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Mortalidade determinada por anomalias congênitas em Pernambuco, Brasil, de 1993 a 2003.

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* Correspondência Av. Rui Barbosa, 579, apto 406 – Graças – Recife/ PE CEP: 52011-040

Tel.: (81) 3221-7924 alexrolland@uol.com.br

RESUMO

O

BJETIVO

.

Determinar a magnitude e a tendência temporal dos óbitos ocorridos por malformações congênitas no Estado de Perna mbuco, no período de 1993 a 2003.

M

ÉTODOS

.

Trata-se de um estudo observacional, descritivo, com tendência temporal, em que foram incluídos todos os casos de óbitos por ma lforma ções congênita s, no Esta do de Perna mbuco, obtidos do ba nco de da dos do Sistema de Informa ções sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, no período de 1993 a 2003.

R

ESULTADOS

.

O correra m 3 .9 6 0 óbitos em menores de um a no e 9 8 9 óbitos feta is, no período de 1 9 9 3 a 2 0 0 3 , determina dos por ma lforma ções congênita s no Esta do de Perna mbuco. O s coeficientes de mortalidade fetal, neonatal precoce, perinatal, neonatal e em menores de um ano por malformações congênitas foram de 0,57; 1,20; 1,76; 1,59; e 2,33, respectiva mente. Na curva de tendência tempora l, de 1993 a 2003, observou-se uma tendência crescente pa ra os coeficientes de mortalidade neonatal precoce (p = 0,003), perinatal (p = 0,005), neonatal (p = 0,0007) e menores de um ano (p = 0,02), porém não se encontrou significância para o coeficiente de mortalidade fetal (p = 0,55).

C

ONCLUSÃO

.

No período de 1993 a 2003 houve uma tendência crescente dos coeficientes de mortalidade neonatal precoce, perinatal, neonatal e em menores de um ano por malformações congênitas no Estado de Pernambuco. Entretanto, vale ressaltar que esta tendência crescente pode ter sido influenciada pela melhora dos registros de óbitos e pela queda da mortalidade infantil no Estado de Pernambuco.

UN ITERM O S: Coeficiente de morta lida de. Ma lforma ções congênita s. Morta lida de infa ntil. Morta lida de perina ta l. Morta lida de neona ta l.

MORTALIDADE

DETERMINADA

POR

ANOMALIAS

CONGÊNITAS

EM

PERNAMBUCO

,

BRASIL

,

DE

1993

A

2003

TARCIANA ALBUQUERQUE MARENGADE ARRUDA, MELANIA MARIA RAMOSDE AMORIM, ALEX SANDRO ROLLAND SOUZA*

Trabalho realizado no Centro de Atenção à Mulher - Instituto Materno Infantil Professor Fernando Figueira (IMIP), Recife, PE

I

NTRODUÇÃO

As ma lforma ções congênita s ca ra cteriza m-se pela presença de um defeito físico a o na scimento, podendo ou nã o ter etiologia genética1. A

incidência desta s encontra -se entre 2 % e 3 % dos na scidos vivos2,3, e

podem esta r loca liza da s em diferentes órgã os e sistema s. Os principa is fa tores etiológicos sã o a s condições hereditá ria s (genética s), exposiçã o a substâ ncia s (medica mentos, á lcool e d roga s ilícita s), infecções (citom e ga lovirose, rubéola e toxopla smose) e ra dia ções, sendo que na m a ioria da s vezes a s ra zões sã o desconhecida s4,5.

Tod a s a s popula ções estã o exposta s a os riscos de desenvolverem m alforma ções congênita s. Entreta nto, a freqüência e o tipo desta s ma lforma ções va ria m com a ra ça , a etnia e a s condições socioe conôm ica s. Sendo a ssim, o a cesso a os serviços de sa úde, a nutriçã o, o estilo de vida e a educa çã o ma terna sã o fa tores a ssocia dos à o corrência de a noma lia s, pa rticula rmente os defeitos do tubo neura l6.

