ASSOCIACAO ENTRE ATIVIDADES OCUPACIONAIS DOS HANSENIANOS E INCAPACIDADES FisICAS*
Maria Helena Pessini de Oliveira**
RESUMO: 0 referido trabalho pretendeu levantar as incapacidades fisicas numa amostra de 21 8 potadores de hanseniase e associa-Ias as ocupa¢es. Os resultados revelaram un elevado percentual de hansenianos exercendo trabalho que necessitam de esforyos fisicos para seu desempenho, expondo-se frequentemente a traumatis mos, acelerando assim 0 processo de instala;ao das incapacidades fisicas. Obser vou-se tamMm que 76, 1 2% da amostra apresentam incapacidades fisicas isoladas e/ou associadas, nas maos, pes e olhos. Esta pesquisa foi realizada no periodo de 1 990 a 1 991 .
ABSTRACT: The author intended to collet physical disabilities in a 21 8 leper population and to relate them to the occupations. The results revealed a hig h percent age of lepers whose jobs required physical efot, being oten exposed to injuries, thus accelerating the process of physical disabilities. It was also observed that 76, 1 2% of the sample presented isolated and/or related physical disabilities, in the hands, feet and eyes. This research took place between 1 990 and 1 991 .
1 . INTRODUCAO
A Hanseniase representa un serio problema de saMe publica, principalmente nas areas endemicas do mundo. As informa90es disponiveis sobre a prevalencia de doen9a, na maioria dos paises, nao reletem a situa9ao real, considerando que nem a procura dos dados, nem os relatos de casos atingem un nivel desejave\ de informa90es.
E
uma doen;a que atinge com maior freqiencia as classes sociais menor favorecidas, que residem em regioes pobres e isoladas(4, 8) .o meio socio-econ6ico ten iluenciado na distibui9ao das doen9as de modo geral, pois a pro iscuidade, favorecedoa da multi-exposi;ao, esm ligada a obreza e muitas vezes e deteinante. A Hnseniase, como se sabe, ven ocorendo com mais frequencia nas classes menos favoecidas, cujas ocu pa90es mal remuneradas e baixo padrao de vida eco onico, contibuem paa 0 desenvolvimento da doen ;a. A a de higiene, a subnutri9ao, a ignorancia, aMm do inoculo infecante eiciente, a exosi;ao
suiciente e a receptividade de novo hospedeiro, sao fatoes costantes no "habitat" dos hanseniaos e de seus comunicantes (3, 5).
Lamentavelmente, 0 mal de Hansen ainda e visto como uma doen;a estinatizante, preconceituosa, reletindo · paa a sociedade a imagem de pessoas deformantes, com lesoes cutaneas. Estas supersti90es em tono da hanseniase, trzem pejuizos considera veis pam 0 doente, que sofre pessoes sociais atraves da rejei;ao, muitas vezes, pejudicado ela repulsa de que e vitima, e e\as manifesta90es que apresenta(6). A vivencia com os hansenianos, ten mostrado que muitos portadores da enfermidade perdem seus empregos e sao afastados de suas ocupa90es, antes mesmo de mOStraem diinui9ao da capacidade de produ;ao. Tem-se obseVado que os doentes sofrem pressoes sociais atraves da rejei;ao, diicultando 0 convivio social, ate mesmo dentro da familia(7).
A epucia da sociedade, em ela;ao ao anse niano, esm associada as aea;as incapacitntes advn das da propia molestia no decoer a sua evolu9ao.
Trabalho apresentado como tema livre no 44° Congresso Brasi leiro de Enfellagem. Brasilia. D.F., 4 a 9 de outubro de 1 992. .. Profess ora Doutora do Departamento M atemo-Ilfanti l e Saude Publica a Escola de Enfermagem de Ribeirao Preto da
Universidade de S ao Paulo.
Alera-se para a severidade, em rela;ao a outras da doen;a, nao podendo ser avaliada somente elos numeros de pacientes existentes ou taxas de prevalen cia, mas sim pelos pejuizos decorrentes das incapa cidades fisicas a que submete seus ortadores, ben como as consequencias humanas e sociais para estes e suas familias.
