, aumentando assim, a quantidade de água embebida na rocha. Através do uso de

diferentes ferramentas analíticas, como Infravermelho com Transformada de Fourier, Análise

termogravimétrica, Microscopia atômica, Potencial Zeta e medidas de ângulo de contato, foram

estudados os efeitos de agentes tensoativos na molhabilidade das rochas. A fase orgânica

utilizada foi o ácido esteárico. Os resultados indicaram que os agentes tensoativos atuaram de

(45)

mudança na molhabilidade de forma mais efetiva, removendo irreversivelmente o ácido esteárico

da superfície do calcário dolomítico através de interação iônica. Tensoativos não-iônicos, como o

Triton X-100, são adsorvidos na superfície da rocha através da polarização de elétrons π e troca iônica; o ácido esteárico liberado é então adsorvido como uma nova camada sobre a superfície,

através de interação hidrofóbica entre a cauda do tensoativo adsorvido e a parte não polar do

ácido esteárico. Tensoativos aniônicos, como o SDS, são adsorvidos na superfície via interação

hidrofóbica entre a cauda do tensoativo e o ácido adsorvido, alterando assim a molhabilidade da

superfície para uma condição neutra.

2.9.2. Adsorção

Liu et al. (2004) realizaram um estudo de recuperação avançada de petróleo através da adsorção-dessorção em injeção química, onde o principal componente da injeção química foi o

tensoativo, já que sua perda durante o processo era uma das maiores preocupações. A perda de

tensoativo devido a adsorção nas rochas reservatório diminuiu a eficácia da injeção química na

redução da tensão interfacial óleo-água, o que torna o processo economicamente inviável. Neste

trabalho, as concentrações de tensoativo e alcalinidade no efluente do fluxo injetado e a tensão

interfacial óleo-água foram determinadas de acordo com diferentes estratégias de injeção, o que

evidenciou que uma injeção química estendida de fluxo viscoso, seguida por uma injeção de

solução alcalina viscosa de tensoativo, fez com que o tensoativo fosse dessorvido para a fase

aquosa. Os resultados mostraram que foi obtido um adicional de recuperação do óleo de 13 %

após a injeção de agente tensoativo alcalino, devido ao sinergismo entre o tensoativo dessorvido e

o teor de alcalinidade do meio. Este resultado mostrou que a eficiência e a economia de injeção

química melhoraram através da utilização do tensoativo dessorvido durante os processos de

infiltração prolongados.

Dudášová et al. (2008) investigaram a adsorção de asfaltenos em diferentes materiais minerais e calcários, determinando a adsorção através da Espectroscopia de UV. O processo de

adsorção se ajustou à isoterma de Langmuir. Os valores de saturação de asfaltenos adsorvidos em

minerais (0,26 - 3,78 mg/m2) foram da mesma ordem de grandeza que a adsorção de asfaltenos

em metais. Foi verificado que a adsorção dependia mais do tipo de partícula do que a origem dos

(46)

44

a correlação entre a quantidade adsorvida e a composição elementar, encontrando-se uma

correlação entre a quantidade de nitrogênio nas amostras de asfaltenos e sua quantidade adsorvida

na partícula.

Mendoza de la Cruz et al. (2009) realizaram um conjunto de experiências a fim de estudar os mecanismos de adsorção envolvidos na interação interfacial do sistema asfalteno/minerais em

altas concentrações de asfalteno. Isotermas de adsorção dos asfaltenos foram obtidas através do

contato de amostras de arenito Berea, calcário Bedford, e rocha calcária dolomítica Mexicana

com uma fração de asfaltenos, obtidos de um óleo pesado bruto do México, dissolvidos em

tolueno. Em baixas concentrações, as isotermas de adsorção do asfalteno foram semel hantes às

relatadas na literatura, enquanto que em elevadas concentrações verificou -se uma isoterma de

tipo passo a passo, o que sugere uma alteração qualitativa no comportamento de adsorção, que

está relacionadas com a associação de asfaltenos e a sua agregação. Ambas isotermas de

adsorção, tanto para baixas concentrações como para altas concentrações podem ser consideradas

do tipo Freundlich generalizada.

Castro et al. (2009) apresentaram uma abordagem molecular termodinâmica para a modelagem de isotermas de adsorção de asfaltenos em amostras de arenito Berea, calcário

Bedford, e rocha calcária dolomítica, usando um modelo de precipitação de asfaltenos e uma

abordagem bidimensional para fluidos confinados, baseados na Teoria Estatística de Associação

de Fluidos para Potenciais de Faixa de Variável. Esta teoria foi aplicada aos modelos de

isotermas de adsorção a partir de dados experimentais de asfaltenos extraídos de uma amostra de

petróleo bruto pesado de um reservatório mexicano. Os resultados teóricos indicaram o

comportamento da isoterma de Langmuir, o que foi observado experimentalmente. Embora haja

um acordo entre teoria e os experimentos, houve alguns desvios em baixas concentrações. O

modelo reproduziu dados de adsorção em altas concentrações, situação em que outros modelos

semi-empíricos falharam.

