REVISTA
BRASILEIRA
DE
ANESTESIOLOGIA
PublicaçãoOficialdaSociedadeBrasileiradeAnestesiologiawww.sba.com.br
ARTIGO
CIENTÍFICO
Efeito
de
esmolol
sobre
o
intervalo
QT
corrigido
e
alterac
¸ões
da
dispersão
do
intervalo
QT
corrigido
observadas
durante
a
induc
¸ão
da
anestesia
em
pacientes
hipertensos
que
receberam
um
inibidor
da
enzima
conversora
de
angiotensina
Zahit
C
¸eker,
Suna
Akın
Takmaz
∗,
Bülent
Baltaci
e
Hülya
Bas
¸ar
DepartamentodeAnestesiologiaeReanimac¸ão,AnkaraTrainingandResearchHospital,MinistryofHealth,Ankara,Turquia
Recebidoem16dejaneirode2014;aceitoem19demarçode2014 DisponívelnaInternetem7denovembrode2014
PALAVRAS-CHAVE Esmolol;
IntervaloQT;
DispersãodoQT;
InibidoresdaEnzima
Conversorade
Angiotensina(ECA)
Resumo
Justificativaeobjetivo:Éóbviaaimportânciademinimizarasrespostassimpatoadrenérgicas exageradaseointervaloQTeadispersãodointervaloQTquepodemocorrerporcausade larin-goscopiaeintubac¸ãotraquealduranteainduc¸ãodaanestesiaempacienteshipertensos.Esmolol diminuiarespostahemodinâmicaàlaringoscopiaeàintubac¸ão.Porém, oefeitodeesmolol sobreareduc¸ãodointervaloQTprolongadoeadispersãodointervaloQTinduzidapela larin-goscopiaeintubac¸ãoécontroverso.Pesquisamosoefeitodeesmololsobreahemodinâmicae o intervalo QT corrigido e as alterac¸ões da dispersão do intervalo QT observadasdurante ainduc¸ãodaanestesia em pacienteshipertensos quereceberam inibidoresdaenzima con-versoradeangiotensina(IECA).
Métodos: Foramincluídosnoestudo60pacientes,estadofísicoASAI-II,comhipertensãoarterial
essencialequereceberamIECA.Ogrupoesmololrecebeuumadoseembolusde500mcgkg−1,
seguidapor infusão contínuade 100mcgkg−1min−1 atéo quarto minuto apósaintubac¸ão.
Ogrupocontrolerecebeusoluc¸ãosalinaa0,9%,semelhantementeaogrupoesmolol.Osvalores dapressãoarterialmédiaedafrequênciacardíacaeosregistrosdoeletrocardiogramaforam obtidosduranteafaseinicialpré-anestesia,cincominutosapósaadministrac¸ãodeesmolole soluc¸ãosalina,trêsminutosapósainduc¸ãoe30segundos,doisminutosequatrominutosapós aintubac¸ão.
Resultados: OintervaloQTcorrigidofoimenornogrupoesmolol(p=0,012),ointervalode dis-persãodointervaloQTcorrigidofoimaiornogrupocontrole(p=0,034)eafrequênciacardíaca médiafoimaiornogrupocontrole(p=0,022)30segundosapósaintubac¸ão.Oriscoda frequên-ciadearritmiafoimaiornogrupocontrolenoquartominutoapósaintubac¸ão(p=0,038).
∗Autorparacorrespondência.
E-mail:satakmaz@gmail.com(S.A.Takmaz). http://dx.doi.org/10.1016/j.bjan.2014.03.008
Conclusão:Descobrimosqueaintubac¸ãotraquealprolongaointervaloeadispersãodointervalo QTcorrigidoeaumentaafrequênciacardíacaduranteainduc¸ãodaanestesiacompropofolem pacienteshipertensosquereceberamIECA.Essesefeitosforamprevenidoscomesmolol(bolus
de500mcgkg−1,seguidode100mcgkg−1min−1deinfusão).Duranteainduc¸ão,apressãotende
adiminuircomesmolol.Portanto,cuidadossãonecessários.
