FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS
ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA
CURSO DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
FÁBRICA DE SOFTWARE:
um estudo de caso na Dataprev, sob a ótica da estrutura organizacional
DISSERTAÇÃO APRESENTADA À ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
CLAUDIO DE SOUZA OSIAS
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
Esta dissertação é resultado de um somatório de esforços, conhecimentos, colaborações e incentivos recebidos e adquiridos ao longo de minha trajetória pessoal. Portanto, agradeço a todos que de forma direta ou indireta auxiliaram na realização deste trabalho.
Agradeço de maneira especial:
Ao Pai Maior e ao meu Santo Anjo, zelosos protetores desta caminhada, há muito iniciada, pela generosidade com que iluminam, guardam e me defendem neste processo de aprendizagem.
Aos meus pais, Paulo Osias e Ignez de Souza Osias, pela dedicação, sustento, exemplo e apoio ao longo de todos os momentos da vida. Pelo respeito e questionamentos às minhas escolhas, reforçando assim cada uma delas. Pelo exemplo de luta, superação e solidariedade que me estimulam e orientam. Aos meus irmãos, Cássio e Cristina, avós e tios que fizeram e fazem parte de meu universo familiar.
À minha esposa, Beatriz dos Santos Machado, pelo amor, apoio e desafio constante de crescer e compartilhar uma vida a dois.
Ao corpo docente da EBAPE/FGV e, em especial, aos professores com os quais convivi, pela extrema capacidade e qualificação compartilhada em cada uma das aulas e tarefas propostas.
Aos funcionários da EBAPE, notadamente aos que trabalham na Secretaria Acadêmica, na Biblioteca e no CFAP. E, em especial, ao grande Ronaldo pela energia contagiante.
estudo; e, principalmente, nos cafés, chopes e churrascos que não devem deixar saudades, posto que ultrapassaram o espaço acadêmico e que servirão para
alimentar esta amizade. Aqui cabe um agradecimento ainda mais especial ao nobre amigo Eduardo Duprat.
Ao meu orientador, o professor Tenório pela sua postura, estímulo e oportunidades desafiadoras colocadas ao longo do processo de elaboração deste projeto, como também nas diversas disciplinas por ele ministradas.
Aos membros do grupo de pesquisa em fábrica de software, do qual faço parte, pelas ricas discussões e estímulo na construção desta dissertação. Ao professor Rogerio de Aragão Bastos do Valle, pela sua brilhante e fundamental participação neste grupo e por compor a banca examinadora de minha dissertação.
Ao professor Luis César Gonçalves de Araujo por ter aceitado o convite para compor a banca examinadora de minha dissertação.
À Ary Follain Júnior, amigo e profissional da Dataprev, que me abriu as portas para a realização da pesquisa.
Não temerás o futuro, nem idolatrarás o passado. O homem que teme o futuro, que se arreceia do fracasso limita suas actividades. O fracasso é apenas uma opportunidade para recomeçar mais intelligentemente. Não há vergonha alguma num fracasso. O passado só nos é útil, quando nos indica os meios e o caminho do futuro progresso.
Henry Ford, Minha vida e minha obra, 1925, p. 30
A vida é resultante das escolhas. Sejam elas pessoais ou organizacionais, as escolhas trazem a semente dos resultados. A germinação destes resultados depende de suor, persistência, observação e dedicação.
RESUMO:
O objetivo deste estudo de caso foi investigar como o processo evolutivo do
desenvolvimento do software, notadamente a mudança de paradigma para a fábrica
de software, afetou a estruturação da Diretoria de Relacionamento, Desenvolvimento
e Informações – DRD da Dataprev, empresa pública de tecnologia e informações da
Previdência Social, refletindo (ou não) um retorno ao modelo taylorista-fordista de
organização da produção. Para tal foram realizadas entrevistas e aplicado um
questionário, além de revisão documental e bibliográfica, sobre os seguintes temas:
estrutura organizacional, fábrica de software, taylorismo e fordismo. A partir dos
dados levantados e analisados, sob a perspectiva estudada, entendeu-se que não
há um retorno ao modelo taylorista-fordista de organização da produção no processo
de adoção do conceito de fábrica de software na Dataprev. E mais: observou-se
uma flexibilização na estrutura organizacional de suas unidades de
desenvolvimento, as fábricas de softwares da Dataprev.
ABSTRACT:
The aim of this case study was to investigate how the evolutionary process of the
development of software, especially the change of paradigm for the factory software,
has affected the structure of the Board of Relacionamento, Desenvolvimento e
Informações – DRD at a public company called Dataprev and also reflecting or not a
return to the model taylorist-fordist of the organization on production. For this study,
there were interviews and a questionnaire applied, as well as documentary and
literature review on the following topics: organizational structure, factory software,
taylorism and fordism. From the data collected and analyzed, in the perspective
studied, it was understood that there is not a return to the model taylorist-fordist to
organize the production in the process of adopting the concept of a software factory
in Dataprev. In addition to that, there was a flexibility in the organizational structure of
its units of development - the softwares factories Dataprev.
APRESENTAÇÃO
Esta dissertação, resultado de estudos realizados sobre as transformações
ocorridas na estrutura organizacional da Empresa de Tecnologia e Informações da
Previdência Social – Dataprev relacionadas ao seu processo de desenvolvimento de
software, segundo o paradigma da fábrica de software, objetivou responder à
seguinte questão: em que medida a estruturação da Diretoria de Relacionamento,
Desenvolvimento e Informações – DRD da Dataprev, segundo o conceito de fábrica
de software, reflete um retorno ao modelo taylorista-fordista de organização da
produção?
A presente dissertação é composta por quatro capítulos e bibliografia, além
desta Apresentação.
No Capítulo 1, é introduzido o tema da pesquisa e demonstrados: a
formulação do problema suscitado, os resultados a serem alcançados, a suposição,
a delimitação do estudo e sua relevância, além de: definir o tipo de pesquisa
realizada, quanto aos fins e aos meios. Em seguida, define-se o universo, a amostra,
a seleção dos sujeitos, a forma como os dados foram coletados, para, finalmente,
apresentar as limitações do método de pesquisa adotado.
No Capítulo 2 apresenta-se a base teórica para melhor compreensão do
problema, abordando-se os seguintes tópicos: a perspectiva taylorista-fordista,
fordismo, pós-fordismo e o conceito de fábrica de software; além de conceitos
organizacional e, finalmente, sobre o tema central de nossa pesquisa, a estrutura
organizacional na perspectiva de vários autores.
O Capítulo 3 apresenta as transformações ocorridas na Dataprev e a análise
dos dados coletados na pesquisa de campo.