Ahmadi & Shadizadeh (2013) realizaram uma investigação experimental de adsorção de um tensoativo não-iônico em minerais carbonáticos a fim de utilizá-lo na recuperação avançada

de petróleo. O tensoativo utilizado foi extraído de Zizyphus spina christi (pequena árvore com

galhos espinhosos comumente encontrada no Jordão, Iraque, Irã e Egito) e testado em rocha

carbonática, através da análise do comportamento de adsorção. A adsorção de tensoativo foi

(47)

adsorção aumentou com o aumento da concentração de tensoativo no sistema e sua isoterma se

ajustou ao modelo de Freundlich.

2.9.3. Tensoativos e microemulsão

Deshpande et al. (2000) verificaram a solubilização de contaminantes com sistemas de tensoativo DOWFAX. A solubilização do fenantreno pelo tensoativo aumentou com o aumento

da hidrofobicidade de tensoativo. A solubilização dos contaminantes em solos através dos

sistemas de tensoativo aumentou para DOWFAX com maior potencial de solubilização e não foi

significativamente impactada pela adsorção do tensoativo do meio.

Mulligan, Yong & Gibbs (2001) revisaram a remediação de metais (cobre, cádmio e zinco) em solos contaminados através de sistemas de biotensoativos em testes de laboratório,

demonstração de campo e aplicação em escala. Três tipos de biotensoativos tiveram sua eficácia

testada, e os resultados indicaram as possibilidades de eliminar os metais com os biotensoativos

aniônicos, que após 5 dias apresentaram uma eficiência de remoção de aproximada mente 70 %

para o cobre, 24 % para o zinco e 16 % para o cádmio.

Chu & Kwan (2003) estudaram uma nova abordagem utilizando uma solução de tensoativo no processo de lavagem do solo a fim de melhorar o desempenho de descontaminação

de solos com tensoativos convencionais. Três tensoativos (Brij 35, Tween 80, e SDS) e três

solventes orgânicos (acetona, trietilamina, e esqualano) foram utilizados para avaliar os

desempenhos de dessorção de 4,4-diclorobifenilo (DCB) de três solos com diferentes

características de adsorção. A técnica utilizada para acompanhamento da quantidade de DCB

extraído foi a cromatografia gasosa com detector de elétrons e todos os espectros de absorção

foram obtidos no UV (λ = 600 nm). A melhoria de desempenho se deve a uma melhor dissolução

dos contaminantes hidrofóbicos assistida pelo solvente, e a formação de micelas do tensoativo

incorporadas no solvente, o que aumentou tanto o tamanho quanto a afinidade de micelas para

uma extração mais eficaz dos contaminantes. Julgando a partir dos dados experimentais e como

verificado pelas duas constantes no modelo de lavagem de solos proposto, o solvente orgânico

coexistiu com as micelas do tensoativo, e tanto o desempenho de lavagem de solos como a

capacidade final de lavagem do solo são aumentadas em comparação com os de um processo

(48)

46

conseguiram extrair o DCB da solução em aproximadamente 50 % para o SDS, 80 % para o

Tween 80 e 90 % para o Brij 35.

Silva, Delerue-Matos & Fiúza (2005) exploraram a possibilidade de utilizar uma técnica de remediação ex-situ para solos contaminados com hidrocarbonetos de petróleo. Verificou -se a

miscibilidade dos sistemas ternários escolhidos, constituídos por acetato de etila, acetona e água.

Este sistema provou satisfazer os requisitos anteriores que permitiam a formação de uma mistura

única de fase líquida dentro de um largo espectro de composições, e também permitindo um

contato íntimo com o solo. Contaminantes da faixa do diesel com diferentes grupos funcionais

foram selecionados, em especial o naftaleno, o xileno e o hexadecano. O controle analítico foi

feito por cromatografia gasosa acoplado a FID. A cinética da extração demonstrou ser rápida,

atingindo o equilíbrio depois de 10 min. O efeito da razão sólido-líquido sobre a eficiência da

extração também foi estudado, mostrando que baixos valores de razão S/L (1:8, m/v) são mais

eficazes, atingindo recuperações da ordem de 95 %. O solvente pode ser regenerado através de

destilação com uma perda de cerca de 10 %. Os contaminantes não são evaporados e

permanecem na fase não-volátil. Os resultados mostraram que uma extração ex-situ com solvente

é uma opção viável para a remediação de aromáticos semi-voláteis, poliaromáticos e

hidrocarbonetos linear.

