UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ
FÍSICA – PROVA DE TRANSFERÊNCIA INTERNA, EXTERNA E PARA PORTADOR DE DIPLOMA DE CURSO SUPERIOR – 11/06/2017
CANDIDATO: ___________________________________________________________________ CURSO PRETENDIDO: ___________________________________________________________ OBSERVAÇÕES: 01 – Prova sem consulta.
02 – Duração: 2 HORAS
1ª Questão (10 pontos): Em situações em que a resistência do ar não pode ser
desprezada, o módulo da aceleração de um objeto que cai a partir do repouso é dado por a (t) = gec t . Nessa função, t é o tempo, g é a aceleração da gravidade e c é uma constante.
No Sistema Internacional de Unidades (SI), a unidade da constante c é:
a) m b) m s1
c) m s2
d) s1
Solução: Alternativa (d). O argumento da função exponencial é adimensional. Como o tempo é dado em segundos (s) no SI, a unidade da constante c será s1.
2ª Questão (10 pontos): Considere a mesma situação descrita na questão anterior. O
gráfico que melhor representa o módulo da aceleração desse objeto em função do tempo é:
(a) (b) (c) (d)
3ª Questão (10 pontos): A figura abaixo mostra um bloco em repouso sobre uma mesa
horizontal. Se a magnitude da força externa F aplicada ao bloco for igual a 5,0 N, é correto afirmar que a magnitude da força de atrito estático entre bloco e a mesa:
a) é igual a zero;
b) é maior do que zero e menor do que 5,0 N; c) é igual a 5,0 N;
d) é maior do que 5,0 N;
Solução: Alternativa (c). Se o bloco está em repouso, a soma das forças que atuam sobre ele deve ser zero. Se a magnitude da força externa é 5,0 N e aponta para a direita, a força de atrito estático terá a mesma magnitude, a mesma direção e sentido contrário.
4ª Questão (10 pontos): A tabela ao lado lista o
momento de inércia, em relação a um determinado eixo fixo, de quatro objetos homogêneos de mesma massa M e mesmo raio R. Cada um deles, no entanto, tem uma distribuição de massa diferente. Se eles tiverem a mesma velocidade angular, qual terá o menor momento angular?
a) Aro b) Disco c) Casca esférica d) Esfera maciça Objeto Momento de inércia Aro MR 2 Disco (1/2) MR 2 Casca esférica (2/3) MR 2 Esfera maciça (2/5) MR 2
Solução: Alternativa (d). A magnitude do momento angular em torno de um eixo fixo L de um objeto com momento de inércia I e velocidade angular
é dado por L = I
. Se a velocidade angular for a mesma para todos eles, aquele que tiver o menor momento de inércia terá o menor momento angular.5ª Questão (10 pontos): Uma esfera maciça é solta a
partir do repouso de uma altura h (ponto A) e rola sem deslizar ao longo do trilho mostrado na figura abaixo. Supondo que o raio do trecho circular do trilho seja um terço da altura h, assinale a alternativa que corresponda à velocidade da esfera ao chegar ao ponto B. Considere que r, o raio da esfera, seja muito menor do que a altura h. Dado: Iesfera = (2/5) m r 2.
a) v 10gh/21 b) v 2gh/3 c) v 20gh/21 d) v 10gh/7
6ª Questão (10 pontos): Uma esfera rola sem deslizar sobre a superfície de uma mesa
horizontal de 80 cm de altura. Supondo que o efeito da resistência do ar possa ser desprezado, calcule o tempo decorrido entre o instante em que a esfera deixa a mesa e o instante em que ela toca o chão. Adote g = 10 m/s2.
Solução:
7ª Questão (10 pontos): A figura ao lado mostra um
pêndulo cônico, que é constituído por uma esfera de massa m presa a um fio inextensível de comprimento L, sujeita a duas forças: o peso e a tração. Determine o módulo da aceleração da esfera, sabendo que ela descreve um movimento circular uniforme de raio r e que o ângulo que o fio faz com a vertical é 37º. Adote g = 10 m/s2, sen 37º = 0,60 e cos 37º = 0,80.
https://commons.wikimedia.org/wiki/ File:Conical_pendulum.svg
8ª Questão (10 pontos): Um artefato, inicialmente em repouso, explode dividindo-se em
dois fragmentos que se deslocam ao longo de um trilho retilíneo horizontal. Sabendo que um fragmento tem massa m e se desloca para a direita com velocidade constante v, calcule a velocidade que deve ter o outro fragmento, cuja massa é 3 m, para que o centro de massa do sistema permaneça em repouso.
