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Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Central de Ovar e no Hospital de Sant Joan Despí Moisès Broggi

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Academic year: 2021

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Farmácia Central de Ovar

Raquel Alves Bonifácio

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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Central de Ovar

abril de 2020 a setembro de 2020

Raquel Alves Bonifácio

Orientadora: Dr.ª Maria José Maçães Castro Torres Coelho

Tutor FFUP: Prof. Doutor Paulo Alexandre Lourenço Lobão

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Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e autoplágio constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 02 de outubro de 2020

Raquel Alves Bonifácio

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Agradecimentos

À minha família e aos meus amigos, pelo apoio que foram para mim ao longo de toda esta jornada e, em especial, à minha mãe, por ter feito sempre o possível e o impossível por mim, a mulher que sou hoje devo-o a ela.

Às Sirigaitas, por terem sido a minha segunda família e a casa longe de casa e à La Famiglia, por terem embarcado comigo nesta aventura.

À Patrícia e à Sofia, por terem sido companheiras desta viagem e presentes em todos os momentos.

À Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ao meu ano, Bravos e Duros. Ao corpo docente e não docente, com um cumprimento especial ao Professor Paulo Lobão pela orientação e acompanhamento nesta fase final.

A toda a equipa da Farmácia Central de Ovar, por tudo o que em mim incutiram e me fez ser melhor profissional, e por terem, cada um, moldado em mim aspetos tão diferentes e, simultaneamente, tão importantes: a Drª. Maria José, o sentido de responsabilidade e ética profissional; a Drª. Catarina, a tolerância e compreensão; a Drª. Kathy, o apoio e o cuidado; a Drª. Rita, a proximidade e companheirismo; o Dr. Daniel, a sede de conhecimento; a Drª. Joana, a perseverança; a Drª. Fabiana, a honestidade e triunfo perante as adversidades; a Drª. Sara, a visão diferenciadora perante as situações; o António, a amizade; a Cila, o carinho pelo próximo.

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Resumo

O estágio curricular é o culminar do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, conferindo-lhe a componente prática essencial à preparação dos estudantes para o exercício pleno da sua futura profissão e permitindo o seu primeiro contacto com a realidade profissional.

O presente relatório resume o estágio curricular em Farmácia Comunitária realizado na Farmácia Central de Ovar, no âmbito do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, com uma duração de 4 meses. Encontra-se divido em duas partes: a primeira parte foca o trabalho e tarefas levados a cabo diariamente na farmácia e a segunda descreve os projetos realizados no âmbito do estágio.

A primeira parte compila todas as aprendizagens e conhecimentos que adquiri no acompanhamento da equipa da Farmácia Central de Ovar ao longo destes 4 meses, bem como outros aspetos de relevo inerentes à prática farmacêutica, agregando a todos eles a minha experiência pessoal no cumprimento de cada uma das tarefas e desafios que se colocaram ao longo do período de estágio.

A segunda parte contempla os dois projetos realizados no âmbito do estágio, um deles dedicado a uma formação interna apresentada à equipa, subordinada ao tema “Interações de fármacos com contracetivos orais”, e o outro à elaboração e execução do plano marketing da Farmácia Central de Ovar para o mês de setembro, englobando toda a comunicação interna e externa da farmácia, a nível de organização de montras e espaço físico da farmácia, ações promocionais, redes sociais e outras plataformas de comunicação com o utente e incluindo ainda a elaboração de um panfleto, a ser distribuído aos utentes.

O estágio foi um momento extremamente gratificante e de grande aprendizagem, em todos os aspetos. Foi um período de grande tensão para todo o país, mas em especial para os cidadãos de Ovar, uma vez que o concelho recuperava de um cerco sanitário de 31 dias, em consequência da pandemia causada pelo SARS–CoV–2 (COVID-19). Foram muitos os obstáculos e as alterações necessárias para estar à altura desta nova realidade, no contexto da farmácia comunitária, que evidenciaram a imensa resiliência, profissionalismo e competência do farmacêutico, enquanto profissional de saúde. Todas elas foram, simultaneamente, um motor de grande crescimento pessoal e profissional e desenvolvimento de competências.

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Índice Geral

Declaração de Integridade ...ii

Agradecimentos ... iii

Resumo... iv

Índice Geral ... v

Índice de Tabelas ... vii

Índice de Anexos ... viii

Lista de Abreviaturas ... ix

Parte I – Atividades desenvolvidas na farmácia comunitária ... 1

1. Introdução ... 1

2. Estrutura organizacional da Farmácia Central de Ovar ... 2

2.1. Localização e horário de funcionamento ... 2

2.2. Recursos Humanos ... 2

2.3. Caraterização do espaço físico da farmácia ... 3

2.3.1. Filosofia Kaizen™ ... 4

2.4. Organização durante a pandemia COVID-19... 4

3. Organização e Gestão da Farmácia Central de Ovar ... 5

3.1. Sistema Informático ... 5

3.2. Fontes de Informação ... 6

3.3. Encomendas e Aprovisionamento ... 7

3.3.1. Gestão de stocks ... 7

3.3.2. Seleção e aquisição de produto farmacêuticos ... 8

3.3.3. Receção e conferência de encomendas ... 9

3.3.4. Armazenamento ... 11

3.3.5. Gestão de devoluções ... 12

3.3.6. Controlo de prazos de validade ... 13

3.4. Sistema de Reservas ... 13

3.5. Cartão Saúda ... 14

4. Medicamentos e produtos de saúde e bem-estar ... 14

4.1. Medicamentos Sujeitos a Receita Médica ... 15

4.1.1. Prescrição Médica ... 15

4.1.2. Preços e regimes de comparticipação ... 17

4.1.3. Medicamentos Psicotrópicos e Estupefacientes ... 18

4.1.4. Conferência de receituário e faturação ... 19

4.2. Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica ... 19

4.2.1. Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica de Dispensa Exclusiva em Farmácia ... 20

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4.3. Medicamentos Manipulados ... 21

4.4. Dispositivos Médicos ... 23

4.5. Medicamentos Homeopáticos... 23

4.6. Medicamentos e produtos de uso veterinário ... 24

4.7. Outros Produtos de Saúde e Bem-estar ... 24

5. Serviços prestados ... 26

5.1. Determinação de parâmetros bioquímicos e biofísicos ... 26

5.2. Administração de injetáveis ... 27

5.3. Preparação individualizada da medicação ... 27

5.4. Outros serviços ... 28

6. Marketing e digitalização da farmácia ... 28

7. Formações ... 29

Parte II – Projetos Desenvolvidos ... 31

1. Interações de Fármacos com Contracetivos Orais – Projeto de Formação da equipa... 31

1.1. Seleção do tema ... 31

1.2. Introdução... 31

1.3. Mecanismo de ação ... 32

1.4. Farmacocinética dos CO... 32

1.5. Principais interações ... 33

1.5.1. Interferência com o efeito contracetivo ... 33

1.5.1.1. Alterações a nível da absorção ... 33

1.5.1.2. Interferências a nível da metabolização ... 34

1.5.1.2.1. Indutores enzimáticos ... 34

1.5.1.2.2. Inibidores enzimáticos ... 35

1.5.2. Interferência com o efeito farmacológico ... 35

1.5.2.1. Fármacos com eficácia diminuída ... 35

1.5.2.2. Fármacos com efeito potenciado ... 35

1.6. Conclusão... 37

2. Comunicação interna e externa na Farmácia Central de Ovar ... 38

2.1. Seleção do tema ... 38 2.2. Planeamento ... 38 2.3. Execução ... 39 2.4. Resultados... 40 2.5. Análise e Conclusão ... 40 Conclusão Global ... 42 Referências Bibliográficas ... 43 Anexos ... 50

