Aplica¸c˜
oes da F´
ormula de Bott
`
a Geometria Enumerativa
Andr´
e Luiz Meireles Araujo
Professor do Dept. de Matem´atica - UFRN Doutorando do Dept. de Matem´atica - UFMG
minha esposa Maria Betˆania, por toda paciˆencia e compreens˜ao e pelas
muitas ausˆencias que esta tese lhes
custou
Agradecimentos
“. . . ent˜ao, o viajante sentou-se na cal¸cada. Os p´es do´ıam. As m˜aos estavam cheias de bolhas. Mas havia algo em sua alma, algo. . . diferente, que n˜ao estava l´a quando partiu. Por um instante congratulou-se, julgou que era toda sua aquela vit´oria, julgou que foi gra¸cas aos seu ´arduo esfor¸co que agora estava ali e podia sentar-se naquela cal¸cada, com tantas experiˆencias.
Mas n˜ao, n˜ao era verdade.
Sim, ´e claro que o suor havia sido seu, mas foram os seus pais quem lhe ensinaram que ´e preciso suar.
Sim, ´e claro que a m˜ao que segurara a enxada fora a sua, mas havia familiares e amigos ao seu redor que lhe proporcionaram incentivo mesmo nos mais ´arduos momentos de trabalho.
Sim, ´e claro que julgava ter sorte, mas alguns preferem chamar a sorte de Deus.
Sim, ´e claro que foram os seus p´es que percorreram os caminhos, mas sem ningu´em para orient´a-lo ele jamais saberia para onde ir.
Sorriu, percebendo qu˜ao pouco aquela vit´oria lhe pertencia. Levantou-se, e voltou a caminhar. . . ”
Em especial, um reconhecimento e agradecimento ao Professor Israel Vainsencher, pois sem sua orienta¸c˜ao e colabora¸c˜ao estatese n˜ao teria se tornado realidade.
Dentre os in´umeros colegas, gostaria de agradecer em especial, a Fernando Xavier pela sua ajuda imprescind´ıvel em v´arios momentos desta e aos colegas Marcelo Marchesin, Heleno Cunha, Lu´ıs Guilhermo, Reginaldo Batista, Gabriel Guedes e Danilo Silveira pela sua hospitalidade e amizade. Agrade¸co ainda, sem menos importˆancia, aos colegas Jos´e Alberto, ´Eden Amorim, Adriana Rodrigues, Viviana Ferrer e aos demais, que com o seu apoio e coleguismo me ajudaram nos momentos mais dif´ıceis.
N˜ao poderia deixar de expressar aqui o meu agradecimento aos Professores Francesco Russo, Jacqueline Rojas, Let´erio Gatto, Ta´ıse Santiago, Aron Simis, Renato Martins, Ana Cristina e F´abio Brochero bem como ao pessoal da secretaria e da biblioteca pelo seu profissionalismo e apoio em v´arios momentos.
Sabemos que a curva plana C de grau d geral ´e lisa e intersecta genericamente uma reta ℓ em d pontos distintos. Mais ainda, toda reta tangente ´e no m´aximo inflexional e para d ≥3 que tal reta inflexional existe. As curvas de Fermat Cd = {[x, y, z] ∈ P2 |
xd+yd+zd = 0} ⊂ P2 de grau d ≥ 4 s˜ao exemplos de curvas planas lisas com retas inflexionais de ordem superior, ou seja, existe um ponto P ∈ Cd e uma reta ℓ ⊂ P2 tais
queℓ· Cd≥4P.
Estatese tem como principal objetivo descrever subvariedades Wm
d do espa¸co projetivo
PNd, das hipersuperf´ıcies de grau d em Pn, com N
d = d+nn
−1 e n ≥2, cujo membro geral corresponde a uma hipersuperf´ıcie lisa S de grau d que admite um par (H, P), ondeP ∈S ´e um ponto e H ⊂Pn ´e um k-plano que passa pelo ponto P, tal queH∩S
tem no pontoP um ponto singular de multiplicidade≥m. Dizemos ent˜ao queS admite um (k, m)-contato no pontoP com o k-plano H (cf. (3.1.2)).
Deste modo, constru´ımos explicitamente uma fam´ılia de fibrados projetivosP(Fm
d ) sobre
ok-plano universal Σ =P(G∨)⊂G×Pn, a variedade de incidˆenciak-plano - ponto, onde
para cada par (H, P)∈Σ a fibraP(Fm
d )(H,P) consiste nas hipersuperf´ıcies de graud em
Pn que tˆem no ponto (H, P) um (k, m)-contato. Como P(Fm
d ) ´e um subfibrado do
fibrado trivial PNd
Σ = Σ×PNd, obtemos via segunda proje¸c˜ao a subvariedade Wmd ⊂PNd
e calculamos explicitamente seu grau.
Uma vez bem compreendido o caso de um ´unico (k, m)-contato, somos levados ao estudo das subvariedades de PNd que admitem dois (k, m)-contatos e `a cl´assica f´ormula dos
pontos duplos(cf. (3.3.1.1)), restringindo ent˜ao nosso interesse `as curvas planas (n= 2). Verificamos que na realidade esta f´ormula, que determina o ciclo associado ao lugar de pontos duplos de morfismos definidos entre variedades lisas, n˜ao se aplica em todos os casos (somentem= 4) e, mesmo neste caso especial, sua validade depende da verifica¸c˜ao de que este lugar tem a dimens˜ao esperada e isto na pr´atica torna-se computacionalmente invi´avel (cf. (3.3)).
Assim, somos levados a constru¸c˜ao de uma compactifica¸c˜ao expl´ıcita para fam´ılia de curvas planas de graudque admitem dois contatos de ordemmcom duas retas deP2. Tal compactifica¸c˜ao surge como um fibrado projetivo sobre uma variedadede dimens˜ao 6, que genericamente parametriza pares de pontos da reta universal de ˇP2, isto ´e, configura¸c˜oes reta-ponto (ℓ, p) com p ∈ ℓ. Por uma quest˜ao computacional, nos restringimos aqui a estudar apenas o caso em quem =d, no qual dizemos que a curva tem um contato total com a reta.
Deste modo, para cada d ≥ 4 constru´ımos uma subvariedade DWd ⊂ P(d+22 )−1 que
v
total em P2 e calculamos seu grau.
Mais ainda, por interpola¸c˜ao conseguimos obter um polinˆomio P(d) de grau 10 que determina o grau da referida variedadeDWd e ´e dado por
P(d) = (d−1)(d−2)(d
8−d7−19d6+161d5−774d4+2344d3−4448d2+4992d−2880)
128
·
A variedade base referida anteriormente, consiste em uma torre de P1-fibra¸c˜oes explo-dida ao longo de duas subvariedade lisas, tornando os c´alculos enumerativos um tanto complicados. Assim, somos levados a procurar uma outra ferramenta que possa realizar estes c´alculos enumerativos de forma mais simples, isto ´e, `af´ormula de res´ıduos de Bott. As id´eias em torno da f´ormula de Bott circulavam ao menos desde a publica¸c˜ao do c´elebre resultado de H. Hopf, que fornece o n´umero de Euler de uma variedade compacta puramente em termos de uma contagem de res´ıduos feitas no conjunto de zeros de um campo vetorial. A f´ormula de Bott exibe rela¸c˜oes entre os n´umeros caracter´ısticos da variedade e invariantes locais de um campo vetorial conveniente pr´oximos de seus zeros. A entrada em cena desta ferramenta em Geometria Alg´ebrica Enumerativa deve-se aS. A. Strφmme&G. Ellingsrud [12], culminando com os not´aveis resultados deKontsevich em Enumeration of rational curves via torus actions descrito em [33] para enumera¸c˜ao de curvas racionais.
As referˆencias que seguimos para as no¸c˜oes de cohomologia e an´eis de Chow equivariantes s˜ao os artigos de D. Edidin eW. Graham [10] e de M. Brion [6].
Nosso interesse principal ´e voltado para aplica¸c˜oes em Geometria Enumerativa.
Veremos em v´arios exemplos como a f´ormula de res´ıduos pode ser usada para obter alguns n´umeros caracter´ısticos, al´em de na se¸c˜ao (2.3) obter como consequˆencia um invariante de Gromov-Witten. Alguns destes exemplos s˜ao bem conhecidos mas servem para o entedimento computacional da aplica¸c˜ao da f´ormula de Bott (por exemplo, as 27 retas contidas na hipersuperf´ıcie c´ubica de P3).
Por fim, constru´ımos o espa¸co de parˆametros para a fam´ılia de curvas planas de grau d≥4 que tˆem contato total (veja def. (3.4)) com duas retas emP2, como mencionamos anteriormente, e calculamos seu grau aplicando a f´ormula de Bott.
Para o que segue, ´e requerida alguma familiaridade com no¸c˜oes de grupos alg´ebricos, variedades quocientes, grupos de Chow e classes de Chern. Referˆencias para esse material s˜ao os livros Borel [4] eFulton [14]; veja tamb´em [48].
No que segue faremos uma breve descri¸c˜ao dos conte´udos dos diversos cap´ıtulos e apˆendice desta tese.
Cap´ıtulo 1: Grupo de Chow Equivariante e a F´ormula de Res´ıduos de Bott
Neste primeiro cap´ıtulo introduzimos o grupo de Chow equivariante (cf. (1.3.3)) e suas principais propriedades. Ele se define em termos do grupo de Chow “cl´assico”, que inicialmente passaremos em revista.
G-invariante que nas nossas aplica¸c˜oes coincinde com o grupo de Chow “cl´assico”. Deste modo, somos levados `a constru¸c˜ao do grupo de ChowG-equivariante e suas propriedades. Deixamos claro que o conte´udo deste cap´ıtulo 1 consiste efetivamente na s´ıntese e sis-tematiza¸c˜ao de uma vasta literatura sobre grupos de ChowG-equivariantes e suas pro-priedades (cf. [6], [10],[11], [12], [13] e [31]), destacando sempre as propriedades que ser˜ao utilizadas nos casos mais simples, sem deixar de descrevˆe-las na sua generalidade quando poss´ıvel.