©2014SociedadeBrasileira deAnestesiologia.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Todosos direitosreservados.
KEYWORDS Esmolol;
QTinterval;
QTdispersion;
ACEinhibitor
Theeffectofesmololoncorrected-QTinterval,corrected-QTintervaldispersion changesseenduringanesthesiainductioninhypertensivepatientstakingan angiotensin-convertingenzymeinhibitor
Abstract
Backgroundandobjectives: The importance of minimizing the exaggerated sympatho--adrenergic responsesandQTintervalandQTintervaldispersion changesthatmay develop duetolaryngoscopyandtrachealintubationduringanesthesiainductioninthehypertensive patientsisclear.Esmololdecreasesthehemodynamicresponsetolaryngoscopyandintubation. However,theeffectofesmololindecreasingtheprolongedQTintervalandQTinterval disper-sionasinducedbylaryngoscopyandintubationiscontroversial.Weinvestigatedtheeffectof esmololonthehemodynamic,andcorrected-QTintervalandcorrected-QTintervaldispersion changesseenduringanesthesiainductioninhypertensivepatientsusingangiotensinconverting enzymeinhibitors.
Methods:60ASAI---IIpatients,withessentialhypertensionusingangiotensinconvertingenzyme
inhibitorswereincludedinthestudy.Theesmololgroupreceivedesmololatabolusdoseof 500mcg/kgfollowed bya100mcg/kg/min infusionwhich continueduntilthe4thminafter intubation. The controlgroup received0.9%saline similarto theesmololgroup. Themean bloodpressure,heartratevaluesandtheelectrocardiogramrecordswereobtainedasbaseline valuesbefore theanesthesia,5minafter esmololandsaline administration,3minafterthe inductionand30s,2minand4minafterintubation.
Results:Thecorrected-QTintervalwasshorterintheesmololgroup(p=0.012),the corrected--QTintervaldispersionintervalwaslongerinthecontrolgroup(p=0.034)andthemeanheart ratewashigherinthecontrolgroup(p=0.022)30safterintubation.Theriskofarrhythmia frequencywashigherinthecontrolgroupinthe4-minperiodfollowingintubation(p=0.038).
Conclusion: Endotrachealintubationwasfoundtoprolongcorrected-QTintervaland corrected--QTintervaldispersion,andincreasetheheartrateduringanesthesiainductionwithpropofol inhypertensivepatientsusing angiotensinconvertingenzymeinhibitors. Theseeffectswere preventedwithesmolol(500mcg/kgbolus,followedby100mcg/kg/mininfusion).During induc-tion,thebloodpressuretendstodecreasewithesmololwherecareisneeded.
© 2014SociedadeBrasileirade Anestesiologia.Publishedby ElsevierEditoraLtda.Allrights reserved.
Introduc
¸ão
O prolongamento do intervalo QT e do intervalo QT
corrigido-(QTc), combinado com a dispersão do
inter-valo QT (DQT) e QT corrigido (DQTc), é conhecido por
aumentar a incidência de arritmias fatais, como arritmia
ventricular polimórfica ou fibrilac¸ão ventricular, e
cau-sar morte súbita por causa da irritabilidade cardíaca.1,2
O aumento da atividade simpática e das concentrac¸ões plasmáticasdecatecolaminasé conhecidoporcausar pro-longamento e dispersão do intervalo QT. Demonstrou-se que laringoscopia e intubac¸ão traqueal causam respostas hiperdinâmicas, como hipertensão, taquicardia, arritmias e prolongamento do intervalo QT.3,4 Embora as
respos-tashemodinâmicas observadas sejamtemporárias, podem
