• Nenhum resultado encontrado

Produto tensorial entre espaços de Banach e aplicações

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Produto tensorial entre espaços de Banach e aplicações"

Copied!
96
0
0

Texto

(1)

Programa de P´

os–Gradua¸

ao em Matem´

atica

Mestrado em Matem´

atica

Produto tensorial entre espa¸

cos de

Banach e aplica¸

oes

Adelson Carlos Madruga

Jo˜

ao Pessoa – PB

Fevereiro de 2018

(2)

Programa de P´

os–Gradua¸

ao em Matem´

atica

Mestrado em Matem´

atica

Produto tensorial entre espa¸

cos de

Banach e aplica¸

oes

por

Adelson Carlos Madruga

sob a orienta¸c˜ao do

Prof. Dr. Jamilson Ramos Campos

Jo˜

ao Pessoa – PB

Fevereiro de 2018

(3)

M183p Madruga, Adelson Carlos.

Produto tensorial entre espa¸cos de Banach e aplica¸c˜oes / Adelson Carlos Madruga. - Jo˜ao Pessoa, 2018.

95 f.

Orienta¸c˜ao: Jamilson Ramos Campos. Disserta¸c˜ao (Mestrado) - UFPB/CCEN.

1. Matem´atica. 2. Espa¸cos de Banach. 3. Ideais de operadores. 4. Multi-ideais de operadores. I. Campos, Jamilson Ramos. II. T´ıtulo.

(4)

Banach e aplica¸

oes

por

Adelson Carlos Madruga

1

Disserta¸c˜ao apresentada ao Corpo Docente do Programa de P´os–Gradua¸c˜ao em Ma-tem´atica da Universidade Federal da Para´ıba como requisito parcial para a obten¸c˜ao do t´ıtulo de Mestre em Matem´atica.

´

Area de Concentra¸c˜ao: An´alise

Aprovada em 26 de Fevereiro de 2018.

Banca Examinadora:

(5)

gralmente,

proporcionando-me uma base s´

olida para

que cada etapa dessa

cami-nhada fosse conquistada.

(6)

Agrade¸co, primeiramente, a DEUS, por permanecer sempre ao meu lado, dando-me coragem e disposi¸c˜ao para alcan¸car essa t˜ao sonhada e importante conquista.

Aos meus pais, Luzia Felix e Antonio Madruga, que n˜ao mediram esfor¸cos para a realiza¸c˜ao desse sonho e cuja presen¸ca sempre me serviu de esteio, sustenta¸c˜ao e da certeza de que nunca caminharei sozinho. Essa conquista ´e nossa!

Aos meus irm˜aos, Francineide Madruga e Jaelson Madruga, por se fazerem sempre presentes mesmo quando me encontrava distante, apoiando-me nos momentos de dificul-dades.

Ao meu sobrinho, Conrado Madruga, que embora ainda n˜ao saiba o significado dessa conquista, transmite-me paz e tranquilidade com sua presen¸ca.

Aos meus av´os, tios, primos e cunhado pelo incentivo constante e, principalmente, pelos momentos de descontra¸c˜ao e lazer.

Aos amigos pela torcida infal´ıvel em todas as etapas dessa trajet´oria.

Aos colegas do mestrado, Bosoerg, Douglas, Fagner, Rafael e S´ergio, pelos conheci-mentos compartilhados, apoio e amizade, tornando, assim, a caminhada mais suport´avel. Ao meu orientador, Jamilson Campos, que com maestria e dedica¸c˜ao conduziu a orienta¸c˜ao desse trabalho, sempre contribuindo com seu inigual´avel conhecimento e ex-periˆencia. Obrigado pela confian¸ca, paciˆencia, disponibilidade e incentivo.

Aos meus professores da licenciatura, Agnes Liliane, Cibelle Castro, Claudilene Costa, Fabr´ıcio Lima, Givaldo Lima, Jamilson Campos, Jussara Paiva e Marcos Andr´e, pelo incentivo e ajuda em todos os momentos que deles precisei.

Ao corpo docente do PGMat/UFPB, em especial, `a Miriam Pereira, Flank David e Ricardo Burity pelas contribui¸c˜oes dadas a minha forma¸c˜ao durante o transcorrer de suas disciplinas.

Aos professores Mariana Maia e Joedson dos Santos, membros da banca examinadora, por aceitarem o nosso convite e pelas valiosas contribui¸c˜oes dada `a essa pesquisa.

`

A professora Rog´eria Gaudencio pela disponibilidade em me supervisionar durante o est´agio docˆencia e pelas contribui¸c˜oes que foram de grande importˆancia ao meu cresci-mento profissional. Muito obrigado!

`

As secret´arias do PGMat/UFPB, Ala´ıce Duarte e Roseli Agapito, por sempre se mos-trarem sol´ıcitas quando delas precisei.

(7)

O presente trabalho tem como objetivo principal estudar o produto tensorial entre espa¸cos de Banach. Para isso, inicialmente, apresentaremos alguns resultados de An´alise Funcio-nal e de espa¸cos de sequˆencias a valores vetoriais que ser˜ao necess´arios ao desenvolvimento dos conte´udos posteriores. Em seguida, faremos um estudo alg´ebrico do produto tensorial de espa¸cos vetoriais, destacando sua constru¸c˜ao e suas propriedades. No vi´es topol´ogico, estudaremos as normas projetiva e injetiva, suas propriedades e o dual do produto ten-sorial projetivo. Por fim, veremos duas aplica¸c˜oes do produto tensorial entre espa¸cos de Banach, a saber, uma com respeito ao m´etodo de composi¸c˜ao, que gera multi-ideais a partir de ideais de operadores lineares, e a outra relacionada a uma caracteriza¸c˜ao para os operadores absolutamente somantes.

Palavras-chave: Produto tensorial, espa¸cos de Banach, ideais de operadores, multi-ideais, operadores absolutamente somantes.

(8)

This work has as the main purpose to study the tensor product between Banach spaces. For this, initially, we will present some results of Functional Analysis and of vector-valued sequence spaces that will be necessary to the development of the later contents. Next, we will make an algebraic study of the tensor product of vector spaces, highlighting its construction and its properties. In the topological bias, we will study the projective and injective norms, their properties and the dual of the projective tensor product. Finally, we will see two applications of the tensor product between Banach spaces, namely one with respect to the composition method, which generates multi-ideals from the linear operator ideals, and other related to a characterization for the absolutely summing operators. Keywords: Tensor Product, Banach spaces, operator ideals, multi-ideals, absolutely summing operators.

(9)

Introdu¸c˜ao 1

1 Preliminares 3

1.1 Resultados Cl´assicos de An´alise Funcional . . . 3

1.2 Dualidade e Adjunto de um operador . . . 19

1.3 Completamento de um espa¸co normado . . . 23

1.4 Espa¸cos de sequˆencias a valores vetoriais . . . 25

2 Produto Tensorial 30 2.1 Produto tensorial de espa¸cos vetoriais . . . 30

2.2 Produto tensorial e lineariza¸c˜ao . . . 37

2.3 Tensores como formas bilineares e como aplica¸c˜oes lineares . . . 43

2.4 Dualidade tensorial e dualidade de tra¸co . . . 47

2.5 Alguns exemplos . . . 49

2.5.1 Fun¸c˜oes de valores vetoriais . . . 49

2.5.2 Fun¸c˜oes de duas vari´aveis . . . 50

3 Produto tensorial projetivo e injetivo 52 3.1 A norma projetiva . . . 52

3.2 O espa¸co dual de X ˆ⊗πY . . . 65

3.3 A norma injetiva . . . 68

4 Aplica¸c˜oes 75 4.1 Multi-ideais de composi¸c˜ao . . . 75

4.2 Operadores absolutamente p-somantes . . . 78

(10)

A seguir, listamos algumas nota¸c˜oes utilizadas neste trabalho.

• N denota o conjunto {1, 2, 3, . . .}; • R denota o conjunto dos n´umeros reais; • C denota o conjunto dos n´umeros complexos; • K denota o corpo R ou C;

• L(E, F ) denota o conjunto de todos os operadores lineares de E em F ;

• L(E, F ) denota o conjunto de todos os operadores lineares cont´ınuos de E em F ; • K(E, F ) denota o conjunto de todos os operadores lineares compactos de E em F ; • BE denota a bola unit´aria fechada no espa¸co E;

• ˚BE denota a bola unit´aria aberta no espa¸co E;

• X# denota o dual alg´ebrico do espa¸co X;

• E0 denota o dual topol´ogico do espa¸co E;

• dim(E) denota a dimens˜ao do espa¸co E; • Im(f ) denota a imagem da aplica¸c˜ao f ; • ker(T ) denota o n´ucleo do operador linear T ;

• E,→ F denota que E ⊆ F e kxk1 F ≤ kxkE, para todo x ∈ E; • E= F denota que E ´1 e isometricamente isomorfo a F ;

• (xj)nj=1 denota a sequˆencia (x1, x2, . . . , xn, 0, 0, . . .);

(11)

• en denota a sequˆencia (0, . . . , 0, 1, 0, . . .) cujos termos s˜ao todos nulos com exce¸c˜ao

do n-´esimo;

• [A] ou span {A} denota o espa¸co vetorial gerado pelo subconjunto A de um espa¸co vetorial E;

• T0: F0 −→ E0 denota o operador adjunto de T ∈ L(E, F );

• T#: F#−→ E# denota o operador adjunto de T ∈ L(E, F );

• B(X × Y, Z) denota o conjunto de todas as aplica¸c˜oes bilineares de X × Y em Z; • B(X × Y ) denota o conjunto de todas as formas bilineares de X × Y em K; • X ⊗ Y denota o produto tensorial dos espa¸cos vetoriais X e Y ;

• x ⊗ y denota o tensor elementar em X ⊗ Y ; • co(S) denota a envolt´oria convexa de S;

• co(S) denota o fecho da envolt´oria convexa de S; • π(·) denota a norma projetiva definida em X ⊗ Y ; • ε(·) denota a norma injetiva definida em X ⊗ Y ;

• X ⊗π Y denota o produto tensorial munido da norma projetiva;

• X ⊗εY denota o produto tensorial munido da norma injetiva;

• X ˆ⊗πY denota o completamento do espa¸co normado X ⊗εY , chamado de produto

tensorial projetivo;

• X ˆ⊗εY denota o completamento do espa¸co normado X ⊗εY , chamado de produto

tensorial injetivo;

(12)

O car´ater alg´ebrico das aplica¸c˜oes multilineares possibilita que resultados da ´Algebra sejam bem incorporados na An´alise Funcional, permitindo assim a cria¸c˜ao de ferramentas capazes de auxiliar na resolu¸c˜ao de problemas que envolvem esse tipo de aplica¸c˜ao. Dentre essas ferramentas, destacamos o produto tensorial de espa¸cos vetoriais que, por exemplo, lineariza essas aplica¸c˜oes.