Tem sido rela ta da ma ior freqüência de ma lforma ções menores (a quela s que nã o têm implica çã o funciona l ou cosmética importa nte) na ra ça negra , como prega simiesca , sinda ctilia e dedos supra numerá rios; e de m alforma ções ma iores (a noma lia s leta is ou que a feta m significa ti-va mente a funçã o ou a a pa rência , requerendo tra ta mento médico ou cirúrgico); e múltiplas na raça branca7.

A morta lida de por ma lforma ções congênita s a feta principa lmente cria nça s no primeiro a no de vida . Assim, estã o entre a s dez primeira s ca usa s de morta lida de infa ntil no mundo. Estima -se que a ta xa de fetos m alforma dos seja de 5% na América La tina , a presenta ndo pa ra a população gera l um considerá vel a umento da morbida de neona ta l8.

N o Brasil, as malformações congênitas estão em segundo lugar entre as causas de mortalidade infantil e em terceiro na mortalidade de menores de cinco a nos, sendo responsá veis por 10,5% desta s. Entre os a nos de 1995 e 1997, a morte por malformações ultrapassou a mortalidade por dia rréia e por infecções respira tória s. Em 1997, a s a noma lia s ca rdiova scula res fora m responsá veis por 39,4% de toda s a s mortes por malform açõe s e as anomalias do sistema nervoso central por 18,8%9.

As mortes determina da s pela s a noma lia s congênita s sã o extrema -mente difíceis de serem prevenida s. H á uma tendência de a umento nesta taxa à medida que a mortalidade por outras causas diminui. O u tro importa nte ponto é que interna ciona lmente a ta xa de morta lida de por m alforma ções feta is a presenta pouca va ria bilida de tempora l e geográ -fica , sendo considera da um ótimo indica dor da consistência dos da dos9.

(2)

O acom pa nha mento da gesta çã o e a s sua s influência s sobre o de se nvolvim e nt o m orfológico fe t a l pe rm it e m que a m a ioria da s doença s da gesta çã o e do feto possa m ser dia gnostica da s em fa se precoce. Antes de 1 9 7 8 , o dia gnóstico da s a noma lia s feta is pela ultra -sonogra fia era ra ro e, qua ndo isto ocorria , tra ta va m-se de a noma lia s feta is que nã o oferecia m dúvida s qua nto à conduta obstétrica , porque gera lmente era m leta is, como a a nencefa lia . A pa rtir de entã o, houve m elhora da t ecnologia , com a obt ençã o de m elhor qua lida de dos exa m es de im a gem .

Atua lmente, a medicina feta l fa z o dia gnóstico pela ultra -sonogra fia m orfológica fetal da maioria das anom a lia s congênita s e procura ta m-bé m ofe re ce r um a terapêutica intra-útero para alguns casos. Este tra ta mento pode ser pa lia tivo ou definitivo, dependendo da a ltera çã o feta l. Sa be-se, entreta nto, que pa ra muita s da s ma lforma ções congênitas, principalmente as anomalias maiores, não há tratamento intra -útero culmina do com a morte do concepto.

N ão obst ante todo este a va nço, a prevençã o da s ma lforma ções congênita s se fa z essencia l na sa úde pública , ou seja , no nível primá rio, tendo como objetivo fina l tenta r diminuir a morbi-morta lida de feta l10.

Com o obje t ivo de re duzir os coe ficie nt e s de m ort a lida de por m alforma ções congênita s, sugerem-se a lguma s medida s preventiva s, como: a ssegura r a dequa da ingestã o de fola tos por oca siã o da concepçã o; evita r ingestã o de bebida s a lcoólica s e utiliza çã o de droga s ou m edica m ent os durante a gra videz; tra ta r o dia betes a ntes da concepçã o e continua r o seu tra ta mento dura nte a gesta çã o; e rea liza r tria gem feta l pa ra a bortos seletivos, nos pa íses onde estes sã o permi-tidos. Entreta nto, é muito difícil implementa r toda s esta s estra tégia s de forma a obter rea l impa cto em nível na ciona l9.

