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Fatores associados à mortalidade em idosos hospitalizados por fraturas de fêmur.

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SOCIEDADE BRASILEIRA DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA

w w w . r b o . o r g . b r

Artigo

original

Fatores

associados

à

mortalidade

em

idosos

hospitalizados

por

fraturas

de

fêmur

Léo

Graciolli

Franco

,

Amanda

Loffi

Kindermann,

Lucas

Tramujas

e

Kelser

de

Souza

Kock

UniversidadedoSuldeSantaCatarina,HospitalNossaSenhoradaConceic¸ão,Tubarão,SC,Brasil

informações

sobre

o

artigo

Históricodoartigo:

Recebidoem29desetembrode2015 Aceitoem15deoutubrode2015

On-lineem2demarçode2016

Palavras-chave:

Fraturasdofêmur Idoso

Mortalidadehospitalar Análisedesobrevida

r

e

s

u

m

o

Objetivo:Analisarosfatoresassociadosàmortalidadeemidososhospitalizadosporfratura defêmuremumhospitalunicêntricoregional.

Métodos:Estudodecoorteretrospectiva.Foramselecionados,pormeiodoprontuário ele-trônico,pacientesinternadoscomdiagnósticodefraturadefêmur(CIDS72)com60anos oumaisde2008a2013.

Resultados: Foramavaliados195indivíduoscomidademédiade78,5±9,6eogênero femi-ninofoimaisprevalente(68,2%).Oprincipalmecanismodequedafoiodebaixaenergia (87,2%),afeituradecirurgiafoide93,3%,otempodeinternac¸ãomédiofoide13,6±7,5 dias,otempodeesperaparaacirurgiamédiofoide7,7±4,2dias.Aprevalênciade mor-talidadefoide14,4%,ocorreuprincipalmentenosindivíduosmaisidosos(p=0,029),com leucocitose(p<0,001),comnecessidadedecuidadosintensivos(p<0,001)equenãoforam submetidosacirurgia(p<0,001).Asobrevidamédiafoisignificativamentemaiornos paci-entessubmetidosacirurgiaeinversamentenospacientesquenecessitaramdaunidadede terapiaintensiva.

Conclusão:Asmulherespredominaramnasinternac¸õeseograudeleucocitoseassociadoa idadeavanc¸adaapresentourelac¸ãocomamortalidade,independentementedotipodelesão eprocedimentocirúrgico.Aindadevemserfeitosmaisestudosparaavaliaroutrosfatores associadosàmortalidade.

©2016SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublicadoporElsevierEditora Ltda.Este ´eumartigoOpenAccesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND(http:// creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

TrabalhodesenvolvidonoHospitalNossaSenhoradaConceic¸ão,Tubarão,SC,Brasil.

Autorparacorrespondência.

E-mail:leosarandi@hotmail.com(L.G.Franco). http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2015.10.009

(2)

Factors

associated

with

mortality

among

elderly

people

hospitalized

due

to

femoral

fractures

Keywords:

Femoralfractures Elderly

Hospitalmortality Survivalanalysis

a

b

s

t

r

a

c

t

Objective: Toanalyzefactorsassociatedwithmortalityamongelderlypeoplehospitalized inasingle-centerregionalhospitalduetofemoralfractures.

Methods: Thiswasaretrospectivecohortstudy.Patientsaged60yearsoroverwhowere hospitalizedwithadiagnosisoffemoralfracture(ICDS72)between2008and2013were selectedthroughtheelectronicmedicalrecords.

Results: Thestudyevaluated195individualsofmeanage78.5±9.6years;females predomi-nated(68.2%).Themainmechanismforfallswaslow-energy(87.2%).Surgerywasperformed on93.3%ofthepatients;themeanlengthofhospitalstaywas13.6±7.5daysandthemean waitingtimeforthesurgerywas7.7±4.2days.Theprevalenceofmortalitywas14.4%, andthisoccurredmostlyamongolderindividuals(p=0.029);patientswithleukocytosis (p<0.001);thosewhoneededintensivecare(p<0.001);andthosewhodidnotundergo sur-gery(p<0.001).Themeansurvivalwassignificantlylongeramongpatientswhounderwent surgeryandshorteramongthosewhoneededintensivecare.

