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Associação de cromoblastomicose e hanseníase: relato de dois casos.

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Academic year: 2017

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RELATO DE CASO

ASSOCIAÇÃO DE CROMOBLASTOMICOSE E HANSENÍASE:

RELATO DE DOIS CASOS

Conceição de M aria P. e Silva, A na C arla de M . e Silva, Sirley C. M arques,

A na C ristin a R . S aldanha, Jeanne D ’Arc L . Nascim ento, M aria dos Rem édios

F .C . B ranco, R aim unda R . Silva e Jackson M . L . C osta

A o e s tu d a r 3 0 c a s o s d e c r o m o b la s to m ic o s e d ia g n o s tic a d o s n o H o s p ita l d o s S e r v i d o r e s d o E s ta d o d o M a r a n h ã o , n o p e r í o d o d e n o v e m b r o d e 1 9 8 8 a m a r ç o d e 1 9 9 3 , o s a u to r e s o b s e r v a r a m 2 ( 6 ,6 % ) c a s o s , q u e a p r e s e n ta r a m a s s o c ia ç ã o d e s t a d o e n ç a c o m h a n s e n ía s e . O p r i m e i r o p a c ie n t e d e s e n v o lv e u a s d u a s d o e n ç a s c o n c o m ita n te m e n te , a p r e s e n ta n d o e s p e s s a m e n to n o n e r v o c u b ita l b ila te r a l, m a l p e r f u r a n te p la n t a r em p é d ir e ito e le s õ e s em p l a c a s v e r r u c ó id e s n a p e r n a e s q u e r d a , c o m b ió p s ia d e n e r v o c u b ita l d ir e it o p o s i ti v a p a r a h a n s e n ía s e d im o r f a T e b ió p s ia d a le s ã o em p l a c a , p o s i ti v a p a r a Fonsccaea pedrosoi. O s e g u n d o c a s o , p a c ie n t e c o m h is tó r ia d e h a n s e n ía s e v ir c h o w ia n a h á 3 0 a n o s , e m p a u s a te r a p ê u tic a p o r “cura”, c o m le s õ e s v e r r u g o - c o n flu e n te s e m c o to v e lo d ir e ito h á 1 2 m e s e s , h is to p a to ló g ic o e c u ltu r a p o s i t i v a , p a r a c r o m o b la s to m ic o s e . O s p o s s í v e i s f a t o r e s p a r a o d e s e n v o lv im e n to d a c r o m o b la s to m ic o s e n e s te s p a c i e n t e s s ã o d is c u tid o s .

P a la v r a s - c h a v e s : C r o m o b la s to m ic o s e . H a n s e n ía s e . E s ta d o d o M a r a n h ã o . R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i le i r a d e M e d ic in a T r o p ic a l

2 7 ( 4 ) . 2 4 1 - 2 4 4 , o u t- d e z , 1 9 9 4 .

Doença geralmente limitada à pele e tecido

subcutâneo, a cromoblastomicose tem distribuição

cosmopolita, embora a grande maioria dos casos

o corra em regiões tropicais e subtropicais,

especialmente quando o clima é quente e úmido. A

concentração dos casos ocorre em trabalhadores

rurais do sexo masculino, entre 30 e 50 anos de

idade. Essas características se assemelham a outras

doenças parasitárias que apresentam período de

incubação prolongado com a possibilidade da

infecção ocorrer ainda na infância2 3.

Apesar deste fato, existem poucos relatos da

associação cromoblastomicose com outras doenças

e n à ê m i c a s , m e s m o q u e s e j a m c o n r u n s n e s s & s r e g i õ e s .

Silva e cols9, após analisarem 30 casos de

cromoblastomicose em nosso estado, observaram

que 2 (6,6% ) pacientes apresentavam associação

com hanseníase. Pretende-se neste trabalho relatar

os 2 casos, os quais tiveram confirm ação

parasitológica e histopatológica.

Departam ento de Patologia da Universidade Federal do /.aranhão, São Luís, M A.

Suporte financeiro da Fundação de Amparo e Pesquisa do Estado do M aranhão (FA PEM A ).

E n d e r e ç o p a r a c o r r e s p o n d ê n c ia '. Prof. Jackson M .L. Costa Depto. de Patologia/U FM A . Pça. M adre Deus 02 - Madre Deus 65025-560 São Luís, M A , Brasil.

Recebido para publicação em 11/03/94.