causar complicac¸ões graves, como hemorragia cerebral, arritmias, isquemia ou mesmo infarto do miocárdio na presenc¸aconcomitantededoenc¸acerebrovascular,doenc¸a daartériacoronáriaouhipertensão.5,6
Hipertensão arterial essencial é o distúrbio concomi-tantemaiscomumempacientesinternadosparacirurgia.7
A alterac¸ão da homeostase cardiovascular em pacientes hipertensosmostroucausarumdesequilíbriosimpatovagal caracterizadopeladiminuic¸ão damodulac¸ão vagal e pelo aumentodaatividadesimpática.8Arespostaàlaringoscopia
tantodurante ainduc¸ãoquanto durantealaringoscopia e aintubac¸ão.9Umaflutuac¸ãodapressãoarterialsuperiora
20%em pacienteshipertensos demonstrouestar associada a complicac¸ões perioperatórias. Relatou-se que arritmias ventricularessãoacausamaiscomumdemortesúbita car-díacaemcasoshipertensos nãoacompanhadospordoenc¸a arterialcoronariana10 eoprolongamentodaDQTem
paci-enteshipertensosmostrouestarassociadoàmortesúbita.11
Aimportância deminimizar as respostas simpatoadrenér-gicas exageradas e as alterac¸ões do intervalo QT e da DQT durante a induc¸ão daanestesia no grupo de pacien-teshipertensosé,portanto,óbvia.Paraevitartaiseventos prejudiciais, diferentesclasses demedicamentos são usa-das. Esmolol é um agente bloqueador beta-adrenérgico cardiosseletivo,comac¸ão deiníciorápido e meia-vidade eliminac¸ãobastantecurta.Esmololéconhecidopordiminuir arespostahemodinâmicaàlaringoscopiaeàintubac¸ão.12,13
Contudo,sãocontroversososresultadosdeumnúmero limi-tadodeestudos,nosquaisoefeitodeesmololnadiminuic¸ão dointervaloQTlongoedaDQTinduzidopelalaringoscopia eintubac¸ão.
Há um consenso sobre o uso contínuo do medica-mento anti-hipertensivo até a manhã do dia da cirurgia. No entanto, o uso de inibidores da enzima conversora daangiotensina (IECA)é debatido por causa dopotencial desenvolvimentodehipotensãoresistenteavasopressores. Alguns autores relatam a necessidade de manter o uso contínuo,14 enquantooutrosacreditamqueo usodeveser
interrompido.15Nãoencontramosestudossobreoefeitode
esmololnahemodinâmicaealterac¸õesdointervaloQTeda DQTobservadasduranteainduc¸ãodaanestesiaem pacien-teshipertensosquereceberamIECA.
Oobjetivodesteestudofoiinvestigaroefeitodeesmolol sobreahemodinâmicaealterac¸õesdoQTceDQTcdurantea induc¸ãodaanestesiaobservadasempacienteshipertensos quereceberamIECA.
Métodos
Apósseobteremaaprovac¸ãodoComitêdeÉticaeos ter-mosdeconsentimentoassinados,60pacientesentre20-65 anos,comhipertensãoessencialcontroladaporIECAe pro-gramadosparacirurgiaeletivaforamincluídosnesteestudo prospectivo,randomizadoeduplo-cego. Ospacientescom angina instável, distúrbio deconduc¸ão ou arritmiagrave, doenc¸apulmonarobstrutivacrônica,insuficiênciacardíaca e doenc¸a cardíaca valvar, em uso de medicamentos que prolongamo intervaloQT(taiscomo antidepressivos tricí-clicos, quinidina,disopiramida, sotalol, bloqueadores dos canaisdecálcio), comdistúrbioseletrolíticosouperfisde coagulac¸ãoanormais,comhipersensibilidadeconhecidaao medicamentoaserusadoeasgrávidasforamexcluídos.Os pacientescujas intubac¸õespoderiam serdifíceis e osque foram intubados após várias tentativas não foram incluí-dos.Ospacientesforaminformadossobreo métodoaser usadoeobtivemosoconsentimentoverbaleporescritodos participantesduranteavisitapré-operatórianavésperada cirurgia.Otratamentoanti-hipertensivofoimantidoatéa manhãdacirurgia,maspré-medicac¸ãonãofoiadministrada. Nasaladecirurgia, apóso acessovascular obtidocom umcateter intracath de calibre 20G, os pacientes foram