O produto tensorial foi introduzido na An´alise Funcional por meio de um estudo de-senvolvido por Murray e Von Neumann [12] no final da d´ecada de 1930. Anos depois, mais especificamente em 1943, Schatten em [18] e [19] fez o primeiro estudo das classes de normas sobre os produtos tensoriais entre espa¸cos de Banach. Entretanto, as v´arias possibilidades do uso dos produtos tensoriais na Teoria dos Espa¸cos de Banach s´o ficou evi-dente e ganhou for¸ca com o artigo de Grothendieck [8], R´esum´e de la th´eorie m´etrique des produits tensoriels topologiques, publicado em 1956 no Brasil. Nesse inestim´avel trabalho, entre muitas coisas, Grothendieck define e estuda a classe dos operadores absolutamente somantes. Embora atualmente, os estudos sobre esse tipo de classe, em sua grande mai-oria, fa¸cam uso de caracteriza¸c˜oes por desigualdades ou por operadores induzidos, nos estudos de Grothendieck eles foram, inicialmente, postos em termos de produto tensorial. Como havia alguma relutˆancia de pensar em termos de produto tensorial na An´alise Funcional, os resultados apresentados no R´esum´e foram, de certa forma, considerados de dif´ıcil compreens˜ao. Anos depois, por volta de 1960, v´arios pesquisadores como Lindens-trauss, Pelczy´nski e Pietsch e seus colaboradores reescreveram as ideias de Grothendieck sobre a teoria dos operadores absolutamente somantes de forma mais compreens´ıvel e sistematizaram a teoria de ideais de operadores, de certo modo, sem o uso de produtos tensoriais. Anos depois, o estudo de ideais de operadores com uso de produtos tensori-ais aparece novamente, dentre muitos trabalhos, no estudo de Pietsch [15], publicado em 1983, e no livro de Pisier [16] e no de Defant e Floret [5].

Iniciado por volta dos anos 1970, o trabalho desenvolvido por Pisier na Teoria dos Espa¸cos de Banach foi o que finalmente chamou a aten¸c˜ao para a abordagem do produto tensorial na An´alise Funcional. Sua obra [16] foi fundamental para solucionar seis dos problemas deixados por Grothendieck no R´esum´e. Al´em disso, Pisier deixa claro que

(13)

Atualmente, pesquisadores como, por exemplo, P. Rueda e G. Botelho vˆem utilizando o produto tensorial entre espa¸cos de Banach como uma importante ferramenta na An´alise Funcional. Entre seus trabalhos, destacamos o artigo [1], desenvolvido com a colabora¸c˜ao de D. Pellegrino, que deixa evidente, entre outras contribui¸c˜oes, a utilidade do produto tensorial projetivo no m´etodo de composi¸c˜ao, que gera multi-ideais a partir de ideais de operadores lineares, e o artigo [3], que aborda a propriedade Schur em produtos tensoriais projetivos e injetivos.

O objetivo principal deste trabalho ´e estudar o produto tensorial entre espa¸cos vetoriais (e de Banach), mostrando sua constru¸c˜ao, algumas de suas propriedades e duas aplica¸c˜oes na An´alise Funcional. Para isso, estruturamos a disserta¸c˜ao em quatro cap´ıtulos da forma que descrevemos abaixo.

O Cap´ıtulo 1 traz uma breve explana¸c˜ao de resultados preliminares necess´arios para o desenvolvimento da teoria ao longo do trabalho. Nele, apresentamos resultados cl´assicos de An´alise Funcional e, entre muitas coisas, tecemos algumas considera¸c˜oes sobre os espa¸cos de sequˆencias a valores vetoriais.

No Cap´ıtulo 2, abordamos a teoria do produto tensorial de espa¸cos vetoriais. Nosso interesse, nesse cap´ıtulo, se concentra no estudo alg´ebrico dessa teoria, observando sua constru¸c˜ao e suas propriedades.

No Cap´ıtulo 3, estudamos duas maneiras de normar o produto tensorial de espa¸cos vetoriais (em particular, de Banach). Trabalhamos a norma projetiva, mostramos que o produto tensorial projetivo lineariza as aplica¸c˜oes bilineares cont´ınuas e determinamos o espa¸co dual do produto tensorial projetivo. Al´em disso, apresentamos um estudo sobre a norma injetiva.

No ´ultimo cap´ıtulo, o Cap´ıtulo 4, apresentamos duas aplica¸c˜oes dos produtos tensoriais entre espa¸cos de Banach: a primeira aplica¸c˜ao relaciona o produto tensorial ao m´etodo de composi¸c˜ao, m´etodo usado para gerar multi-ideais a partir de ideais de operadores lineares; a segunda apresenta uma caracteriza¸c˜ao para os operadores absolutamente p-somantes em fun¸c˜ao da continuidade de operadores entre espa¸cos produtos tensoriais.

Um fato digno de nota: muitos resultados cl´assicos de An´alise Real e de ´Algebra Linear ser˜ao utilizados indistintamente ao longo da disserta¸c˜ao sem nenhuma men¸c˜ao ou indica¸c˜oes de referˆencias.

(14)

Preliminares

Neste cap´ıtulo, faremos uma breve apresenta¸c˜ao de alguns resultados de An´alise Fun-cional e dos espa¸cos de sequˆencias a valores vetoriais que ser˜ao necess´arios para o de-senvolvimento da teoria dos pr´oximos cap´ıtulos. Salientamos que algumas demonstra¸c˜oes ser˜ao omitidas, por se tratarem de resultados cl´assicos, e para elas apontaremos as devidas referˆencias.

1.1

Resultados Cl´

assicos de An´

alise Funcional

Na presente se¸c˜ao, iremos expor algumas defini¸c˜oes e resultados cl´assicos de An´alise Funcional, como os importantes teoremas do Gr´afico Fechado e os de Hahn-Banach. Em sua constru¸c˜ao, utilizamos como referˆencias principais os livros [2], [4] e [11]. Iniciamos o texto definindo uma norma sobre um espa¸co vetorial:

Defini¸c˜ao 1.1. Uma norma num espa¸co vetorial E ´e uma aplica¸c˜ao

k·kE: E −→ [0, ∞) x 7−→ kxkE que satisfaz as seguintes propriedades:

(i) kxkE ≥ 0, para todo x ∈ E e kxkE = 0 se, e somente se, x = 0. (ii) kλxkE = |λ| · kxkE, para todos λ ∈ K e x ∈ E.

(iii) kx + ykE ≤ kxkE + kykE, para todos x, y ∈ E (desigualdade triangular).

Quando um espa¸co vetorial for munido de uma norma ser´a chamado de espa¸co vetorial normado ou simplesmente espa¸co normado e denotado pelo par (E, k·kE).

(15)

Defini¸c˜ao 1.2. Um espa¸co normado E ´e chamado de espa¸co de Banach se ele for completo na m´etrica

d(x, y) = kx − yk , para todo x, y ∈ E, induzida pela norma.

Defini¸c˜ao 1.3. Sejam E1, . . . , En espa¸cos normados. As seguintes express˜oes definem

normas sobre o espa¸co produto cartesianos E1× · · · × En :

k(x1, . . . , xn)k1 = kx1k + . . . + kxnk , k(x1, . . . , xn)k2 = kx1k 2 + . . . + kxnk 212 , e k(x1, . . . , xn)k∞= max {kx1k , . . . , kxnk} .

Defini¸c˜ao 1.4. Duas normas k·k e k·k0 em um espa¸co vetorial E s˜ao equivalentes se existem constantes a, b > 0 tais que, para todo x ∈ E, tem-se

a kxk0 ≤ kxk ≤ b kxk0.

O pr´oximo resultado se trata de um exerc´ıcio corriqueiro em An´alise Funcional e por isso omitiremos sua demonstra¸c˜ao.

Proposi¸c˜ao 1.5. Sejam E1, . . . , En espa¸cos normados.

(a) As aplica¸c˜oes k·k1, k·k2 e k·k definem normas equivalentes no produto cartesiano E1 × · · · × En.

(b) E1 × · · · × En munido de uma das normas do item (a) ´e Banach se, e somente se,

E1, . . . , En s˜ao espa¸cos de Banach.

Veremos, na proposi¸c˜ao a seguir, a importˆancia dos subespa¸cos fechados de um espa¸co de Banach.

Proposi¸c˜ao 1.6. Sejam E um espa¸co de Banach e F um subespa¸co vetorial de E. Ent˜ao, F ´e um espa¸co de Banach se, e somente se, F ´e fechado em E.

Demonstra¸c˜ao: Sejam F um espa¸co de Banach e (xn)∞n=1 uma sequˆencia em F tal que

xn−→ x ∈ E. Ent˜ao, para todo ε > 0 existe n0 = n0(ε) ∈ N tal que n > n0 implica em

kxn− xk < ε 2. Assim kxm− xnk = kxm− x + x − xnk ≤ kxm− xk + kx − xnk < ε 2+ ε 2 = ε,

(16)

para todos m, n > n0. Portanto (xn)∞n=1 ´e uma sequˆencia de Cauchy em F e existe y ∈ F

tal que xn→ y. Pela unicidade do limite, x = y ∈ F , provando que F ´e fechado em E.

Reciprocamente, suponha que F ´e fechado em E e seja (xn)∞n=1 uma sequˆencia de

Cauchy em F . Ent˜ao, (xn)∞n=1 ´e de Cauchy em E e portanto existe x ∈ E tal que xn→ x.

Como F ´e fechado, temos que x ∈ F , provando assim que F ´e um espa¸co de Banach.  Nosso objetivo agora ´e mostrar que qualquer espa¸co vetorial normado de dimens˜ao finita ´e um espa¸co de Banach. Para isso precisaremos do seguinte lema:

Lema 1.7. Sejam E um espa¸co normado e B = {x1, . . . , xn} um conjunto de vetores

linearmente independentes de E. Ent˜ao existe uma constante c > 0, que depende do conjunto B, tal que

ka1x1+ · · · + anxnk ≥ c(|a1| + · · · + |an|),

para quaisquer escalares a1, . . . , an.

Demonstra¸c˜ao: Veja [2, Lema 1.1.5].  Teorema 1.8. Todo espa¸co normado de dimens˜ao finita ´e um espa¸co de Banach. Conse-quentemente, todo subespa¸co de dimens˜ao finita de um espa¸co normado E ´e fechado em E.

Demonstra¸c˜ao: Sejam E um espa¸co normado de dimens˜ao n, {β1, . . . , βn} uma base

normalizada de E e (xk)∞k=1 uma sequˆencia de Cauchy em E. Ent˜ao para cada k ∈ N

existem ´unicos escalares ak

1, . . . , akn tais que xk = a1kβ1+ · · · + aknβn. Dado ε > 0, podemos

tomar um n0 ∈ N tal que kxk− xmk < c · ε sempre que k, m ≥ n0, onde c ´e a constante

do Lema 1.7 para o conjunto {β1, . . . , βn}. Segue ent˜ao que n X j=1 akj − am j ≤ 1 c n X j=1 (akj − am j )βj = 1 ckxk− xmk < ε,

sempre que k, m ≥ n0. Da´ı, para cada j = 1, . . . , n, a sequˆencia de escalares (akj) ∞ k=1 ´e

de Cauchy, portanto convergente. Digamos bj = lim k a

k

j, j = 1, . . . , n. Nesse caso, temos

lim k Pn j=1 ak j − bj = 0. Definindo x = b1β1+ · · · + bnβn, temos x ∈ E e lim k kxk− xk = limk n X j=1 (akj − bj)βj ≤ lim k n X j=1 akj − bj = 0,

provando que xk −→ x. Portanto E ´e um espa¸co Banach. A segunda afirma¸c˜ao segue da

(17)

Definiremos agora alguns espa¸cos de sequˆencias de escalares que ser˜ao utilizados em resultados posteriores. Denotaremos por c0, c00, `p e `∞, respectivamente, o espa¸co das

sequˆencias que convergem para zero, das sequˆencias eventualmente nulas, das sequˆencias p-som´aveis e das sequˆencias limitadas. Em s´ımbolo temos

c0 := (aj)∞j=1: aj ∈ K para todo j ∈ N e aj −→ 0 ,

c00:=(aj)∞j=1 ∈ c0: existe j0 ∈ N tal que aj = 0, para todo j ≥ j0 ,

`p := ( (aj)∞j=1: aj ∈ K para todo j ∈ N e ∞ X j=1 |aj| p < ∞ ) , `∞:= 

(aj)∞j=1: aj ∈ K para todo j ∈ N e sup j∈N

|aj| < ∞

 .