Deste modo, na se¸c˜ao (1.1) introduzimos rapidamente o grupo de Chow cl´assico, pe¸ca fundamental na constru¸c˜ao do grupo de Chow G-invariante (se¸c˜ao (1.2)). Pelo teorema de Hirschowitz(1.2.3), quando o grupo alg´ebrico linearG´e conexo e sol´uvel (por exemplo, G=T um toro), este novo grupo de Chow coincide com o grupo de Chow cl´assico. Assim, na busca de um grupo de Chow diferente para variedades munidas de uma G-a¸c˜ao, somos levados a ambientes externos `a variedade e `a constru¸c˜ao do grupo de Chow G-equivariante (se¸c˜ao (1.3)).
Deste modo, oi-´esimo grupo de Chow G-equivariante de umaG-variedadeX ´e definido por
AGi (X) = Ai+l−g(XG),
ondel =dim(V), para alguma representa¸c˜ao V do grupoG que contenha um abertoU onde Gage livremente, g =dim(G) e A∗ denota o grupo de Chow usual.
Este grupo independe da representa¸c˜ao escolhida, desde que V −U tenha codimens˜ao suficientemente grande, isto ´e, maior quedim(X)−i.
Assim, nas se¸c˜oes (1.4), (1.5) e (1.6) destacamos as principais propriedades deste novo grupo de Chow, passando ao estudo do anel de Chow induzido e ao caso especial em que G=T ´e um toro.
Nas se¸c˜oes (1.7) e (1.8) descrevemos a rela¸c˜ao entre caracteres de um fibrado vetorial T-equivariante e as classes de Chern deste T-fibrado, culminando com a descri¸c˜ao do anel de Chow equivariante de Pn.
Na se¸c˜ao (1.9), come¸camos abordando o caso em que a T-a¸c˜ao ´e trivial, obtendo como principal resultado o lema(1.9.1), isto ´e,
AT∗(X) = A∗(X)⊗RT,
para uma T-a¸c˜ao trivial sobre X e RT = Z[t1,· · · , tg], com g = dimT, que descreve o
grupo de Chow T-equivariante neste caso particular.
Na se¸c˜ao (1.10), ainda supondo que a T-a¸c˜ao sobre X ´e trivial, dado um fibrado ve-torial T-equivariante E sobre X obtemos canonicamente uma decomposi¸c˜ao em auto-subfibrados
E = M
χ ∈ Tb
Eχ,
onde Eχ denota o auto-subfibrado dos vetores emE nos quais T age com o caracter χ.
vii
de postor sobre X
cTi (Eχ) =
i
X
j=0
r−j i−j
cj(Eχ) χi−j ·
Nas se¸c˜oes seguintes (1.11) e (1.12) tratamos o caso geral, isto ´e, o caso em que aT-a¸c˜ao n˜ao ´e necessariamente trivial.
Assim, inicialmente verificamos que se T age sobre uma variedade lisa X, o lugar dos pontos fixos XT ⊂X deste T-a¸c˜ao tamb´em ´e uma variedade lisa.
Deste modo, localizando no lugar dos pontos fixos XT ⊂ X desta T-a¸c˜ao, obtemos o
lema 1.11.3 que afirma que se X ´e uma T-variedade lisa e F ´e uma componente de XT de codimens˜aod, ent˜ao existem caracteres n˜ao triviais λ1,· · · , λ
r tais que cTd(NF/X)
torna-se invers´ıvel no anel de fra¸c˜oes A∗
T(F)[1/λ1,· · · ,1/λr].
Ou seja, ´e preciso localizar o anel para inverter classes de Chern, obtendo assim o Teo-rema da Localiza¸c˜ao(1.12.1).
Logo, na se¸c˜ao (1.13) obtemos como consequˆencia a F´ormula de Res´ıduos de Bott (1.13.1.1)
SejamE1,· · ·, Es fibrados vetoriais T-equivariantes sobre uma variedade lisa e completa
X. Ent˜ao, Z
X
p(E) ∩ [X] = X
F⊂XT
πF∗
pT(E
F)∩[F]T
cdF(NF/X)
,
onde dF denota a codimens˜ao da componente F do lugar dos pontos fixos XT ⊂X.
Enfim, na se¸c˜ao (1.14) explicitamos as contribui¸c˜oes de pontos fixos isolados de uma T-a¸c˜ao.
Nas ´ultima se¸c˜ao (1.15), faremos aplica¸c˜oes da f´ormula de res´ıduos de Bott em exemplos elementares que fazem parte da literatura cl´assica de geometria enumerativa. Os trˆes primeiros servir˜ao de modelo para o entendimento computacional. O ´ultimo, ilustrar´a a aplica¸c˜ao enumerativa que faremos no pr´oximo cap´ıtulo, destacando a constru¸c˜ao do espa¸co de parˆametros conveniente.
Abordamos talvez um dos problemas mais simples e instrutivos que ´e o de contar o n´umero de pontos na interse¸c˜ao de duas retas no plano projetivo P2, bem como fazer explos˜oes deP2 em pontos e calcular auto-interse¸c˜oes dos divisores excepcionais obtidos. Na primeira abordagem (1.15.1) introduzimos a a¸c˜ao de um toro unidimensionalT =C∗
em P2 de tal modo que o lugar dos pontos fixos seja formado por um conjunto discreto de pontos (P2)T ={[1,0,0],[0,1,0],[0,0,1]}.
Na segunda (1.15.2), introduzimos a a¸c˜ao do mesmo toro unidimensional T = C∗ de
modo que agora o lugar dos pontos fixos seja (P2)T ={[0,0,1]} ∪ℓ, onde ℓ´e a reta dada
pela equa¸c˜ao x2 = 0. Neste caso, (P2)T n˜ao ´e formado apenas por pontos fixos
Na subse¸c˜ao final (1.15.4), calculamos o n´umero j´a conhecido de 27 retas contidas numa superf´ıcie c´ubica gen´erica deP3. Destacamos que o fato fundamental aqui ´e a constru¸c˜ao da variedade de parˆametros apropriada.
Cap´ıtulo 2: Aplica¸c˜oes Enumerativas
As se¸c˜oes contidas neste cap´ıtulo 2 abordam aplica¸c˜oes da f´ormula de Bott em traba-lhos recentes, que descrevem compactifica¸c˜oes lisas de espa¸cos de parˆametros de certas fam´ılias de variedades projetivas (cf. os artigos [1], [2], [3], [42], [43], [51] e [52]). O ponto principal a destacar ´e que a aplica¸c˜ao da f´ormula de res´ıduos de Bott essencialmente trivializa as dificuldades para a descri¸c˜ao do anel de Chow dos espa¸cos de parˆametros empregados.
Queremos enfatizar que, embora fact´ıvel, o c´alculo do grau de zero-ciclos por meio da explicita¸c˜ao da estrutura de anel de Chow destas variedades ´e tarefa desaconselh´avel! O emprego da f´ormula de Bott permite efetuar esse c´alculo sem dor.
Nesta filosofia, na se¸c˜ao (2.1) come¸camos estudando uma primeira aplica¸c˜ao interessante da f´ormula de Bott. Somos levados ao artigo [2] de D. Avritzer e I. Vainsencher que produz uma compactifica¸c˜ao para o espa¸co de parˆametros da fam´ılia das interse¸c˜oes completas de duas qu´adricas emPn.
Nas subse¸c˜oes (2.1.1), (2.1.2) e (2.1.3) fazemos uma r´apida descri¸c˜ao do espa¸co de parˆametros bem como dos centros de explos˜ao.
Na subse¸c˜ao (2.1.4) descrevemos o ciclo de incidˆencia a uma reta e nas subse¸c˜oes seguintes (2.1.5) e (2.1.6) aplicamos a f´ormula de Bott e obtemos o n´umero de 52.832.040 especializa¸c˜oes de curvas qu´articas el´ıticas em P3 incidentes a 16 retas gerais de P3 e o n´umero de 47.867.287.590.090 especializa¸c˜oes de superf´ıcies de Del Pezzo em P4 inci-dentes a 26 retas gerais deP4.
De modo semelhante, na se¸c˜ao (2.2) fazemos outra aplica¸c˜ao interessante. Aqui, somos levados a uma compactifica¸c˜ao para o espa¸co de c´ubicas reversas de P3, feita por F. Xaviere I. Vainsencher em [52].
Na subse¸c˜ao (2.2.1) fazemos uma r´apida descri¸c˜ao do espa¸co de parˆametros bem como dos centros de explos˜ao.
Em (2.2.2) descrevemos o ciclo de incidˆencia a uma reta, bem como o que utilizare-mos para contar quantas c´ubicas reversas de P4 est˜ao contidas em uma hipersuperf´ıcie qu´ıntica gen´erica. Na subse¸c˜ao (2.2.3) aplicamos a f´ormula de Bott e obtemos o n´umero de 80.160 c´ubicas reversas de P3 incidentes a 12 retas gerais de P3 e o n´umero de 37.206.375 c´ubicas reversas de P4 contidas em uma hipersuperf´ıcie qu´ıntica gen´erica. Por fim, na se¸c˜ao (2.3), fazemos nossa principal aplica¸c˜ao da f´ormula de Bott deste cap´ıtulo, descrevendo como calcular o n´umero de curvas canˆonicas deP3 incidentes a 24 retas em posi¸c˜ao geral.
Este resultado pode ser interpretado como a determina¸c˜ao de um invariante de Gromov-Witten para gˆenero g = 4, embora n˜ao seja claro o significado destes invariantes para gˆenero positivo.
ix
em P3, descrito no trabalho de J. Rojas e I. Vainsencher [43].