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Índice de Tabelas

Tabela 1 – Cronograma das atividades realizadas ao longo do estágio. ... 1 Tabela 2 – Substâncias de utilização proibida na preparação de MM. ... 21 Tabela 3 – Cronograma de formações realizadas durante o estágio. ... 30

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Índice de Anexos

Anexo I – Produtos Comparticipados pelos Serviços Sociais da Câmara Municipal de Ovar ... 50 Anexo II – Exemplo de Ficha de Preparação de um medicamento manipulado da Farmácia Central ... 51 Anexo III – Lista de medicamentos manipulados comparticipados pelo Sistema Nacional de Saúde... 51 Anexo IV – Suporte digital da apresentação feita à equipa, no âmbito do Projeto I ... 51 Anexo V – Tabela resumo da apresentação feita à equipa, no âmbito do Projeto I ... 51 Anexo VI – Questionário de avaliação da apresentação feita à equipa, no âmbito do Projeto I... 51 Anexo VII – Análise dos horários de maior alcance de publicações feitas no Facebook©, realizada no âmbito do Projeto II ... 51 Anexo VIII – Planificação de publicações do plano de marketing desenvolvido para a FC no mês de setembro, no âmbito do Projeto II ... 51 Anexo IX – Panfleto distribuído aos utentes, desenvolvido no âmbito do Projeto II ... 51 Anexo X – Newsletter de setembro da FC, desenvolvido no âmbito do Projeto ... 51 Anexo XI – Exemplos do trabalho desenvolvido a nível de comunicação interna, no espaço físico da FC, montra digital e televisor, no âmbito do Projeto II ... 51 Anexo XII – Exemplos do trabalho desenvolvido a nível de comunicação externa, nas redes sociais da FC, no âmbito do Projeto II ... 51 Anexo XIII – Alcance das publicações feitas no Facebook©, geral e por publicação, levada a cabo no âmbito do Projeto II ... 51

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Lista de Abreviaturas

AIM – Autorização de Introdução no Mercado ANF – Associação Nacional das Farmácias BPF – Boas Práticas de Farmácia Comunitária CE – Contraceção Oral de Emergência

CO – Contracetivos Orais

COC – Contracetivos Orais Combinados COP – Contracetivos Progestativos Orais

COVID–19 – Doença provocada pelo vírus SARS–CoV–2 DCI – Denominação Comum Internacional

DM – Dispositivos Médicos EE – Etinilestradiol

EPI – Equipamentos de Proteção Individual FC – Farmácia Central de Ovar

INFARMED – Autoridade Nacional do Medicamento

LEF – Centro de Informação sobre Medicamentos Manipulados MICF – Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

MM – Medicamentos Manipulados

MNSRM – Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

MNSRM-EF – Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica Exclusivos de Farmácia MPE – Medicamentos Psicotrópicos e Estupefacientes

MSRM – Medicamentos Sujeitos a Receita Médica OMS – Organização Mundial de Saúde

PSBE – Produtos de Saúde e Bem-Estar PVP – Preço de Venda ao Público

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RSP – Receita Sem Papel

SARS–CoV–2 – Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavírus 2 – Síndrome Respiratória Aguda Grave – Coronavírus 2

SI – Sistema Informático

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Parte I – Atividades desenvolvidas na farmácia comunitária

1. Introdução

O meu estágio na Farmácia Central de Ovar (FC) teve início no dia 20 de abril de 2020 e término no dia 4 de setembro de 2020. Ao longo destes 4 meses, sob orientação da Drª. Maria José Coelho, tive a oportunidade de aplicar os conhecimentos do foro teórico e prático até agora adquiridos ao longo do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas (MICF), de os estender em aplicabilidade prática na farmácia e de aprender muito sobre a logística de procedimentos da FC. Foi-me possível contactar com as mais variadas facetas da farmácia comunitária e, apesar de todas as restrições impostas pela pandemia COVID-19, participar delas ativamente: no atendimento ao público, na gestão de stocks, encomendas e devoluções, na preparação de medicamentos manipulados, na realização de determinações de parâmetros bioquímicos e biofísicos, na gestão de receituário, na elaboração de planos de marketing, bem como de muitos outros aspetos que considero serem de extrema importância para a formação do farmacêutico, enquanto profissional completo e de valência diversas. Pretende este relatório expor a minha experiência no desempenho destas tarefas, bem como no desenvolvimento dos projetos para implementação na FC, das quais se pode encontrar resumo cronológico na Tabela 1.

Tabela 1 – Cronograma das atividades realizadas ao longo do estágio.

ATIVIDADES abril maio junho julho agosto setembro

Receção e conferência de encomendas Gestão de reservas e realização de encomendas Armazenamento e reposição de stock Controlo de prazos de validade Atendimento ao público Colaboração na elaboração do plano de marketing Determinaçãode parâmetros bioquímicos e biofísicos Preparação de medicamentos manipulados Preparação individualizada da medicação Preparação de projetos

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2. Estrutura organizacional da Farmácia Central de Ovar

2.1.

Localização e horário de funcionamento

A FC encontra-se situada no número 47 da Praça da República, uma localização central na cidade de Ovar, enquadrada numa área residencial em extrema proximidade de serviços públicos, comércio e restauração. Destaco ainda a sua proximidade ao Hospital Francisco Zagalo, ao Centro de Saúde de Ovar, ao Lar da Santa Casa da Misericórdia de Ovar e a um laboratório de Análises Clínicas. Existem 4 outras farmácias no centro do concelho e todas se encontram em localizações muito próximas à FC, em especial a Farmácia Lamy, distando apenas 60 metros entre as duas, uma vez que ambas as farmácias têm data de fundação anterior a 2007, data de aprovação da portaria que estabelece 350 metros como distância mínima entre farmácias.1

A FC encontra-se aberta ao público das 8h30 às 19h00, de segunda a sexta-feira, e das 8h30 às 13h00 aos sábados, excluindo feriados. A cada 5 dias, a FC está de serviço permanente, e nesses dias pratica um horário fixo de funcionamento das 8h30 até às 24h00. Ainda durante o meu período de estágio, nos dias designados para o serviço permanente das farmácias de Ovar, o horário de abertura estendia-se até à hora de abertura do dia seguinte. Por acordo entre todas as farmácias, a partir de 1 de junho o serviço passou a estender-se apenas até às 24h00, em cumprimento com o estabelecido na legislação.2 O horário de funcionamento da farmácia encontra-se afixado de forma visível, bem como a informação de qual a farmácia que se encontra de serviço no concelho, de acordo com o legalmente previsto.3

2.2.

Recursos Humanos

A FC tem uma equipa jovem, dinâmica, multidisciplinar e de competência diversificadas, que lhe permite dar resposta à crescente exigência do utente, enquanto consumidor, primando pela qualidade de atendimento, disponibilidade de serviços e proximidade à comunidade. É propriedade da Drª. Maria José Coelho, que exerce funções como Diretora Técnica e conta com 8 farmacêuticos, a Drª. Kathy Teixeira, a Drª. Catarina Andrade, a Drª. Paula Pinho, a Drª. Rita Freitas, o Dr. Daniel Silva, a Drª. Joana Almeida e a Drª. Fabiana Ruivo, em cumprimento com o disposto no Decreto-Lei n.º 307/2007, de 31 de agosto, que afirma que os farmacêuticos “devem, tendencialmente, constituir a maioria dos trabalhadores da farmácia”.1

A equipa da conta ainda com a Dr.ª Sara Coelho, Diretora Geral de Planeamento e Gestão Financeira, com um Técnico Auxiliar de Farmácia, António Rodrigues e com uma auxiliar de limpeza, Lucília Carriola. Destaco ainda, em termos de funções adicionais, a Drª. Joana Almeida como responsável de marketing e merchandising, a Drª. Kathy Teixeira e a Drª. Catarina Andrade desempenham ambas funções de Farmacêutica

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Adjunta, sendo a Drª. Kathy também a Farmacêutica Substituta e a Drª. Catarina Diretora da Qualidade da FC.