O quarto e último capítulo consolida as conclusões do estudo e apresenta
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Influências na conceituação de Fábrica de Software ... 34
Figura 2: Os quatro pilares de uma fábrica de software ... 37
Figura 3: Escopos de fornecimento da Fábrica de Software ... 42
Figura 4: Características organizacionais e ambientais ... 50
Figura 5: Representação da estrutura burocrática weberiana... 54
Figura 6: Estrutura organizacional da Dataprev... 73
Figura 7: Estrutura da DNG... 78
Figura 8: Estrutura da DRD... 81
Figura 9: Comparação entre as estruturas da DND e DRD... 84
Figura 10: Estrutura da DRD após criação das UD´s ... 86
Figura 11: Criação do DEDS e da UDRJ ... 89
Figura 12: Processo de desenvolvimento de software na Dataprev... 92
Figura 13: Estrutura atual da DRD ... 94
Figura 14: Nível de participação na definição... 98
Figura 15: Nível de participação na implantação ... 99
Figura 16: Nível de conhecimento dos objetivos ... 100
Figura 17: Objetivos associados a mudança ... 100
Figura 18: Aumento do nível de especialização ... 101
Figura 19: Adequação da definição dos processos de desenvolvimento de software ... 104
Figura 20: Possibilidades oferecidas pela adoção do conceito de fábrica de software... 104
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Universo de aplicação do questionário ... 24
Tabela 2: Evolução do desenvolvimento do software... 38
Tabela 3: Evolução da fábrica de software ... 39
Tabela 4: Tipologia das Organizações, segundo Parsons ... 46
Tabela 5: Tipologia de Mintzberg ... 47
Tabela 6: O modelo mecânico e o modelo orgânico... 49
Tabela 7: Características, Vantagens e Desvantagens dos diferentes tipos de Departamentalização 57 Tabela 8: Comparação entre organizações tradicionais e inovativas quanto às características estruturais... 60
Tabela 9: Parâmetro de design ... 62
Tabela 10: Contínuo dos Modos de Produção, segundo Woodward ... 64
Tabela 11: Modelos de Produção, segundo Cusomano ... 65
Tabela 12: Produção de softwares ... 68
Tabela 13: Quantitativo de Trabalhadores por Cargo... 74
SUMÁRIO
1. A PROBLEMÁTICA ...13
1.1. Introdução ...13
1.2. Objetivos...17
1.3. Suposições ...18
1.4. Delimitação do estudo...19
1.5. Tipo de pesquisa...20
1.6. Universo e amostra...22
1.7. Coleta de dados ...22
1.8. Limitações do método ...25
2. BASE TEÓRICA...27
2.1. Perspectiva taylorista-fordista: ...27
2.2. Pós-Fordismo ...33
2.3. Fábrica de Software ...34
2.4. Organizações ...44
2.5. Estrutura Organizacional ...51
2.6. Tecnologia ...63
3. O CASO DATAPREV ...69
3.1. A Empresa ...69
3.1.1. Dados Gerais ...69
3.1.2. Estrutura Organizacional...71
3.1.3. Recursos Humanos...74
3.1.4. Clientes ...76
3.1.5. Principais Produtos: ...76
3.1.6. Alguns números ...76
3.2. A fábrica de software Dataprev...77
3.3. Resultados da pesquisa de campo ...96
4. CONCLUSÕES E SUGESTÕES ...109
5. BIBLIOGRAFIA ...112
APÊNDICES ...116
Apêndice 1 - Questionário aplicado ...117
Apêndice 2 – Tabulação do questionário aplicado...121
ANEXOS ...125
Anexo 1 ...126
Anexo 2 ...130
Anexo 3 ...135
Anexo 4 ...138
Anexo 5 ...141
1. A PROBLEMÁTICA
Este capítulo introduz o tema da pesquisa apresentada e demonstra: a
formulação do problema suscitado, os resultados a serem alcançados, a
suposição, a delimitação do estudo, além de: definir o tipo de pesquisa realizada,
quanto aos fins e aos meios. Em seguida, define-se o universo, a amostra, a
seleção dos sujeitos, a forma como os dados foram coletados, para, finalmente,
apresentar as limitações do método de pesquisa adotado.
1.1. Introdução
Intensas e profundas transformações econômicas, sociais e tecnológicas
têm impactado, a partir do século XX, o homem em seus diversos aspectos e
papéis sociais: como cidadão, trabalhador e consumidor, por exemplo. Aspectos
visíveis deste momento podem ser caracterizados pela transnacionalização da
produção e reestruturações produtivas; expansão do comércio mundial e dos
fluxos financeiros internacionais; aceleração e intensificação dos avanços
tecnológicos catalisados pelas novas tecnologias da informação e comunicações.
Estes aspectos afetam, dentre outros negócios, o cenário de
desenvolvimento de software. Mudanças significativas ocorridas nas operações,
processos, plataformas e metodologias de desenvolvimento determinaram a
evolução do desenvolvimento do software. Conceitos como fábrica de software,
(SPL); processos como a Extreme Programming (EX), Adaptative Software
Development (ASD) e Lean Development (LD); plataformas como Java, .NET e
XML; e Análise Estruturada, Análise Essencial e Análise Orientada para Objetos
associam-se a outros requisitos como maturidade, segurança e compliance para
marcarem este processo evolutivo do desenvolvimento de software.
A busca pela excelência empresarial associada à evolução das operações,
processos, plataformas e metodologias de desenvolvimento de software e as
pressões do mercado por mais qualidade e menores custos na prestação de
serviços de tecnologia da informação, demandaram a mudança do paradigma do
desenvolvimento de software.
Associando preceitos de engenharia industrial à manufatura e os conceitos
de qualidade total, surge o conceito de fábrica de software indicando uma nova
fase: a industrialização do software (FERNANDES e TEIXEIRA, 2007).
Este processo evolutivo determinou uma mudança no paradigma do
desenvolvimento do software, a fábrica de software, que, a partir da utilização dos
preceitos de engenharia associados à manufatura, tem na agregação de valor sua
principal referência (FERNANDES e TEIXEIRA, 2007). Esta perspectiva
compreende segundo Fernandes e Teixeira: i) métodos e ferramentas-padrão; ii)
apoio automatizado para o desenvolvimento; iii) planejamento disciplinado,
A busca pela qualidade, produtividade e baixo custo de produção são
requisitos perseguidos pelas fábricas de software, tal como orientaram as
organizações fabris preconizadas por Taylor, Fayol e Ford no século XX.
Taylor demonstrou as grandes vantagens produtivas da divisão do trabalho
e da especialização, quando comparado aos tradicionais sistemas que não
empregavam tais princípios. Fayol apresentou uma divisão das operações da
empresa de acordo com as funções essenciais que precisam ser desempenhadas
em qualquer organização e estabeleceu 14 princípios (tais como: divisão do
trabalho, unidade de comando, unidade de direção, centralização e hierarquia)
que devem ser observados para o bom desempenho das funções administrativas.
Ford aperfeiçoou o sistema de trabalho em linhas de montagem, a produção em
massa e fundamentou sua metodologia de gestão do trabalho em três princípios
básicos: intensificação, economicidade e produtividade (TENÓRIO, 2007).
É sobre esta ótica que o presente estudo se propôs a estudar os impactos
produzidos pela mudança do processo de desenvolvimento de software.
No ambiente de negócios, significativas e aceleradas transformações têm
provocado mudanças na forma como as empresas organizam suas atividades
internamente, mais evidenciadas nas alterações das estruturas organizacionais, a
implantação desses novos arranjos combina ativos e recursos produtivos a fim de
se alcançar melhores resultados para sociedade em geral e, em particular, para
os acionistas. Ou seja: a finalidade de uma empresa é atingir os objetivos para os
eficiência na utilização dos recursos demanda um arranjo estrutural da empresa
que vá além dos organogramas e descrição de atribuições, mas que defina uma
série de aspectos que delineiam a estrutura organizacional.