As desigualdades de H¨older e de Minkowski para sequˆencias s˜ao necess´arias para mos-trar que o espa¸co `p ´e um espa¸co normado. As duas pr´oximas proposi¸c˜oes mostram essas

desigualdades e as respectivas demonstra¸c˜oes podem ser encontradas em [11, Example 1.2-3].

Proposi¸c˜ao 1.9 (Desigualdade de H¨older para sequˆencias). Sejam n ∈ N e p, q > 1 tais que 1p + 1q = 1. Ent˜ao

n X j=1 |ajbj| ≤ n X j=1 |aj|p !p1 · n X j=1 |bj|q !1q ,

para quaisquer escalares a1, . . . , an, b1, . . . , bn.

Proposi¸c˜ao 1.10 (Desigualdade de Minkowski para sequˆencias). Seja p ≥ 1. Ent˜ao para quaisquer n ∈ N e escalares a1, . . . , an, b1, . . . , bn, temos

n X j=1 |aj+ bj|p !1p ≤ n X j=1 |aj|p !p1 + n X j=1 |bj|p !1p

Os dois teoremas seguintes mostram que os espa¸cos de sequˆencias `p e `∞ s˜ao Banach.

Teorema 1.11. Se 1 ≤ p < ∞, ent˜ao `p ´e um espa¸co de Banach com a norma

(aj)∞j=1 p = ∞ X j=1 |aj| p !1p .

(18)

Teorema 1.12. O espa¸co das sequˆencias limitadas `∞ ´e Banach com a norma (aj)∞j=1 ∞= sup j∈N |aj|

Demonstra¸c˜ao: Veja [11, Example 1.5-2].  Como toda sequˆencia convergente ´e limitada temos que c0 ´e um subespa¸co de `∞. O

fato de c0 ser um espa¸co de Banach [2, Exemplo 1.1.7] segue da Proposi¸c˜ao 1.6 que c0 ´e

um subespa¸co fechado de `∞. O espa¸co c00´e um subespa¸co n˜ao-fechado de c0 e portanto

n˜ao ´e Banach [2, Exemplo 1.1.7].

Agora, iremos apresentar alguns resultados relacionados aos operadores lineares cont´ınuos. Iniciaremos definindo esse tipo operador.

Defini¸c˜ao 1.13. Sejam E e F espa¸cos normados sobre um corpo K. Uma aplica¸c˜ao T : E −→ F ´e dita um operador linear cont´ınuo se ´e linear e cont´ınua simultaneamente, isto ´e,

(i) T (λx + y) = λT (x) + T (y), para todo λ ∈ K e quaisquer x, y ∈ E;

(ii) Se para todos x0 ∈ E e ε > 0 existe δ > 0 tal que kT (x) − T (x0)k < ε, sempre que

x ∈ E e kx − x0k < δ.

Al´em disso, se T : E −→ F for um operador linear cont´ınuo bijetor cujo operador inverso T−1: F −→ E for cont´ınuo, dizemos que T ´e um isomorfismo topol´ogico, ou simplesmente isomorfismo, e que E e F s˜ao topologicamente isomorfos, ou simplesmente isomorfos.

Denotaremos o conjunto de todos os operadores lineares cont´ınuos de E em F por L(E, F ). Se F for o corpo dos escalares K, escrevemos E0

em vez de L(E, K) e o chama-remos de dual topol´ogico de E, ou simplesmente dual de E, e seus elementos chamaremos de funcionais lineares cont´ınuos. Sendo T : E −→ F um operador linear, dizemos que T ´e uma isometria linear se kT (x)kF = kxkE, para todo x ∈ E.

O pr´oximo teorema traz algumas caracteriza¸c˜oes que s˜ao bastante ´uteis para mostrar a continuidade de um operador linear.

Teorema 1.14. Sejam E, F espa¸cos normados e T : E → F um operador linear. S˜ao equivalentes:

(a) T ´e Lipschitziano.

(b) T ´e uniformemente cont´ınuo. (c) T ´e cont´ınuo.

(19)

(d) T ´e cont´ınuo em algum ponto de E. (e) T ´e cont´ınuo na origem.

(f ) sup

kxk≤1

kT (x)k < ∞.

(g) Existe c > 0 tal que kT (x)kF ≤ ckxkE, para todo x ∈ E.

Demonstra¸c˜ao: Da teoria dos espa¸cos m´etricos, sabemos que as implica¸c˜oes (a) ⇒ (b) ⇒ (c) ⇒ (d) s˜ao sempre v´alidas e n˜ao dependem da linearidade de T .

(d)⇒(e) Digamos que T ´e cont´ınuo no ponto x0 ∈ E. Ent˜ao, para todo ε > 0 existe

δ = δ(ε) > 0 tal que kT (x) − T (x0)k < ε, sempre que kx − x0k < δ. Seja x ∈ E tal que

kxk < δ. Ent˜ao, kxk = kx + x0− x0k < δ implica em

kT (x) − T (0)k = kT (x) − 0k = kT (x) + T (x0) − T (x0)k

= kT (x + x0) − T (x0)k < ε,

donde T ´e cont´ınuo na origem.

(e)⇒(f) Sendo T cont´ınuo na origem, existe δ > 0 tal que kT (x)k < 1, sempre que kxk < δ. Da´ı, kxk ≤ 1 implica em δ 2x

< δ que por sua vez implica em

δ 2kT (x)k = T  δ 2x  < 1,

para todo x ∈ E tal que kxk ≤ 1. Logo,

sup

kxk≤1

kT (x)k ≤ 2 δ < ∞.

(f)⇒(g) Se x = 0 a desigualdade ´e trivialmente satisfeita para qualquer c > 0. Seja x ∈ E \ {0}. Ent˜ao, kT (x)k kxk = T  x kxk  ≤ sup kyk≤1 kT (y)k =: c < ∞.

Portanto, kT (x)k ≤ c kxk para todo x ∈ E. (g)⇒(a) Sejam x, y ∈ E. Temos

kT (x) − T (y)k = kT (x − y)k ≤ c kx − yk

(20)

A condi¸c˜ao (f) do Teorema 1.14 nos mostra como normar o espa¸co L(E, F ) dos ope-radores lineares cont´ınuo de E em F :

Proposi¸c˜ao 1.15. Sejam E e F espa¸cos normados. (a) A express˜ao

kT k = sup

x∈BE

kT (x)k

define uma norma no espa¸co L(E, F ).

(b) kT (x)k ≤ kT k · kxk, para todos T ∈ L(E, F ) e x ∈ E. (c) Se F for Banach, ent˜ao L(E, F ) tamb´em ´e Banach.

Demonstra¸c˜ao: Veja [2, Proposi¸c˜ao 2.1.4].  Apresentamos agora uma classe especial de operadores lineares cont´ınuos.

Defini¸c˜ao 1.16. Um operador linear cont´ınuo T : E −→ F ´e dito ser de posto finito se a imagem de T ´e um subespa¸co de dimens˜ao finita de F . Denotaremos por F (E, F ) o conjunto dos operadores lineares cont´ınuos de posto finito de E em F .

O operador ϕ ⊗ y : E −→ F definido por ϕ ⊗ y(x) := ϕ(x)y, com ϕ ∈ E0 e y ∈ F , ´e um exemplo de operador linear cont´ınuo de posto finito. De fato, dados a, b ∈ E e λ ∈ K, temos

ϕ ⊗ y(a + λb) = ϕ(a + λb)y = ϕ(a)y + λϕ(b)y = ϕ ⊗ y(a) + λϕ ⊗ y(b),

donde ϕ ⊗ y ´e linear. A continuidade de ϕ ⊗ y segue de

kϕ ⊗ y(x)k = kϕ(x)yk ≤ kϕk kyk kxk ,

para todo x ∈ E. Al´em disso, kϕ ⊗ yk = supx∈BEkϕ(x)yk = kϕk kyk . Como ϕ ⊗ y(E) ⊆ [y], temos que ϕ ⊗ y ´e um operador linear cont´ınuo de posto finito.

Os operadores lineares cont´ınuos de posto finito possuem a seguinte caracteriza¸c˜ao: Proposi¸c˜ao 1.17. Seja T : E −→ F um operador linear cont´ınuo. S˜ao equivalentes: (a) T ´e de posto finito.

(21)

Demonstra¸c˜ao: (a) ⇒ (b) Suponha que a imagem de T tenha dimens˜ao finita, isto ´e, dim(T (E)) = n ∈ N. Escolha uma base {y1, . . . , yn} para T (E). Desse modo, para todo

x ∈ E existem ´unicos α1, . . . αn∈ K tais que

T (x) =

n

X

i=1

αiyi. (1.1)

Para cada i = 1, . . . , n, defina ϕi: E −→ K pondo ϕi(x) = αi. Note que a linearidade de

ϕi segue da unicidade de cada elemento de T (E) como combina¸c˜ao linear de vetores da

base e da linearidade de T . N˜ao ´e dif´ıcil mostrar que a fun¸c˜ao k·ks: T (E) → [0, ∞), dada por kT (x)ks :=Pn

i=1|ϕi(x)|, define uma norma em T (E). Como, por hip´otese, T (E) tem

dimens˜ao finita, a norma de F restrita a T (E) e a norma k·ks s˜ao equivalentes, logo existe k > 0 tal que

|ϕi(x)| = |αi| ≤ |α1| + · · · + |αn| = kT (x)ks≤ k kT (x)k ≤ k kT k kxk ,

para todos x ∈ E, i = 1, . . . , n. Portanto, ϕi ∈ E0, para todo i = 1, . . . , n. De (1.1) segue

que T =Pn

i=1ϕi⊗ yi.

(b) ⇒ (a) Se T = Pn

i=1ϕi ⊗ yi, ent˜ao T ∈ L(E, F ) e T (E) ⊆ [y1, . . . , yn], portanto

T ∈ F (E, F ). 

Apresentaremos a seguir um conjunto de teoremas que fazem parte dos principais resultados dessa se¸c˜ao. S˜ao eles: o Teorema de Banach-Steinhaus, o Teorema da Aplica¸c˜ao Aberta, o Teorema do Gr´afico Fechado e os Teoremas de Hahn-Banach.

Sob a hip´otese de que o dom´ınio ´e espa¸co de Banach, o Teorema de Banach-Steinhaus mostra que uma fam´ılia de operadores lineares cont´ınuos ´e uniformemente limitada sempre que for pontualmente limitada. Para sua demonstra¸c˜ao necessitaremos do Teorema de Baire que enunciaremos a seguir e cuja demonstra¸c˜ao pode ser vista em [4, Theorem 2.1]. Teorema 1.18 (Teorema de Baire). Sejam (M, d) um espa¸co m´etrico completo e (Fn)∞n=1 uma sequˆencia de subconjuntos fechados de M tais que M =

[

n=1

Fn. Ent˜ao,

existe n0 ∈ N tal que Fn0 tem interior n˜ao vazio.

Teorema 1.19 (Banach-Steinhaus). Sejam E um espa¸co de Banach, F um espa¸co normado e (Ti)i∈I uma fam´ılia de operadores em L(E, F ) satisfazendo a seguinte condi¸c˜ao:

para cada x ∈ E existe cx < ∞ tal que

sup

i∈I

kTi(x)k < cx.