Inicialmente na subse¸c˜oes (2.3.1) a (2.3.6) fazemos uma r´apida descri¸c˜ao do espa¸co de parˆametros bem como dos centros de explos˜ao e respectivos divisores excepcionais. Assim, na subse¸c˜ao (2.3.7) aplicamos a f´ormula de res´ıduos de Bott e obtemos o n´umero de 67.841.053.579.508 curvas canˆonicas deP3incidentes a 24 retas deP3em posi¸c˜ao geral. Cap´ıtulo 3: Hipersuperf´ıcies com Singularidades Inesperadas
Neste cap´ıtulo3, constru´ımos um espa¸co de parˆametros para a fam´ılia de curvas planas de graum≥4 que tˆem contato total (3.1.1 (ii)) com duas retas em P2.
Mostramos que tal espa¸co surge como um fibrado projetivo sobre uma variedade lisa de dimens˜ao 6 e, deste modo, seu grau ser´a dado pelo grau da sexta classe de Segre de um fibrado no anel de Chow da referida variedade.
Antes de calcular o referido grau, estudamos na se¸c˜ao (3.1) o caso de um ´unico (k, m)-contato (3.1.2) para hipersuperf´ıcies de Pn de grau d com um k-plano.
Na se¸c˜ao (3.2) fazemos uma breve descri¸c˜ao de ciclos de Schubert e o anel de Chow de Grassmannianas e obtemos alguns resultados para o caso em que k = 1 e estamos estudando m-contato de uma hipersuperf´ıcie de Pn com uma reta.
Na se¸c˜ao (3.3) verificaremos que a cl´assica f´ormula dos pontos duplos ([14], p´ag. 166) n˜ao se aplica neste caso, sendo necess´aria a constru¸c˜ao do espa¸co de parˆametros acima mensionado.
Por fim, na se¸c˜ao (3.4), constru´ımos o espa¸co de parˆametros para a fam´ılia de curvas planas de graud≥4 que tˆem contato total (3.1.1(ii)) com duas retas emP2e aplicamos af´ormula de res´ıduos de Bottpara calcular o grau da referida subvariedade de P(d+22 )−1,
onde d≥4.
Cap´ıtulo 4: Apˆendices
Por fim, no cap´ıtulo 4, deixamos os scripts em MAPLE utilizados para os c´alculos enumerativos descritos durante toda esta tese, bem como algumas contas em coordenadas locais para verifica¸c˜ao de certas multiplicidades.
Belo Horizonte, mar¸co de 2009. Andr´e L. Meireles Araujo e Israel Vainsencher
Agradecimentos iii
Introdu¸c˜ao iv
Conven¸c˜oes Globais e Nota¸c˜oes xii
1 O Grupo de Chow Equivariante e a F´ormula de Res´ıduos de Bott 1
1.1 O grupo de Chow usual . . . 1
1.2 O grupo de Chow invariante . . . 3
1.3 O grupo de Chow G-equivariante . . . 4
1.4 O anel T-equivariante de um ponto . . . 6
1.5 Propriedades funtoriais . . . 7
1.6 O fibrado de um caracter . . . 8
1.7 Caracter versus classe de Chern . . . 9
1.8 O anel equivariante dePn . . . . 12
1.9 O caso da a¸c˜ao trivial. . . 14
1.10 Decomposi¸c˜ao em auto-subfibrados . . . 14
1.11 Lugar dos pontos fixos . . . 15
1.12 O teorema de localiza¸c˜ao . . . 16
1.13 A F´ormula de Res´ıduos de Bott . . . 17
1.14 Contribui¸c˜ao de pontos fixos . . . 18
1.15 Exemplos Elementares . . . 19
1.15.1 Duas retas em P2 . . . . 19
1.15.2 Duas retas em P2, bis . . . . 21
1.15.3 Explodindo P2 em pontos . . . . 23
1.15.4 As 27 retas . . . 28
2 Aplica¸c˜oes Enumerativas 31 2.1 Esquema de Hilbert das Interse¸c˜oes de duas Qu´adricas em Pn . . . 31
2.1.1 Nota¸c˜oes . . . 31
2.1.2 Primeiro Centro de Explos˜ao. . . 32
2.1.3 Segundo Centro de Explos˜ao . . . 33
2.1.4 N´umeros Obtidos . . . 34
xi
2.1.6 Contabilizando Pontos Fixos . . . 40
2.2 Uma Compactifica¸c˜ao do Espa¸co das C´ubicas Reversas deP3 . . . . 40
2.2.1 Id´eia da compactifica¸c˜ao . . . 41
2.2.2 Passagem aP4 . . . . 43
2.2.3 Aplicando Bott . . . 45
2.3 Curvas canˆonicas em P3 . . . . 48
2.3.1 A componente de Hilb . . . 49
2.3.2 Id´eia da constru¸c˜ao . . . 49
2.3.3 A 1a ¯ explos˜ao . . . 49
2.3.4 A 2a ¯ explos˜ao . . . 50
2.3.5 A 3a ¯ e a 4a¯ explos˜oes . . . 51
2.3.6 A 5a ¯ explos˜ao . . . 52
2.3.7 Aplicando Bott . . . 53
3 Hipersuperf´ıcies com Singularidades Inesperadas 59 3.1 No¸c˜oes Preliminares . . . 59
3.2 Hipersuperf´ıcies com um m-contato com uma reta em Pn+1 . . . . 69
3.2.1 Variedades de Schubert e Deriva¸c˜oes de Hasse-Schmidt . . . 70
3.2.2 O anel de Chow da Grassmannina das retas dePn+1 . . . . 76
3.2.3 m-contato com retas em Pn+1 . . . . 77
3.3 Lugar dos Pontos Duplos . . . 82
3.3.1 F´ormula dos pontos duplos. . . 83
3.3.2 Aplicando a F´ormula . . . 83
3.4 Contato total com duas retas . . . 87
3.4.1 Lugar de indetermina¸c˜ao do mapa. . . 89
3.4.2 Primeira explos˜ao . . . 94
3.4.3 O segundo centro de explos˜ao . . . 97
3.4.4 A Segunda Explos˜ao . . . 101
3.4.5 O grau da subvariedadeDWd⊂P(S dF) . . . 103
3.4.6 Aplicando Bott . . . 107
4 Apˆendices 112 4.1 Rotinas e subrotinas . . . 112
4.2 Cˆonicas na superf´ıcie c´ubica . . . 115
4.3 Ciclo de Incidˆencia a uma reta para Interse¸c˜ao de duas Qu´adricas em Pn 116 4.4 Feixes de Qu´adricas em Pn . . . 118
4.5 C´ubicas reversas na qu´ıntica . . . 120
4.6 Curvas canˆonicas de P3 . . . 125
4.7 Script: m-contato com uma reta . . . 135
4.8 Script: duplo contato total com uma reta . . . 137
De modo geral:
K: corpo algebricamente fechado.
An: espa¸co afimn-dimensional sobreK.
Pn: espa¸co projetivo n-dimensional sobreK.
De modo espec´ıfico, tabalhamos sobre o corpo dos n´umeros complexos. Esquemas s˜ao quase-projetivos sobre C.
Uma variedade significa um esquema integral. Todos os mapas s˜aoC-morfismos.
Umponto de uma variedade ´e sempre um ponto fechado (i.e. um C-ponto).
Um G-espa¸co ´e um esquema X munido de uma a¸c˜ao alg´ebrica G× X → X onde G´e um grupo linear (frequentemente, G=T, um toro).
Vamos supor sempre que X ⊂ PN ´e um subesquema quase-projetivo e que a a¸c˜ao ´e
Cap´ıtulo 1
O Grupo de Chow Equivariante e a
F´
ormula de Res´ıduos de Bott
Neste cap´ıtulo faremos um breve resumo do conte´udo dos cap´ıtulos iniciais de [37], no qual introduziremos o grupo de Chow equivariante (cf. (1.3.3)) e suas principais propriedades. Ele se define em termos do grupo de Chow “cl´assico”, que inicialmente passaremos em revista.
Deixamos claro que tudo o que est´a contido aqui consiste efetivamente na s´ıntese e sistematiza¸c˜ao de uma vasta literatura sobre grupos de Chow G-equivariantes e suas propriedades, destacando apenas as propriedades que ser˜ao realmente utilizadas e nos casos mais simples, sem deixar de descrevˆe-las na sua generalidade quando poss´ıvel. Para maior conforto do leitor, fazemos as constru¸c˜oes necess´arias e descrevemos os resultados obtidos.
De modo geral, as id´eias das demonstra¸c˜oes podem ser encontradas em [37].
1.1
O grupo de Chow usual
A referˆencia canˆonica para o material desta se¸c˜ao ´e Fulton [14] ou [15].
1.1.1 Grupo dos Ciclos
Seja X um esquema e seja n = dim(X). O grupo dos ciclos de dimens˜ao k de X, ou k-ciclos em X, ´e o grupo abeliano livre gerado pelas subvariedades irredut´ıveis fechadas de dimens˜ao k de X, que denotamos por Zk(X). O grupo dos ciclos de X ´e o grupo
graduado
Z∗(X) :=
n
M
k=0
Zk(X)
Por defini¸c˜ao, cadak-ciclocemZk(X) se escreve de forma ´unica como combina¸c˜ao linear
com coeficientes inteiros,
c = X
V
ondeV percorre a cole¸c˜ao das subvariedades (fechadas e irredut´ıveis) deX de dimens˜ao k, com nV 6= 0 para um n´umero finito de V’s.
Osuporte do cicloc=P nVV ´e definido por
|c| = [
nV6=0
V.
SejamX1,· · · , Xm as componentes irredut´ıveis de um esquema X. Ociclo fundamental
deX ´e definido por
[X] =
m
X
i=1 miXi
onde mi =l(OX,Xi) ´e o comprimento do anel local de X ao longo de Xi.
