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Prática do acolhimento à pessoa idosa na atenção básica: uma estratégia de humanização

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PRÁTICA DO ACOLHIMENTO À PESSOA IDOSA NA ATENÇÃO BÁSICA: UMA ESTRATÉGIA DE HUMANIZAÇÃO

SELDA GOMES DE SOUSA ALVES

NATAL-RN 2009

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - CCS

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

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SELDA GOMES DE SOUSA ALVES

PRÁTICA DO ACOLHIMENTO À PESSOA IDOSA NA ATENÇÃO BÁSICA: UMA ESTRATÉGIA DE HUMANIZAÇÃO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade do Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Enfermagem.

ORIENTADORA: Profa. Dra. Rejane Maria Paiva de Menezes.

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SELDA GOMES DE SOUSA ALVES

PRÁTICA DO ACOLHIMENTO À PESSOA IDOSA NA ATENÇÃO BÁSICA: UMA ESTRATÉGIA DE HUMANIZAÇÃO

Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do Grau de Mestre do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como exigência para obtenção do título de Mestre.

Aprovada em_________de_______________de 2009, pela Banca Examinadora:

___________________________________________________________________ Profª. Dra. Rejane Maria Paiva de Menezes (Orientadora)

Departamento de Enfermagem da UFRN

___________________________________________________________________ Prof.º Dr. Calos Bezerra de Lima

___________________________________________________________________ Profª. Bertha Cruz Enders

Departamento de Enfermagem da UFRN

___________________________________________________________________ Profªa. Clélia Albino Simpson

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EPÍGRAFE

Um dia você aprende...

Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás. Portanto, plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!

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DEDICATÓRIA

“O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.”

(Fernando Pessoa)

Dedico esTe trabalho ao meu esposo Joserlan e minhas filhas Anna Carolyne e Anna Júlya, igualmente, incomparáveis em

essência, estímulos que me

impulsionaram a buscar vida nova a cada dia.

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AGRADECIMENTOS

Existem pessoas em nossas vidas que nos deixam felizes pelo simples fato de terem cruzado o nosso caminho. Algumas percorrem ao nosso lado, vendo muitas luas passarem, mas outras apenas vemos entre um passo e outro. A todas elas chamamos de amigo. Há muitos tipos de amigos. Talvez cada folha de uma árvore caracterize um deles. Os primeiros que nascem do broto são o amigo pai e a amiga mãe. Mostram o que é ter vida.

Depois vem o amigo irmão, com quem dividimos o nosso espaço para que ele floresça como nós. Passamos a conhecer toda a família de folhas, a qual respeitamos e desejamos o bem. O destino ainda nos apresenta outros amigos, os quais não sabíamos que iam cruzar o nosso caminho. Muitos desses são designados amigos do peito, do coração. São sinceros, são verdadeiros. Sabem quando não estamos

bem, sabem o que nos faz feliz...

Mas também há aqueles amigos por um tempo, talvez umas férias ou mesmo um dia ou uma hora.

Esses costumam colocar muitos sorrisos na face, durante o tempo que estamos por perto. Não podemos nos esquecer dos amigos distantes, que ficam nas pontas dos galhos, mas, quando o vento sopra, aparecem novamente entre uma folha e outra.

O tempo passa. O verão se vai. O outono se aproxima, e perdemos algumas de nossas folhas. Algumas nascem num outro verão e outras permanecem por muitas estações. O que nos deixa mais felizes é quando as folhas que caíram continuam por perto, continuam alimentando as nossas raízes com alegria. Lembranças de momentos maravilhosos enquanto cruzavam o nosso caminho...

Simplesmente porque cada pessoa que passa em nossa vida é única. Sempre deixa um pouco de si e leva um pouco de nós. Há os que levaram muito, mas não há os que não deixaram nada. Esta é a maior responsabilidade de nossa vida e a prova evidente de que duas almas não se encontram por acaso.

Agradeço a Deus, criador de todas as coisas e por me fortalecer a cada dia.

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sempre esteve presente nas minhas conquistas. Dando-me liberdade e confiança em tantas idas e vindas. A essência da magia que é a razão da minha energia, persistência e luta.

A minha filha Anna Carolyne, minha princesa repleta de compreensão, que em muitos momentos abriu mão de instantes que deveriam ser dela para que me dedicasse às atividades acadêmicas.

A minha filha Anna Júlya, minha bonequinha linda, que vivenciou comigo essa conquista. Estivemos juntas (vida intra-uterina), mas depois tivemos que nos separar, sofri, chorei...mas junto com tudo isso veio a Vitória. Espero que um dia me compreenda meu “pintinho”!!!

Aos meus pais João e Ana, que me deram a vida, pessoas que sempre foram exemplos de coragem, amor, determinação, retidão e perseverança. Sei que se esforçaram para compreender as escolhas que fiz.

As minhas irmãs Francisca, Marilene e Alessandra, pessoas que representaram, para mim, a união nos momentos importantes.

A UFRN, especialmente ao Departamento de Enfermagem, pela oportunidade de vivenciar esta conquista e por terem me acolhido numa fase difícil (gravidez), em nenhum momento duvidaram do meu potencial.

A Draª. Rejane Maria Paiva de Menezes, mais que uma professora, uma amiga com quem interagi muito e com quem participei de lutas que me trouxeram cada vez mais experiência e amadurecimento. Que me ensinou que as coisas devem acontecer no seu devido tempo.

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À Prof.ª Tatiana Vasconcelos, pelo seu espírito científico e empreendedor na tarefa de multiplicar meus conhecimentos, por ter me ensinado a importância de crescer cientificamente.

Ao Prof. Carlos Bezerra, pelos seus ensinamentos e por acreditar que eu seria capaz de vivenciar esse momento.

Ao amigo Luiz, um exemplo de profissional, um ser humano maravilhoso, humilde e acessível, nunca poderei esquecer como nos conhecemos...Sei que sempre poderei contar com você.

Aos participantes deste estudo pela paciência, disponibilidade e compreensão.

Aos colegas de classe pela oportunidade e alegria na troca de informações e materiais numa rara demonstração de amizade e solidariedade.

Aos colegas: Maura, Keliane, Rosangela, Sales, Osvaldo e Jonas que comporam a “quarta-feira do Kuhn”, uma verdadeira troca de conhecimentos.

A todos os professores pelo carinho, dedicação e entusiasmo demonstrado ao longo do curso.

Aos demais idealizadores, coordenadores e funcionários do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFRN.

A todos que não foram citados, mas que de alguma forma participaram dessa conquista.

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“Por mais que vocês tentem imaginar, jamais poderão compreender o que estou vivenciando neste momento...sem palavras...”