As incapacidades fisicas constituem· un proble ma no pais, pelos indices elevados nas diversas regi oes, e pela limita;ao excessiva da capacidade fisica, alem do aspecto humano, relativo a dificuldade de atua;ao do doente, na sua vida profissional. Repre senta tambem perda significativa na for;a de trabalho dos paises onde a doen;a e endemica, alem de causar repugnancia na sociedade.
Segundo GBINO(2), 70% a 85% dos pacien
tes portadores de hanseniase conhecidos, ja apresen tam alna incapacidade isica, e dentre elas, 30% sao classiicadas como graves.
Mediante 0 exposto neste estudo, popomos le vantar as incapacidades fisicas dos hasenianos e associa-las as atividades ocupacioais.
2. MATERIAL E M ETODO
2.1 Popula;io Amostral
o total de ortadores de hanseniase (859) que
compareceam regularmente ao Centro de Saude I Cento de Saude Escola e Centro de SaMe de Vil
�
Virgiia,de 1 990 a 199 1 , locais que oicilmente prestam assistencia aos hanseianos na cidade de Ribeirao Preto, foam primeiramente listados de acor do com as formas clinicas Indeteminada (1), Tuber cul6ide (T), Virchowiana e Dimofa (V ou D).o total de individuos incluidos na amostra, nos tres estatos (I, T, V ou D), foi deteminado, a partir dos esultados te6ricos, descritos em ENDEM HALL, OT and SCHEFFER (5), icando estabele cido 2 1 8 pacientes assim distribuidos:
20 pacientes da forma clinica I, 36 pacientes da forma clinica T, 162 pacientes da fomla clinica V ou D.
Estabelecido 0 tamanho amostal em cada estra-to, os pacientes listados fO3 sorteados aleatoria mente pelo processo casual simples. Tatou-se por tanto de uma amosta estatiicaa, casual simples com disibui;ao 6tima do tamanho.
Os haseianos incluidos na amosta, aOs rece beem consulta medica foram submetidos ao exame
fisico pra levantar as incapacidades isicas nos olhos, maos e pes, ben como outros dados pessoais relevantes no estudo. Adotou-se para 0 exame isico, o modelo de classiica;ao das incapacidades isicas padroniadas pela OMS (Anexo).
2.2 Defini;io e CJassifica;io
Para fins opeaGionais, as ocupa;oes desta inves tiga;ao foram classiicadas em categorias de A a E, tendo em vista, sobretudo, a intensidade do despren dimento da for;a paa realiza;ao de deteinada ta refa, ben como a habilidade e destrea requeridas para 0 seu desempeho.
Entende-se que qualquer atividade para se reali ar, impoe uma conjuga;ao do intelecto e do fisico, dependente pois, da aticula;ao de maos, ba;os, pes, pemas, olhos e da mente paa a consecu;ao de seu intento.
Considerando-se a populaYao investigada e 0 ob jetivo de vericar as reiaYoes existentes entre os tipos
de ocupaYoes do hanseniano e os graus das incapaci dades fisicas apesentados, foi construida uma tipolo gia das ocupacoes encontradas, cujo criterio unda mental, como se disse, liga-se as atividades que se caracteiam ela necessidade do uso de forYa isica ou de habilidade manual.
TIPOLOGIA DAS OCUPACOES ENCONTRADAS
Categoria A: inclui-se toda e qualquer atividade que necessite de n grande desprendimento de forYa fisica "trabalho pesado": lavador, caregador de sa cos, entegados de gas, servente de edeiro, lenha dor.
Categoria B: foram ai incluidas todas
�
s ativida des que necessitam de modeado despenimento de forYa fisica, liado a exigencia de algum conhecimen to semi-especialiado: pedreio, mecanico, encana dor, maceneiro, carpinteiro, eletricista, marmorisa, vidraceio, ladrilheio, seralheiro, iandeiro de algo dao, iambreiro, macarroneio, motorista de cami nlo, moxambeio, empregada domestica e dona de casa, faxineira, lavadeira.Categoria C: foram incluidas este item todas as atividades que exigem habilidade manal viculada a un copo de conecimento tecico:. modelista de calYado, modelista de oupa, costureia, bodadeia, confeiteira, manicure, bbeiro, auxiliar de escit6io. Categoria D: foram ai icluidas as atividades
que mo necessitam de habilidades manllais especii cas caacterizando-se, ainda, por um pequeno des prendimento de for;a isica: iscal agricola, corretor de im6veis, telefonista, balconista, vendedor de ou pa, assistente eJigiosa, vigilante notumo, poteiro, vendedor ambulante.