RELATO DOS CASOS

Caso I. H .R .L ., 67 anos, masculino, pardo,

lavrador, procedente de Zé Doca (MA), com

história de aparecimento de verruga no pé esquerdo

há 21 anos. A lesão evoluiu gradualmente para

placa verrucosa, estendendo-se por toda a região do

dorso do pé esquerdo, ascendendo para a perna

esquerda (Figura 1 A), sendo a lesão acometida por

infecção secundária há 6 anos, impedindo suas

atividades na lavoura. Há 4 anos, procurou

assistência médica, quando foram observadas

manchas hipocrômicas disseminadas em membros

s u p e r i o r e s e t r o n c o , a í é m d e e s p e s s a m e n t o b i i a t e r a )

do nervo cubital e mal perfurante plantar em pé

direito (Figura 1B), infiltração dos lobos das orelhas,

diagnosticada hanseníase dim orfa T, iniciando

tratamento com dapsona. Procurou este serviço

para tratamento da lesão na perna esquerda, com

realização de biópsia para histopatologia e cultura,

i solando-se

F o n s c c a e a p e d r o s o i .

Realizada também

bió p sia de nervo cubital com confirm ação

histopatológica de hanseníase (Figura 1C) ebiópsia

de pele mostrando infiltrado inflamatório constituído

por linfócitos e histiócitos dispostos em tom o de

vasos e anexos cutâneos com destruição parcial dos

últimos, chamando atenção para a presença de raros

bacilos álcool ácido resistentes.

(2)

R e l a t o d e C a s o . S il v a C M P , S il v a A C M , M a r q u e s S G , S a ld a n h a A C R , N a s c im e n to J D L , B r a n c o M R F C , S il v a R R , C o s ta J M L . A s s o c i a ç ã o d e c r o m o b l a s t o m i c o s e e h a n s e n í a s e : r e l a t o d e d o i s c a s o s . R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c in a T r o p i c a l 2 7 : 2 4 1 - 2 4 4 , o u t- d e z , 1 9 9 4 .

F ig u r a I A - H .R .L . D e ta lh e s d a p e r n a e s q u e r d a c o m l e s ã o . v e r r u c ó i d e e m p l a c a s , a s s o c ia d o à in f iltr a ç ã o te c id u a l.

F ig u r a 1 B - H .R .L . M a l p e r f i i r a n t e p l a n t a r n o I o p o d o d á c t i l o d o p é d ir e ito .

F ig u r a 1 C - H .R .L . F o to m ic r o g r a f ia d e b i ó p s i a d e n e r v o c u b i t a l , m o s t r a n d o i n f i l t r a d o l i n f o -h is tio c itá r io d i s s o c ia n d o f i b r a s n e r v o s a s . H E 4 0 X .

Caso 2. P .C .F ., 50 anos, masculino, negro,

natural e procedente de São Bento (MA), com

diagnóstico de hanseníase virchowiana há 30 anos,

em pausa terapêutica por

“c u r a ”.

H á 1 ano,

apareceram pequenas lesões verrucosas no cotovelo

direito que evoluíram com lesões em antebraço

(Figura 2). As verrugas evoluíram, transformando-

se em uma placa verrugo-confluente com lesões

verrucoídes satélites; realizada biópsia, com

diagnóstico histopatológico de cromoblastomicose

e cultura positiva, isolando-se

F o n s e c a e a p e d r o s o i .

DISCUSSÃO

Recentemente, Silva e cols7 8 relataram a

presença da cromoblastom icose no Estado do

Maranhão, destacando aspectos relacionados a uma

provável zona endêmica na baixada ocidental

maranhense, local de procedência de 91,6% dos

casos, todos diagnosticados no Serviço de Doenças

Infecciosas

ú o

Hospital dos Servidores do Estado

(3)

R e la t o d e C a s o . S ilv a C M P , S il v a A C M , M a r q u e s S G , S a ld a n h a A C R , N a s c im e n to J D L , B r a n c o M R F C , S il v a R R , C o s ta J M L . A s s o c i a ç ã o d e c r o m o b la s t o m i c o s e e h a n s e n í a s e : r e l a to d e d o i s c a s o s . R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c in a T r o p i c a l 2 7 : 2 4 1 - 2 4 4 , o u t- d e z , 1 9 9 4 .