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ALVES, Selda Gomes de Sousa. Prática do acolhimento à pessoa idosa na atenção básica: uma estratégia de humanização. Natal, 2009. 114 f. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

RESUMO

O envelhecimento da população já é um fato, antes considerado um fenômeno, hoje, faz parte da realidade da maioria das sociedades no mundo. O presente estudo tem como objetivo analisar a prática do acolhimento desenvolvida pela equipe multidisciplinar para a pessoa idosa na Estratégia de Saúde da Família. Trata-se de uma investigação descritiva e exploratória, desenvolvida mediante abordagem quantitativa. A população deste estudo constituiu-se de dezenove equipes que trabalham na ESF inseridas na zona urbana do município de Sousa-PB, compreendendo um total de 133 profissionais. A coleta de dados foi realizada através de um questionário contendo questões fechadas, referente aos dados sócio-demográficos e, questões abertas específicas. Os principais resultados indicam que os profissionais de Saúde do município de Sousa, PB, que participaram deste estudo constituíram-se num total de 76. Dentre estes, 20% são enfermeiros, seguido dos odontólogos em 6%; 35% são ACS e técnicos de enfermagem com 19%. A idade dos entrevistados encontra-se na faixa etária entre, 21 e 30 anos, em 43%. A maioria é do sexo feminino com um total de 84%. Já de acordo com o estado civil 34% são casados. Se tratando do salário, o médico tem o de maior de 12 salários. Os participantes apresentam o maior percentual de tempo de formado com 33% referente de 1 a 3 anos de formação. E por fim, a variável tempo de atuação, se destacaram 39% dos participantes com 08 a 11 anos. Com relação a como se processa a recepção e atendimento à pessoa na ESF, podemos observar que, o atendimento prioritário foi destaque com 27% dos participantes, seguido de um atendimento atencioso com 26%. Já em relação às ações que são desenvolvidas diariamente na ESF, essas estão voltadas para o HIPERDIA com 40%, seguidas de ações pautadas em orientações com 27%. algumas ações são realizadas de acordo com a necessidade de cada idoso (13%) e através de visitas domiciliares (9%). Foi-lhes perguntado como o acolhimento era facilitado na UBS, esses relataram que é através da atenção que é dispensada ao idoso (35%), e por fim, como este era dificultado, em sua maioria com 37% não quiseram responder, seguidos da falta de compreensão com 26%. Com este estudo foi possível concluir que a prática desenvolvida pelos profissionais da ESF do município de Sousa, PB com a pessoa idosa, é caracterizada por uma assistência pautada no aspecto clínico, pouco focalizado nas ações que permeiam a PNH.

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ALVES, Selda Gomes de Sousa. Practical one of the shelter to the elderly in the basic attention: a humanização strategy. Natal, 2009. 114 f. Dissertation (Master`s Degree in Health). Graduate Program in Nursing. Federal University of the Rio Grande the North.

ABSTARCT

The aging of the population already is a fact, before considered a phenomenon, today, is part of the reality of the majority of the societies in the world. The present study it has as objective to analyze the practical one of the shelter developed for the team to multidiscipline for the elderly in the Strategy of Health of the Family. One is about a descriptive and exploratória inquiry, developed by means of quantitative boarding. The population of this study consisted of nineteen teams that work in the inserted ESF in the urban zone of the city of Sousa-PB, understanding a complete of 133 professionals. The collection of date was carried through through a questionnaire contends closed questions, referring to the partner-demographic date e, specific open questions. The main results indicate that the professionals of Health of the city of Sousa, PB, that had participated of this study had consisted in a complete of 76. Amongst these, 20% are nurses, followed of the odontólogos in 6%; 35% are ACS and technician of nursing with 19%. The age of the interviewed ones meets in the age band enters, 21 and 30 years, in 43%. The majority is of the feminine sex with a 84% total. Already in accordance with civil state 34% is married. If treating to the wage, the doctor has of greater of 12 wages. The participants present the percentile greater of formed time of with referring 33% of 1 the 3 years of formation. E finally, the changeable time of performance, if had detached 39% of the participants with 08 the 11 years. With regard to as if it processes the reception and attendance to the person in the ESF, we can observe that, with priority attendance was prominence with 27% of the participants, followed of a considerate attendance with 26%. Already in relation to the actions that are developed daily in the ESF, these they are come back toward the HIPERDIA with 40%, followed of actions ruled in orientation with 27%. Some actions they are carried through in accordance with the aged necessity of each (13%) and through visits domiciliary (9%). It was asked to them as the shelter was facilitated in the UBS, these had told that it is through the attention that is excused the aged one (35%), and finally, as this made it difficult age, in its majority with 37% they had not wanted to answer, followed of the lack of understanding with 26%. With this study it was possible to conclude that the practical one developed for the professionals of the ESF of the city of Sousa, PB with the elderly, is characterized by an assistance ruled in the clinical aspect, little focused in the actions that to permeate the PNH.

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ALVES, Selda Gomes de Sousa. El práctico del abrigo a los ancianos en la atención básica: una estrategia del humanização. Natal, 2009. Disertaciones de 114f. (Grado principal del `s en salud). Programa graduado en el oficio de enfermera. Universidad Federal do Rio Grande do Norte.

RESUMEN

El envejecimiento de la población es ya un hecho, antes consideraba un fenómeno, es parte hoy de la realidad de la mayoría de las sociedades en el mundo. El actual estudio que tiene como objetivo para analizar el práctico del abrigo desarrollado para el equipo al multidiscipline para los ancianos en la estrategia de la salud de la familia. Uno está sobre una investigación descriptiva y del exploratória, desarrollada por medio del embarque cuantitativo. La población de este estudio consistió en diecinueve equipos que trabajan en el ESF insertado en la zona urbana de la ciudad del Sousa-PB, entendiendo un completo de 133 profesionales. La colección de fecha fue ejecutada a través de un cuestionario afirma las preguntas cerradas, refiriendo a la fecha socio-demográfica e, los no se sabe específicos. Los resultados principales indican que los profesionales de la salud de la ciudad de Sousa, el PB, que había participado de este estudio habían consistido en un completo de 76. Entre éstos, los 20% son enfermeras, seguidas de los odontólogos en el 6%; los 35% son ACS y técnico del cuidado con el 19%. La edad entrevistadas con se encuentra en la venda de la edad entra, 21 y 30 los años, en el 43%. La mayoría está del sexo femenino con un total del 84%. Ya de acuerdo con estado civil el 34% está casado. Si trata al salario, el doctor tiene de mayor de 12 salarios. Los participantes presentan el porcentaje mayor de época formada con de referir el 33% de 1 los 3 años de formación. E finalmente, la época cambiable del funcionamiento, si el 39% separado tenido de los participantes con 08 los 11 años. Con respecto a como si procese la recepción y la atención a la persona en el ESF, podemos observar eso, con la atención de la prioridad éramos prominencia con el 27% de los participantes, seguido de una atención considerada con el 26%. Ya en lo referente a las acciones que se desarrollan diariamente en el ESF, éstos los vuelven hacia el HIPERDIA con el 40%, seguido de las acciones gobernadas en la orientación con el 27%. Algunas acciones los ejecutan de acuerdo con la necesidad envejecida de cada uno (el 13%) y con las visitas domiciliarias (el 9%). Les fue pedido como el abrigo fue facilitado en el UBS, éstos había dicho que está con la atención se excusa que envejecida (el 35%), y finalmente, como éste le hizo edad difícil, en su mayoría con el 37% que no tenían quisieron contestar, seguido de la carencia de la comprensión con el 26%. Con este estudio era posible concluir que el práctico se convirtió para los profesionales del ESF de la ciudad de Sousa, PB con los ancianos, es caracterizado por una ayuda gobernada en el aspecto clínico, enfocado poco en las acciones que impregnar el PNH.

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LISTA DE ABREVIATURAS

ACD – auxiliar em consultório dentário ACS – Agente Comunitário de Saúde

AIDS – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida CNS - Conferência Nacional de Saúde

ESF – Estratégia de Saúde da Família

HIPERDIA – Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INAMPS – Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social INPS – Instituto Nacional de Previdência Social

INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social MS – Ministério da Saúde

NOB – Norma Operacional Básica OMS – Organização Mundial de Saúde

OPAS – Organização Pan-Americana da Saúde PAB – Piso de atenção báscia

PB – Paraíba

PNSPI –Política Nacional de Atenção à Saúde da Pessoa Idosa PSF – Programa de Saúde da Família

SMS – Secretaria Municipal de Saúde

SUDS – Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde SUS – Sistema Único de Saúde

TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido UEPB – Universidade Estadual da Paraíba

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Distribuição de profissionais da ESF, de acordo com à percepção sobre o acolhimento para com a pessoa idosa no município de Sousa, PB, 2009.

