A PROPOSITO DO MOVIMENTO PARTICIPACA01
TH E MO VIMENTO PARICIPA 9AO ("PART I C I PATO RY" MOVEM ENT)
A PROPOS ITO DEL MOVI M I ENTO PART I C I PACION
Maia Jose dos Santos RossI
RESUMO: relata a trajet6ria do Movimento Participa:ao ( M P ) nascido na enfermagem brasileira em oposi:ao as pol lticas praticadas pela Associa:ao B rasi leira de E nfermagem(ABEn). Artigo escrito pela primeira p residente eleita pelo MP onde sao a p resentadas as bases do movimento , sua organiza:ao, a luta para a conquista do poder e 0 trabalho desenvolvido pela primeira gestao.
PALAVRAS-CHAVE : movimento participa:ao , pol iticas de enfermagem , ABE n , hist6ria da enfermagem
Quero , neste artigo , relatar minha participagao no campo profissional como Presidente Nacional da Associagao Brasileira de E nfermagem (AB E n ) , na pri meira gestao do Movi mento Participagao 1 986/1 989, depois de conturbado processo que propiciou uma "virada" na orientagao gera l e nas pol fticas da ABEn para a Enfermagem Brasileira .
O S VENTOS DA MUDANCA: 1 979 COMO MARCO -0 CONGRESSO DO CEAA
o ana de 1 979 - ana do XXI Congresso Brasileiro de Enfermagem (CBEn) realizado em Fortaleza no Ceara - explicitou u m processo de i nsatisfagao na categoria pelos rumos tomados pela nossa Associagao, de c l i e ntelismo e de cola boragao com 0 Govern o , co m u m a d isponibi lidade de colaboragao c o m as mu lti nacionais de eq u i pa mentos hospitalares e d e medica mentos , s e m responder aos reclamos d o s profissiona is. Era presidente nacional da A B E n , a professora leda Barreira e Castro , (gestao 76/80) q u e fez algu mas luda ngas na entidade trazendo a Secreta ria Executiva para Brasilia, na nova sed e .
Embora a A B E n tivesse d a d o passos i mporta ntes no enca m i n ha mento do ensino da profissao e mesmo na organizagao da profissao tendo dela sa ido 0 Conselho Federal de E nfermagem , os S i nd icatos e tendo a poiado as praticas org a nizadas em torno do individ uo e da doenga , nao provocou a articulagao com os movi mentos socia is q u e reclamavam naquela epoca por uma sociedade mais j usta e , especificamente por u m atend i mento de saude de q u a l idade e melhores cond ig6es de trabalho.
Essa i nsatisfagao man ifestava-se como oposigao d e base , pois as d i retorias ao n ivel centra l da nossa entidade se revezavam entre Rio e Sao Paulo, mas tinham as mesmas vis6es e os mesmos posicionamentos. Apenas era u m a luta pela hegemonia baseada em criterio territoria l . Esta oposigao foi crescendo de forma ainda desorganizad a .
o movimento sindical da categoria t a m b e m estava todo 0 tempo d escontente e
1 Atigo encomendado pela Presldente da ABEn Nacional para a re vista dos 75 anos da ABEn. 2 Professora A junta aposentada da Universldade de Brasilia. Ex-presidente da ABEn, primeira gestao da Patlipa9ao, gestao 86/8. Ex-presldente da Comissao de Especialistas no Ensino da Enfermagem, MEC/SES, mandato junho/1988 ajunho de 2000. Coordenadora do NJ/eo de Estudos e Pesquisas da Ate de Cuidar da Wda (NEPA VI do Cento de Estudos A van9ados Multldiscipinares CEAM/Un.
A prop6sito do movimento . . .
reivindicando melhores condi;oes de trabalho, adicional de insalubridade, plano de classifica;ao de cargos e salarios , d issidio coletivo e outras reivi ndica;oes .
Estudantes de enfermagem de varias regioes do pais, ali presentes demonstravam tambem insatisfa;ao com a sua participa;ao nos rumos da entidade e da profissao.
A insatisfa;ao foi num crescendo ate que, mais tarde, se estrutura em u m apelo coletivo e em uma indigna;ao de toda a categoria que votava e nao tinha voz, a nao ser nas Assembleias de Delegados a cada realiza;ao do Congresso Brasileiro de Enfermagem, mas, assim mesmo , somente para aqueles q u e la pudessem ir. As presidentes de Se;ao nao tinham um forum de contato oficial com a Diretoria Centra l . E nfi m , a ABEn era uma entidade mu ito fechada e nao havia d isposi;ao de democratiza-I a .
A AGLUTINACAO DAS FORCAS DE OPOSICAO NO CONGRESSO DE sAo PAULO
Cinco anos depois, no XXV C B E n , em 1 983, realizado na cidade de Sao Paulo, manifestaram-se tres grupos: 0 de Sao Paulo, 0 do Rio de Janeiro e um terceiro grupo empenhado na transforma;ao da ABEn em um "orgao mais atua nte e sintonizado com 0 seu tempo" , que se intitu lou Movimento Paticipa�ao , do qual participei de forma ativa .
N esse Congresso de S . Paulo, solicitamos a presidente da Comissao de Temas, a Professora Victoria Secaf um espa;o para realizarmos as nossas reunioes e, diante da negativa , em razao alegada dos a ltos custos das salas no Centro de Conven;oes Rebou;as, reu n i mo nos no estacionamento , participando um grande numero de enfermeiras e de enfermeiros para a organiza;ao de u m movimento de oposi;ao a forma como a entidade vinha sendo dirigida.
E
necessario ressaltar que eu estivera fora do Brasil com minha familia , na Belgica , com o meu esposo, refugiado pol itico de 1 973 a 1 980. Logo ao chegarmos ao Brasil, entretanto , me inseri nesse movimento , ja que tivera antes envolvida com a ABEn e com as Associa;oes Profissionais, q u e depois se transformaram em Sind icatos .Desde fi nal d e 1 982 a 1 984 estive traba lhando com uma equipe, no C E P E n , como Coordenadora da Comissao de Documenta;ao, a convite da Professora Doutora Maria Cecilia Puntel de Almeida, de Ribeirao Preto, que era a Coordenadora da entao Comissao de Atividades Cientfficas e Docu menta;ao - CAC I D e Diretora do CEPEn. A Comissao de Documenta;ao era composta de profissionais por mim convidados, como uma equipe de Brasilia, Arilda de S.Sabas Pucu, Kazue Horigoshi Rodrigues, LuizAfonso Rocha, Maria Aparecida G ussi e Wilma Santos. Em 1 984 , d u rante a movimenta;ao pol itica , continuamos trabalhando nos catalogos de I nforma;oes sobre Pesq u isas e Pesq uisadores. Certo dia tivemos a desagradavel surpresa de nao podermos mais entrar na sede d a ABEn Nacional para realizarmos 0 trabalho do CEPEn, trabalho que era feito a noite, por ordem da entao Presidente, Dra Circe de Melo Ribeiro. Ordem essa que nos foi apresentada pelo senhor Manuel, 0 vigia da sede. Apesar disso ainda, trabalhamos na publica;ao do n u mero do cata logo do C E PEn de 1 984 .
o movi mento d e OpOSi;80 a pareceu fortemente sob a lid eran;a da ABE n , se;80 Santa Catarin a , cujo presidente - 0 jovem enfermeiro Jorge Lorenzetti - e seu grupo enfatizava m a preocupa;ao com as condi;oes de trabalho do pessoal de enfermagem e com 0 tipo de assistencia de enfermagem prestada a popu la;8o.
As d ecadas de setenta e oitenta foram de grande combatividade dos trabalhadores por melhores condi;oes de trabalho e de salario e, em especial , os trabalhadores da saude, constitu i ndo-se 0 MOVI M E NTO SAN ITAR I O P E LA REFO RMA SAN ITARIN que se va i
3 Reforma Sanitaia rea/izada para as transforma:oes no sistema de saude vigente. Apesar do grande engajamento dos traba/hadores, nao conseguiu mudar a /6gica do sistema de assisencia medica com base na industria farmaceutica e de equipamentos hosp/la/ares.
