• Nenhum resultado encontrado

Compressão medular alta por cisto neuroentérico: relato de caso.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Compressão medular alta por cisto neuroentérico: relato de caso."

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

COMPRESSÃO MEDULA R ALT A PO R CISTO NEUROENTÉRIC O

RELATO D E CAS O

GERALDO PIANETT T F I L H O * , LUI Z FERNAND O FONSEC A **

RESUMO — É relatad o o cas o rar o d e um a crianç a co m cist o neuroentéric o comprimind o a medula cervica l alt a d © C l a C3 . A pacient e fo i submetid a a laminectomi a osteoplástic a co m retirada tota l d o tumor . Sã o discutido s a sintomatologia , o tratament o e o resultad o satisfa -tório obtido . É feit a revisã o d a literatur a pertinente .

PALAVRAS-CHAVE: cist o neuroentérico , tumo r intrarraqueano , compressã o medular .

High cervica l spina l car d compression , b y neuroenteri c cyst : cas e report .

SUMMARY — Th e author s repor t th e cas e o f a chil d wit h a neuroenteri c cys t compressin g the hig h cervica l spina l cor d a t th e leve l o f C I t o C3 . Th e tumo r wa s completel y excise d through a laminotom y wit h goo d results . Th e literatur e i s revised , an d th e embryology , symo-tomatology, treatmen t an d result s ar e discussed .

K E Y WORDS : neuroenteri c cyst , spina l cor d tumor , spina l cor d compression .

Constitui noss o objetiv o relata r o cas o d e crianç a co m cist o neuroentéric o

de localizaçã o alt a n a regiã o cervica l e nã o acompanhad o d e outra s malforma

ções, d e cuj a extirpaçã o resulto u remissã o d o quadr o clínic o n o qua l s e salien

-tava compressã o medular .

R E L A T O D O CAS O

CAR, pacient e co m 1 2 ano s d e idade , co r morena , sex o feminino , fo i internad a n o Ser viço d e Neurocirurgi a Infanti l d o Hospita l Sã o Francisc o d e Assis , Bel o Horizonte , co m re lato d e do r n a regiã o cervica l posterio r se m irradiação , desvi o d a cabeç a par a o lad o esquer -do ( E ) co m 6 mese s d e evolução , e fraquez a muscula r no s membro s superio r e , inferio r E com 3 mese s d e evoluçã o lentament e progressiva . E m outr o hospita l havi a sid o feit o o diag nóstico d e torcicol o e instituíd o tratament o co m cola r cervical , fisioterapi a e antiinflamató -rios, alé m d e exam e d e líquid o cefalorraquidian o qu e mostro u aument o n a tax a d e proteína s (293 m g % ) . O exam e neurológic o mostrav a crianç a co m aspect o saudável , consciente , co m posição vicios a d a cabeç a desviad a par a o lad o E , do r à movimentaçã o latera l d a cabeça , he -miparesia espástic a à E co m aument o do s reflexo s tendinoso s e reflex o cutâne o planta r e m extensão d o mesm o lado ; a march a estav a dificultad a pel a fraquez a d o membr o inferio r E e o restant e d o exam e er a normal , inclusiv e a sensibilidade . A tomografi a computadorizad a do encéfal o e o estud o radiológic o simple s d a colun a cervica l fora m normais . A ressonânci a magnética nuclea r (Fig . 1 ) d a colun a cervica l alt a mostrav a lesã o cístic a intrarraqueana , in -tradural e extramedular , ântero-latera l E , d e C l a C3 .

* Professor Adjunt o d o Departament o d e Psiquiatri a e Neurologi a d a Faculdad e d e Me -dicina d a Universidad e Federa l d e Mina s Gerai s (UFMG) , Neurocirurgiã o d o Hospita l Sã o Francisco d e Assi s (Rel o Horizonte ) ; * * Neuropediatra, Hospita l Sã o Francisc o d e Assis . Acei -te: 05-setembro-1992 .

