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Associação entre atividades ocupacionais dos hansenianos e incapacidades físicas.

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Academic year: 2017

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ASSOCIACAO ENTRE ATIVIDADES OCUPACIONAIS DOS HANSENIANOS E INCAPACIDADES FisICAS*

Maria Helena Pessini de Oliveira**

RESUMO: 0 referido trabalho pretendeu levantar as incapacidades fisicas numa amostra de 21 8 potadores de hanseniase e associa-Ias as ocupa¢es. Os resultados revelaram un elevado percentual de hansenianos exercendo trabalho que necessitam de esforyos fisicos para seu desempenho, expondo-se frequentemente a traumatis­ mos, acelerando assim 0 processo de instala;ao das incapacidades fisicas. Obser­ vou-se tamMm que 76, 1 2% da amostra apresentam incapacidades fisicas isoladas e/ou associadas, nas maos, pes e olhos. Esta pesquisa foi realizada no periodo de 1 990 a 1 991 .

ABSTRACT: The author intended to collet physical disabilities in a 21 8 leper population and to relate them to the occupations. The results revealed a hig h percent­ age of lepers whose jobs required physical efot, being oten exposed to injuries, thus accelerating the process of physical disabilities. It was also observed that 76, 1 2% of the sample presented isolated and/or related physical disabilities, in the hands, feet and eyes. This research took place between 1 990 and 1 991 .

1 . INTRODUCAO

A Hanseniase representa un serio problema de saMe publica, principalmente nas areas endemicas do mundo. As informa90es disponiveis sobre a prevalencia de doen9a, na maioria dos paises, nao reletem a situa9ao real, considerando que nem a procura dos dados, nem os relatos de casos atingem un nivel desejave\ de informa90es.

E

uma doen;a que atinge com maior freqiencia as classes sociais menor favorecidas, que residem em regioes pobres e isoladas(4, 8) .

o meio socio-econ6ico ten iluenciado na distibui9ao das doen9as de modo geral, pois a pro­ iscuidade, favorecedoa da multi-exposi;ao, esm ligada a obreza e muitas vezes e deteinante. A Hnseniase, como se sabe, ven ocorendo com mais frequencia nas classes menos favoecidas, cujas ocu­ pa90es mal remuneradas e baixo padrao de vida eco­ onico, contibuem paa 0 desenvolvimento da doen­ ;a. A a de higiene, a subnutri9ao, a ignorancia, aMm do inoculo infecante eiciente, a exosi;ao

suiciente e a receptividade de novo hospedeiro, sao fatoes costantes no "habitat" dos hanseniaos e de seus comunicantes (3, 5).

Lamentavelmente, 0 mal de Hansen ainda e visto como uma doen;a estinatizante, preconceituosa, reletindo · paa a sociedade a imagem de pessoas deformantes, com lesoes cutaneas. Estas supersti90es em tono da hanseniase, trzem pejuizos considera­ veis pam 0 doente, que sofre pessoes sociais atraves da rejei;ao, muitas vezes, pejudicado ela repulsa de que e vitima, e e\as manifesta90es que apresenta(6). A vivencia com os hansenianos, ten mostrado que muitos portadores da enfermidade perdem seus empregos e sao afastados de suas ocupa90es, antes mesmo de mOStraem diinui9ao da capacidade de produ;ao. Tem-se obseVado que os doentes sofrem pressoes sociais atraves da rejei;ao, diicultando 0 convivio social, ate mesmo dentro da familia(7).

A epucia da sociedade, em ela;ao ao anse­ niano, esm associada as aea;as incapacitntes advn­ das da propia molestia no decoer a sua evolu9ao.

Trabalho apresentado como tema livre no 44° Congresso Brasi leiro de Enfellagem. Brasilia. D.F., 4 a 9 de outubro de 1 992. .. Profess ora Doutora do Departamento M atemo-Ilfanti l e Saude Publica a Escola de Enfermagem de Ribeirao Preto da

Universidade de S ao Paulo.

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Alera-se para a severidade, em rela;ao a outras da doen;a, nao podendo ser avaliada somente elos numeros de pacientes existentes ou taxas de prevalen­ cia, mas sim pelos pejuizos decorrentes das incapa­ cidades fisicas a que submete seus ortadores, ben como as consequencias humanas e sociais para estes e suas familias.

