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Análise da carga de trabalho de analistas de sistemas e dos distúrbios osteomusculares.

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Academic year: 2017

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[T]

Análise da carga de trabalho de analistas de sistemas e dos

distúrbios osteomusculares

[I]

Analysis of the workload of systems analysts and

musculoskeletal disorders

[A]

Bruno Maia de Guimarães[a], Laura Bezerra Martins[b], Leonardo Soares de Azevedo[c], Maria do Amparo Andrade[d]

[a] Especialista, Mestre em Design pela Universidade Federal de Pernambuco UFPE , Recife, PE - Brasil, email:

bmguimaraes@hotmail.com

[b] Doutora, professora da Pós-Graduação em Design da Universidade Federal de Pernambuco UFPE , Recife, PE - Brasil,

email: laurabm@folha.rec.br

[c] Especialista, coordenador da Especialização em Fisioterapia do Trabalho da Faculdade Redentor, Recife, PE - Brasil, email:

leoaz@uol.com.br

[d] Doutora, professora do curso de Fisioterapia da Universidade Federal de Pernambuco UFPE , Recife, PE - Brasil, email:

mamparoandrade@yahoo.com

[R]

Resumo

Objetivos: O objetivo desta pesquisa foi realizar avaliação das condições ergonômicas de analistas de

sis-temas, com a finalidade de conhecer os fatores geradores de sobrecargas físicas e cognitivas, suas reper-cussões sobre os trabalhadores e propor melhorias para a diminuição dessas sobrecargas. Metodologia:

Foram utilizados o método SHTM sistema homem-tarefa-máquina de avaliação ergonômica; o diagrama de Corlett, para a avaliação do desconforto corporal; o questionário de avaliação do mobiliário; e o NASA-TLX, para a avaliação de carga mental de trabalho. Resultados: Foram encontradas as prevalências de dor

na coluna lombar % e na coluna cervical % dos entrevistados. Após a avaliação da carga mental de trabalho, foi observado que a demanda mental foi a mais exigida entre os analistas de sistemas e a média da carga global foi de , . Conclusão: Pode-se concluir que a alta prevalência de dor musculoesquelética

pode ser causada pela presença de mobiliário inadequado, pela adoção de posturas incorretas e pela alta exigência mental das atividades desenvolvidas. [#]

[P]

Palavras-chave: Carga de trabalho. Analistas de sistemas. Distúrbios osteomusculares. NASA-TLX. [#]

Fisioter. Mov., Curitiba, v. , n. , p. - , jan./mar.

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acidentes, no absenteísmo e na qualidade de vida no trabalho , .

Além dos problemas relacionados ao estresse, os trabalhadores que utilizam o computador durante grande parte da jornada de trabalho estão sujeitos aos distúrbios musculoesqueléticos relacionados ao trabalho - .

No Brasil, os primeiros casos de LER/DORT sur-giram com os digitadores na década de e, a partir daí, a ocorrência desse grupo de doenças vem au-mentado. No início da década de , as LER/DORT, juntamente com a surdez, tornaram-se as doenças do trabalho mais notificadas pelo INSS e as que mais demandaram serviços de saúde ao trabalhador . Segundo dados da Previdência Social, observa-se que, em , foram registrados aproximadamen-te mil casos de LER/DORT; em , mil; e em em torno de mil casos. Ainda segundo o Ministério da Previdência Social, os gastos em com o pagamento de benefícios decorrentes de aci-dentes de trabalho atingiram a quantia de R$ , bilhões. Ainda assim, verifica-se que é consensual a opinião dos que atuam na área de que há uma sub-notificação de cerca de % dos acidentes do traba-lho, sendo boa parte destes contabilizados entre os segurados da Previdência Social que recebem bene-fícios não acidentários .

Graças ao alto custo no tratamento das LER/DORT e ao grande número de subnotificações, o Decreto n. . da Previdência Social entrou em vigor em abril de e regulamentou as mudanças na carac-terização das doenças e acidentes relacionados ao trabalho, pelo novo sistema de nexo técnico epide-miológico NTEP . Assim, as doenças ocupacionais

Introdução

O trabalho em larga escala com a utilização do computador, no Brasil, teve início nos últimos anos, alterando definitivamente as relações do ho-mem com o seu trabalho. Atualmente, muitos traba-lhadores utilizam a informática em grande parte da sua jornada de trabalho, como é o caso dos analistas de sistemas, que são o objeto desta pesquisa.