(22)

Demonstra¸c˜ao: Seja (Ti)i∈I uma fam´ılia de operadores em L(E, F ). Para cada n ∈ N

considere o conjunto

A(n, Ti) = {x ∈ E : kTi(x)k ≤ n}

e a aplica¸c˜ao cont´ınua k·k ◦ Ti : E → R. Como A(n, Ti) = (k·k ◦ Ti)−1([0, n]), segue que

A(n, Ti) ´e fechado para todos n ∈ N e i ∈ I. Dessa forma,

An :=  x ∈ E : sup i∈I kTi(x)k ≤ n  =\ i∈I A(n, Ti)

´e fechado para todo n ∈ N, pois a interse¸c˜ao de conjuntos fechados ´e sempre um fechado. Afirmamos que E = ∞ [ n=1 An. De fato, ∞ [ n=1

An⊆ E por defini¸c˜ao. Para a inclus˜ao contr´aria,

dado x ∈ E existem cx < ∞ e n1(x) ∈ N tais que

sup

i∈I

kTi(x)k < cx ≤ n1,

donde x ∈S∞

n=1An. Pelo Teorema 1.18, tem-se int(An0) 6= ∅, para algum n0 ∈ N. Sejam

a ∈ int (An0) e r > 0 tais que a bola fechada de centro a e raio r esteja contida no aberto

int (An0), isto ´e,

{x ∈ E : kx − ak ≤ r} ⊆ int (An0).

Considerando agora y ∈ E tal que kyk ≤ 1, observe que, se x = a + ry, ent˜ao kx − ak = kryk ≤ r e portanto x ∈ An0. Da´ı,

kTi(x − a)k = kTi(x) − Ti(a)k ≤ kTi(x)k + kTi(a)k ≤ n0+ n0 ≤ 2n0,

para todo i ∈ I. Logo, kTi(ry)k = kTi(x − a)k ≤ 2n0 e kTi(y)k ≤

2n0

r para todo i ∈ I e todo y ∈ E com kyk ≤ 1. Tomando o supremo sobre y ∈ BE obtemos

kTik = sup kyk≤1

kTi(y)k ≤

2n0

r ,

para todo i ∈ I. Por fim, tomando o supremo sobre os ´ındices i ∈ I temos

sup i∈I kTik ≤ 2n0 r < ∞. 

(23)

Vejamos uma consequˆencia do teorema apresentado anteriormente.

Corol´ario 1.20. Sejam E um espa¸co de Banach, F um espa¸co normado e (Tn)∞n=1 uma

sequˆencia em L(E, F ) tal que (Tn(x))∞n=1 ´e convergente em F para todo x em E. Se

definirmos

T : E −→ F

x 7−→ T (x) = lim

n→∞Tn(x),

ent˜ao T ´e um operador linear cont´ınuo.

Demonstra¸c˜ao: A linearidade de T segue imediatamente das propriedades dos limites e da linearidade de cada Tn. Por hip´otese, a sequˆencia (Tn(x))∞n=1 ´e convergente para todo

x ∈ E, logo ´e limitada. Da´ı, supn∈NkTn(x)k < ∞, para todo x ∈ E. Pelo Teorema 1.19,

existe c > 0 tal que sup

n∈N

kTnk ≤ c. Al´em disso,

kTn(x)k ≤ kTnk kxk ≤ c kxk ,

para todos x ∈ E e n ∈ N. Fazendo n → ∞ conclu´ımos que kT (x)k ≤ c kxk para todo x ∈ E e, portanto, T ´e cont´ınua.  Defini¸c˜ao 1.21. Sejam E, F e G espa¸cos vetoriais. Uma aplica¸c˜ao A : E × F −→ G ´e dita bilinear se for linear em cada vari´avel, isto ´e,

(i) A(λx1+ x2, y) = λA(x1, y) + A(x2, y), para todo x1, x2 ∈ E, y ∈ F e λ ∈ K e

(ii) A(x, λy1+ y2) = λA(x, y1) + A(x, y2), para todo x ∈ E, y1, y2 ∈ F e λ ∈ K.

Denotaremos por B(X × Y, Z) o espa¸co vetorial das aplica¸c˜oes bilineares de X × Y em Z. Se Z = K denotaremos o espa¸co das formas bilineares por B(X × Y ). A pr´oxima proposi¸c˜ao estabelece algumas caracteriza¸c˜oes para a continuidade de uma aplica¸c˜ao bili-near. A demonstra¸c˜ao desse resultado ´e semelhante ao da Proposi¸c˜ao 1.14 e por isso ser´a omitida.

Proposi¸c˜ao 1.22. Sejam E, F , G espa¸cos normados e A : E × F −→ G uma aplica¸c˜ao bilinear. Ent˜ao para qualquer uma das normas em E × F da Proposi¸c˜ao 1.5, as seguintes afirma¸c˜oes s˜ao equivalentes:

(a) A ´e cont´ınua.

(b) A ´e cont´ınua na origem.

(24)

(d) Existe C ≥ 0 tal que kA(x, y)k ≤ C kxk · kyk para todos x ∈ E e y ∈ F .

Seja T : E → F uma aplica¸c˜ao. Dizemos que T ´e uma aplica¸c˜ao aberta se T (A) ´e aberto em F para todo conjunto A aberto em E. Nosso pr´oximo resultado mostra que se E e F s˜ao espa¸cos de Banach, ent˜ao todo operador linear cont´ınuo e sobrejetor definidos entre esses espa¸cos ´e uma aplica¸c˜ao aberta. Para a demonstra¸c˜ao consulte [2, Teorema 2.4.2].

Teorema 1.23 (Teorema da Aplica¸c˜ao Aberta). Sejam E, F espa¸cos de Banach e T : E → F um operador linear, cont´ınuo e sobrejetor. Ent˜ao, T ´e uma aplica¸c˜ao aberta. Em particular, todo operador linear, cont´ınuo e bijetor entre espa¸cos de Banach ´e um isomorfismo.

Sejam E e F espa¸cos normados. O gr´afico de um operador linear T : E → F ´e o conjunto

G(T ) := {(x, T (x)) : x ∈ E} ⊆ E × F.

Note que da linearidade de T segue que G(T ) ´e um subespa¸co vetorial de E × F . Veremos que se E e F forem espa¸cos de Banach, a continuidade de T ´e equivalente ao fato de G(T ) ser fechado em E × F .

Teorema 1.24 (Teorema do Gr´afico Fechado). Sejam E, F espa¸cos de Banach e T : E → F um operador linear. Ent˜ao, T ´e cont´ınuo se, e somente se, G(T ) ´e fechado em E × F .

Demonstra¸c˜ao: Suponha T cont´ınuo e considere a fun¸c˜ao

f : E × F −→ R

(x, y) 7−→ kT (x) − yk

uma fun¸c˜ao. Provaremos que f ´e cont´ınua. Dado (xn, yn)∞n=1 uma sequˆencia em E × F

tal que (xn, yn) → (x, y), da continuidade de T temos que T (xk) → T (x) em F . Da´ı,

T (xn) − yn → T (x) − y. Como a fun¸c˜ao k·k ´e cont´ınua segue que kT (xn) − ynk →

kT (x) − yk. Portanto, f ´e cont´ınua. Temos ent˜ao que G(T ) = f−1({0}) ´e fechado em E × F .

Reciprocamente, considere que G(T ) ´e fechado. Sabemos que o produto cartesiano E × F de espa¸cos de Banach tamb´em ´e um espa¸co de Banach com a norma k·k1. Segue da Proposi¸c˜ao 1.6 que G(T ) tamb´em ´e um espa¸co de Banach com a norma k·k1.

Afirma¸c˜ao: A aplica¸c˜ao π : G(T ) → E, dada por π(x, T (x)) = x, ´e linear, cont´ınua e bijetora.

(25)

Primeiro, provaremos a linearidade. Sejam λ ∈ K e (x, T (x)), (y, T (y)) ∈ G(T ). Temos

π((x, T (x)) + λ(y, T (y))) = π(x + λy, T (x) + λT (y)) = π(x + λy, T (x + λy)) = x + λy = π(x, T (x)) + λπ(y, T (y)),

donde π ´e linear. Da rela¸c˜ao x ∈ E 7→ T (x) ∈ F, segue que π(G(T )) = E, isto ´e, π ´e sobrejetiva. Se π(x, T (x)) = 0, temos x = 0 e assim T (x) = 0. Isso implica que ker(π) = {0} e portanto π ´e injetiva. Temos tamb´em que π ´e cont´ınua, pois

kπ(x, T (x))k = kxk ≤ kxk + kT (x)k = k(x, T (x))k1,

Para todo x ∈ E.

Pelo Teorema da Aplica¸c˜ao Aberta, π−1 tamb´em ´e cont´ınua e assim, existe c > 0 tal que kπ−1(x)k1 = k(x, T (x))k1 ≤ c kxk, para todo x ∈ E. Da´ı,

kT (x)k ≤ kT (x)k + kxk = k(x, T (x))k1 ≤ c kxk ,

para todo x ∈ E e portanto T ´e cont´ınuo.  O Teorema de Hahn-Banach ´e de grande importˆancia na An´alise Funcional e em outras ´

areas da Matem´atica, seja por suas aplica¸c˜oes ou por seus corol´arios. Apresentaremos a seguir o Teorema de Hahn-Banach que ´e v´alido para espa¸cos vetoriais reais e complexos e sua demonstra¸c˜ao pode ser vista em [2, Teorema 3.1.2].

Teorema 1.25 (Hahn-Banach). Sejam E um espa¸co vetorial sobre K e p : E → R uma fun¸c˜ao que satisfaz

p(ax) = |a| p(x), para todo a ∈ K e todo x ∈ E, e

p(x + y) ≤ p(x) + p(y), para quaisquer x, y ∈ E.

Se G ⊆ E ´e um subespa¸co vetorial e ϕ : G → K ´e um funcional linear tal que |ϕ(x)| ≤ p(x), para todo x ∈ G, ent˜ao existe um funcional linear ϕ : E → K que estende ϕ a E e quee satisfaz |ϕ(x)| ≤ p(x), para todo x ∈ E.e

Apresentaremos agora trˆes corol´arios do Teorema de Hahn-Banach que tamb´em re-cebem esta nomenclatura. Os dois ´ultimos ser˜ao usados com maior frequˆencia ao longo deste trabalho.

(26)

Corol´ario 1.26. Sejam G um subespa¸co de um espa¸co normado E e ϕ : G → K um funcional linear cont´ınuo. Ent˜ao, existe um funcional linear cont´ınuo ϕ : E → K cujae restri¸c˜ao a G coincide com ϕ e tal que kϕk = kϕk.e

Demonstra¸c˜ao: Consideremos a fun¸c˜ao p : E → R dada por p(x) = kϕk kxk. Para todo a ∈ K e todos x, y ∈ E, temos

p(ax) = kϕk kaxk = |a| kϕk kxk = |a| p(x)

e

p(x + y) = kϕk kx + yk ≤ kϕk (kxk + kyk) = kϕk kxk + kϕk kyk = p(x) + p(y).

Como |ϕ(x)| ≤ kϕk kxk = p(x) para todo x ∈ G, pelo Teorema de Hahn-Banach existe um funcional linear ϕ : E → K cuja restri¸c˜ao a G coincide com ϕ e que satisfaz |e ϕ(x)| ≤e p(x) = kϕk kxk para todo x ∈ E. Logo,ϕ ´ee cont´ınuo e kϕk ≤ kϕk. Por outro lado,e

kϕk = sup x∈BG |ϕ(x)| = sup x∈BG |ϕ(x)|e ≤ sup x∈BE |ϕ(x)| = ke ϕk .e Portanto, kϕk = kϕk.e 

Corol´ario 1.27. Seja E um espa¸co normado. Para todo x0 ∈ E, x0 6= 0, existe um

funcional linear ϕ ∈ E0 tal que kϕk = 1 e ϕ(x0) = kx0k.