As incapacidades fisicas constituem· un proble­ ma no pais, pelos indices elevados nas diversas regi­ oes, e pela limita;ao excessiva da capacidade fisica, alem do aspecto humano, relativo a dificuldade de atua;ao do doente, na sua vida profissional. Repre­ senta tambem perda significativa na for;a de trabalho dos paises onde a doen;a e endemica, alem de causar repugnancia na sociedade.

Segundo GBINO(2), 70% a 85% dos pacien­

tes portadores de hanseniase conhecidos, ja apresen­ tam alna incapacidade isica, e dentre elas, 30% sao classiicadas como graves.

Mediante 0 exposto neste estudo, popomos le­ vantar as incapacidades fisicas dos hasenianos e associa-las as atividades ocupacioais.

2. MATERIAL E M ETODO

2.1 Popula;io Amostral

o total de ortadores de hanseniase (859) que

compareceam regularmente ao Centro de Saude I Cento de Saude Escola e Centro de SaMe de Vil

Virgiia,de 1 990 a 199 1 , locais que oicilmente prestam assistencia aos hanseianos na cidade de Ribeirao Preto, foam primeiramente listados de acor­ do com as formas clinicas Indeteminada (1), Tuber­ cul6ide (T), Virchowiana e Dimofa (V ou D).

o total de individuos incluidos na amostra, nos tres estatos (I, T, V ou D), foi deteminado, a partir dos esultados te6ricos, descritos em ENDEM­ HALL, OT and SCHEFFER (5), icando estabele­ cido 2 1 8 pacientes assim distribuidos:

20 pacientes da forma clinica I, 36 pacientes da forma clinica T, 162 pacientes da fomla clinica V ou D.

Estabelecido 0 tamanho amostal em cada estra-to, os pacientes listados fO3 sorteados aleatoria­ mente pelo processo casual simples. Tatou-se por­ tanto de uma amosta estatiicaa, casual simples com disibui;ao 6tima do tamanho.

Os haseianos incluidos na amosta, aOs rece­ beem consulta medica foram submetidos ao exame

fisico pra levantar as incapacidades isicas nos olhos, maos e pes, ben como outros dados pessoais relevantes no estudo. Adotou-se para 0 exame isico, o modelo de classiica;ao das incapacidades isicas padroniadas pela OMS (Anexo).

2.2 Defini;io e CJassifica;io

Para fins opeaGionais, as ocupa;oes desta inves­ tiga;ao foram classiicadas em categorias de A a E, tendo em vista, sobretudo, a intensidade do despren­ dimento da for;a paa realiza;ao de deteinada ta­ refa, ben como a habilidade e destrea requeridas para 0 seu desempeho.

Entende-se que qualquer atividade para se reali­ ar, impoe uma conjuga;ao do intelecto e do fisico, dependente pois, da aticula;ao de maos, ba;os, pes, pemas, olhos e da mente paa a consecu;ao de seu intento.

Considerando-se a populaYao investigada e 0 ob­ jetivo de vericar as reiaYoes existentes entre os tipos

de ocupaYoes do hanseniano e os graus das incapaci­ dades fisicas apesentados, foi construida uma tipolo­ gia das ocupacoes encontradas, cujo criterio unda­ mental, como se disse, liga-se as atividades que se caracteiam ela necessidade do uso de forYa isica ou de habilidade manual.

TIPOLOGIA DAS OCUPACOES ENCONTRADAS

Categoria A: inclui-se toda e qualquer atividade que necessite de n grande desprendimento de forYa fisica "trabalho pesado": lavador, caregador de sa­ cos, entegados de gas, servente de edeiro, lenha­ dor.

Categoria B: foram ai incluidas todas

s ativida­ des que necessitam de modeado despenimento de forYa fisica, liado a exigencia de algum conhecimen­ to semi-especialiado: pedreio, mecanico, encana­ dor, maceneiro, carpinteiro, eletricista, marmorisa, vidraceio, ladrilheio, seralheiro, iandeiro de algo­ dao, iambreiro, macarroneio, motorista de cami­ nlo, moxambeio, empregada domestica e dona de casa, faxineira, lavadeira.

Categoria C: foram incluidas este item todas as atividades que exigem habilidade manal viculada a un copo de conecimento tecico:. modelista de calYado, modelista de oupa, costureia, bodadeia, confeiteira, manicure, bbeiro, auxiliar de escit6io. Categoria D: foram ai icluidas as atividades

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que mo necessitam de habilidades manllais especii­ cas caacterizando-se, ainda, por um pequeno des­ prendimento de for;a isica: iscal agricola, corretor de im6veis, telefonista, balconista, vendedor de ou­ pa, assistente eJigiosa, vigilante notumo, poteiro, vendedor ambulante.