Dessa forma, observa-se que as exigências do trabalho informatizado são, principalmente, de ati-vidades que envolvam os processos e as operações cognitivas, tais como monitoração, interpretação, tra-tamento de informações, resolução de problemas e memória , .

Algumas das várias causas do estresse são a alta exigência mental da tarefa, as grandes responsabi-lidades assumidas, os conflitos com a chefia, a insa-tisfação com o trabalho e os fatores organizacionais

. Nessa perspectiva, em pesquisas de Gredilla e Gonzáles , Kawakami et al. e Rocha e Ribeiro , os sintomas de estresse foram um fator impor-tante encontrado em analistas de sistemas.

Assim, verifica-se a importância da avaliação da carga mental de trabalho desses profissionais. Tal avaliação é voltada para a medida da carga colocada sobre as habilidades cognitivas do operador . De uma forma geral, as técnicas subjetivas são as me-nos invasivas e possuem alta sensibilidade, tornan-do-se as mais importantes, e dentre elas destacam-se as ferramentas NASA-TLX e SWAT. A literatura vem apresentando pesquisas cujo enfoque é a men-suração de cargas mentais de trabalho, destacando sua importância nas taxas de produtividade, nos

[B] Abstract

Objective: The purpose of this research was to conduct assessment of ergonomic conditions of systems analysts

in order to understand the factors causing physical and cognitive overload, its implications for workers and propose improvements to reduce these physical and cognitive overload. Methodology: The SHTM (human-machine-task) method was used for ergonomic evaluation, the Corlett diagram for evaluation of bodily dis-comfort, questionnaire evaluation of the furniture and the NASA-TLX to assess mental workload. Results: It was found a prevalence of pain in the lumbar spine of 71% and 64% of respondents in the cervical spine. After evaluation of mental workload, it was observed that the mental demand was most required among systems analysts and the average loading rate was of 13.23. Conclusion: It can be concluded that the high prevalence of musculoskeletal pain may be caused by the presence of inappropriate furniture, adoption of incorrect postures and high mental demand of the developed activities performed by systems analysts. [#]

[K]

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O mobiliário de trabalho é um fator importante para promover o conforto, a segurança e a eficiência dos trabalhadores, no caso dos analistas de sistemas que realizam praticamente todas as suas atividades de trabalho utilizando o computador. Torna-se, as-sim, ainda mais importante um mobiliário adequa-do às características adequa-dos usuários, das tarefas e adequa-dos fatores organizacionais. Assim, os critérios para a definição dos parâmetros do mobiliário dos postos de trabalho são selecionados a partir de observação do modo de execução da atividade, identificação das características físicas do ambiente e exigências rela-cionadas à organização do trabalho .

É importante observar que a aquisição de mobi-liário ergonomicamente correto não é garantia sufi-ciente para a solução dos problemas físico-posturais do trabalho , , sendo de muita importância os aspectos relacionados à organização deste. Dessa forma, quando o trabalho é conflituoso e desorgani-zado, propicia um acúmulo de tensão que pode ter repercussões sobre o corpo .

O fato de a automação e a informatização no mundo do trabalho trazerem consigo tarefas cujas exigências são de natureza predominantemente cog-nitivas solicita da ergonomia o desenvolvimento de novas abordagens teórico-metodológicas para apre-ender o funcionamento do homem de forma situada

, , .

Assim, diante desse importante problema de saú-de ocupacional, verifica-se a importância saú-de avaliar as condições de trabalho dessa classe de trabalha-dores, a fim de conhecer os fatores geradores de sobrecargas físicas e cognitivas e suas repercussões sobre os trabalhadores e propor melhorias para a diminuição dessas sobrecargas.

Métodos

O método de avaliação ergonômica utilizado foi o SHTM, descrito por Moraes e Mont’Alvão , o qual compreende cinco fases: apreciação ergonômica; diagnose ergonômica; projetação ergonômica; ava-liação e validação ergonômica; e detalhamento ergo-nômico e otimização. A proposta de intervenção er-gonomizadora pode compreender apenas a ª etapa ou a continuação, em sequência, de todas as etapas, o que dependerá das necessidades e objetivos do projeto em questão. A presente pesquisa englobou as fases de apreciação e diagnose ergonômica. passaram a ser caracterizadas tecnicamente pela

perícia médica do INSS mediante a identificação do nexo causal entre o trabalho e a doença, quando se verifica a relação entre a atividade da empresa – identificada pela Classificação Nacional de Ativi-dade Empresarial CNAE , e a doença ou sequela que motivou a incapacidade – identificada pelo Có-digo Internacional de Doenças CID .