Conclusion: Womenpredominatedamongthehospitalizations,andthedegreeof leukocy-tosisassociatedwithadvancedagepresentedarelationshipwithmortality,independentof thetypeoflesionorsurgicalprocedure.Morestudiesstillneedtobeconductedinorderto assessotherfactorsassociatedwithmortality.

©2016SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublishedbyElsevierEditora Ltda.ThisisanopenaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense(http:// creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

Introduc¸ão

A OMS (Organizac¸ão Mundial de Saúde) classifica o idoso comotodoindivíduoquetenha60anosoumais.1Essaclasse

populacionalapresentaacentuadavelocidadedecrescimento e gera um aumento da prevalência de doenc¸as crônico--degenerativas.2

DeacordocomMonteiro,aquedadoidoso,alémdetrazer injúria,acarretadanosfamiliares,poiscria-seuma dependên-ciaporperdadeautonomiaapósoeventotraumático,como umaimportante questãode ordem social,econômica ede saúdepública.3Calcula-sequeonúmerodefraturasde

qua-drilnomundo,deumamaneirageral,chegaráa4,5milhões decasosem2050.4

Osprincipaisfatoresassociadosàmortalidadeapósa fra-tura são a idade, as comorbidades, o estado cognitivo, o tempo de espera entre a fratura e a cirurgia e o tipo de anestesia usada.5–8 No entanto, é controverso o tempo

deesperaparacirurgiacomoriscoparaoóbito.Aliteratura revelanãohaverumarelac¸ãoentreotempodeespera cirúr-gicaeamortalidade.9 Aalterac¸ãodeexames laboratoriais,

comoosníveisdeleucócitos,osquaispodemseapresentar comofatorassociadoaoóbito,tambémtemsidoamplamente abordada.10

Sob essa perspectiva, espera-se alcanc¸ar, com os dados obtidos,umamelhorcompreensãoarespeitodesseproblema econtribuirparaummelhormanejodopacienteidosocom fraturafemoral.Devidoaisso,oobjetivodesteestudofoi ava-liarosfatoresassociadosàmortalidadedeidososcomfratura defêmurduranteainternac¸ãohospitalar.

Material

e

métodos

Oestudopropostotratou-sedeumacoorteretrospectivade 275 pacientes idosos internados em hospital unicêntrico de referência regional que sofreram fraturas de fêmur de janeirode2008adezembrode2013.

Para selec¸ão da amostra foi feitocontato com aequipe detecnologiadeinformac¸ãodainstituic¸ão,comoobjetivode estratificar os indivíduos hospitalizados com o diagnóstico de fraturade fêmur(CID S72),com idadesuperiorouigual a60anosnoperíodoproposto.

Para os critérios de exclusão foram considerados: dados incompletos do prontuário ou erro no diagnóstico de hospitalizac¸ão, transferência para outros hospitais e reinternac¸ões. O estudofoi aprovado pelo Comitê de Ética ePesquisasobonúmero34735814.2.0000.5369.

Nacoletadedadosforamestabelecidasasseguintes variá-veis: gênero,idade,morbidades,tipoeladodafratura,tipo de queda,feitura de cirurgia, tipode cirurgia eseu tempo de espera, tempo de internac¸ão, necessidade de cuidados emterapia intensiva, hematócrito eleucócitosna primeira semana dehospitalizac¸ãoedesfecho, descritosporaltaou óbito.

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Osdadosforamarmazenados numa planilhadoExcele apóstransferidosparaoprogramaSPSS20.0paraanálise.As variáveisnuméricasforamapresentadasemtendênciacentral edispersãoeasvariáveiscategóricasemfrequências absolu-tasepercentuais.

Asvariáveisnuméricasforamanalisadaspelotestede nor-malidadede Kolmogorov-Smirnov.Paracomparac¸ãodessas variáveis entre o desfecho, foi usado o teste t de Student (p<0,05) para os dados com distribuic¸ão normal e para as variáveis não paramétricas, o teste de Mann-Whitney (p<0,05).Paraosresultadoscomdiferenc¸aestatística,foi ana-lisadaaacuráciapormeiodaáreadacurvaROC.