O presente estudo tem por objetivo determinar a magnitude e a tendência temporal dos coeficientes de mortalidade determinados por malformações congênitas, no Estado de Pernambuco, no período de 1993 a 2003, e avaliar o impacto destas malformações sobre a mortalidade fetal, neonatal precoce, perinatal, neonatal e em menores de um ano de vida.

M

ÉTODOS

O Estado de Pernambuco encontra-se localizado no centro-leste da Região Nordeste do Brasil, apresenta uma área geográfica de 98.938 km2

e uma população total de 7.918.344 habitantes, pelo censo de 200011.

A fonte de da dos de óbitos por ma lforma ções congênita s foi a série histórica obtida do Sistema de Informa ções sobre Morta lida de (SIM) do Ministério da Sa úde e da Secreta ria Esta dua l de Sa úde, no Esta do de Perna mbuco, referente a o período de 1 9 7 9 a 2 0 0 3 . A fonte dos da dos de na scimento pa ra o cá lculo dos coeficientes de morta lida de foi t a m bém a série hist órica obt ida do Sist em a de N a scidos Vivos (SINASC) do Ministério da Sa úde e da Secreta ria Esta dua l de Sa úde, no Estado de Perna m buco, referente a o período de 1 9 9 3 a 2 0 0 3 . Todos os da dos fora m a na lisa dos sem a correçã o pa ra o sub-registro. Esta s fontes de da dos fora m seleciona da s a pa rtir dos ba ncos de da dos do DATASUS, via internet.

Para determinar a magnitude e a tendência temporal dos coeficientes de mortalidade determinados por malformações congênitas, no Estado de Pernambuco, foi analisado o período de 1993 a 2003. Entretanto, para

Tra ta -se de um estudo de observa ciona l descritivo, com tendência tempora l, em que fora m incluídos todos os ca sos de óbitos determina -dos por ma lforma ções congênita s no Esta do de Perna mbuco.

As a noma lia s congênita s fora m definida s como a presença de qua lquer a ltera çã o estrutura l a o na scimento, registra da como a ca usa bá sica de morte na decla ra çã o de óbito. O s tipos de ma lforma ções congênita s que determina ra m a morte do feto e do infa nte (ca usa básica) fora m a grupa dos nos diversos sistema s orgâ nicos, de a cordo com a CID 9 , pa ra os a nos de 1 9 7 9 a 1 9 9 5 , e a CID 1 0 , pa ra os a nos de 1 9 9 6 a 2 0 0 3 , descrevendo-se os defeitos e a grupa ndo-os em qua isquer dos seguintes grupos de ca usa s: sistema nervoso centra l (CID9 7 4 0 .0 a 7 4 2 .9 e CID1 0 Q 00.0 a Q 07.9), sistema cardiovascular (CID9 7 4 5 .0 a 7 4 7 .9 e CID1 0 Q 20.0 a Q2 8 .9 ), sistem a músculoesquelético (CID9 7 5 4 .0 a 7 5 6 .9 e CID1 0 Q 66.8 a Q79.9), sistema urogenita l (CID9 7 5 2 .1 a 7 5 3 .9 e CID1 0 Q 60.0 a Q64.9), sistema pulmona r (CID9 7 4 8 .0 a 7 4 8 .9 e CID1 0 Q3 0 .0 a Q 34.9), fissura lábio-palatina (C ID9 7 4 9 .0 a 7 4 9 .6 e CID1 0 Q3 5 .9 a Q 37.9), a pa relho digestivo (CID9 7 5 0 .2 a 7 5 1 .9 e CID1 0 Q 38.2 a Q45.9), anoma lia s congênita s de ouvido, fa ce e pescoço (CID9 7 4 4 .8 e CID1 0 Q 1 5 .0 e Q1 8 .8 ), a noma lia s cromossômica s (CID9 7 5 8 .0 a 7 5 8 .9 e C ID1 0 Q9 0 .0 a Q 99.9) e outras anomalias (C ID9 757.1, 759.0 a 759.9 e CID1 0 Q 80.0 a Q8 9 .9 )1 2 ,1 3.