(2)

A paciente , so b anestesi a gera l e e m decúbit o ventral , fo i submetid a a laminotomi a osteoplástica d e C l a C 4 atravé s d e drilage m da s lâmina s à E e fratur a e m «galh o verde » à direita ( D ) . A duramáte r s e apresentav a tens a e nã o pulsátil ; fo i abert a e m sentid o longi -tudinal e observad a lesã o tumora l cístic a d e co r acinzentad a e d e localizaçã o ântero-latera l à B , estendendo-s e d e C l a C 4 e deslocand o a medul a par a a D . Co m lev e retraçã o d a medul a e so b visã o magnificad a a lesã o fo i facilment e dissecad a desfazendo-s e pequen a (aderênci a dura i anterior e totalment e extirpad a e m bloco . Nã o fo i observad a presenç a d e comunicaçõe s ex -tradurais. A dura-máte r fo i hermeticament e fechada , a s lâmina s recolocada s e m posiçã o e amarradas co m fio s d e algodã o zero .

O estud o anátomo-patológic o mostro u «Cist o co m parede s d e tecid o fibro-adipos o ond e se not a cavidad e revestid a d e epitéli o prismátic o simple s co m célula s muc o produtoras . Acha -dos microscópico s compatívei s a remanescente s d o cana l neuroentérico » (Lab . Paul o Borges . Exame 384/89 ) (Fig . 2) .

O pós-operatóri o fo i tranquilo , co m melhor a significativ a d o défici t moto r po r ocasiã o da alt a n o 3 * di a apó s a cirurgia . A pacient e fico u co m imobilizaçã o cervica l (cola r d e Tho -mas) durant e 6 0 dias , quand o j á s e achav a totalment e recuperada , assintomátic a e co m exam e neurológico normal . O mesm o fo i observad o n o control e co m 1 2 mese s e 1 8 meses . O s estudo s radiológicos feito s co m 2 , 1 2 e 1 8 mese s mostrara m perfeit a reconstituiçã o d o arcabouç o ósse o da colun a cervical .

COMENTÁRIOS

O cist o neuroentéric o espinhal , descrit o pel a primeir a ve z e m 1934

1.10,

tem vast a sinoními a

6,15,18,22 ,

send o també m chamad o d e cist o entéric o 6

.14,22,

(3)

-lização intraespinhal , intradura l e extramedular , raro , geralment e d e localizaçã o

ântero-lateral n a regiã o cervica l baix a e torácic a alta , co m frequênci a send o

acompanhado d e outra s malformações . N o Serviç o d e Neurocirurgi a do Childre n

Hospital d e Toront o fora m observado s 8 caso s e m 2 5 anos

1

». Landege m e t ál.

1 2

encontraram 7 casos (1,32% ) entr e 52 8 tumore s primitivo s d a raque . Derlon et

slfi

citam 1 cas o d o tumo r entr e 50 0 cirurgia s par a compressã o medular . Brag a

et ai.

1

cita m 5 1 caso s d è cist o neurentérie o descrito s n a literatur a at é 1988 . Exis

i

tem relato s d e aderência s medulare s e meníngea s e , apesa r d a grand e maiori a

(2/3 do s casos ) s e localiza r a o níve l d a regiã o cervica l baix a e torácic a alta

2

»

3

»

5

'

7

-ii,i5,i6,i8,2i,22 podemo s encontra r o cist o neurentérie o e m outra s regiõe s tai s

como: bulb o 20, medul a cervica l alt a 4,6,13, medul a lomba r caud

a equina

1 2

e

cérebro

20.

N a literatur a computad a s ó encontramo s 2 caso s d e cist o neurentérie o

na regiã o cervica l alta^

1 3

, ambo s e m adultos .

(4)

5.6,14,

sempr e co m sinai s d e compressã o medula r manifestad a po r sinai s pirami

-dais un i o u bilaterais , geralment e precedido s d e do r cervica l

1,4,6-9,11-13,15,18,22

e ,

às vezes , desvi o d a cabeç a simuland o torcicol o

6,9,10,11 .

Efct a sintomatologi a sem

pre s e apresent a co m evoluçã o lent a e pod e s e apresenta r co m remissõe s e exa

-cerbações

4,5,8,9,13,21,22

causada s pel o enchiment o lent o d o cist o co m secreçã o

mucinosa seguid a d e ruptura s espontânea s

8 ,

o u po r mudança s n a form a e posi

-ção d o cist o pel a drenage m e reacúmul o d e líquid o po r alteraçõe s osmóticas

1 3

.