monitoradosporoximetriadepulso (monitor Draeger Infi-nity Delta, EUA), pressão arterial não invasiva (monitor Draeger Infinity Delta, EUA) e eletrocardiograma (ECG) de 12 derivac¸ões (Trismed, Cardipia 400). Os valores de frequência cardíaca (FC) inicial e pressão arterial média (PAM)eosresultadosdoECGde12derivac¸õesforam regis-trados.Ospacientesforamrandomizadosprospectivamente porcomputadorparaumdosdoisgrupos:esmololecontrole. Esmolol(Breviblock,Eczacıbas¸ı-BaxterCo.)foiadministrado em infusão de 100mcg.kg−1.min−1 após administrac¸ão de
umadose em bolusde500mcg.kg−1 (em volumede5mL,
dentrode30segundos)nogrupoesmolol.Ainfusãode esmo-lol foi contínua até quatrominutos após a intubac¸ão. No grupocontrole,umainfusãoadministradaembolus, seme-lhantementeaogrupoesmolol,foifeitacomsoluc¸ãosalina a 0,9%. Aanestesia foi induzidacom 2mg.kg−1 de
propo-fol e 1mcg.kg−1 de fentanil cincominutos após a infusão
deesmololousoluc¸ãosalinaemambososgrupos.Os paci-entesforamintubadosapós trêsminutosdaadministrac¸ão devecurônio(1mg.kg−1)porumanestesiologistaexperiente
e,em média,oprocedimentodurou20segundos.Os paci-entescuja PAM caiuabaixo de55mmHg ea FCabaixo de 50.min−1receberam5mgdeefedrinae0,5mgdeatropina.
Ainfusãodeesmololeradescontinuadacasonãohouvesse respostaàmedicac¸ão.OsvaloresdaPAMeFCeosresultados doECG(aumavelocidadedevarredurade50mms)foram registrados como valores basais antes da anestesia (T0), cincominutosapós aadministrac¸ãodeesmolol ousoluc¸ão salina (T1), trêsminutos após a induc¸ão do medicamento (T2),30segundosapósaintubac¸ão(T3),doisminutosapós aintubac¸ão (T4)e quatrominutosapósaintubac¸ão(T5)e mensuradosseisvezes.
Osmedicamentos doestudo foram preparados por um anestesiologistanãoincluídonoestudoequedesconheciaa alocac¸ãodosgruposdepacientes.Osregistrosforam man-tidos por outro anestesiologista ‘‘cego’’ para a alocac¸ão dos grupos. Os registros do ECG foram avaliados por um cardiologistatambém‘‘cego’’paraaalocac¸ãodosgrupos. AdistânciadesdeoiníciodocomplexoQRSatéofimdaonda TfoiaceitacomoointervaloQT.QuandoaondaTerabífida, ofimdaondaTfoiaceitocomoopontoemqueaextensãoda primeiraondaatingiualinhaisoelétricaseosegundo com-ponentefosse50%menordoqueoprimeiroecomooponto em que a segunda onda atingiu a linha isoelétrica se o segundo componente fosse 50% maior doque o primeiro. Três distânciasQTforammensuradaspara cadaderivac¸ão e amédiafoi calculada.Osintervalos QTcorrigidos(QTc) paraaFCforamcalculadosparatodasasderivac¸ões,coma fórmuladeBazett(QTc=QT(ms)/RR(sn)1/2).Amédiados
Tabela1 Dadosclínicosedemográficos(média±DP)
Esmolol(n=30) Controle(n=30) p
Idade(anos) 57,0±6,9 57,9±6,8 0,589
Sexo(F/M) 7/23 9/21 0,559
ASA(I/II) 16/14 21/9 0,184
Altura(cm) 159,8±7,6 162,2±7,7 0,120
Peso(kg) 73,1±14,4 78,2±13,2 0,184
paraamostrasindependentesouotestedoqui-quadrado.As
alterac¸õesdaPAM,FC,intervaloQTceDQTcdecadagrupo
foramavaliadascomotestedaanálisedevariância(coma
correc¸ãodeBonferroni).Umvalorpinferiora0,05foiaceito
comoestatisticamentesignificante.