2.3.

Caraterização do espaço físico da farmácia

A FC está situada em edifício partilhado com um consultório de medicina dentária, devidamente sinalizado no exterior pela designação “Farmácia Central” e pela presença de cruz com sinalização luminosa verde, que se encontra ligada nos períodos de abertura da farmácia, estando também presente a identificação da Direção Técnica da farmácia. O espaço físico da FC está compreendido em três pisos, organizados em cumprimento das Boas Práticas de Farmácia Comunitária (BPF).4 No rés-do-chão podemos encontrar a área de atendimento, composta por: 5 balcões fisicamente separados, em espaço amplo e organizado; um Cashlogy© (sistema automatizado, integrado com o módulo de atendimento, destinado a pagamentos em numerário); um frigorífico para armazenamento dos produtos de frio, de forma a garantir a manutenção da cadeia de frio e a qualidade e integridade dos produtos; várias gavetas, destinadas ao armazenados e fácil acesso de produtos de saúde e bem-estar (PSBE), alguns medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM), medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) e medicamentos não sujeitos a receita médica exclusivos de farmácia (MNSRM-EF); lineares, montras e gôndolas, que permitem a normal organização e exposição de produtos, bem como dar destaque a outros. Existe um gabinete para atendimento personalizado, utilizado para a administração de injetáveis, para determinações de parâmetros bioquímicos e biofísicos e para as consultas de alguns dos serviços oferecidos pela farmácia, como o serviço de podologia, instalações sanitárias para usufruto dos utentes e o backoffice. O backoffice está seccionado em vários espaços que incluem uma área destinada à receção de encomendas, uma outra designada para a colocação de produtos reservados e ainda vários locais de armazenamento: um robot de distribuição automática, onde se encontram armazenados maioritariamente MSRM, armários e estantes deslizantes para armazenamento de outros produtos, como excedentes dos produtos já expostos na área de atendimento. No primeiro andar é possível encontrar o gabinete da Direção Técnica, os vestiários, com uma entrada para os colaboradores com acesso direto à rua, o laboratório destinado à preparação de medicamentos manipulados (MM), onde é feita também a preparação individualizada da medicação e onde estão armazenadas as matérias-primas e os materiais de embalagem. Encontram-se ainda no primeiro andar, acessíveis diretamente pela zona de atendimento, mais gabinetes destinados aos serviços, como as consultas de nutrição e terapia da fala. No segundo andar está uma sala de reuniões, acessível pelo mesmo local, a copa e mais espaços destinados a armazenamento.

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2.3.1. Filosofia Kaizen

Kaizen™ é uma filosofia de melhoria contínua com origem no Japão, trabalhada pelo Kaizen™ Institute, que oferece formação e serviços de consultoria para a sua

implementação em tecido empresarial. A sua implementação é possível em qualquer tipo de negócio e, no âmbito do setor farmacêutico, é levada a cabo pelos Serviços de Consultoria e Gestão em Farmácias da Glintt©. A filosofia Kaizen e aplicação dos seus

princípios permitem uma otimização transversal de processos para a eficiência operacional a todos níveis hierárquicos, sem exceção, das empresas que a implementem, através da rentabilização de recursos e eliminação de desperdícios, constituindo um “pilar importante da estratégia competitiva de longo prazo de uma organização”.5

Em farmácia comunitária, a implementação da filosofia Kaizen™ contempla quatro fases: a organização de equipa (nível 1), organização de espaços (nível 2), normalização de trabalho (nível 3) e melhoria de processos (nível 4). A FC encontra-se já nesta última fase, estando a grande maioria dos seus processos logísticos já otimizados e continuando todo o processo a ser acompanhado por um gestor que participa ativamente na deteção e resolução de problemas, trabalhando de forma integrada com toda a equipa.

A filosofia Kaizen™ traz ao dia-a-dia da FC uma organização ímpar em todos os aspetos, alicerçada na comunicação e organização. Todo o espaço de backoffice está organizado e seccionado de forma a garantir a otimização de todo os processos inerentes à gestão de stocks e produtos. Semanalmente realizam-se reuniões cujo objetivo é uniformizar a informação que detém toda a equipa. A reunião é, geralmente, dirigida pela Drª. Maria José e nela têm lugar a divulgação de informação relativa a campanhas, novos procedimentos, ações a realizar na farmácia ou outros aspetos de relevo, a discussão de metas e objetivos, a identificação de problemas e desenho das respetivas estratégias de resolução. No backoffice está ainda presente um quadro Kaizen™, onde é possível consultar toda a informação comunicada em reunião, bem como atualizações quanto ao cumprimento de objetivos e tarefas de todos os elementos da equipa. No decurso do estágio tive a oportunidade de participar destas reuniões, que considero ter sido uma ferramenta fundamental para o meu alinhamento com a restante equipa.

2.4.

Organização durante a pandemia COVID-19

Iniciei o estágio logo após o término do cerco sanitário do concelho de Ovar. Nesse momento, a FC funcionava em horário completo, com a equipa divida em dois turnos que operavam em dias alternativos. Um dos turnos era compostos por mim, pela Drª. Maria José, pela Drª. Rita e pela Drª. Joana e o outro pela Drª. Kathy, pela Drª. Catarina, pelo Dr. Daniel e pela Drª Fabiana. A Drª. Paula esteve em licença de

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maternidade durante todo o período de estágio. Todos os elementos de cada turno operavam no completo horário de funcionamento da farmácia, das 8h30 às 19h00, dada a elevadíssima afluência de utentes e as condições de atendimento restritas.

O atendimento era feito através de uma divisória, criada no espaço interior da farmácia especificamente para esse propósito, com três janelas para atendimento dos utentes, devidamente distanciadas entre si. Entre utentes era levada a cabo uma desinfeção dos espaços e objetos, como a própria janela de atendimento e os terminais de pagamento multibanco, apelando sempre à utilização de meios de pagamento

contactless, e com frequência eram desinfetados os postos de atendimento, materiais e

superfícies do interior da FC. No atendimento, bem como na realização de outras tarefas, a equipa serviu-se de equipamentos de proteção individual (EPI) como luvas, máscara, touca de proteção e bata descartável, em adição à bata normalmente utilizada, procedendo a desinfeção das mãos entre atendimentos. Esta organização e metodologia foi essencial para a segurança de todos, impedindo contacto direto com os utentes e entre os mesmos e a contaminação de produtos e espaços.

A FC operou nestas condições até ao dia 15 de junho, dia em que terminou a divisão em turnos e se reuniu novamente toda a equipa no horário normal de trabalho. A partir dessa data cumpri 8 horas diárias de estágio, das 9h00 às 19h00 com pausa de duas horas para almoço. Foi retirada a divisória de atendimento e passou a ser possível aos utentes a entrada na farmácia, ainda que com condicionantes, de acordo com a norma orientadora para as farmácias comunitárias emitida pela Direção Geral de Saúde.6 Foi colocado um dispensador de álcool em gel na entrada a farmácia para desinfeção obrigatória das mãos de todos os que nela entrem, mediante o uso igualmente obrigatório de máscara enquanto permaneçam no interior. O sistema de senhas empregue anteriormente encontra-se suspenso, por forma a evitar contacto com mais uma superfície que possa constituir ponto de contágio; com recurso a acrílicos e sinalização da distância de segurança a guardar, os 5 postos de atendimento encontram-se fisicamente separados entre si e equipados com uma barreira física entre o utente e o operador do atendimento; a desinfeção de superfícies, materiais e das mãos passou a ser prática implementada na FC após cada atendimento, bem como a utilização de EPI, nomeada máscara.