Na maiori a da s veze s s e apresenta m associado s a malformaçõe s vertebrai s

2

;

3,8

,io

-i4,i6,i7,20,22

tai s com o hemivertebra , fusã o vertebra l e espinh a bífid a ante

-rior, podend o també m s e associa r a outra s malformações , com o duplicaçã o do s

intestinos

1

^ cist o dermóid e 12,14,16, mielomeningocel e *7 , diastematomielia . altera

-ções esofágicassiringobulbia

3

e cisto s mediastinai s Mi

.i5

entr e outras . Exis

tem pouco s relato s d e cist o neurentéric o qu e nã o s e acompanha m d e outra s mal

-formações 4,6,9,11,21. Hoffma n afirm a qu e todo s o s seu s paciente s portadore s d e

cisto neurentéric o possuía m outra s alteraçõe s congênita s e fa z diferenç a entr e

o cist o neurentéric o (sempr e associad o a outr a malformação ) e o cist o terato

-matoso (qu e pod e s e apresenta r se m outr a malformaçã o associada) .

O diagnóstic o é feit o basead o n a históri a clínic a d e compressã o medular ,

presença d e outra s malformaçõe s observada s externament e o u pel o estud o ra

-diológico simples , mielotomografia , o u ressonânci a magnétic a nuclear .

O tratament o é sempr e cirúrgic o co m retirad a tota l d a lesão , s e be m qu e

existam relato s d e sucess o co m a retirad a parcial

1 1

'

1 3

-

1 5

. O prognóstic o é exce

-lente quand o nã o s e associa m outra s malformaçõe s graves .

Neste caso , chama-s e a atençã o par a o us o d e laminotomi a osteoplástic a

que permiti u perfeit a restauraçã o d o arcabouç o ósse o d a colun a cervica l impe

-dindo, n o futuro , alteraçõe s posturai s qu e pode m acompanha r a s laminectomia s

clássicas e m crianças .

Existem controvérsia s quant o a o desenvolviment o d o cist o neurentéric o e

várias hipóteses tê m sid o proposta s 5,8,9,16-18,22. Existe , porém , concordância

quan-to a err o precoc e n a embriogênese , e m quan-torn o d a terceir a semana , quand o a

notocorda s e separ a d o endoderma ; um a fend a n a notocord a e aderência s endo

-derma-ectoderma faria m a comunicaçã o neurentéric a associad a a alteraçõe s d a

raque. Acreditas e que , naquele s pouco s caso s ond e nã o s e associa m outro s de

feitos, haveri a correçã o parcia l e precoc e d o err o embrionário . Tem sid o descri

-ta a presenç a d a cromatin a sexua l e m 50 % do s paciente s d o sex o feminin o co m

o cist o neurentéric o

9.

A apresentaçã o dest e cas o s e justific a pel a raridad e d a patologia , princi

-palmente nã o acompanhad a d e outra s malformações , e pel a localizaçã o alt a n a

região cervica l (C l a C3) . Parece-no s qu e est e é o primeir o cas o descrit o e m

criança, nest a localização .

REFERÊNCIAS

1. Brag a FM , Surian o IC , Teli a Ol , Stával e JN . Cist o neurentérico : relat o d e caso . Ar q Bras Neurocirur g 1989 , 8:233-238 .

2. Cahil l JF . A n unusua l caus e o f neonata l respirator y distress . Anaesthesi a 1981 , 36:790-794 . 3. Chun g HD , Demell o DE , D'Souz a N , Estrad a NDJ . Infantil e hypoventilatio n syndrome ,

neurenteric cys t an d syringobulbia . Neurolog y 1982 , 32:441-444 .

4. D'Almeid a AC , Stewar t DH . Neurenteri c cyst : cas e repor t an d literatur e review . Neu -rosurgery 1981 , 8:596-599 .

5. Derlo n JM , Lechevalie r B , Mandar d JC , Mori n D , Thero n J , Houttevill e JP . Kyst e neurentérique cervica l à Symptomatologi e paroxystique . Neurochirurgi e 1982 , 28:291-294 . 6. Fabiny i GC , Adam s JE . Hig h cervica l spina l cor d compressio n b y a n enterogenou s cyst .

J Neurosur g 1979 , 51:556-559 .

