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Equilíbrio orçamentário através de aumentos nos impostos ou reduções nos gastos públicos: o caso brasileiro

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Academic year: 2017

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(1)

FUNDAÇÃO

GETÚLIO

VARGAS

ESCOLA

DE

PÓS-GRADUAÇÃO

EM

ECONOMIA

TITULO:

EQUILÍBRIO

ORÇAMENTÁRIO

A TRA

VÉS

DE

A UMENTOS

NOS

IMPOSTOS

OU

REDUÇÕES

NOS

GASTOS

PÚBLICOS

?:

o caso

brasileiro

ORIENTADOR:

JOÃO

VICTOR

ISSLER

ORIENTANDO:

LUIZ

RENATO

REGIS

DE

OLIVEIRA

LIMA

199706 461

T/EPGE L732e

(2)

RESUMO

Na teoria econômica costuma-se analisar o comportamento de longo prazo

de um agente supondo que o mesmo está sujeito a um determinado tipo de

restrição de recursos intertemporal. A equação de restrição orçamentária

intertemporal do governo nos diz que um aumento nos gastos públicos ( não

acompanhado de um aumento na receita do governo), deve futuramente ou ser

reduzido ou ser seguido por um aumento de receitas. Além disso, o aumento futuro

nas receitas somado as reduções futuras nos gastos do governo deve ser igual ao

choque inicial em termos de valor presente. No curto prazo o governo tem interesse

em se desviar da sua posição de equilíbrio de longo prazo.Causas políticas e

institucionais são úteis para explicar tal desvio como por exemplo: a redistribuição

intergeracional, a ilusão fiscal, o papel estratégico da dívida pública, o conflito

distribucional, etc. Um modelo teórico de análise de impulso e resposta é usado

para descobrir qual o mecanismo usado pelo governo brasileiro para alcançar o

equilíbrio orçamentário de longo prazo. A principal conclusão do estudo é que a

maior parcela dos déficits públicos no Brasil é eliminada, independentemente da

sua fonte geradora, por aumentos futuros nos impostos. Também foi discutido

que o imposto inflacionário vem sendo usado para garantir o equilíbrio

orçamentário de longo prazo. Com base nesses resultados, mudanças políticas e

institucionais são propostas, tais como: criação de leis que restringem o tamanho

(3)

SUMARIO

P.

RESUMO 01

SUMÁRIO

02

LISTA DE TABELAS 03

LISTA

DE

GRÁFICOS

03

INTRODUÇÃO

04

1. MODELO

TEÓRICO

06

2. DADOS E PROGRAMAS COMPUTACIONAIS 15

3. AS

POSSÍVEIS

CAUSAS

DO

DÉFICIT

17

( uma abordagem política e institucional)

4. RESULTADOS

EMPÍRICOS

26

4.1. Testes de raiz unitária e cointegração 28

4.2. Causalidade de Granger e estimativas usando os parâmetros estimados 34

no modelo de correção de erros.

5. CONCLUSÃO

E SUGESTÃO

DE

POLÍTICA

44

REFERÊNCIAS

BIBLIOGRÁFICAS

46

APÊNDICE

1.

49

(4)

LISTA

DE

TABELAS

Tabela

1 - Testes

de

raiz

unitária

28

Tabela

2 - Ordem

ótima

do

VAR

30

Tabela

3 - Modelo

restrito

versus

modelo

irrestrito

para

um

VAR

de

ordem

4

31

Tabela

4 - Modelo

restrito

versus

modelo

irrestrito

para

um

VAR

de

ordem

3

31

Tabela

5 - Teste

de

cointegração

na

presença

do

imposto

inflacionário

para

um

VAR

de

ordem

4

32

Tabela

6 - Testes

de

cointegração

na

presença

do

imposto

inflacionário

para

um

VAR

de

ordem

3

33

Tabela

7 - Estimação

do

modelo

de

correção

de

erros

para

um

VAR

de

ordem

3

35

Tabela

8 - Estimação

do

modelo

de

correção

de

erros

para

um

VAR

de

ordem

4

35

Tabela

9 - Teste

de

causalidade

de

Granger

37

Tabela

10

- Função

impulso

resposta

não

convencional

para

um

VAR

de

ordem

3

40

Tabela

11

- Função

impulso

resposta

não

convencional

para

um

VAR

de

ordem

4

40

LISTA

DE

GRÁFICOS

Gráfico

1 - Gasto

público

no

Brasil:

1947-1992

26

Gráfico 2

- Receita

pública

no

Brasil:

1947-1992

27

(5)

INTRODUÇÃO.

Na teoria econômica, costuma-se analisar o comportamento dos agentes(

consumidores, firmas e governo ) supondo que os mesmos estão sujeitos a um

determinado tipo de restrição. Assim, na microeconomia, tem-se que o consumidor e as

firmas estão sujeitos a restrições orçamentária e de tecnologia, respectivamente. Por

outro lado, na macroeconomia, tem-se que o governo está sujeito ao que se

convencionou chamar de restrição orçamentária do governo.

Dado a existência da restrição orçamentária do governo, torna-se interessante

perguntar qual o mecanismo de ajustamento preferido pelo governo para eliminar

déficits orçamentários.

É interessante

notar

que

nos

modelos

de

programação

dinâmica,

onde

o

consumidor representativo maximiza a sua utilidade esperada, o mecanismo de

ajustamento orçamentário( aumento de receitas ou redução nos gastos ) será importante

para determinar a escolha ótima de consumo e investimento dos indivíduos.

Este trabalho investiga como o governo brasileiro tem reagido a presença de

déficits elevados no passado usando dados de 1947 a 1992. Este tipo de investigação é

(6)

não

convencional.1

É importante

notar

que

ao

realizar

a investigação

proposta

acima,

este estudo também testa a sustentabilidade do crescimento da divida interna pública e

identifica

os

procedimentos

fiscais

que

viabilizam

tal

sustentabilidade.

Por

fim,

este tipo

de análise é bastante útil para se testar as hipóteses subjacentes aos modelos de

spend-and-tax e tax-and-spend.

O principal resultado obtido por este "paper" é que o déficit público é

estacionário e que o equilíbrio orçamentário é alcançado, na sua quase totalidade, por

aumentos nas receitas do governo. Em outras palavras, este estudo mostra que o

crescimento da dívida pública é sustentável no longo prazo e que os aumentos de

impostos( incluindo os aumentos no imposto inflacionário ) é o principal procedimento

fiscal adotado pelo governo para viabilizar tal sustentabilidade. Ademais, numa análise

de causalidade de Granger, verificamos, em um dos modelos estudados, que aumento

nas receitas fiscais( incluindo imposto inflacionário ) são precedidos por aumentos nas

despesas ( incluindo pagamento de juros nominais), porém, aumentos nas despesas não

são precedidos por aumentos nas receitas.

Este estudo também mostra que, em virtude do caráter inelástico dos gastos no

Brasil, se faz presente a constatação ( advinda da equivalência Ricardiana ) que, dada

uma seqüência de gastos, a redução nos impostos hoje é totalmente cancelada por

aumentos futuros nos impostos. Portanto, se as expectativas sobre o comportamento

futuro estão fundadas nos dados históricos do comportamento do governo brasileiro, o

consumidor ricardiano deveria considerar que reduções nos impostos não aumentarão a

1 Denominei esta função impulso resposta de não convencional porque o impulso se dá através de

inovações nas variáveis do sistema e a resposta ocorre no valor presente das inovações futuras destas

mesmas variáveis, ao passo que na função impulso resposta convencional, a resposta é verificada no

nível das variáveis do sistema.

(7)

sua riqueza líquida. Por fim, em razão da importância dos aumentos de impostos para a

obtenção do equilíbrio orçamentário intertemporal, concluimos que grande parte desses

aumentos diz respeito a aumentos no imposto inflacionário provocados, por sua vez,

pela monetização do déficit público.

Este estudo está organizado da seguinte forma: Na seção 1 , o modelo aqui

utilizado é apresentado e desenvolvido. Seção 2 comenta sobre os dados.A seção 3

comenta sobre as possíveis causas políticas e institucionais do déficit público. A seção 4

apresenta os resultados empíricos e, por fim, a seção 5 apresenta as conclusões finais.