Paracomparac¸ãoentregênero,hospitalizac¸ãoemUTIe fei-turadecirurgia,foiusadootestedequi-quadrado(p<0,05). Foramcalculadososriscosrelativosparaóbito,comintervalo deconfianc¸ade95%.

Asobrevidadospacientesquenecessitaramdecuidados intensivosenãofizeramcirurgiafoianalisada pormeioda regressãodeCox(p<0,05)eapresentadapormeiodacurvade Kaplan-Meier.

Resultados

Foram selecionados inicialmente 275 indivíduos. Des-ses, foram descartados 80 em virtude de apresentarem dados incompletos ou ausentes no prontuário, bem como internac¸ões sem fratura propriamente dita, com conse-quente alta hospitalar, transferências ou reinternac¸ões. Nessecasofoiobtidaumaamostrade195pacientesparao estudoemquestão.Atabela1descreveascaracterísticasda amostra.

A tabela 2 demonstra a comparac¸ão entre o tempo de esperacirúrgicoedeinternac¸ão,hematócritoeleucócitosno momento da internac¸ão entre o grupo alta eóbito. Houve diferenc¸aestatísticaapenasnaidadeecontagemde leucó-citos.

Na análise das variáveis numéricas que apresentaram diferenc¸aestatísticaentrealtaeóbitosobaópticadacurva ROC,aacuráciaparaoprognósticodeóbitoobtidopelaárea sobacurvafoide0,761(IC95%:0,664a0,859)comp<0,001para os leucócitos e 0,643 (IC 95%: 0,525 a 0,762) com p=0,023 paraaidade(fig.1).

Na comparac¸ão do desfecho com o gênero não houve diferenc¸aestatística,16,2%emhomense13,5%em mulhe-res(p=0,630).Noentanto,osindivíduosquenecessitaramde UTIapresentaramumriscorelativodeóbitode10(IC95%:4,1 a24,4)eanãofeituradecirurgiaapontouumriscorelativode 30,4(IC95%:7,6a120,6),amboscomsignificânciaestatística (p<0,001).

Asobrevidamédia dospacientes hospitalizadosemUTI foi de 28,2 dias (IC 95%: 22,1 a 34,4 dias) e para aqueles quenãonecessitaram deinternac¸ão emUTI foide 47dias (IC95%:36,5a57,5dias)comdiferenc¸aestatística(p<0,001) (fig.2).

Asobrevidamédiadospacientesquenãofizeramcirurgia foide11,7dias (IC95%:7,9a15,5 dias)eparaaquelesque foramsubmetidosaoprocedimentocirúrgicofoide45,8dias (IC95%:37,9a53,8dias)comdiferenc¸aestatística(p<0,001) (fig.3).

Tabela1–Característicasdosidososhospitalizados porfraturadefêmur

Variáveis n(%)

Gênero

Feminino 133(68,2)

Masculino 62(31,8)

Idadea(anos) 78,5±9,6

Tiposdefratura

Intracapsular 79(40,5)

Extracapsular 96(49,2)

Diáfise 12(6,1)

Fêmurdistal 4(2,1)

Nãoinformado 4(2,1)

Ladodafratura

D 91(46,7)

E 100(51,3)

DeE 1(0,5)

Nãoinformado 3(1,5)

Tipodequeda

Baixaenergia 170(87,2)

Altaenergia 7(3,6)

Nãoinformado 18(9,2)

Feituradecirurgia

S 182(96,3)

N 13(6,7)

Tipodecirurgia

Osteossíntese 95(48,7)

Artroplastiatotal 44(22,6)

Artroplastiaparcial 26(13,3)

Outrosb 30(15,4)

Tempodeesperaparacirurgia 7,7±4,2 Tempodeesperaparacirurgiaa(dias) 13,6±7,5 Hematócritonainternac¸ãoa(dias) 33,5±5,7 Leucócitosnainternac¸ãoa(/mm2) 8922±5972,6

Comorbidades

Hipertensãoarterialsistêmica 90(46,2) Diabetesmellitus 43(23,6)

Cardiopatias 41(21,0)

Outras 21(9,2)

Desfecho

Óbito 28(14,4)

a Média±desvio-padrão.

b Nãofizeramcirurgia,tipodeprocedimentonãoinformado,

artro-plastiabipolar,Ilizarov.