ROSS I , M . J. dos S .
efetivamente realizar nos meados da decada de oitenta , tendo n o final dos anos oitenta liderado a Reforma Sanitaria na 8a Conferencia Nacional de Saude que culminou com a elabora;ao do cap itu lo d a Saude e da Seguridade Social na Constitu i;ao de 1 988.
o movimento da enfermagem esteve muito envolvido com essas quest6es e alinhada as pa lavras de ordem emanadas d esse movi mento. A grande i nsatisfa;ao estava l igada a varios problemas como baixos salarios , longas jornadas de trabalho, dupla militancia em dois empregos para sobrevivencia, e, fi nalmente 0 veto do Sr Presidente da Republ ica ao Projeto n 3225C/ 1 980 que tomou 0 n u mero 1 05/82 no Senado Federa l , 0 projeto das 30 horas de jornada d e trabalho, depois d o mesmo ter side aprovado na Camara dos Deputados.
E ntre as palavras de ordem esti pulava-se uma reivindica;ao pela valoriza;ao da enfermagem . Alinhara m-se ta mbem na l ideran;a dos protestos e na luta pol ltica , algu mas Se;6es da ABEn, alem de Santa Catari na , a da Bahia, a do Rio Grande do Sui, a do Rio Grande do Norte, a do Ceara , a d e Alagoas, a do Rio de Janeiro e a do Distrito Federa l , se;ao a qual eu pertencia.
Assi m , as enfermeiras e os enfermeiros participantes desse movimento resolvemos no Congresso do Rio Grande do Sui a presentar u m a chapa concorrente a d i re;ao da ABEn, no n lvel nacional . Depois de longas discuss6es, 0 meu nome foi i ndicado nao so pela combatividade demonstrada , mas, tambem, pelo fato de ter estado fora do Pais por algum tempo, nao estando, assim , envolvida com os acontecimentos do perlodo anterior e, sobretudo, por ser negra , como uma forma de reafirmar a efetiva oposi;ao do movimento, uma vez que jamais se pensou em ter uma presidente negra . As ind ica;6es para a forma;ao da chapa ficara m a cargo das Se;6es , embora fossem firmadas algu mas orienta;6es gerais.
Fizemos u m manifesto onde ja enu nciavamos novas di retrizes e nova orienta;ao para a nossa entidade. Nele afirmavamos
"q ue a q uestao da pratica da enfermagem e o fato de ela ainda nao ter estabelecido u m compromisso proprio, claro e solido com a s necessidade da assistencia a popula;ao; que a representatividade da Associa;ao na categoria e peq uena em fu n;ao de u m a pratica fechada e pouco partici pativa o n d e n a o ha espa;o para manifesta;ao dos i nteressados; a necessidade de um trabalho conj u nto e permanente com tod as es entidades de enfermagem ; e q u e a pol ftica cu ltural e tecnico-cientffica da ABEn deve estar voltada para os i nteresses da enfermagem e da melhoria da assistencia prestada a popula;ao". 4
As dificuldades fora m mu itas para registrar a nossa cha pa . Tivemos q u e nos mobil izar para tal , com cartas, oficios, solicita;ao de aud iencias para esclarecimento das regras e sempre tfnhamos como resposta 0 Estatuto e 0 Reg imento da ABEn que eram confusos e omissos sobre as regras eleitorais. Tudo isso esta docu mentado na sede da nossa Associa;ao.
AS LUTAS POUTICAS PARAAS ELEI;OES DE 1 984.
Este movimento a utodenomi nou-se, mais tard e , a partir da denomi na;ao da chapa q u e concorria as elei;6es como MOV I M E NTO PART I C I PA;AO, com 0 objetivo de rom per c o m a trad i;ao da entid ade . A prod u;ao i ntelectua l d e enfermeiros era baseada especial mente e m com po n entes tec n i cos d a assiste n c i a c u rativa , nao conte m p l a n d o a compreensao d a determina;ao social do processo saude doen;a . ( Ol iveira , 1 990)
Ass i m , aceita ndo 0 d esafio, enca becei a chapa d e oposi;ao, que pela pri meira vez
4 Manifesto 'Paticpayao na ABEn -gestao 84/88
A prop6sito do movimento . . .
apresentava tambem enfermeiros d o sexo masculino, para a s elei;oes d e 1 984 para um mandato de q u atro anos, 84/88, tendo como compa nheiros de chapa, para vice-presidente , Maria Henriqueta Luce Kruse, do Rio Grande do S u i ; primeiro-secretario, Jorge Lorenzetti, de Sa nta Catari n a ; segunda-secretaria , Stella Barros, da Bahia; primeiro-tesou reiro , Eduardo Kascher de saudosa memoria -, de M i nas Gerais; como segunda-tesou reira , Isabel dos Santos , de Perna mbuco; Comissao de Leg isla;ao ; Joao Carlos Pedraza n n i , de Sao Paulo, Comissao de Publica;ao e Divulga;ao, Sandra Mendes, do Rio Grande do Sui; para a Comissao d e Servi;os de Enfermagem, Therezinha Nobrega da Silva , do Rio de Janeiro; para a Comissao de Atividades Cientificas e Documenta;ao, Maria da Gloria Miotto Wright, do DF; para a Comissao de Educa;ao, Rai m u nda Germano, do Rio Grande do Norte; e para 0 Conselho Fisca l : M aria Rodrigues da Concei;ao , do Ceara ; Alcineia Eustaquia Costa , de M inas Gerais e Creso Machado Lopes , do Acre.
Tratamos de redigir imediatamente outr� manifest05 no qual faziamos tambem a exorta;ao aos profissionais com preocu pa;oes e criticas quanta a condu;ao da ABEn e a assistencia a saude oferecida pel os governantes e tam bem pelos profissionais de enfermagem. Afirmamos que a l uta dos enfermeiros passava pela luta de toda a enfermagem. Finalmente, conclamamos a todos para uma atua;ao na ABEn no sentido de u niao para ganharmos as elei;oes da ABEn em 1 984 , com u ma chapa q u e denominamos PARTICIPAyAo.6
D u ra nte todo 0 periodo de campanha fizemos varios oficios a d iretoria d a entidade sol icita ndo esciareci mentos , ficando todos nos sem resposta . Fomos surpreend idos com uma noticia d e que a nossa chapa Participa;ao nao poderia concorrer as elei;oes , pois nao estava dentro das normas. Tomamos a delibera;ao de ir a ABEn, eu e a Professora Maria da G loria Miotto Wright e, com a autoriza;ao da Secretaria Executiva consu ltamos as listas de socios q u ites dos estados tidos como nao esta ndo em ordem, Bahia, Rio de Ja neiro , Amazonas, Parana e Rio Grande do S u i e verifica mos que as d itas irregularidades avocadas a Chapa Participa;ao ta mbem eram as da Chapa da situa;ao, denominada Compromisso. Fa ltava m alguns curriculos , alguns componentes nao constavam da lista de socios quites. Assim redigimos uma deciara;ao em 1 8 de novembro de 1 983 comunicando a Diretoria da ABEn que la entramos com a aqu iescencia da Secreta ria Executiva , e nao invad imos a sede como foi largamente noticiado , e verifica mos as d itas i rregularidades . Diante disto pressionamos e a nossa chapa foi inscrita .
Ja haviamos redigido em 1 4 de novembro de 1 983 u m oficio a diretoria da ABEn Central solicita ndo esclarecimentos sobre a composi;ao das comissoes q u e i riam orientar, dirigir e controlar 0 processo eleitora l ; sobre as regras q u e iriam d isciplinar 0 mesmo em todo 0 pais quais os proced i mentos , os mapas, a loca liza;ao e 0 tipo das ca bi nes e das urnas eleitorais, a indica;ao dos fiscais e solicitando, ainda, u ma reuniao para esses esciarecimentos. A res posta nos foi dada pelo oficio n . 698/83 da AB E n , assinado pel a primeira vice presidente, d . I zaura Lopes de Godoy. : U( . . . ) cumpre-nos esciarecer que todos os itens q u estionados encontra m-se esclarecidos no Estatuto e/ou no Regulamento Geral da ABE n , razao porque estamos enviando em anexo , copia dos referidos docu mentos".
AS ELEICOES, A AN U LACAO DOS VOTOS, AS LUTAS POLfTICAS NAS ASSEMBLEIAS DE DELEGADOS E AS LUTAS JUDICIAIS.
Em 20 de novembro de 1 983 encaminhamos nova correspondencia a Diretoria da ABEn
5 Mamfesto dos candldatos a diretoia nacional e das se;6es, discutldo par toda a categoria que estava engajada.
6 Paticipa;eo, par si s6, ja denota va uma nova forma de conceber a ABEn, que era ellista e que exercia suas fun;6es, autontariamente.