1. O MODELO

TEÓRICO3

A restrição orçamentária do governo pode ser escrita da seguinte forma:

Bt+i

= Gt -Tt

+(l

+ r)Bt

+el=l

0)

TT = receita fiscal incluindo imposto inflacionário;

GT - gasto público excluindo o pagamento dos juros da dívida interna;

r = taxa de juros real e constante;

BT = dívida do governo no começo do período;

(8)

st+i= erro provocado pela suposição de rt = r = constante. Ademais, supõe-se el+l

estacionário.

Sem perda de generalidade, este estudo trabalhará com uma versão modificada

da equação (1), qual seja:

BT+1 = GT* - TT + BT + eJ+l (1*)

onde:

GT * = GT + r. BT e as demais variáveis permanecem com a mesma definição.

Rearrumando a equação (1*), obtemos:

BT+1

- BT =

G*T

- TT

= déficit

(2)

Portanto, se GT * e TT são integrados de ordem 1 e a combinação linear entre

eles é integrada de ordem zero, então a série de déficit será estacionaria.

Como um corolário do teorema da representação de Granger, temos que todo

sistema cointegrado Xt = (GT * , TT ) tem uma representação de correção de erros.

Sendo assim, obtemos:

(9)

ou

(4)

A(L)XT = aDefT_, +//T onde: (4)

P = vetor de cointegração;

a - vetor de coeficientes do termo de correção de erros.

Xt = (GT *, Tt) = vetor de variáveis fiscais;

/uT = vetor de distúrbio estacionário e suposto não possuir correlação serial.

A(0) = I, A(l) é finita , A(L) é de ordem k-1 e "L" é o operador defasagem.

Agora, nós podemos colocar o sistema (4) na forma de um sistema de primeira

ordem com a sua dimensão aumentada. Para tanto, faz-se o uso da identidade abaixo:

DefT = - /?'AXT + DefT_, (5), ou seja, a variação do déficit é proporcional as

variações ocorridas nas variáveis fiscais do sistema.

Como

A(L)

= Ao

- A,L

- A2L2

- ...

- Ak.,Lk"',

aplique

este

resultado

em

(4)

e obtenha:

AXt = A, AXt., + A2 AXt.2 + .... + Ak_, AXt.k+1 + a.Deft., + jut (6)

(10)

DefT

=

-/?'AXT

+ DefT.,

=>

DefT.,

=

-/?'AXT.,+

DefT.2

,logo:

AXt = A,AXT., + A2AXT.2 + ... +AK,AX.,Kl] - . a/AXT., + a.DefT.2 + juT

= (A, - A2AXT.2 AK.,AXT.K+1 + aDefT_2 + juT

e, portanto, repetindo este processo K vezes, chegaremos na seguinte expressão:

AXt = A*, AXt., + A*2 .2

+

+ A*

k-i + a.DefT.k., + //, (7)

onde A * i = A; - ar. /?'

Usando a equação (7) e algumas identidades simples podemos obter o seguinte

sistema:

(\Xt

Atf-1

ÁX/-k + \

(.4*1 .4*2

I 0

0

0

A*k a)

0 0

I 0 0

o -p D

AXt - 2

AY7-A-Deft-k-\

(iri\

o

o

[n.(k>H]xl

(11)

X*T = A* X*T_i +/^*T,onde: (8)

X*T = ( AXT' , ... , XT.K+1',DefT.K )' e ju*T - ( //r', O, ... ,0 ) são vetores com

n(k)+1 elementos. A matriz A* é a matriz [n(k)+l] x [n(k) + 1 ] do sistema acima.

A matriz A* será de suma importância mais na frente, pois a mesma entrará na

fórmula da função impulso resposta não convencional. Note também que a resposta

em nível j- períodos a frente de uma variável pertecente ao vetor de variáveis fiscais,

pode ser achada na linha apropriada da matriz (A * ).

Feito isto, torna-se necessário verificar quais as implicações que a restrição

orçamentária intertemporal do governo gera sobre as políticas fiscais corrente e futura.

Para tanto, considere a equação (1) e a resolva para frente supondo verdadeira a

condição de transversalidade padrão. Sendo assim, obtemos:

(9)

( 1+

r )BT

=

Z^,j^P].

ET[TT+j

- GT+j

- sJ+j+]]

, onde

p = fator

de

desconto sendo igual a l\(l+r), com r = taxa de juros real.

A equação de restrição orçamentária intertemporal, nos diz que um aumento nos

gastos do governo( não acompanhado de um aumento nos impostos ) deve, futuramente,

ou ser reduzido ou ser seguido por um aumento de impostos. Além disso, o aumento

futuro dos impostos somado as reduções futuras nos gastos deve ser igual ao choque

inicial em termos de valor presente.

Para demonstrar o fato acima, usaremos as seguintes definições.

PV(z)t

- z^J>}

P^Zt+j

= valor

presente

da variável

z;

A

(12)

PV(z)T = ETPV(z)T - ET.,PV(z)T EtPV(z)t - Et_,PV(z)t = valor presente de zT.

O uso das definições acima nos permite escrever (9) como:

( 1+

r)BT

=

TT

+ ETPV(T)T

- [ GT

+ ETPV(G)T

+ ET(PV(e)Tt//?)]

( 10)

A equação (10) escrita em termos de inovações torna-se:

A A A A

TT

+

PV(T)T

=

GT

+

PV(G)T +

(1

+ r)BT

+

Qr

Ip

(11

), onde:

QT = ET[ PV(£-)T] - ET.1[PV(£-)T] é um termo que mede o erro.

Se for o caso das variáveis em (11) terem raiz unitária, então deve-se escrever tal

equação em primeiras diferenças. Isto torna-se possível se considerarmos a identidade

A A

( 1- p ).[z, + PV(z)t] = Zt + PV(Az), e o fato que AXt = Xt. Sendo assim ,

obtemos:

A A A A A

ATt + PV(AT)T = AGt + PV(A G)T + rABT + rQT. (12)

Como dito na introdução, neste estudo estamos considerando GT * = GT + r.

BT logo (12) pode ser reescrita na forma seguinte:

A A A A A

ATt

+

PV(AT)T

=

AG*t

+PV(AG*t)t

+ rQT

(12')

onde

A

ATt = inovações nos impostos;

4 Segundo Bohn et ai. ( 1991 ), esta identidade é obtida rearrumando a soma infinita . [ ver Campbell

(1987)].

5 Segundo Bohn et al.( 1991), a eq. (12) é obtida de (11) multiplicando-a por (1 - p), usando a

identidade, o fato que (1 - p).( 1 + r)= r, que AX, = X, e que X,., está no conjunto de informação do

período t-1.

(13)

PV( AT)T = valor presente das inovações futuras nos impostos;

A

A G *t = inovações nos gastos públicos federais;

rQt = termo de medida do erro;

A

PV(AG * )T= valor presente das inovações futuras dos gastos públicos;

A A

A Tt + PV( AT)T = mudança permanente nos impostos e;

A A

A G *t + PV(A G * )T = mudança permanente nos gastos.

A equação (12') é de suma importância , pois ela nos diz que a política fiscal é

A

caracterizada por uma série de inovações nos impostos e nos gastos públicos( A Tt e

A

AG *t). Além disso, ela nos mostra que toda vez que ocorre uma inovação corrente,

um conjunto de inovações futuras ocorrerão de um jeito tal que satisfará a restrição

imposta pela equação (12').

Assim, é possível notar que uma inovação nos gastos deve ser seguida ou por

inovações futuras nos impostos, nos gastos ou em ambos. Ademais, a diferença entre as

inovações futuras nos gastos e nos impostos em termos de valor presente deve ser igual

A A

ao choque inicial, ou seja, AG*t= PV( AT)t- PV(AG * )T. Se a variável gasto for

A A

um passeio aleatório, então deve apenas observar A G *t = PV( AT)T o que significa

dizer que os aumentos nos gastos hoje são permanentes e que, portanto, o reequilíbrio

(14)

mesmo

resultado

aplicar-se-ia

para

a variável

imposto

se

a mesma

fosse

também

um

passeio

aleatório

. Note

porém

que,

se

ambas

as

séries

fossem

um

passeio

aleatório

independente,

então

não

existiria

cointegração

e portanto

nada

se

poderia

dizer

a

respeito da estacionaridade do déficit público.