Figura 2 – Distribuição das Ações desenvolvidas por profissionais da ESF, de acordo com o atendimento a pessoa idosa, Sousa, PB, 2009.

Figura 3– Distribuição das categorias geradas dos Profissionais que realizam Acolhimento ao idoso na ESF, de acordo com as facilidades, Sousa, PB, 2009.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Distribuição das variáveis sócio demográficas e o ano de conclusão de curso de acordo com os profissionais da ESF, Sousa, PB, 2009.

Quadro 2 – Categorias descritivas originárias dos profissionais da ESF, sobre o tendimento a pessoa idosa na ESF, Sousa, PB, 2009.

Quadro 3- Descrição de categorias temáticas, de acordo com as ações realizadas no atendimento a pessoa idosa na ESF, Sousa, PB, julho de 2009.

Quadro – 4 Descrição das Categorias Temáticas geradas dos profissionais, de acordo com o acolhimento que realizam com a pessoa idosa na ESF, Sousa, PB, julho de 2009.

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LISTA DE APÊNDICES

APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido-TCLE.

APÊNDICE B – Instrumento de coleta de dados.

APÊNDICE C – Declaração de concordância com projeto de pesquisa.

APÊNDICE D – termo de compromisso do responsável pelo projeto em cumprir os termos da Resolução 196/96 do CNS.

APÊNDICE E – Termo de compromisso para uso de dados em arquivo.

APÊNDICE F – Declaração de propriedade de informação.

APÊNDICE G – declaração sobre o uso e destinação do material /ou dados coletados.

APÊNDICE H – Carta de anuência.

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LISTA DE ANEXOS

ANEXO A – Parecer do Comitê de Ética

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 20

2 OBJETIVOS 28

2.1 Geral 28

2.2 Específicos 28

3 REVISÃO DE LITERATURA 29

3.1 Política Nacional de Saúde 29

3.2 Assistência à saúde do idoso no Brasil 33

3.3 Prática do Acolhimento 37

3.4 Contextualizando a integralidade 42

3.4 Processo de Trabalho na Atenção Básica 46

4 PERCURSO METODOLÓGICO 50

4.1 Tipo de estudo 51

4.2 Local e Contexto do Estudo 51

4.3 População e amostra 52

4.4 Instrumento de coleta de dados 53

4.5 Coleta de dados 53

4.6 Aspectos Éticos 54

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 56

5.1 Análise de dados 56

5.2 Caracterização dos profissionais 56

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 74

REFERÊNCIAS 77

APÊNDICES

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1 INTRODUÇÃO

Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas que já têm forma de nossos corpos e esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo de travessia...É se não ousarmos fazê-la teremos ficado à margem de nós mesmos.”

Fernando Pessoa

O envelhecimento da população já é um fato, antes considerado um fenômeno, hoje, faz parte da realidade da maioria das sociedades no mundo. O mundo está envelhecendo. Estima-se para o ano de 2050 que existam cerca de dois bilhões de pessoas com sessenta anos e mais no mundo, a maioria delas vivendo em países em desenvolvimento (BRASIL, 2006a). De acordo com a Organização Panamericana de Saúde (OPAS, 2003) estimativas indicam que no Brasil existem atualmente cerca de 17,6 milhões de idosos, e esse quadro corresponde à mudança de alguns indicadores de saúde, especialmente os relacionados à diminuição nos índices de fecundidade e mortalidade, associados ao aumento da esperança de vida ao nascer. Além do que, destaca-se na população idosa o aumento do número de pessoas com 80 anos ou mais, sendo essa a faixa etária de maior crescimento, tanto nos países desenvolvidos como nos países em desenvolvimento (WHO, 2005; VERAS, 2002).

Um aspecto importante a se considerar quando se estuda sobre populações idosas, é o de que a velhice não é homogênea para todos os seres humanos, pois sofre influências dos processos de discriminação e exclusão social associados a condição de gênero, à etnia, ao racismo, às condições sociais, à região geográfica de origem e à localização de moradia (BRASIL, 2006a).

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processo de senescência podem ter seus efeitos minimizados pela assimilação de um estilo de vida mais ativo (BRASIL, 2006a).

Compreende-se, portanto, que o envelhecimento da população seja uma aspiração natural de qualquer sociedade, porém, não deve ser alcançado, sem que se tenha como meta a melhoria da qualidade de vida dos que já envelheceram ou que estejam no processo de envelhecimento.

Atualmente, um dos maiores desafios na atenção à pessoa idosa é conseguir contribuir para que, apesar das progressivas limitações que possam ocorrer, elas possam redescobrir possibilidades de viver sua própria vida com a máxima qualidade possível. Essa possibilidade aumenta na medida em que a sociedade considera o contexto familiar e social e consegue reconhecer as potencialidades e o valor das pessoas idosas.

De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) apud Brasil (2006a, p.8) se define o envelhecimento como:

“um processo seqüencial, individual, acumulativo, irreversível,

universal, não patológico, de deterioração de um organismo maduro, próprio a todos os membros de uma espécie, de maneira que o tempo o torne menos capaz de fazer frente ao estresse do meio-ambiente e, portanto, aumente sua possibilidade de morte”.

Nesse sentido, espera-se que a Atenção Básica de saúde deve ser o contato preferencial dos usuários com os sistemas de saúde. Orienta-se pelos princípios da universalidade, da acessibilidade e da coordenação do cuidado, do vínculo e continuidade, da integralidade, da responsabilização.

Em 1994, o Ministério da Saúde criou a Saúde da Família como uma estratégia prioritária para a organização da Atenção Básica e estruturação do sistema de saúde. A Saúde da Família trabalha com práticas interdisciplinares desenvolvidas por equipes que se responsabilizam pela saúde da população a ela adscrita e na perspectiva de uma atenção integral humanizada, considerando a realidade local e valorizando as diferentes necessidades dos grupos populacionais.

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rede de serviços especializados de média e alta complexidade. A finalidade primordial da PNSPI é recuperar, manter e promover a autonomia e a independência dos indivíduos idosos, direcionando medidas coletivas e individuais de saúde para esse fim, em consonância com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde. É alvo dessa política todo cidadão e cidadã brasileiros com 60 anos ou mais de idade (BRASIL, 2006a). Frente às diretrizes apontadas nessa política, a ESF continua sendo o espaço estratégico para o desenvolvimento das ações de saúde voltadas para os idosos.

Tomando por base a diretriz da PNSPI, que relata acerca da atenção integral, integrada à saúde da pessoa idosa, a mesma deverá ser estruturada nos moldes de uma linha de cuidados, com foco no usuário, baseado nos seus direitos, necessidades, preferências e habilidades; estabelecimento de fluxos bidirecionais funcionantes, aumentando e facilitando o acesso a todos os níveis de atenção; providos de condições essenciais de infra-estrutura física adequada, insumos e pessoal qualificado para a boa qualidade técnica. Instrumentos gerenciais baseados em levantamento de dados sobre a capacidade funcional (inventários funcionais) e sócio-familiares da pessoa idosa deverão ser implementados pelos gestores municipais e estaduais do SUS, para que haja a participação de profissionais de saúde e usuários na construção de planos locais de ações para enfrentamento das dificuldades inerentes à complexidade de saúde da pessoa idosa (BRASIL, 2006b).