ROSSI , M . J . dos S .
Central reafirmando os termos da carta anterior, estra nhando 0 fato de nao terem side dados os esciareci mentos das regras pela Comissao de Prepar� de Chapas e tambem d e n u nciando 0 fato de q u e colegas da atual d i retoria tinham forte i nfl u E ncia sobre a mesm a . Esta carta foi assi nada por m i m , por Maria H enriq ueta Luce Kruse e por Maria da G loria M iotto Wrig ht, todas membros da chapa Participa;ao.
Fizemos materias para os jornais denunciando as manobras, 0 que me valeu uma queixa cri m e , um processo aberto pel a senhora Circe de Melo Ribeiro em nome da diretoria , pois em momenta algum citavamos nomes , mas a d i retoria como u m tod o .
Nao e d iffcil entender e pensar n a s d ificuldades p e l a s q u a is passamos todos , e em particu lar eu - uma negra - com pretensoes ate entao i n imaginaveis de ser presidente de u ma associa;ao nacional de enfermeiras e enfermeiros .
Oliveira ( 1 99 1 , p . 38) afirma q u e : "0 Movimento Partici pa;ao e u m processo de l uta e interven;ao pol ltica interna e externa , gerado pela propria crise da E nfermagem Profissional e da sociedade brasileira , configurada como uma crise de identidade do enfermeiro, de sentimentos e ideias, dos costumes e tradi;oes, da ciencia da enfermagem, das praticas pol lticas (passividade, cola bora;ao com 0 " status qud' ou combatividad e ) , bem como em razao da desva loriza;ao econ6mica e social do trabalho da enfermage n . "
C o m o podemos verificar, a s enfermeiras e o s enfermeiros falavam em n o m e de toda a enfermagem embora nao fosse permitida a fi lia;ao d e outros profissionais da enfermagem, como auxiliares e, somente uma porcentagem de tecnicos de enfermagem naABEn, confundindo a profissao com 0 campo profissiona l .
A se;ao de Santa Catarina, tinha, como proposta , criar u m a (mica entidade d a enfermagem, na qual todos pudessem ter voz e voto . Mas essa perspectiva ficou isolad a , embora tivesse 0
apoio do Rio Grande do S u i , Rio Grande do Norte e parte da B a h i a , apenas para os Tecn icos de E nfermagem . A proposta mais ampla de fi l ia;ao de todos os pertencentes ao campo profissional nao foi apoiada pela ampla maioria dos profissionais enfermeiros l
A sessao de homologa;ao das chapas se deu em reu niao fechada durante 8 horas e d a r s a i u uma comissao formada pelas enfermeiras Josefina de Melo, Sandra Mendes e Maria Cecilia Pu ntel de Almeida para prop�r-nos u m acordo de damas para 0 bom andamento do processo eleitora l . Mas as propostas nao era m claras e, nos presentes , e u , Maria Henriqueta Luce Kruse, Arilda de S. Sabas Pucu e Maria da Gloria M iotto Wright reivindicavamos direitos iguais para as duas chapas sem a devida resposta . As reivindica;oes de nossa parte se fizeram mais insistentes e, assim, a enfermeira Eleusa Gereba de Farias da Comissao de Apura;ao exped iu u m docu mento em 23 de dezembro, ainda incompleto e u m seg undo docu mento q u e nao explicitava a i nda 0 q u e sol icitavamos . Assim , red igimos u m outr� documento esclarecendo as
nossas preocu pa;oes e
ja
prevendo 0 q u e aconteceria depois.A Comissao Especial de Apura;ao para a Consolida;;ao dos Resultados e mapas das se;;oes e apura;;ao inal dos resultados composta pelas enfermeiras Clelia Marcia Cordoba - presidente , Maria Lucia M . Pinha, secreta ria e Maria do Socorro Nascimento, mesaria , estava assessorada pelas enfermeiras Circe de Melo Ribeiro , Izaura Lopes de Godoy, Terezinha Urio do Patrocfnio , Maria Edna Frias Xavier e Judith Feitoza , todas pertencentes a Diretoria da ABEn e , pelo seu advogado, dr Jorge Vinhaes, que tinham aces so a todos os documentos de apura;ao, embora estivessem presentes os fiscais da chapa Partici pa;ao que apresentaram varios protestos. A reu niao rea lizou-se d u rante os d i as 1 8 , em horario comercial e 1 9 d u ra nte todo 0 dia ate as 6 horas do dia 20/4 .
Feita a consolida;ao dos dados , varios estados tivera m seus votos anu lados da ndo a
7 V Proposta de Reformia9ao do Estuto da ABEn, no seu at 10 apresentado pe/a Se9ao Santa Catarina.
A prop6sito do movimento . . .
vitoria a chapa Compromisso, patrocinada pela diretoria . Durante esse processo varios protestos foram registrados pelas nossas fiscais, para cada anu la;ao anunciada: Arilda de S.Sabas Pucu , apresentou sete protestos demonstrando, por exemplo que um membro da Comissao de Apura;ao da ABEn Central fu ncionou como fiscal credenciado da chapa situacionista no Hospital Presidente Medici , em Brasila e tambem como presidente da Comissao d e Apura;ao da mesma se;ao.
Outros motivos apresentados para as anula;6es, foram interrup;ao de horario das elei;6es mesmo com as atas apresentando os motivos; encerramento da ata do primeiro dia de vota;ao q u e nao d everia ser interrompida , etc. Fidelia Vasconcelos de Lima apresentou outros tres protestos. A colega Maria Angelica Gomes tambem estava presente como fiscal da Participa;ao. Convem ressaltar que a mobil iza;ao das apoiadoras da Chapa Compromisso se fazia tambem, mas, em geral eram oficiais, atraves informativos da entidade, como por exemplo 0 da Dra Taka Oguisso presidente da Se;ao/S P que enfatizava :
"E h�ra , pois, de repensarmos a E nfermagem , analisando quem e que grupos estao se candidatando as elei;oes da ABEn-Central e se propondo a conduzir os destinos da classe;
analisando como 0 grupo se organizou para racionalizar trabalhos e para melhor utilizar os poucos recursos existentes. E utopia pensar que a D i retoria eleita podera a todo instante consu ltar colegas de todo 0 B ras i l , n u m pais de d i m ensoes conti nentais como 0 nosso . N u nca havera recursos suficientes para financiar tantas viagens e reunioes." (grifo nosso).
E mais adiante : "Por que nao prestigiarmos quem ja mereceu aclama;ao nacional da propria classe , numa j usta e merecida homenagem, prestada pela propria Assembleia de Delegados da ABEn, por decisao unanime votada para outorgar 0 titulo de Membro Honorario a Dra Ivete Ribeiro de Oliveira , em 1 975?"
Como previamos, ganhamos as elei;6es , segundo 0 nosso relatorio com 2859 votos contra 2566 da chapa da situa;ao, mas a d i retoria conduziu 0 processo anulando varias urnas de forma a nao possibilitar a nossa vitoria, alegando i rreg u laridades . Dai em diante, foi uma gra nde l uta pol itica , jurid ica e policial mesmo, com grande mobiliza;ao - que nao e 0 caso de aprofundarmos aqui - e em dois anos fomos convocadas a fazer um acordo, pela entao presidente, Maria Ivete Ribeiro de Oliveira .
A mobil iza;ao foi mu ito grande em todo 0 pa is com discussao nas se;6es sobre 0 processo eleitoral , publicidade em todo 0 Brasil em n ivel loca l , telegramas enviados a diretoria questionando a situa;ao, protestando sobre 0 relatorio da Comissao de Apura;ao, repudiando as manobras realizadas e , fi nal mente q uestionando a a n u la;ao dos estados apenas para a elei;ao nacional e dando validade as elei;6es regionais realizadas no mesmo pleito. Consultamos a OAB para entrar com medida cautelar contra a validade do resu ltado.
A Se;ao SC publicou uma CARTAABERTA A ENFERMEIRA MARIA IVETE RIBEIRO DE OLIVEIA contesta ndo afirma;6es por ela feitas e desafiando-a "a provar suas acusa;6es e a tomar uma atitude digna, aceitando a d ecisao da maioria , recusando-se, assi m , a assumir bionicamente a ABE n , pela dignidade da profissao e da E ntidade." (grifos no texto) .