Segundo Vasconcellos e Hemsley (2003),
a estrutura de uma organização pode ser definida como o resultado de um processo através do qual a autoridade é distribuída, as atividades desde os níveis mais baixos até a Alta Administração são especificadas e um sistema de comunicação é delineado permitindo que as pessoas realizem as atividades e exerçam a autoridade que lhes compete para o atingimento dos objetivos organizacionais.
(VASCONCELLOS E HEMSLEY, 2003, p. 3)
Segundo Balduino (2002), mudar o processo de desenvolvimento de
software de uma empresa afeta a maneira como os indivíduos trabalham, como
eles vêem e dão valor ao resultado de seu trabalho. Mudanças desta natureza
afetam os profissionais e a cultura organizacional muito mais profundamente do
que a mudança de tecnologia ou ferramentas.
Como exemplo deste processo, podemos citar as mudanças na estrutura
organizacional implementadas na Empresa de Tecnologia e Informações da
Previdência Social – Dataprev entre novembro de 2005 e maio de 2008. Desde a
extinção da Diretoria de Negócios – DNG e toda a sua estrutura funcional, que em
sua departamentalização utilizava o critério de linhas de negócio (por exemplo:
Benefícios, Arrecadação, Procuradoria), espelhando a organização do seu
principal cliente, o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, a Dataprev passa a
e Informações – DRD, o paradigma da fábrica de software, ou seja: adota como
critério de departamentalização o processo de desenvolvimento de software.
Estas e outras reflexões, questionamentos e constatações instigaram esta
pesquisa, cuja finalidade era responder à seguinte pergunta:
Em que medida a estruturação da Diretoria de Relacionamento,
Desenvolvimento e Informações – DRD da Dataprev, segundo o conceito de
fábrica de software, reflete um retorno ao modelo taylorista-fordista de
organização da produção?
1.2. Objetivos
Objetivo Final
O objetivo final da pesquisa foi identificar e analisar os impactos da nova
divisão e especialização do trabalho na produção de software da Dataprev.
Objetivos Intermediários
A fim de que o objetivo final fosse alcançado, buscou-se atingir os
seguintes objetivos intermediários:
. Levantar o nível de aumento da especialização dos trabalhadores
envolvidos, diretamente, nas tarefas de desenvolvimento de software;
. Verificar a manifestação dos princípios de intensificação e de
produtividade elaborados por Ford.
b) Quanto ao paradigma da fábrica de software:
. Mapear as alterações ocorridas na gestão de processo de software;
. Identificar as mudanças adotadas nas técnicas de desenvolvimento;
. Verificar o nível de automatização da plataforma de desenvolvimento.
1.3. Suposições
Segundo Tenório (1994, p. 88), o fordismo é um método de organização da
produção e do trabalho complementar ao taylorismo que se caracteriza pelo
gerenciamento tecnoburocrático de uma mão-de-obra especializada sob técnicas
repetitivas de produção de serviços ou de produtos padronizados.
Para Cusomano, citado por Motta e Vasconcelos (2006, p. 235), existiam
três modelos de produção predominantes no desenvolvimento de software na
década de 90, variando segundo o tipo de produto oferecido ao mercado. A saber:
qualificados, eram especialistas em um tipo de sistema específico. A mão-de-obra não era facilmente intercambiável (...).
ii) Sistema Flexível de Projeto e Produção – Flexible design and production system, empresas que fabricavam produtos semipadronizados (semi-standardized). Essas organizações eram denominadas de Fábricas Flexíveis de Software (Software Flexible Factories) e seus produtos semi-prontos eram mantidos em estoque e depois eram finalizados, adaptados e configurados de acordo com as necessidades específicas dos clientes no momento da instalação(...). iii) Fábrica Convencional de Projeto e Produção – Conventional factory production and design, um sistema em que os produtos eram similares a comodities, inteiramente padronizados(full-standarddized), tendo componentes intercambiáveis. A produção em massa e os altos volumes eram obtidos graças à utilização de procedimentos e formas de produção inteiramente padronizados, o que permitia economias de escala significativas(...).
(MOTTA E VASCONCELOS, 2006, p. 235)
Desta forma, a pesquisa partiu do pressuposto de que a empresa objeto
deste estudo de caso, por intermédio da Diretoria de Relacionamento,
Desenvolvimento e Informações – DRD e mais especificamente por meio das
Unidades de Desenvolvimento, em função das características dos serviços e
produtos fornecidos, se encaixaria no tipo Job-shop organizations, contrariando a
perspectiva fordista de mão-de-obra especializada sob técnicas repetitivas de
produção de serviços ou de produtos padronizados.
1.4. Delimitação do estudo
O presente estudo abordou, à luz do paradigma da fábrica de software, do
modelo taylorista-fordista de organização da produção e dos estudos sobre
Dataprev, a partir da criação da Diretoria de Relacionamento, Desenvolvimento e
Informações – DRD.
Para tanto, por meio de realização de entrevistas e aplicação de
questionários, buscou-se identificar e analisar os impactos da nova divisão e
especialização do trabalho na produção de software da Dataprev.
O estudo não consistiu em uma análise histórica, pois tratou apenas da
transição ao contexto atual da estrutura organizacional, e nem se propôs a fazer
prescrições sobre a mudança e sobre o processo de desenvolvimento de software
adotado, já que esta pesquisa teve caráter descritivo e explicativo.
Possíveis alterações no clima e cultura organizacional decorrentes de
mudanças ocorridas, bem como a reação dos trabalhadores e clientes também
não foram tratadas neste estudo.
1.5. Tipo de pesquisa
Tomando-se como base a taxionomia de tipos de pesquisa sugerida por
Vergara (2006), alicerçadas em dois critérios básicos: quanto aos fins e quanto
aos meios, podemos classificar a pesquisa realizada em:
Descritiva, porque se propôs a expor impactos provocados pela
reestruturação organizacional da Dataprev a partir da criação da Diretoria
de Relacionamento, Desenvolvimento e Informações – DRD no nível de
especialização.
Explicativa, na medida em que se procurou esclarecer como e em que
medida ocorreu a manifestação dos princípios de intensificação e de
produtividade elaborados por Ford.
b. Quanto aos meios:
Bibliográfica, pois a fundamentação teórica e metodológica do estudo se
baseou na investigação em materiais publicados em livros, revistas
especializadas, jornais, teses, dissertações e outros acessíveis ao público
em geral que abordam os seguintes assuntos: estrutura organizacional,
fábrica de software, taylorismo, fordismo e correlatos.
Documental, porque se valeu de documentos e relatórios internos à
Diretoria de Relacionamento, Desenvolvimento e Informações – DRD que
dizem respeito ao estudo e não estão disponíveis para consultas públicas.
Estudo de Caso, porque foi uma investigação empírica sob um fenômeno
contemporâneo sob o qual o pesquisador tem pouco controle. O estudo de
caso tem a capacidade de estudar um fenômeno contemporâneo dentro do
características significativas de eventos vivenciados” (MINAYO, 2006, p.