Deve ser realizada a incorporação, na atenção básica, de mecanismos que promovam a melhoria da qualidade e aumento da resolutividade da atenção à pessoa idosa, com envolvimento dos profissionais da atenção básica e das equipes do Saúde da Família, incluindo a atenção domiciliar e ambulatorial, com incentivo à utilização de instrumentos técnicos validados, como de avaliação funcional e psicossocial. Além da incorporação, na atenção especializada, de mecanismos que fortaleçam a atenção à pessoa idosa, tendo por objeto a integração da rede especializada com a atenção básica e o fluxo de referência e contra referência, dessa forma, essas práticas devem estar pautadas na humanização da assistência da saúde.

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de humanização nas ações de atenção e gestão com bons resultados, o que contribui para a legitimação do SUS como política pública (BRASIL, 2004).

A PNH tem o objetivo de efetivar os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) no cotidiano das práticas de atenção e de gestão, assim como estimular trocas solidárias entre gestores, trabalhadores e usuários para a produção de saúde e a produção de sujeitos (BRASIL, 2004).

Esta por sua vez caracteriza-se como um movimento no sentido da concretização dos princípios do SUS no dia-a-dia dos serviços. Com a Política PNH, o Ministério da Saúde propõe estimular esse movimento, incentivando a valorização de todos os atores e sujeitos que participam na produção da saúde (BRASIL, 2006a). Por humanização entende-se a valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção de saúde. Os valores que norteiam essa política são a autonomia e o protagonismo dos sujeitos, a coresponsabilidade entre eles, o estabelecimento de vínculos solidários, a participação coletiva no processo de gestão e a indissociabilidade entre atenção e gestão (BRASIL, 2004).

A operacionalização da PNH dá-se pela oferta de dispositivos/tecnologias, ferramentas e modos de operar. Dentre esses dispositivos, destaca-se o “Acolhimento”, que tem a característica de um modo de operar os processos de trabalho em saúde de forma a dar atenção a todos que procuram os serviços de saúde, ouvindo suas necessidades e assumindo no serviço uma postura capaz de acolher, escutar e pactuar respostas mais adequadas junto aos usuários (BRASIL, 2006b).

A PNH propõe que o Acolhimento esteja presente em todos os momentos do processo de atenção e de gestão e que atinja todos aqueles que participam na produção da saúde, voltando seu olhar atencioso para os usuários e para os trabalhadores da saúde. O Acolhimento não é um espaço ou um local específico, não pressupõe hora ou um profissional determinado para fazê-lo. É uma ação que pressupõe a mudança da relação profissional/usuário e sua rede social. Implica o compartilhamento de saberes, necessidades, possibilidades, angústias constantemente renovados (BRASIL, 2006b).

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reconhecer que a complementaridade interdisciplinar e a integração entre a rede básica e o sistema de referências, facilitar o acesso dos idosos aos diversos níveis de complexidade da atenção e investir na qualificação profissional.

Na prática do acolhimento à pessoa idosa na atenção básica de saúde os profissionais de saúde necessitam estar atentos, entre outros aspectos, para: o estabelecimento de uma relação respeitosa, considerando que, com a experiência de toda uma vida, as pessoas se tornam em geral mais sábias, desenvolvem maior senso de dignidade e prudência e esperam ser reconhecidas por isso; partir do pressuposto de que o idoso é capaz de compreender as perguntas que lhe são feitas ou as orientações que lhe são fornecidas, nunca se dirigindo primeiramente a seu acompanhante; chamar a pessoa idosa por seu nome e manter contato visual, preferencialmente, de frente e em local iluminado, considerando um possível declínio visual ou auditivo; a utilização de uma linguagem clara, evitando-se a adoção de termos técnicos que podem não ser compreendidos (BRASIL, 2004).

As equipes de saúde na Atenção Básica, em especial quando organizadas pela Saúde da Família, dispõem de importantes algumas ferramentas para garantia de uma atenção humanizada, são elas: montagem de grupos multiprofissionais para mapeamento do fluxo do usuário na unidade, levantamento e análise, pelos próprios profissionais de saúde, dos modos de organização do serviço e dos principais problemas enfrentados, construção de rodas de conversas objetivando a coletivização da análise e a produção de estratégias conjuntas para enfrentamento dos problemas, no adensamento do processo, ir ampliando as rodas para participação de diferentes setores da unidade, montagem de uma planilha de passos com dificuldades, tentativas que fracassaram e avanços, identificar profissionais sensibilizados para a proposta, construção coletiva dos passos no processo de pactuação interna e externa, articulação com a rede de saúde para pactuação dos encaminhamentos e acompanhamento da atenção e assinalamento constante da indissociabilidade entre a atenção e a gestão (modos de produzir saúde dos modos de gerir essa produção) (BRASIL, 2004).

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O processo de trabalho das equipes de saúde da família deve caracterizar-se pelo desenvolvimento de ações voltadas a prevenção e promoção da saúde. O planejamento torna-se fundamental para a efetivação do acolhimento, levando-se em conta o "acolher na família/comunidade".

No que se refere ao atendimento da pessoa idosa na Atenção Básica de Saúde, identifica-se que grande parte dos serviços de saúde, ainda não se organizaram, para atender a atual demanda desse grupo de pessoas mais velhas, nem ao atendimento da finalidade estabelecida pela Portaria 2.528 de 19/10/2006, que é recuperar, manter e promover a autonomia e a independência dos indivíduos idosos, direcionando medidas coletivas e individuais de saúde para esse fim, em consonância com os princípios e diretrizes do SUS (BRASIL, 2006b), ou mesmo, ao que foi determinado, pela PNH, quais sejam, o desenvolvimento de ações voltadas principalmente para a promoção da saúde, prevenção de riscos e agravos, como também, a prática do acolhimento, que certamente propiciariam um atendimento integral a pessoa idosa e os seus resultados se modificariam, trazendo impacto positivo para os serviços e para a família.

Existem aspectos na gestão de alguns serviços de saúde e, especificamente no que se refere ao modo como o usuário idoso tem sido atendido, os quais não apresentam prioridade para o idoso tendo o mesmo, que enfrentar filas igualmente competindo com os usuários mais jovens pelo acesso a uma consulta, ainda podemos citar a falta de articulação nas ações propostas pela equipe, onde as mesmas não são discutidas adequadamente no grupo, estas por sua vez, são implementadas em parte e não em conjunto como deveria ser, e por fim, não existe a agendamento prévio das consultas. A situação se repete diariamente nos serviços de saúde de baixa complexidade, que entre outros objetivos, preconiza a reorganização do acesso ao seu atendimento. Observa-se ainda entre outros aspectos, que os profissionais de saúde não estão sensibilizados para nesse sentido, provocar uma mudança em sua prática, de forma a ter uma postura mais humana e prioritária quando do atendimento á pessoa idosa.

Com base no exposto, este estudo pretende responder ao seguinte questionamento:

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A idéia de realização de um estudo sobre o acolhimento à pessoa idosa no âmbito da Estratégia de Saúde da Família, teve início ainda em meu curso de graduação de enfermagem na Faculdade Santa Maria, Cajazeiras, PB, a partir de um estágio extracurricular em unidades de saúde do Município de Sousa-PB, e que foi aumentando ao longo do próprio curso e das leituras sobre o assunto, associado ao anseio de trabalhar com grupos de pessoas desfavorecidas, como são os idosos, mas tão ricos de experiências e valores.