APOSENT ADO: toda e qualquer pes so a que ecebe remunea;ao por dieitos sobre 0 tempo Iimi­ tado de seu trabalho ou por invalidez, isto e, por se enconnr sem condi;6es isicas, paa executar sua ocupa;ao.

CLASSIFICACAO DAS INCAPACIDADES FislCAS

Incalacidade isica isolada: considerou-se inca­ pacidade isica isolada, les6es incapaciantes que ocoream nunla unica localia;ao, ou seja, s6 nas maos, s6 nos pes ou so nos olhos.

Incalacidade fisica associ ada: consideou-se in­ capacidade isica associada, les6es incapacitantes que ocoreram em mais de uma 10caliza;ao, ou sej a, maos e pes, maos e olos, pes e olhos, ou maos, pes e olhos.

- Tilo de incal)acidade isica: considerou-se tipos de incapaciades isicas 0 conjunto de les6es inca­ pacitantes que se desenvolveram nas maos, pes e olhos. Diante de sua varia;ao e gravidade, foam elassicadas em graus I, II e III.

• Incalacidade fisica de grau I: foam assim elassiicados todo 0 paciente que apresentou, duante 0 exame fisico, sinais de insensibili­ dade s maos, pes direito e esquerdo, e conjuntivite nos olhos direito e esquerdo.

• Incalacidade fisica de grau II: foram elas­ siicados todo 0 paciente que apesentou un ou mais de compometimento neurologico assim eseciicado :

1) ' maos dieita e esquerda: ulcera e traumas, garra movel e eabsor;ao Ieve;

2) es direito e esquerdo : ulceras tr6icas, garra de rtelhos, e caido e reabso;ao leve;

3) olhos direito e esquerdo : lagoftalmo, irites ou ceaite e visao embara;ada.

• Incalacidade fisica de grau III: foram elassiicados todo 0 paciente que apesentou un ou mais sinal de compometimento

neu-ologico assim cspcciicado :

1 ) maos dieita e esqlerda: mao caida, articula;ao endurecida e reabsor;ao grave;

2) pes direito e esquerdo: contratura e reabsor;ao grave;

3) olhos dieito e esquerdo: grave perda da visao e cegueia.

3. ANALISE DOS RESULTADOS

Trabalhou-se com uma amostra de pacientes constituida de 5 7,34% de homens e 42.63% de mu­ Iheres, com maiores ercentuais entre os gmpos eta­ rios de 35 a 65 anos (66,95%).

A media de idade ente os homens foi 49,8 anos, enqunto as mulhees corresponderam a media de 5 1 ,7 anos de idade. Nota-se portanto, que a doen;a congrega un grande numero de pessoas com idade elevada, demonstrando a croicidade da mesma, exi­ gindo un tratamento mais demorado nas fomlas cli­ nicas multibacilares( l l.

Os resultados relativos as ocupa;6es (Tabela I ),

mostram um elevado percentual de pacientes exer­ cendo trabalho que necessita de esfor;os fisicos para seu desemenho, expondo-se feqientemente a trau­ matismos, acelerando assim 0 processo de instala;ao das incapacidades fisicas. Observa-se a diminui;ao acentuada das ocupa;6es que os hasenianos exer­ ciam antes do apaecimento da doen;a (categorias A e B) frente as atividades referidas no momenta do exame isico, e a maior propor;ao de homens aposen­ tados por invalidez com rela;ao as mulheres.

Trata-se portanto, de uma opula;ao com maior contingente de assalaiados manuais (categorias B e A), portadores ou mo de conhecimento esecializa­ do, onde as mulheres ertenciam a categoria B, pa­ drao domestico, seja por atividades cllcementes a vida familiar (do lar), ou na condi;ao de sevir me­ diante m pagamento (empregada domestica), sem direito a aposentadoia. Chala a aten;ao 0 numeo de pacientes executando atividades da categoria D, para ambos os sexos. As mudan;as de ocupa;6es podem ser justiicadas pelo estigma e preconceito que ainda envolvem a hanseniase, seja por percep;ao do proprio paciente, ou por exigencias do meio.