164), podendo este conhecimento ser adquirido “a partir da exploração
intensa de um único caso” (BECKER, 1993, p.117). A unidade de análise,
neste caso, é a Dataprev.
1.6. Universo e amostra
O universo desta pesquisa foi composto pelos gerentes da Dataprev que
atuaram diretamente no processo de transformação organizacional e pelos
trabalhadores das Unidades de Desenvolvimento Ceará, Paraíba e Santa
Catarina da Diretoria de Relacionamento, Desenvolvimento e Informações – DRD.
A amostra foi escolhida pelos critérios, segundo Vergara (2006), de
acessibilidade, dado a facilidade de acesso, e tipicidade, dado que a empresa
adotou uma nova estrutura organizacional com base no conceito de fábrica de
software.
1.7. Coleta de dados
Os dados foram coletados por meio de:
a) Na pesquisa bibliográfica foram consultados livros, revistas
especializadas, jornais, teses, dissertações e outros acessíveis ao
público em geral que abordaram os seguintes assuntos: estrutura
organizacional, fábrica de software, taylorismo, fordismo e
b) Na pesquisa documental foram consultados documentos, relatórios
e apresentações internos à Diretoria de Relacionamento,
Desenvolvimento e Informações – DRD da Dataprev
disponibilizados, exclusivamente para fins desta pesquisa, por meio
de seus órgãos de documentação e assessorias;
c) No campo foram realizadas nove entrevistas individuais, conduzidas
pelo autor deste estudo, com os principais ocupantes de cargos de
chefia e técnicos diretamente envolvidos com o processo de
desenvolvimento de software. Todas gravadas com a autorização
dos entrevistados.
Quanto à técnica, as entrevistas eram abertas solicitando-se ao
entrevistado que explanasse sua visão da dinâmica de transformação ocorrida no
processo de desenvolvimento de software, com foco nas mudanças ocorridas na
estrutura organizacional Dataprev.
Adicionalmente, foi aplicado um questionário nos trabalhadores ligados ao
processo de desenvolvimento de software das Unidades de Desenvolvimento,
com exceção do Rio de Janeiro em decorrência de encontra-se em fase de
estruturação, face à sua recente criação.
O questionário foi distribuído por e-mail para todos os trabalhadores
Desenvolvimento Ceará, Paraíba e Santa Catarina, totalizando um universo de
222 potenciais respondentes. Foram recebidas 20 respostas.
A tabela Universo de aplicação do questionário, abaixo, apresenta a
distribuição dos potenciais respondentes ao questionário por localização
geográfica das Unidades de Desenvolvimento e por perfil técnico.
Tabela 1: Universo de aplicação do questionário
Fonte: Dataprev.
Quanto ao perfil dos que responderam ao questionário, temos:
. 95% dos respondentes são do sexo masculino;
. 80% têm até 30 anos;
. 90% têm até dois anos de tempo de serviço na Dataprev;
. 50% têm nível superior e os outros 50% especialização ou mestrado em
áreas de concentração relacionadas a redes de computação e sistemas
distribuídos, gestão de Tecnologia da Informação, sistemas de informação,
ciência da computação e engenharia de software.
Desenvolvedores Qualidade e Teste Arquitetura TOTAL
UDCE 66 4 3 73
UDPB 77 6 4 87
UDSC 54 5 3 62
Quanto ao perfil dos trabalhadores da Dataprev, segundo o Relatório de
Gestão 2007, temos:
. 58% dos trabalhadores são do sexo masculino;
. 10% têm até 34 anos;
. 10% têm até três anos de tempo de serviço na Dataprev.
1.8. Limitações do método
A metodologia adotada para esta pesquisa apresenta algumas limitações:
a) Quanto ao método, a limitação da abrangência da pesquisa à
Diretoria de Relacionamento, Desenvolvimento e Informações –
DRD da Dataprev, em função do tempo disponível e da limitação de
recursos para a pesquisa, não permitiram generalização das
conclusões extraídas do estudo;
b) Quanto à seleção dos sujeitos, é possível que os profissionais
selecionados para as entrevistas e aplicação dos questionários não
tenham sido os mais representativos do universo estabelecido para
esta pesquisa;
c) Quanto à coleta de dados, é possível que tenha ocorrido imprecisão
na captação de informações relevantes que, às vezes, não são
d) Quanto ao tratamento dos dados, mesmo admitindo-se a
inexistência de neutralidade científica, a que se considerarem as
limitações decorrentes da história do pesquisador e os possíveis
reflexos em sua interpretação, mesmo diante de todo o esforço de
distanciamento. E, ainda, em relação à escolha pela análise de
conteúdo traz consigo uma limitação referente à subjetividade desta
técnica.
Neste capítulo foi apresentado o problema, fazendo-lhe uma breve
introdução, seguida da exposição dos objetivos da pesquisa, das suposições, da
delimitação do estudo. Abordou-se ainda, a metodologia empregada no estudo,
englobando-se os seguintes assuntos: tipo de pesquisa, universo e amostra,
seleção dos sujeitos, coleta de dados e tratamento neles utilizado, concluindo-se
2. BASE TEÓRICA
Este capítulo tem por objetivo fornecer uma base teórica para melhor
compreensão do problema abordado no estudo. A perspectiva taylorista-fordista,
fordismo, pós-fordismo, fábrica de software, organizações e estrutura
organizacional, na perspectiva de vários autores, são alguns dos tópicos
estudados.
2.1. Perspectiva taylorista-fordista:
A fim de aprofundar um pouco mais na área de estudo objeto desta
pesquisa, é apresentada uma breve explanação de algumas das contribuições
das teorias da Administração Científica no tocante a estrutura organizacional.
A separação entre a concepção e a execução na produção de bens faz
emergir o modelo organizacional da organização fabril taylorista, no século XX.
Para Taylor (1970, p.50), está claro, então, na maioria dos casos, que um tipo de
homem é necessário para planejar e outro tipo diferente para executar o trabalho,
e ainda:
O homem, cuja especialidade sob a administração científica é planejar, verifica inevitavelmente que o trabalho pode ser feito melhor e mais economicamente mediante divisão do trabalho, em que cada operação mecânica, por exemplo, deve ser precedida de vários estudos preparatórios, realizados por outros homens. E tudo isso envolve, como dissemos, uma divisão eqüitativa de responsabilidade e de trabalho entre direção e o operário.
Em seus estudos, sob esta perspectiva, Taylor redesenhou o processo de
trabalho e mudou a atitude dos trabalhadores, melhorando a produtividade; Ford
estudou a especialização dos trabalhadores; e, Fayol estabeleceu as atividades
do processo administrativo (planejamento, organização, comando, coordenação e
controle), consolidou a divisão do trabalho entre as áreas das empresas e
estruturou a cadeia de comando, dentre outras contribuições (OLIVEIRA, 2006, p.
5).