Como o anel local OX,Xi ´e artiniano, o comprimento ´e um n´umero inteiro positivo,
chamado a multiplicidade geom´etrica de X em Xi.
De modo geral,Z∗(X) ´e muito grande e, portanto, n˜ao traduz claramente as propriedades
deX.
1.1.2 Equivalˆencia Racional
SejaV uma variedade e seja R(V) o corpo das fun¸c˜oes racionais sobreV. Sejar∈R(V) uma fun¸c˜ao racional n˜ao nula. Definimos a ordem de r ao longo de uma subvariedade W ⊂V de codimens˜ao 1 por
ordW(r) := l(A/(a)) − l(A/(b)),
onde A=OV,W er =a/b com a, b∈A.
Observemos que ordW est´a bem definida (cf. [14], p´ag. 8) e que
ordW(r·s) = ordW(r) + ordW(s), ∀r, s∈R(V)
Odivisor de uma fun¸c˜ao racional r sobre uma variedade V ´e definido por div(r) := X
W
ordW(r)·W
onde W percorre a cole¸c˜ao das subvariedades de V de codimens˜ao 1.
A soma formal acima ´e de fato um ciclo sobreV j´a que ordW(r)6= 0 s´o para um n´umero
finito de subvariedades de V (cf. [14]).
SejaX um esquema. O grupo dos k-ciclos racionalmente equivalentes a zero sobre X ´e definido como o subgrupo Rk(X) de Zk(X) gerado pelos divisores de fun¸c˜oes racionais
de subvariedades deX de dimens˜aok+ 1. Ogrupo dos ciclos racionalmente equivalentes a zero´e o grupo graduado
R∗(X) :=
n
M
k=0
1.2 O grupo de Chow invariante 3
O grupo quociente graduado
A∗(X) := Z∗(X)/R∗(X) =
n
M
k=0
Zk(X)/Rk(X)
´e chamado o grupo de Chow de X.
1.2
O Grupo de Chow
G
-Invariante e
o Teorema de Hirschowitz
Nesta se¸c˜ao, exporemos a constru¸c˜ao dos grupos de Chow G-invariantes. Por um lado, eles motivaram a constru¸c˜ao dos grupos G-equivariantes. Por outro, no caso de maior interesse para nossas aplica¸c˜oes, esse grupo e o cl´assico coincidem. Mais ainda, esse grupo e o G-equivariante praticamente s˜ao os mesmos (em termos de geradores) mas com estruturas de m´odulos diferentes.
1.2.1 Ciclos e equivalˆencia racional G-invariantes
SejaX umG-espa¸co. Ok-´esimo grupo de ChowG-invariante deX ´e o grupo quociente Ak(X, G) =Zk(X, G)/Rk(X, G), ondeZk(X, G)⊂Zk(X) ´e o subgrupo deZk(X) gerado
pelas subvariedades fechadas de X que s˜ao G-invariantes. O subgrupo Rk(X, G) ⊂
Rk(X) ´e gerado por todos os divisores de auto-fun¸c˜oes racionais em subvariedades
G-invariantes deX de dimens˜ao k+ 1.
Lembramos que uma fun¸c˜ao racional f em uma subvariedade G-invariante, W ⊂ X, ´e dita uma auto-fun¸c˜ao seg◦f =χ(g)·f para todog ∈G e algum caracterχ=χf deG,
onde g◦f ´e a fun¸c˜ao racional definida por (g◦f)(x) =f(g·x) para todo x∈X.
Note que a inclus˜ao Zk(X, G) ⊂ Zk(X) induz um homomorfismo natural Ak(X, G) →
Ak(X). Em geral, n˜ao precisa ser nem injetivo e tampouco sobrejetivo.
1.2.2 Exemplo
SejaX uma curva el´ıtica. Considere a a¸c˜ao deZ2 induzida porx7→ −xpara a estrutura de grupo habitual. Note que as subvariedades invariantes pr´oprias s˜ao os 4 pontos de ordem 2. Deste modo, conclu´ımos queA0(X,Z2) → A0(X) n˜ao ´e sobrejetivo.
N˜ao ´e dif´ıcil produzir um exemplo em que falha a injetividade.
Quando o grupo linear G ´e conexo e sol´uvel (por exemplo , G = T um toro), vale o seguinte.
1.2.3 Teorema. (Teorema de Hirschowitz)
Se um grupo alg´ebrico linear sol´uvel e conexo G age sobre uma variedade projetiva X, ent˜ao o homomorfismo canˆonico Ak(X, G) −→ Ak(X)´e um isomorfismo. ✷
Em ([37], Teor. 1.3) fazemos um esbo¸co da demonstra¸c˜ao feita por Hirschowitz em [27]. A principal ferramenta empregada consiste no seguinte resultado
1.2.4 Teorema do ponto fixo de Borel.
Seja G um grupo alg´ebrico linear sol´uvel e conexo agindo sobre uma variedade projetiva e n˜ao vazia V. Ent˜ao G admite um ponto fixo em V.
Demonstra¸c˜ao. Confira ([4], p´ag. 242.) ✷
Na realidade, a principal aplica¸c˜ao que faremos do teorema de Hirschowitz ´e que o mapa ´e sobrejetivo, ou seja, o anel de Chow A∗(X) ´e gerado por classes de subvariedades
G-invariantes deX.
Nosso principal objeto de estudo ser´a uma variedade projetiva munida da a¸c˜ao de um toro T, que ´e um grupo alg´ebrico sol´uvel e conexo, n˜ao produzindo assim um grupo T-invariante diferente do grupo de Chow “cl´assico”. Desse modo somos levados a “cons-tru¸c˜oes externas” que possibilitem o aparecimento de um invariante alg´ebrico diferente para variedades projetivas munidas da a¸c˜ao de um toro.
1.3
O grupo de Chow
G
-equivariante
Nesta se¸c˜ao introduziremos o grupo de Chow G-equivariante de um G-espa¸co X. As propriedades funtoriais da imagem rec´ıproca plana e imagem direta pr´opria ser˜ao re-vistas no contexto G-equivariante. A maioria delas ´e consequˆencia de resultados de quocientes de variedades alg´ebricas por grupos alg´ebricos. As referˆencias canˆonicas para tais fundamentos s˜ao Borel [4] e Mumford [39].
Definiremos tamb´em classes de ChernG-equivariantes de um fibrado vetorial G-equiva-riante E sobre X. Por fim, discutiremos com detalhes alguns exemplos que, embora `a primeira vista pare¸cam triviais, ser˜ao suficientes para as aplica¸c˜oes a que foram reserva-dos os cap´ıtulos finais.
1.3.1 G-fibrado principal
SejaG um grupo linear e sejaX um G-espa¸co. Ponhamos g = dimG e n = dimX.
Escolhemos uma representa¸c˜aol-dimensionalV deGque contenha um abertoU no qual Gage livremente. Exibiremos U ⊂V explicitamente nos exemplos de maior interesse. Seja π : U → U := U/G o G-fibrado principal quociente. Isto significa que existe uma cobertura aberta {Ui} de U tal que π−1U
i ≃ Ui ×G, com fun¸c˜oes de transi¸c˜ao
ϕij : Uij → G. Tal quociente existe automaticamente como espa¸co alg´ebrico, pois G age livremente sobre U.
1.3 O grupo de ChowG-equivariante 5
Note que a a¸c˜ao diagonal (γ, x, u)7→(γ·x, γ·u) sobre X×U tamb´em ´e livre. Portanto existe um quociente na categoria dos espa¸cos alg´ebricosX×U →(X×U)/Gque ´e um G-fibrado principal. Denotamos este quociente (X ×U)/G por X ×GU, ou
simples-mente,XG. Novamente, nos casos em que estamos mais interessados,XG´e um esquema
projetivo.
A partir de agora, a nota¸c˜ao U ⊂ V refere-se a um aberto U de uma representa¸c˜ao V de G no qual G age livremente, e XG denota a base do G-fibrado principal quociente,
que tamb´em escreveremos
X×U −→ XG =X×GU.
Uma observa¸c˜ao fundamental ´e que a escolha de U ⊂ V pode ser feita de tal maneira que o mapa de restri¸c˜ao de ciclos deX×V ao abertoX×U seja bijetivo em qualquer dimens˜ao pr´e-fixada.
1.3.2 Exemplo instrutivo
ConsideremosG =T =C∗, o toro unidimensional, agindo em X =P1 por t◦[x0, x1] = [x0, t·x1]. Fixe l > 1 e tome a representa¸c˜ao diagonal de T em V = Cl, (v → t·v).
Agora fa¸caU =V r{0}. ´E claro queT age livremente emU. NossoT-fibrado principal U → U/T nada mais ´e que a familiar constru¸c˜ao Clr{0} → Pl−1. Continuando, X×U → XT ´e igualmente umT-fibrado principal, cuja base XT passamos a descrever.
Considere o mapa
P1×Clr{0} −→ψ Pl−1×Pl
(x, y) = [x0, x1],(y1, . . . , yl)
7−→ ([y1, . . . , yl],[x1, x0y1, . . . , x0yl]).
´
E f´acil ver que
ψ t◦(x, y)=ψ(x, y), ∀t∈T, x∈P1, y ∈Clr{0}.
Mais ainda,ψ−1(ψ(x, y)) =T◦(x, y)∼=T. Tomando coordenadas homogˆeneas z0, . . . , z
l
no segundo fator, ´e claro que a imagem de ψ ´e a subvariedade W ⊂ Pl−1 ×Pl dada
por yizj = yjzi, 1 ≤ i, j ≤ l. A proje¸c˜ao W → Pl−1 de fato identifica esta variedade
com o P1-fibrado P O
Pl−1 ⊕ OPl−1(−1)
. Em resumo, temos de fato XT ∼= P OPl−1 ⊕
OPl−1(−1) → Pl−1. Veja (1.8) para generaliza¸c˜ao.