O cálculo do impacto marginal das inovações correntes sobre o valor presente

das inovações futuras nas variáveis do sistema é facilmente mensurado pelo modelo,ora

utilizado. Isto pode ser demonstrado da seguinte forma:

Considere a equação (8).

X * t = A * X *T.! + ju *T que adiantada k períodos produz:

A T+l ~ A A j t JJ j+i

V* A * Y * 4-//* A*fA*Y* +//* \ + n*

A T+2 - A A T+] + jj. T+2 - A {A A T -I-I //// T+1 ;; -I-I //// T+2

X*T+2

= A*2

X*T

+ A*juTM

+//*

T+2

Xt+k*

= A*k

Xt*

+ Ut+k*

+ A*

Ut+k.,*

+ ... + A*k"'

Ut+1*

assim

temos:

Et

Xt+k*

= A*k

Xt*,

onde

o operador

Et

representa

a esperança

condicionada ao conjunto de informação formado por elementos datados do período "t"

para baixo.

Agora

relembre

que

PV(X*)t

= Z~iPkXt+k*

foi

definido

como

sendo

a soma

k>\

descontada das realizações futuras de Xt*. Relembre também que as inovações nesta

variável e o seu valor presente foram denotadas por Xt * = EtXt* - E^Xj* e

PVA(X*)t

= EtPV(X*)t

- Et.,PV(X*)t.

Portanto

, a questão

que

se coloca

é: Qual

o valor

de(Et-Et.,)PV(X*)t?

(15)

Esta questão é trivialmente respondida , conforme se pode ver logo abaixo.

EtPV(X*)t=

Z-iP

EtXt+k*

= L^

(pA*fX*t.

k>\ k>\

Et.!PV(X*)t pela lei das expectativas iteradas pode ser escrito como Et.[[EtPV(X*)t] =

2-i

(pA*)kEt

,X*t.

Pela

equação

(8) Et ,X*t

- A*X*t.b

assim

obtemos:

k>\

Et.,[EtPV(X*)J

= L^

(pA*)KA*X*M,

logo:

k>\

[ Et - Et! ].PV(X*)t

=2-,

(pA*)k(

X*t - A*X*t,

). Novamente

pela

equação

(8)

temos

k>\

que X*t - A*X*t., - U*t. Logo:

[Et-Et.1].PV(X*)t=

2^

(pA*)kU*t

.O que siginifíca

dizer

que:

k>\

y

)t =

Z-(

k

y

k

( 14 ) PV (X*)t = Z-( (pA*) U*t e assim torna-se respondida a questão colocada

k>\

acima.

Portanto, o impacto marginal de uma inovação corrente sobre o valor presente

A

das inovações futuras nas variáveis do sistema é equivalente à derivada de PV (X*)t em

relação a U*t. Ademais note que U*t = ( Ut', 0 , 0, ..., 0 ) e que portanto a derivada

acima se resumirá na derivada do primeiro elemento de PV (X*)t [ PV (AXt ) ] em

relação a Ut. Em outras palavras: d PV (X*)t / d U*t - d PV (AXt) / d Ut =

k>\

(16)
(17)

Por fim, denotando "hs" como sendo o vetor "selecionador" e observando que

AXS

= X

s,

onde

Xs

é uma

das

variáveis

do

vetor

Xt

( vetor

de

variáveis

fiscais)

,obtém-se o seguinte:

d PVA(Xs)t

/ d Uti

=

hs{pA*[I-

pA*]"'}(15).

Da equação (14), verifica-se que o valor presente das inovações futuras é uma

combinação linear das inovações correntes . Assim, podemos obter para qualquer

variável "z" do vetor fiscal X, uma projeção de PV (z)t nos elementos do vetor de

inovações AX t. Ou seja:

( 16 ) PVA(z)t

= f(z).AXAt

= fxl(z).

AXAtl

+ ... +fxnAXAtn

, onde

f(z)

é um

vetor

de

coeficientes, e fxi(z) indica o efeito marginal de uma inovação no i-ésimo elemento de Xt

, AX ti , sobre PV (z)t. Portanto, a medida de spend-and-tax, por exemplo, pode ser

computada com a estimativa do coeficiente fG(T), que indica o impacto marginal de

um movimento unitário em AG t sobre PV (AT )t. Da equação (15), verifica-se que o

coeficiente fXj(Xs) é matematicamente equivalente a:

( 17) fxj(Xs) = {pA*[ I - pA*]" }Si , onde {M}Si denota o elemento na linha S e

coluna i da matriz M. Note que o { M }Si é extamente o elemento da equação 15

selecionado por um dado vetor hs.

Para finalizar, cabe observar que devido a presença do Qt na equação ( 12'), nem

A A A

sempre teremos a igualdade AG t = PV (AT )t - PV (AG)t . A magnitude do Qt

determinará a diferença entre os dois lados desta última igualdade

6 Note que nem uma ortogonalização das inovações nem uma suposição sobre a posição das variáveis no

(18)

2. DADOS E PROGRAMAS COMPUTACIONAIS

A

equação

Bt+1

- Bt

=

G*t

- Tt

não

impede

que

o governo

tenha

déficits

positivos, ela

apenas nos

diz

que

ele

não

pode

ter

déficits

positivos

em

todos

os

períodos, ou seja, Bt+i - Bt+i_! > 0 , para todo i = 1,2,

Para corroborar esta idéia, utilizamos os dados concernentes a gasto do governo

incluindo pagamentos dos juros nominais da dívida pública e receita fiscal. Ambos os

dados foram extraídos das contas nacionais publicadas em edições especiais da revista

conjuntura econômica. O período considerado foi 1947 a 1992. Os dados de receita

fiscal desse período não contabilizaram à arrecadação do imposto inflacionário como

receita real do governo. Os dados de imposto inflacionário para o período 1947-1992

foram extraídos de Cysne (1995).

Quanto aos programas computacionais utilizados, o PCGIVE, PCFIML e o

EVIEWS ( versão 2.0 ) foram usados para realizar testes de raiz unitária( teste ADF e

Phillips Perron), de cointegração, estimação do modelo de correção de erros e para a

realização de testes de diagnósticos e critérios de informação.. Ainda foi utilizado o

programa GAUSS para realizar as contas matriciais envolvidas na equação ( 17 ).

Torna-se importante ressaltar que todos os dados aqui utilizados estão

representados como um percentual do PIB corrente do Brasil. Assim, por exemplo, a

receita fiscal de 1973 somado ao valor do imposto inflacionário do mesmo ano é

dividida pelo PIB corrente de 1973 e assim o seu valor passa a ser representado como

um percentual do PIB de 1973. Note que esta forma é mais eficiente do que o processo

(19)

de deflacionar as séries, haja vista que ela poupa tempo e trabalho e gera o mesmo

resultado que é exatamentede oferecer os valores das séries em termos reais.

Em virtude da dificuldade que encontramos para obter os dados concernentes aos

pagamentos dos juros reais da dívida, optamos por utilizar uma proxy sugerida no

estudo de Ahmed & Rogers ( 1995 ) publicado no Journal of Monetary Economics. A

proxy sugerida foi o valor da razão pagamentos dos juros nominais da dívida / PIB

nominal.

É claro

que

esta

proxy

está

longe

de

representar

com

precisão

os

pagamentos

dos juros reais. Porém, como bem observaram Ahmed & Rogers, a conseqüência, do

ponto de vista econométrico, da utilização de tal proxy é que o coeficiente da

regressão Tt = bG*t + et não necessariamente será igual a unidade.Isto posto,devemos

ser cuidadosos quando formos interpretar os resultados dos testes de cointegração.Por

exemplo,ao realizarmos um teste de cointegração restrita entre G* e T, se a

hipótese nula que o vetor de cointegração é (1,-1 ) for aceita a um nível de

significância muito baixo, não devemos nos preocupar, pois este nível de significância

baixo deve-se ao uso da razão pagamentos dos juros nominais-PIB como uma proxy

dos

juros

reais.É

importante

observar

que

o conceito

de

déficit

público

considerado

neste trabalho não é usado ainda no Brasil , pois neste conceito incluimos , de um lado ,

os gastos primários mais o pagamento de juros nominais e , do outro lado, as receitas

fiscais mais o imposto inflacionário.Ambos são medidos como percentual do PIB.