Durante esse estágio na graduação pude observar a inexistência de atendimento humanizado para idosos e, atualmente, como enfermeira e profissional de saúde, inserida na equipe gestora da Secretaria de Saúde do Município, me senti impelida a contribuir nesse aspecto de tamanha importância para o atendimento a pessoa idosa no município. Surgiu assim, a inquietação e a necessidade de investigar como a prática de acolhimento com a pessoa idosa está sendo desenvolvida, além dos fatores que podem estar dificultando a sua efetivação nos serviços de atenção básica de saúde, naquele município tendo em vista que na rede de saúde da atenção básica, a prática do acolhimento não é interpretada com clareza. A mesma ocorre ainda de forma aleatória e se resume muitas vezes apenas á forma de recepcionar a pessoa idosa, quando na verdade o profissional não a toma enquanto uma estratégia de resolubilidade de problemas. O profissional deve receber o idoso, resolver ou encaminhá-lo para o serviço especializado e por fim o paciente retorna a unidade de origem com o determinado agravante solucionado. No entanto, em algumas unidades possui um quantitativo específico de fichas para as pessoas idosas. Além disso, algumas vezes se estabelecem relações frias entre o usuário e o profissional, ou ainda o idoso não é priorizado na realização do agendamento de exames. Como resultado desse quadro, observa-se a fragmentação da assistência, somado-se a uma demanda reprimida.

Vale ressaltar que a Portaria n.º 2.528, GM aprova a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, tem como uma de suas diretrizes o apoio a estudos e pesquisas que versam sobre modelos de cuidados, bem como, na assessoria para a sua implementação, no acompanhamento e na avaliação das intervenções (BRASIL, 2006b).

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fundamental ter serviços de saúde preparados em questões técnicas e em recursos humanos para assistir com qualidade esse cidadão.

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2 OBJETIVOS

Quando alguém encontra seu caminho precisa ter coragem suficiente para dar passos errados. As decepções, as derrotas, o desânimo são ferramentas que Deus utiliza para mostrar a estrada.

Paulo Coelho

Geral

- Analisar a prática do acolhimento desenvolvida pela equipe multidisciplinar para a pessoa idosa na Estratégia de Saúde da Família.

Específicos

- Caracterizar as ações da equipe de saúde na prática do acolhimento para com a pessoa idosa na ESF;

- Identificar a prática do acolhimento para a pessoa idosa realizada pelos profissionais da ESF;

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3 REVISÃO DE LITERATURA

“Para poder ajudar efetivamente, o homem precisa torna -se apto a ajudar; daí que necessita empreender o mais cuidadoso treinamento, a eliminação das más qualidades, e o desenvolvimento das boas”.

C. W. Leadbeater

A literatura pertinente está dividida por partes, tituladas de acordo com as subtemáticas que permeiam e subsidiam o desenvolvimento do presente estudo.

A princípio, parte-se da perspectiva da Política Nacional de Saúde. Em seguida, discute-se a Assistência à Saúde do Idoso no Brasil, além do contexto da Prática do Acolhimento, a contextualização da integralidade e o Modelo de atenção na Estratégia de Saúde da Família.

3.1 Política Nacional de Saúde

O atual Sistema Único de Saúde (SUS) criado pela Constituição Federal de 1988 tem como diretriz fundamental, o direito de que toda a população brasileira tenha acesso ao atendimento público de saúde. Anteriormente, a assistência médica estava a cargo do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), ficando restrita aos empregados que contribuíssem com a previdência social; os demais eram atendidos apenas em serviços filantrópicos. Estas políticas por sua vez, articulavam-se e se completavam na implementação de práticas em serviços de saúde, na perspectiva da integralidade do cuidado.

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estabelecimentos próprios, mas a maior parte do atendimento era realizado pela iniciativa privada; os convênios estabeleciam-se através da remuneração por procedimento, consolidando a lógica de cuidar da doença e não da saúde (BRASIL, 2000).

Em meados da década de 70, ocorreu uma crise no financiamento da previdência social, com repercussões para o INAMPS, pois, este passaria por sucessivas mudanças com universalização progressiva do atendimento. Em meio a discussões necessárias para a melhoria da qualidade da assistência à saúde no Brasil e para que todos a ela tivessem acesso de forma igualitária, nasce no âmbito acadêmico o movimento da Reforma Sanitária como forma de oposição técnica e política ao regime militar, sendo abraçado por outros setores do sociedade (BRASIL, 2002b).

A realização da 8ª Conferência Nacional de Saúde (CNS) em 1986 considerada a primeira CNS aberta à sociedade, foi um marco na história do SUS pela sua importância na propagação do movimento da Reforma Sanitária, que após intenso movimento liderado por líderes políticos e acadêmicos de destaque resultou na implantação do Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS).

Na sequência, dois anos depois, a promulgação da nova Carta Constitucional Brasileira de 1988, outro marco na história da saúde pública brasileira, consolida o novo sistema único de saúde definindo-o como “um direito de todos e dever do Estado", possibilita uma implantação planejada e gradual do SUS. Inicialmente, com a criação do SUDS através da incorporação do INAMPS ao Ministério da Saúde (Decreto nº 99.060, de 7 de março de 1990) seguida da criação da Lei Orgânica da Saúde (Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990) que fundou o SUS. Em poucos meses foi lançada a Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, que imprimiu ao SUS o controle social, uma de suas principais características, que leva à participação dos usuários na gestão do serviço, consolidando a democracia como uma das principais características desta lei (BRASIL, 2000; 2002b).

Inicialmente a saúde teve os princípios universalidade, integralidade, eqüidade, descentralização, regionalização, hierarquização e participação popular estabelecidos na Lei Orgânica de Saúde 8.080, com base no artigo 198 da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 2002b).

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constante de mudanças, pela via das reformas incrementais. Contudo, observa-se ainda ser um modelo fragmentado de um lado, pela dificuldade de imporem-se normas gerais a um país tão grande e desigual e, de outro, pela sua fixação em conteúdos normativos de caráter técnico-processual, tratados em geral, com detalhamento excessivo e enorme complexidade.

O início do século XXI, no Brasil, é marcado pelo movimento de construção de novos paradigmas do processo saúde-doença com repercussões na organização dos serviços de saúde, nas concepções de promoção à saúde, prevenção de agravos e tratamento, fruto da consolidação do SUS (SILVA; SENA, 2008).

Na perspectiva de superar as dificuldades apontadas, os gestores do SUS assumem o compromisso público da construção do pacto pela saúde 2006, que será anualmente revisado, com base nos princípios constitucionais do SUS, dando ênfase às necessidades de saúde da população (SCHNEIDER, 2007).

O Pacto pela Vida é uma política que engloba um conjunto de compromissos sanitários, expressos em objetivos de processos e resultados e derivados da análise da situação de saúde do País e das prioridades definidas pelos governos federal, estaduais e municipais (SCHNEIDER, 2007). Significa uma ação prioritária no campo da saúde que deverá ser executada com foco em resultados e com a explicitação inequívoca dos compromissos orçamentários e financeiros para o alcance desses resultados (SCHNEIDER, 2007).

Entre as prioridades do pacto pela vida e seus objetivos está a Saúde do Idoso, cujo compromisso agrega a implantação da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, que tem como principal diretriz uma atenção integral em saúde associada a outras prioridades, como a Promoção da Saúde, através da elaboração e implantação da Política Nacional de Promoção da Saúde, com ênfase na adoção de hábitos saudáveis por parte da população brasileira, de forma a internalizar a responsabilidade individual da prática de atividade física regular, alimentação saudável e combate ao tabagismo e, bem como, a Atenção básica à Saúde. Outra prioridade é a consolidação e qualificação da Estratégia da Saúde da Família como modelo de atenção básica à saúde e como centro ordenador das redes de atenção à saúde do SUS (SCHNEIDER, 2007).

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da saúde. Está regulamentada pela Portaria GM de nº 648 de 28 de março de 2006 que aprova a Política Nacional de Atenção Básica e estabelece a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica no Programa de Saúde da Família (PSF) e o Programa Agentes Comunitários de Saúde (PACS) (BRASIL, 2006c).