1.3.3 Defini¸c˜ao-Proposi¸c˜ao
O i-´esimo grupo de Chow G-equivariante de X ´e definido por
AGi (X) = Ai+l−g(XG),
ondel= dim(V),g = dim(G)eA∗ denota o grupo de Chow usual. Este grupo independe
da representa¸c˜ao escolhida, desde que V −U tenha codimens˜ao suficientemente grande,
1.3.4 Observa¸c˜ao. Quando escrevermos AG
i (X) = Ai+l−g(XG) = Ai+l−g(X ×G U)
estar´a sempre subentendido que a representa¸c˜ao V e o aberto U ⊂ V foram escolhidos de maneira queV −U tenha codimens˜ao maior quen−iem V.
1.3.5 Ciclos invariantes
SeY ⊂X ´e uma subvariedadeG-invariante deX de dimens˜ao m, ent˜ao ela admite uma classe fundamentalG-equivariante, [Y]G = [Y ×GU]∈AGm(X).
De modo geral, se V ´e uma representa¸c˜ao l-dimensional de G e S ⊂ X ×V ´e uma subvariedade invariante de dimens˜ao m +l, ent˜ao S tem uma classe fundamental G-equivariante[S]G∈AGm(X) dada por
[S]G= [ S∩(X×U)
/G].
1.3.6 N˜ao trivialidade de AG i (X)
Pode acontecer do grupo de Chow ordin´arioAi(X) ser trivial, mas AGi (X) ser n˜ao-nulo
para algumi≤n, incluindoi negativo. Tome por exemplo X =pt,G=T =C∗. Neste
caso, XT se identifica a U/T. Escolhendo a representa¸c˜ao como em (1.3.2), vemos que
AT
i (X) = Ai+l−1(Pl−1) ´e nulo para i >0 e isomorfo a Z para i≤0.
1.3.7 A estrutura de anel
QuandoX ´e uma variedade lisa, o grupo de Chow G-equivariante AG∗(X) =
M
AGi (X)
herda um produto de interse¸c˜ao dos grupos de Chow ordin´arios, que fazem de AG
∗(X)
um anel graduado. Neste caso, ´e mais conveniente graduar pela codimens˜ao, escrevendo AjG(X) =AGdimG−j(X) e A∗G(X) =MAiG(X).
1.3.8 Proposi¸c˜ao. Se α ∈ AG
m(X), ent˜ao existe uma representa¸c˜ao l-dimensional V de G tal que α =
P
ai[Si]G, onde cada Si ´e subvariedade G-invariante de X×V de dimens˜ao l+m. ✷
A representa¸c˜ao V n˜ao ´e necessariamente ´unica, pois, por exemplo, [X]G e [X ×V]G
definem a mesma classeG-equivariante.
Veremos mais adiante (1.8.2) que, de fato, nos casos de maior interesse para n´os, ser´a suficiente considerar apenas os ciclos de subvariedadesG-invariantes deX, dispensando-se a passagem a X×U.
1.4
O anel
T
-equivariante de um ponto
1.5 Propriedades funtoriais 7
Se T = (C∗)×g ´e um toro de dimens˜ao g, ent˜ao podemos tomar U = Qg
i=1(Vi − {0}),
com Vi =Cli uma representa¸c˜ao li-dimensional. Obtemos como quociente um produto
de espa¸cos projetivos,
U/T =
g
Y
i=1
Pli−1.
Suponha g = 1, i.e., T = C∗. Para cada i ≥0 escolha l > i e tome V = Cl e U como
no exemplo instrutivo acima. Deste modo, a codimens˜ao deV −U ={0} em V ´e igual al e temosU/T =Pl−1. Podemos calcular,
AiT(pt) =Ai(U/T) = Ai(Pl−1) =Z·hi,
onde h=c1(O(1)) denota a classe da se¸c˜ao hiperplana dePl−1. Assim, A∗C∗(pt) =
LZ
·hi =Z[h].
O anel equivariante de um ponto sob a a¸c˜ao de um toro desempenha papel central. Vamos denot´a-lo porRT. SeT ´e um toro g-dimensional, escolhendo V eU como acima,
vemos que
RT :=A∗T(pt) =Z[h1, . . . , hg] (1.4.1.1)
´e um anel de polinˆomios com coeficientes inteiros, nas vari´aveis h1, . . . , hg; cada uma
delas representa uma se¸c˜ao hiperplana em algumPl−1. 1.4.2 GLn.
Para o grupo GLndas matrizesn×nn˜ao singulares, tomeV como o espa¸co das matrizes
n×p(comp > n), e a a¸c˜ao dada por multiplica¸c˜ao de matrizes. Ent˜ao o abertoU ⊂V pode ser selecionado como o aberto das matrizes de posto m´aximo. Vemos queU/GLn
´e a variedade de Grassmann Gr(n, p) dos subespa¸cos lineares de Cp de dimens˜ao n.
1.5
Propriedades funtoriais
Nesta se¸c˜ao, todos os morfismos f :X →Y s˜ao G-equivariantes.
Dado um morfismo f : X → Y de G-esquemas, (f ×id) : X ×U → Y ×U induz um morfismo fG :XG→YG que torna o seguinte diagrama comutativo:
f×id
X×U −→ Y ×U
↓ ↓
XG −→ YG.
fG
A imagem direta pr´opriaf∗ :AGi (X)→AGi (Y) ´e dada por
fG∗ :Ai+l−g(XG)→Ai+l−g(YG).
Sef :X → Y ´e um morfismo plano de dimens˜ao relativak, a imagem rec´ıproca plana f∗ :AG
i (Y)→AGi+k(X) ´e definida por
fG∗ :Ai+l−g(XG)→Ai+k+l−g(YG).
Deste modo, os mapas f∗ e f∗ est˜ao bem definidos.
1.5.1 Classes de Chern G-equivariantes
Seja X um G-espa¸co. Seja E um fibrado vetorial G-equivariante sobre X. Para cada par i, j definimos o mapacG
j (E) :AGi (X)→AGi−j(X) da seguinte maneira.
Seja V uma representa¸c˜ao l-dimensional de G e U ⊂ V um aberto tais que V −U tem codimens˜ao suficientemente grande e existe o G-fibrado principal X ×U → XG.
Ent˜ao, por [GIT [39], Prop.7.1] existe um quocienteEG deE×U. Pode-se mostrar que
EG → XG ´e um fibrado vetorial. Daremos mais adiante um argumento nos casos em
que X ´e um T-espa¸co, seja quando E ´e um fibrado trivial ((1.6.1)), seja quando T age trivialmente emX ((1.10.1)).
1.5.2 Defini¸c˜ao-Proposi¸c˜ao. A j-´esima classe de Chern G-equivariante
cGj (E) :AGi (X)→AGi−j(X)
´e definida como o operador
α∈Ai+l−g(XG)7−→cGj (E)∩α =cj(EG)∩α∈Ai−j+l−g(XG).
Esta defini¸c˜ao independe da escolha da representa¸c˜ao. ✷
1.6
O fibrado de um caracter
Concentremo-nos na a¸c˜ao de um toro. O lema a seguir ´e uma vers˜ao simplificada da constru¸c˜ao geral de um fibrado vetorial associado a um T-fibrado principal.
1.6.1 Lema. SejaU →U/T como antes, e sejaχum caracter deT. Seja ϕ:U×χC→
U o fibrado trivial em retas munido da T-a¸c˜ao
t·(u, v)7→(t·u, χ(t)·v).
Ent˜aoϕ´e um fibradoT-equivariante e induz, por passagem ao quociente, um fibrado em
1.7 Caracter versus classe de Chern 9
1.7
Caracter versus classe de Chern
1.7.1 A multiplica¸c˜ao por um caracter
Nota¸c˜ao como no lema acima, seja aindaX um T-espa¸co. Forme o diagrama de mapas naturais
X×U ×χC −→ Lχ|XT −→ Lχ
↓ ↓ ↓
X×U −→ X×T U −→ U/T
onde as setas horizontais `a esquerda s˜ao os mapas quocientes pela a¸c˜ao deT. Para cadaα ∈A∗(XT), escreveremos
χ·α :=c1(Lχ|XT)∩α. (1.7.1.1)
Esta opera¸c˜ao do grupoTb de caracteres do toro T em A∗(XT) desempenha importante
papel.
1.7.2 Estrutura de RT-m´odulo
Por outro lado, o morfismo estruturalX →pt induz um morfismo XT →U/T
que faz deAT
∗(X) um RT-m´odulo.
Para entender melhor esta a¸c˜ao deRT em AT∗(X), suponha
T =C∗, V =Cl+1, U =V r{0}.
A a¸c˜ao ´e dada por multiplica¸c˜ao, com todos os pesos iguais a −1. Como no exemplo (1.4.1), temos U/T = Pl e A
∗(U/T) = A∗(Pl). Tomando o limite com l indo para
infinito, vemos que RT = Z[h], onde h representa a se¸c˜ao hiperplana de algum Pl. O
mapa RT → AT∗(X) ´e simplesmente a imagem rec´ıproca de ciclos em RT. Como em
cada dimens˜aoRT ´e gerado porc1(L)∩[U/T], ondeL´e um fibrado em retas sobreU/T,
vemos que a multiplica¸c˜ao
RT ×AT∗(X)→AT∗(X)
´e obtida a partir dos geradores deRT como multiplica¸c˜ao por caracteres deT, na forma
descrita em (1.7.1.1). 1.7.3 O fibrado OPl(a)
Suponha aindaT =C∗, V =Cl+1, U =V − {0} com a a¸c˜ao sobreV como logo acima. Resulta oT-fibrado principal familiar,
U −→ U/T
|| ||
Este pode ser descrito pelas cartas locais usuais,{(Ui, ϕij)}i=0...l onde
Ui ={[x0, . . . , xl]∈Pl |xi 6= 0}
e as fun¸c˜oes de transi¸c˜ao,
ϕij :Uij →C∗
[x0, . . . , xl]7→xi/xj.