A categoria de aposentado, a qual pertence uma pate da amostra do presente trabalho (36,23%), leva a cen;a de uma' auto-suiciencia ecoomica. Conhe­ cendo, porem, 0 mvel dessa remunera;ao em nosso

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Tabela 1 - Distribuição dos pacientes com hanseníase, segundo o sexo e as ocupações que exerciam antes do diagnóstico clínico, no momento da realização da pesquisa.

Antes do Diagnóstico Clinico No Momento da Pesguisa

Categoria Sexo Sexo

Oupacional Masculino Feminino Masculino Feminino

N° % N° % N° % N° %

A 44 35,20 13 13,97 8 6,40 5 5,37

B 73 58,40 75 80,64 27 21,60 76 81,72

C 2 1,60 4 4,30 5 4,00 -

-D 6 4,80 1 1,07 15 12,00 3 3,22

E - - - - 70 56,00 9 9,67

TOTAL 125 100.00 93 99.98 125 100,00 93 99,98

Categoria A: Grande desprendimento de força "trabalho pesado".

Categoria B: Moderado desprendimento de força e conhecimento semi-especializado. Categoria C: Habilidade manual vinculada ao conhecimento técnico.

Categoria D: Não necessita de habilidade manual especíica, pequeno desprendimento de força, maior ou menor nível intelectual.

Categoria E: Afastado de suas funções por invalidez - aposentado.

país, insuiciente para um padrão de vida desejável a qualquer ser humno, pode-se eletir sobre suas con­ sequências, seja do ponto de vista de sua sobrevivên­ cia, seja paa atenuar seus conlitos em relação à saúde e adaptação à comunidade.

O alto índice das incapacidades ísics encontra­ das na amostra (Tabela 2), retata uma opulação mrcada ela doença, especialmente pelo descuido a que está sujeita. Os dados revelam que grande pate dos pacientes apesentam uma ou mais incapacidades ísics isoladas e ssociadas ente mãos, és e olhos, com aior frequência entre a idade de 3565 nos, siicdo uma ea bio-psico-scial consieável pa o doene, falia e sciedade e bngendo o erído de aior pdutiviade de bo do iivíduo.

As lesões incapacitantes podem estar relaciona­ das s consequências de um diagóstico ardio, seja pela ineíciência dos serviços de saúde, à qulidade da vigilncia dos comunicantes, ou elo descuido e . falta de conhecimento sobe a moléstia (8). Agravn­ do a situação do hanseniano, á o preconceito que inda prevalece ão só na socieade, mas entre os poíssionais de saúde.

Na Tabela 3, obseva-se que as incapacidades ísicas das mãos, pés e olhos, ocorreram em ambos os sexos. Entetanto, quando comparada s incapacida­ des ísicas associadas, observa-se uma diferença de 8,92% a mais pa o sexo masculino, conirmando achados anteriores.

Aalisado s ocorrências as incapacidades

í-Tabela 2 - Distribuição dos pacientes com Hanseníase, segundo a faixa etária e a presença

ou não de incapacidades ísicas isoladas ou associadas, nas mãos e/ou nos pés e/ou nos olhos.

Incapacidades Fisicas

Grupo Ioladas Associadas

Etário Auência Grau I Grau 11 Grau 111 Graus I e/ou 11 Total e/ou 111

N° % N° % N° % N° % N° % N° %

15 --25 8 3,66 1 0,45 - - - - 5 2,29 14 6,42

25 -35 8 3,66 3 1,37 - - - - 8 3,66 19 8,71

35 -45 17 7,79 4 1,83 4 1,83 - - 16 7,33 41 18,80

45 -55 11 5,04 5 2,29 5 2,29 2 0,91 30 13,76 53 24,31

55 -65 4 1,83 1 0,45 2 0,91 3 1,37 42 19,26 52 23,85

65 --75 4 1,83 - - 4 1,83 4 1,83 13 5,96 25 11,6

75 -85 - - - - 1 0,45 1 0,45 11 5,04 13 5,96

85 -- - - 1 0 45 1 0 45

TOTAL 52 23,85 14 6,42 16 7,33 10 4 58 126 57 79 218 99 97

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Tabela 3 - Distribuição dos pacientes com Hanseníase, segundo o sexo e a presença ou não de incapacidades físicas isoladas ou associadas, nas mãos e/ou nos pés e/ou nos olhos.