A partir desse momento, a tendência é um gran-de aumento do número gran-de notificações gran-de casos gran-de LER/DORT entre os trabalhadores, em razão da grande quantidade de casos que anteriormente eram subnotificados e também pela notificação de casos nos quais existe a relação do CNAE da empresa com o CID do distúrbio musculoesquelético do trabalha-dor, mesmo ele não exercendo atividade que pode-ria causar a lesão. Em corroboração, dados do INSS de mostram que houve aumento de %, em relação ao ano anterior, na concessão de auxílios-doença de natureza acidentária, de que fazem parte as LER/DORT .

Os fatores causadores ou agravantes das LER/ DORT têm sido bem discutidos e podem ser agrupa-dos da seguinte forma: fatores físicos e biomecâni-cos, como posturas inadequadas, repetitividade de movimentos, velocidade exercida durante a tarefa, iluminação, ruídos e outros; fatores organizacionais, como pausas, ritmos, sazonalidade da produção, es-truturas de horários, métodos impróprios de traba-lho, forma da produção e outros; fatores individuais, como gravidez, doenças crônicas como artrite e dia-betes, sexo, hereditariedade, prática de esportes, entre outros; e, por fim, fatores psicossociais, tais como satisfação no trabalho, relacionamento com os colegas, ansiedade e expectativa individual .

O trabalho informatizado impõe ao corpo postu-ras paradoxais: enquanto alguns segmentos corpo-rais permanecem estáticos por longos períodos de tempo, como a coluna vertebral, outros segmentos, como os membros superiores, precisam realizar mo-vimentos altamente repetitivos, impedindo igualmen-te a recuperação dos igualmen-tecidos e das estruturas fisio-lógicas envolvidas nessa manutenção postural . Quando esse trabalho é realizado diariamente, ao longo de várias horas da jornada laboral, predispõe ao trabalhador o aparecimento de lesões. Dessa for-ma, verifica-se a necessidade de mudanças posturais no decorrer da jornada de trabalho, como, por exem-plo, a adoção de posturas como: ficar em pé, sentado, flexionado para frente e reclinado para trás.

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trabalho na tarefa, e o examinador posteriormente identifica o valor numérico vinculado ao nível assi-nalado pelo sujeito. Cada escala apresenta uma linha de cm, dividida em partes iguais ancoradas em descrições bipolares baixa e alta .

O peso com que cada dimensão contribui para a carga mental de trabalho é aferido por meio de um conjunto de confrontos das dimensões dessa carga, em que são apresentados pares das dimensões combinadas todas as combinações possíveis . O su-jeito deve escolher a dimensão que mais contribui para a carga mental de trabalho que ele percebe durante a execução da tarefa. Desse modo, cada di-mensão pode ser selecionada desde nenhuma vez até cinco vezes. As taxas e os pesos de cada dimensão são obtidos após o sujeito ter efetuado a tarefa ou parte dela. As dimensões que apresentam maior peso na origem da carga mental de trabalho apre-sentarão maior peso na pontuação da carga de tra-balho global, dando, dessa forma, um implemento em sensibilidade para a escala. Ao final do procedi-mento, é calculada a taxa global ponderada da car-ga mental de trabalho do sujeito. Essa taxa global ponderada é obtida por meio do somatório de todos os pesos multiplicados pelas taxas de todas as di-mensões e esse valor é dividido por , oferecendo o valor final.

A amostra do estudo foi composta por ana-listas de sistemas de um escritório de informáti-ca na cidade de Recife. Os dados foram coletados, tabulados, processados e analisados no software

Microsoft Excel . O presente estudo foi apro-vado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco CEP/CCS/UFPE , registro n. / , e encontra-se de acordo com as normas vigentes.