No presente caso, todo caracterχ:T =C∗ → C∗ ´e da forma t 7→ta para alguma∈Z.
Ou seja, temos um isomorfismo
Z −→ Tb
a 7→ (χa :T →C)
onde χa denota o caracter de T,t →ta. Considere o fibrado em retas induzido por χa, La =Lχa →U/T =P
l.
A partir da demonstra¸c˜ao de (1.6.1) (cf. [37]), temos que La ´e dado pelas fun¸c˜oes de transi¸c˜ao
ψij :Uij −→ GL1 =C∗
x= [x0, . . . , xl] 7→ χa(ϕij(x)) = (xj/xi)−a.
Estas s˜ao precisamente as fun¸c˜oes de transi¸c˜ao do fibradoOPl(a). Temos assim
La=OPl(a) −→ U/T =Pl. (1.7.3.1)
Note que a escolha da C∗-a¸c˜ao com todos os pesos iguais a -1 foi feita justamente para
valer a f´ormula acima.
Para um toro de dimens˜ao g qualquer, seja h1, . . . , hg uma base do grupo de caracteres
b
T ∼=Zg. Tome U ⊂V como em ((1.4.1)) de maneira que U/T =Q
iPli. Argumentando
como no caso acima, pode-se mostrar que cada fibrado linearLhi prov´em de OPli(1). A
a¸c˜ao (1.7.1.1) do caracter hi prov´em assim da multiplica¸c˜ao por uma classe hiperplana.
Em outras palavras, na identifica¸c˜ao RT = Z[h1, . . . , hg], este anel de polinˆomios pode
ser pensado com a ´algebra sim´etrica do grupoTb. 1.7.4 Divisores de auto-fun¸c˜oes.
Seja X uma T-variedade. Seja f ∈ C(X) uma fun¸c˜ao racional n˜ao nula que ´e um auto-vetor de T com caracter χ. Ent˜ao o suporte de f ´e um divisor T-invariante, e define assim uma classe divT(f) no anel de Chow equivariante AT
∗(X). Precisamente,
escrevamos o divisor principal
1.7 Caracter versus classe de Chern 11
onde Z percorre as componentes do suporte e mZ denota a respectiva multiplicidade.
O divisorT-equivariante de f ´e definido por
divT(f) = ΣmZ[Z]T ∈AT∗(X), (1.7.4.1)
onde [Z]T denota a classe (1.3.5) da subvariedade invariante Z no anel T-equivariante
deX.
Note que a fun¸c˜ao racional f induz uma se¸c˜ao racional f|X×U do fibrado equivariante
trivial X×U×χC. A equivariˆancia segue da defini¸c˜ao de U ×χC:
f|X×U(t·(x, u)) = (t·x, t·u, f(t·x))
= (t·x, t·u, χ(t)·f(x)) = t·(x, u, f(x)).
Esta se¸c˜ao racional T-equivariante, f|X×U, passa ao quociente. Mais precisamente, seja Lχ|XT a imagem rec´ıproca do fibrado em retas Lχ sob o mapa X×
T U →U/T. Temos
induzida uma se¸c˜ao racional,
sf : X×T U −→ Lχ|XT
[x, u] 7→ [(x, u), f(x)]. 1.7.5 Lema. Nota¸c˜ao como acima, divT(f) representa em AT
∗(X) o operador c1(Lχ)
(1.7.1.1) avaliado na classe fundamental de XT =X×T U,
divT(f) = χ·[XT]·
✷
Note que, embora a classe do divisor da fun¸c˜ao racional f seja nula no grupo de Chow usual, a classe equivariante divT(f) n˜ao ´e necessariamente nula em AT∗(X).
1.7.6 Divisores T-invariantes em Pn
SejaT =C∗um toro unidimensional agindo diagonalmente sobrePncom pesosa0, . . . , a n,
ou seja, t◦[x0, . . . , xn] = [ta0x0, . . . , tanxn]. Mais adiante descreveremos PnT = Pn×T U
como variedade projetiva para uma escolha adequada de U ⊂ V bem como o o anel AT
∗(Pn). Neste ponto nos limitaremos apenas a descrever
divT(f)∈AT∗(Pn)
para uma fun¸c˜ao racionalf :Pn99KCque seja uma auto-fun¸c˜ao com pesoa∈Z, isto ´e, f(t◦x) =ta·f(x) para cada x∈Pnno dom´ınio de f et ∈T. Por exemplo, se f =x
i/xj
ent˜ao f ´e uma auto-fun¸c˜ao com peso a=ai−aj. Podemos escrever
div(f) =Hi−Hj ∈Z1(Pn)
com Hk ⊂Pn o hiperplano T-invariante dado por xk= 0. Logo, por (1.7.4.1)
O lema (1.7.5) diz que
divT(f) =c1(Lχ)∩[PnT]
com χ=χa. Deste modo, lembrando (1.7.3.1),
[Hi]T −[Hj]T =c1(OPl(a))∩[PnT] =a·t∩[PnT]
onde, por abuso intencional, escrevemos tamb´emt=c1(OPl(1)) para a imagem rec´ıproca
da se¸c˜ao hiperplana de Pl. Em particular, vemos que divT
(f) n˜ao precisa ser nulo em AT
∗(Pn).
1.8
O anel de Chow
C
∗-equivariante de
P
nSeja T = C∗ agindo sobre Pn, como no exemplo anterior. Temos Pn = P(V), com
V =Cn+1; a a¸c˜ao sobre Pn ´e induzida pela representa¸c˜ao diagonal,
ρ:C∗ −→ GL
n+1
t 7−→ diag(ta0, ta1, . . . , tan).
Assim, obtemos a decomposi¸c˜ao em auto-espa¸cos, escrita simbolicamente
Cn+1 =⊕n i=0tai com pesosa0, . . . , an.
J´a vimos que, tomando U = Cl+1 − {0}, obtemos U/T = Pl. O fibrado trivial U ×ρ
Cn+1 →U associado `a representa¸c˜aoρ´eT-equivariante e induz, passando ao quociente, o fibrado vetorial
U ×T Cn+1 =O(a0)⊕ · · · ⊕ O(a
n) −→ Pl
que abreviaremos por O(a). Cada autovetor com pesoa, passa ao quociente como uma se¸c˜ao de O(a). Como no exemplo (1.3.2), pode-se mostrar que a variedade quociente (Pn)
T =Pn×T U ´e o fibrado projetivo sobrePl,
(Pn)T =P(O(a)) −→ Pl
com fibra Pn. O mapa quociente
U×Pn −→ U×T Pn =P(O(a))
pode ser explicitado da seguinte forma. Dado (u,[v]) ∈ U ×Pn, escreva o vetor v =
v0+· · ·+vn como soma de autovetores. Cada vi fornece uma classe [u, vi]∈ O(ai). Em
seguida, projeteP[u, vi]∈ O(a) para P(O(a)).
O anel de Chow deste fibrado projetivo ´e dado por A∗(PnT) =A∗(Pl)[h]
1.8 O anel equivariante de Pn 13
onde t´e o gerador de A1(Pl) (a se¸c˜ao hiperplana dePl), h=c1(O
(O(a))(1)) e
p(h, t) =
n
Y
i=0
(h+ait).
A rela¸c˜aoQni=0(h+ait) = 0 emA∗(PnT) pode ser interpretada da seguinte maneira. Cada
coordenada homogˆeneaxi ´e um auto-vetor com peso ai. Portanto o hiperplanoHi ⊂Pn
dado por xi = 0 ´e T-invariante. A inclus˜ao (Hi)T ⊂ PnT ´e a inclus˜ao do subfibrado
projetivo sobrePl,
P(⊕j6=iO(aj))⊂P(O(a)).
Isto possibilita calcular o ciclo [Hi]T como zeros de uma se¸c˜ao do fibrado em retas Q ⊗OO(a)(1)
onde
Q= (O(a))/(⊕j6=iO(aj)) =O(ai)
Logo, (cf. [14], 3.2.17)
[Hi]T =ai·t+h.
ComoTiHi =∅, temosTi(Hi)T =∅ e portanto, n
Y
i=0
(h+ait) = 0.
Fazendo a dimens˜ao da representa¸c˜ao ir para infinito, vemos que AT∗(Pn) =Z[h, t]
Π(h+ait).
Observe que AT
∗(Pn) ´e um m´odulo livre de posto n + 1 sobre Z[t], o anel de Chow
T-equivariante de um ponto.
Mais geralmente, sejaX ⊂Pnuma hipersuperf´ıcie definida por um polinˆomio homogˆeneo
def de grau d que ´e uma auto-fun¸c˜ao com peso a. Ent˜ao X ´eT-invariante e sua classe equivariante [X]T ∈AT∗(Pn) ´e igual a dh+at.
Isto segue do fato de que podemos produzir, comf, a fun¸c˜ao racionalr =f /xd
0 :Pn99K
Cque ´e uma auto-fun¸c˜ao com pesoa−d·a0. ´E f´acil ver que div(r) ´e o cicloX−d·H0. Temos assim
divT(r) = [X]T −d·[H0]T ∈AT∗(Pn).
Lembrando (1.7.3.1), vem
divT(r) =c1(L(a−d a0))∩[P
n
T] = (a−d a0)·t·[PnT] (1.8.1)
donde obtemos (omitindo o fator ∩[Pn T]),
De modo geral, se X ´e uma interse¸c˜ao completa em Pn definida por polinˆomios
ho-mogˆeneosfi de graudi que s˜ao auto-fun¸c˜oes com pesosai. Ent˜ao, [X]T =
Q
(dih+ait)∈
AT
∗(Pn).