F ig u r a 2 - P . C. F. M o s tr a n d o le s ã o v e r r u g o -c o n flu e n te c e n tr a l c o m le s õ e s v e r r u c ó id e s s a té lite s .

Na literatura, observou-se poucos relatos da

associação cromoblastomicose com outras doenças

parasitárias5. Com relação à hanseníase, Pavithran5

descreve um caso em que a lesão cromomicótica

desenvolveu-se na antiga cicatriz hansenótica.

Quando comparado aos nossos casos, observa-se

que em um dos pacientes estudados, as doenças

desenvolveram -se concom itantem ente, sendo

necessária terapêutica simultânea para que houvesse

regressão das lesões. No outro, após revisão dos

prontuários anteriores, constatou-se que o mesmo

foi portador de hanseníase virchowiana, atualmente

sem tratamento.

O relato dos casos nos parece de grande

im p o rtâ n c ia p o is, segundo P a v ith ra n 5, na

hanseníase, as áreas de analgesia, com ocorrência

de repetidos traumas na pele, poderão resultar em

processos hiperceratóticos ou, ainda, penetração de

outros agentes parasitários que tenham capacidade

de produzir doença naquele local. Sabemos que,

mesmo após o tecido cutâneo ter sido afetado por

uma doença granulomatosa, induzida por um agente

infeccioso, não implicará na proteção contra outros

agentes responsáveis pelo desenvolvimento da

resposta granulomatosa4 5 6.

Em relação à terapêutica, é importante ressaltar

a associação de drogas capazes de interrom per a

progressão das doenças, embora saibamos que as

sulfas exerçam atividade em relação a determinados

fungos1.

SUMMARY

T h irty c a s e s o f c h r o m o b la s to m y c o s is w e r e d ia g n o s e d a t H o s p it a l d o s S e r v id o r e s d o E s ta d o d o M a r a n h ã o , f r o m N o v e m b e r , 1 9 8 8 to M a r c h , 1 9 9 3 . T h e a u th o r s r e p o r t 2 ( 6 . 6 % ) c a s e s , th a t p r e s e n t e d a n a s s o c ia tio n w ith le p r o s y . T h e f i r s t p a ti e n t d e v e l o p e d b o th d is e a s e s to g e th e r , s h o w in g p a l p a b l e b il a te r a l c u b it a l n e r v e s , p e r f o r a n ti n g u lc e r o f th e r ig h t f o o t , in filtr a tio n a n d le s io n s in v e r r u c o id p l a q u e s in le ft le g , w ith p o s i t i v e b i o p s y f o r d im o r p h ic le p r o s y . T he s e c o n d c a s e , a p a t i e n t w ith h is to r y o f le p r o m a to u s le p r o s y f o r 3 0 y e a r s w ith o u t tr e a tm e n t, w ith v e g e ta n t le s io n s w ith a w a r ty a s p e c t in r i g h t e lb o w f o r 1 2 m o n th s , h i s t o p a t o l o g i c a n d p o s i t i v e c u l t u r e f o r c h r o m o b l a s t o m y c o s i s . T h e p o s s i b l e f a c t o r s f o r d e v e lo p m e n t o f th is d is e a s e in th e s e p a ti e n ts a r e d is c u s s e d .

K e y - w o r d s : C h r o m o b la s to m y c o s is . H a n s e n ia s is . M a r a n h ã o S ta te .

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Araujo AGP, Portela YMC, Moraes MSC,

Nascimento JDL, Marques SG, Silva CMP, Costa

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paracoccidioidomicose

e

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Relato de um

caso.

In:

Resumos do XXIX Congresso

da Sociedade

Brasileira de Medicina Tropical, Fortaleza

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4. Passos VMA, Gontijo CMF, Silva ES, Figueiredo

(4)

R e la t o d e C a s o . S il v a C M P , S il v a A C M , M a r q u e s S G , S a ld a n h a A C R , N a s c im e n to J D L , B r a n c o M R F C , S ilv a R R , C o s ta J M L . A s s o c i a ç ã o d e c r o m o b la s t o m i c o s e e h a n s e n íc is e : r e l a to d e d o i s c a s o s . R e v is t a d a S o c i e d a d e B r a s i le i r a d e M e d i c in a T r o p i c a l 2 7 : 2 4 1 - 2 4 4 , o u t- d e z , 1 9 9 4 .

E M , F alcão A L . L eishm aniose tegum entar e esporotricose cutânea concominantes: relato de caso.

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Referências

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