A ca usa bá sica de morte foi definida segundo a Sexta Revisã o da Cla ssifica çã o Esta tística Interna ciona l de Doença s, em 1948, que ado tou o Modelo Interna ciona l de Atesta do de Óbito, utiliza do desde o ano de 1950 a té os dia s a tua is. Assim, define-se ca usa bá sica de morte como sendo “a doença ou lesã o que iniciou a ca deia de a contecimentos patológicos que conduzira m direta mente à morte ou à s circunstâ ncia s do a cidente ou violência que produzira m a lesã o fa ta l”1 2 ,1 3.

As freqüência s da s va riá veis fora m ca lcula da s e, posteriormente, obtivera m-se os cá lculos brutos dos coeficientes de morta lida de por m alforma ções, como se segue: coeficiente de morta lida de feta l, defini-do com o o núm e ro de óbit os fe t a is por ma lforma ções em determina defini-do ano e luga r, por mil na scidos vivos e mortos na quela mesma á rea e período; coeficiente de morta lida de neona ta l precoce, o número de óbit os de zero a sete dia s por ma lforma ções em determina do a no e luga r, por mil na scidos vivos na quela mesma á rea e período; coeficiente de morta lida de perina ta l, que inclui dois componentes, o coeficiente de morta lida de feta l e o coeficiente de morta lida de neona ta l precoce; coeficiente de morta lida de neona ta l, ca lcula do pelo número de óbitos de zero a 2 8 dia s por ma lforma ções em determina do a no e luga r, por mil na scidos vivos na quela mesma á rea e período; e o coeficiente de m orta lida de infa ntil obtido pelo núm ero de óbitos em m enores de um ano por m a lform ações em determina do a no e luga r, por mil na scidos vivos na quela mesma á rea e período.

A análise estatística foi realizada pela representação gráfica da curva de tendência tempora l da s ta xa s bruta s de morta lida de, bem como o cá lculo do teste Q ui-qua dra do de tendência pelo progra ma Epi-Info 3.3.2. O nível de significância adotado para a análise foi de 5% .

(3)

na Decla ra çã o de H elsinki (1964) e a tua liza da pela 52ª Assembléia Ge ra l da Associa çã o Médica Mundia l, em Edimburgo (2000).

R

ESULTADOS

No Esta do de Perna mbuco ocorrera m 8 .1 4 4 óbitos em menores de um ano e 2.146 óbitos fetais determinados por malformações congênitas no período de 1979 a 2003, dos qua is 3.960 óbitos em menores de um a no e 989 óbitos feta is ocorrera m no período de 1993 a 2003.

No período de 1 9 9 3 a 2003 obtiveram-se os seguintes resultados para os coeficientes brutos de mortalidade determinados por malformações congênitas: o coeficiente de mortalidade fetal de 0,57; o coeficiente de mortalidade neonatal precoce de 1,20; o coeficiente de mortalidade perinatal de 1,76; o coeficiente de mortalidade neonatal de 1,59; e o coeficiente de mortalidade em menores de um ano de 2,33 (Tabela 1).

Foram construídas curvas de tendência temporal de 1993 a 2003, observa ndo-se uma tendência crescente pa ra os coeficientes de

mortalidade neonatal precoce (p = 0,003), perinatal (p = 0,005), neona ta l (p = 0 ,0 0 0 7 ) e menores de um a no (p = 0 ,0 2 ) por malformações congênitas no Estado de Pernambuco. Para o coeficiente de morta lida de feta l por a noma lia s congênita s nã o foi encontra da significância (p = 0,55), mantendo-se estável ao longo dos anos (Figura 1).