Finalizamos esta se¸c˜ao enunciando o resultado que mostra que nos casos de nosso inter-esse, os ciclos invariantes bastam. Ou seja, quando estamos trabalhando com um grupo sol´uvel e conexo T, isto ´e, um toro T, o grupo de Chow T-equivariante ser´a gerado por subvariedadesT-invariantes como RT-m´odulo.
1.8.2 Proposi¸c˜ao. Sejam T-um toro e X um T-espa¸co. Ent˜ao o grupo de Chow T -equivariante A∗
T(X) ´e gerado como RT-m´odulo pelas subvariedades T-invariantes de
X. ✷
No restante deste texto, consideramos o caso em que o grupo alg´ebrico linear que age sobre o esquemaX ´e um toro T.
1.9
O caso da a¸c˜
ao trivial
Suponha dimT =g. Vimos em (1.4.1) que o anel de Chow T-equivariante de um ponto pode ser descrito como
RT =Z[t1, . . . , tg].
Temos no lado direito o anel de polinˆomios a coeficientes inteiros. Este anel aparece de fato como a ´algebra do grupo Tb = Zg dos caracteres de T. O isomorfismo expl´ıcito
prov´em da seguinte regra.
Para cada caracter χ ∈ Tb, considere o fibrado em retas Lχ sobre U/T construido em (1.6.1). Identificamosχ com c1(Lχ).
1.9.1 Lema. Nota¸c˜ao como acima, se T age trivialmente em X, ent˜ao AT∗(X) = A∗(X)⊗RT.
Demonstra¸c˜ao. Pelo fato da a¸c˜ao de T sobre X ser trivial, segue que X ×T U = X×
(U/T). Assim, escolhendo U de tal forma que o quociente U/T ´e produto de espa¸cos projetivos (cf. (1.4.1)), temos o isomorfismo
A∗ X×(U/T)=A∗(X)⊗A∗(U/T)·
Aumentando a dimens˜ao da representa¸c˜ao, segue o enunciado. ✷
1.10
Decomposi¸c˜
ao em auto-subfibrados
Continuamos supondo que aT-a¸c˜ao sobre X ´e trivial.
Dado um fibrado vetorial T-equivariante E → X obtemos canonicamente uma decom-posi¸c˜ao
E = L Eχ
1.11 Lugar dos pontos fixos 15
em soma direta de subfibrados, onde Eχ denota o auto-subfibrado dos vetores em E
nos quaisT age com o caracter χ.
Segue que as classes de ChernT-equivariantes de E descrevem-se em termos das classes dos auto-subfibrados Eχ. Para estas, descreveremos o fibrado vetorial E
T sobre XT
induzido porE =Eχ, lembrando que agora X
T =X×(U/T) por conta da trivialidade
da a¸c˜ao no fator X. VejamosET em termos de cartas locais.
1.10.1 Lema. Com as nota¸c˜oes e hip´oteses acima, o fibrado quociente (Eχ)
T sobre
X ×(U/T) ´e isomorfo ao produto tensorial da imagem rec´ıproca do fibrado Eχ pela
imagem rec´ıproca do fibrado em retas Lχ. ✷
1.10.2 Corol´ario. Seja X um T-espa¸co com a¸c˜ao trivial. Seja E = Eχ → X um
fibrado vetorial T-equivariante de posto r sobre X tal que a a¸c˜ao de T sobre cada fibra ´e dada pelo caracter χ. Ent˜ao, para todo i, temos
cTi (Eχ) =
i
X
j=0
r−j i−j
cj(Eχ)χi−j.
Demonstra¸c˜ao. Basta aplicar o exemplo (3.2.2) de [14] que calcula a classe de Chern (usual) do fibrado (Eχ)
T ≃Eχ⊗ Lχ. ✷
1.11
Lugar dos pontos fixos
O resultado seguinte nos garante a n˜ao trivialidade dos pesos do fibrado normal a pontos fixos.
1.11.1 Lema. Se X ´e uma T-variedade lisa ent˜ao o lugar XT dos pontos fixos tamb´em
´e liso. Se F ´e uma componente de XT, ent˜ao o fibrado normal N
F/X ´e T-equivariante
sobre F. Al´em disso, temos (
τ
xX)T =τ
xF para todo x ∈ F, e portanto, a T-a¸c˜aosobre (NF/X)x ´e n˜ao trivial.
Demonstra¸c˜ao. Veja B. Iversen, [31]. ✷
1.11.2 Localizar para inverter
Seja X uma T-variedade e seja F ⊆ XT uma componente do lugar dos pontos fixos.
SejaE um fibrado equivariante sobreX. Visto que T age trivialmente em F, sabemos por (1.9.1) queA∗
T(F) = RT ⊗A∗(F). A restri¸c˜ao E|F decomp˜oe-se como soma de
auto-subfibrados E|χF. O lema (1.10.2) nos diz que a componente de cT i (E
χ
|F) em RiT ´e dada
(fazendoj = 0) por riχi.
ComoAN(F) = 0 para N >dim(F), temos que os elementos de Aj(F), paraj >0, s˜ao
nilpotentes no anelA∗T(F). Segue quecT
i (E|χF)∈(RT⊗A
∗(F))i ´e invers´ıvel se e somente
se sua componente emRi
T ⊗A0(F)∼=RiT ´e invers´ıvel. Portanto,cTi (E χ
|F) ´e invers´ıvel na
1.11.3 Lema. Sejam X uma T-variedade lisa e F uma componente de XT de
codi-mens˜ao d. Ent˜ao existem caracteres n˜ao triviais λ1, . . . , λr tais que cTd(NF/X) torna-se
invers´ıvel no anel de fra¸c˜oes A∗
T(F)[1/λ1, . . . ,1/λr]. ✷
1.12
O teorema de localiza¸c˜
ao
Denotaremos por
iT :XT ֒→X
o mapa de inclus˜ao do lugar dos pontos fixos. Sabemos queiT induz um homomorfismo
deRT-m´odulos
iT∗ :AT∗(XT) −→ AT∗(X)
entre os grupos de ChowT-equivariantes (1.5). Lembre que temos um isomorfismo natural
AT∗(XT)≃RT ⊗A∗(XT),
pois a a¸c˜ao deT em XT ´e trivial.
No que segue, descrevemos a vers˜ao dada por M. Brion [6] do teorema de localiza¸c˜ao. O principal ponto nesta abordagem ´e dispensar a constru¸c˜ao de grupos de Chow de ordem superior, requerida em [11].
1.12.1 Teorema de localiza¸c˜ao.
Seja X um T-espa¸co. Ent˜ao o mapa RT-linear
iT∗ :AT∗(XT) = A∗(XT)⊗RT −→AT∗(X)
torna-se um isomorfismo ap´os invertermos um n´umero finito de caracteres n˜ao triviais.✷
Lembremos que o anel equivariante de um ponto, RT = Z[t1, . . . , tg], ´e um anel de
polinˆomios. SejaR+T o sistema multiplicativo dos elementos homogˆeneos de grau positivo. Definimos o anel de fra¸c˜oes
RT = (R+T)−1·RT.
Assim, emRT (a imagem de) todos os caracteres n˜ao triviais s˜ao unidades.
Tiramos a seguinte consequˆencia.
1.12.2 Corol´ario. O mapa i∗ :A∗(XT)⊗ RT →AT∗(X)⊗ RT ´e um isomorfismo. ✷
1.12.3 Teorema (localiza¸c˜ao expl´ıcita). Seja X uma T-variedade lisa. Seja α ∈A∗
T(X)⊗ RT. Ent˜ao
α=X
F
iF∗
i∗Fα cT
dF(NF/X)
,
onde a soma ´e efetuada sobre as componentes deXT e d
1.13 A F´ormula de Res´ıduos de Bott 17
1.12.4 Homomorfismo de integra¸c˜ao
Quando X ´e uma variedade completa, a proje¸c˜ao πX : X → pt induz um mapa de
imagem direta πX∗ : AT∗(X) → RT que ´e zero em ATi para i > 0, e prov´em do c´alculo
do grau de zero ciclos parai = 0. Tensorizando por RT , obtemos o homomorfismo de
integra¸c˜ao,
πX∗ : AT∗(X)⊗ RT −→ RT
α 7−→ RXα. Trocando X por F, componente de XT, temos um mapa similar π
F∗.
ApliquemosπX∗ em ambos os lados do teorema da localiza¸c˜ao expl´ıcita.
Usando o fato de queπF∗ =πX∗◦iF∗, obtemos o seguinte.
1.12.5 Corol´ario. (F´ormula de integra¸c˜ao)
Seja X uma T-variedade lisa e completa e seja α ∈A∗T(X)⊗ Q. Ent˜ao
Z
X
α = X
F⊂XT
πF∗
i∗
Fα
cT
dF(NF/X)
,
como elemento de RT. ✷
1.13
A F´
ormula de Res´ıduos de Bott
Nesta se¸c˜ao descreveremos uma vers˜ao equivariante da f´ormula de Bott.
Sejam E1, . . . , Es fibrados vetoriais T-equivariantes sobre uma T-variedade lisa e
com-pleta X de dimens˜ao n. Seja p(x1
1, . . . , x1s, . . . , xn1, . . . , xns) um polinˆomio homogˆeneo
ponderado de grau n nas vari´aveis xi
j, onde xij tem grau i. Denote por p(E1, . . . , Es) o
polinˆomio nas classes de Chern de E1, . . . , Es, obtido pela substitui¸c˜aoxij =ci(Ej).
A f´ormula de integra¸c˜ao calcula o grau do zero ciclop(E1, . . . , Es)∩[X] em termos das
restri¸c˜oes dos fibrados Ei’s ao lugar dos pontos fixos,XT ⊂X.