A Escola da Administração Científica ou Escola Clássica, que inúmeras
contribuições deu ao processo de organização do trabalho, reúne os primeiros
estudiosos da racionalização do trabalho em torno das seguintes idéias:
. Homo Economicus – uma simplificação da natureza humana, onde o
homem é encarado como um ser eminentemente racional e que toma suas
decisões conhecendo todas as alternativas disponíveis, bem como as
conseqüências decorrentes de cada possível escolha. Desta forma, sempre
escolhe a melhor alternativa e maximiza os resultados de sua decisão. Segundo
Motta e Vasconcelos (2002, p. 36), podemos caracterizar o homo economicus da
seguinte forma: ser humano considerado previsível e controlável, egoísta e
utilitarista em seus propósitos; ser humano visto como otimizando suas ações
após pesar todas as alternativas possíveis; racionalidade absoluta e incentivos
monetários;
. Produção – o administrador tem como função principal determinar a
“única maneira certa” de o operário executar a sua tarefa, a fim de maximizar a
. Incentivo monetário – dever-se pagar mais ao trabalhador que produz
mais. Surgem, a partir desta idéia, diversas formas de pagamento: por peça,
bônus, dentre outras.
Em particular, Taylor sustentava sua concepção teórica a partir de cinco
princípios básicos, assim condensados por Morgan (1996):
1. Transfira toda a responsabilidade da organização do trabalho do trabalhador para o gerente; os gerentes devem pensar a respeito de tudo o que se relaciona com o planejamento e a organização do trabalho, deixando aos trabalhadores a tarefa de implementar isso na prática;
2. Use métodos científicos para determinar a forma mais eficiente de fazer o trabalho; planeje a tarefa do trabalhador de maneira correta, especificando com precisão a forma pela qual o trabalho deva ser feito; 3. Selecione a melhor pessoa para desempenhar o cargo, assim especificado;
4. Treine o trabalhador para fazer o trabalho eficientemente;
5. Fiscalize o desempenho do trabalhador para assegurar que os procedimentos apropriados de trabalho sejam seguidos e que os resultados adequados sejam atingidos.
(MORGAN, 1996, p. 32)
Somam-se as estas idéias, a concepção de que a boa organização de uma
empresa é condição indispensável para que todo o processo de racionalização do
trabalho tenha bons resultados (MOTTA e VASCONCELOS, 2002, p. 38). Nesta
perspectiva, na organização:
. O objetivo da ação é de organizar mais as tarefas do que os homens. Dessa forma, ao organizar, o administrador não deverá levar em consideração os problemas de ordem pessoal daqueles que vão ocupar a função. Deverá criar uma estrutura ideal.
(MOTTA e VASCONCELOS, 2002, p. 39)
Em síntese: divisão do trabalho, centralização das decisões, poucos
subordinados por gerente (pequena amplitude de controle), impessoalidade nas
decisões e busca de estruturas e sistemas perfeitos (MOTTA e VASCONCELOS,
2002, p. 39) relacionam a administração científica e as organizações.
Ainda, segundo esta abordagem, duas contribuições de Taylor devem ser
destacadas: i) “administradores e engenheiros estabelecem padrões; operários
apenas obedecem”; ii) “a única maneira certa” que pode ser resumida da seguinte
forma:
. Definição exata dos movimentos elementares necessários para executar o trabalho e das ferramentas e materiais utilizados;
. Determinação por cronometragem, ou outros métodos de medida, dos tempos necessários para executar cada um desses movimentos;
. Análise crítica dos movimentos para conseguir sua simplificação e a maior economia de gestos;
. Reunião dos movimentos em uma seqüência que constitui uma unidade de tarefa.
(DURAND apud TENÓRIO, 2002, p. 137)
Taylor demonstrou, portanto, as vantagens produtivas decorrentes da
divisão do trabalho e da especialização, comparativamente a outros sistemas em
Complementarmente ao taylorismo, o fordismo é um método de
organização da produção e do trabalho que se caracteriza pelo gerenciamento
tecnoburocrático de uma mão-de-obra especializada sob técnicas repetitivas de
produção de serviços ou de produtos padronizados (TENÓRIO, 1994, p. 88),
reforçando a perspectiva da rigidez organizacional, onde as organizações atuam
como sistemas mecânicos.
Para Ferreira et alii (1991) citado por Tenório (2002, p. 140), fordismo é:
um princípio geral de organização da produção (compreendendo paradigma tecnológico, forma de organização do trabalho e estilo de gestão). Neste plano, podem ser destacados os seguintes traços característicos ou princípios constitutivos do paradigma fordista: a) racionalização taylorista do trabalho: profunda divisão – tanto horizontal (parcelamento das tarefas) quanto vertical (separação entre concepção e execução) – e especialização do trabalho; b) desenvolvimento da mecanização através de equipamentos altamente especializados; c) produção em massa de bens padronizados; d) a norma fordista de salários: salários relativamente elevados e crescentes – para compensar o tipo de trabalho predominante.
(FERREIRA et alii apud TENÓRIO, 2002, p. 140)
Ou como estabelece David Harvey (apud Tenório, 2007, p. 19):
Como paradigma organizacional, o fordismo se caracteriza como um modelo de gestão da produção para grandes quantidades de produtos padronizados, o que exige um consumo de massa, um (...) sistema de reprodução da força de trabalho, uma (...) política de controle e gerência do trabalho, um (...) estética e (...) psicologia, em suma, um (...) tipo de sociedade democrática, racionalizada, modernista e populista.
(TENÓRIO, 2007, p.19)
Henry Ford desenvolveu e aperfeiçoou o sistema de trabalho em linhas de
em plataformas volantes que transportavam as peças de um lugar para outro da
linha de montagem, deixava os operários em seus postos de trabalho evitando o
seu movimento desnecessário no interior da fábrica e, assim, maximizando o seu
tempo. Mas, além desta idéia, outra que merece registro é a de produção em
massa – uma de suas principais contribuições à organização da produção e do
trabalho – que consistia na completa e consistente intercambialidade das peças e
na facilidade de ajustá-las entre si (WOMACK et alii apud TENÓRIO, 2002, p.
142). Esta idéia está na base do conceito de reusabilidade, conceito-chave para a
manufatura de software, tema de nossa pesquisa.
Como escreveu o próprio Ford:
O primeiro passo para o aperfeiçoamento da montagem consistiu em que, ao emvez de recebermos as peças das mãos dos operarios, fizemos que ellas lhes chegassem ás mãos. Hoje, em todos os nossos trabalhos, temos sempre em vista os seguintes princípios: 1º sempre que for possível o trabalhador não dará um passo superfluo; 2º não permittir, em caso algum, que elle se cance inutilmente, com movimentos á direita ou á esquerda, sem proveito algum. As regras geraes que nos levaram a conseguil-o são as seguintes: 1º Tanto os trabalhadores como as peças devem ser dispostas na ordem natural das operações, de modo que toda peça ou apparelho percorra o menor caminho possível durante a montagem; 2º empreguem-se planos inclinados ou apparelhos similares, de modo que o operario sempre possa collocar no mesmo lugar as peças em que trabalhou, e sempre ao seu alcance. Todas as vezes em que for possível deve-se usar a gravitação como meio de transporte, para fazer chegar ás mãos do operario proximo a peça em trabalho; 3º construa-se uma rede auxiliar para a montagem dos carros, pela qual, deslizando as peças que devem ser ajustadas, cheguem ao ponto exacto onde são necessarias [sic].