APOSENT ADO: toda e qualquer pes so a que ecebe remunea;ao por dieitos sobre 0 tempo Iimi tado de seu trabalho ou por invalidez, isto e, por se enconnr sem condi;6es isicas, paa executar sua ocupa;ao.
CLASSIFICACAO DAS INCAPACIDADES FislCAS
Incalacidade isica isolada: considerou-se inca pacidade isica isolada, les6es incapaciantes que ocoream nunla unica localia;ao, ou seja, s6 nas maos, s6 nos pes ou so nos olhos.
Incalacidade fisica associ ada: consideou-se in capacidade isica associada, les6es incapacitantes que ocoreram em mais de uma 10caliza;ao, ou sej a, maos e pes, maos e olos, pes e olhos, ou maos, pes e olhos.
- Tilo de incal)acidade isica: considerou-se tipos de incapaciades isicas 0 conjunto de les6es inca pacitantes que se desenvolveram nas maos, pes e olhos. Diante de sua varia;ao e gravidade, foam elassicadas em graus I, II e III.
• Incalacidade fisica de grau I: foam assim elassiicados todo 0 paciente que apresentou, duante 0 exame fisico, sinais de insensibili dade s maos, pes direito e esquerdo, e conjuntivite nos olhos direito e esquerdo.
• Incalacidade fisica de grau II: foram elas siicados todo 0 paciente que apesentou un ou mais de compometimento neurologico assim eseciicado :
1) ' maos dieita e esquerda: ulcera e traumas, garra movel e eabsor;ao Ieve;
2) es direito e esquerdo : ulceras tr6icas, garra de rtelhos, e caido e reabso;ao leve;
3) olhos direito e esquerdo : lagoftalmo, irites ou ceaite e visao embara;ada.
• Incalacidade fisica de grau III: foram elassiicados todo 0 paciente que apesentou un ou mais sinal de compometimento
neu-ologico assim cspcciicado :
1 ) maos dieita e esqlerda: mao caida, articula;ao endurecida e reabsor;ao grave;
2) pes direito e esquerdo: contratura e reabsor;ao grave;
3) olhos dieito e esquerdo: grave perda da visao e cegueia.
3. ANALISE DOS RESULTADOS
Trabalhou-se com uma amostra de pacientes constituida de 5 7,34% de homens e 42.63% de mu Iheres, com maiores ercentuais entre os gmpos eta rios de 35 a 65 anos (66,95%).
A media de idade ente os homens foi 49,8 anos, enqunto as mulhees corresponderam a media de 5 1 ,7 anos de idade. Nota-se portanto, que a doen;a congrega un grande numero de pessoas com idade elevada, demonstrando a croicidade da mesma, exi gindo un tratamento mais demorado nas fomlas cli nicas multibacilares( l l.
Os resultados relativos as ocupa;6es (Tabela I ),
mostram um elevado percentual de pacientes exer cendo trabalho que necessita de esfor;os fisicos para seu desemenho, expondo-se feqientemente a trau matismos, acelerando assim 0 processo de instala;ao das incapacidades fisicas. Observa-se a diminui;ao acentuada das ocupa;6es que os hasenianos exer ciam antes do apaecimento da doen;a (categorias A e B) frente as atividades referidas no momenta do exame isico, e a maior propor;ao de homens aposen tados por invalidez com rela;ao as mulheres.
Trata-se portanto, de uma opula;ao com maior contingente de assalaiados manuais (categorias B e A), portadores ou mo de conhecimento esecializa do, onde as mulheres ertenciam a categoria B, pa drao domestico, seja por atividades cllcementes a vida familiar (do lar), ou na condi;ao de sevir me diante m pagamento (empregada domestica), sem direito a aposentadoia. Chala a aten;ao 0 numeo de pacientes executando atividades da categoria D, para ambos os sexos. As mudan;as de ocupa;6es podem ser justiicadas pelo estigma e preconceito que ainda envolvem a hanseniase, seja por percep;ao do proprio paciente, ou por exigencias do meio.