Solução:
9ª Questão (10 pontos): Uma partícula que descreve um movimento retilíneo está sujeita
a uma única força cuja magnitude é dada por F (x) = a x2 + b x4. Nessa expressão, a e b
são constantes e x é a posição da partícula. Calcule o trabalho realizado por essa força quando a partícula se desloca da posição x1 = 0 para a posição x2 = 2,0 m. Dados:
a = 6,0 N m-2; b = 5,0 N m-4.
10ª Questão (10 pontos): O momento angular de uma partícula é dado no Sistema
Internacional de Unidades (SI) pelo vetor L(t)2,0t2 iˆ5,0t jˆ. Nessa expressão iˆ e jˆ são os vetores unitários nas direções x e y, respectivamente, e t é o tempo. Calcule o torque
sobre essa partícula no instante t = 1,5 s. Dado:UNIFEI Universidade Federal de Itajub´a 11/06/2017
Prova de C´alculos 1 e 2 - Exame de Transferˆencia Interna, Externa
e para Portador de Diploma de Curso Superior
Candidato:
Curso pretendido:
Prova sem consulta. Proibido o uso de calculadoras e similares.
A prova pode ser feita a l´apis. Tempo de dura¸c˜ao: 2h.
Quest˜oes de m´ultipla escolha: assinale a alternativa correta
Q1: (10 pontos) Se 10e
x− 21
2ex < f (x) <
5√x
√
x − 1, para todo x > 1, qual ´e o valor de limx→+∞f (x)?
a) 0 b) 1 c) 5 d) + ∞
Resposta: c)
De fato, note que 10e
x− 21 2ex = 5 − 21 2 e −x e 5 √ x √ x − 1 = 5 s 1
1 − 1x. Al´em disso, essas duas
fun¸c˜oes tendem a 5 quando x → +∞. Portanto, pelo Teorema do Confronto, lim
x→+∞f (x) = 5.
Q2: (10 pontos) Para quais valores de α e β a reta 2x + y = β ´e tangente `a par´abola y = αx2
quando x = 2? a) α = 1, β = 3 b) α = 2, β = 6 c) α = 1 2, β = 6 d) α = − 1 2, β = 2 Resposta: d)
O coeficiente angular da reta ´e -2. Este coeficiente ´e igual `a derivada da fun¸c˜ao y(x) = αx2
avaliada em x = 2, ou seja, y0(2) = 4α = −2 ⇒ α = −1/2. Assim, o ponto onde ocorre a
tangˆencia ´e P = (2, y(2)) = (2, −2). Como P tamb´em pertence `a reta 2x + y = β, temos que
Q3: (10 pontos) Sabendo que f ´e cont´ınua e Z 9 0 f (x) dx = 4, o valor de Z 3 0 xf (x2) dx ´e igual a: a) 2 b) 4 c) 8 d) 16 Resposta: a)
Aplicando a t´ecnica da substitui¸c˜ao simples na integral
Z 3 0 xf (x2) dx, obtemos u = x2, du = 2x dx ⇒ Z 3 0 xf (x2) dx = 1 2 Z 9 0 f (u) du | {z } 4 = 1 2· 4 = 2.
Q4: (10 pontos) Qual ´e o valor de c tal que
∞ X n=0 enc = 10? a) 9 10 b) ln 9 10 c) 11 10 d) ln 11 10 Resposta: b) Notemos que ∞ X n=0 (ec)n= ∞ X n=1 (ec)n−1= ∞ X n=1
arn−1 trata-se de uma s´erie geom´etrica de raz˜ao
r = ec e a = 1. Portanto, para encontrar o valor de c devemos aplicar a f´ormula da soma da
s´erie geom´etrica e for¸car o resultado ser igual a 10, isto ´e,
soma = a 1 − r = 1 1 − ec = 10 ⇒ e c = 9 10 ⇒ c = ln 9 10 .
Q5: (10 pontos) A taxa de varia¸c˜ao m´axima da fun¸c˜ao f (x, y) = sen(xy) no ponto P = (1, 0) ´e
igual a:
a) − 1 b) 0 c) sen(1) d) 1
Resposta: d)
A derivada direcional de f em um ponto P na dire¸c˜ao do vetor unit´ario ~u ´e dada por
D~uf (P ) = ∇f (P ) · ~u. A taxa de varia¸c˜ao m´axima ocorre quando o vetor ~u aponta na mesma
dire¸c˜ao do vetor ∇f (P ), implicando que o ˆangulo entre estes dois vetores ´e zero. Portanto,
D~uf (P ) = ∇f (P ) · ~u = k∇f (P )k k~uk |{z} 1 cos(0) | {z } 1 = k∇f (P )k.