Resultados
Nãohouvediferenc¸aentreosgruposemrelac¸ãoaosdados
demográficos(tabela1).OsvaloresdePAMbasal,FC,
inter-valoQTceDQTcforamsemelhantesnosdoisgrupos. APAMfoimaisbaixanogrupoesmololdoquenogrupo controle nos tempos de mensurac¸ão: T1 (84,1±17,4 vs. 98,2±14,7),T2(62,8±8,5vs.87,7±11,5)eT3(75,4±6,8
vs. 91,3±21,2)(fig. 1).Houve uma quedaacentuadados níveis da PAM em relac¸ão aosvalores basais em todos os temposmensuradosapósaadministrac¸ãodos medicamen-tos de induc¸ão (T2) no grupo de controle (T2: p=0,001; T3: p=0,020; T4: p=0,025; T5: p=0,001) e em todos os tempos de mensurac¸ão após a administrac¸ão de esmolol (T1) no grupo esmolol (T1: p=0,001; T2: p=0,001; T3: p=0,001;T4:p=0,002;T5:p=0,001).Ogrupoesmolol,em contrastecomogrupocontrole,mostrouumaqueda acen-tuadamentemaiordaPAMapósainduc¸ãodepropofol(T2) (fig.1)(p=0,001).
110
100
90
80
70
60
50
40
T0 T1 T2 T3 T4 T5
Tempo
Média da pressão arterial
Média da pressão arterial (mmHg)
* #
* # * #
#
+ + + + ++ +
¥
Esmolol
Controle
Figura 1 Média dos valores da pressão arterialnos grupos
esmolol e controle. T0, valor basal; T1, cincominutos pós--administrac¸ãodeesmolol;T2,doisminutospós-administrac¸ão dosmedicamentosdeinduc¸ão;T3,30segundospós-intubac¸ão; T4, doisminutos pós-intubac¸ão; T5, quatrominutos pós--intubac¸ão. *p=0,001, quando os dois grupos foram compa-rados; #p=0,001, quando comparado com os valores basais; ¥p=0,002,quandocomparadocomosvaloresbasais;+p=0,001, quandocomparadocomosvalores basais;++p=0,020,quando comparadocomosvaloresbasais;+++p=0,025,quando compa-radocomosvaloresbasais.
100
Média da frequência cardíaca
Esmolol
Controle 95
90
85
80
75
70
65
60
55
50
T0 T1 T2 T3 T4 T5
Tempo
Frequência cardíaca (bpm)
#
#
#
#
# #
*
Figura2 Médiadosvaloresdafrequênciacardíacanosgrupos esmolol e controle. T0, valor basal; T1, cincominutos pós--administrac¸ãodeesmolol;T2,doisminutospós-administrac¸ão dosmedicamentosdeinduc¸ão;T3,30segundospós-intubac¸ão; T4, doisminutos pós-intubac¸ão; T5, quatrominutos pós--intubac¸ão.*p=0,022,quandoosdoisgruposforam compara-dos;#p<0,005,quandocomparadocomosvaloresbasais.
Acomparac¸ãodasmédiasdosvaloresdaFCmostrouuma diferenc¸asignificativaentreosgruposnosvaloresmedidos aos30segundos apósa intubac¸ão (T3).Amédia daFCfoi acentuadamentemaioraos30segundosapósintubac¸ão(T3) nogrupo controle (84,2±15,6 vs. 93,2±13,9, p=0,022). AFCnogrupoesmolol foiinferioraovalorbasalemtodos ostempos,excetoemT3(T1:p=0,007;T2:p=0,001;T4: p=0,015; T5: p=0,001) e semelhante ao valor basal aos 30segundos após a intubac¸ão. Osvalores da FC nogrupo controleforaminferioresaosbasaisemT2(p=0,003)e supe-rioresaosvaloresbasaisemT3(p=0,001)(fig.2).