3. Organização e Gestão da Farmácia Central de Ovar

3.1.

Sistema Informático

O sistema informático (SI) utilizado na FC é o Sifarma® 2000, desenvolvido pela Glintt©. Este é a ferramenta base de trabalho na farmácia, para todo o tipo de tarefas e procedimentos, permitindo uma gestão integrada, agregada e transversal a todos os

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aspetos do trabalho do farmacêutico, desde o atendimento ao público à gestão de encomendas e produtos. Está disponível em todos os computadores da farmácia, acessível através da introdução de um código de acesso, específico para cada colaborador. Na FC, apenas os MM são geridos de forma paralela ao Sifarma® 2000.

É uma plataforma de trabalho muito completa, no que ao trabalho em farmácia comunitária diz respeito, que permite bastante celeridade na realização de tarefas. Constitui um grande apoio, especialmente no período de iniciação no atendimento, pois associada a cada produto se encontra facilmente informação relativa à indicação terapêutica, posologia, contraindicações, e outras, que muitas vezes são a resposta para questões colocadas pelos utentes e em muito contribuem para a qualidade do atendimento e segurança na informação transmitida. Por permitir também a consulta do histórico de compras dos utentes, é uma grande mais valia dado que a grande maioria dos utentes não é capaz de identificar os fármacos que toma nem os respetivos laboratórios. Tem algumas limitações, em termos de fluidez do atendimento, que por vezes requer o abate e recomeço da venda.

Adicionalmente ao Sifarma® 2000, a FC possui instalado nos postos de atendimento o Novo Módulo de Atendimento do Sifarma®, uma opção mais apelativa a nível de design gráfico e otimizada em termos de algumas das suas funcionalidades. Durante o período de estágio foi-me possível contactar diariamente com este Novo Módulo de Atendimento e de me familiarizar com ele. Utilizei simultaneamente ambos os programas e afiro-lhes qualidades em diferentes aspetos. Destaco no novo módulo vantagens na navegação entre separadores e fases de atendimento, mais facilitada e que permite, por exemplo, acesso ao historial de compras do utente sem necessidade de alternar entre separadores, e especialmente no processamento do pagamento, muito mais simplificado, articulado com o Cartão Saúda e com funcionalidades extremamente úteis na gestão da emissão de faturas.

3.2.

Fontes de Informação

Apesar da formação académica extremamente completa de que o farmacêutico é detentor, em adição a todos os conhecimentos que adquire no exercício da profissão, é fundamental que haja uma atualização e revisão de conhecimentos constante. No seu dia-a-dia surgem questões para as quais não possui todo o conhecimento ou segurança para oferecer resposta, pelo que a consulta de informação adicional se torna imprescindível, com vista ao melhor cuidado e benefício possível do utente.

As fontes a que deve recorrer, por excelência, no âmbito da dispensa de medicamentos são os Resumos das Caraterísticas dos Medicamentos e o Prontuário Terapêutico, de acordo com as BPF.4 Adicionalmente, a FC dispõe ainda do Formulário Galénico Português de 2001 e 2007 e das Farmacopeias Portuguesas em formato físico,

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de folhetos e mapas orientados disponibilizados pelos fabricantes, referentes principalmente a produtos cosméticos, de puericultura e formulações pediátricas e dos fluxogramas de indicação farmacêutica da Associação Nacional das Farmácias (ANF). Em todo o caso, o SI fornece sempre informação de relevo sobre dado produto, disponível para consulta no próprio módulo de atendimento. Para a preparação de MM, a FC a conta com a colaboração do Centro de Informação sobre Medicamentos Manipulados (LEF) da ANF e são consultadas frequentemente as fichas técnicas das matérias-primas utilizadas, elaboradas pelos fabricantes.

3.3.

Encomendas e Aprovisionamento

3.3.1. Gestão de stocks

Uma correta gestão de stocks dos produtos comercializados pela farmácia é um fator determinante para o seu sucesso, rentabilidade e sustentabilidade financeira a longo prazo. Idealmente, as necessidades dos utentes são satisfeitas com o menor comprometimento económico possível. Deve ter por base a rotatividade de produtos e respetiva sazonalidade, refletindo as necessidades e perfil dos utentes, a disponibilidade de medicamentos e entrada no mercado de novos, condições comerciais oferecidas pelos laboratórios e fornecedores e campanhas promocionais em vigor. Esta gestão é fruto de um equilíbrio entre todos estes fatores, sempre em cumprimento do disposto nas Normas relativas à dispensa de medicamentos e produtos de saúde, em que “as farmácias devem ter disponível para venda, no mínimo, três medicamentos com a mesma substância ativa, forma farmacêutica e dosagem, de entre os que correspondam aos cinco preços mais baixos de cada grupo homogéneo”.7

É com recurso ao SI que a gestão de stocks é feita, pois é ele que permite analisar os movimentos de entradas e saídas de stock e definir stocks mínimos e máximos para determinado produto, levando a que seja gerada automaticamente pelo SI uma proposta de encomenda. Um stock mínimo ou máximo é definido, muitas vezes, em sequência de um atendimento, por se entender que será compra habitual de um utente, evitando futuramente o atraso ou impedimento da venda ou ausência de stock.

Não obstante ao controlo feito pelo SI de todos os produtos, por vezes verificam-se incoerências entre o stock listado no SI e o stock real do produto, preverificam-sente fisicamente na farmácia. Na FC toda a equipa é ativamente vigilante destas situações e muitas vezes, em contexto de atendimento, são detetados erros de stock que levam a uma perda significativa de tempo no próprio atendimento e à não solução da necessidade ou problema do utente. Os erros detetado são anotados numa folha, afixada no quadro da equipa no backoffice, para que se proceda à sua correção assim que possível. Por vezes, a causa do erro é facilmente descoberta com alguma pesquisa e, nesses casos, evita-se a correção do stock, tendo lugar a correção do processo que lhe deu origem. Para

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minimizar a frequência com que ocorrem estas situações, com alguma frequência fazem-se contagens do stock real de produtos. Durante o período de estágio levei a cabo algumas contagens físicas de produtos, normalmente agrupados por local de armazenamento.

3.3.2. Seleção e aquisição de produto farmacêuticos

A FC trabalha com vários parceiros e fornecedores, autorizados pelo INFARMED,1 de forma a garantir que pode oferecer ao utente produtos variados em conformidade com as suas necessidades, bem como as melhores condições comerciais possíveis para a aquisição dos mesmos, normalmente feita a distribuidoras farmacêuticas ou diretamente aos laboratórios fabricantes. A escolha da aquisição de novos produtos surge, muito frequentemente, na sequência de solicitação por um utente, e por opção da Direção Técnica da farmácia.

Os principais distribuidores que fornecem a FC são a Alliance HealthCare®, a OCP Portugal® e, muito esporadicamente, a Empifarma®. A Alliance HealthCare® destaca-se como principal fornecedor, uma vez que a FC pertence ao Grupo HealthPorto, um grupo de compras que a representa, associada a outras farmácias, e através do qual se estabelecem com a distribuidora preços e condições comerciais mais benéficas para alguns produtos.