Resultados

Apreciação ergonômica

O estudo foi realizado numa empresa pública fe-deral de desenvolvimento de software, sediada na

cidade de Recife, PE, composta por analistas de sistemas. A amostra estudada foi escolhida alea-toriamente e formada por analistas de sistemas com idade média de anos, distribuídos em ho-mens e mulheres. A jornada diária de trabalho é de horas de segunda a sexta-feira, inicia-se às A apreciação ergonômica é uma fase exploratória

que compreende o mapeamento dos problemas er-gonômicos da empresa. Consiste na sistematização do sistema homem-tarefa-máquina e na delimitação dos problemas ergonômicos. São realizadas observa-ções assistemáticas no local de trabalho, entrevistas com os funcionários e registros fotográficos da ta-refa. É nesta fase que se identifica a provável causa do problema a ser enfocado na diagnose. Todos es-ses procedimentos foram realizados em momentos convenientes para a empresa e para os trabalhado-res sem provocar qualquer alteração ou perturba-ção na rotina de trabalho destes.

A diagnose ergonômica permite aprofundar os problemas priorizados na apreciação e termina com as recomendações ergonômicas aos postos de tra-balho avaliados. Os instrumentos de diagnose utili-zados foram: questionário para a avaliação do mobi-liário, descrito por Couto ; diagrama de descon-forto corporal, sugerido por Corlett e Bishop ; e avaliação de carga mental de trabalho por meio do NASA-TLX Task Load Index , desenvolvido por Hart e Staveland, .

O NASA-TLX, como método multidimensional, demonstrou grande eficiência e praticidade quan-do comparaquan-do a outros métoquan-dos unidimensionais precedentes a ele . O NASA-TLX é um procedi-mento multidimensional que fornece uma avalia-ção quantitativa global da carga mental de trabalho, baseada na média ponderada da avaliação de seis dimensões dessa carga: exigência mental; exigên-cia física; exigênexigên-cia temporal; nível de realização; nível de esforço; e nível de frustração. Esses concei-tos são apresentados ao sujeito antes da aplicação do instrumento.

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Figura 1 - Postura inadequada (sentado inclinado para frente, sem apoiar as costas no apoio da cadeira)

Figura 2 - Mobiliário de trabalho (monitor baixo, ou seja, posi-cionado abaixo da linha dos olhos do usuário)

Verificou-se a ausência de apoio para os pés dos funcionários de baixa estatura, uma vez que a ban-cada de trabalho não apresenta regulagem de altura, o trabalhador necessita regular a cadeira na altura máxima para o uso do teclado e do mouse e, assim,

não alcança o chão com os pés. Essa situação pode provocar compressão na região posterior da coxa, dificultando a circulação sanguínea nos membros inferiores , .

Em relação aos fatores organizacionais do traba-lho, vários trabalhadores em entrevistas informais afirmaram que os prazos para a execução do traba-lho eram curtos e que era frequente a realização de horas extras à noite e nos fins de semana. Apesar de esses fatores não terem sido mensurados nesta pesquisa, é importante verificar a sua importância, visto que a alta frequência de estresse nos analistas horas da manhã e termina às horas com

interva-lo para o almoço de minutos. A empresa possui pausas para realização de ginástica laboral nos tur-nos da manhã e da tarde, de segunda a sexta-feira, para todos os funcionários, com duração média de

minutos.

Os analistas de sistemas da empresa pesquisada realizam as atividades de desenvolvimento, avalia-ção, teste e implementação de software por meio de

pequenos grupos com cerca de quatro trabalhado-res cada. Para realizar as atividades de trabalho, é necessário o uso do computador na maior parte do tempo. As reuniões ocorrem com frequência entre as equipes, para a definição de metas e procedimen-tos e a avaliação do andamento do trabalho. Assim, verifica-se que há uma frequente exigência mental no desenvolvimento das atividades de trabalho.

Problemas identificados

Os problemas foram identificados por meio de observação direta dos pesquisadores, durante as visi-tas ao local, de fotografias, de filmagens e de entre-vistas informais com os trabalhadores e supervisores. Foram encontrados problemas posturais duran-te a realização das atividades de trabalho, em que os trabalhadores pesquisados adotavam posturas sentadas inadequadas como, por exemplo, senta-do inclinasenta-do para frente Figura e sentasenta-do sem apoiar as costas no apoio da cadeira. Outras pos-turas incorretas para a realização de trabalhos em terminal de vídeo foram observadas, como a flexão cervical acentuada durante a visualização do moni-tor e braços não apoiados na bancada de trabalho durante o uso do teclado e do mouse.