As médias dos valores basais do QTc foram semelhan-tes nos pacientes dois grupos. Os valores basais do QTc foramsuperioresa440msem12pacientes(40%)dogrupo esmolol e em 10 pacientes (33%) do grupo controle, sem diferenc¸a entre os grupos (p>0,05). O intervalo QT foi acentuadamentemenornogrupoesmololdoquenogrupo controleaos30segundosapósaintubac¸ão(T3)(439,7±27,8
vs. 458,7±29,3, p=0,012). A durac¸ão do intervalo QTc diminuiu ligeiramente após a administrac¸ão de esmolol, masnãofoiestatisticamente significante.OintervaloQTc foi semelhanteao basal em todos os tempos mensurados (p=0,618). Nogrupo controle,osvaloresdointervaloQTc aos30segundos (T3)e doisminutos(T4) apósa intubac¸ão forammaislongosdoqueambososvaloresbasais(p=0,001, p=0,001)edoqueosdeT1(p=0,001,p=0,003)(fig.3).
470
460
450
440
430
420
410
400
T0 T1 T2 T3
Tempo
Intervalo do QTc (ms)
T4 T5
* #¥
# +
Esmolol
Intervalo do QTc
Controle
Figura3 MédiadosvaloresdoQTcnosgruposesmolole con-trole.T0,valorbasal;T1,cincominutospós-administrac¸ãode esmolol; T2,doisminutos pós-administrac¸ãodos medicamen-tosdeinduc¸ão;T3,30segundospós-intubac¸ão;T4,doisminutos pós-intubac¸ão; T5, quatrominutos pós-intubac¸ão. *p=0,012, quandoosdoisgrupos foramcomparados;#p=0,001, quando comparadocomosvalores basais;¥p=0,001,quando
compa-radocomT1;+p=0,003,quandocomparadacomT1.
40
35
30
25
20
15
10 T0
QTcD (ms)
T1 T2
Tempo Dispersão do QTc
Esmolol
Controle
T3 T4 T5
+ *#t
¥
Figura4 MédiadosvaloresdaDQTcnosgruposesmolole con-trole.T0,valorbasal;T1,cincominutospós-administrac¸ãode esmolol; T2,doisminutos pós-administrac¸ãodos medicamen-tosdeinduc¸ão;T3,30segundospós-intubac¸ão;T4,doisminutos pós-intubac¸ão; T5, quatrominutos pós-intubac¸ão. *p=0,034, quandoos doisgrupos foramcomparados;+p=0,003,quando comparadocomosvalores basais; #p=0,001,quando compa-radocomalinhadebase;¥p=0,006,quandocomparadocom
osvaloresbasais;tp=0,036,quandocomparadocomosvalores basais.
Não houve necessidade de usar atropina nos pacien-tes, enquanto o uso de efedrina foi necessário em três pacientesdogrupoesmolol.Ainfusãodeesmololnão pre-cisouserinterrompidaemqualquerpaciente.Aincidência dearritmiafoimaioraosquatrominutosapós aintubac¸ão no grupo controle (p=0,038). Dois pacientes do grupo esmolol desenvolveram extrassístoles ventriculares unifo-cais, enquanto quatro do grupo controle desenvolveram extrassístoles ventriculares multifocais, um desenvolveu bigeminismoventricularetrêsdesenvolveramextrassístoles ventricularesunifocais.