3. AS

POSSÍVEIS

CAUSAS

DO

DÉFICIT

PÚBLICO

( uma

abordagem

política

e

institucional)

Antes de iniciarmos a nossa análise a respeito de como o déficit público no

Brasil é eliminado, nos cabe investigar as causas principais do surgimento de tais

déficits em determinados países.

Este

tipo

de

investigação

será

conduzida

dentro

da

linha

de

pesquisa

da

escola

da

(20)

abordagem política e institucional que, por sua vez, floresceu graças aos trabalhos de

Buchanan,Tullok e associados. Estes estudos têm como tema central a discussão de

déficits excessivos em democracias modernas.

Mesmo sabendo que o Brasil entre 1947 e 1992 esteve longe de ser considerado

uma democracia moderna, a abordagem, acima referida, ainda pode ser aplicada sem

problemas , haja vista que alguns fatores usados para explicar os déficits são comuns

em países com regimes político-institucionais diferentes.

Dentre as principais causas apontadas pela escola da escolha pública estão as

que virão a seguir:

i) Ilusão Fiscal.

Em termos gerais , a idéia subjacente a de ilusão fiscal é a de que os eleitores

têm profunda dificuldade para compreender a restrição orçamentária intertemporal do

governo. Em outras palavras, os eleitores valorizam muito os gastos correntes do

governo mas, por outro lado, dão pouca importância aos ajustes fiscais futuros que serão

necessários para eliminar os déficits. Este quadro facilita a ação de governos populistas (

comuns no Brasil ), pois estes aproveitam-se de tal confusão aumentando os gastos

correntes mais do que à arrecadação fiscal a fim de conquistar o apoio popular.

Apesar de interessante, a idéia acima sofre de um problema sério, qual seja:

imaginar

que

a população

erra

sistematicamente

ano

após

ano.

É claro

que

esta

hipótese

de erros sistemáticos é absurda principalmente para os economistas. Portanto, devemos

buscar explicações que se baseiam em comportamentos racionais dos agentes

econômicos. Nós relacionamos abaixo algumas dessas explicações

(21)

ü) Redistribuição Intergeracional

De acordo com a equivalência Ricardiana discutida em Barro ( 1974 ), a escolha

de como financiar um déficit corrente é irrelevante do ponto de vista do consumidor

ricardiano. A idéia é basicamente a seguinte: Dada uma seqüência de gastos públicos, o

governo só pode financiar um déficit corrente via aumento de impostos ou aumento da

dívida pública. Se a segunda opção for a escolhida , o governo renunciará a um aumento

corrente de impostos mas, em compensação, será obrigado a aumentar os impostos no

futuro para pagar a dívida contraída tempos atrás. Assim sendo, segue-se que o

financiamento via dívida pública é ineficiente no longo prazo e que ele apenas protela o

aumento de impostos necessário para equilibrar as contas públicas. Por esta razão e

supondo um consumidor de vida infinita ( ou um de vida finita mas com altruísmo

intergeracional ) é que se tem uma indiferença quanto a maneira de como financiar o

déficit público.

Por outro lado, em modelos onde não se supõe a existência da equivalência

ricardiana, pode ocorrer redistribuição intergeracional. São nesses modelos que

aparecem incentivos para o "socialplanner" optar por déficits públicos.

De acordo com Cukierman e Meltzer ( 1989 ) redistribuição intergeracional

aparece se se considerar o seguinte modelo:

a) existem duas classes de famílias: uma rica e outra pobre;

b) a família rica planeja deixar uma herança positiva para a sua prole e, por

conseguinte, valem às idéias subjacentes a equivalência ricardiana enunciadas acima;

c) a família pobre gostaria de deixar uma herança negativa para a sua prole. Como

(22)

equilíbrio

orçamentário.

Em

outras

palavras,

este

tipo

de

classe

gostaria

de

transferir

para as gerações futuras os custos sociais de um ajuste fiscal.

Portanto, de acordo com o modelo acima, um grupo de agentes ( famílias ricas )

é

indiferente

entre

ajuste

fiscal

hoje

e ajuste

fiscal

amanhã,

ao passo

que

o segundo

grupo ( famílias pobres ) prefere protelar o ajuste fiscal. Baseado nesta composição de

interesses, segue-se que o "social planner" escolherá a opção que adia o ajuste fiscal

levando assim a produção de déficits.

Pelo que vimos acima, conflitos intergeracionais têm uma parcela de

responsabilidade na geração de déficits públicos. A seguir , consideraremos modelos

com conflitos dentro da mesma geração.

iii) O Papel Estratégico da Dívida Pública.

Esta análise baseia-se no estudo de Alesina e Tabellini ( 1990 ). Tal estudo

mostrou que o governo corrente pode afetar a situação política e econômica dos

governos futuros através das suas escolhas fiscais hoje que determinam, por sua vez, o

tamanho da dívida presente que será herdada pelo governo seguinte.

A dinâmica deste modelo é simples e pode ser facilmente explicada da seguinte

maneira: suponha um sistema político formado por dois partidos principais ( esquerda e

direita, por exemplo ) que têm opiniões divergentes quanto a composição dos gastos

públicos. Como exemplo, imagine que a esquerda prefira gastar o dinheiro do governo

na

construção

de

creches

, hospitais

, escolas

e outros

serviços

de

assistência

social,

ao

7 É interessante ressaltar que este modelo assegura a não ocorrência de calotes praticados pelas gerações

futuras. Sobre esta questão, ver Tabellini ( 1991 ).

(23)

passo

que

o partido

da

direita

prefere

gastar

em

obras

de

geração

de

empregos

como,

por exemplo, a construção de viadutos e rodovias. Ademais, suponha que um dos dois

partidos está no poder e que o resultado da próxima eleição é incerto. Nestas

circunstâncias,

o modelo

prever

que

o partido

que

está

no

poder

gastará

o mais

que

puder nos empreendimentos de seu interesse de tal forma que o partido adversário, caso

venha a vencer a próxima eleição, terá que primeiro saldar os compromissos assumidos

pelo governo anterior e, por conseguinte, não será capaz de gastar muito nos

empreendimentos de seu interesse. Em outras palavras, comprometendo as receitas

fiscais futuras com o serviço da dívida pública, o governo atual pode reduzir a atuação

política do seu adversário e esta estratégia leva a formação de déficits públicos.

Segundo Tabellini ( 1990 ), a magnitude da dívida deixada pelo governo

antecessor crescerá quando mais polarizada forem as preferências dos grupos sobre a

composição dos gastos públicos.

Uma possibilidade interessante levantada primeiramente por Pearson e Svensson

( 1989 ), admite que a divergência ideológica existente entre os dois partidos não mais

deve-se a composição dos gastos, mas sim ao seu nível. Eles consideram dois tipos de

partidos: um com disciplina fiscal e outro propenso a gastos excessivos. A idéia é que o

partido com disciplina fiscal ao se encontrar no poder, reduz os impostos e emite dívida

com o objetivo de restringir a capacidade de gastos futuros do outro partido, caso ele

assuma o poder na próxima eleição. Por outro lado, se trocarmos a posição dos partidos

a assumirmos que inicialmente o partido propenso a gastos se encontra no poder hoje,

segundo este modelo tal partido certamente aumentará os impostos e criará um

(24)

sua postura ideológica. Por fim, é importante notar que este modelo é simétrico, no

sentido de que um partido cria déficits enquanto o outro cria excedentes fiscais.

Claramente, os dois modelos acima sofrem de um problema básico, qual seja: a

magnitude da dívida corrente só comprometerá o governo futuro se ele honrar as dívidas

assumidas pelo governo passado . Em outras palavras, a dívida pública não

comprometerá o futuro governo se ele poder optar pelo "calote da dívida".

Para resolver o problema apresentado acima, Aghion & Bolton ( 1990 ),

Milesi-Ferreti ( 1995 ), e Milesi_Ferreti e Spolaore, construíram modelos muito parecidos onde

a idéia principal é a de que o nível da dívida pública a ser honrrado pelo governo futuro

influencia diretamente nos resultados das eleições futuras que decidirão qual partido

assumirá o poder . A idéia é basicamente a seguinte: suponha que o partido de esquerda

é mais propenso a prática da moratória da dívida pública interna, pois a maior parte dos

títulos do governo é mantida pela população de maior poder aquisitivo e que,portanto,

não costuma votar em partidos que defendem tal moratória. Nessas circunstâncias, o

governo da direita se aproveita da situação criando uma dívida maior e fazendo com

que uma parcela cada vez maior da população torne-se detentora de títulos. Como

resultado dessa estratégia, a esquerda que ( por hipótese ) apoia a moratória, perderia

eleitores durante esse período.