Pa ra descrever a s principa is ca usa s bá sica s de óbitos determina dos por ma lforma ções congênita s foi utiliza do o período de 1 9 7 9 a 2 0 0 3 . Assim, dentre a s ma lforma ções congênita s responsá veis pelo óbito de recém-na scidos e menores de um a no, a s do sistema ca rdiova scula r fora m a s ma is freqüentemente encontra da s, representa ndo 4 1 % do tota l de óbitos. Em seguida , viera m a s ma lforma ções do sistema ne rvoso ce nt ra l, 2 1 % dos ca sos; a s do sistema digestivo, 1 0 % dos

Figura 2 - Óbitos de recém-nascidos menores de um ano portadores de malformações congênitas nos sistemas orgânicos, no período de 1979 a 2003,

no Estado de Pernambuco (SNC - Sistema cardiovascular; SNC - Sistema nervoso central; SD - Sistema digestivo; SOM - Sistema osteomuscular;

Outras - Anomalias cromossômicas, sistema respiratório e sistema genitourinário)

Figura 1 - Tendência dos coeficientes de mortalidade fetal, neonatal precoce, perinatal, neonatal e em menores de um ano por malformações congênitas, no período de 1993 a 2003, no Estado de Pernambuco (* sem significância; ** p < 0.05) Tabela 1 - Coeficientes de mortalidade fetal, neonatal precoce, perinatal,

neonatal e em menores de um ano por malformações congênitas, no período de 1993 a 2003, no Estado de Pernambuco

Mortalidade Óbitos Nascidos Total de nascimentos Coeficiente vivos (vivos e mortos) de Mortalidade

Fetal 989 1.700.537 1.725.940 0,57 * Neonatal precoce 2.043 1.700.537 1.725.940 1,20 ** (0 a 7dias)

Perinatal 3.032 1.700.537 1.725.940 1,76 * Neonatal 2.698 1.700.537 1.725.940 1,59 ** (0 a 28 dias)

< 1 ano 3.960 1.700.537 1.725.940 2,33 **

(4)

ca sos; e a s do sistema osteomuscula r, 4 % dos ca sos. O utras m alforma ções, como a noma lia s cromossômica s, sistema respira tório e sistema genitouriná rio, fora m responsá veis por 2 4 % dos óbitos em menores de um a no (Figura 2 ).

Ana lisa ndo a s ma lforma ções do sistema nervoso centra l em meno-re s de um ano no Esta do de Perna mbuco, os defeitos a bertos do tubo neura l fora m os ma is freqüentemente encontra dos como ca usa bá sica de morte, sendo que a a nencefa lia representou 3 8 % deste tota l, a espinha bífida 21% , a encefa locele 5% e outra s ma lforma ções do sistema nervoso centra l representa ra m 3 6 % dos ca sos.

Dentre os óbitos feta is por a noma lia s congênita s, 4 2 % destes rela ciona ra m -se a m a lform a ções do sistem a nervoso centra l. Malforma ções do sistema ca rdiova scula r e do sistema osteomuscula r representa ra m, respectiva mente, 6 % e 3 % do tota l de óbitos. O utras m alform a çõe s, com o anom a lia s cromossômica s, sistema digestivo, sistema genituriná rio e sistema respira tório, fora m responsá veis por 4 9 % dos óbitos por ma lforma ções congênita s nos fetos.

A a nencefa lia foi a principa l ca usa bá sica de morte entre os fetos porta dores de defeitos a bertos do tubo neura l, tendo sido encontra da em 7 3 % dos ca sos. A espinha bífida e a encefa locele representa ra m, ca da uma , 2% dos óbitos feta is, e outra s ma lforma ções do sistema ne rvoso ce nt ral fora m responsá veis por 2 3 % da s mortes.

D

ISCUSSÃO

N o Bra sil, obse rvou- se um de cré scim o de 7 1 % na t a xa de m ort a lida de infa nt il e nt re os a nos de 1 9 3 0 e 1 9 9 0 , e m bora t e nha m sid o ob se rva dos pe ríodos de e st a bilida de e a t é m e sm o de e le va çã o de st e s coe ficie nt e s. As m a iore s re duçõe s da m ort a lida de infa nt il o corre ra m na s Re giõe s Sul, Sud e st e e Ce nt ro- O este 1 4. M e sm o

com est a im port a nt e reduçã o na s t a xa s de m ort a lida de infa nt il, pe rsist e m dife re nt e s níve is e pa drõe s de de clínio da s t a xa s e nt re re giõe s ge ográ fica s e e nt re subgrupos popula ciona is no int e rior da s re giõe s, e st a d os e m unicípios1 4 -1 6.