Insuficiênciacardíaca,insuficiênciarenalcrônica,tumor,DPOC, AVC,demência,hipotireoidismo,hipoacusia,artrose.

Discussão

Noqueserefereaogênero,esteestudorevelouuma quan-tidade superiorde mulheresque sofreramfratura femoral. Similaridadeocorreu emestudoretrospectivona regiãodo Lazio,com6.896pacientes,dosquais78%demulheresentre osidososinternadoscomfraturafemoral.12

(4)

1,0

0,8

0,6

0,4

0,0 0,2 0,4 0,6

1 - Especificidade

Sensibilidade

0,8 Leucócitos Idade

Linha de referência

1,0 0,2

0,0

Figura1–CurvaROCdeidadeeleucócitoseprognóstico paraóbito.

fraturafemoral,emque,àsemelhanc¸adenossoestudo,se demonstraumaprevalênciasimilar.13

Quantoàdinâmicadotrauma,opresenteestudo eviden-ciouumaaltaprevalênciadetraumadebaixaenergia.Esse achadoéjustificadopelascaracterísticasdenossaamostra, que envolveu de maneira preponderante pacientes idosos. Moraesetal.14afirmaramquetalacometimentodeve-seaos

própriosmecanismosdequedadaprópriaaltura,quetemum picodeincidênciaentreos60e70anoscommaior probabili-dadedeocorrêncianosexofeminino,oqueexplicariaamaior exposic¸ãodasmulheresàfraturadefêmur.

Na análiseda curva de sobrevida ena comparac¸ãodos indivíduos que receberam ou não indicac¸ão cirúrgica, foi observadaumadiferenc¸asignificativaentreessesgrupos,de talformaqueataxadesobrevidafoisignificativamentemaior nosindivíduosqueforamsubmetidosaoprocedimento.Roche etal.15concluíram queomaiorfatorderiscopara

mortali-dadeestavadiretamenterelacionadocomapresenc¸adetrês oumaiscomorbidadesavaliadasnopré-operatório.Em con-trapartida,outroestudodemonstrouque paraospacientes

1,0

0,8

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0 20 40

Tempo

Sobre

vida

60 N S

Figura2–Sobrevidaempacienteshospitalizadosenão hospitalizadosemUTI.

clinicamente inaptos àcirurgia anão feitura foi amelhor escolhaenãohouvediferenc¸asignificativanoresultado funci-onalenamortalidadeemcomparac¸ãocompacientestratados cirurgicamente.16Apesardenãotersidocomparadaemnosso

estudoamortalidadeversusmorbidades,pode-sededuzirque oóbitomaisprecoceaferidoestejarelacionadocomonúmero decomorbidadesdessespacientes.

Quanto ao tipo de procedimento, a osteossíntese e as artroplastiatotaleparcialforamasmaisfeitas.Entretanto, a abordagem cirúrgicanão teverelac¸ão significativacom o tempoderecuperac¸ão,muitomenoscomoóbito.Estudo noru-eguêscom4.335pacientesidososcomparouaosteossíntese comaartroplastiaparatratamentodefraturadecolo femo-ralenãoobservoudiferenc¸anastaxasdemortalidadeemum anoapósacirurgia.Essemesmoestudoconcluiuqueos paci-entessubmetidosàosteossíntesereferirammaisdor,maior insatisfac¸ãocomoresultadodacirurgiaemenorqualidade devidadoqueogrupodeartroplastia.17

Noqueserefereaotempodeesperaparaacirurgia,não houve diferenc¸a significativaentre a alta eo óbito desses

Tabela2–Comparac¸ãodasvariáveisnuméricasdeacordocomodesfechoóbito

Alta Óbito ValordeP

n=167 n=28

85,60% 14,40%

Idadea(anos) 78±9,5 82,1±9,8 0,029c

Tempodeesperacirúrgicaa(dias) 7,5±4,0 9,44±5,1 0,105

Tempodeinternac¸ãoa(dias) 13,6±7,5 13,6±7,7 0,811

Hematócritob(%) 33,4±5,7 31,2±5,5 0,06

Leucócitosa(/mm2) 8323,3±4645,9 13037,9±10836,4 <0,001c

a TestedeMann-Whitney.

b TestetdeStudent.