O modelo acima obriga os partidos a assumirem uma postura contra o "calote"da

dívida pública durante o período eleitoral. Ademais, aumenta sobremaneira os custos de

promover tal inadiplência depois de eleito, haja vista que outras eleições virão e a

história política de um partido será usada pelo seu adversário como uma estratégia

eleitoral a ser usada nas eleições vindouras.

(25)

De uma maneira geral, a classe de modelos que atribuem à dívida pública um

papel estratégico é bastante pobre, pois ela não considera a coalizão política como

elemento fundamental para a formação de um novo governo ou de um novo regime

político. Com efeito , os modelos anteriores enfatizaram os conflitos e a polarização

ideológica entre partidos que se alternavam em governos de um único partido.

Doravante, estamos interessados em analisar a polarização de partidos que são membros

do mesmo governo formado pela coalizão de vários partidos.

iv) Conflito Distribucional.

Esta análise foi primeiro desenvolvida por Alesina e Drazen (1991). Nesse

estudo, eles analisam como conflitos distribucionais levam ao agravamento do déficit

público previamente existente. Segundo Alesina e Peroti ( 1995 ), a intuição do modelo

é bastante simples.

É assumido

que,

dada

uma

condição

de

equilíbrio

orçamentário

inicial, um choque permanente nos gastos ocorre provocando o aparecimento de um

déficit público. Um Planejador Social ( Social Planner ) reageria imediatamente a este

choque através de um aumento de impostos a fim de compensar o choque inicial e, por

conseguinte, manter o orçamento equilibrado.

A questão central do modelo acima é que a disputa entre grupos sociais para

definir quem irá pagar a maior parte do custo do ajuste, atrasa a adoção de uma política

eficiente de ajuste fiscal necessária para se alcançar o equilíbrio orçamentário. Este

atraso faz com que o déficit seja inicialmente financiado pelo crescimento da dívida

interna para em seguida ser eliminado pela criação de impostos altamente distorcivos

(26)

Em geral, de acordo com o modelo, o atraso na implementação de políticas de

ajustes fiscais eficientes ocorre sob duas condições: se o ajuste fiscal proposto for

inequível, ou seja, se um dos grupos tiver que receber uma perda maior no processo de

ajuste; e se nenhum dos grupos souber quanto custa para o outro grupo postergar a

estabilização. Estes custos podem ser interpretados como custos econômicos ou custos

políticos( ação política, lobbies, etc).

Neste modelo o perdedor é definido como o grupo que "paga" a maior parte dos

custos do ajuste fiscal. Obviamente que o vencedor será o outro grupo. Em geral,

nenhum grupo aceita ser o perdedor inicialmente no sentido de que cada grupo espera

que o outro cederá primeiro. O equilíbrio nesse modelo ocorre no ponto onde os dois

grupos concordam em aplicar um determinado ajuste fiscal. Neste ponto, o custo

marginal de adiar o ajuste se iguala ao benefício marginal desse adiamento. O custo

marginal nada mais é do que a perda de utilidade provocada por se viver numa

economia instável e distorcida. Por outro lado, o benefício marginal é dado pela

probabilidade condicional que o outro grupo cederá no próximo período multiplicada

pela diferença na utilidade entre ser o vencedor e ser o perdedor.

Com base na idéia de equilíbrio acima, podemos concluir que quanto mais

desigual for a distribuição dos custos entre os dois grupos, maior será o tempo esperado

para se aplicar uma política eficiente de estabilização, haja vista que nestas

circunstâncias, o benefício marginal da espera será bem maior do que o custo marginal

correspondente.

É interessante

notar

que,

neste

contexto,

o mecanismo

de

indexação

monetária ( muito usado no Brasil ) tende a postergar os ajustes fiscais na medida em

que ele reduz o custo marginal de adiar tais ajustes.

(27)

Spolaore ( 1993 ) mostrou que este modelo é útil para relacionar déficit público

ao grau de coesão política. Para ele, quanto mais fragmentado for o governo ou menor

for o grau de coesão política, maior será a possibilidade de ocorrer déficits públicos.

Ainda nesta linha de pesquisa, Grilli, Masciandaro, e Tabellini (1991) mostram que

governos com vida longa tem déficits menores. Esta conclusão é consistente com a

conclusão de Spolaore, haja vista que um govrno muito fragmentado tem uma vida mais

curta do que aqueles que possuem uma unidade política maior. Com efeito, Poterba

(1994) e Alt & Lowry (1994) apresentaram uma evidência do efeito de governos

divididos no Estados norte americanos. Eles observaram a reação política a choques

fiscais e concluiram que o ajustamento é mais devagar nos Estados com poder dividido

do que nos Estados com unidade política.

Outras explicações quanto a origem dos déficits públicos surgem quando

examinamos as leis e as instituições orçamentárias mais detalhadamente. Existem na

literatura vários estudos que mostram como a legislação fiscal vigente pode levar a

decisões fiscais ineficientes.

Weingast, Shepsle, e Johnsen (1981) estudaram o caso de um país onde a maior

parte da arrecadação fiscal é federalizada e os Estados da federação possuem

representantes políticos no Congresso Nacional. Nesse contexto, os autores mostram

que esses representantes exageram no número de emendas orçamentárias com o intuito

de beneficiar a sua base política . O efeito agregado desse tipo de comportamento é o

aumento das despesas previstas no orçamento. Especificamente , o tamanho do

orçamento será maior com N representantes eleitos em N Estados do que com apenas 1

representante eleito por todo o país. Em suma, o representante político não internaliza os

(28)

também se aplica ao caso em que as autoridades locais conseguem de alguma maneira

transferir para o governo federal parte das suas dívidas. Neste caso,o modelo mostra que

as autoridades locais também não internalizam as suas deciões de gasto sobre o

orçamento da União.

Cada um dos modelos apresentados acima apontam uma causa diferente para o

surgimento e ampliação do déficit público. Dessa forma, nota-se que a eliminação de

tais déficits depende da não utilização das suas fontes causadoras.

Na próxima seção, analizaremos o déficit público de um ponto de vista

numérico, ou seja, para nós numericamente o déficit público será causado ou pelo

aumento dos gastos ou pela redução nos impostos. Nesse contexto, mostraremos se o

governo equilibra o orçamento público aumentando os impostos ou reduzindo os seus

gastos.

4. RESULTADOS EMPÍRICOS

4.1. Testes de raiz unitária e cointegração.

Antes de tudo, é importante colocar que o fato de termos séries medidas em

termos percentuais( o que implica que estas se encontram no intervalo real [0,1] ) não

existe limitações quanto a não estacionaridade das séries. Na dúvida, torna-se

interessante ler o paper do Ahmed e Yoo ( 1989 )

(29)

Gráfico 1.

0.6^

0 .5 _

0 .4 .

0 .3 _

0 .2 _

nominal interesl oullays as fraction ofGNP

19 9 2

0 .1

50 55 60 65 70 75 80 85 90

o u tia y s

Gráfico 2.

0.40

0.35

0.30

0.25-

0.20-0.15

tax

revenues

as

fraction

of

DGP:

1947-1992

50

55

60

65

70

75

80

85

90

(30)

Gráfico 3

Déficit público no Brasil(G-T).

public déficit in Brazil: 1947-1992

0.20

0 .1 5 _

0.10.

0 .0 5 _

0 .0 0 .

-0.0 5 .

-0.10

50 55 60 65 70 75

public déficit

8 0 8 5 9 0

Tabela 1

Testes de raiz unitária

Variável

Receita (T)

Gastos

(G8

)

Déficit( G-T)

Lags1

3 4 4 Teste ADF -3,03 -2,14 -2,98**

Teste de

Phillips-Perron2

-3,37

-2,54

-3,27**

Notas. (1) o n. de lags diz respeito apenas ao teste ADF.

(2) o lag truncation escolhido para o núcleo de Bartlett foi 3

O número de lags usados foi definido com base no teste -1.