Em contra pa rtida , observou-se que o coeficiente de m orta lida de e m m e nore s de um a no de t e rm ina do por m a lform a çõe s congê nit a s, no Esta do de Perna m buco, a presentou um a créscim o significa nte no período de 1 9 9 3 a 2 0 0 3 . Prova velm ent e, ist o se deve a dua s situa ções principa is.

Em prim eiro luga r, vem ocorrendo um a crescente melhoria dos registros de óbitos. Segundo, sa be-se que, à medida que sã o reduzida s a s m ort e s no pe ríodo ne ona ta l ta rdio, há uma concentra çã o de óbitos na primeira sema na e predomina nte na s primeira s hora s de vida 17.

Além do que, o componente pós-na ta l é o responsá vel pela ma ior pa rte da reduçã o da morta lida de infa ntil na s última s déca da s e o componente neona ta l, de zero a 28 dia s de vida , representa uma gra nde pa rcela da taxa de mortalidade infantil18. Assim, esta ma ior proporçã o pode esta r

relacion ada ao fato da s política s de reduçã o da morta lida de infa ntil visarem, principa lmente, a s doença s da infâ ncia e a dia rréia , cujo controle a ca rreta ma ior impa cto no decréscimo da ta xa de morta lida de e m m e nore s de um ano e um aumento na s ta xa s de morta lida de por m alforma ções congênita s.

Ressa lta -se a inda , que medida s visa ndo a reduçã o da morta lida de

perinatal e neonatal , nã o oca siona ria m uma gra nde reduçã o destes coeficientes, já que esta s medida s a presenta m gra ndes dificulda des pa ra serem implantadas9,19.

O a umento expressivo no coeficiente de morta lida de neona ta l a partir de 1995 aponta para uma queda na qualidade da assistência obstétrica e neona ta l, ta lvez motiva da pelo eleva do percentua l de cesá rea s e pela superlota çã o dos berçá rios. Entreta nto, a reduçã o da morta lida de neona ta l é ma is difícil, já que sua prevençã o envolve investimentos em serviços hospita la res de tecnologia ma is complexa19.

Em nosso est udo, foi observa da uma tendência crescente do coeficien-te de morta lida de neona ta l precoce, perina ta l, neona ta l e em menores de um a no por ma lforma ções congênita s no período de 1 9 9 3 a 2 0 0 3 . Apesa r da disponibilida de de toda s esta s informa ções, pouco se conhece sobre a rea l evoluçã o dos componentes neona ta l e pós-na ta l da morta lida de infa ntil em nosso meio, porque a s esta tística s oficia is sã o pouco úteis em conseqüência do sub-registro de na scimentos e de óbitos. O a umento da morta lida de neona ta l, observa do especia lmente a pa rtir de 1 9 8 8 , pode ter ocorrido tota l ou pa rcia lmente em virtude de um a rtifício provoca do pela melhora do registro destes óbitos. Esta eleva çã o coincidiu com a impla nta çã o do Sistema Único de Sa úde (SUS), com a universa liza çã o do a tendimento à sa úde e com o a umento do núm ero de leit os em berçá rios de cuidados int erm ediários e intensivos disponíveis pa ra a popula çã o20.

Desta forma , a melhoria do a tendimento pré-na ta l pode ter ma s-carado o possíve l aumento do coeficiente de morta lida de feta l por m alforma ções congênita s. Ressa lta mos que nosso tra ba lho foi rea liza do utiliza ndo os coeficientes brutos sem a utiliza çã o de fa tores de corre-ção , o que pode explica r esta tendência crescente dos coeficientes de morta lida de neona ta l precoce, perina ta l, neona ta l e em menores de um a no determina dos por ma lforma ções congênita s neste período.