A categoria de aposentado, a qual pertence uma pate da amostra do presente trabalho (36,23%), leva a cen;a de uma' auto-suiciencia ecoomica. Conhe cendo, porem, 0 mvel dessa remunera;ao em nosso
Tabela 1 - Distribuição dos pacientes com hanseníase, segundo o sexo e as ocupações que exerciam antes do diagnóstico clínico, no momento da realização da pesquisa.
Antes do Diagnóstico Clinico No Momento da Pesguisa
Categoria Sexo Sexo
Oupacional Masculino Feminino Masculino Feminino
N° % N° % N° % N° %
A 44 35,20 13 13,97 8 6,40 5 5,37
B 73 58,40 75 80,64 27 21,60 76 81,72
C 2 1,60 4 4,30 5 4,00 -
-D 6 4,80 1 1,07 15 12,00 3 3,22
E - - - - 70 56,00 9 9,67
TOTAL 125 100.00 93 99.98 125 100,00 93 99,98
Categoria A: Grande desprendimento de força "trabalho pesado".
Categoria B: Moderado desprendimento de força e conhecimento semi-especializado. Categoria C: Habilidade manual vinculada ao conhecimento técnico.
Categoria D: Não necessita de habilidade manual especíica, pequeno desprendimento de força, maior ou menor nível intelectual.
Categoria E: Afastado de suas funções por invalidez - aposentado.
país, insuiciente para um padrão de vida desejável a qualquer ser humno, pode-se eletir sobre suas con sequências, seja do ponto de vista de sua sobrevivên cia, seja paa atenuar seus conlitos em relação à saúde e adaptação à comunidade.
O alto índice das incapacidades ísics encontra das na amostra (Tabela 2), retata uma opulação mrcada ela doença, especialmente pelo descuido a que está sujeita. Os dados revelam que grande pate dos pacientes apesentam uma ou mais incapacidades ísics isoladas e ssociadas ente mãos, és e olhos, com aior frequência entre a idade de 3565 nos, siicdo uma ea bio-psico-scial consieável pa o doene, falia e sciedade e bngendo o erído de aior pdutiviade de bo do iivíduo.
As lesões incapacitantes podem estar relaciona das s consequências de um diagóstico ardio, seja pela ineíciência dos serviços de saúde, à qulidade da vigilncia dos comunicantes, ou elo descuido e . falta de conhecimento sobe a moléstia (8). Agravn do a situação do hanseniano, á o preconceito que inda prevalece ão só na socieade, mas entre os poíssionais de saúde.
Na Tabela 3, obseva-se que as incapacidades ísicas das mãos, pés e olhos, ocorreram em ambos os sexos. Entetanto, quando comparada s incapacida des ísicas associadas, observa-se uma diferença de 8,92% a mais pa o sexo masculino, conirmando achados anteriores.
Aalisado s ocorrências as incapacidades
í-Tabela 2 - Distribuição dos pacientes com Hanseníase, segundo a faixa etária e a presença
ou não de incapacidades ísicas isoladas ou associadas, nas mãos e/ou nos pés e/ou nos olhos.
Incapacidades Fisicas
Grupo Ioladas Associadas
Etário Auência Grau I Grau 11 Grau 111 Graus I e/ou 11 Total e/ou 111
N° % N° % N° % N° % N° % N° %
15 --25 8 3,66 1 0,45 - - - - 5 2,29 14 6,42
25 -35 8 3,66 3 1,37 - - - - 8 3,66 19 8,71
35 -45 17 7,79 4 1,83 4 1,83 - - 16 7,33 41 18,80
45 -55 11 5,04 5 2,29 5 2,29 2 0,91 30 13,76 53 24,31
55 -65 4 1,83 1 0,45 2 0,91 3 1,37 42 19,26 52 23,85
65 --75 4 1,83 - - 4 1,83 4 1,83 13 5,96 25 11,6
75 -85 - - - - 1 0,45 1 0,45 11 5,04 13 5,96
85 -- - - 1 0 45 1 0 45
TOTAL 52 23,85 14 6,42 16 7,33 10 4 58 126 57 79 218 99 97
Tabela 3 - Distribuição dos pacientes com Hanseníase, segundo o sexo e a presença ou não de incapacidades físicas isoladas ou associadas, nas mãos e/ou nos pés e/ou nos olhos.