(FORD, 1925, p.108)
Cabe também destacar os princípios básicos sobre gestão da produção
elaborados por Ford:
. Princípio de economicidade – consiste em reduzir ao mínimo o volume de estoque da matéria-prima em transformação, fazendo com que o automóvel fosse pago à empresa antes de vencido o prazo de pagamento da matéria-prima adquirida e dos salários. A velocidade de produção deve ser rápida: “o minério sai da mina no sábado e é entregue sob a forma de um carro, ao consumidor, na terça-feira, à tarde”;
. Princípio de produtividade – aumentar a capacidade de produção do homem no mesmo período (produtividade) por meio da especialização e da linha de montagem. O operário ganha mais e o empresário tem maior produção.
(CHIAVENATO, 2000, p.68)
Segundo Ford (1925, p. 196), nossa tactica se resume em diminuir o preço,
augmentar a producção e aperfeiçoar a mercadoria [sic].
2.2. Pós-Fordismo
Distinguindo-se do fordismo, o pós-fordismo ou modelo flexível da
produção, segundo Tenório (2002, p. 163), caracteriza-se pela diferenciação
integrada da organização da produção e do trabalho sob a trajetória de inovações
tecnológicas em direção à democratização das relações sociais nos
sistemas-empresa. Caracterizando-se, fundamentalmente, pela sua flexibilidade.
Segundo Castro et alii (1996) apud Tenório,
Os novos padrões emergentes foram agrupados em seis características básicas: i) um esforço permanente para a melhoria simultânea da qualidade, dos custos e dos serviços de entrega; ii) manter-se muito próximo dos clientes, para entender suas necessidades e ser capaz de se adaptar para satisfazê-las; iii) busca de uma maior aproximação com os fornecedores; iv) utilização estratégica da tecnologia, visando à obtenção de vantagens competitivas; v) utilização de estruturas organizacionais mais horizontalizadas e menos compartimentalizadas; vi) utilização de políticas inovadoras de recursos humanos.
2.3. Fábrica de Software
Como a expressão sugere, fábrica de software deve possuir atributos
oriundos de uma fábrica industrial e deve ter como objetivo, segundo Fernandes e
Teixeira (2007, p. 116), a geração de produtos requeridos pelos usuários e/ou
clientes, com o mínimo de defeitos possível e a um preço (ou custo) competitivo e
compatível que forneça a margem necessária para os investimentos em
manutenção e melhoria da fábrica.
Ou ainda, na visão destes autores: agregação de valor na abordagem de
desenvolvimento de softwares que utilizam preceitos de engenharia associados à
manufatura. Ou seja: produzir software de qualidade com baixo custo e
produtividade.
Figura 1: Influências na conceituação de Fábrica de Software
Fonte: Fernandes, 2005, p. 3
Administração Científica
Produção em Massa
Processos Industriais
Controle de Qualidade
Gestão da Qualidade Total Técnicas
Industriais
Engenharia de Software
Product-Line Qualidade do
Para Fernandes (2005, p.3), o estado da arte na gestão de processos de TI
deriva de conceitos há muito tempo difundidos no meio industrial e em negócios
“risk-intensive”.
Segundo Fernandes e Teixeira (2007), fábrica de software se define como:
Um processo estruturado, controlado e melhorado de forma contínua, considerando abordagens de engenharia industrial, orientado para o atendimento a múltiplas demandas de natureza e escopo distintas, visando à geração de produtos de software, conforme os requerimentos documentados dos usuários e/ou clientes, da forma mais produtiva e econômica possível.
(FERNANDES e TEIXEIRA, 2007, p.117)
A definição acima se baseia em alguns atributos básicos que os autores
consideram como imprescindíveis em qualquer fábrica de software,
independentemente de seu escopo de fornecimento, como por exemplo:
. deve haver um processo definido e padrão para o desenvolvimento do produto de software;
. a fábrica deve ter forte gerenciamento da interface com o usuário e/ou cliente, tanto no sentido de recebimento de solicitações, como de entrega dos produtos solicitados;
. a entrada para a fábrica (a ordem de serviço ou solicitação de serviço) deve ser padronizada;
. as estimativas de prazo e custo devem ser baseadas na capacidade real de atendimento da fábrica a determinada demanda;
. deve haver métodos padrões de estimativas baseados em históricos; . a fábrica deve ter, de preferência, tempos padrões de atendimento já estabelecidos de acordo com o domínio da aplicação, da plataforma tecnológica e do tamanho da demanda (programa e/ou projeto);
. os perfis de recursos humanos devem ser controlados e estar alinhados ao tipo de demanda (natureza e complexidade) da fábrica; . a fábrica deve ter rigoroso controle dos recursos em termos de sua alocação, disponibilidade, necessidade futura e produtividade (esta deve ser medida);
. a fábrica deve ter um processo para o planejamento e controle da produção;
. a fábrica deve ter o controle do status das múltiplas demandas em seu processo e permitir rastreamento dessas demandas;
. a fábrica deve ter o absoluto controle do andamento da execução de cada demanda;
. os produtos de software devem ser construídos de acordo com métodos, técnicas e ferramentas padronizados;
. a fábrica pode ter processos distintos para atendimento a demandas de naturezas diferentes;
.todos os recursos humanos devem estar aptos e treinados para as tarefas de desenvolvimento de software e para operar processos operacionais e de gestão;
. a fábrica deve ter processos de atendimento (resolução de problemas) para os usuários e/ou clientes;
. a fábrica deve ter mecanismos que garantam a qualidade do produto de software, conforme requerimentos dos usuários e/ou cliente;
. a fábrica deve ter mecanismos de apuração, apropriação e controle de custos;
. a fábrica deve ter mecanismos de medições de atributos de sua operação, tais como: tempos médios de atendimento, densidade de defeitos dos produtos, eficiência de remoção de defeitos, exatidão das estimativas, e assim sucessivamente;
. a fábrica tem que ter absoluto controle sobre os níveis de serviços acordados com seus usuários e/ou clientes;
. a fábrica tem que melhorar seus processos de forma contínua, visando ao aumento de sua produtividade e à redução de seus custos de operação;
. o ambiente de hardware e software da fábrica deve ser estável e estar alinhado com as necessidades de seus usuários e/ou clientes.
(FERNANDES e TEIXEIRA, 2007, p. 116)
Outra definição para fábrica de software é de Jack Greenfield, da Microsoft,
citado por Eadie (2006, p.26): plataforma de tecnologia e ambiente de
desenvolvimento altamente personalizados que fornecem os principais artefatos e
processos para acelerar as tarefas comuns do ciclo de vida de um tipo específico
de solução ou produto.
Ainda, segundo este autor, quatro "pilares" compõe uma fábrica de
software: i) linhas de produtos de software; ii) estruturas da arquitetura; iii)
desenvolvimento orientado a modelo; e, iv) orientação contextual. A seguir
A definição de linha de produtos de software de Paul Clements e Linda
Northrop em seu livro Software Product Lines, citados por Eadie (2006, p.27), é a
seguinte:
conjunto de sistemas de software que compartilham um conjunto de características comuns e controladas que satisfazem as necessidades específicas de um determinado segmento ou missão de mercado, desenvolvidas a partir de um conjunto comum de artefatos núcleo (core assets), de forma predefinida.