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pacientes. Embora a literatura seja bastante controversa,9

segundoGrimesetal.18otempodecorridoentreafraturae

otempoparacirurgiaparecenãoexercerinfluênciana mor-talidadedeidosos comfratura defêmur. Apósestudocom 8.383pacientes,osdoentesforamdivididosemtrêsgrupos, o primeirogrupo foi operadonas primeiras 24 horas após afratura,osegundoapós24horasdefratura,contudosem patologiaativa,eoterceirogrupofoioperadotambémapós 24horas, mascom patologia ativa.Os pacientesque apre-sentarampatologiaativativeramsuascirurgiaspostergadas devidoàpresenc¸adeenfermidadedescompensada.Nofim,a mortalidadedogruponosindivíduosoperadosrapidamente nasprimeiras24horasfoimenor.Porém,quandoosgrupos foramhomogeneizadosparapresenc¸adedoenc¸asassociadas, essadiferenc¸adesapareceu.18

Sãováriasasexplicac¸õespossíveisparaesseachado.A pri-meirapossibilidadepodeestarligadaaofatodaocorrênciade muitascomplicac¸õespós-cirúrgicasnosenfermosqueforam aóbitoquepodemnãoter,necessariamente,umarelac¸ãocom otempodeespera.Segundo,foiobservadoduranteafasede coleta,emboranãodescritonotrabalho,umacentuado pro-cessodepostergac¸ão deprocedimentoscirúrgicos,seja por faltadevaga emUTIou condic¸ões clinicas adequadasdos pacientes,tantoparaaquelesquereceberamaltaquantopara aquelesqueforamaóbito.Todavia,umestudoobservacional com2.660pacientes,apontouquepostergaracirurgiaematé quatrodiasnãointerferiunamortalidade,aopassoqueum atrasosuperioraquatrodiasaumentousignificativamenteos índicesdemortalidade.19Nãoobstante,paratodasascausas

demortalidade,em30diasapósacirurgia,umarevisão siste-máticacom257.367pacientesinferiuqueumatrasosuperior a48horasaumentaoriscodemortalidadeematé41%.20

Asobrevidamédiadospacientesquenãonecessitaramde internac¸ãoemUTIfoisuperioradoshospitalizadosnessetipo deunidade.Aprincipalhipótesefoiquedetinhamumquadro clínicomaisdesfavorável,ummaiornúmerodecomorbidades associadaseidademaisavanc¸adaemrelac¸ãoaospacientes

1,0

0,8

0,6

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0,0

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Tempo

Sobre

v

ida

60 N S

Figura3–Sobrevidaempacientessubmetidosounão aoprocedimentocirúrgico.

quenãonecessitaramdeassistênciaintensiva.Noentanto, Fuchs etal.,21 com7.265pacientesacimade65anos,

reve-laram queaprincipal razãoparainternac¸ãoemUTIsãoas comorbidadesassociadas.Aidadeavanc¸adadeveser conside-radacomofatorderiscoisolado,especialmenteparapacientes acimade75anosinternadosnessasunidades.

São escassos os estudos que têm buscado analisar o impactoprognósticodecélulasinflamatóriasnoâmbitodas fraturas de fêmur. No presente estudo foi ratificada uma diferenc¸asignificativanoqueserefereàassociac¸ãoentre con-tagem totalde células brancasdurante internac¸ão eóbito. Nesseaspecto,deacordocomaanálisedacurvaROC,os leucó-citosdemonstraramterumacapacidadediscriminativapara identificaraquelespacientescomfraturadefêmurque apre-sentarammaiorriscodeóbito.Whiteetal.10 revelaramem