Nos testes de raiz unitária realizados em G e T foi acrescentado constante e tendência linear. Os

valores críticos para estes testes são -3,53 e -4,20 para um nivel de 5 e 1%, respectivamente.

Nos testes de raiz unitária para o déficit, não foi considerado a existência de componentes

determinísticos. Os valores críticos para estes testes são -1,95 e -2,62 para um nível de 5 e 1%,

respectivamente

Os símbolos (*) e (**) indicam rejeições da hipótese de não estacionaridade a 5% e a 1%,

respectivamente.

8 Doravante, toda vez que escrevermos G, estaremos, na verdade, nos referindo ao G*t. Isto será feita

para evitar confusão provocada pelo excesso de notação.

(31)

Uma

análise

rápida

nos

gráficos

1,2

e 3,

nos

permite

desconfiar

da

presença

de

raiz

unitária

nas

séries

de

receita e

despesa.

O mesmo

não

acontece

na

série

de

déficit

( G-

T ). Os

testes

de

raiz

unitária

da

tabela

1, servirão

para

esclarecer

esta

questão.

A tabela

1 apresenta

os

resultados

dos

testes

de

raiz

unitária.

Foram

usados

dois

testes

diferentes.

O primeiro

foi

o teste

ADF(

Augmented

Dickey-Fuller

) e o segundo

foi

o teste

P.P.(

Phillips

- Perron

). Ambos

os

testes

assumem

a mesma

estrutura

de

correlação

serial

dos

erros

e possuem

a mesma

distribuição

assintótica

para

a estatística

do

teste

de

raiz

unitária.

A principal

diferença

entre

esses

dois

testes

reside

no

fator

usado

para

corrigir

a correlação

serial.

No

teste

P.P.

a estatística

do

teste

é corrigida

de

uma

forma

tal

que

o seu

valor

variará

de

acordo

com

o valor

da

janela9

usado

para

estimar

a variância

assintótica

da

média

amostrai

do

termo

que

mede

o erro.

Por

outro

lado,

a estatística

do

teste

ADF

variará

de

acordo

com

os

valores

estatisticamente

significativos

dos

coeficientes

dos

lags

da

primeira

diferença

da

variável

dependente.

De

acordo

com

a tabela

1, claramente

observa-se

a presença

de

raiz

unitária

nas

séries

de

receita e

gastos.

O mesmo

não

se

pode

dizer

com

relação

a série

de

déficit

( G - T ). Portanto,

podemos

prosseguir

com

os

testes

de

cointegração

com

a certeza

de

que

as

séries

de

receita e

de

gastos

são

1(1)

e que

( G - T ) é 1(0).

Os

testes

de

cointegração

serão

úteis

para

verificar

a estacionaridade

do

déficit

público,

bem

como

para

identificar

o valor

correto

do

vetor

de

cointegração

conforme

colocado

pela

equação

2.

Note

que

pela

equação

2,

o vetor

de

cointegração

teórico

deveria

ser

( 1, -1 ) e o teste

realizado

na

série

( G - T ) levanta

uma

forte

suspeita

que

o

(32)

vetor teórico é realmente um possível vetor de cointegração. Para eliminar esta dúvida,

será também realizado um teste de cointegração restrita.

É importante

lembrar

que

os valores

críticos

das

estatísticas

usadas

no

teste

de

cointegração do Johansen, mudam de acordo com a inclusão ou não da tendência linear

e constante( restritas ou não restritas). Ademais, as estatísticas calculadas mudam em

função da ordem do VAR considerado . Por esta razão realizamos alguns testes para

identificar a ordem ótima de um VAR, bem como para descobrir se a inclusão da

constante e da tendência linear contribui para melhorar o modelo. A ordem ótima do

Var é testada usando critérios de informação( Shwartz e Hannan-Quin ), ao passo que o

teste para verificar a inclusão de componentes determinísticos baseia-se na razão de

verossimilhança. Os resultados desta investigação encontram-se nas próximas três

tabelas.

Tabela 2.

Ordem ótima do VAR.

Modelos 1 2 3 4 Ordem 4 3 2 1 Constante irrestrita irrestrita Tendência linear irrestrita irrestrita Critério de Shwartz -14,30 -14,37 -14,17 -14,30 Critério de Hannan-Quinn -14,82 -14,79 -14,48 -14,50

Como o interesse do teste apresentado na tabela 2 era de apenas identificar a

ordem ótima do VAR, a composição de cada modelo testado foi preservada, ou seja,

todos os modelos foram estimados com constante e tendência linear não restritas.

(33)

A tabela 2 nos mostra que o modelo 2( três lags ) apresenta o menor critério de

Shwartz e o modelo 1 ( quatro lags ) apresenta o menor critério de Hannan-Quinn.

Portanto, a tabela 2 nos diz que, dependendo do crtério de informação escolhido,

podemos trabalhar com um VAR de ordem 3 ou um VAR de ordem 4. Sendo assim ,

optamos em realizar os cálculos da função impulso resposta para ambas as ordens do

VAR acima citadas.

Depois de identificarmos o modelo 1 ou 2 como sendo aqueles que possuem a

ordem ótima, tratamos de testar a importância da tendência linear e da constante( tanto

restritas como irrestritas ) no VAR's escolhidos. O resultados destes últimos testes

encontram-se na tabela 3 e 4, respectivamente.

Tabela 3.

Modelo restrito versus irrestrito para um VAR de ordem 4

Modelos 1 2 3 4 5 6 7 Ordem 4 4 4 4 4 4 4 Constante irrestrita irrestrita restrita restrita irrestrita restrita sem const. Tendência Linear irrestrita restrita irrestrita restrita sem tend. sem tend. sem tend. Modelo restrito versus modelo irrestrito 2versus 1 3 versus2

4 versus 3

5 versus 4

6 versus 5

7 versus 6

-Estatística do Teste -0,79 -0,57 -0,95 -1,82 1,82 1,14

-Notas. O valor crítico da X (1) é 3,84 e 6,63 para um nível de 5% e 1%, respectivamente.

O termo irrestrito significa que o termo determinístico em questão( tendência linear, constante ou

ambos) encontra-se ,ao mesmo tempo, dentro e fora do vetor de cointegração. Por outro lado o termo

(34)

Tabela 4

modelo restrito versus irrestrito para um VAR de ordem 3

Modelos 1 2 3 4 5 6 7 Ordem 3 3 3 3 3 3 3 Constante irrestrita irrestrita restrita restrita irrestrita restrita sem const. Tendência Linear irrestrita restrita irrestrita restrita sem tend. sem tend. sen tend. Modelo restrito versus modelo irrestrito

2 versus 1

3 versus 2

4 versus 3

5 versus 4

6 versus 5

7 versus 6

Estatística do teste 0,3340 -0,3020 0,6960 -3,0360 1,6380 2,0180

Notas. O valor crítico da X (1) é 3,84 e 6,63 para um nível de 5% e 1%, respectivamente.

O termo irrestrito significa que o termo determinístico em questão( tendência linear, constante ou

ambos) encontra-se ,ao mesmo tempo, dentro e fora do vetor de cointegração. Por outro lado o termo

restrito significa que o termo determinístico só se encontrará dentro do vetor de cointegração.

Nas tabelas 3 e 4 percebe-se que o modelo 1 é preterido ao modelo 2 que, por

sua vez, é preterido ao modelo 3 e assim por diante .Assim, de acordo com o teste da

razão de verossimilhança, em ambos os casos o melhor modelo é o de número 7, ou

seja, um VAR de ordem 3 ou 4 sem constante e tendência linear.

Portanto, usaremos os VAR's de número 7 para realizarmos o teste de

cointegração do Johansen que se encontra apresentado nas tabelas 5 e 6.

(35)

Tabela 5.

Testes de cointegração na presença do imposto inflacionário para um VAR de

ordem 4

Estatística do teste

(valores críticos)

Teste do Johansen

Vetores de cointegração

Despesa Receita

Autovalor

K=0

10,76*

( 8,5 ) (

máximo

K=l

1,449

2,34)

(

K=0

12,2*

9,46)

Traço

K<1

1,449

(2,34 )

(1,000 ; -0,9405)

Teste de coitegração restrita.