Demonstra¸c˜ao: Sejam G = [x0] o espa¸co gerado por x0 e ϕ : G → K o funcional linear

cont´ınuo dado por ϕ(λx0) = λ kx0k. Ent˜ao, pelo Corol´ario 1.26 existeϕ : E → K funcionale linear cont´ınuo tal queϕ coincide com ϕ em G e ke ϕk = kϕk . Portanto,e ϕ(xe 0) = ϕ(x0) =

kx0k e kϕk = kϕk =e sup kλx0k≤1 |ϕ(λx0)| = sup kλx0k≤1 |λ| kx0k = sup kλx0k≤1 kλx0k = 1.  Corol´ario 1.28. Sejam E um espa¸co normado, E 6= {0} e x ∈ E. Ent˜ao

kxk = sup

ϕ∈BE0

(27)

Demonstra¸c˜ao: Dado x ∈ E, vale |ϕ(x)| ≤ kϕk kxk para todo ϕ ∈ E0. Da´ı, sup kϕk≤1 |ϕ(x)| ≤ sup kϕk≤1 (kϕk kxk) = kxk .

Pelo Corol´ario 1.27 existe ψ ∈ E0 tal que kψk = 1 e ψ(x) = kxk . Logo, kxk = ψ(x) ≤ sup

kϕk≤1

|ϕ(x)|

e com isso ganhamos a primeira igualdade. A segunda igualdade segue de max {|ϕ(x)| : ϕ ∈ E0 e kϕk = 1} ≤ sup kϕk=1 |ϕ(x)| ≤ sup kϕk≤1 |ϕ(x)| e de sup kϕk≤1 |ϕ(x)| = kxk = ψ(x) ≤ max {|ϕ(x)| : ϕ ∈ E0 e kϕk = 1} .  Conceituaremos agora o que ´e uma proje¸c˜ao e um subespa¸co complementado. Antes de definir esse ´ultimo, apresentaremos uma proposi¸c˜ao que estabelece uma equivalˆencia necess´aria `a sua defini¸c˜ao.

Defini¸c˜ao 1.29. Um operador linear cont´ınuo P : E −→ E, onde E ´e um espa¸co de Banach, ´e chamado uma proje¸c˜ao se P2 := P ◦ P = P .

Proposi¸c˜ao 1.30. Sejam E um espa¸co de Banach e F um subespa¸co de E. As seguintes afirma¸c˜oes s˜ao equivalentes:

(a) Existe uma proje¸c˜ao P : E −→ E tal que P (E) = F . Neste caso dizemos que P ´e uma proje¸c˜ao de E sobre F .

(b) F ´e fechado e existe um subespa¸co fechado G ⊆ E tal que E = F + G e F ∩ G = {0}, isto ´e, E = F ⊕ G.

Neste caso, temos que F = {x ∈ E : P (x) = x} e G = Ker(P ).

Demonstra¸c˜ao: (a) ⇒ (b) Seja x ∈ F . Tomando y ∈ E tal que P (y) = x temos que x = P (y) = P (P (y)) = P (x). Se x = P (x), ent˜ao x ∈ Im(P ) = F . Considerando o operador identidade de E, idE: E −→ E, temos

(28)

o que mostra que F ´e fechado.

Agora, tomando G = ker(P ), n˜ao ´e dif´ıcil mostrar que G ´e um subespa¸co fechado de E. Temos que (x − P (x)) ∈ G, P (x) ∈ F e x = (x − P (x)) + P (x), para todo x ∈ E. Ainda, se x ∈ G ∩ F , temos x = P (x) pois x ∈ F e P (x) = 0 pois x ∈ G. Portanto x = 0. (b) ⇒ (a) Por hip´otese, para cada x ∈ E, existem ´unicos x1 ∈ F e x2 ∈ G tais que x =

x1+ x2. ´E imediato que o operador P : E −→ E dado por P (x) = x1 est´a bem definido,

´e linear, P2 = P , Im(P ) = F , ker(P ) = G e F = {x ∈ E : P (x) = x}. Provaremos agora

que P ´e cont´ınuo. Seja (xn)∞n=1 uma sequˆencia em E tal que xn −→ x e P (xn) −→ y.

Para cada n, escreva xn= yn+ zn com yn ∈ F e zn ∈ G. Ent˜ao

zn= xn− yn= xn− P (xn) −→ x − y.

Como G ´e fechado, x − y ∈ G e portanto P (x) = P (y). Por outro lado, yn= P (xn) −→ y.

Como F ´e fechado por hip´otese, y ∈ F . Dessa forma, y = P (y) = P (x). Pelo Teorema do Gr´afico Fechado temos que o operador linear P ´e cont´ınuo.  Defini¸c˜ao 1.31. Sejam E um espa¸co de Banach e F um subespa¸co de E. Dizemos que F ´e complementado em E se satisfaz as condi¸c˜oes equivalentes da Proposi¸c˜ao 1.30.

Definiremos agora quando um operador T entre espa¸cos normados ´e compacto. Defini¸c˜ao 1.32. Um operador linear T : E −→ F entre espa¸cos normados ´e dito compacto se T (BE) ´e compacto em F .

Denotaremos por K(E, F ) o conjunto dos operadores compactos de E em F .

Proposi¸c˜ao 1.33. Sejam E e F espa¸cos normados. Ent˜ao K(E, F ) ´e subespa¸co vetorial de L(E, F ). Al´em disso, se F for espa¸co de Banach ent˜ao K(E, F ) ´e fechado em L(E, F ). Demonstra¸c˜ao: Veja [2, Proposi¸c˜ao 7.2.5].  Ainda falando de alguns conceitos e resultados b´asicos de An´alise Funcional, falaremos brevemente sobre s´eries em espa¸cos de Banach.

Defini¸c˜ao 1.34. Sejam E um espa¸co de Banach e (xn)∞n=1 uma sequˆencia em E. Dizemos

que (xn)∞n=1 ´e som´avel quando a s´erie

P∞

n=1xn ´e convergente, absolutamente som´avel

quando a s´erie P∞

n=1kxnk ´e convergente e que (xn) ∞

n=1 ´e incondicionalmente som´avel

quando a s´erie P∞

n=1xσ(n) converge para toda permuta¸c˜ao σ : N → N.

Proposi¸c˜ao 1.35. Seja E um espa¸co de Banach. A fam´ılia (xi)i∈I de elementos de E ´e

som´avel se, e somente se, o conjunto I0 = {i ∈ I : xi 6= 0} ´e finito e Pi∈I0xi = x, ou o

conjunto I0 ´e enumer´avel e limN −→∞

PN

(29)

Demonstra¸c˜ao: Veja [9, Proposition A.4.2 (2)].  Desse modo, se (xi)i∈I ´e uma fam´ılia absolutamente som´avel, ent˜ao existe um

subcon-junto enumer´avel I0 de I tal que xi = 0 se i /∈ I0.

Proposi¸c˜ao 1.36. Um espa¸co normado E ´e Banach se, e somente se, toda sequˆencia absolutamente som´avel ´e incondicionalmente som´avel.

Demonstra¸c˜ao: Sejam E um espa¸co de Banach, (xn)∞n=1 uma sequˆencia absolutamente

som´avel em E e σ : N → N uma permuta¸c˜ao. Para cada n ∈ N, defina yn:= kxnk. Ent˜ao,

a sequˆencia de n´umeros reais (yn)∞n=1 ´e absolutamente som´avel em R, logo

incondicional-mente som´avel. Assim sendo, P∞

n=1 xσ(n) = P∞

n=1yσ(n) < ∞. Pelo Crit´erio de Cauchy

para s´eries, para todo ε > 0 existe n0 = n0(ε) ∈ N tal que

n X k=1 xσ(k) − m X k=1 xσ(k) = n X k=m+1 xσ(k) ≤ n X k=m+1 xσ(k) ≤ ∞ X k=n0 xσ(k) < ε,

para todos n ≥ m > n0. Consequentemente, a sequˆencia (Pkn=1xσ(n))∞k=1 das somas

parciais da s´erie P∞

n=1xσ(n) ´e de Cauchy em E, logo existe x ∈ E tal que ∞ X n=1 xσ(n) = lim k k X n=1 xσ(n) = x.

Reciprocamente, seja (xn)∞n=1uma sequˆencia de Cauchy em E. Ent˜ao, para cada k ∈ N

e ε = 1

2k > 0, existe n0 = n0(k) ∈ N tal que kxn− xmk <

1

2k, para todos n, m > n0.

Considere n1 := n0(12) + 1 e, para k > 1, nk := max{n0(21k), nk−1} + 1. Assim, obtemos

uma sequˆencia de ´ındices n1 < n2 < n3 < · · · tais que

xnk+1 − xnk

< 21k. Pelo Crit´erio

de Compara¸c˜ao, a convergˆencia da s´erie

∞ X k=1 1 2k = 1 implica em ∞ X k=1 xnk+1 − xnk < ∞.

Por hip´otese, temos que toda s´erie absolutamente som´avel ´e incondicionalmente som´avel. Em particular, P∞

k=1(xnk+1 − xnk) = a, para algum a ∈ E. Assim,

lim k xnk+1 = limk xn1 + k X j=1 (xnj+1 − xnj) ! = xn1 + lim k k X j=1 (xnj+1 − xnj) = xn1 + a,

(30)

isto ´e, (xn)∞n=1 ´e uma sequˆencia de Cauchy que possui subsequˆencia convergente para

xn1 + a. Ent˜ao, xn→ xn1 + a ∈ E e portanto E ´e Banach. 

1.2

Dualidade e Adjunto de um operador

Nesta se¸c˜ao, discorreremos sobre os duais dos espa¸cos `p e c0 e apresentaremos a no¸c˜ao

de operador adjunto.

Proposi¸c˜ao 1.37. Seja 1 ≤ p ≤ ∞. Os espa¸cos `p∗ e (`p)0 s˜ao isomorfos isometricamente

por meio da rela¸c˜ao de dualidade

b = (bj)∞j=1 ∈ `p∗ ψ 7−→ ϕb ∈ (`p)0, ϕb((aj)∞j=1) = ∞ X j=1 ajbj, para todo (aj)∞j=1 ∈ `p. (1.2)

Demonstra¸c˜ao: Mostraremos que ϕb est´a bem definida, ´e linear e cont´ınua. De fato,

pela desigualdade de H¨older temos

∞ X j=1 |ajbj| ≤ ∞ X j=1 |aj| p !p1 · ∞ X j=1 |bj| p∗ !p∗1 = (aj)∞j=1 p (bj)∞j=1 p∗ < ∞, logo P∞

j=1ajbj ´e absolutamente convergente e portanto convergente, mostrando assim a

boa defini¸c˜ao da ϕb. Considere agora (aj)∞j=1, (cj)∞j=1 ∈ `p e λ ∈ K. Da´ı,

ϕb((aj)∞j=1+ λ(cj)j=1∞ ) = ϕb((aj + λcj)∞j=1) = ∞ X j=1 (aj+ λcj)bj = ∞ X j=1 (ajbj+ λcjbj) = ∞ X j=1 ajbj+ λ ∞ X j=1 cjbj = ϕb((aj)∞j=1) + λϕb((cj)∞j=1),

portanto ϕb ´e linear. Al´em disso, calculamos

k X j=1 ajbj ≤ k X j=1 |ajbj| ≤ k X j=1 |aj|p !1p · k X j=1 |bj|p ∗ !p∗1 e fazendo k −→ ∞ temos |ϕb(a)| = ∞ X j=1 ajbj ≤ ∞ X j=1 |ajbj|

(31)

≤ ∞ X j=1 |aj|p !1p · ∞ X j=1 |bj|p ∗ !p∗1 (1.3) = kakpkbkp∗.