seu estudoumaprevalênciadeleucocitosede43,5%. Toda-via,aaltanastaxasdeleucócitosfoiàcustadoaumentodo númerodeneutrófilos,variávelessaquenopresenteestudo nãofoiavaliada.Talachadoérelativamentecomumnos paci-entescomfraturadefêmur,indicaapossibilidadedapresenc¸a de umquadroinfeccioso prévioouquetenhase desenvol-vidoposteriormenteafratura.10Nessesentido,éimportante

salientarqueoselementos celularesehumoraisdiminuem comoaumentodaidadee,nessecaso,opresenteestudofoi constituídopordoentesidososcomumamédiade82,1anos nogrupodemaiormortalidade,oquepodeexplicaramaior médiadacontagemtotaldascélulasdelinhagembrancano grupodepacientesquefoiaóbito.Alémdisso,ao observar-mosacurvaROC,aidadetambémapresentouumacapacidade discriminativadeidentificarosindivíduoscommaiorriscode óbito.

Amortalidadeglobalde14,4%podeserconsideradaalta ebastante discrepantedosresultadosencontrados em tra-balhos internacionais, em que as taxas de óbito foram maisbaixas.Em estudoretrospectivofeitonoCanadá com 3.981 pacientes, o índice de mortalidade hospitalar foi de 6,3%.22Aindanessecontexto,emoutroestudoretrospectivo

feitonaItáliacom6.629idosos,ataxafoiaindamenor,5,4%.23

Poroutrolado,emâmbitonacional,osresultadosdopresente trabalhoforamsemelhantesaodeestudoretrospectivoque relatouumataxadeóbitode14,61%.Aliteraturademonstra queamortalidadeglobalemrelac¸ãoaessestiposdefratura temvariadoentreosservic¸os,adependerdacomplexidade hospitalarexistente.24

Opresenteestudofoiconduzidoemhospitalunicêntricode referênciaregional.Nessecontexto,aliteraturadissertaque noslocaisondehouveumaltovolumeparafeituradecirurgias dequadrilosíndicesdemortalidadeforammaiores,refletiu sobreonossotrabalhoasuperioridadeparamortalidade intra--hospitalarnesseslocaisemcomparac¸ãocomosservic¸osde menorfluxo.24 De maneiraageneralizaresses dados, para

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Arelac¸ãodolocaldafraturacomamortalidadenãoteve significânciano presenteestudo.Entretanto, em uma revi-sãosistemáticacom544.733milpacientes,amortalidadefoi maior nos acometidos com fratura intracapsular. Ainda, o estudodemonstroua idade superiora 85 anoscomo fator associadoàmortalidade.Talachadorefletesimilaridadecom onossoestudo,oqualobtevemédiasemelhantenoquese refereàidadedoóbito.25

Aprincipallimitac¸ãodonossoestudorefere-seà impos-sibilidade de coletar dados relacionados a determinadas variáveis,devidoàfaltadeinformac¸õesnoprontuário,oque podetersubestimadoarealcondic¸ãoclínicadopaciente.Além disso,opresenteestudofoidelineadodemaneira observacio-nal,portantoasassociac¸õesencontradasnãopodemafirmar causalidade,devemnossosachadosserconfirmadospor estu-dosposteriores.

Conclusão

Constatamosqueasmulherespredominaramnasinternac¸ões e o grau de leucocitose associado à idade avanc¸ada apre-sentou relac¸ão com a mortalidade, independentemente do tipo de lesão e do procedimento cirúrgico. Demonstrou--se, também, sobrevida média superior para os pacientes que não necessitaram de internac¸ão em UTI. Vale desta-car que o tempo de espera para cirurgia e o tempo de internac¸ãonãoapresentaramassociac¸ãocomodesfecho mor-talidadeintra-hospitalar.Devidoaessesachados,enfatizamos aimportânciadaelaborac¸ãodeprotocolosparaummelhor manejo dessespacientes.Ainda nesse sentidodenota-se a importânciadeincrementaraojulgamentoclínicoaanálise dastaxasdeleucócitosqueobtiveramumaimportante capa-cidadedepredizerpioresdesfechos.

Conflitos

de

interesse

Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.

r

e

f

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r

ê

n

c

i

a

s

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