(EADIE, 2006, p.27)
A estrutura da arquitetura é também freqüentemente descrita como o
esquema ou a estrutura de processo da fábrica de software. Essa estrutura pode
ser usada para guiar o fluxo de trabalho e as atividades do projeto até que todas
as atividades estejam concluídas (EADIE, 2006, p. 27).
Para Eadie (2006, p. 27) o desenvolvimento orientado a modelo (MDD) é
uma técnica para usar metadados capturados em modelos para automatizar as
tarefas do desenvolvimento de software; e, a orientação contextual é usada para
descrever o que fazer e para oferecer ajuda durante esse processo.
Figura 2: Os quatro pilares de uma fábrica de software
Fonte: Eadie, 2006, p.26
Estruturas da arquitetura Linhas de produtos de software
Desenvolvimento orientado a modelo
Combinando-se, esses pilares transformam-se em um todo maior do que a
soma de suas partes, que nos impulsionam na direção da industrialização do
software, como representado na figura abaixo.
Para Cusomano apud Rocha et alii (2004),
um processo fabril constitui-se na produção de produtos em massa, incluindo operações centralizadas de larga escala, tarefas simples e padronizadas, controles padronizados, trabalhadores especializados, mas com poucas habilidades, divisão de trabalho, mecanização e automação do processo. Desta forma, a associação do termo fábrica ao desenvolvimento de software sugere que se apliquem técnicas para produção em larga escala, de forma coordenada e com qualidade.
(ROCHA et alii, 2004, p.132)
Tabela 2: Evolução do desenvolvimento do software
Operações
Artesanal Artesanal FSW
FSW Integrade Outsourcing SPL Processos Processos Proprietários
CMM PMI RUP ASAP ISO’s
XP ASD LD Plataformas Fortran Assembler Cobol PL1 Natural C, C++ Clipper VB Delphi Oracle Java .NET XML Metodologias Waterfall Estruturada Essencial Estruturada Essencial OO UML Componentes ?
1960-1970 1970-1980 1980-1990 1990-2000 Século XXI
Fonte: Fernandes e Teixeira (2007, p. 23).
Em tese, o conceito de fábrica de software é fruto do processo evolutivo do
desenvolvimento de software. Neste processo, a fábrica de software se insere
maturação. O início do processo foi caracterizado pelo ciclo de vida do software; a
segunda e atual onda é o movimento de maturidade do processo. A tabela
Evolução do desenvolvimento do software representa, sinteticamente, este
processo evolutivo.
Especificamente em relação ao conceito de fábrica de software, Fernandes
e Teixeira (2007, p. 31) apontam algumas abordagens sobre o conceito: para
Johnson, um modelo focado em componentes e não em processos; para Evans, o
ambiente de software enxerga o processo de engenharia como linha de
montagem; uma experiência brasileira associou o conceito à codificação de
programas em larga escala. Ainda, segundo os autores, na concepção de
Cusomano, apresentada anteriormente, a evolução da fábrica de software ocorre
em estágios. A tabela 3, Evolução da fábrica de software apresenta este processo
evolutivo.
Tabela 3: Evolução da fábrica de software
FASE 1 - Organização básica e Gerência da estrutura (meados de 60 e início de 70)
. Objetivos da manufatura de software são estabelecidos; . Foco no produto é determinado;
. Começa a coleta de dados sobre o processo.
FASE 2 - Customização da Tecnologia e Padronização (início de 70)
. Objetivos dos sistemas de controle são estabelecidos; . Métodos padrões são estabelecidos para o desenvolvimento; . Desenvolvimento em ambiente on line;
. Treinamento de empregados para padronizar as habilidades; . Bibliotecas de código-fonte são introduzidas;
. Começam a ser introduzidas metodologias integradas e ferramentas de desenvolvimento.
FASE 3 - Mecanização e Suporte ao processo (final dos anos 70)
. Introdução de ferramentas para apoio ao controle de projetos;
. Introdução de ferramentas para a geração de código, teste e documentação; .Integração de ferramentas com banco de dados e plataformas de desenvolvimento.
FASE 4 - Refinamento do Processo e Extensão
. Revisão dos padrões;
. Introdução de novos métodos e ferramentas;
. Estabelecimento de controle de qualidade e círculos da qualidade; . Transferência de métodos e ferramentas para subsidiárias e terceiros.
continuação
FASE 5 - Automação Flexível
. Aumento da capacidade das ferramentas existentes; . Introdução de ferramentas de apoio à reutilização; . Introdução de ferramentas de automação de design; . Introdução de ferramentas de apoio à análise de requisitos; . Integração de ferramentas em plataformas de desenvolvimento
Fonte: Fernandes e Teixeira (2007, p. 30) apud Cusomano.
Relacionando ensinamentos da engenharia associados à manufatura, o
desenvolvimento de software apresenta ganhos consideráveis e muda o
paradigma da produção: de um processo não disciplinado para o conceito da
fábrica de software, compreendendo: métodos e ferramentas-padrão, apoio
automatizado ao desenvolvimento, planejamento disciplinado, análise e controle
de processo; e, códigos e componentes reutilizáveis.
Podemos, ainda, apontar como características básicas de uma fábrica de
software:
. o processo é padronizado, ou seja, documentado, praticado, medido, e as pessoas são treinadas para operá-lo;
. a capacidade de atendimento é planejada juntamente com o cliente, considerando um período mínimo de um ano;
. a plataforma de desenvolvimento é totalmente automatizada;
. há uma sistemática de Planejamento e Controle de Produção, com controle rigoroso da alocação de recursos;
. flexibilidade de ambientes;
. recursos humanos são flexíveis, à medida que cada programador domina pelo menos três linguagens de programação;
. há controle da qualidade e de metas, inclusive com controle estatístico de processos e gráficos de Pareto para identificar maior incidência de defeitos por tipo;
. as versões de programas são controladas por suporte automatizado; . os tempos de ciclos de produção da fábrica e o tempo de codificação são padronizados, considerando o tipo de linguagem e a complexidade do programa a ser construído;
. há projetos de melhoria contínua do processo em função dos resultados das metas de desempenho;
. a Fábrica opera em várias localidades separadas geograficamente, utilizando o mesmo processo padrão;
. o recebimento de especificações do cliente e o envio do programa codificado são feitos por meio eletrônico, inclusive pela internet.
(FERNANDES e TEIXEIRA, 2007, p. 32)
Três categorias referenciam a produção de software, em função da
abrangência do processo e de acordo com o ciclo de vida (FERNANDES e
TEIXEIRA, 2007):
. a primeira categoria, projeto de desenvolvimento de software, tem como
fases principais do ciclo de vida do software, o planejamento, a especificação de
requisitos, o projeto de especificação, a especificação física, a construção
(incluindo a programação), a implantação e a transição (passagem para a
produção);
. a segunda, é a dos processos de manutenção de softwares: corretiva,
adaptativa ou evolutiva;
. e a terceira e última categoria, a programação – codificação de
programas.