7. Garci a JM , Tortelly-Cost a AC , Fonsec a A L V , Hahn MD . Cist o enterógeno : relat o d e caso. Ar q Bra s Neurocirur g 1989 , 8:53-57 .

(5)

9. Hoefnage l D , Benirschk e K , Duart e J . Teratomatou s cyst s withi n th e vertebra l canal : observation o f th e occurrenc e o f se x chromatin . J Neuro l Neurosur g Psychiatr y 1962 , 25 : 159-164.

10. Knigh t G , Griffith s T , William s I . Gastroc y stoma o f th e spina l cord . B r J Sur g 1955 , 42:635-638.

11. Lah a R K , Huesti s W S . Intraspina l enterogenou s cyst : delaye d appearenc e followin g mediastinal cys t resection . Sur g Neuro l 1975 , 3:67-70 .

12. Landege m W V , Reuc k J , Wael e L , Munc k G , Tac k E . Enterogenou s cys t o f th e caud a equina. Cli n Neuro l Neurosur g 1986 , 88:63-66 .

13. Levi n P , Anti n SP . Intraspina l neurenteri c cys t i n th e cervica l area . Neurolog y 1964 , 14:727-730.

14. Man n KS , Khosl a V K , Gulati DR , Mali k A K . Spina l neurenteri c cyst . Sur g Neuro l 1984 , 21:358-362.

15. Marchior i PE , Callegar o D , Zambo n A A , Scaf f M , Almeid a GM , Assi s JL . Cist o neuro- ¬ entérico. Ar q Neuro-Psiquia t (Sã o Paulo ) 1981 , 39:478-481 .

16. Milli s R , Pat h MRC , Holmes AE . Enterogenou s cys t o f th e spina l cor d wit h associatio n of intestina l reduplication , vertebra l anomalie s an d dorsa l derma l sinus . J Neurosur g 1973 , 38:73-77.

17. Odak e G , Yamak i T , Narus e S . Neurenteri c cys t wit h meningomyelocele . J Neurosur g 1976, 45:352-356 .

18. Scovill e W B , Manlapa z JS , Oti s RD , Cabiese s F . Intraspina l enterogenou s cyst . J Neu -rosurg 1963 , 28:704-706 .

19. Superin a RA , Ei n SH , Humphrey s R P . Cysti c duplication s o f th e esophagu s an d neuren -teric cysts . J Pe d Sur g 1984 , 19:527-530 .

20. Wall s TJ , Purohi t DP , Aj i WS , Schofiel d IS , Barwic k DD . Multipl e intracrania l ente -rogenous cysts . J Neuro l Neurosur g Psychiatr y 1986 , 49:438-441 .

21. Cas e record s o f th e Massachusett s Genera l Hospital . Cas e 46122 . N Eng l J Me d 1960 , 262:623-627.

Referências

Documentos relacionados

[...] é um dos processos mais sutis pelos quais o poder se manifesta no campo da identidade e diferença. Normalizar significa eleger – arbitrariamente – uma identidade

O movimento gospel no Brasil se popularizou por meio da Igreja Apostólica Renascer em Cristo, que iniciou seus trabalhos com o foco no público jovem, e entrou no rádio a partir de

A floração foi à característica que mais influenciou na determinação dos grupos, exceto para o grupo 1 composto pelos genótipos Tetep e Basmati, que se distanciaram também

No caso apresentado, os estudos ultrassonográfico do fígado e radiológico do pulmão apresentaram-se sem particularidades, o que confere raridade ainda maior ao presente relato..

A pesquisa foi desenvolvida em uma escola estadual 1 , que contempla os anos iniciais do Ensino Fundamental (1º a 5º ano), localizada na cidade de Caicó-RN. Para o

O modelo proposto é exato na decomposição dos fluxos de potência e perdas nos ramos do sistema transmissão para cada agente do mercado elétrico independentemente que este

PURPOSE: To evaluate the effects of pneumoperitoneum with carbon dioxide and helium on renal function and morphology in a rat model.. METHODS: Twenty four rats were randomized

A SNF, conforme nominada por Bentley & Smith 2 (tam- bém chamada spina bifida posterior, spina bifida combina- da, fístula neuroentérica ou fístula intestinal dorsal), é