Tomando o sup em (1.3) com kakp = 1, temos kϕbk ≤ kbkp∗. Portanto, ϕb ´e cont´ınua.

A boa defini¸c˜ao, a linearidade e continuidade da ψ seguem imediatamente da ϕb.

Seja a = (aj)∞j=1 ∈ `p. Ent˜ao, a se escreve de forma ´unica como a =

P∞

j=1ajej,

onde ej ´e a base de Schauder de `p. Dado ϕb ∈ (`p)0, pela continuidade de ϕb temos

ϕb(a) =

P∞

j=1ajϕb(ej). De fato, se para cada k ∈ N denotarmos ck =

Pk j=1ajej, por linearidade ϕb(ck) = ϕb k X j=1 ajej ! = k X j=1 ϕb(ajej) = k X j=1 ajϕb(ej), de modo que ϕb(a) = ϕb( lim k→∞ck) = limk→∞ϕb(ck) = limk→∞ k X j=1 ajϕ(ej) = ∞ X j=1 ajϕb(ej),

onde ϕb(ej) = bj. Vejamos que ψ ´e sobrejetora. Se a = (aj)∞j=1 ∈ `p, ent˜ao

ψ(a) = ψ ∞ X j=1 ajej ! = ∞ X j=1 ψ(ajej) = ∞ X j=1 ajψ(ej) = ∞ X j=1 ajbj = ϕb(a),

o que prova a sobrejetividade da ψ e, desse modo, podemos definir a sua inversa. Afirma¸c˜ao: A aplica¸c˜ao inversa ϕb ∈ (`p)0 ψ

−1

7−→ (ϕb(ej))∞j=1 ∈ `p∗ est´a bem definida e ´e

cont´ınua. De fato, seja ak = (ckj) ∞ j=1, onde ckj =    |bj|p∗ bj , se j ≤ k e bj 6= 0 0, se j > k ou bj = 0 .

Desse modo, temos ϕb(ak) =P ∞ j=1c k jbj =P ∞ j=1|bj| p∗ e assim |ϕb(ak)| ≤ kϕbk kakk = kϕbk k X j=1 ckj p !1p = kϕbk k X j=1 |bj|p ∗ bj p!1p

(32)

= kϕbk k X j=1 |bj|(p ∗−1)p !1p = kϕbk k X j=1 |bj| p∗ !1p . Da´ı k X j=1 |bj|p ∗ = ϕb(ak) = |ϕb(ak)| ≤ kϕbk k X j=1 |bj|p ∗ !1p .

Dividindo pelo ´ultimo fator e usando 1 − 1p = p1∗, temos

k X j=1 |bj|p ∗ !1−1p = k X j=1 |bj|p ∗ !p∗1 ≤ kϕbk e tomando k −→ ∞, obtemos kbkp∗ = ∞ X j=1 |bj|p ∗ !p∗1 ≤ kϕbk .

Logo, (bj)∞j=1 ∈ `p∗ e portanto ψ−1 est´a bem definida e ´e cont´ınua, o que completa a

demonstra¸c˜ao. 

A rela¸c˜ao de dualidade apresentada na Proposi¸c˜ao 1.37 tamb´em descreve o dual de c0

que apresentaremos na pr´oxima proposi¸c˜ao e a sua demonstra¸c˜ao pode ser vista em [2, Proposi¸c˜ao 4.2.3]:

Proposi¸c˜ao 1.38. Os espa¸cos `1e (c0)0 s˜ao isomorfos isometricamente por meio da rela¸c˜ao

de dualidade b = (bj)∞j=1 ∈ `1 ψ 7−→ ϕb ∈ (c0)0, ϕb((aj)∞j=1) = ∞ X j=1 ajbj, para todo (aj)∞j=1∈ c0. (1.4)

Vimos que para todo espa¸co normado E podemos considerar seu dual E0, que ´e um espa¸co de Banach. Podemos tamb´em considerar o dual de E0, que chamamos de bidual e denotamos por E00. O pr´oximo resultado mostra que todo espa¸co normado pode ser encontrado no seu bidual e sua demonstra¸c˜ao se encontra em [2, Proposi¸c˜ao 4.3.1]. Proposi¸c˜ao 1.39. Seja E um espa¸co vetorial normado. Ent˜ao, para todos x ∈ E e

(33)

ϕ ∈ E0, o operador linear

JE: E −→ E00

x 7−→ JE(x)(ϕ) = ϕ(x)

´e uma isometria linear, chamado de mergulho canˆonico de E em E00.

Observa¸c˜ao 1.40. Quando E for apenas um espa¸co vetorial e estivermos tratando do dual alg´ebrico, utilizaremos a mesma nota¸c˜ao, JE, para denotar o mergulho canˆonico de

E.

Defini¸c˜ao 1.41. Sejam E, F espa¸cos vetoriais normados e T ∈ L(E, F ) um operador linear cont´ınuo. O operador T0: F0 −→ E0 definido por

T0(ϕ)(x) = ϕ(T (x)), para todos x ∈ E e ϕ ∈ F0 ´e chamado adjunto de T.

No caso em que os espa¸cos vetoriais E e F n˜ao sejam necessariamente normados e estivermos considerando seus respectivos duais alg´ebricos, E#e F#, isto ´e, sem topologia, utilizaremos a nota¸c˜ao T# em vez de T0 para o adjunto de T .

Proposi¸c˜ao 1.42. Sejam E, F espa¸cos vetoriais normados e T ∈ L(E, F ). Ent˜ao T0´e um operador linear cont´ınuo de F0 em E0 e kT k = kT0k. Al´em disso, se T ´e um isomorfismo (isom´etrico), ent˜ao T0 ´e um isomorfismo (isom´etrico).

Demonstra¸c˜ao: Primeiro, veremos que o operador T0 est´a bem definido, ou seja, que T0(ϕ) ∈ E0 para todo ϕ ∈ F0. De fato, dados x, y ∈ E e λ ∈ K, temos

T0(ϕ)(x + λy) = ϕ(T (x + λy)) = ϕ(T (x)) + λϕ(T (y)) = T0(ϕ)(x) + λT0(ϕ)(y)

e

kT0(ϕ)(x)k = kϕ(T (x))k ≤ kϕk kT k kxk , (1.5)

donde T0(ϕ) ∈ E0. Mostraremos agora que T0 ´e linear. Sejam ϕ, ψ ∈ F0 e λ ∈ K. Ent˜ao T0(ϕ + λψ)(x) = (ϕ + λψ)(T (x)) = ϕ(T (x)) + λψ(T (x))

(34)

para todo x ∈ E. Logo, T0(ϕ + λψ) = T0(ϕ) + λT0(ψ) e portanto T0 ´e linear. Tomando o supremo sobre x ∈ BE em (1.5), obtemos

kT0(ϕ)k ≤ kϕk kT k , (1.6)

para todo ϕ ∈ F0. Assim, T0 ∈ L(F0, E0). Tomando o supremo sobre ϕ ∈ B

F0 em (1.6),

conclu´ımos que kT0k ≤ kT k. A desigualdade contr´aria segue de kT (x)k = sup ϕ∈BF 0 |ϕ(T (x))| = sup ϕ∈BF 0 |T0(ϕ)(x)| ≤ kxk sup ϕ∈BF 0 kT0(ϕ)k = kxk kT0k .

Portanto, kT k = kT0k. Agora, suponhamos que T seja um isomorfismo isom´etrico. Ent˜ao T−1: F → E ´e, al´em de linear, cont´ınuo. Para cada ϕ ∈ E0, consideremos ξ ∈ F0 dado por ξ(z) = ϕ(T−1(z)). Como

T0(ξ)(x) = ξ(T (x)) = ϕ(T−1(T (x))) = ϕ(x),

para todo x ∈ E, obtemos T0(ξ) = ϕ e por isso T0 ´e sobrejetor. Seja ψ ∈ ker(T0). Ent˜ao

ψ(T (x)) = T0(ψ)(x) = 0, (1.7)

para todo x ∈ E. Como T ´e sobrejetor, temos de (1.7) que ψ(y) = 0, para todo y ∈ F , donde T0 ´e injetor. Para garantir que T0 ´e um isomorfismo, resta mostrar que (T0)−1 ´e cont´ınuo, j´a que a inversa de um operador linear ´e sempre linear. Mas isso decorre imediatamente do fato (de f´acil demonstra¸c˜ao) de que (T0)−1 = (T−1)0. Para concluir, mostremos que kT0(ϕ)k = kϕk, para todo ϕ ∈ F0. Como T ´e um isomorfismo isom´etrico, x ∈ BE se, e somente se, T (x) ∈ BF. Da´ı,

kT0(ϕ)k = sup x∈BE |T0(ϕ)(x)| = sup x∈BE |ϕ(T (x))| = sup T (x)∈BF |ϕ(T (x))| = sup z∈BF |ϕ(z)| = kϕk . 

1.3

Completamento de um espa¸

co normado

´

E sabido que nem sempre um espa¸co normado ´e completo e por isso um questionamento natural seria: ´e poss´ıvel complet´a-lo? Nesta se¸c˜ao, veremos que a resposta para essa

(35)

quest˜ao ´e afirmativa. Al´em disso, iremos expor alguns resultados relacionados a esse completamento.

Defini¸c˜ao 1.43. Seja E um espa¸co vetorial normado. Chamaremos de completamento de E o par ( ˆE, ξ), onde ˆE um espa¸co de Banach e ξ : E −→ ˆE uma imers˜ao isom´etrica (aplica¸c˜ao linear injetiva e, claro, cont´ınua) cuja imagem ξ(E) ´e densa em ˆE, isto ´e, ξ(E) = ˆE.

O teorema a seguir mostra a existˆencia e unicidade do completamento de um espa¸co normado. A demonstra¸c˜ao desse resultado, bastante t´ecnica, pode ser encontrado em [11, Theorem 2.3-2].

Teorema 1.44. Seja E um espa¸co normado. Ent˜ao existe um espa¸co de Banach ˆE e uma isometria ξ de E em um subespa¸co W de ˆE que ´e denso em ˆE. O espa¸co ˆE ´e ´unico, a menos de isometrias.

Um resultado muito ´util sobre a bola unit´aria fechada do completamento de um espa¸co normado ´e apresentado a seguir e sua demonstra¸c˜ao pode ser vista em [20, Proposi¸c˜ao 3.11].

Proposi¸c˜ao 1.45. Sejam E um espa¸co normado e ( ˆE, ξ) o seu completamento. Ent˜ao BEˆ = Bξ(E).

O espa¸co normado E pode ser identificado como um subespa¸co denso do seu completa-mento ˆE com a seguinte identifica¸c˜ao x ∈ E ←→ ξ(x) ∈ ˆE. A menos dessa identifica¸c˜ao, podemos escrever E = ξ(E). Assim, pela Proposi¸c˜ao 1.45 temos que

BE ˆ E

= BEˆ. (1.8)

Lema 1.46. Sejam E um espa¸co vetorial normado, ( ˆE, ξ) o seu completamento e A ⊆ E. Ent˜ao ξ(AE)

ˆ E

= ξ(A)Eˆ.