A a;ao judicial ordinaria de Anula;ao d a s elei;6es , impetrada pela Chapa Participa;ao tambem foi arquivada uma vez que houve posterior negocia;ao.
Apos as anula;6es a mobil iza;ao ocorreu em varios estados do pa is de forma mu ito intensa , como ( BA, ES, PR, C E , D F, RS , Ribeirao Preto/S P, R N , SC, S E , AL, M G , GO, M, P B , PI , MA, e parte do RJ ) com 'cartas-abertas' para os enfermeiros nos estados em que os votos foram anulados e em outros estados em solidariedade ao movimento. Em julho de 1 984 a presidente da AB En, Dra Circe de Melo Ribeiro assina um comunicado oficial aos enfermeiros , intitulado 'Elei;6es da Associa;ao Brasileira de E nfermagem - 1 984/1 988 , q u e contem 0 item F LAS H ES DAS I RREG U LARI DADES Q U E C U L M I NARAM COM A AN U LA;Ao DE VOTOS parciais ou totais das se;6es PA, SC, RS, BA, DF, RJ , P B , ES, GO, MT e S E , alem dos
ROSSI , M . J . dos S .
Oistritos de U berlandia em MG), N itero i , Petropolis, Volta Redonda, no RJ , Bauru e Sorocaba em SP, e Londrina no PR.
Alem das raz6es apresentadas para as a n u la:6es 0 comunicado oficial afirmava a i nda que: "( .. . ) a Oiretoria da ABEn, por u n a n i midad e , a provou a i nstala:ao d e u m processo na j usti:a contra Maria Jose dos Santos Rossi , para q u e ela possa provar todas as suas alega:6es registradas pela i mprensa e contidos em outros documentos distribu idos aos enfermeiros" .
o req uerimento para 0 processo d e Q U E IXA C R I M E dirigido ao Meritissimo J u iz da 7a vara Criminal de Bras ilia, data de 1 1 d e maio d e 1 984 e versa sobre Calunia e Oifa ma:ao , foi assinado pelo advogado da entidade Dr Jorge Alberto Vinhaes e afirmava que "A u nica of end ida por u ma questao d e economia processual e a O. Circe d e Melo Ribeiro, pois a calunia foi d i rigida a toda a d iretoria da ABEn - Associa:ao Brasileira d e Enfermagem , mas buscando simplificar as coisas a Presidente fica como u n ica of end id a ; ( .. . ) "
E m 26 d e j u n ho fu i citada como 'q uerelada' e constitu i como advogado a Ora Heri lda Bald u ino de Souza . Esse processo nao foi a frente. Finalmente foi arq u ivado . Varias cartas e telegramas de solidariedade me fora m enviados d e todos os estados do Brasil , alem d e uma campanha de levantamento de fundos para 0 pagamento de advogado.B
o CONGRESSO DE M INAS GERAIS - A POSSE NO CLUBE DOS OFICIAIS
o XXXVI Congresso Brasileiro de Enfermagem real izou-se em Belo Horizonte de 28 de julho a 03 de agosto de 1 984 em u m clima pol itico mu ito d ificil, d e animos acirrados onde se daria a posse da Chapa Compromisso d epois d e todo esse processo dolorido e de serias d ificuldades pol iticas e relacionais, como em toda crise pol itica .
Teve como Temas Oficiais: Tema I , Oesenvolvimento e Saude compreendendo diversos subtemas; Tema l l . Rela:6es de Tra balho e saude com varios su btemas; e Tema I I I 0 papel social da mulher e sua infl uencia na saude, tambem com varios s u bte mas, no M I NASCENTRO de Belo Horizonte.
AAssembleia Extraord inaria de Oelegados que validaria as elei:6es estava prevista para o dia 28 d e j u lho, sabado , durante todo 0 dia e , no domingo, dia 29 d u rante todo 0 d i a estava prevista a Assembleia Ord i naria de Oelegados , no Campus da Saude da U MG antes da sessao solene de abertura do mesmo, que seria as 2 1 horas do dia 29 de julho. A posse da nova diretoria seria realizada no Clube dos Oficiais, em Assembleia de Oelegados, apos nova AO das
14 as 1 8 horas no dia 03 de agosto .
No seu discurso de boas vindas aos participantes a Presidente da ABEn - MG, enfermeira Maria Jose da Silva ( 1 984), Presidente da Comissao Executiva do Congresso saudou os mesmos enfatizando q u e "M inas e tambem um centro de ideais democraticos, de sentimentos d e nacionalidade e de grandes movimentos de liberta:ao naciona l . Basta lembrar que daqu i partiu a primeira tentativa de liberdade dos ideais dos Inconfidentes, que sonhavam com a independencia da patria." (Silva, [1 984))
Seguida pela Presidente da ABEn Central, Ora Circe de Melo Ribeiro afirmou , enfatizando a i m porta ncia do E ncontro em M i nas G e ra i s : "( . . . ) Estado onde brotara m os ideais d e independencia que sempre nortearam 0 povo brasileiro".
Parecia ironia do destino! ! !
Seguiram-se outros oradores, 0 Secretario d e Saude Dr. Oario Faria Tavares e 0 Ministro da Saude, Dr Valdir Arcoverde .
A segunda Assembleia Ord i naria de Oelegados convocada pela Presidente da ABEn foi i nstalada no horario previsto , mas a vota:ao da pa uta foi m u ito q u estionada, pois 0 assu nto a
8 Arquivos da ABEn Naeiona/
A prop6sito do movi mento . . .
ser colocado em pauta seria 0 das eleigoes e a diretoria resistia aos d iferentes pedidos e solicitagoes das segoes para q u e 0 assu nto eleigoes fosse colocado como prioridade para ser discutido . Dia nte da insistencia da AD para q u e se discutisse 0 assunto , e em fu ngao dos segu idos discursos sobre 0 mesmo tema , a Presidente se retirou do plenario, acompan hada pelos membros da Diretori a , com excessao das enfermeiras Maria Cecilia Pu ntel de Almeida e Sandra Maria de Abreu Mendes e por alguns delegados, sem consu lta aos membros da AD e mu ito menos deliberagao da mesma, q u a ndo estava sendo d iscutida a competencia da AD. com alguns membros inscritos para fazerem seus pronu nciamentos .
A sessao foi suspensa momentaneamente e varios delegados ficaram indignados e conti nuaram a man ifestar a sua d iscordancia com a Diretoria e propondo que fosse dado conti nu idade aos trabalhos, com base no Estatuto e no Regulamento da AB E n ; tendo tambem respaldo no parecer de u m advogado da U F M G , Dr. Nauro Borges de Rezende, que ali compareceu sol icitado por membros da Chapa Participagao conforme sugestao da senhora Presidente Ora Circe de Melo Ribeiro , q u a ndo ainda presidia os trabalhos.
Ele afirmava que "Despacho judicial indeferindo a liminar de posse da chapa proclamada eleita pela Diretoria d a A B E n , nao constitui imped itivo legal para que a AD . , instancias maxima de deli beragao da entidade, d iscuta e deli bere sobre 0 assu nto. Tambem opi nou acerca da legalidade da continuagao dos trabalhos desde que este fosse 0 desejo dos delegados presentes" (AB E n , 1 984). Foi aprovado por acla magao do plenario a conti n u idade dos trabalhos e a constituigao de u ma M esa Diretiva , composta pelas delegadas Clelia Soares Burlamaq u e , Vice-Presidente em exerc icio da Presidencia da Segao RS e Dilma N eto Menezes , Presidente da Segao P E . Estavam presentes 91 delegados representando 1 9 Segoes .
Esses delegados votaram man ifesta ndo-se em desacordo com a decisao da Diretoria , propondo-se discussoes sobre d uas propostas: 1 . a proclama�ao d a vitoia d a Paticipa�ao ou 2. anula�ao das elei�6es. E m nome da Chapa Participagao eu e Maria H enriq ueta Kruse haviamos procurado a Ora Maria Ivete para que ambas as chapas abrissem mao das candidaturas para convocagao de novas eleigoes nao tendo sido aceito tal acordo.
A primeira pro posta colocada em votagao proclama�o da vitoria da Paticipa�ao foi rejeitada par quarenta e oito votos contra por q uarenta e um votos a favor, e duas abstengoes , estando a AD d ividida q u a nto a essa q uestao. (AB E n , 1 984 a )
A outra pro posta votada foi a de anula�ao das elei�6es com constitui�ao d e uma Diretoria Provisoria, aprovada com oitenta e nove votos a favor e dois contra . Assim fora m constitu idas as Comissoes Diretivas Provis6rias em n ivel Nacional e nas Segoes .