Inc�acidades Físicas
Isoladas Associadas
Sexo Ausência Grau I Grau 11 Grau 111 Graus I e/ou 11 Total
N° % N° % N°
Fem. 24 25,80 8 8,60 7
Mac. 28 22,40 6 4,80 9
TOTAL 52 23,85 14 6,42 16
sicas, denro de cada categoria proissional, obseVa se que a categoia E (aosentado), concentra os maio es valoes percentuais de pacientes portadores de uma ou mais lesões incapacitantes (Tabela 4).
Os eferidos resultados pemútem levantar a hipó tese de que as ocupações executadas elos hansenia os, principalmente as da categoria B e A, podem ter conribuído com o agavamento do quadro incapaci tante, or serem, segundo dados obtidos, as maiores esposáveis pelo númeo de pacientes aosenados. (Tabela 1). Ademis, as alterações ísicas, decorren tes da própria doença, podem conduzir o desempenho inadequado de atividades que exigem maior patici pação das mãos, pés e olhos.
Possivelmente, seja esta uma das azões que le vam os pacientes a optarem por outras ocupações, cofome as deinidas na categoria D.
No aspecto poissional, as possibiliades de ta balho e independêcia econômica estão limitadas, ão somente pela enfemidade em si, mas também ela incapacidade do ponto de vista funcional deter miada pelas suas características deformantes. As ocupações poissionais dos hansenianos podem ge ar lesões incapacitantes, enquanto as alterações neu ológicas, proveientes da doença, podem diicular o desemenho de deteminadas atividades. Os pa cientes acabam desenvolvendo movimentos laboriais
e/ou 111
% N° % N° % N° % 7,52 5 5,37 49 52,68 93 99,97
7,20 5 4.00 77 61.60 125 100.00
7,33 10 4,58 126 57,79 218 99,97
apropriados a situação, acentuando ainda mais as lesões deformantes(6).
Ademais, deve-se considear que o estigma da defomliade, leva à discrinúnação no ambiente de tabalho. na fanúlia e no gmo social; outrossim, a perda parcial da capacidade de trabalho do hansenia no, conduz à desintegração do processo bio-psico-so cial do mesmo.
Questiona-se o quanto estes pacientes aposenta dos tomam-se oneosos para os gastos públicos, além dos póprios prejuízos físicos e psico-sociais de que são vítimas. Esta situação poderia, na maioria das vezes, ser eviada, se os doentes conassem com ser viços estruturados, capzes de desenvolver assistên cia integal, dispondo de pessoal qualiicado para um tabalho educativo, conscientizando a população doente quanto importância de prevenção das incapa cidades, mediante técnicas simples, acessíveis a qual quer instituição de saúde e ao próprio indivíduo.
A prevenção e tatamento das incapacidades ísi cas no doente, se converte na peça mais impotante para o combate e controle da hanseÚase, or ser esta a aiz do estigma na sociedade. Através de sua pre
ve;o e-e eor o íuo à cide oo
er ú, pdvo, mtedo o o de bo.
O astamento do doente de suas ocupações cria
Tabela 4 - Distribuição dos pacientes com Hanseníase, segundo as ocupações e a presença ou não de incapacidades físicas isoladas ou associadas, nas mãos e/ou nos pés e/ou nos olhos.
Categoria Isoladas
Ocupacional Ausência Grau I
N° % N° % N°
A 4 30,76 -
-B 32 31,06 10 9,70
C 3 60,00 -
-O 3 16,66 3 16,66
E 10 12,65 1 1,26
TOTAL 52 23,85 14 6.42
Incapacidades Flsicas
Associadas
Grau 11 Grau 111 Graus I e/ou 11 Total e/ou 111
% N° % N° % N° %
1 7,69 - - 8 61,53 13 99,98
8 7,76 5 4,85 48 46,60 103 99,97
- - - - 2 40,00 5 100,00
1 5,55 1 5,55 10 55,55 18 99,97
6 7,59 4 5,06 58 73,41 79 99,97
16 7.33 10 4.58 126 57.79 218 99,97
problemas que acabam intefeindo no elacionamen to e na hannonia familiar, contribuindo direta ou indiretamente para os desjustes psicologicos. Soma se ainda, a analise dos criterios empregados para 0
afastamento dos pacientes de suas ocupa:6es, em especial, o rotulo "aosentado por invalidez", temlO basante discutivel . A vivencia com os hansenianos tem revelado que pacientes mutilados conseguem exercer fun:oes especializadas como encanador, ele tricista, etc, enquanto outros reabilitados, encontam diiculdades para se adaptar ao emprego.