Restrição para ( 1,0 ; - 1,0 ); X (1) = 2,998 ; nível de siginificância: 8,34%

Notas: (1) Por se tratar de um teste de baixa potência, ou seja, rejeita-se pouco a hipótese nula de não

cointegração , utilizamos no teste do Johansen valores críticos no nível de 20%.

(36)

tabela 6

Testes de cointegração na presença do imposto inflacionário para um VAR de

ordem 3

Estatística do teste Vetores de cointegração

(valores críticos) Despesa Receita

Teste do Johansen

Autovalor máximo Traço

K=0 K=l K=0 K<1

9,185* 1,638 10,82* 1,638 (1,000 ; -0,9374)

(8,5) (2,34) (9,46) (2,34)

Teste de coitegração restrita.

Restrição

para

( 1,0

; - 1,0

); X2(l)

= 1,4955;

nível

de siginificância:

22,14%

Notas: (1) Por se tratar de um teste de baixa potência, ou seja, rejeita-se pouco a hipótese nula de não

cointegração , utilizamos no teste do Johansen valores críticos no nível de 15%.

(*) Este sinal indica que a 20% a hipótese nula é rejeitada no teste do Johansen.

A tabela 5 e 6 nos mostra claramente que o déficit público é uma variável

estacionaria. O teste do Johansem aceitou a hipótese de existência de cointegração entre

gastos e receitas fiscais. Chama-se atenção para o fato de que os vetores de cointegração

estimados são próximos do vetor teórico (1,-1).

Pelo fato dos vetores de cointegração estimados serem bastante semelhantes e,

além disso, próximos do vetor de cointegração teórico ( 1 ; -1 ), optamos por testar a

hipótese de existência de um vetor de cointegração do tipo ( 1 ; -1 ). Tal hipótese, como

bem pode ser visto nas tabelas 5 e 6, foi claramente aceita. Portanto, gastos públicos e

receita fiscal cointegram e, além disso, cointegram com vetor ( 1 ; -1 ).

(37)

Sendo o déficit público integrado de ordem zero ( 1(0) ), segue-se que o seu

"forecasting" convergirá ( na medida em que o horizonte do "forecast" tornar-se

suficientemente grande) para o valor da média não condicional da série. Ora, como o

"target" da série de déficit público é zero, teremos que, no longo prazo, o valor esperado

de tal variável será zero, o que implica em dizer que a possibilidade de existência de

déficits permanentes é empiricamente impossível. Este achado corrobora a idéia

subjacente à equação ( 9 ) de restrição orçamentária intertemporal do governo.

O fato exposto acima, não exclui a possibilidade de existência de déficits

positivos ( ou negativos ) em períodos intermediários, haja vista que a condição de

estacionaridade em séries de tempo permite a exitência de desvios ( estacionários ) da

posição de equilíbrio. De posse destes resultados teóricos, torna-se relevante investigar

como o sistema se reequilibra depois da ocorrência de um choque inicial em alguma das

variáveis do nosso vetor fiscal. Em outras palavras, queremos saber se o equilíbrio

orçamentário é alcançado através do aumento nos impostos ou da redução nos gastos

públicos.

4.2. Causalidade de Granger e estimativas usando os parâmetros estimados no

modelo de correção de erros.

Tendo realizado os testes de raiz unitária e cointegração, podemos agora estimar

os modelos de correção de erros e, por conseguinte, a função impulso resposta .

Da literatura de séries de tempo, sabemos que se o VAR usado no teste de

(38)

como neste "paper" o VAR ótimo tem ordem 3 ou 4, segue-se que o MCE será de

ordem 2 ou 3.

Os resultados destas estimações encontram-se nas tabelas abaixo.

Tabela 7

Estimação do modelo de correção de erros para um VAR de ordem 3

EQUA.1 (A G T = var. dependente) EQUA. 2 (A Tt = var. dependente )

Var. Indep

AGT.,

AGT, ATT_, ATT.2 Deficitj-.! Coeficiente 0,17964 (0,18197) -0,73603 (0,20688) -0,30270 (0,26027) 0,61572 (0,25036) 0,07624 (0,1516) T-valor 0,987 -3,558 -1,163 2,459 0,503 T-prob 0,3298 0,0010 0,2521 0,0186 0,6179 Coeficiente 0,23177 (0,1131) -0,1790 (0,12861) -0,3066 (0,1618) 0,15161 (0,15565) 0,25661 (0,09425) T-valor 2,049 -1,392 -1,895 0,974 2,723 T-prob 0,0474 0,1720 0,0657 0,3362 0,0097

Nota: o valor entre parênteses representa o desvio padrão.

Tabela 8

Estimação do modelo de correção de erros para um Var de ordem 4

EQUA. 1( A GT = VAR. DEPENDENTE) EQUA. 2( A TT = VAR. DEPENDENTE)

Var. Indep

AGT,

AGT, AGT.3

ATT,

ATT.2 ATT, DeficitT.! Coeficiente 0,4453 (0,2873) -0,5604 (0,2762) 0,4462 (0,3561) -0,5001 (0,3135) 0,4086 (0,3027) -0,2544 (0,3047) -0,0887 (0,2122) T-valor 1,550 -2,029 1,253 -1,595 1,349 -0,835 -0,418 T-prob 0,1301 0,0501 0,2185 0,1197 0,1859 0,4094 0,6782 Coeficiente 0,702 (0,1806) -0,2461 (0,1736) -0,1822 (0,2238) -0,2266 (0,1971) 0,2385 (0,1903) 0,11232 (0,1915) 0,32032 (0,1333) T-valor 0,4871 -1,417 -0,814 -1,150 1,254 0,586 2,401 T-prob 0,1268 0,1652 0,4210 0,2580 0,2183 0,5614 0,0218

Nota: o valor entre parênteses representa o desvio padrão.

(39)

É importante

ressaltar

que

as

estimativas10

dos

coeficientes

do

modelo

de

correção de erros, ora apresentados nas dua tabelas acima, são de suma importância para

o cálculo dos valores de impulso-resposta presentes na equação 17. Por esta razão

apenas aqueles coeficientes estatisticamente significativos ( a um nível de 5% ) serão

considerados no cálculo dos valores da impulso-resposta.Os coeficientes

estatisticamente significativos juntamente com os respectivos VECs reestimados são

apresentados nas duas tabelas abaixo.

Tabela 9

Reestimação do Modelo de Correão de Erros para um VAR de ordem 3.

EQUA.1(AGT = var. dependente) EQUA. 2 (A Tt = var. dependente )

Var. Indep AGT_, AGT.2 ATT_, ATT.2 DeficitT., Coeficiente --0,73 (0,147) -0,57 (0,20) -T-valor --4,97 -2,79 -T-prob -0,000 -0,08 -Coeficiente --0,31 (0,13) -0,29 (0,07) T-valor --2,5 -4,091 T-prob -0,018 -0,000

(40)

Tabela 10

Reestimação do Modelo de Correão de Erros para um VAR de ordem 4.

EQUA.1 (A G T = var. dependente) EQUA. 2 (A Tt = var. dependente )

Var. Indep

AGT,

AGT.2

ATT,

ATT, Defícit-j-.] Coeficiente --0,75 (0,15) -0,52 (0,21) -T-valor --5,08 -2,50 -T-prob -0,000 -0,016 -Coeficiente 0,22 (0,09) --0,40 (0,12) -0,2 (0,08) T-valor 2,27 ~ -3,22 -2,5 T-prob 0,029 ~ 0,002 -0,018

Ao analisarmos os coeficientes das equações 1 e 2 nas tabelas 9 e 10,

respectivamente, nos chama atenção o fato que o coeficiente associado ao termo

Déficit^ é estatisticamente não significativo nas duas equações do gasto público

presentes nas tabelas 9 e 10, respectivamente. Teoricamente, o coeficiente associado a

deficitt.! mede a variação ocorrida nos gastos e nas receitas no período t devida a um

desvio do sistema (ocorrido no período t-l)da sua posição de equilíbrio . Por esta razão,

espera-se que gasto público no Brasil seja bastante inelásticos em relação as inovações

correntes que deslocam o sistema da sua posição de equilíbrio no "Steady State".