Foi feita uma petigao por decisao da AD a Presidente da ABEn para q u e ela convocasse uma AD para apreciar e a provar a ata da reu niao do dia 29 em pri meiro de agosto do mesmo ano. Nao tendo side aceita pel a Presidente, foi convocada nova reuniao que teve como presidente e secretaria , Clelia Soares B u rlamaque do RS e Nair Portela Coutinho do MA.
Apes a aprovagao da ata , passou-se aos outros assu ntos . Entreta nto i nformou-se q u e , preocu pados c o m a negativa da senhora Presidente, o s Presidentes d a s Segoes RS, SC, R N , PE, M A , AM , BA, S E , E S e P I real izaram uma reu n iao com a presidente da A B E n Central a s doze horas e tri nta minutos do mesmo d ia para fazer ponderagoes, m a s e l a respondera q u e daria posse a Ora Ivete e s u a chapa Compromisso, proclamada eleita , no pr6ximo dia tres de agosto e q u e a q u estao ja estaria na justiga . (AB E n , 1 984 b)
A delegada Denise E lvira Pires d e Pires propos que se constitu isse Comissao Diretiva Provis6ria em su bstitu igao ao termo Diretoria Provis6ria e q u e essa fosse composta por sete membros, sendo tres do OF, um da BA, um do RS , um de MG e um de SC . , pro posta q u e foi aprovada por unanimidade. Compuseram a Comissao Diretiva Provis6ria por indicagao da Segoes as delegadas : por SC, Eliana Marilia de Faria ; pelo OF, Arilda de S .Sabas Pucu, Maria Aparecida Gussi e Erl ita Rodrigu es dos Sa ntos; pel a BA, Maria Jenny S ilva de Ara ujo ; pelo RS, Clelia Soares Burlamaque; por MG, Maria Auxiliadora C6rdoba Crist6foro. Os nomes foram aprovados
ROSS I , M . J . dos S .
p o r u n a n i midade. F o i enfatizado sempre p o r n o s (AB E n , 1 984 b) a Unidade d a ABEn e q u e a cria;ao das Comissoes Diretivas Provisorias, como 0 nome ja indicava tinha carater provisorio de enca m i n ha mento do processo judicial e a implementa;ao das medidas dele decorrentes e nao era para criar uma outra entidade, como aconteceu com a cria;ao da Associa;ao Brasileira de Educa;ao em Enfermage m , AB E E .
A posse da Chapa Compromisso s e d e u no Clube dos Oficiais em situa;ao de tumu lto e persegu i;ao policial as lideran;as do M P. 0 H i no Nacional entoado por todos os enfermeiros que nao concordavam com a situa;ao nos livrou de sermos presos , dentro do Clube de Oficiais pela movimenta;ao e impossibilidade da continuidade do ritual previsto para a posse. Em virtude das d ificuldades e da i nseguran;a houve uma reu n iao com 0 governador do Estado Tancredo Neves . Foi , ta mbem, ma ntido contato com Presidente da OAB de M inas Gerais, coordenador de Direitos H u manos, 0 Dr Jose Alfredo Baracho para nossa orienta;ao geral, na sua residencia , cujo contato foi feito por m i m mesma e pela Professora Ora Maria de Lourdes Souza de S C . Estavamos em situa;ao de perigo.
Foram contatados tambem, por razoes de seguran;a dos membros da Chapa Participa;ao, o Comando de Greve dos professores da U F M G , 0 Pro Reitor de Pos-Gradua;ao e Pesquisa da U F M G , Dr. Evandro Mirra , hoje Presidente do C N Pq e o Deputado Federal pela Bahia, Haroldo Lima.
AS COMISSOES DIRETIVAS PROVISORIAS (CDP)
A denomina;ao Comissao Diretiva Provisoria como ja afirmamos , foi proposta pala colega Denise Pires da Se;ao SC. 0 procedimento da Comissao Diretiva Provisoria Nacional foi repetido no n ivel regional , constitu i ndo-se Comissoes Diretivas Provisorias nos estados onde 0 pleito foi a n u lado. Elas tinham como fu n;ao conti nuar a mobiliza;ao, acompanhar os processos na justi;a e encaminhar as atividades das Se;oes . 0 'per capita' das se;oes cujos votos fora m anulados foram depositados em ju izo, dificultando as a;oes e decisoes da Diretoria empossada .
A N EGOCIACAo D A DIRETORIA DA ABEN E A M U DANCA DE ESTATUTOS - NOVAS ELEICOES PARA 1 986
Nos pri meiros d ias de setem bro de 1 985, depois de u m ana de gestao com mu itas d ificuldades, a Presidente da ABEn Centra l , Ora M aria Ivete encarregou a Vice- Presidente da mesma, Senhora Clarice J u d ith Ribeiro Cazolla para me contatar, propondo a pacifica;ao das enfermeiras e dos enfermeiros e da ABEn aos membros da Participa;ao.
Tendo side convidada pela Vice-Presidente para uma reu n iao, contatei os mem bros da Comissao Diretiva Provisoria Nacional e no dia q uatorze de setembro realizamos uma reu niao na sala de reu nioes do Departamento de Medicina Geral e Comunitaria da U niversidade de Bras ilia, com os seg u intes membros: Pela Diretoria da ABEn Central as enfermeiras: D. Clarice J u d ith Ribeiro Cazolla, Vice- Presidente; D. Neide Maria Freire Ferraz, Coordenadora da Comissao d e E d u ca�ao ; D. N a lva Pereira Caldas, Coord e n adora d a Comissao d e Servi�o de Enfermagem ; D. Maria J ose Schmidt, da Comissao de Reformu la;ao dos Estatutos d a AB E n . Pela C h a p a Participa;ao: Maria Jose d o s Santos Rossi , como representante do ' Movimento Participa;ao' , e os Presidentes das Comissoes Diretivas Provisorias seg u i ntes : Victor H ugo Della Valentina do RS; Jonas Salomao Spricigo de SC; Rita de Cassia Duarte Lima do ES, e Louralina M aciel Menezes de S E .
A reu n iao foi presidida pela senhora Vice-presidente q u e propos a pa uta e teve como decisoes u n a n i mes os pontos seg u intes : 1 . Elei;oes nos q uatro estados que estavam com Comissoes Diretivas P rovisorias: RS , SC,ES e S E ; 2 . Red u<;ao do mandato das Diretorias da ABEn Central das Se;oes e dos Distritos; 3 . Regulariza;ao do 'per capita' proposto pela Diretoria
A proposito do movimento .. .
d a ABEn Central e 4 . Realiza;ao d o XXXVI I I Congresso Brasileiro de Enfermagem n a cidade do Rio de Janeiro.
A Vice-presidente se comprometeu a levar essa decisao como pro posta para a AD de Recife, em 16 de novembro de 1 985 "comprometendo-se a reformular 0 Estatuto vigente, inciuindo no ca p itulo das Disposi;6es Transitorias, a red u;ao do mandato das atuais d i retorias ( . . . )" (AB En, 1 985)
e as elei;6es deveriam ser realizadas com base no novo Estatuto que deveria ser aprovado na AD convocada para esse fi m . A posse dos eleitos deveria se dar no Rio de Janeiro , em outubro de 1 986, no XXXVI I I CBEn.
AAD, entreta nto decid i u q u e AS E L E I ;OES D EVERIAM S E R G E RAIS E M TODAS AS SE;OES E D I STRITOS , red uzindo assim 0 mandato de todas as d i retorias.
Feitos os reparos no estatuto, formamos nova chapa para novas elei;6es, com a mesma base : e u , como Presidente; Stella Barros , da Ba hia, como Vice; Rita de Cassia Duarte Lima, do Espirito Santo, como Pri meira Secreta ria ; Terezinha Fra ncisca Moreira , de M inas Gerais, como Segunda-Secretaria ; Madge Lima Leite, de Goias, como Primeira-Tesoureira; Vitor Hugo della Valentina, do Rio Grande do S u i , como Segu ndo-Tesoureiro; na Comissao de Educa;ao, Abigail Moura Rodrigues, do Rio Grande do Norte; na de Legisla;ao, Jorge Lorenzetti de Santa Catarina; na de Publica;6es e Divulga;ao, Clelia Soares Burlamaq ue, do Rio Grande do Sui; na de Servi;o de E nfermagem, l ara de Moraes Xavier, do Rio de Janeiro; no Centro de Estudos e Pesq uisa em Enfermagem , Sem iramis Melani Melo Rocha, de S . Paulo. E , no Conselho Fiscal: Marilene de Andrade Uchoa, do Para ; Edelita Coelho de Ara ujo , da Bahia e Jonas Salomao Spricigo, de Santa Catarina.