Classicamente, realizam-se três tipos de encomendas no que toca às distribuidoras, recorrendo à funcionalidade do SI para este efeito. As encomendas diárias são realizadas duas vezes por dia, à hora de almoço e ao final do dia, tanto à Alliance HealthCare® como à OCP Portugal® pela Diretora Técnica, ou, na sua ausência, por uma das farmacêuticas adjuntas. O SI apresenta, para este tipo de encomendas, uma proposta de encomenda elaborada com base nos consumos médios mensais dos produtos, no stock atual, e nos mínimos e máximos definidos. O responsável revê esta proposta e dela seleciona os produtos a constar da encomenda, tendo em conta, em todo o caso, as condições oferecidas pelos vários fornecedores e, por conseguinte, as mais vantajosas para a FC. Observei, em várias ocasiões, a revisão da proposta de encomenda e requer esta tarefa alguma experiência por parte de quem a executa, por forma a fazer uma avaliação correta das necessidades da farmácia no momento.

As encomendas instantâneas surgem, na sua larga maioria, em contexto de atendimento, na sequência da indisponibilidade temporária de um produto já habitualmente comercializado ou por se tratar de um produto novo, a pedido de um utente. Recorrendo ao SI no módulo de atendimento, é possível consultar a disponibilidade do produto requisitado nas várias distribuidoras, que se mostra codificado por cores: verde para disponibilidade imediata; azul para disponibilidade condicionada, com previsão de receção em dois dias úteis; vermelho para esgotado. Aquando da

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confirmação da encomenda, são apresentados data e horário previstos para a entrega do produto e, geralmente, a encomenda fica associada a uma reserva. Por vezes a previsão de receção do produto não se revela concordante com as expectativas do utente, e por isso se tenta obter esclarecimento adicional por telefone, contactando diretamente a distribuidora.

As encomendas realizadas através do projeto Via Verde do Medicamento funcionam de forma semelhante às encomendas instantâneas e visam a obtenção célere de produtos com disponibilidade frequentemente condicionada, mediante apresentação de receita médica que o justifique, limitado a um máximo de duas embalagens. A lista de produtos passíveis de pedido por esta via sofre atualização mensal.8

Na FC realizam-se diariamente um número considerável de encomendas instantâneas e pontualmente encomendas Via Verde às distribuidoras. Realizei inúmeras encomendas deste género durante o estágio, em especial no seguimento de pedidos dos utentes.

A aquisição é normalmente feita diretamente aos laboratórios fabricantes quando se tratam de PSBE, especialmente produtos de puericultura, suplementos alimentares e produtos dermocosméticos, mas também em compras de grande volume de medicamentos genéricos. Alguns destes produtos são passíveis de ser adquiridos via distribuidora, no entanto a compra direta de maiores quantidades oferece mais vantagens económicas para a farmácia, permitindo a retenção de maior margem face à compra à distribuidora. Estas compras ocorrem no âmbito da visita de delegados à farmácia, em que se negociam diretamente as condições de aquisição, ou pontualmente em ocasiões de necessidade.

3.3.3. Receção e conferência de encomendas

Chegam diariamente à FC várias encomendas provenientes dos vários seus fornecedores parceiros, pelo que a receção e conferência de encomendas são procedimentos que fazem parte da rotina diária da farmácia, onde se verifica a concordância entre produtos pedidos, produtos rececionados e produtos faturados. As encomendas das distribuidoras chegam à FC ao início da manhã e após a hora de almoço, devidamente acondicionadas em contentores identificados e acompanhados de fatura ou, caso não tenham sido faturados ainda, guia de remessa. As restantes encomendas são recebidas sem calendário estipulado, com regularidade variável consoante o fornecedor, geralmente acondicionadas em caixas de cartão, igualmente acompanhadas de fatura ou guia de remessa. Nos casos em que não estejam presentes documentos de faturação na entrega da encomenda, o fornecedor é contactado no sentido de os enviar com a maior brevidade possível, para que seja possível completar o processo de receção. Quando as encomendas contêm produtos de frio, estes vêm

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acondicionados em contentores térmicos e assim que se inicia a receção da encomenda, todos estes produtos são colocados de imediato no frigorífico, por forma a garantir a integridade dos mesmos e a não quebra da cadeia de frio. Quando são entregues medicamentos psicotrópicos e estupefacientes (MPE), geralmente vêm acondicionados em separado em contentores próprios ou em sacos de plástico transparentes, juntamente com os restantes produtos, acompanhados de uma requisição específica.

A receção de encomendas é feita no SI e dependendo se a encomenda foi feita ao fornecedor também através do SI ou não, existe já um registo informático do conteúdo do pedido criado, pronto a ser selecionado para dar entrada em stock dos produtos recebidos. Geralmente, apenas as encomendas feitas às distribuidoras seguem este procedimento, pelo que na receção das restantes é necessária previamente a criação de uma encomenda manual, onde são listados os produtos encomendados, que fica registado no SI para posteriormente poderem ser recebidos.

Primeiramente, deve fazer-se uma observação cuidadosa da(s) fatura(s) recebida(s) e fazer a conferência da encomenda, garantindo que os produtos rececionados correspondem aos encomendados e aferindo a integridade de todas as embalagens número de embalagens. Todos os produtos que chegam à FC através de distribuidoras simultaneamente, apesar de serem faturados separadamente (de acordo com a encomenda realizada: diária, instantânea ou via verde), são rececionados em conjunto, à exceção dos medicamentos rateados. Para iniciar a receção da encomenda propriamente dita, são selecionadas e agrupadas no SI as encomendas a rececionar. Introduzem-se o número da fatura, o valor total faturado com IVA e o número total de unidades entregues, sendo estes últimos a soma dos valores constantes de todas as faturas. É feita uma divisão física dos produtos consoante o seu local de armazenamento, no robot ou fora dele, pois o procedimento a adotar difere nos dois casos. Todos os produtos armazenados fora do robot são picados um a um, recorrendo a um leitor de código de barras, mas dado que a receção de encomendas no SI está articulada com o armazenamento no robot, as várias unidades de produtos que aí serão armazenadas são passadas no robot, registado o respetivo prazo de validade e contabilizadas para efeitos de receção da encomenda, ficando simultaneamente armazenadas já no seu local definitivo. Após constarem no SI todos os produtos recebidos, verificam-se as quantidades recebidas, os preços de custo dos produtos, corrigem-se os prazos de validade e definem-se os preços de venda ao público (PVP), nos casos em que estes são definidos pela farmácia. Destaco ainda a importância de conferir se o preço inscrito na cartonagem, presente nos medicamentos e definido pelo INFARMED,9 está concordante com o PVP apresentado no SI, e corrigi-lo se necessário, e se algum dos produtos apresenta prazo de validade inferior a 6 meses, casos em que se procede à sua

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devolução. Terminada a encomenda, o SI apresenta uma lista de produtos em falta, geralmente por se encontrarem esgotados, podendo estas falhas ser transferidas para outro fornecedor ou retiradas, sendo este ultimo o procedimento a adotar, por forma a evitar que produtos esgotados sejam consecutivamente pedidos em quantidades crescentes nas encomendas diárias. Procede-se à impressão de etiquetas para identificação do PVP e à sua colocação no produto.

A receção e conferência de encomendas foram as minhas tarefas diárias durante as primeiras semanas de estágio. São procedimentos que exigem muita atenção por parte do operador, em especial na verificação dos prazos de validade, e que me permitiram familiarizar-me com o SI e seu funcionamento, igualmente com o robot e com os produtos comercializados na farmácia. O robot revela-se uma ferramenta extremamente facilitadora destes procedimentos, pela celeridade e facilidade que confere a todo o processo.