Inc�acidades Físicas

Isoladas Associadas

Sexo Ausência Grau I Grau 11 Grau 111 Graus I e/ou 11 Total

N° % N° % N°

Fem. 24 25,80 8 8,60 7

Mac. 28 22,40 6 4,80 9

TOTAL 52 23,85 14 6,42 16

sicas, denro de cada categoria proissional, obseVa­ se que a categoia E (aosentado), concentra os maio­ es valoes percentuais de pacientes portadores de uma ou mais lesões incapacitantes (Tabela 4).

Os eferidos resultados pemútem levantar a hipó­ tese de que as ocupações executadas elos hansenia­ os, principalmente as da categoria B e A, podem ter conribuído com o agavamento do quadro incapaci­ tante, or serem, segundo dados obtidos, as maiores esposáveis pelo númeo de pacientes aosenados. (Tabela 1). Ademis, as alterações ísicas, decorren­ tes da própria doença, podem conduzir o desempenho inadequado de atividades que exigem maior patici­ pação das mãos, pés e olhos.

Possivelmente, seja esta uma das azões que le­ vam os pacientes a optarem por outras ocupações, cofome as deinidas na categoria D.

No aspecto poissional, as possibiliades de ta­ balho e independêcia econômica estão limitadas, ão somente pela enfemidade em si, mas também ela incapacidade do ponto de vista funcional deter­ miada pelas suas características deformantes. As ocupações poissionais dos hansenianos podem ge­ ar lesões incapacitantes, enquanto as alterações neu­ ológicas, proveientes da doença, podem diicular o desemenho de deteminadas atividades. Os pa­ cientes acabam desenvolvendo movimentos laboriais

e/ou 111

% N° % N° % N° % 7,52 5 5,37 49 52,68 93 99,97

7,20 5 4.00 77 61.60 125 100.00

7,33 10 4,58 126 57,79 218 99,97

apropriados a situação, acentuando ainda mais as lesões deformantes(6).

Ademais, deve-se considear que o estigma da defomliade, leva à discrinúnação no ambiente de tabalho. na fanúlia e no gmo social; outrossim, a perda parcial da capacidade de trabalho do hansenia­ no, conduz à desintegração do processo bio-psico-so­ cial do mesmo.

Questiona-se o quanto estes pacientes aposenta­ dos tomam-se oneosos para os gastos públicos, além dos póprios prejuízos físicos e psico-sociais de que são vítimas. Esta situação poderia, na maioria das vezes, ser eviada, se os doentes conassem com ser­ viços estruturados, capzes de desenvolver assistên­ cia integal, dispondo de pessoal qualiicado para um tabalho educativo, conscientizando a população doente quanto importância de prevenção das incapa­ cidades, mediante técnicas simples, acessíveis a qual­ quer instituição de saúde e ao próprio indivíduo.

A prevenção e tatamento das incapacidades ísi­ cas no doente, se converte na peça mais impotante para o combate e controle da hanseÚase, or ser esta a aiz do estigma na sociedade. Através de sua pre­

ve;o e-e eor o íuo à cide oo

er ú, pdvo, mtedo o o de bo.

O astamento do doente de suas ocupações cria

Tabela 4 - Distribuição dos pacientes com Hanseníase, segundo as ocupações e a presença ou não de incapacidades físicas isoladas ou associadas, nas mãos e/ou nos pés e/ou nos olhos.

Categoria Isoladas

Ocupacional Ausência Grau I

N° % N° % N°

A 4 30,76 -

-B 32 31,06 10 9,70

C 3 60,00 -

-O 3 16,66 3 16,66

E 10 12,65 1 1,26

TOTAL 52 23,85 14 6.42

Incapacidades Flsicas

Associadas

Grau 11 Grau 111 Graus I e/ou 11 Total e/ou 111

% N° % N° % N° %

1 7,69 - - 8 61,53 13 99,98

8 7,76 5 4,85 48 46,60 103 99,97

- - - - 2 40,00 5 100,00

1 5,55 1 5,55 10 55,55 18 99,97

6 7,59 4 5,06 58 73,41 79 99,97

16 7.33 10 4.58 126 57.79 218 99,97

(6)

problemas que acabam intefeindo no elacionamen­ to e na hannonia familiar, contribuindo direta ou indiretamente para os desjustes psicologicos. Soma­ se ainda, a analise dos criterios empregados para 0

afastamento dos pacientes de suas ocupa:6es, em especial, o rotulo "aosentado por invalidez", temlO basante discutivel . A vivencia com os hansenianos tem revelado que pacientes mutilados conseguem exercer fun:oes especializadas como encanador, ele­ tricista, etc, enquanto outros reabilitados, encontam diiculdades para se adaptar ao emprego.

o pocesso de preven:ao de incapacidade, a rein­ tegra:ao do hanseniano na sociedade, depende muito do propio "querer" do paciente, da cedibilidade e aceita:ao da proosta de trabalho que 0 proissional venha desenvolver com ele, e ate da sua propria aceita:ao como portador de hanseniase.