Ocasionalmente, em função da instalação pode ser vislumbrada nova
quarta categoria: o teste do software.
Para Fernandes e Teixeira (2007, p. 115), a Fábrica de software pode ter
projeto físico ou a codificação de programas de computador. A figura 3 representa
uma fábrica de software quanto ao seu escopo de fornecimento.
Segundo Fernandes e Teixeira (2007), a Fábrica de Projetos ampliada
abrange a arquitetura da solução, estágio anterior à conceituação do software -
que é apenas um dos componentes da solução; assim como os outros três
escopos, os atributos são similares, variando-se a intensidade.
Figura 3: Escopos de fornecimento da Fábrica de Software
Fonte: Fernandes e Teixeira (2007, p. 118), com adaptações.
A Fábrica de Projetos de Software abrange todo o ciclo de vida sistêmico
do software englobando além das atividades inerentes à fábrica de programas,
fases como projeto conceitual, especificação lógica, projeto detalhado da solução
e realização de testes. Já a Fábrica de Projeto Físico, têm seus requisitos e Projeto
Detalhado
Construção e Teste Unitário
Teste Integrado
Teste de Aceitação
Fábrica de Projetos Físicos
Projeto Conceitual
Especificação Lógica
Fábrica de Projetos de Software
Arquitetura de Solução
Fábrica de Projetos (Ampliada)
características básicas muito semelhantes, compreendendo a concepção do
software propriamente dita. A Fábrica de Programas consiste na menor unidade
de fábrica, conseqüentemente a menos complexa. Tem por objetivo principal
codificar segundo a especificação gerada pelo projeto físico.
Humphrey, citado por Fernandes e Teixeira (2007), alerta que a gestão de
software é diferente da gestão de um processo típico de manufatura, em virtudes
de alguns aspectos:
. software geralmente é mais complexo do que outros produtos manufaturados;
. em virtude de a engenharia de software ser relativamente nova, não há muitos gerentes e profissionais que tenham condições de avaliar um processo efetivo;
. em outros campos da engenharia, a entrega para a manufatura segue uma disciplina natural que não é encontrada no processo de software; . a disciplina de software não é baseada na ciência natural. Não se baseia em fundações naturais estáveis da ciência, como a Física; . software é a parte mais visível de um sistema para os usuários; portanto, objeto de constantes mudanças e reclamações;
. custo insignificante de reproduzir o software faz com que a descoberta de problemas ocorra muito tarde no ciclo de vida.
(HUMPHREY apud FERNANDES E TEIXEIRA, 2007, p.71)
Ainda, segundo estes autores, existe um conjunto de fatores
condicionantes das estruturas organizacionais que associados ao contexto onde
está inserida a empresa, delineiam uma determinada estrutura organizacional:
estratégia de marketing, tecnologia, ambiente externo, características da atividade
e fator humano.
Finalmente, o conceito de fábrica de software aproxima-se da realidade
2.4. Organizações
Para atenderem às demandas da sociedade, as organizações planejam,
coordenam, dirigem e controlam a produção de bens e serviços que, além de
satisfazer estas necessidades, proporcionam remuneração ao investimento
realizado para viabilizar o negócio. Para tal, contam com pessoas, recursos
financeiros, tecnológicos, físicos e materiais, dentre outros. São atores
predominantes na sociedade moderna.
Para Max Weber apud Hall (2004, p. 27), as organizações realizam um tipo
específico e contínuo de atividades direcionadas a um propósito e, diferenciando
o “grupo corporativo” das demais organizações sociais, define
o grupo corporativo envolve uma relação social que é fechada ou limita a admissão de novos membros por meio de regras, [...] até o ponto em que sua ordem seja imposta pela ação de indivíduos específicos que ocupam essa função usual de um chefe ou “superior” e, usualmente, também uma equipe administrativa.
(HALL, 2004, p. 27)
Para Chester Barnard também citado por Hall (2004, p. 28) organização é
um sistema de atividades ou forças coordenadas conscientemente, envolvendo
duas ou mais pessoas.
Para Lawrence e Lorsch (1977, p. 3), uma organização é a coordenação de
diferentes atividades de contribuintes individuais com a finalidade de efetuar
Etzioni e Scott apud Hall definem, respectivamente, organização como:
Organizações são entidades sociais (ou agrupamentos humanos) intencionalmente construídas e reconstruídas, a fim de atingir objetivos específicos. Incluem-se as corporações, os exércitos, as escolas, os hospitais, as igrejas e as prisões; excluem-se as tribos, as classes, os grupos étnicos, os grupos de amigos e as famílias.
(ETZIONI, 1973, p. 9)
[...] organizações são definidas como coletividades [...] que foram estabelecidas para a concretização de objetos relativamente específicos de forma mais ou menos contínua. Deve, no entanto, ficar claro [...] que as organizações possuem características diferenciadoras, além da especificidade e continuidade da meta. Essas características incluem fronteiras relativamente fixas, uma ordem normativa, níveis de autoridade, um sistema de comunicações e um sistema de incentivos que permite, aos diversos tipos de participante, trabalhar juntos para a realização de metas comuns.
(HALL, 2004, p. 28)
Finalmente, Hall define organização como:
Uma organização é uma coletividade com uma fronteira relativamente identificável, uma ordem normativa (regras), níveis de autoridade (hierarquia), sistemas de comunicação e sistemas de coordenação dos membros (procedimentos); essa coletividade existe em uma base relativamente contínua, está inserida em um ambiente e toma parte de atividades que normalmente se encontram relacionadas a um conjunto de metas; as atividades acarretam conseqüências para os membros da organização, para a própria organização e para a sociedade.
(HALL, 2004, p. 30)
Além dessas definições que nos ajudam a entender e observar as
organizações, a tipologia, assim como outras formas de classificação, nos ajuda
não só a categorizá-las, como também a compreender sua razão de existir e seus
propósitos. Como exemplos de tipologia, poderíamos classificar as organizações
educacional ou de saúde. Podemos perceber que estas classificações se
sobrepõem.
Parsons classifica as organizações de acordo com a contribuição que
trazem para a sociedade, conforme podemos verificar na tabela Tipologia das
Organizações, a seguir:
Tabela 4: Tipologia das Organizações, segundo Parsons
Tipo Contribuição
Organização de Produção Fabrica os bens consumidos pela sociedade
Organização Orientada a metas políticas
Assegura que a sociedade atinja as metas a atribui valor, gerando e distribuindo poder no âmbito da sociedade
Organização Integradora Resolve conflitos, direciona as motivações para a concretização de expectativas institucionalizadas e assegura que as partes da sociedade operem juntas
Organização de Manutenção de padrões
Proporciona a continuidade da sociedade por meio de atividades educacionais, culturais e expressivas
Fonte: Elaborada pelo autor a partir de Hall (2004, p. 37)
Etzioni considera a obediência como princípio único orientador de sua
tipologia. Isto é: como o escalão inferior responde ao sistema de autoridade da
organização. Relacionando-se os três tipos de autoridade (coercitiva,
remunerativa e normativa) com os três tipos de obediência (alienatória,
instrumental ou calculista e moral) por ele definidos, obtém-se como resultado da