Quest˜oes discursivas:
resolva dentro dos espa¸cos indicados explicitando os c´alculos
Q6: (10 pontos) Encontre os pontos P e Q sobre a par´abola y(x) = 1 − x2 (linha tracejada)
de forma que o triˆangulo ABC formado pelo eixo x e pelas retas tangentes em P e Q seja
equil´atero (veja a figura abaixo).
x 0 A Q C B P
Resolu¸c˜ao: Sejam Q = (x0, y0) um dos pontos de tangˆencia procurados e r a reta que passa
pelos pontos Q e A. Como o triˆangulo ABC ´e equil´atero, o ˆangulo entre a reta r e o eixo x ´e
igual a 120◦. Uma vez que r ´e tamb´em tangente `a par´abola em Q, podemos escrever:
tg(120◦) = y0(x0) = −2x0 ⇒ −2x0 = − √ 3 ⇒ x0 = √ 3 2 .
Substituindo em y(x) o valor de x0 encontrado obtemos:
y(x0) = 1 − x20 = 1 − √ 3 2 !2 = 1 4. Assim, Q = ( √ 3 2 , 1
4). Ainda utilizando o fato do triˆangulo ABC ser equil´atero, podemos concluir
que o ponto P ´e sim´etrico ao ponto Q em rela¸c˜ao ao eixo y. Portanto, P = (−
√ 3 2 ,
Q7: (10 pontos) Calcule a integral
Z 2
−1
|ex− 1| dx.
Resolu¸c˜ao: Aplicando a defini¸c˜ao de m´odulo no integrando temos:
|ex− 1| =
(
ex− 1 se ex− 1 ≥ 0 ⇒ x ≥ 0,
−(ex− 1) se ex− 1 < 0 ⇒ x < 0.
Portanto, para calcular a integral proposta devemos divid´ı-la em duas partes, como segue:
Z 2 −1 |ex− 1| dx = Z 0 −1 −(ex− 1) dx + Z 2 0 (ex− 1) dx, = Z 0 −1 (1 − ex) dx + Z 2 0 (ex− 1) dx, = (x − ex) 0 −1 + (ex− x) 2 0 , = e−1+ e2− 3, = 1 + e 3− 3e e .
Observa¸c˜ao: ao inv´es de aplicar a defini¸c˜ao de m´odulo, ´e poss´ıvel construir o gr´afico da fun¸c˜ao
f (x) = |ex− 1| (veja a figura abaixo) e perceber pelo gr´afico a necessidade de dividir a integral
em duas partes para poder calcul´a-la.
Q8: (10 pontos) Seja f (x) uma fun¸c˜ao de uma vari´avel. Sabendo que f ´e deriv´avel em x = a,
onde a > 0, calcule o seguinte limite em termos de f0(a):
lim
x→a
f (x) − f (a) √
x −√a .
Resolu¸c˜ao: Vamos multiplicar e dividir a fra¸c˜ao no limite por (√x +√a). Assim, obtemos
lim x→a f (x) − f (a) √ x −√a · (√x +√a) (√x +√a).
Utilizando a propriedade do produto de limites, podemos escrever lim x→a f (x) − f (a) x − a · limx→a( √ x +√a).
O primeiro limite no produto acima ´e a defini¸c˜ao da derivada de f (x) em x = a e o segundo
limite ´e facilmente calculado. Portanto,
lim x→a f (x) − f (a) √ x −√a = f 0 (a) · 2√a.
Observa¸c˜ao: a regra de L’Hˆospital n˜ao pode ser utilizada no c´alculo deste limite pois, por
hip´otese, a fun¸c˜ao f (x) ´e deriv´avel somente em x = a e, para utilizar a regra, f (x) deveria ser
Q9: (10 pontos) A figura abaixo ilustra os trˆes primeiros triˆangulos de uma sequˆencia (Tn)n de
triˆangulos retˆangulos. Cada triˆangulo Tn tem altura igual a 1 e, para todo n ≥ 2, a base de
Tn ´e a hipotenusa de Tn−1. Considerando a sequˆencia de ˆangulos (θn)n sugerida na figura,
determine se a s´erie P∞ n=1θn ´e convergente ou divergente. θ2 θ1 θ3 .. . T1 T2 T3 1 1 1 1
Resolu¸c˜ao: De acordo com a sequˆencia de triˆangulos sugerida na figura, podemos calcular as
tangentes dos trˆes primeiros ˆangulos apresentados e generalizar o resultado para qualquer valor
de n. Assim, tg(θ1) = 1/1, tg(θ2) = 1/ √ 2, e tg(θ3) = 1/ √ 3.