Em relação ao mobiliário de trabalho, verificou-se que muitos monitores estavam baixos Figura , ou seja, posicionados abaixo do recomendado por diversos autores altura da linha dos olhos do usuá-rio - . Foi encontrada em alguns postos de trabalho, a ausência de espaço para apoio dos braços durante o manuseio do teclado e do mouse. As

ban-cadas de trabalho não apresentavam regulagens de altura, não se adequando aos trabalhadores com ele-vada e baixa estatura. Não foram encontrados pro-blemas relacionados à cadeira, pois as que são usa-das pelos analistas de sistemas pesquisados são de boa qualidade e apresentam as regulagens necessá-rias para a adoção de uma boa postura de trabalho.

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Gráfico 1 - Prevalência de dor nos entrevistados

0%

cer vical

torácica lombar ombro braço

antebraço punho/mão coxa

per na/pé 10%

20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%

Presença de desconforto corporal

Na avaliação do mobiliário de trabalho quanto ao conforto e à posição dos itens analisados, obteve-se o Gráfico . Em relação à cadeira, % dos entrevis-tados afirmaram que ela é boa, % relataram que é regular e % classificaram como ruim. Aproxi-madamente % dos participantes apontaram como boa a bancada de trabalho, % como regular e % como ruim. A posição do teclado foi avaliada como boa em % dos casos, % como regular e % como ruim. Com relação ao posicionamento do mouse, % dos entrevistados afirmaram que é bom, % que é regular e % que é ruim. A posição do monitor foi classificada como boa por % dos entrevistados, % como regular e % como ruim.

Assim, percebe-se que o posicionamento do mo-nitor foi o item que mais incomodou os usuários. A partir desses dados e com a ocorrência de vários monitores posicionados abaixo da linha dos olhos dos trabalhadores, o que foi observado na fase de apreciação, existe a possibilidade de se relacionar isso com a importante prevalência de dor encontra-da na coluna cervical. Esses encontra-dados corroboram com Chaffin e Anderson , os quais concluíram que a tela do monitor, estando abaixo da linha dos olhos, aumenta a flexão da coluna cervical, causando au-mento da exigência dos músculos extensores do pes-coço para suportar o peso da cabeça.

A cadeira não foi um dos itens mais citados pe-los entrevistados como um fator de desconforto, porém, por meio do questionário de dor, foi encon-trada prevalência de dor na região lombar em % dos entrevistados. Isso pode estar relacionado com a postura ao sentar e com a permanência prolonga-da na posição sentado . Os distúrbios lombares, em decorrência da postura sentada, podem ser justifi-cados pelo fato de a compressão dos discos inter-vertebrais ser % maior na posição sentado que na posição em pé , porém, tais problemas não são apenas decorrentes das cargas que atuam sobre a coluna vertebral, mas principalmente da manuten-ção da postura estática , .

A adoção de postura adequada ao sentar é mui-to importante para reduzir a sobrecarga na coluna lombar e, para isso, é necessário manter um bom ângulo entre o tronco e as coxas, que deve ser ne-cessariamente maior que ° e menor que ° ,

, - .

A avaliação da carga mental de trabalho por meio do NASA-TLX pode ser evidenciada nos Gráficos e . Verifica-se no Gráfico que a demanda que apre-de sistemas é causada principalmente por prazos

curtos para desenvolvimento das tarefas e sobre-carga de trabalho, principalmente sobresobre-carga men-tal , .

Após o levantamento inicial dos problemas en-contrados pelos pesquisadores, iniciou-se a diagno-se ergonômica, na qual, por meio dos questionários, procurou-se aprofundar e confirmar os problemas encontrados na apreciação.

Diagnose ergonômica

Análise dos questionários

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Gráfico 2 - Gráfico resultante da avaliação do mobiliário pe-los trabalhadores

Gráfico 4 - Gráfico resultante da média da carga mental glo-bal obtida pelo NASA TLX

Gráfico 3 - Gráfico resultante da média das demandas

obti-da pelo NASA-TLX

0%

Cadeira Bancada

Bom Regular Ruim

Posição teclado

Posição

mouse

Posição monitor 10%

20% 30% 40% 50% 60%

Avaliação do mobiliário

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Demanda mental Demanda física Demanda temporal

Desempenho Esforço

Nível de fr ustração Média das demandas

Carga global

0 5 10 15 20

Média da carga global

Assim, a partir dos resultados obtidos após a aplicação do NASA-TLX, percebe-se que a demanda mental é o fator mais exigido no trabalho dos analis-tas de sistemas, sendo o que mais contribuiu para a formação da carga mental global. Esses dados estão de acordo com os resultados encontrados por Rocha e Ribeiro , que em pesquisa com analistas de sis-temas da região metropolitana de São Paulo encon-traram a frequência de , % e , % para a fadiga mental em homens e mulheres, respectivamente.