Cha madas as elei;6es haviam duas cha pas e sa imos vencedores com a Chapa Participa;ao. Nao houve problema , pois as regras tinham side abertas e negociadas. 0 processo foi claro e sem d ificuldades, fora aquelas comuns em campanha eleitora l .
AS ELEICOES NEGOCIADAS E A POSSE DA PARTICIPACAo N O RIO D E JANEIRO
A nossa posse no Rio de Janeiro se deu no XXXVI I I C B E n ; este aconteceu entre 20 a 24 d e outu bro de 1 986. Teve como Tema Oficial - Os 60 a nos da ABEn e a Enfermagem Brasileira , constando tres temas : 1- A contribu i;ao da ABEn na Educa;ao , na Constru;ao do Sber e na Pratica da Enfermagem; Tema 11- A questao da M u l her e a Profissao de Enfermagem; I I I- AAssistencia de Enfermagem nos Progra mas de Saude. Realizou-se no Hotel Nacional, em meio a uma grande expectativa da categoria e uma grande ansiedade diante das pergu ntas que nos mesmos nos faziamos de como seria 0 evento. Foi um momenta de grande emo;ao para mim e para os combativos profissionais de todo 0 pais. Representou aABEn nessa oportunidade, a Vice- presidente D. Clarice Cazolla que nos passou a presidencia sem ma iores dificu ldades e , depois, no i n icio da gestao mu ito nos aj udou na sede.
AS M UDANCAS ESTRUTURAIS PROPOSTAS - NO NOVO DESENHO DA ENTIDADE
Procu ramos compreender a entidade do ponto de vista gerencial para intervir na sua estrutura e na sua organiza;ao, nas suas rela;6es de poder, na sua capacidade de mobiliza;ao para a partici pa;ao das associadas, nas rela;6es com outras entidades de enfermagem e da saude, nas rela;6es com 0 governo e com as industrias farmaceuticas e de eq uipamentos, e a q uestao do seu financiamento, visto que a filia;ao nao e obrigatoria. Nessa oportunidade iniciava o meu doutorado em ' Iti nerarios I ntelectuais e Etnografia do Saber' no departamento de Antropologia da U N I CAM P, afastada das minhas atividades docentes.
Dos membros da Diretoria, apenas eu morava em Brasilia. Para responder aos desafios do dia a dia da sede e do Bras i l , tive q u e , mu itas vezes deixar minha atividades academicas
ROSS I , M. J. dos S .
para responder as q uest6es colocadas pelo cargo e pela categoria , embora trabalhassemos em uma especie de colegiado onde as decis6es era m coletivas . 0 telefone era 0 nosso instru mento de trabalho.
Dentre as muda n�as estruturais que conferimos foi a mudan�a de Estatuto cria ndo 0 Conselho Nacional da AB E n , 0 CONAB E N , composto pelas presidentes de Se�ao que agora tinham um f6rum de discussao e de decisao como instancia i ntermed iaria entre a Assembleia N acional de Delegados , a AN D e a Diretoria Nacional da ABE n . I sso nos ajudava nas decis6es porq u e eram mais cabe�as pensa ntes e representativas para a tomada de decisao e facilitava a tomada de temperatura da categoria , alem do q u e nos a l iviava de mu itas viagens, pois as presidentes das Se�6es pod iam nos representar nos eventos pelo Brasil afora .
Mudamos a estrutura dos C B E n , ( Ross, 1 98 7 , p . 1 2 ) os temas e as rela�6es com a s m u ltinacionais de eq u i pamentos e de med ica mentos , 0 q u e n o s valeu mu itos aborrecimentos na categoria . "Consideramos 0 CONAB E n , 0 meio pelo q u a l faremos e (fazemos) a integra�ao da entidade na medida em que as se�6es estao integradas no processo de decisao da entidade. Os problemas das categorias que comp6em a A B E n e m cada estado, sao refletidos e trabalhados em conju nto com vistas a compreensao d e q u e somos uma u n ica entidade, que a diretoria nacional ou central, como chamamos, e apenas u m '6rgao executive da pol ftica formulada pelas i nstancias; ( . . . ) . "( Ross/; 1 98 7 , p. 1 2)
OS EIXOS NORTEADORES DA GESTAO -AS REACOES COM AS MULTINACIONAIS DE EQUIPAMENTOS HOSPITAARES E DE MEDICAMENTOS
A chapa manteve 0 mesmo progra ma com os cinco e ixos norteadores :
1 . Refletir sobre 0 processo de trabalho de enfermagem na organiza;ao dos
sevi;os de saude numa sociedade capitalista; 2. Construir um projeto de enfermagem para assistencia e organiza;ao dos sevi;os de saude; 3. Prop�r em conjunto com as demais entidades de enfermagem a defi n i ;ao de u m a p latafo rma nacional de desenvolvimento da categoria com formas de lutas unitarias; 4. Desenvolver um programa nacional de profissionaliza;ao (enfermeiros, tecn icos e atendentes de enfermagem) e sua absor;ao no mercado de trabalho; 5. Implantar uma campanha nacional de socios atraves de atividades concretas de organiza;ao da categoria. (ABE n , 1 989)
o Movi mento Participa�ao, em sua primeira g estao (86/8 9 ) , sob a minha presidencia , refletiu as contradi�6es pol fticas e ideol6gicas do momenta brasileiro e da categoria e introduziu nova visao da enfermagem do seu processo d e trabalho e nova d i n a mica de trabalho para a enfermagem.
Okve/ra ( 1 990 , p. 1 33) afirma que:
" P a ra 0 M o v i m e nto P a rt i c i pay80 ( M P ) e fu n d a m e n ta l 0 p rocesso d e g e ray80 d e u m conhecimento novo q u e s e origine da explicitay80 d a s raizes da crise d a E nfermagem , 0 que se da atraves do pr6prio desvendamento do processo de trabalho, passando a ser este 0 fio condutor do movimento intelectual que se amplia nos 39°, 40Q e 4 1 Q Congressos Brasileiros de Enfermagem ( C B E n ) , no 5Q S e m i nario de Pesq u i sas em E nfermagem ( S E N P E ) , nas defin iyoes de pol fticas da categoria e na pratica de enfermagem profissional neste momento '"
Enfrentamos contrad it6rias postu ras ideol6gicas e pol iticas el itistas, entre as q u a is a resistencia dos s6cios- a fil ia�ao de outros atores do campo na sua associa�ao (auxiliares , tecnicos de enfermagem e enfermeiros praticos) .
H avia e ha a i nda na profissao , uma cren�a de q u e a enfermagem e u m a cienci a . Na verdade ela e uma pratica social como acentua Foucault
(
1 99 5)
; havia a cren�a de q u e asA proposito do movimento .. .
agoes de enfermagem sao apolfticas ; esta postura apresenta serias i ncoerencias te6ricas e praticas, e um discurso que nao se sustenta na pratica realizada . 0 M P nao conseguiu reverter e transformar essas posturas , mas plantou a semente .
OS CONGRESSOS DE 87 NA BAHIA, DE 88 NO PARA E 89 EM S.CATARINA
o primeiro Congresso da nossa gestao foi realizado na Bahia entre 23 e 27 de novembro de 1 987. Teve como tema 0 trabalho na Enfermagem "temas que nos instru mental izara m para a compreensao da luta da enfermage m . " ( RossI; 1 989, p . 25.28)
Mod ificamos a estrutura dos C B E n s , criando u m momenta d e 'analise da conju ntura brasileira' com 0 objetivo de se conhecer 0 'estado da arte' da sociedade brasileira no q u e diz respeito aos seus aspectos pol iticos , econ6micos e sociais.