Ainda em relação as tabelas 9 e 10 e no tocante a segunda equação, percebe-se

claramente que coeficiente associado a Deft.j é estatisticamente siginificativo . Isto

significa que a receita pública no Brasil é bastante sensível as inovações correntes que

deslocam o sistema da sua posição de equilíbrio de "Steady State"

Um outro resultado interessante extraído da estimação do modelo de correção de

erros encontra-se relacionado a questão da causalidade de Granger.Uns dos principais

(41)

resultados da teoria da cointegração estabelece que existindo cointegração , existirá

causalidade de Granger em pelo menos um sentido. Este tipo de causalidade pode ser

detectada através de um teste de Wald. Os resultados de tal teste encontram-se

apresentados na tabela abaixo.

Tabela 11

Teste de Causalidade de Granger

VAR com 3 Lags

Hipótese nula

TT não

causa-Granger GT

GT não

causa-Granger TT

Estatística do Teste

F(3,38)= 3,6984*

F(3,38)= 9,3069**

VAR com 4Lags

Hipótese nula

Tt não

causa-Granger GT

GT não

causa-Granger TT

Estatística do Teste

F(4,35)= 2,389

F(4,35)= 6,7719**

Notas: - O símbolo (*) significa que a hipótese nula é rejeitada a um nível de 5 e 1%.

- O símbolo (*) significa que a hipótese nula é rejeitada a um nível de 5%, porém não pode ser

rejeitada a um nível de 1%.

- Os valores críticos de F(3,38) são 2,85 e 4,34 para um nível de 5 e 1%, respectivamente.

- Os valores críticos de F(4,35) são 2,64 e 3,91 para um nível de 5 e 1%, respectivamente.

Olhando a tabela 11, percebe-se claramente que despesa causa-Granger receita

para ambos os VAR's, porém, receita não causa-Granger despesa( a 5 e 1% para um

VAR com 4 lags e com apenas 1% para um VAR com 3 lags ). Em outras palavras,

estamos dizendo que os aumentos nas receitas hoje são precedidos por aumentos nos

gastos públicos e que os aumentos nos gastos hoje não são precedidos por auementos

(42)

A análise de causalidade de Granger colocada acima, nos mostra que, ao

contrário dos países com disciplina fiscal onde os aumentos nos gastos são justificados

pelo aumento prévio na arrecadação fiscal( receita causa-Granger despesa), no Brasil, os

aumentos de despesas são justificados apenas pela perspectiva de aumentos futuros na

arrecadação fiscal (incluindo a perspectiva de aumento no imposto inflacionário ), e não

pela existência prévia de superávits fiscais.( receita não causa-Granger despesa ).Por

fim, é bem verdade que a hipótese nula de não causalidade de Granger foi aceita a 5 e

1% apenas para um VAR de ordem 4, no entanto é importante notar que , de acordo

com a estatística Q de Ljung-Box, os resíduos do VAR de ordem 4 quando

comparados aos resíduos do VAR com 3 lags são mais próximos de um ruído

branco. Isto significa que o VAR com 4 lags descreve os dados de um jeito mais

eficiente do que um VAR com 3 lags.

O fato do coeficiente associado a DeficitT.! na equação de GT ser

estatatisticamente não significativo, nos levou a testar a hipótese conjunta que os vetores

de cointegração e dos coeficientes do termo correção de erros eram ( 1;-1 ) e ( 0;a ),

respectivamente. A estatística X (2) desse teste foi 1,7808 para um VAR com 3 lags e

3,2075 para um VAR com 4 lags.A hipótese nula foi claramente aceita com um nível de

significância de 41,05% e 20,11%, respectivamente.

A existência de um vetor de cointegração ( 1;-1 ), de um vetor de coeficientes do

termo de correção de erros ( 0; a ) e de um MCE de ordem três e dois, nos levou a

calcular os coeficientes, fG(T) ,fT(G),fG(G) e fT(T) usando o sistema( sistema 9x9 para

11 As estatísticas Q de Ljung-Box são : Q(5) = 5,9088 para um VAR com 4 lags e Q(5) = 9,7717 para um

VAR com 3 lags.

(43)

um VAR com 4 lags e 7x7 para um VAR com 3 lags ) de equações de diferenças

estocásticas em (8) com as restrições acima colocadas nos vetores de cointegração e

de correção de erros.

De posse dos resultados acima, calculamos em seguida o impacto marginal das

inovações em Gt e Tt sobre o valor presente das inovações futuras dessas variáveis.

Foram considerados dois casos. No primeiro caso, usamos um fator de desconto p=

0,94 o que eqüivale a uma taxa de juros real de aproximadamente 6% ao ano. No

segundo caso, consideramos o caso limite com p= 1 o que implica numa taxa de juros

real igual a zero durante o período em estudo. Os resultados desta investigação

encontram-se sumariados na tabela 6.

Tabela 12

Função impulso resposta não convencional para um VAR com 3 lags

inovação em: T

efeito

sobre:

PVA(AT)

estimativas -1.75

casol.(p = 0,94)

T G

PVA(AG)

PVA(AT)

-0.23 1,74

G

PVA(AG)

0,14

inovação em:

efeito sobre:

estimativas:

T

PVA(AT)

-1,000

caso2.

T

PVA(AG)

0

(P = 1)

G

PVA(AT)

0.86

G

PVA(AG)

(44)

Tabela 13

Função impulso resposta não convencional para um VAR com 4 lags

casol.(p = 0,94)

inovação em: T T G G

efeito

sobre:

PVA(AT)

PVA(AG)

PVA(AT)

PVA(AG)

Estimativas: -3,2 -0,61 2,9 0,4

caso2. (p = 1 )

inovação em: T T G G

efeito

sobre:

PVA(AT)

PVA(AG)

PVA(AT)

PVA(AG)

estimativas: -1,000 0 0,86 -0,14

A análise feita nas tabelas 12 e 13 nos permite extrair dois resultados bastantes

interessantes. O primeiro resultado diz respeito a inelasticidade dos gastos públicos em

relação as inovações correntes nas variáveis fiscais( GT , TT ) do modelo. Em ambos os

VARs , a função impulso resposta nos mostra que , na ausência de erros(p=l), os

déficits gerados por aumentos nos gastos ( num sentido estatístico ) são eliminados

principalmente por aumentos nos impostos.( 86% de aumento nos impostos futuros

contra apenas 14% de redução nos gastos futuros ).

Um outro resultado bastante interessante extraído das tabelas acima, diz respeito

a equivalência Ricardiana. A principal implicação advinda da abordagem Ricardiana

de déficits orçamentários ( Barro, 1974; 1989 ) é a crença de que os consumidores não

(45)

gastarão mais se ocorrer um déficit provocado por cortes nos impostos. O argumento é

que os indivíduos racionais e altruístas economizam uma parcela adicional de suas

rendas disponíveis pois antecipam que os cortes ocorridos nos impostos, dada uma

seqüência de gastos públicos, serão extamente compensados , em termos de valor

presente, por aumentos futuros nos impostos. Sendo assim , segue-se que a renda

disponível e, portanto, o consumo, permanecem inalterados.

De fato, os dados confirmam ( para ambos os VAR's usados ) que os déficits

provocados por cortes( num sentido estatístico ) nos impostos são eliminados por , e

exclusivamente, aumentos futuros nos impostos. Portanto, dada a série de gasto público

brasileiro, o consumidor ricardiano deve considerar que reduções nos impostos

ocorridas aqui no Brasil, não aumentarão a sua riqueza líquida.

Observe que no caso 1 temos que 1= -fo(G) + fo(T), isto ocorre em virtude da

presença Qt na equação (12'). No caso 2, o erro relacionado a estimativa é praticamente

nulo( ver apêndice 2 ) e, por conseguinte, pode-se observar que 1 = -fo(G) + fc(T).

Segundo Pastore ( 1995 ), a sustentabilidade do crescimento da dívida interna

implica que a primeira diferença da dívida é estacionaria e vice-versa. Portanto, ao

constatar que a primeira diferença da dívida era estacionaria, Pastore corretamente

concluiu que o crescimento da dívida interna no Brasil não tem um comportamento

explosivo.

No tocante a este estudo, é importante notar que o mesmo testa a

estacionariedade do déficit público que , por sua vez , é igual, por definição, a primeira

diferença da dívida pública interna. ( ver equação 2 ). Ademais, a análise de impulso

Imagem

Gráfico 1. 0.6^ 0 .5 _ 0 .4 . 0 .3 _ 0 .2 _
Gráfico 3

Referências

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