A política de atenção básica de saúde é desenvolvida por meio do exercício de práticas gerenciais e sanitárias democráticas e participativas, sob forma de trabalho em equipe, dirigidas a populações de territórios bem delimitados, pelas quais assume a responsabilidade sanitária, considerando a dinamicidade existente no território em que vivem essas populações. Utiliza tecnologias de elevada complexidade e baixa densidade, que devem resolver os problemas de saúde de maior freqüência e relevância em seu território. É o contato preferencial dos usuários com os sistemas de saúde. Orienta-se pelos princípios da universalidade, da acessibilidade e da coordenação do cuidado, do vínculo e continuidade, da integralidade, da responsabilização, da humanização, da equidade e da participação social (BRASIL, 2006c).

A Atenção Básica também considera o sujeito em sua singularidade, na complexidade, na integralidade e na inserção sócio-cultural e busca a promoção de sua saúde, a prevenção e tratamento de doenças e a redução de danos ou de sofrimentos que possam comprometer suas possibilidades de viver de modo saudável (BRASIL, 2006c).

A legislação brasileira relativa aos cuidados em saúde da população idosa é considerada bastante avançada embora na prática ainda seja insatisfatória. A finalidade primordial da PNSPI é recuperar, manter e promover a autonomia e a independência dos indivíduos idosos, direcionando medidas coletivas e individuais de saúde para esse fim, em consonância com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde.

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qualidade de atenção para os indivíduos idosos por meio de ações fundamentadas no paradigma da promoção da saúde (BRASIL, 2006b).

3.2 Assistência à saúde do idoso no Brasil

A Portaria GM de nº. 1395 de 10 de dezembro de 1999 se expressa uma política devidamente relacionada à saúde à pessoa idosa, tendo como principais diretrizes, a promoção de um envelhecimento saudável, a manutenção da sua capacidade funcional, a assistência às necessidades de saúde do idoso, bem como, a capacitação de recursos humanos especializados e o apoio ao desenvolvimento de cuidados informais e a estudos e pesquisas nessa temática. Porém, houve a necessidade de uma revisão e atualização desta, aprimorando para a Portaria 2.528 de 19 de outubro de 2006 que aprovou a atual Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI) (BRASIL, 2006b).

A Justificativa para a elaboração dessa Portaria é que o Brasil está envelhecendo de forma rápida e intensa. Os idosos são hoje 14,5 milhões de pessoas, 8,6% da população total do País, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base no Censo 2000. Em uma década, o número de idosos no Brasil cresceu 17%, em 1991, ele correspondia a 7,3% da população, em sua maioria com baixo nível socioeconômico e educacional e com uma alta prevalência de doenças crônicas e causadoras de limitações funcionais e de incapacidades. A cada ano, 650 mil novos idosos são incorporados à população brasileira. Essa transição demográfica repercute na área da saúde, em relação à necessidade de (re)organização dos modelos assistenciais (IBGE, 2000).

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nacional e internacional das experiências na atenção à saúde da pessoa idosa para o desenvolvimento de estudos e pesquisas.

De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2006b), a promoção do envelhecimento ativo implica envelhecer mantendo a capacidade funcional e a autonomia, e é reconhecidamente a meta de toda ação de saúde de acordo com o PNSPI. Sua abordagem tem como base o reconhecimento dos direitos da pessoa idosa e os princípios de independência, participação, dignidade, assistência e autorealização determinados pela Organização das Nações Unidas. Para tanto é importante entender que as pessoas idosas constituem um grupo heterogêneo, e pouco valorizado pela sociedade brasileira o que indica haver a necessidade de se vencer os preconceitos e discutir com ênfase os mitos arraigados existentes em nossa cultura relacionados ao envelhecimento de sua população.

De acordo com a PNSPI (BRASIL, 2006b), o envelhecimento bem sucedido pode ser entendido a partir de seus três componentes: da menor probabilidade de doença, de uma alta capacidade funcional, física e mental e, de um engajamento social ativo com a vida, de maneira a considerar o cidadão idoso não mais como um ser passivo, mas como agente das ações a ele direcionadas, numa abordagem baseada em direitos, que valorize os aspectos da vida em comunidade, identificando o potencial para o bem-estar físico, social e mental ao longo do curso da vida.

Ainda de acordo com a PNSPI, a atenção integral e integrada à saúde da pessoa idosa deverá ser estruturada nos moldes de uma linha de cuidados, com foco no usuário, baseado nos seus direitos, necessidades, preferências e habilidades e, no estabelecimento de fluxos bidirecionais funcionais que aumentem e facilite o acesso a todos os níveis de atenção em saúde providos de condições essenciais para uma infra-estrutura física adequada com insumos e pessoal qualificado para a boa qualidade técnica (BRASIL, 2006b).

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Um dos instrumentos gerenciais imprescindíveis trata-se da implementação da avaliação da capacidade funcional individual e coletiva que precocemente identifique e rastreie os fatores de risco em saúde, que possam determinar a pirâmide de risco funcional, estabelecida com base nas informações relativas aos critérios de risco da população assistida pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de cada município (BRASIL, 2006b).

Trata-se de uma avaliação inicial que permite verificar-se a forma de distribuição da população adscrita às Unidades de Saúde da Família, com base no inventário de risco funcional possibilitando o conhecimento da proporção de idosos que vivem em Instituições de Longa Permanência para Idosos, assim como, a proporção daqueles com alta dependência funcional de acamados e ainda, a proporção dos que já apresentam alguma incapacidade funcional para o desenvolvimento das atividades básicas da vida diária como por exemplo, tomar banho sozinho, vestir-se, usar o banheiro, transferir-se da cama para a cadeira, ser continente e alimentar-se com a própria mão propiciando, também, a identificação da proporção de idosos independentes (BRASIL, 2006b).

Para a atual política de saúde do idoso, idoso independente é aquele que é capaz de realizar sem dificuldades e sem ajuda todas as atividades de vida diária citadas acima, e são esses idosos que comporão a base da pirâmide num período muito próximo de tempo. Além do que, os novos estudos também apontam que, são os indivíduos idosos, mesmo àqueles independentes, mas que apresentem alguma dificuldade nas atividades instrumentais de vida diária, como preparar refeições, controlar a própria medicação, fazer compras, controlar o próprio dinheiro, usar o telefone, fazer pequenas tarefas e reparos domésticos e sair de casa sozinho utilizando uma condução coletiva, são estes os idosos considerados com potencial para desenvolver fragilidade e por isso, devem merecer atenção específica dos profissionais de saúde sendo acompanhados com maior freqüência (BRASIL, 2006b).

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funcional básica, ou viva situações de violência doméstica. Por critério etário, a literatura estabelece também ser frágil o idoso com 75 anos ou mais de idade (BRASIL, 2006b).

Todo profissional de saúde da atualidade deve procurar promover a qualidade de vida da pessoa idosa, quando chamado a atendê-la. É importante viver muito, mas é fundamental viver bem. Preservar a autonomia e a independência funcional das pessoas idosas deve ser a meta em todos os níveis de atenção em saúde.

Diante do atual processo de transição demográfica e epidemiológica da população brasileira e de toda a problemática que envolve a pessoa idosa, a nova PNSPI propõe dois grandes eixos norteadores para a integralidade de ações em saúde que são o enfrentamento de fragilidades da pessoa idosa, da família e do sistema de saúde, e a promoção da saúde e da integração social, em todos os níveis de atenção. Caberão, portanto, aos gestores do SUS, em todos os níveis de atenção e de forma articulada conforme as suas competências específicas, prover os meios e atuar para viabilizar o alcance do propósito da PNSPI.