Essa importante carga mental encontrada pode ser causada pela característica do trabalho, por ser uma tarefa de grande exigência de concentração, raciocínio, tomada de decisão e memória. Os princi-pais fatores de incômodo e fadiga relatados por ana-listas de sistemas foram: prazos curtos, uso cons-tante da mente e alto grau de responsabilidade . É importante salientar que há uma constatação frequente: a de que os trabalhadores que desempe-nham tarefas com carga mental predominante quei-xam-se de perturbações físicas, tais como dores nas costas e no pescoço, corroborando os resultados en-contrados nesta pesquisa .

Recomendações

Os benefícios da intervenção ergonômica em postos de trabalho informatizados se dão, principal-mente, pela diminuição dos desconfortos musculo-esqueléticos dos trabalhadores e por tornar o am-biente mais confortável e adequado para o trabalho

, , , - . Para isso, é necessário dispo-nibilizar suporte de altura regulável para monitor no qual a sua borda superior fique na mesma altura dos olhos do usuário. Assim, evita-se a manutenção senta a maior área no gráfico – ou seja, a que mais

contribui para a formação da carga mental global – foi a demanda mental, com , , e a menor contri-buição ficou por conta da física, com , . A carga mental global média dos trabalhadores foi de , , como está evidenciado no Gráfico .

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pode provocar o aumento da tensão muscular. Esse aumento ocorre principalmente na região do pesco-ço e/ou da coluna lombar, podendo levar a alterações na circulação sanguínea da região e dos membros su-periores e inferiores, predispondo o surgimento de distúrbios musculoesqueléticos e as LER/DORT.

Assim, pode-se concluir, por meio dos resultados encontrados e da literatura pesquisada, que a alta prevalência de dor musculoesquelética, principal-mente na coluna lombar e cervical, entre os analis-tas de sistemas, pode ser causada pela presença de mobiliário inadequado, pela adoção de posturas in-corretas e pela alta exigência mental das atividades desenvolvidas.

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da flexão cervical durante a visualização do termi-nal de vídeo, diminuindo a exigência dos músculos extensores do pescoço para suportar o peso da ca-beça. Verifica-se a importância de trocar as banca-das de trabalho, tendo em vista que as atuais não apresentam regulagens de altura, possibilitando, assim, que os usuários possam regular a altura da mesa de trabalho a suas dimensões corporais, le-vando ao maior conforto durante a execução das atividades. É necessário fornecer apoio apropriado para os pés, com regulagens de altura e inclinação, aos funcionários de baixa estatura, para dessa for-ma evitar que haja compressão da cadeira sobre a região posterior da coxa, dificultando a circulação sanguínea nos membros inferiores. É importante também realizar um estudo de avaliação dos prazos para a execução das tarefas para se verificar se es-tão de acordo com as capacidades dos trabalhado-res para, dessa forma, diminuir a sobrecarga mental do trabalho, evitando o surgimento do estresse.

Considerações finais

Muitos dos problemas relatados até aqui, refe-rentes aos constrangimentos posturais e à própria organização do trabalho, podem ser decorrentes da desinformação dos funcionários e da própria admi-nistração. Esses problemas poderiam ser minimi-zados com um trabalho de orientação sobre orga-nização do trabalho e um treinamento para o uso correto do mobiliário.

Contudo, é importante ressaltar que somente o fornecimento de mobiliário adequado e a adoção de posturas corretas não são suficientes para eliminar a presença dos distúrbios músculo-esqueléticos re-lacionados ao trabalho, no caso de os funcionários estarem sujeitos a altas exigências cognitivas. As sobrecargas mentais que foram encontradas nos sujeitos desta pesquisa, como, por exemplo, a ne-cessidade de concentração, de raciocínio, de toma-da de decisão e memória, para o desenvolvimento das atividades de trabalho, em associação à pressão temporal podem levar ao estresse.

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