Demonstra¸c˜ao: Mostraremos primeiro que ξ(AE)

ˆ E

⊆ ξ(A)Eˆ. Seja z ∈ ξ(AE)

ˆ E

, ent˜ao existe uma sequˆencia (zn) em A

E

tal que ξ(zn) −→ z. Fixando n ∈ N, como zn ∈ A E

, existe uma sequˆencia (xk) em A tal que xk −→ zn. Teremos da continuidade de ξ que

ξ(xk) −→ ξ(zn) e conclu´ımos que ξ(zn) ∈ ξ(A) ˆ E

, para todo n ∈ N. Da´ı temos z ∈ ξ(A)Eˆ

ˆ E

= ξ(A)Eˆ. Provaremos agora a inclus˜ao contr´aria. Dado y ∈ ξ(A)Eˆ, podemos tomar uma sequˆencia (yn) em A tal que ξ(yn) −→ y. Como A ⊆ A

E

, temos que (yn)

estar´a em AE. Portanto, y ∈ ξ(AE)

ˆ E

. 

Agora, sejam ( ˆE, ξ) o completamento do espa¸co normado E e A ⊆ E. Usando a identifica¸c˜ao (1.8) e o Lema 1.46, obtemos (AE)

ˆ E

(36)

1.4

Espa¸

cos de sequˆ

encias a valores vetoriais

O objetivo dessa se¸c˜ao ´e estudar os espa¸cos de sequˆencias a valores vetoriais `∞(E),

`p(E), `wp(E), `up(E) e co(E), onde E ´e um espa¸co normado. Veremos quais as condi¸c˜oes

para que esses espa¸cos sejam Banach e uma rela¸c˜ao de inclus˜ao entre eles. Nesse texto foram utilizadas as referˆencias [5], [6] e [13].

Seja E um espa¸co vetorial normado. Denotamos por `∞(E) o conjunto de todas as

sequˆencias limitadas em E, isto ´e, sequencias (xn)∞n=1 ∈ EN de tal modo que existe uma

constante M ≥ 0 tal que kxnk ≤ M , para todo n ∈ N. Simbolicamente,

`∞(E) = (xn)∞n=1 ∈ EN: (xn)∞n=1 ´e limitada em E .

´

E simples mostrar que `∞(E) ´e um espe¸co vetorial com as opera¸c˜oes usuais de sequˆencias

e que a fun¸c˜ao k·k: `∞(E) → [0, ∞) dada por

k(xn)∞n=1k∞:= sup n

kxnkE,

est´a bem definida e caracteriza uma norma em `∞(E).

Veremos a seguir em que condi¸c˜ao o espa¸co (`∞(E), k·k) ´e um espa¸co de Banach e a

demonstra¸c˜ao para esse resultado pode ser vista em [13, Proposi¸c˜ao 2.1.4].

Proposi¸c˜ao 1.47. (`∞(E), k·k∞) ´e um espa¸co de Banach se, e somente se, E ´e um espa¸co

de Banach.

Defini¸c˜ao 1.48. Seja E um espa¸co normado. O conjunto das sequˆencias que convergem para zero em E ser´a denotado por c0(E) e em s´ımbolos temos

c0(E) :=(xj)∞j=1: xj ∈ E, para todo j ∈ N e kxjkE −→ 0 .

N˜ao ´e dif´ıcil mostrar que c0(E) ´e um subespa¸co de `∞(E) e o pr´oximo resultado garante

que c0(E) ´e um espa¸co de Banach com a norma de herdada de `∞(E). A demonstra¸c˜ao

deste fato pode ser encontrada em [13, Teorema 2.2.4 (a)].

Proposi¸c˜ao 1.49. Seja E um espa¸co de Banach. Ent˜ao c0(E) ´e um subespa¸co fechado

de `∞(E). Consequentemente, (c0(E), k·k∞) ´e um espa¸co de Banach.

Defini¸c˜ao 1.50. Sejam E um espa¸co vetorial normado e 1 ≤ p < ∞. Dizemos que uma sequˆencia (xn)∞n=1 em E ´e fortemente p-som´avel se

P∞

n=1kxnk p

< ∞.

(37)

Em s´ımbolo temos `p(E) := ( (xn)∞n=1 ∈ EN: ∞ X n=1 kxnkp < ∞ ) .

Com as opera¸c˜oes usuais de sequˆencias, `p(E) ´e um espa¸co vetorial. Al´em disso, utilizando

a Desigualdade de Minkowski 1.10, n˜ao ´e dif´ıcil mostrar que a fun¸c˜ao k·kp : `p(E) −→ [0, ∞) (xn)∞n=17−→ k(xn)∞n=1kp = ∞ X n=1 kxnkp !1p ,

define uma norma em `p(E).

Proposi¸c˜ao 1.51. Seja E um espa¸co normado. Ent˜ao (`p(E), k·kp) ´e um espa¸co de

Banach se, e somente se, E ´e um espa¸co de Banach.

Demonstra¸c˜ao: Como `p(E) cont´em uma c´opia isom´etrica de E pela aplica¸c˜ao x ∈

E 7→ (x, 0, 0, · · · ) ∈ `p(E), que possui imagem fechada (´e um exerc´ıcio simples mostrar

isso), ent˜ao se `p(E) ´e um espa¸co de Banach, E tamb´em o ´e.

Reciprocamente, seja (xk)

k=1 uma sequˆencia de Cauchy em `p(E). Ent˜ao, para todo

ε > 0 existe k0(ε) = k0 ∈ N tal que

xk− xr

p <

ε

2, para todos k, r > k0. Em particular, xkj − xrj p ≤ ∞ X n=1 xkn− xrn p = xk− xr p p < ε 2 p , (1.9)

para todo j ∈ N e para todos k, r > k0. Desse modo, para cada j ∈ N, a sequˆencia (xkj)∞k=1

´e de Cauchy em E. Definamos y := (yj)∞j=1, onde yj = lim k→∞x

k j.

Afirma¸c˜ao: y ∈ `p(E) e xk → y.

De fato, temos que (1.9) implica em

m X n=1 xkn− xrn p <ε 2 p ,

para todo m ∈ N e para todos k, r > k0. Fazendo r → ∞, temos m X n=1 xkn− yn p ≤ε 2 p ,

(38)

para todo m ∈ N e todo k > k0. Agora, fazendo m → ∞ segue que ∞ X n=1 xkn− yn p = xk− y p ≤ε 2 p ,

para todo k > k0. Consequentemente, xk → y. Tomando k = k0 + 1, temos que

xk0+1− y = (xk0+1

n − yn)∞n=1 ∈ `p(E). Portanto, y = xk0+1− (xk0+1− y) ∈ `p(E). 

Defini¸c˜ao 1.52. Uma sequˆencia (xj)∞j=1 em E ´e dita ser fracamente p-som´avel quando ∞ X j=1 |ϕ(xj)| p < ∞, sempre que ϕ ∈ E0.

O conjunto de todas as sequˆencias fracamente p-som´aveis em E ser´a denotado por `w p(E). Em s´ımbolo, `wp(E) := ( (xn)∞n=1 ∈ EN: ∞ X n=1 |ϕ(xn)| p < ∞, ∀ ϕ ∈ E0 ) .

Observe que de (1.10) temos (xj)∞j=1 ∈ `wp(E) se, e somente se, (ϕ(xj))∞j=1 ∈ `p, para todo

ϕ ∈ E0. Al´em disso, n˜ao ´e dif´ıcil mostrar que `wp(E) ´e um espa¸co vetorial com as opera¸c˜oes usuais de sequˆencias.

Definimos a seguinte fun¸c˜ao sobre o espa¸co `w p(E): k·kp,w : `wp(E) −→ [0, ∞) (xj)∞j=1 7−→ (xj)∞j=1 p,w := sup ϕ∈BE0 ∞ X j=1 |ϕ(xj)|p !1p .

Com um argumento de gr´afico fechado, n˜ao ´e dif´ıcil provar que a fun¸c˜ao k·kp,w est´a bem definida e define uma norma sobre `wp(E) (as propriedades de norma s˜ao facilmente verificadas).

Mais ainda, utilizando a mesma t´ecnica usada na demonstra¸c˜ao da Proposi¸c˜ao 1.51 e com a ajuda do Teorema de Hahn-Banach, temos a seguinte proposi¸c˜ao:

Proposi¸c˜ao 1.53. (`w

p(E), k·kp,w) ´e um espa¸co de Banach se, e somente se, E um espa¸co

de Banach.

Defini¸c˜ao 1.54. Uma sequˆencia (xj)∞j=1 em E ´e dita ser incondicionalmente p-som´avel

quando lim n (xj)∞j=n p,w = 0.

(39)

Denotamos o espa¸co das sequˆencias incondicionalmente p-som´aveis por `up(E) := n (xj)∞j=1 ∈ ` w p(E) : limn (xj)∞j=n p,w = 0 o . (1.10) O termos incondicionalmente p-som´avel ´e justificado pelo seguinte resultado, cuja demonstra¸c˜ao pode se encontrada em [5, Proposition 8.3].

Proposi¸c˜ao 1.55. Um sequˆencia (xj)∞j=1 em E ´e incondicionalmente som´avel se, e

so-mente se, (xj)∞j=1 ∈ `u1(E).

Mostraremos a seguir que o espa¸co `u

p(E) ´e um espa¸co de Banach com a norma induzida

por `w p(E).

Proposi¸c˜ao 1.56. Seja E um espa¸co de Banach. Ent˜ao `u

p(E) ´e um subespa¸co fechado

de `wp(E) com a norma k·kp,w.

Demonstra¸c˜ao: A verifica¸c˜ao de que `u

p(E) ´e um subespa¸co vetorial de `wp(E) ´e

ime-diata. Mostraremos que `u

p(E) ´e fechado em `wp(E). Sejam (xk) ∞

k=1 uma sequˆencia de

Cauchy em `u

p(E) e x ∈ `wp(E) tais que xk → x em `wp(E). Observe que, para cada k ∈ N,

xk= (xk n) ∞ n=1 ∈ `up(E). Logo, lim l→∞ (xkn)∞n=l w,p = 0,

para todo k ∈ N. Em outras palavras, para todo ε > 0 existe l0 = l0(ε, k) ∈ N tal que

(xkn)∞n=l

w,p <

ε

2, (1.11)

para todo l > l0. Por outro lado, xk→ x em `wp(E) implica que existe k0 = k0(ε) ∈ N tal

que ε 2 > xk− x w,p = (xkn− xn)∞n=1 w,p = sup ϕ∈BE0 ∞ X n=1 ϕ(xkn− xn) p !p1 ≥ sup ϕ∈BE0 ∞ X n=l ϕ(xkn− xn) p !1p = (xkn)∞n=l− (xn)∞n=l w,p, (1.12)

para todo k > k0 e todo l ∈ N. De (1.11) e (1.12), para l > l0(ε, k0) e k = k0+ 1, temos

k(xn)∞n=lkw,p = (xn)∞n=l− (x k n) ∞ n=l+ (x k n) ∞ n=l w,p ≤ (xn)∞n=l− (x k n) ∞ n=l w,p+ (xkn)∞n=l w,p < ε 2 + ε 2 = ε, isto ´e, lim l→∞k(xn) ∞ n=lkw,p = 0. Logo x ∈ ` u p(E). 

Defini¸c˜ao 1.57. Seja E um espa¸co vetorial normado. Um subconjunto A ⊆ E ´e fraca-mente limitado se para todo funcional ϕ ∈ E0, ϕ(A) ´e limitado em K.