O agrupamento de indivíduos com histórias biológicas, psíquicas e sociais distintas em uma mesma faixa etária resulta em grande heterogeneidade de características e demandas. O atendimento á pessoa idosa requer um olhar e um interagir com a compreensão da individualidade do idoso, o que inviabiliza e exclui qualquer abordagem de caráter universal. Além da heterogeneidade biopsicossocial, outro fator complicador para a assistência à terceira idade é a situação de complexidade clínica freqüentemente encontrada com o envelhecimento: co-morbidade, mecanismos de adaptação, vulnerabilidade orgânica, apresentação atípica de doenças e maior suscetibilidade à iatrogenia (JACOB FILHO, 1991).

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planejamento conjunto da equipe, com co-responsabilidade no processo de decisão (JACOB FILHO, 1991).

Segundo Mattos (2001) a Promoção de Saúde é colocada como uma nova perspectiva e estratégia de atuação para propiciar uma atenção abrangente à saúde do idoso possibilitando assim, uma melhor qualidade de vida.

Partindo-se do pressuposto de que existem vários sentidos atribuídos à integralidade, de acordo com a idéia de Mattos (2001) de que esse princípio do SUS deve constituir uma bandeira de luta, repleta de valores que devem ser defendidos e cujo conceito continua em construção, no que se refere a integralidade da saúde do idoso também continua sendo um conceito em construção, realiza-se um exercício teórico de formulação de uma definição operatória de integralidade como modo de atuar democrático, do saber fazer integrado, em um cuidar que é mais alicerçado numa relação de compromisso ético-político, de sinceridade, responsabilidade e confiança (PINHEIRO; MATTOS, 2001, 2003; MERHY; CAMPOS; CECÍLIO, 1994).

3.3 Prática do Acolhimento

A palavra acolhimento no Dicionário Aurélio de Língua Portuguesa, Holanda (2000 p. 27), está relacionado ao "ato ou efeito de acolher, recepção, atenção, consideração, refúgio, abrigo, agasalho". “E acolher significa: dar acolhida ou agasalho a; hospedar, receber, atender, dar ouvidos a, admitir, aceitar, tomar em consideração, atender a”.

O acolhimento denota uma postura dos trabalhadores dos serviços de saúde para um atendimento humanizado das necessidades de saúde do usuário. O respeito ao usuário se traduz na limpeza e organização da área física no serviço, na pontualidade do atendimento, nas informações prestadas e nas rotinas que contemplam a necessidade do mesmo.

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técnico, científico e o político, já que concretiza as diretrizes da política sanitária com certo saber técnico (MERHY; CAMPOS; CECÍLIO, 1994).

De acordo com Paidéia (2002) acolhimento é receber bem, ouvir a demanda, buscar formas de compreendê-la e solidarizar-se a ela. Deve ser realizado por toda a equipe de saúde, desde o vigilante da unidade até o profissional enfermeiro, médico e odontólogo, entre outros.

Toda relação pessoal inter e intra equipes deve está subsidiada de forma que o paciente que necessite naquele momento de assistência, seja esta voltada a procedimentos técnicos ou necessidades psico-sociais, faz-se oportuno que o profissional envolvido na assistência preste atenção voltada ao usuário como um todo, tendo uma visão holística do mesmo.

O modelo da demanda espontânea ainda é o vigente nos serviços primários de saúde no Brasil, baseado na queixa-conduta e não na atenção integral ao indivíduo, muito menos nas ações em defesa da vida coletiva. Para Merhy, Campos e Cecílio (1994) é necessário incorporar o atendimento clínico individual, agregando recursos humanos capazes de fazer vigilância sanitária e epidemiológica. Para tal, acesso, acolhimento, vínculo e resolutividade são eixos centrais do modelo técnico-assistencial em defesa da vida. Para tanto, faz-se necessário que o atendimento seja concluído em todos os âmbitos da saúde, e que tenha continuidade na assistência.

O acesso à saúde está ligado às condições de vida, nutrição, habitação, poder aquisitivo e educação, englobando a acessibilidade aos serviços, que extrapola a dimensão geográfica, abrangendo também o aspecto econômico, relativo aos gastos diretos ou indiretos do usuário com o serviço, o aspecto cultural envolvendo normas e técnicas adequadas aos hábitos da população e o aspecto funcional pela oferta de serviços adequados às necessidades da população (UNGLERT, 1995).

Ainda de acordo com Acurcio e Guimarães (1996), acessibilidade seria a capacidade de obtenção de cuidados de saúde, quando necessário, de modo fácil e conveniente.

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Entende-se por acesso, a distância da unidade de saúde e o local de moradia do indivíduo, as barreiras geográficas, tempo e meios utilizados para o deslocamento, dificuldades a enfrentar para a obtenção do atendimento (filas, local e tempo de espera), tratamento recebido pelo usuário, priorização de situações de risco, urgências e emergências, respostas obtidas para demandas individuais e coletivas e possibilidade de agendamento prévio.

Nesse contexto entende-se por acolhimento ser a postura do trabalhador de colocar-se no lugar do usuário para sentir quais são suas necessidades e, na medida do possível, atendê-las ou direcioná-las para o ponto do sistema que seja capaz de responder àquelas demandas (MERHY; CAMPOS; CECÍLIO, 1994).

Matumoto (1998), apresenta o acesso aos serviços como uma primeira etapa a ser vencida pelo usuário quando parte em busca da satisfação de uma necessidade de saúde. A partir das relações que se estabelecem no atendimento entre o profissional e o usuário, surge o acolhimento relacionado à utilização dos recursos disponíveis para a solução dos problemas dos usuários. Muitas são as barreiras geográficas vencidas pelo usuário até conseguir chegar a sua unidade de referência a qual deve lhe prestar assistência integral.

Adami (1993) apud Ramos e Lima (2003) ressalta os aspectos levantados pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) quanto à necessidade dos serviços serem oportunos, contínuos, atenderem à demanda real e serem capazes de assegurar o acesso a outros níveis hierárquicos do sistema. Diversos fatores são considerados obstáculos à utilização dos serviços, tais como: custo, localização geográfica, forma de organização e demora para obtenção do atendimento.

De acordo com Merhy, Campos e Cecílio (1994), o acolhimento consiste na humanização das relações entre trabalhadores de serviços de saúde com seus usuários. A relação humanizada depende do respeito, da consideração e da atenção dispensada ao usuário. O desempenho profissional é expresso pelo interesse demonstrado no exame físico, nas perguntas feitas, em orientações dadas e na resolutividade das condutas adotadas.

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A assistência à saúde necessita postular em sua prática um caráter aberto e devidamente voltado ao cuidado com categoria reconstrutiva, enfatizando a percepção do outro, a avaliação do cuidado e o suporte emocional por parte do profissional. Neste contexto, a equipe de saúde tem um papel preponderante na busca de promover o bem estar do ser humano, considerando sua liberdade, unicidade e dignidade, atuando na promoção da saúde, prevenção de enfermidades, no transcurso de doenças e agravos, nas incapacidades e no processo de morrer (MARTINS, 1996).

O encontro com o usuário se dá num espaço do cotidiano no qual se produz uma relação de escuta e responsabilização, a partir do que se constituem vínculos afetivos e compromissos que norteiam as intervenções. Esse espaço permite que o trabalhador use de sua principal tecnologia, o saber, tratando o usuário como sujeito portador e criador de direitos. O objetivo da intervenção seria o controle do sofrimento ou a produção de saúde (MERHY, 1997 apud FRANCO; BUENO; MERHY, 1999).

De acordo com estes autores, o acolhimento evidencia as dinâmicas e os critérios de acessibilidade a que os usuários estão submetidos. Pode ser utilizado como um dispositivo interrogador das práticas cotidianas, permitindo captar ruídos nas relações que se estabelecem entre usuários e trabalhadores com o fim de alterá-las, para que se estabeleça um processo de trabalho centrado no interesse do usuário. Assim, o acolhimento constitui-se em tecnologia para a reorganização dos serviços, com vistas à garantia de acesso universal, resolutividade e humanização do atendimento (FRANCO; BUENO; MERHY, 1999).