Generalizando, podemos escrever que tg(θn) = 1/
√
n para todo n ≥ 1. Portanto, o termo geral
da sequˆencia (θn)n ´e dado por θn= arctg(1/
√
n), para todo n ≥ 1. Al´em disso, como
lim
n→∞θn= limn→∞arctg(1/
√
n) = arctg(0) = 0,
precisamos utilizar um teste para decidir se a s´erieP∞
n=1θnconverge ou diverge. Vamos utilizar
o teste da compara¸c˜ao do limite tomando P∞
n=1bn, com bn = 1/
√
n (note que esta s´erie ´e
divergente). Deste modo temos lim n→∞ θn bn = lim n→∞ arctg(1/√n) 1/√n = limx→∞ arctg(1/√x) 1/√x .
Para calcular o limite anterior, utilizamos a regra de L’Hˆospital pois temos uma indetermina¸c˜ao
do tipo 0/0: lim x→∞ arctg(1/√x) 1/√x = limx→∞ 1 1+(1/√x)2 · (− 1 2x −3/2) (−12x−3/2) = 1 > 0.
Como o limite resultou em um n´umero positivo e a s´erie P∞
n=1bn ´e divergente (pois ´e
uma s´erie p com p < 1), conclu´ımos que a s´erie P∞
com-Q10: (10 pontos) Em jogos como Diablo 3 os jogadores s˜ao expostos a situa¸c˜oes em que precisam
tomar a melhor decis˜ao para seguir adiante na disputa. Suponha que vocˆe est´a jogando este
jogo como o personagem do feiticeiro e se depara com a seguinte situa¸c˜ao:
Na cidade de Nova Tristam um feiticeiro entra em um territ´orio dominado por
quatro advers´arios que est˜ao localizados em pontos do plano cartesiano, a saber:
A1 = (0, 0), A2 = (−2, 3), A3 = (4, 1) e A4 = (5, 0). O feiticeiro ´e capaz de produzir
um golpe m´agico que pode eliminar todos os inimigos ao mesmo tempo. Para que o
golpe seja bem sucedido, ele deve estar o mais pr´oximo poss´ıvel das posi¸c˜oes em que
est˜ao os advers´arios.
Formule e resolva a situa¸c˜ao descrita acima como um problema de otimiza¸c˜ao em duas vari´aveis
para determinar a posi¸c˜ao ´otima em que o feiticeiro deve ser colocado de forma que o golpe
m´agico possa funcionar adequadamente.
Resolu¸c˜ao: Seja P = (x, y) o ponto que representa a posi¸c˜ao do feiticeiro no jogo. De acordo
com a situa¸c˜ao descrita, podemos minimizar a soma dos quadrados das distˆancias de P a cada
um dos pontos pr´e-estabelecidos. Assim, o problema de otimiza¸c˜ao que devemos resolver ´e
dado por
minimizar f (P ) = d(P, A1)2+ d(P, A2)2+ d(P, A3)2+ d(P, A4)2,
sabendo que P ∈ R2.
Como f ´e uma fun¸c˜ao de duas vari´aveis, devemos encontrar seus pontos cr´ıticos que s˜ao
candi-datos `a solu¸c˜ao ´otima do problema de otimiza¸c˜ao. Desenvolvendo os quadrados das distˆancias e
simplificando os termos, podemos escrever a fun¸c˜ao f como f (x, y) = 55 − 14x − 8y + 4x2+ 4y2.
Agora, calculamos o vetor gradiente de f e o igualamos ao vetor nulo para obter os pontos cr´ıticos: ∇f (x, y) = −14 + 8x −8 + 8y = 0 0 ⇒ −14 + 8x = 0 −8 + 8y = 0 ⇒ x = 7 4 e y = 1.
Para constatarmos que o ponto P = (7/4, 1) ´e, de fato, um minimizador para o problema
proposto, devemos fazer o teste da derivada segunda calculando o determinante da matriz
Hessiana (H(x, y)) associada a fun¸c˜ao f (x, y) e avali´a-lo em P . Temos ent˜ao que
H(P ) = 8 0
0 8
, det(H(P )) = 64 > 0 e h11= 8 > 0 ⇒ P ´e minimizador.
Portanto, para que o golpe m´agico funcione adequadamente, o feiticeiro deve ser posicionado