Abreviemos os polinˆomios por
p(E) = p(E1, . . . , Es) e pT(E) =p(E1T, . . . , Es T),
correspondente para as classes de ChernT-equivariantes dos fibradosE1, . . . , Es.
Note que
p(E)∩[X] =i∗(pT(E)∩[X]T).
Aplicando (1.12.3), obtemos a seguinte vers˜ao da f´ormula de res´ıduos de Bott. 1.13.1 Teorema. (F´ormula de res´ıduos de Bott)
SejamE1, . . . , Es fibrados vetoriais T-equivariantes sobre uma variedade lisa e completa
X. Ent˜ao Z
X
(p(E)∩[X]) = X
F⊂XT
πF∗
pT(E
|F)∩[F]T
cdF(NF/X)
1.14
Contribui¸c˜
ao de pontos fixos
SejaX umaT-variedade n˜ao singular eF ⊆XT uma componente conexa (=irredut´ıvel)
do lugar dos pontos fixos. EscrevadF = codim(F).
As classes de ChernT-equivariantescT
k(E|F) ecTdF(NF/X) podem ser calculadas no anel
de Chow equivarianteAT
∗(F) em termos dos caracteres que comparecem na decomposi¸c˜ao
deE|F e NF/X em auto-subfibrados e das classes de Chern destes ´ultimos.
1.14.1 Pontos fixos isolados
QuandoXT ´e um conjunto finito de pontos, as classes
cT
k(E|F) e cTdF(NF/X) = c
T
dim(X)(
τ
X)podem ser descritas puramente em termos dos caracteres associados aos auto-fibrados. De maneira mais precisa, feita a decomposi¸c˜ao E|F = LχE|χF em auto-espa¸cos, por
conta de (1.10.2) conhecemos as classes de Chern equivariantes de cada somando,
cT k(E
χ
|F) =
r k
χk, r= posto de Eχ
|F. (1.14.1.1)
Note que, na express˜ao acima,χk representa ok-iterado do operador primeira classe de
Chern introduzido em (1.7.1.1). Em particular, conclu´ımos quecT
max(E|F) ´e representada
no anel de Chow equivariante do ponto fixoF pelo produto de todos os caracteres que aparecem na decomposi¸c˜ao da fibraE|F em auto-espa¸cos, com as respectivas
multiplici-dades. Aqui cada caracter j´a est´a sendo considerado como atuando no anel equivariante, de acordo com (1.7.1.1).
Vamos explicitar a passagem de RT =Z[t] para RT = (R+T)−1(RT) =Q[t, t−1], no caso
em que T =C∗, um toro unidimensional.
No lado direito da f´ormula de Bott (1.13.1.1), o numerador pT(E
|F) ´e um polinˆomio
homogˆeneo de grau n = dimX nas vari´aveis que s˜ao os caracteres que ocorrem na decomposi¸c˜ao em auto-subfibrados. Tipicamente, suponha que o polinˆomio original cont´em um termo igual acn1−2·c2, enquanto que, digamos, E|F = 2χ1+χ2. Temos assim cT
1(E|F) = 2χ1+χ2, o lado direito agora com o significado de (1.7.1.1). Analogamente, cT
2(E|F) =χ21+ 2χ1·χ2. Aquele termo fornece por fim, o operador de grau n dado por (2χ1+χ2)n−2·(χ21+ 2χ1·χ2). Neste caso, cada caracter ´e da forma χi =tai, ai ∈Z. O
operador induzido emRT ´eai·t(cf. (1.8.1)), onde desta veztsignifica classe hiperplana!
O referido termo ganha a forma final (2a1+a2)n−2·(a21+ 2a1 ·a2)·tn∈RT.
Ou seja, o numerador e o denominador no lado direito de (1.13.1.1) s˜ao m´ultiplos inteiros de tn. Cancelando, obtemos assim um n´umero racional. Portanto, o lado direito de
(1.13.1.1) ´e uma soma finita de n´umeros racionais obtidos a partir dos pesos como descrito em (1.14.1.1).
Mais precisamente, denote por τ1(E, F), . . . , τr(E, F) os pesos que ocorrem na
decom-posi¸c˜ao deE|F em auto-subfibrados, e para cada inteirok ≥0, seja σk(E, F) a k-´esima
1.15 Exemplos Elementares 19
1.14.2 Corol´ario. Nas nota¸c˜oes acima, cada classe de Chern equivariante cT
k(E|F) ´e
representada no anel de Chow equivariante do ponto fixo F por σk(E, F). ✷
1.14.3 Corol´ario. A classe de Chern equivariante m´axima do fibrado tangente de X ´e dada no anel de Chow equivariante de um ponto fixo F pelo produto dos pesos que
ocorrem na decomposi¸c˜ao da fibra respectiva. ✷
1.15
Exemplos Elementares
Nesta se¸c˜ao daremos uma id´eia da utilidade da f´ormula de res´ıduos de Bott para o c´alculo de certos n´umeros caracter´ısticos.
Tais exemplos servir˜ao de modelo para o entendimento computacional de casos mais complexos.
1.15.1
Duas retas em
P
2Talvez um dos problemas mais simples e instrutivos seja contar o n´umero de pontos na interse¸c˜ao de duas retas gen´ericas do plano projetivo P2. Percebemos rapidamente que a resposta `a nossa pergunta ´eum. . .
Agora que j´a conhecemos de antem˜ao o tamanho da resposta, podemos complicar um pouco a discuss˜ao e fazer as contas no anel de Chow usual,
A∗(P2) =Z[h]/hh3i
onde h=c1(OP2(1)) representa classe de uma reta de P2.
Analogamente, h2 ´e a classe de um ponto.
Lembrando que o produto ´e induzido por interse¸c˜ao, vˆe-se logo que estamos interessados
em calcular o grau Z
P2
c1(OP2(1))2.
Nossa intimidade com o anel de Chow de P2 ´e suficiente para proclamar que este grau vale 1.
Mas o que interessa aqui, para fins de ilustra¸c˜ao da f´ormula de Bott, ´e apenas saber que o ciclo que traduz a presente quest˜ao geom´etrica se expressa como fun¸c˜ao polinomial de classes de Chern de fibrados vetoriais equivariantes para uma a¸c˜ao adequada de um toro.
1.15.1.1 Escolha do toro
Na pr´atica, basta considerarmos a¸c˜oes de C∗, isto ´e, subgrupos a 1-parˆametro crite-riosamente selecionados em T ⊂ GL3, um toro maximal agindo diagonalmente sobre
P2.
Escolher um subgrupo a 1-parˆametro C∗ ⊂ T ´e equivalente a escolha de um ponto (w0, w1, w2) no reticulado de pesos Hom(C∗, T) = Z3. Os caracteres associados `a a¸c˜ao diagonal deC∗ s˜ao dados por λ
Vamos assim renomear doravante T = C∗, toro unidimensional agindo em P2 de modo que as coordenadas homogˆeneasx0, x1, x2 s˜ao auto-vetores com pesosw0, w1, w2, ou seja,
t◦xi =twi·xi para todo t∈C∗.
O lugar dos pontos fixos destaC∗-a¸c˜ao ´e dado pelo sistema de equa¸c˜oes x0 =tw0 ·x0 , x1 =tw1 ·x1 , x2 =tw2 ·x2 , ∀t∈C∗.
Este sistema ter´a como conjunto-solu¸c˜ao
F ={[1,0,0], [0,1,0],[0,0,1]} ⊂P2,
desde que os wi’s sejam escolhidos todos distintos, hip´otese desde j´a incorporada.
Vamos inicialmente aplicar a vers˜ao da f´ormula de res´ıduos no caso em que o lugar dos pontos fixos ´e um conjunto finitoF e a localiza¸c˜ao do anel de Chow equivariante de um ponto (1.4.1.1) ´eRT =Q[t, t−1].
1.15.1.2 Decomposi¸c˜ao em auto-subfibrados
Lembramos que cada T-fibrado vetorial E restrito ao lugar dos pontos fixos decomp˜oe-se canonicamente em uma soma direta de subfibrados LλEλ, onde Eλ denota o
auto-subfibrado deE em que a a¸c˜ao ´e dada pelo caracter λ.
No caso em quest˜ao, examinaremos as decomposi¸c˜oes de
τ
P2 e OP2(1). Este ´ultimo ´e
o fibrado em retas obtido pelo quociente do fibrado trivial F =hx0, x1, x2i das formas lineares deP2, pelo subfibradoAdas formas que se anulam em cada ponto. Lembrando (cf. [24], p´ag. 200), temos
τ
P2 = Hom(A,OP2(1)) =A∨⊗ OP2(1).
1.15.1.3 As classes de Chern
Deste modo, devemos estudar os pesos das representa¸c˜oes induzidas nas fibras EP para
E =OP2(1) e E =
τ
P2, em cada ponto fixo P. Feito isto, cada classe de Chern cTk(EPλ)ser´a representada, no anel de ChowC∗-equivariante do pontoP, por kr vezes ak-´esima potˆencia do caracterλ, para k ≤r=rk(Eλ) (cf. (1.14.1.1)).
No ponto fixoP = [1,0,0], temosAP =hx1, x2i. Portanto, com nota¸c˜ao evidente, temos OP2(1)P =hx0, x1, x2i/hx1, x2i=hx0i. Aqui o peso vale w0.
Enquanto isto,
τ
PP2 =A∨P ⊗ OP2(1)P =hx1, x2i∨⊗ hx0idecomp˜oe-se como soma direta de auto-espa¸cos de dimens˜ao 1 com aC∗-a¸c˜ao dada pelos caracteres tw0−w1 e tw0−w2. Os respectivos pesos s˜ao w
0 −w1 e w0−w2. Logo, a classe cT
2(
τ
PP2) ´e representada pelo produto dos pesos (w0 −w1)·(w0 −w2)no anel de Chow AT
∗(P) do ponto fixo P = [1,0,0]. Analogamente, podemos ver que
cT
2(