Foram mod ificadas as nossas relagoes com as multinacionais de medica mentos e de eq uipamentos farmaceuticos que antes davam opiniao e ate definiam as bancas examinadoras dos premios cientfficos . Assi m nos expressamos naquela oportu nidade: " N ao negociamos e nem negociaremos a nos sa independencia enquanto entidade. Nao aceitamos vender a nossa autonomia por nenhum prego. Oeseja mos apenas q u e as nossas relagoes sejam respeitadas sem, entreta nto , ferir 0 princfpio que nos e caro de autonomia . Autonomia para a entidad e, autonomia para 0 setor (saude) e a utonomia para 0 B rasi l . " ( Rossi, 1 989, p . 1 1 - 1 3)
Naquela oportu nidade tambem nos manifestamos sobre as d iferengas existentes na categoria e na Oiretoria afirmando q u e
" A nossa di retoria constitui-se em u m a u nidade d e i nteresses n a diversidade . ( .. . ) Aproveitamos
os mom entos d e contrad ig80 p a ra aprender, p a ra crescer, e, m a i s a i n d a, para j u ntos exercitarmos as nossas capacidades na construg80 de uma democracia i nterna. Se lutamos pela democracia na sociedade e importante conseguirmos viver democraticamente. Vivemos a riqueza da d iferenga de pontos de vista sem sermos red ucionistas ! E e por isso que crescemos ju ntos. 0 mesmo processo estamos experi mentando com os nossos colegas presidentes das Segoes atraves da i nstancia chamada Conselho Nacional da ABEn ." ( RossI; 1 989, p . 1 2)
Manifestamo-nos ainda sobre a nossa participagao enquanto pessoa e enquanto entidade nos " movi mentos soci a i s de m u d a nga , como Reforma S a n itari a , Constitu i nte e 0 dos Previdenciarios e esta mos preocu pados com 0 estabelecimento do Sistema U n ico de Saude, tanto do ponto de vista tecnico d e competencia das nossas categorias, como do ponto de vista da participagao popular da sociedade civil organizada, dos trabalhadores e tambem dos usuarios
desse sistema ."(Rossl; 1 989, p. 1 2) . .
Stella Barros a Presidente da seg u nda gestao do Movi mento Partici pagao assim se
expressa ;
" Reconstru ir a pratica de enfermagem passa por rever, repensar e refazer esta pratica ( .. . ). Se
ontem era necessario, hoje se torna imprescind ivel a participag80 da totalidade da enfermagem nesse processo, em que cada ator tem sua especificidade nas agoes a serem desenvolvidas. o modelo de ateng80 a saude que propugnamos, deve responder a um projeto de assistencia que garanta a i ntegralidade das agoes, aqui entendida como a problematica de saude da populag80, e portanto , referida a ag ravos a saude, fatores de risco e determ i n a ntes dos problemas de saude. Como tal , deve produzir impacto na qualidade de vida da populag80."
( Barros, 1 990)
o segu ndo C B E n , XL Congresso da primeira gestao do MP real izou-se em Belem do Para , em 1 988, dentro da mesma orientagao. Apresentou como tema A Forga de Trabalho na
ROSS I , M . J . dos S
Enfermagem, cujo pre-cong resso se deu na Semana de Enfermagem teve como tema
�nfermagem e Constitui nte.
N esse Congresso foi apresentado 0 resu ltado dos "Su bsidios para a formula;ao de uma Poi ftica de Profissionaliza;ao sem qualifica;ao especffica empregada no setor saude", para a elabora;ao do "Plano Nacional d e Profissional iza;ao dos Atendentes" conj u nta mente pelas duas Comissoes de Legisla;ao (Jorge Lorenzetti) e de Servi;o de Enfermagem (lara de Moraes Xavier) com as propostas e nviadas pelas Se;oes.
Tambem foi aprovado 0 docu mento " Subsid ios para ela bora;ao de u ma proposta de Curriculo M i n i mo para a forma;ao d e Enfermeiros" formulado pela Comissao de Educa:ao (Abigail Moura Rod rig ues) assessorada pel a Comissao de Especia listas no Ensino d e Enfermagem d a SESu,/MEC (Vilma d e Carvalho) com vistas a elabora:ao d a proposta d e Curriculo para a forma:ao do Enfermeiro.
Ainda estudamos a q uestao da Residencia em Enfermagem, realizamos 0 5° Seminario Nacional de Pesq u isa, publ icamos 0 VI I I volume do Catalogo de I nforma:oes sobre Pesqu isas e pesquisadores em enfermagem, programamos 0 Guia de Literatura em enfermagem, traduzimos o livro de Florence 'Notes on N u rsing" e ed itamos ju nto com a Editora Cortez, tres cadernos d e E nfermagem - Normas e criterios d e atua:ao d o s enfermeiros, 0 caderno sobre 0 ensino d e Pas grad ua:ao e reeditamos 0 caderno d e Virg inia Henderson . (AB E n , 1 988)
Final mente em 1 989 no 41 ° CBEn, e m Florianopolis cujo tema foi Os desafios da Enfermagem para os anos 90, tivemos como su b-temas: Realidade socio econ6mica no Brasil na decada de 80 e perspectivas para os a nos 90; A situa:ao da enfermagem na d ecada de 80; A saude no Brasil na d ecada d e 80 e perspectivas para os anos 90 e 0 conhecimento tecn ico cientifico da Enfermagem e a problematica atual da gestao. Foi uma avalia:ao do nos so trabalho e propostas de l i n has de orienta:ao para 0 futuro.
A INSTITUCIONALIZACAo DO MOVIM ENTO PARTICIPACAo E A ELEICAo DA MINHA SUCESSOA
E ntendo q u e 0 MP e espa:o privi legiado de discussao, de reflexao, de estabelecimento de novos conceitos , proporcionando a forma:ao de novas op:oes de educa:ao com seminarios para a mudan:a de cu rriculo para a enfermagem e de uma pratica hospitalar e com u nitaria engajada no respeito ao outro , concebendo que 0 interlocutor tem ta mbem algo a d izer sobre sua vida, sua saude e seu estado de doen:a e, ate, sobre sua morte .
U m aspecto que defend iamos ardorosamente e que foi levado a contento foi a pluralidade de concep:oes na enfermagem , considera ndo-as como uma matriz d isci plinar ( Kuhn, 1 975) relativizando as diferentes concep:oes filosoficas e metodolog icas na enfermagem, entendendo que todas elas poderi a m , e podem dar, contribu i:ao ao conhecimento especffico da area , pois nenh u ma das trad i:oes tem a visao global do conhecimento, e, pensando que a Associa:ao com essa orienta:ao poderia crescer e dar efetivamente nova dire:ao a nossa profissao (AB E n , 1 989), entendendo, a i n d a , q u e a "democratiza:ao" se da tambem no n ivel d a s ideias.
Ass i m ta mbem, aceitei partici par d a Comissao Nacional d a Reforma San itaria ,9 como representante das enfermeiras e dos enfermeiros. Por estarmos naquele momento mais mobil izadas, termina mos por representar os outros profissionais da saude a exce:ao dos med icos , enfrentando os i nteresses do setor privado.
Redefinimos as rela:oes da entidade com as empresas tecnologicas do Setor da Saude, possibilitando a participa:ao delas com conteudos tecnologicos relevantes para a enfermagem,
9 A Comissao Nacional de Reforma Samfaia (CNRS) foi responsavel pelo capitulo Saude. l7a Consluiyao de 1988.
A prop6sito do movimento . . ,
o que nos causou mu itos problemas com estas empresas, algumas delas chegaram, ate mesmo, ao boicote de suas contribu i:6es , na compra de "stands", nos congressos e a espalhar boatos sobre nos no seio da categori a , evidentemente com 0 a poio da nossa oposi:ao.
Elas participava m "dando as cartas", oferecendo orteios , viagens e hospedagens para enfermeiras em hoteis de luxe para fins pessoais durante os congressos e, nao, para a participa:ao efetiva nas atividades cientificas e culturais; se aventuravam tambem a fazer i nd ica:ao de conferencistas e participa:ao ostensiva nas Bancas de J u lgamento de Premios.
Fora m tambem redefi nidos os criterios para as rela:6es internacionais com nossas congeneres no mundo e tambem foi criado 0 Forum Nacional de Entidades . Apesar dos avan:os e das propostas a cond u:ao desse movi mento, enfrentara m-se mu itas d ificuldades como 0 corporativismo , a participa:ao de maior contingente de associados , a presen:a de atitudes rad icais e atitudes med iadoras e negociadoras entre os membros da propria diretoria e entre os associados , enfim de i ntelectuais que conduziam 0 M P, alem das d ificuldades nas praticas ad m i nistrativas, com a publica:ao e a democratiza;ao do saber prod uzido. Com todos esses percal:os, foi instaurada a nova situa:ao e foram lan:adas as bases para uma nova concep:ao dessa arte de cuidar.