(40)

As defini¸c˜oes de conjunto limitado e fracamente limitado s˜ao equivalentes como mostra o lema a seguir, cuja demonstra¸c˜ao pode ser vista em [13, Lema 2.4.9].

Lema 1.58. Sejam E um espa¸co vetorial normado e A um subconjunto de E. Ent˜ao, A ´e limitado se, e somente se, A ´e fracamente limitado.

Proposi¸c˜ao 1.59. Sejam 1 ≤ p < ∞ e E um espa¸co de Banach. Ent˜ao `p(E)

1

,→ `up(E),→ `1 wp(E),→ `1 ∞(E).

Demonstra¸c˜ao: Seja (xj)∞j=1 ∈ `p(E). Ent˜ao,

(xj)∞j=1 w,p = sup ϕ∈BE0 ∞ X j=1 |ϕ(xj)|p !p1 ≤ sup ϕ∈BE0 ∞ X j=1 kϕkpkxjkp !1p = sup ϕ∈BE0  kϕk ∞ X j=1 kxjkp !1p = (xj)∞j=1 p sup ϕ∈BE0 kϕk = (xj)∞j=1 p.

Por fim, se (xj)∞j=1 ∈ `p(E) ent˜ao

P∞ j=1kxjkp < ∞ e assim lim n (xj)∞j=n w,p ≤ limn (xj)∞j=n p = 0. Portanto `p(E) 1 ,→ `u p(E). A inclus˜ao `u p(E) 1 ,→ `w

p(E) segue imediatamente da Proposi¸c˜ao 1.56.

Agora, seja (xj)∞j=1 ∈ `wp(E). Ent˜ao, ∞

X

j=1

|ϕ(xj)|p < ∞,

para todo ϕ ∈ E0. Logo, o conjunto {xj: j ∈ N} dos termos da sequˆencia (xj)∞j=1 ´e

fracamente limitado e, pelo Lema 1.58, ´e limitado. Assim, existe M ≥ 0 tal que kxjk ≤ M ,

para todo j ∈ N, e ent˜ao (xj)∞j=1 ∈ `∞(E). Al´em disso,

kxkk = sup ϕ∈BE0 |ϕ(xk)| ≤ sup ϕ∈BE0 ∞ X j=1 |ϕ(xj)| p !1p = (xj)∞j=1 w,p,

para todo k ∈ N. Tomando o supremo sobre k ∈ N, obtemos (xj)∞j=1

∞ ≤ (xj)∞j=1 w,p, donde `w p(E) 1 ,→ `∞(E). 

(41)

Produto Tensorial

Neste cap´ıtulo, apresentaremos o produto tensorial do ponto de vista alg´ebrico. Inicial-mente, definiremos os tensores elementares como funcionais lineares e o produto tensorial como um subespa¸co gerado por esses funcionais. Mostraremos as suas principais propri-edades, em especial, que o produto tensorial pode ser identificado como um espa¸co de lineariza¸c˜ao para aplica¸c˜oes bilineares. Al´em disso, apresentaremos duas outras formas de ver os tensores: como formas bilineares e como aplica¸c˜oes lineares. Restringindo nosso estudo aos espa¸cos vetoriais de dimens˜ao finita, veremos que os produtos tensoriais for-necer˜ao meios de compreender a dualidade de espa¸cos de aplica¸c˜oes lineares e de formas bilineares. Por fim, veremos alguns exemplos. Para o desenvolvimento desse cap´ıtulo utilizamos como referˆencias principais o livro [17] e a disserta¸c˜ao [20].

2.1

Produto tensorial de espa¸

cos vetoriais

Nesta se¸c˜ao, estudaremos a constru¸c˜ao do produto tensorial entre espa¸cos vetoriais e algumas de suas propriedades. Construiremos o produto tensorial dos espa¸cos vetoriais X e Y , X ⊗ Y , como um subespa¸co de funcionais lineares sobre B(X × Y ) da seguinte maneira: dados x ∈ X, y ∈ Y , denotaremos por x ⊗ y o funcional dado pela avalia¸c˜ao de uma forma bilinear A no ponto (x, y) ∈ X × Y , isto ´e,

x ⊗ y : B(X × Y ) −→ K

A 7−→ (x ⊗ y)(A) = A(x, y).

O funcional x ⊗ y ´e chamado tensor elementar. Temos ainda que o tensor x ⊗ y ´e linear. De fato, dados A, C ∈ B(X × Y ) e λ ∈ K, teremos

(42)

= A(x, y) + λC(x, y) = (x ⊗ y)(A) + λ(x ⊗ y)(C).

Defini¸c˜ao 2.1. O subespa¸co do dual alg´ebrico B(X × Y )#gerado pelos elementos x ⊗ y,

com x ∈ X e y ∈ Y , ser´a chamado de produto tensorial de X por Y , denotado por X ⊗ Y , e chamaremos os elementos de X ⊗ Y de tensores.

Em s´ımbolos, temos X ⊗ Y = span {x ⊗ y : x ∈ X, y ∈ Y } = ( n X i=1 λixi⊗ yi: n ∈ N, λi ∈ K, xi ∈ X, yi ∈ Y, i = 1, . . . n ) ,

e, portanto, um tensor t´ıpico em X ⊗ Y tem a forma

u =

n

X

i=1

λixi⊗ yi, (2.1)

com λi ∈ K, xi ∈ X, yi ∈ Y . Salientamos que essa forma de representa¸c˜ao do tensor u

n˜ao ´e ´unica. Essa n˜ao unicidade ser´a explorada mais adiante. Se u =Pn

i=1λixi⊗ yi ∈ X ⊗ Y e A ∈ B(X × Y ), ent˜ao a a¸c˜ao de u em A ´e dada por

u(A) = n X i=1 λiA(xi, yi). (2.2) ´

E importante ressaltar que o valor da express˜ao (2.2) n˜ao depende da representa¸c˜ao es-colhida para u.

Veremos a partir de agora algumas propriedades elementares dos produtos tensoriais. Proposi¸c˜ao 2.2. Sejam X, Y espa¸cos vetoriais e K um corpo. Ent˜ao

(i) (x1 + x2) ⊗ y = x1⊗ y + x2⊗ y, para todos x1, x2 ∈ X e y ∈ Y .

(ii) x ⊗ (y1+ y2) = x ⊗ y1+ x ⊗ y2, para todos x ∈ X e y1, y2 ∈ Y .

(iii) λ(x ⊗ y) = (λx) ⊗ y = x ⊗ (λy), para todos x ∈ X, y ∈ Y e λ ∈ K. (iv) 0 ⊗ y = x ⊗ 0 = 0, para todos x ∈ X e y ∈ Y .

Demonstra¸c˜ao: Seja A : X × Y −→ K uma forma bilinear. (i) Sejam x1, x2 ∈ X e y ∈ Y . Temos

((x1+ x2) ⊗ y)(A) = A(x1+ x2, y) = A(x1, y) + A(x2, y)

(43)

donde segue a igualdade desejada. (ii) Demonstra¸c˜ao an´aloga a de (i).

(iii) Sejam x ∈ X, y ∈ Y e λ ∈ K. Temos que (λ(x⊗y))(A) = λ((x⊗y)(A)) = λA(x, y) = A(λx, y) = A(x, λy). Isso implica que (λ(x ⊗ y))(A) = ((λx) ⊗ y)(A) = (x ⊗ (λy))(A), donde segue o resultado.

(iv) Basta tomar λ = 0 no item (iii).  Ressaltamos que a representa¸c˜ao do tensor u ∈ X ⊗ Y dada em (2.1) pode ser rescrita usando o item (iii) da Proposi¸c˜ao 2.2, na forma

u =

n

X

i=1

zi⊗ yi,

onde zi = λixi. Assim, sem perda de generalidade, utilizaremos indistintamente qualquer

uma das representa¸c˜oes.

A pr´oxima proposi¸c˜ao mostra como conjuntos linearmente independentes e bases po-dem ser transferidos dos espa¸cos vetoriais para o produto tensorial.

Proposi¸c˜ao 2.3. Sejam X e Y espa¸cos vetoriais.

(a) Sejam W e Z subconjuntos linearmente independentes de X e Y respectivamente. Ent˜ao {x ⊗ y : x ∈ W, y ∈ Z} ´e um subconjunto linearmente independente de X ⊗Y . (b) Sejam {wi: i ∈ I} e {zj: j ∈ J } bases para X, Y respectivamente. Ent˜ao o conjunto

{wi⊗ zj: (i, j) ∈ I × J } ´e uma base para X ⊗ Y .

Demonstra¸c˜ao: (a) Sejam n ∈ N, u = Pn

i=1λixi ⊗ yi ∈ X ⊗ Y tal que xi ∈ W e

yi ∈ Z. Suponha que u = 0 e considere A : W × Z −→ K uma forma bilinear definida

por A(x, y) = ϕ(x)ψ(y), onde ϕ ∈ X#, ψ ∈ Y# funcionais lineares n˜ao-nulos. Temos que u(A) = 0, pois u ´e um funcional linear que n˜ao se anulam. Da´ı, temos

u(A) = n X i=1 λiA(xi, yi) = n X i=1 λiϕ(xi)ψ(yi) = ψ n X i=1 λiϕ(xi)yi ! = 0,

para todo ψ ∈ Y#. Segue que Pn

i=1λiϕ(xi)yi = 0 e assim, como Z ´e linearmente

in-dependente, temos λi = 0, i = 1, . . . , n. O resultado segue ent˜ao de (iv) da Proposi¸c˜ao

2.2.

(b) Como, por hip´otese, os conjuntos {wi: i ∈ I} e {zj: j ∈ J } s˜ao linearmente

indepen-dentes, ent˜ao pelo item (a) o conjunto {wi⊗ zj: (i, j) ∈ I × J } ´e linearmente

Referências

Documentos relacionados

O Cap´ıtulo 4 apresenta uma aplica¸c˜ ao dos m´ etodos de maximiza¸c˜ ao da utilidade esperada tratados no cap´ıtulo anterior, na qual discutimos duas poss´ıveis solu¸c˜ oes

Exerc´ıcio 41: Mostre que se dois lados de um triˆangulo n˜ao s˜ao congru- entes, ent˜ao os dois ˆangulos opostos a estes lados tamb´em n˜ao s˜ao congru- entes.. Mostre que o

Os citˆometros de fluxo atuais utilizam um fluido l´ıquido para conduzir a c´elula at´e a regi˜ao de medi¸c˜ao e baseiam-se no princ´ıpio da focaliza¸c˜ao

Vamos na presente se¸c˜ ao (cuja leitura ´e dispens´ avel para o desenvolvimento da teoria de integra¸c˜ ao de Lebesgue que se lhe segue) aprofundar um pouco mais a teoria

Na Se¸c˜ ao 39.8 desenvolvemos a teoria dos operadores compactos em espa¸cos de Banach e de Hilbert e obtemos resultados gerais sobre o espectro de tais operadores, o Teorema

A partir de 1970, saúde individu- al e coletiva têm suas responsabili- dades explicitadas pelos primeiro e se- gundo Planos Nacionais de Desenvol- vimento — PND. O esgotamento do

Protótipo em papel do produto em baixa fidelidade e com funcionalidade limitada para testes de usabilidade É interessante fazê-lo em escala real para se aproximar de uma experiência

Como sugestão, as empresas pesquisadas poderiam explorar mais as ferramentas da controladoria, usar em seu favor os benefícios das informações geradas por este setor, pois ela