Discussão
Neste estudo, investigamos o efeito de esmolol sobre a hemodinâmicaduranteainduc¸ãoeasalterac¸õesdo inter-valo QTc e DQTc em um grupo de pacientes hipertensos que receberamIECA.OprolongamentodointervaloQTce da DQTc após a intubac¸ão foi mantido sob controle com esmololem bolusde500mcg.kg−1,seguido porinfusãode
100mcg.kg−1.min−1.Esmololtambémevitouoaumentoda
FC após a intubac¸ão. No entanto, esmolol levou a uma diminuic¸ãoacentuadadapressãoarterialduranteainduc¸ão. Deacordocomnossapesquisa,esteéoprimeiroestudo ainvestigaroefeitodeesmololsobreasrespostas hemodi-nâmicasinduzidaspelalaringoscopia eintubac¸ãotraqueal e tambémsobreo intervaloQT ea DQT em umgrupo de pacientes hipertensos que receberam IECA. Embora haja muitosestudossobreasupressãodasrespostas hemodinâmi-casrelacionadasàintubac¸ãocomesmolol,nãoháconsenso sobre o melhor momento e a via idealde administrac¸ão. UmagrandemetanáliseconduzidaporFigueredoe Garcia--Fuentes13 sobre a eficácia de esmolol para a supressão
dasrespostashemodinâmicasrelacionadasàintubac¸ãoem 2.900 pacientes avaliou de forma sistemática 11 regimes e doses diferentes de esmolol. Os autores relataram que esmololfoieficaznasupressãodasrespostashemodinâmicas relacionadasà intubac¸ão, mastinha umrisco de hipoten-são,adependerdadose, duranteainduc¸ãodaanestesia. A dose maiseficazcom menor incidênciae gravidade dos efeitos colaterais foi um bolus de 500mcg, seguido por infusão contínua de 200 ou 300mcg.kg−1.min−1.
Adminis-tramos uma dose em bolus de 500mcg.kg−1 de esmolol,
seguidaporinfusãocontínuade100mcg.kg−1.min−1.Adose
de infusão foi reduzida pela metade por duas razões: a altataxadehipotensãoarterialemnossoestudo-pilotocom doses de infusão de 200mcg.kg−1.min−1 e o uso de
pro-pofol como agente de induc¸ão. Embora haja estudos que mostremquepropofolprolongaointervaloQT,16,17é
geral-menteaceitoqueoefeitodepropofolsobreointervaloQTé nulooupouco.18,19Portanto,preferimosusarpropofolpara
ainduc¸ãoemvezdeagentesvoláteisoutiopental,quesão conhecidospor prolongaro intervaloQT. Contudo, propo-foltambéméconhecidopordiminuirapressãoarterial,20,21
causar bradicardia22 e diminuir a resistência vascular
sis-têmica. Korpinen et al.,23 em estudo que investigou os
durante a induc¸ão em pacientes hipertensos que recebe-ramIECA.Weisenbergetal.24publicaramrecentementeum
artigo no qual pesquisaram as alterac¸ões hemodinâmicas causadaspelainduc¸ãodaanestesiacompropofolem qua-trodosesdiferentesempacientesquereceberamIECA.Os autoresrelataramqueumadosede1,3mg.kg−1diminuiua
instabilidadehemodinâmica.Contudo,amonitorac¸ãodoBIS nãofoiusadanesseestudoeocontrolehemodinâmicoideal presumidocomosinônimodeanestesiaidealincluianalgesia eamnésia.Maisestudossãonecessáriosparadeterminara doseidealduranteousodeesmololcominduc¸ãodepropofol empacienteshipertensosquereceberamIECA.