3.3.4. Armazenamento

Terminada a receção da encomenda, estando todos os produtos de robot já armazenados, resta proceder ao armazenamento dos restantes produtos. No que diz respeito aos MSRM, com algumas exceções que se devem principalmente ao tamanho e formato da embalagem, o seu armazenamento é feito no robot. Os restantes encontram-se armazenados nas prateleiras deslizantes preencontram-sentes no backoffice e nas gavetas da zona de atendimento. Os produtos de frio encontram-se armazenados em frigorífico, à temperatura adequada, e, como referido, são armazenados logo que possível após a chegada da encomenda à FC.

Os produtos não destinados ao robot ou ao frigorífico, têm lugar principal na área de atendimento. Os MNSRM e os PSBE encontram-se geralmente distribuídos nesta área entre as gavetas e os lineares, sempre categorizados e organizados em conformidade com a sua rotatividade e sazonalidade. Os produtos que se encontram em exposição nos lineares, para além de ordenados por categorias, estão geralmente enquadrados com a respetiva marca, quando aplicável, de forma a facilitar a sua identificação pelo utente. Os lineares e montras têm como principal propósito a exposição dos produtos e por isso não devem ser utilizados como armazéns, pelo que se a quantidade de produtos disponível exceder a capacidade dos mesmos ou a colocação da totalidade resultar numa configuração não harmoniosa, estes excedentes devem ser armazenados em local alternativo. Este é um aspeto a ter em consideração aquando da organização de um linear e, particularmente, aquando da sua reposição. Na FC, estes excedentes têm lugar nas prateleiras deslizantes, por ordem alfabética, em armários no

backoffice e na área de atendimento, próximos dos lineares de dermocosmética. Procedi

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rececionados, bem como à organização frequente de lineares, montras e gôndolas e sua reposição a partir de excedentes sempre que necessário. Esta é uma atividade fundamental ao bom funcionamento da farmácia, uma vez que o correto armazenamento de um produto é determinante não só para a sua qualidade e integridade, mas também para a redução do tempo de recolha e para que não se assumam erradamente erros no

stock quando algum produto não é encontrado.

O local de armazenamento de todos os produtos na FC garante o cumprimento das condições ideais para a sua conservação, sendo estas condições controladas e a disposição em todas as localizações é feita em concordância com o método FEFO, first

expired, first out. De forma a otimizar o armazenamento e agilizar a procura, na ficha de

cada produto no SI deve constar o local destinado ao seu armazenamento. Isto apenas não se verifica para os produtos cujo armazenamento é feito nos lineares, não justificado pela frequência com que a disposição sofre alteração. Sempre que era detetado um produto cujo local de armazenamento não estava atribuído ou atribuído incorretamente, confirmei a correta localização para armazenamento e procedi à atribuição/correção da mesma.

3.3.5. Gestão de devoluções

A devolução de um produto pode ser justificada por várias situações, nomeadamente, aproximação ou passagem do seu prazo de validade, ordem de recolha por parte do INFARMED ou detentor de Autorização de Introdução no Mercado (AIM), quando se encontram danificados ou em más condições, quando for enviado por lapso ou ocorrer erro no pedido. As devoluções são feitas através do SI, utilizando uma funcionalidade própria para o efeito. Ao identificar o(s) produto(s), respetiva quantidade, lote, prazo de validade, número da fatura associado e motivo da devolução, resulta uma nota de devolução.

O produto é mantido em separado, aguardando recolha por parte do fornecedor aquando da próxima entrega, no caso das distribuidoras, ou aquando da próxima visita do delegado, no caso de produtos pedidos diretamente ao laboratório. Segue juntamente com o produto o original e duplicado da nota de devolução, devidamente assinados e carimbados, e mantém-se o triplicado em registo na FC. Sendo a devolução aceite, o fornecedor procede à emissão de uma nota de crédito ou à substituição do produto; não sendo aceite, o produto retorna à farmácia e origina uma quebra de stock.

Efetuei devoluções por todos os motivos acima listados, mais frequentemente por erros no pedido e aproximação de prazo de validade, e tive ainda a oportunidade de fazer recolha voluntária de determinados lotes ou medicamentos para suspensão de comercialização e por alteração de embalagem secundária.

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3.3.6. Controlo de prazos de validade

Na FC, o controlo de prazos de validade é levado em cabo em dois momentos: aquando da receção de encomendas, em que é atualizado no SI o prazo de validade dos produtos, se inferior ao que lá consta, e mensalmente, através de uma listagem para contagem física dos produtos com aproximação do prazo de validade nos 6 meses seguintes. Aquando deste controlo mensal, todos os prazos de validade listados são confirmados, e corrigidos se necessário, e todos os produtos em aproximação do prazo de validade são sujeitos a avaliação. Consoante a probabilidade de serem escoados, as condições comerciais e política de devoluções do fornecedor, bem como outros fatores, podem ser devolvidos, segregados dos restantes e colocados em local apropriado no

backoffice, para mais facilmente serem identificados e relembrados pela equipa, alvo de

desconto ou retornados ao local normal de armazenamento, caso se determine que pelas caraterísticas inerentes ao produto e ao esquema terapêutico, este pode ser utilizado com segurança dentro do prazo de validade. Durante o estágio, participei ativamente destas contagens mensais e efetivamente constituem um ponto de atuação para evitar retenção ou perda de investimento e são, por isso, fulcrais à gestão da farmácia.

3.4.

Sistema de Reservas

As reservas são feitas em resultado da procura, por parte dos utentes, de produtos indisponíveis no momento da visita à farmácia, não disponíveis na quantidade desejada ou de produtos que se encontram esgotados no momento, mas que o cliente pretende obter assim que estejam disponíveis A reserva realiza-se no momento do atendimento, pode ser ou não paga no momento, e, nos casos em que não se tratem de produtos esgotados, associa-se a uma encomenda instantânea ou manual. A FC tem instaurado um sistema de reservas semi-informatizado, integrado com o SI, que pode funcionar com a emissão pelo SI de um documento em duplicado, nos casos em que a reserva se associe a uma ficha de utente da FC, ou de um documento manuscrito, quando o utente não tem ficha na farmácia. Do documento de reserva consta a identificação e contacto do utente, bem como o produto em reserva e respetiva quantidade e uma das vias é entregue ao utente e a outra fica na farmácia, para associar ao produto assim que este seja recebido. O cliente é contactado aquando da receção do produto reservado e este é colocado numa prateleira no backoffice destinada às reservas, segregados em reservas pagas, ordenadas por ordem alfabética dos produtos, e não pagas, ordenadas por antiguidade da reserva. As reservas não levantadas são revistas pontualmente e os utentes novamente contactados, no sentido de as recolher na farmácia o mais prontamente possível. A dispensa dos produtos reservados é feita no SI, no módulo de atendimento, por leitura do código de barras presente no talão das

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reservas feitas através do SI ou por entrega do produto, no caso dos talões manuscritos. As reservas são uma prática comum na FC, a que os utentes estão já habituados e inclusive solicitam com frequência, deixando o produto reservado e na maioria das vezes já pago, com o objetivo de o vir recolher posteriormente. Criação e dispensa de reservas fizeram parte do meu dia-a-dia no atendimento, bem contactar os utentes que tinham reservas por levantar na FC já com algum tempo.

3.5.

Cartão Saúda

A FC é uma farmácia pertencente à rede das Farmácias Portuguesas, permitindo a utilização do Cartão Saúda em todas as compras feitas na farmácia. O cartão está associado a um sistema de acumulação de pontos, correspondente a um desconto de 5% sobre as compras realizadas, excluindo medicamentos, e permite o rebate desses pontos em valor ou em produto, à escolha a partir de um catálogo. O Cartão Saúda oferece ainda descontos aos utentes em determinados produtos, variáveis todos os meses, cujo valor é posteriormente ressarcido à farmácia. As Farmácias Portugueses possuem um site, com loja online associada, onde os utentes podem efetuar compras e posteriormente efetuar a recolha numa farmácia à sua escolha, e ainda uma App, com funcionalidades semelhantes ao site.