Em consonâ ncia com a litera tura3,9,21, encont rou-se que a s

m alforma ções do sistema nervoso centra l fora m a s principa is ca usa s de óbitos entre os fetos (4 2 % ), a o pa sso que no grupo dos menores de um ano a s ma lforma ções do sistema ca rdiova scula r preva lecera m (41% ). Em a mbos os grupos, a a nencefa lia foi o defeito a berto do tubo neura l m a is encontra do como ca usa bá sica de morte. Cumpre desta ca r que os defeitos a bertos do tubo neura l, a pesa r da eleva da morbi-morta lida de, são p a ssíveis de prevençã o em gra nde esca la por m eio da suplementa çã o de á cido fólico6,9,10,22,23, enqua nto o tra ta mento da s

cardiopatias depende fundamentalmente da assistência pós-natal9.

C

ONCLUSÃO

É necessá rio considera r a s enormes possibilida des a berta s pela medicina feta l pa ra o dia gnóstico e tra ta mento pré-na ta l da s m alform a ções, bem com o a criação de um progra ma de ra strea mento de ca rdiopa tia s congênita s e a fortifica çã o da fa rinha de trigo com á cido fólico pa ra a prevençã o de ma lforma ções do sistema nervoso, medida esta já a dota da pelo governo bra sileiro. A Resoluçã o – RDC n° 3 4 4 , de 1 3 de dezembro de 2 0 0 222, foi a prova da e regula mentou a fortifica çã o

(5)

n-após a fort ifica çã o da s fa rinha s de t rigo e m ilho com fe rro e á cido fólico, já que gra nde pa rce la da s a nom a lia s congê nit a s de ve -se a os de fe it os a be rt os do t ubo ne ura l.

É certo que a morta lida de determina da por ma lforma ções congê-nita s e cromossomopa tia s tenha gra nde pa rticipa çã o no tota l de mortes fet a is e em m enores de um a no. Por isso, fa z-se necessá rio o de se nvolvim e nt o de m a is estudos pa ra que se possa m conhecer melhor as características destas anomalias e para que, assim, sejam implementa da s medida s ma is efica zes pa ra sua prevençã o, o seu dia gnóstico precoce e, conseqüentemente, um tra ta mento oportuno, reduzindo a sua influência sobre a morta lida de infa ntil.

Conflito de interesse:

não há

S

UMMARY

M

ORTALITY CAUSED BY CON GEN ITAL AN OMALIES IN

P

ERN AMBUCO

, B

RAZIL FROM 1993 TO 2003

BACKGROU N D. To e st ablish m agnitude and tem poral trend of deaths by

congenital m alform ations in Pernam buco state in N ortheast of Braz il, from 1993 to 2003.

METH O D S. This is an observational descriptive study, w ith the tem poral

trend including all cases of death caused by congenital m alform ations, obtained from the database of the M ortality Inform ation System of the M inistry for H ealth.

RESU LTS.From 1993 to 2003, 3.960 infant deaths and 989 stillbirths

caused by congenit al m alform at ions we re re gist e re d in Pe rnam buco. The coefficients of fetal, early neonatal, perinatal, neonatal and infant (< 1 ye ar) m ort alit y w ere 0 .5 7 , 1 .2 0 , 1 .7 6 , 1 .5 9 and 2 .3 3 , respect ively. A rising t endency was observed in t he t em poral curve from 1 9 9 3 to 2 0 0 3 when coefficients of early neonatal (p = 0 .0 0 3 ), perinatal (p = 0.005), neonatal (p = 0.0007) and infant (p = 0.02) m ortality were studied but no statistical significance w as detected for the fetal m ortality coefficient (p= 0 .5 5 ).

CO N C LU S IO N. From 1 9 9 3 t o 2 0 0 3 a rising t e nde ncy in t he

coefficient s of early neonat al, perinat al, neonat al and infant m ort alit y w as found in t he st at e of Pe rnam buco. This t re nd m ay have be e n be influenced by an im provem ent in t he deat h regist rat ion records and by a de cline of infant m ort alit y in t he st at e of Pe rnam buco. [Re v Assoc Med Bras 2008; 54(2): 122-6 ]

KEY W O RD S: Morta lity Ra te. Congenita l Ma lforma tions. Perina ta l Mortality. Infant Mortality. Neonatal Mortality.

R

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