o pocesso de preven:ao de incapacidade, a rein tegra:ao do hanseniano na sociedade, depende muito do propio "querer" do paciente, da cedibilidade e aceita:ao da proosta de trabalho que 0 proissional venha desenvolver com ele, e ate da sua propria aceita:ao como portador de hanseniase.
Agravando a situa:ao do hanseniano, h3 0 pre conceito que ainda prevalece na sociedade, entre os proprios doentes e nos pofissionais de saude.
o enfemleiro, como membro participante e ativo da equipe de saude, tem competencia profissional, paa desenvolver junto aos sevi:os de saude, os pogramas destinados aos hansenianos. 0 atendimen to de enfemlagem aproxima 0 proissional, pemlitin do oportunidades de compartilhar 0 problema, eletir sobre as eculiaridades que envolvem 0 hanseniano no seu dia a dia, e com isso as orienta:oes se centra Iizarem nos fatos levantados. Orientar 0 paciente sobre os poblemas decorentes de sua doen:a, sem a priori, considerar a multicausalidade, e repetir infor ma:oes teo ric as, sem 0 envolvimento com a questao em si, e isso ode levar a esultados frustrantes.
Tabalar com hanseniano nao e restringir suas atividades impondo conhecimentos e exigindo
mu-dan:as de comoamento "adequados" a otica do enfemleio.
E
compartilhar, evindo unilatelidades.Urge refletir sobre a situa:ao atual do controle da doen:a. a ilosoia assistencial vigente direcionada para 0 paciente, failia e comunidade, bem como a abordagem do assunto, a importancia da inclusao do hanseniano na elabora:ao dos trabalhos da institui:ao de saude, quanta a preven:ao, sua eabilia:ao, trata mento, seguimento e 0 envolvimento da equipe po fissional. Esta e uma questao coletiva.
4. CONCLUSAO
Os esultados relativos as ocupa:oes mostarn um eleva do percentual de hansenianos exercendo ocupa:oes que necessiam de esfo:os fisicos paa seu desempenho, expondo-se freqientemente a trau matismos, acelerando 0 processo de instala:ao das incapacidades fisicas.
E
signiicativo 0 numero de pacientes que deixaram de elizar as ocupa:oes an teriores ao aparecimento da doen:a, substituindo or outras atividades inferiores e mal remuneradas.As incapacidades isicas constituem um proble ma complexo, afetando nao so 0 fisico, mas 0 psico e o social, diicultando a reabilia:ao do anseniano. Os obstaculos cescem a medida que se acentun as aJtera:oes isicas, e quanta mais 0 paciente conhecer sobe sua doen:a, ais facilidade encontara paa compreender a sua paicipa:ao no pocesso de pre vel:ao e eabilita:ao.
Por outro lado, a Hanseniase deve ser encaraa de fona ampla, abrangendo 0 doente como um todo, uma vez que a doen:a epesenta um complexo bio psico-social, resonsavel muitas vezes, pelo fasta mento de suas atividades ocupacioais.
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GRAUS MAos
Tipos E D Tipos
Insensibilidade
I
�?
17
Ulceras e Traumas�?
17
II
Garra M6vel da Mao Reabsoryao leve
/1
Mao CaldaAtibulayOes endurecidas
Reaboryao grave
III
/1
Gauiuo
ANEXO
PES OLHOS
E D Tipos E D
Insensibilidade
s D
Conjuntiviten u
Ulcera Tr6icaI
s D
Lagota lmon u
Garra dos Atelhos Irites o u ceratites Pe caldo .
Reaboryao leve
8
D
I
Viao emba rayadaGrave perda de viao Contratura
Rea bsoryao grave