4. Medicamentos e produtos de saúde e bem-estar

O ato de dispensa de medicamentos e PSBE, inserido no contexto de atendimento, é, por eleição, a atividade que melhor define o farmacêutico comunitário. Este momento de contacto privilegiado com o utente é fundamental para lhe transmitir toda a informação relevante ao tratamento que inicia, bem como alertar para situações em que o esquema seguido se apresenta inadequado à sua situação, assegurando em todo o caso a adesão à terapêutica e o uso correto e racional do medicamento.

A FC oferece uma larga variedade de produtos aos seus utentes. Para além de medicamentos, dispensa MM, Dispositivos Médicos (DM), produtos homeopáticos, medicamentos e produtos de uso veterinário, cada qual com peculiaridades em diferentes aspetos, e ainda PSBE, como suplementos alimentares, produtos cosméticos e de higiene e outros.10 Iniciei o atendimento na FC na segunda semana de estágio, inicialmente supervisionada e auxiliada pelo Drª. Maria José e pouco mais tarde de forma autónoma, o que me permitiu terminar o estágio com quase completa autonomia durante o atendimento, contando com o apoio de toda a equipa para me auxiliar em qualquer situação em que não me sentisse totalmente apta para aconselhar para aconselhar o utente. Grande parte das aprendizagens que vivenciei foram neste contexto, por observação de diversos atendimentos e aconselhamentos.

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4.1.

Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

MSRM são definido como medicamentos que “possam constituir um risco para a saúde do doente, direta ou indiretamente, mesmo quando usados para o fim a que se destinam, caso sejam utilizados sem vigilância médica; possam constituir um risco, direto ou indireto, para a saúde, quando sejam utilizados com frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes daquele a que se destinam; contenham substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja atividade ou reações adversas seja indispensável aprofundar; destinem-se a ser administrados por via parentérica”.11 Nestes classificação estão englobados os MM e também os MPE.

4.1.1. Prescrição Médica

Os MSRM, como o próprio nome indica, apenas são dispensados mediante apresentação de prescrição médica válida. Obedecendo ao disposto na legislação, quanto às regras de prescrição e dispensa de medicamentos, a prescrição de um medicamento obrigatoriamente contém a substância ativa, forma farmacêutica, dose, apresentação e posologia.12 A dispensa de medicamentos é iniciada pela análise e validação da prescrição médica, que difere consoante o modelo de receita apresentado. Existem atualmente três tipos de receitas médicas distintas: a eletrónica materializada, a eletrónica desmaterializada e a manual.13

As receitas manuais são manuscritas em documento pré-impresso, encontram-se atualmente em desuso e apenas são usadas em situações excecionais, como sejam impossibilidade de aceder a prescrições eletrónicas, falência informática ou inadaptação do prescritor, até um máximo de 40 receitas por mês.13 Estão limitadas a quatro medicamentos por receita, até um limite máximo de duas embalagens por medicamento e quatro embalagens no total da receita, excetuando medicamentos unidose.7,13 Para serem consideradas válidas, devem apresentar-se dentro do prazo de validade, 30 dias após a data assinalada na prescrição sem possibilidade de renovação, nome e número do Sistema Nacional de Saúde (SNS) do utente com 9 dígitos, com vinheta do prescritor e vinheta ou carimbo assinalando o local de prescrição, assinatura do médico, justificação para a prescrição manual e assinalado o regime de comparticipação, se aplicável.7,13

As receitas eletrónicas materializadas e desmaterializadas resultam da prescrição informatizada, sendo a primeira impressa em papel e implicando formato físico, ao passo que a segunda é passível de acesso através de meios eletrónicos, sendo a sua impressão facultativa. As receitas materializadas estão dividas em duas secções, uma receita e uma guia para o utente, e funcionam de forma semelhante às receitas manuais, em termos de restrições nas quantidades a dispensar e prazo de validade.7 As receitas desmaterializadas não apresentam limite de medicamentos que podem ser prescritos, tendo no entanto limite imposto na quantidade de unidades prescritas de cada um, com

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um limite máximo fixado de duas e seis embalagens por linha de prescrição para tratamentos de curta e média duração, com validade de 30 dias, e tratamentos prolongados, com validade de 6 meses, respetivamente. Motivada pela pandemia COVID-19, houve uma renovação automática das receitas com término de validade após a entrada em vigor da portaria que a autoriza, a 9 de abril de 2020, resultando num alargamento extraordinário dos prazos de validade deste tipo de prescrições em 6 meses adicionais, de modo a garantir o acesso de medicação aos utentes crónicos e a evitar deslocações às unidades de saúde, com o propósito de renovação de prescrições. Para se considerarem válidas, a par das linhas de prescrição corretamente prescritas, as receitas eletrónicas devem conter informação relativa ao prescritor e local de prescrição, data da prescrição, nome utente e número do SNS, regime especial de comparticipação, se aplicável, identificação da entidade financeira responsável, o número da receita sob a forma de código de 19 dígitos, o Código de Acesso e Dispensa (que autoriza o acesso da farmácia à receita) e o Código do Direito de Opção (utilizado pelo utentequando exerce o direito de opção sobre cada linha da prescrição), sendo estes os códigos que permitem o acesso à receita por via eletrónica. Adicionalmente, as receitas eletrónicas materializadas devem conter a assinatura do médico prescritor.

A prescrição eletrónica desmaterializada, referindo-se à Receita Sem Papel (RSP) passou a ter caráter obrigatório a partir de 1 de abril de 2016,15 e o objetivo futuro é a total desmaterialização da receita eletrónica, continuando a coexistir ambos os modelos no decorrer deste processo. Por atraso na entrada em vigor da Portaria 284-A/2016, de 4 de novembro de 2016, apenas no mês de agosto de 2020 a dispensa de medicamentos de receitas eletrónicas desmaterializadas passou a estar restrita a duas embalagens por linha de prescrição por mês ou a quatro embalagens por mês no caso de embalagens de medicamentos em dose unitária.15 A farmácia pode dispensar mais embalagens além do disposto na legislação, nos casos em que a quantidade de embalagens necessária para cumprir a posologia é superior a duas embalagens por mês, em casos de extravio, perda ou roubo de medicamentos, quando haja dificuldade de deslocação à farmácia por parte do utente ou em casos de ausência prolongada do país.15

Toda a prescrição deve ser preferencialmente feita por via eletrónica, salvo exceções, e deve ser realizada por Denominação Comum Internacional (DCI), podendo incluir a denominação comercial do medicamento ou nome do titular de AIM nos casos de ausência de medicamento genérico correspondente ou justificação adequada do médico prescritor.13 A prescrição recorrendo é um DCI pretende focar o tratamento na escolha farmacológica e dissociar marcas de patologias, promovendo o uso racional do medicamento, o uso de medicamentos genéricos e a competitividade de mercado, refletindo-se não só numa poupança para o utente, mas também para o SNS.16

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Durante todo o tempo que realizei atendimento na FC, as Receitas Sem Papel constituíram a larga maioria das prescrições que dispensei e que simplificam imenso o trabalho do operador, no sentido em que é o SI que valida ou não a receita e inclusive alerta para prescrições fora do prazo de validade. Comprovei efetivamente que as prescrições desmaterializadas apresentam muito mais benefícios, sendo muito mais práticas e acessíveis, evitando-se a necessidade de dispensa na íntegra e assegurando maior correção do conteúdo da prescrição. No entanto, atendendo às dificuldades e desconhecimento geral por parte da população idosa face às novas tecnologias e modo de funcionamento das vias eletrónicas em que a RSP se encontra disponível, tornaram-se bastante confusas para alguns utentes, dificuldades que tentem que fostornaram-sem ultrapassadas através da impressão via SI de um talão contendo as linhas de prescrição ainda disponíveis e respetivas quantidades, facilitando a visualização do que resta por dispensar. Os casos de receitas não válidas que passam pela farmácia devem-se, na sua larga maioria, a se ter atingido o prazo de validade. Surgiram algumas receitas materializadas e manuais, prescritas na sua maioria por médicos dentistas, que implicam mais atenção na conferência da receita em si e exigem procedimentos adicionais para que se possa efetuar a comparticipação. Deparei-me com algumas receitas manuais em que detetei campos de prescrição ausentes mas quando comecei a realizar atendimento, a falta de experiência na análise das receitas era algo que me deixava receosa, e com bastante frequência recorri a um membro da equipa para que me pudesse confirmar a correção e validade da prescrição.