A Comissao de Leg isla:ao , sob a coordena:ao do colega Jorge Lorenzetti real izou u m excelente estudo sobre a entao nova L e i do Exercicio Profissiona l , de forma critica e bem atualizada.
Por motivos fi nanceiros tivemos problemas com a publica:ao da REBEn, durante a nossa gestao cuja coordenadora da Comissao de Publica:ao e Documenta:ao a colega Clelia Soares Burlamaque nao deixou de envidar esfor:os para tal , tendo conseguido publicar poucos numeros da nossa ReBE n embora os nu meros estivessem prontos para a publ ica:ao.
E
de bom tom assinalar que, como trabalhamos em conj u nto , 0 trabalho do Conselho Fiscal m u ito nos ajudou , inclusive com os varios problemas que tivemos com a nossa sede em Brasilia, as reformas que tivemos que fazer para racionaliza-Ia e , ta mbem, com a manuten:ao da mesma.Todas essas informa;6es podem ser encontradas nos documentos existentes nos arquivos da nossa sede.
o final do mandato se deu no 4 1 0 CEBEN, em Sa nta Catarina onde duas candidatas se apresentara m i nternamente, na d i retori a : as colegas Stella Barros, Vice-presidente e Abigai l Moura Rodrigues, entao Coordenadora da Comissao de Educa:ao. Ambas tinham votos n a d i retoria e Stella Barros s a i u como cand idata a s proximas elei:6es .
Consideramos q u e ambas eram excelentes ca ndidatas com uma i mportante ficha de trabalhos prestados a categoria. Mas a colega Stella foi vencedora desse momento. Apresentou se uma outra chapa liderada pelo enfermeira Lourdes Torres de Cerqueira de SP, mas a candidata da Participa:ao foi a vencedora do pleito.
Considerando ter dado a minha contri bu i;ao a ABEn , afastei-me da m i l ita ncia , d u rante mu ito tempo, para tratar da minha vida particular. Em 1 998 fu i surpreendida com a minha ind ica:ao pela U n iversidade de Bras i l i a , apos ter side Pro-reitora de Extensao de 93/97 , para compor a Comissao de Especialistas do Ensino de Enfermagem da S ESu/M EC, tendo aceito. Pela Portaria n. 1 46/98 da SESu , de 1 0 de mar:o, fu i designada membro da Comissao de Especialistas de Ensino de Enfermagem , com mandato de dois anos com mais tres colegas: Maguida Costa Stefanel l i , de Sao Paulo, que declinou i med iatamente, sendo su bstitu ida pel a col ega Matilde Meire M i randa Cadette, de M i nas Gerais; Maria Jenny S i lva Ara ujo, da Bahia, que tambem nao aceito u , sendo su bstitu ida pel a colega Emilia Campos de Carvalho, de Sao Paulo; e Ci lene Aparecida Costardi Ide, de Sao Pa ulo.
N ecessario se faz notar que 0 membro da Comissao residente em Brasilia nao recebe nen h u m jeto n , ou coisa que 0 valha, dedicando-se ao trabalho com suas despesas de a l mo:o, de tra nsporte , pagas do seu bolso .
ROSS I , M . J . dos S .
A g rande tarefa dessa Comissao de Especia l istas foi a primorar a proposta de Criterios de Qualidade para a Avalia;ao e Reconhecimento dos Cursos de G rad ua;ao em Enfermagem e esta belecer as Oiretrizes C u rricu lares para 0 Ensino de G rad ua;ao em Enfermagem , com a nova orienta;ao do Conselho Nacional de Educa;ao e da nova LOB ( Lei 9394/96) .
A Comissao anterior, presidida pela colega Maria Auxiliadora Cordoba Christofaro i niciou , depois de u m longo tempo de hi berna;ao das referidas comiss6es , fez u m tra balho de garimpagem e produ;ao de documentos estabelecendo os Criterios de Qualidade acima referidos. Tratamos de atualiza-Ios e de dar uma nova forma . Fizemos u m grande esfor;o para a elabora;ao da proposta q u e , se nao me engano, esta ainda na i nternet na pagina da S ESu/M E C .
Sempre c o m as perspectivas de trabalho defendidas d u ra nte a nossa passagem pelo Movimento Partici pa;ao procuramos a Presidente da AB E n , a colega Euclea Gomes Vale para u m trabalho em conj u nto . AAB E n , entreta nto , por motivos q u e desconhecemos demorou u m tempo para d a r res posta a nossa solicita;ao. Assi m premidas pelo tempo dado pela S E S u , solicitamos p e l a i nternet a contribu i;ao d a s escolas de enfermagem publ icas , privadas e com u nitarias 0 mais rapido possivel e confeccionamos uma pro posta .
F i n a l mente real izamos u m Semi nario em B ra s i l i a , na sede da A B E n , cujas despesas dos membros que habitam fora do OF da Comissao foram pagas pela SESu/MEC para a d i scussao do docu mento proposto pela Comissao sobre as Oiretrizes C u rricu lares . A reu niao foi mu ito tensa e demonstrou pontos de vista contrad itorios, de resto como todas as outras reu n i6es que participei na ABEn sobre 0 tema . Mas mesmo ass i m aproveitamos dentro do espirito do que existe de avan;o na nova LOB as contribui;6es ali coletadas e em maio de 1 999 produzimos aquele documento que ainda se encontra na pagina da SESu na i nternet, estando atualmente no Conselho Nacional de Ed uca;ao .
o texto foi mu ito questionado pela categoria das enfermeiras lideradas pela Comissao de Educa;ao d a AB E n , mas parte dele foi apresentado e m uma seg u nda proposta na qual foram retiradas as terminalidades propostas, com a j ustificativa de que seriam especia liza;6es precoces . A outra grande contesta;ao fora em rela;ao aos C u rsos Seq ienciais entendido como u m perigo para as enfermeiras no mercado de trabalho, ass i m como a d i m i n u i;ao do n u mero total de horas do curso de 4 . 000 para 3 . 500 horas.
PALAVAS FINAlS
F i n a l mente q ueremos afirmar que todo esse trabalho na ABEn d u rante 0 Movimento Partici pa;ao que hoje esta na sua q u inta gestao, foi executado com m u ito a mor e mu ita dedica;ao. Achamos que algu mas prioridades devem ser retomadas, mas afinal de contas todo movi mento pol itico ou associativo tem suas d ificu ldades e seus momentos de ascensao. Esperamos que a categoria conti nue a prestigiar e a contri b u i r com as abnegadas que se d isp6em a trabalhar a frente da entidade que e mu ito pesado e motivo de ren u ncias seg u idas, de vid a , de conforto e de vivencia com a fam i l i a .
Queremos ta mbem agradecer a colega Presidente da AB E n , Euclea Gomes Vale que n u m gesto democratico e de mu ita sensibilidade solicitou-me esse relato . Quero agradecer as colegas q u e tiveram acesso ao texto pela paciencia e ta mbem d izer q u e se omiti mu ita coisa , e , por certo isso aconteceu, foi por d ificu ldades minhas em ver os fatos de forma mais globa l , em bora tenha mos feito u m esfor;o de memoria e de objetividade.
ABSTRACT: T h i s study reports t h e trajectory o f t h e Participatory Movement ( M P ) , which w a s created in opposition to the policies carried out by the Brazi lian Association of N u rsing (AB E n ) . This article, written by the first president elected of the "participatory" movement, presents the princi ples of the move m e n t , its org a n i zati o n , the stru g g l e for l e a d e rs h i p , a n d the work deve l o ped i n the fi rst
A prop6sito do movimento . . .
a d m i n istratio n .
KEWORDS: participation movement, n u rsing policies, ABE n , history of n u rsing
RESUM E N : Relata la trayectoria del Movimiento Participaci6n ( M P ) nacido en la enfermeria brasileia en oposici6n a las polfticas practicadas por la Asociaci6n Brasileia de E nfermeria (AB E n ) . Articulo escrito por la primera presidenta del MP e n el que se presentan las bases del movimiento , su organizaci6n, la lucha para la conquista del poder y el trabajo desarrollado por la primera gesti6n .
PALABRAS CLAVE: movimiento participaci6n , pol fticas de enfermeria , A B E n , h istoria de la enfermeria
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