Agravando a situa:ao do hanseniano, h3 0 pre­ conceito que ainda prevalece na sociedade, entre os proprios doentes e nos pofissionais de saude.

o enfemleiro, como membro participante e ativo da equipe de saude, tem competencia profissional, paa desenvolver junto aos sevi:os de saude, os pogramas destinados aos hansenianos. 0 atendimen­ to de enfemlagem aproxima 0 proissional, pemlitin­ do oportunidades de compartilhar 0 problema, eletir sobre as eculiaridades que envolvem 0 hanseniano no seu dia a dia, e com isso as orienta:oes se centra­ Iizarem nos fatos levantados. Orientar 0 paciente sobre os poblemas decorentes de sua doen:a, sem a priori, considerar a multicausalidade, e repetir infor­ ma:oes teo ric as, sem 0 envolvimento com a questao em si, e isso ode levar a esultados frustrantes.

Tabalar com hanseniano nao e restringir suas atividades impondo conhecimentos e exigindo

mu-dan:as de comoamento "adequados" a otica do enfemleio.

E

compartilhar, evindo unilatelidades.

Urge refletir sobre a situa:ao atual do controle da doen:a. a ilosoia assistencial vigente direcionada para 0 paciente, failia e comunidade, bem como a abordagem do assunto, a importancia da inclusao do hanseniano na elabora:ao dos trabalhos da institui:ao de saude, quanta a preven:ao, sua eabilia:ao, trata­ mento, seguimento e 0 envolvimento da equipe po­ fissional. Esta e uma questao coletiva.

4. CONCLUSAO

Os esultados relativos as ocupa:oes mostarn um eleva do percentual de hansenianos exercendo ocupa:oes que necessiam de esfo:os fisicos paa seu desempenho, expondo-se freqientemente a trau­ matismos, acelerando 0 processo de instala:ao das incapacidades fisicas.

E

signiicativo 0 numero de pacientes que deixaram de elizar as ocupa:oes an­ teriores ao aparecimento da doen:a, substituindo or outras atividades inferiores e mal remuneradas.

As incapacidades isicas constituem um proble­ ma complexo, afetando nao so 0 fisico, mas 0 psico e o social, diicultando a reabilia:ao do anseniano. Os obstaculos cescem a medida que se acentun as aJtera:oes isicas, e quanta mais 0 paciente conhecer sobe sua doen:a, ais facilidade encontara paa compreender a sua paicipa:ao no pocesso de pre­ vel:ao e eabilita:ao.

Por outro lado, a Hanseniase deve ser encaraa de fona ampla, abrangendo 0 doente como um todo, uma vez que a doen:a epesenta um complexo bio­ psico-social, resonsavel muitas vezes, pelo fasta­ mento de suas atividades ocupacioais.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

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GRAUS MAos

Tipos E D Tipos

Insensibilidade

I

�?

17

Ulceras e Traumas

�?

17

II

Garra M6vel da Mao Reabsoryao leve

/1

Mao Calda

AtibulayOes endurecidas

Reaboryao grave

III

/1

Gau

iuo

ANEXO

PES OLHOS

E D Tipos E D

Insensibilidade

s D

Conjuntivite

n u

Ulcera Tr6ica

I

s D

Lagota lmo

n u

Garra dos Atelhos Irites o u ceratites Pe caldo .

Reaboryao leve

8

D

I

Viao emba rayada

Grave perda de viao Contratura

Rea bsoryao grave

8

D

Cegueira

Imagem

Tabela  1  - Distribuição  dos  pacientes  com  hanseníase,  segundo  o  sexo  e  as  ocupações  que  exerciam  antes  do  diagnóstico  clínico,  no  momento  da  realização  da  pesquisa
Tabela  3  - Distribuição  dos  pacientes  com  Hanseníase,  segundo  o  sexo  e  a  presença  ou  não  de  incapacidades  físicas  isoladas  ou  associadas,  nas  mãos  e/ou  nos  pés  e/ou  nos  o lh os

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