4.1.2. Preços e regimes de comparticipação

O SNS contempla a existência de regimes de comparticipação dos medicamentos, que permitem que o utente pague apenas parte do PVP, garantindo equidade no acesso aos medicamentos e cuidados de saúde. Existem vários sistemas e subsistemas de comparticipação suportados pelo Estado Português,17 incluindo um regime geral e um regime especial de comparticipação.

No regime geral existem quatro escalões de comparticipação, sendo a parte do PVP assumida pelo estado de 90% para o escalão A, 69% para o escalão B, 37% para o escalão C e 15% para o escalão D,9 englobando cada escalão diferentes classes farmacoterapêuticas, definidas de acordo com a respetiva indicação terapêutica, tipo de patologia e entidade prescritora.19

O regime especial prevê comparticipação em função dos seus beneficiários, pensionistas com baixos rendimentos anuais, de determinadas patologias ou de grupos especiais de utentes ou no caso de cidadãos estrangeiros com estatuto de refugiados ou com direito de asilo em Portugal,7 representados pela letra R (beneficiários) ou O (patologias) nas receitas, tanto nas manuais como nas eletrónicas. No primeiro caso,

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acresce à comparticipação do regime geral 5% para o escalão A e 15% para os restantes escalões., mas nos casos o utente opte por um medicamento com PVP igual ou inferior ao quinto preço mais baixo do grupo homogéneo, a comparticipação é de 95% para todos os escalões.7 No segundo caso, as prescrições devem as incluir portarias correspondentes ou serem prescritas por médicos de determinadas especialidades, sendo apenas esses aptos para prescrever alguns medicamentos ao abrigo de portarias ou despachos.7 Algumas exemplos de patologias cobertas por este regime incluem psoríase, dor crónica não oncológica moderada a forte, ictiose, doença inflamatória intestinal, lúpus e doença de Alzheimer, sendo que a percentagem comparticipada é variável com as portarias respetivas de cada patologia, podendo até cobrir a totalidade dos custos dos medicamentos.20 No terceiro caso, os utentes beneficiam gratuitamente dos serviços do SNS, para efeitos de cuidados de urgência e de saúde primários.7

Para além destes regimes, existem outras formas de comparticipação adicional, quando os utentes são beneficiários de subsistemas de saúde públicos do SNS ou privados, fazendo-se acompanhar do cartão de beneficiário referente ao regime de comparticipação que possui. Na FC, é frequente atender beneficiários do SAMS® (Serviço de Assistência Médico-Social do Sindicato dos Bancários), dos Serviços Sociais da Caixa Geral de Depósitos, EDP-Sãvida®, da Assistência na Doença aos Militares – Instituto de Ação Social das Forças Armadas e ainda beneficiários de subsistemas locais, como é o caso da Liga dos Amigos do Hospital de Ovar e dos Serviços Sociais da Câmara Municipal de Ovar.

4.1.3. Medicamentos Psicotrópicos e Estupefacientes

Os MPE estão definidos no Decreto-Lei nº 15/93, de 22 de janeiro, e listados nas tabelas que lhe são anexas.21 São assim classificados pelo seu potencial para indução de habituação e dependência pela ação que exercem a nível do sistema nervoso central, e consequente risco de serem usadas para fins ilícitos.21,22 Neste sentido estão sujeitos a regras de mais rigorosa, no que toca à prescrição e dispensa, tendo obrigatoriedade de prescrição isolada em receitas manuais ou receitas eletrónicas materializadas e estando inerente à sua dispensa o preenchimento de um formulário, apresentado automaticamente pelo SI, com os dados do utente e da pessoa que adquiriu o medicamento, incluindo dados de identificação (nome, data de nascimento, número e data de validade do bilhete de identidade ou cartão de cidadão) e morada, não sendo possível finalizar a venda sem preenchimento completo.7 No final é emitido um talão comprovativo da venda, que se destina a arquivo e todos os meses é enviado ao INFARMED, até ao 8º dia do mês, o registo de todos movimentos de MPE, emitido pelo SI, juntamente com os dados associados à dispensa de cada um, bem como o mapa de balanço dos movimentos de stock.7

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4.1.4. Conferência de receituário e faturação

Os procedimentos inerentes à conferência de receituário e faturação são muito importantes para as farmácias pois permitem-lhes obter reembolso das comparticipações dos medicamentos dispensados. Numa venda de MSRM prescritos em receita manual ou eletrónica materializada, o SI imprime no verso da receita um documento de faturação, a ser assinado pelo utente, organizando as receitas a faturar a determinada entidade em lotes de 30, atribuindo numeração sequencial a cada uma delas. Estas receitas permanecem na farmácia fisicamente após a dispensa e são também assinadas, carimbadas e datadas pelo operador.

Todas as receitas e talões de faturação emitidos são conferidas, uma segunda vez em adição à conferência feita em contexto de atendimento, por forma a garantir que não ocorreram erros na dispensa, na validação e aplicação de comparticipação ou na atribuição de organismo em cada uma delas. Esta tarefa é de grande importância, sendo por vezes detetados e corrigidos erros que poderiam levar à perda da comparticipação de dada receita. Ao conferir novamente todos os documentos, estes são organizados já sequencialmente por lotes e quando um lote se completa é impresso, a partir da funcionalidade de faturação do SI, o Verbete de Identificação de Lote, uma fatura referente à totalidade do lote, emitida de acordo com o organismo de comparticipação a que se destina, e ainda um documento que resume todos os lotes a enviar para dada entidade.23 Tive oportunidade de colaborar na conferência de algum do receituário e de fazer fecho de lotes, sob orientação dos farmacêuticos responsáveis. O fecho da faturação deve ser feito, o mais tardar, no último dia de cada mês, as receitas do SNS enviadas para a Administração Regional de Saúde Norte e as receitas referentes aos outros organismos para a ANF, de forma a que a farmácia possa, posteriormente, receber o valor correspondente à comparticipação.23 Os lotes de receitas eletrónicas desmaterializadas são infinitos, sendo apenas necessário fazer fecho do lote.

Dado possuir organismos de comparticipação locais, a FC executa o mesmo procedimento, remetendo para estes organismos diretamente todos os documentos de faturação que lhes digam respeito. No caso destes organismos, para além da impressão de talões de faturação, é necessário que sejam guardadas cópias de todas em receitas em que se aplique comparticipação. A comparticipação atribuída pelos Serviços Sociais da Câmara Municipal de Ovar engloba outros produtos além de MNSR, que podem ser consultados no Anexo I.

4.2.

Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

De acordo com o Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de agosto, os MNSRM são todos aqueles que não preencham as condições descritas no tópico anterior.11 Estes medicamentos podem ser vendidos fora das farmácias, em locais devidamente

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