Paria (2008) estudou a remediação de solos e água contaminados com materiais orgânicos através de sistemas de tensoativos, com foco na adsorção do tensoativo ao solo, na solubilização

de hidrocarbonetos orgânicos nas micelas, supersolubilização, densidade, deslocamento

modificado, degradação do hidrocarboneto orgânico na presença de tensoativos, separação de

tensoativos no solo e na fase orgânica líquida, particionamento de contaminantes no solo, e na

remoção de compostos orgânicos a partir do solo, em presença de agentes tensoativos. Sistemas

microemulsionados mostraram maior capacidade de solubilização de hidrocarbonetos do que

sistemas de tensoativos. No caso de biodegradação dos hidrocarbonetos, a taxa é muito lenta

devido à baixa solubilidade em água e velocidade de dissolução, mas a presença de agentes

tensoativos pode aumentar a biodisponibilidade de compostos hidrofóbicos para solubilização,

consequentemente aumentando a taxa de degradação.

Lai et al. (2009) verificaram a remoção de hidrocarbonetos em solos contaminados com óleo pesado através de sistemas de biotensoativos. A capacidade de remoção total de

(49)

comparada com a eficiência dos tensoativos sintéticos. Foi ainda evidenciado que biotensoativos

apresentaram uma eficiência de remoção muito maior do que tensoativos sintéticos. Usando 0,2

% em massa de ramnolipidos, surfactina, Tween 80 e Triton X-100, a remoção de TPH do solo

contaminado com 3.000 mg de TPH/kg a seco foi de 23 %, 14 %, 6 % e 4 %, respectivamente,

enquanto que a eficiência de remoção aumentou para 63 %, 62 %, 40 % e 35 %, respectivamente,

para o solo contaminado com 9000 mg de TPH/kg a seco. A eficiência de remoção de TPH

também aumentou com o aumento da concentração de biotensoativo (de 0 a 0,2 % em massa)

mas não varia significativamente durante um tempo de contato de 1 e 7 dias.

Castro Dantas et al. (2010) estudaram o uso de sistemas microemulsionados na solubilização de frações pesadas de petróleo para prevenção de formação de borra de petróleo nas

operações, sendo utilizados amostras de arenito de formação Botucatu e Assu para o processo de

contaminação/remediação, e o óleo pesado foi obtido da fazenda Belém. Os testes foram

conduzidos com sistema microemulsionado com concentração de matéria ativa de 20, 30 e 40 %

em massa. As eficiências obtidas foram acima de 80 % para todas as concentrações de matéria

(50)
(51)

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Neste capítulo de Materiais e Métodos estão apresentados os materiais utilizados para

realização dos experimentos, bem como a metodologia experimental desenvolvida para obtenção

dos resultados.

3.1. METODOLOGIA

A metodologia experimental seguida para a realização do presente trabalho foi constituída

da obtenção, caracterização e contaminação da rocha calcária (Figura 14a), da obtenção e

caracterização dos sistemas microemulsionados (Figura 14b) e da remoção do óleo da rocha

contaminada (Figura 14c).

Figura 14 - Fluxogramas da metodologia experimental

(52)

50

(b) Obtenção e caracterização dos sistemas microemulsionados

Imagem

Tabela 1 - Valores de BHL em função da aplicação do tensoativo
Figura 6 - Representação da formação de micelas
Figura 8 - Exemplos de fases em Sistemas Microemulsionados
Figura 9 - Classificação de Winsor
+7

Referências

Documentos relacionados

No ´ ultimo cap´ıtulo, o Cap´ıtulo 4, apresentamos duas aplica¸c˜ oes dos produtos tensoriais entre espa¸cos de Banach: a primeira aplica¸c˜ ao relaciona o produto tensorial ao

Eu considero a duplicação como o coração de um sistema para multinível porque se ela não acontecer, você não se beneficiará daquilo que mais nos seduz: a possibilidade de

Também, foram apresentadas as recomendações (Quadro 11), visando promover o acesso aberto imediato aos trabalhos finais da FACISA. Em um momento inicial,

Trata-se de uma mudança epistemológica que solicita uma prática científica mais aberta, capaz de favorecer a convergência de conhecimentos para que se configure

4) Extensão e intensidade de violência - Imagens e sons de violên- cia repetidos à exaustão ou mostrados de forma explícitos tornam o processo de recepção mais traumático,

Para a liga 30%Fe65Nb70%Cu foi possível observar uma distribuição de partículas de Fe65Nb ao longo de toda a matriz de Cu e não foi possível notar o processo difusão entre

Esta pesquisa tem como finalidade analisar como a cultura popular esta sendo trabalhada na formação profissional de Educação Física no Brasil, a partir de uma pesquisa

Dando continuadad a los cambios políticos que ocurrierón en Venezuela a partir de 1999. El Plan de Desarrollo Económico y Social de la Nación 2007-2013 contiene