Sabe-sequeháumaestreitarelac¸ãoentreahipertensão essencialeosistemanervosoautônomoequeafrequência dearritmiascardíacasaumentaempacientescomdistúrbios nadinamicidadedoQT.25Relatou-sequeoaumentodaDQT
empacienteshipertensosestáassociadoàmortesúbita11e
váriosmedicamentosanti-hipertensivosmostraramdiminuir aincidênciadeDQTeaarritmia.26,27Seconsiderarmosque
alaringoscopiaeaativac¸ãosimpáticatambémprolongamo intervaloQTeaDQT,ousodemétodosquediminuemaDQT em pacientes hipertensos podeserclinicamente significa-tivoparaevitarasrespostassimpatoadrenérgicasinduzidas pelalaringoscopiaeintubac¸ãotraqueal.Os betabloqueado-res conhecidospor diminuir as respostas cardiovasculares aestímulos simpáticospodemdiminuir odesenvolvimento dearritmiasnessecontexto.Váriosresultadosforam rela-tados em relac¸ão ao efeito de esmolol sobre o intervalo QT, induzido pela laringoscopia e intubac¸ão.12,23,28-31
Kor-pinen etal.30 relataram que esmolol emcombinac¸ão com
propofolealfentanilparainduc¸ãoemcirurgia otorrinolarin-gológica encurtaointervaloQT.Osmesmospesquisadores relataramtambém,emdoisestudosdistintos,queesmolol encurtao prolongamentodointervaloQTcobservadoapós o uso de anestésico intravenoso, mas não encurta o pro-longamento observado após a intubac¸ão.28,29 Feitos pelos
mesmospesquisadores, outro estudoque combinou esmo-lol com metoexital ou induc¸ão com propofol demonstrou resultadossemelhantes.23 Porém,valeressaltarquealguns
dessesestudosusaramsuccinilcolina,12,23,29enquantooutros
usaram tiopental29,30 e pré-medicac¸ão anticolinérgica.12,23
EssesagentessãoconhecidosporprolongarointervaloQT. Erdiletal.31publicaramumestudoquepesquisouoefeito
de esmolol sobre as alterac¸ões do intervalo QTc obser-vadas durante a induc¸ão da anestesia em pacientes com doenc¸aarterialcoronariana. Esseestudocombinou etomi-dato, fentanil e induc¸ão com vecurônio e esmolol e os autoresrelataramqueesmololmanteveasrespostas hemo-dinâmicasàintubac¸ãoeo prolongamentodointervaloQT após a intubac¸ão sob controle. Uma dose em bolus de 1.000mcg.kg−1 de esmolol foi usada, seguida por infusão
de 250mcg.kg−1.min−1, e os pacientes não
desenvolve-ramdepressãocardiovascular,apesardadoserelativamente alta.Ospesquisadoresrelataramqueesseresultadofoipor causa do uso de agentescom mínimos efeitos cardiovas-cularesdurante a induc¸ão. Em nossoestudo,constatamos que os valores prolongados de QTc e DQTc iniciados com a induc¸ão da anestesia e culminados com a intubac¸ão no grupo controle foram prevenidos com esmolol. Além disso, aincidência dearritmias após aintubac¸ão também diminuiucomesmolol.Recentemente,Kanekoetal.32
inves-tigaramo efeitodelandiolol, umantagonistadoreceptor
adrenérgico-1 deac¸ãoultracurta, sobreointervalo QTe adispersãodoQT.Semelhantementeaosnossosresultados, osautoresdescobriramquelandiololprevineoaumentode QT,QTc,DQTeDQTcduranteeapósaintubac¸ãotraqueal.
Observamos que os valores basais do QTc de nossos pacientesestavamrelativamenteelevados (439,4±29,2 e 428,1±25,4).Issopodetersidocausadopelofatodenossos pacientesseremhipertensos com tônus simpático-adrenal alto.Além disso, a falta de pré-medicac¸ão também pode tercontribuídoparaoaumentodotônussimpático-adrenal ecausadoansiedade.
Umalimitac¸ão denossoestudoé quenãocomparamos ospacientesquecontinuaramareceberIECAcomaqueles quenão o fizeram.Como observamos anteriormente, não háconsensosobreousocontinuadodeIECAatéamanhãda cirurgia,porcausadopotencialparaodesenvolvimentode hipotensãoresistenteavasopressores.Portanto,não pode-mos recomendar definitivamente se o uso de IECA deve sercontinuado ouinterrompido,especialmente sea infu-sãocomesmololforusadaduranteainduc¸ãodaanestesia. Contudo,nossosresultadossugeremqueousodeIECAdeve sercontinuado.
Em conclusão, descobrimos que a intubac¸ão endotra-quealduranteainduc¸ãodaanestesiacompropofolmostrou prolongaro QTc e a DQTce aumentara FC em pacientes hipertensosque receberamIECA, enquanto ainfusão com esmololembolusde500mcg.kg−1.min−1,seguidapor
infu-sãode100mcg.kg−1.min−1,preveniuessasrespostas.Além
disso, também descobrimos que a pressão arterial tende adiminuir comesmolol durante ainduc¸ão ecuidadossão necessários.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
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