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A conceituação do acolhimento passa, necessariamente, por uma reflexão sobre o processo de trabalho em saúde. Os serviços de saúde têm como marca a necessidade de reconhecer o usuário como sujeito e participante ativo na produção da saúde. Nessa relação, a equipe multidisciplinar muda o seu objeto de trabalho (da doença para o doente) e faz surgir à necessidade de novas tecnologias em saúde, dentre elas o acolhimento.

De acordo com Malta (2001), o acolhimento é uma estratégia de mudança no processo de trabalho em saúde, buscando alterar as relações entre trabalhadores e usuários e trabalhadores entre si, humanizar a atenção, estabelecer vinculo/responsabilização das equipes com os usuários, aumentar a capacidade de escuta às demandas apresentadas, resgatar o conhecimento técnico da equipe de saúde, ampliando a sua intervenção.

Segundo Fracolli e Bertolozzi (2003) o acolhimento é um instrumento de trabalho que incorpora as relações humanas, este deve ser apropriado por todos os trabalhadores de saúde em todos os setores do atendimento. Assim, não se limita ao ato de receber, mas a uma seqüência de atos e modos que compõem o processo de trabalho em saúde. Dessa forma, acolher não significa a resolução completa dos problemas referidos pelo usuário, mas a atenção dispensada na relação, envolvendo a escuta, a valorização de suas queixas, a identificação de necessidades, sejam estas do âmbito individual ou coletivo, e sua transformação em objeto das ações de saúde.

As equipes de saúde freqüentemente deparam-se com questões como quem acolhe? Qual é o horário do acolhimento? Em qual lugar? Tais perguntas mostram, muitas vezes, a dificuldade de apreensão, por parte dos trabalhadores, do que vem a ser o acolhimento.

O mesmo não pressupõe hora, local ou profissional específico para fazê-lo, devendo a postura acolhedora fazer parte das habilidades dos membros das equipes em sua relação com a população, em todos os momentos. Apesar disso, no dia-a-dia das unidades de saúde, as equipes devem se preparar para utilizar a sua infra-estrutura de forma criativa, garantindo os pressupostos do acolhimento adequado às realidades locais (FRACOLLI; BERTOLOZZI, 2003).

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para a função do acolhimento deve reconhecer e ampliar o entendimento das relações profissionais/usuários e profissional/profissional.

É desejável que o sentido de acolher ultrapasse as fronteiras da relação equipe/usuários e comece a permear as relações dentro da própria equipe, criando ambientes acolhedores em reuniões e no dia-a-dia do trabalho, estimulando seus membros a relatarem dificuldades que podem ser trabalhadas dentro da equipe ou não. Enfim, que a proposta de acolhimento não seja descendente: instituição-equipe-usuário, e sim que esteja presente nas várias relações oriundas do trabalho em saúde.

À medida que nos aproximamos dos momentos de relações dos usuários com os serviços de saúde e com os seus trabalhadores, surpreendendo com a descoberta de que, sempre que houver um processo satisfatório de uma relação de um usuário com um trabalhador, haverá uma dimensão individual do trabalho em saúde, realizado por qualquer trabalhador, que comporta um conjunto de ações prestadas a esses usuários.

3.4 Contextualizando a integralidade

A Saúde Coletiva emergiu no Brasil, nos anos 70, influenciada pela medicina preventiva e pela medicina integral. E a fragmentação da medicina passou a ser atribuída à racionalidade médica e não mais ao comportamento. Com o tempo, a saúde coletiva se afastou das questões relativas à prática médica propriamente dita e, conseqüentemente, diminuiu a importância da noção de integralidade como uma atitude médica desejável (CAMPOS, 2004).

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setor público de serviços. Em seguida, foi pensada como um problema de gerência dos serviços. De qualquer modo, a integralidade em saúde esteve sempre explicitada como intenção e necessidade da ação pública, isto é, as intervenções que consolidariam o SUS. E, neste plano, a ação pode ser pensada em duas esferas, a ação norteadora de projetos técnico-sociais e a ação que se realiza nos serviços de saúde, produzindo diretamente cuidados, desenhando as organizações compatíveis com o modelo assistencial de saúde antevisto como projeto técnico e, ao mesmo tempo, social (SCHRAIBER, 1999).

Segundo Brasil (2003) a integralidade representa, hoje, o maior desafio nas práticas em saúde, não como questão institucional ou política, já que integrar na esfera que contém a política pública e a esfera da ação pública, aquela que ocorre a prestação dos serviços, sendo o público um setor de produção social, não é exatamente algo novo, mas como desafio cultural, para romper com formas de se entenderem e realizarem ações técnicas e que conformam padrões de intervenção médica ou em saúde já tornados tradição.

Segundo Brasil (2003), a integralidade no contexto do SUS pode ser vista como uma imagem objetivo, uma noção amálgama, com vários sentidos. As diretrizes do SUS foram constituídas desde um lugar de oposição, a partir de uma crítica radical à práticas, instituições e organização do sistema de saúde.

Integralidade como crítica a atitude médica fragmentária, a um sistema que privilegia a especialização e segmentação, a atitude médica reducionista, a formação de base flexneriana isso recusa em reduzir o paciente ao aparelho ou sistema biológico que supostamente produz o sofrimento e, portanto a queixa do paciente, a integralidade é tomada a partir do referencial da Medicina Integral. Integralidade como crítica a práticas dos profissionais de saúde, como uma dimensão das práticas, busca-se compreender o conjunto das necessidades de ações e serviços de saúde que um paciente apresenta para além da atenção individual curativa, incorporação de ações de promoção e prevenção na atenção à saúde e articulação com ações curativas e reabilitadoras, a integralidade tomada a partir do referencial da Medicina Preventiva (BRASIL, 2003).

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populacional, de ampliação da eficiência, essa é a integralidade tomada como oferta programa de atenção à saúde.

Já a integralidade como acesso às técnicas de diagnóstico e tratamento necessárias a cada caso é a articulação a partir da atenção básica aos meios de diagnóstico e atenção especializada quando necessário, de ampliação de acesso ao sistema de saúde e de resolutividade da atenção, isto é a integralidade tomada como ingresso a diversos níveis de atenção.

Integralidade, no contexto da luta do movimento sanitário, parece ser: uma noção amálgama, prenhe de sentidos. Talvez não se deva buscar definir de uma vez por todas a integralidade, posto que desse modo pode-se abortar alguns dos sentidos do termo e, com eles, silenciar algumas das indignações de atores sociais que lutam por uma sociedade mais justa (PINHEIRO; MATTOS, 2001).

De acordo com o texto, cabe às esfera federal, estadual e municipal a tarefa de garantir a saúde para todos, através de políticas sociais e econômicas voltadas tanto para a redução do risco de doença e de outros agravos, quanto ao acesso universal e igualitário a ações de serviços para promoção, proteção e recuperação do indivíduo. É nessa segunda perspectiva que a constituição reconhece a relevância pública das ações e serviços de saúde, e delineia um SUS, integrado nas ações e serviços de saúde, mas do qual também podem participar, em caráter complementar, instituições filantrópicas e privadas (PINHEIRO; MATTOS, 2001).

Os serviços de saúde devem funcionar atendendo ao indivíduo como um ser humano integral submetido às mais diferentes situações de vida e trabalho, que o levam a adoecer e morrer. O indivíduo não deve ser visto como um amontoado de partes (coração, fígado, pulmão, etc.) e solto no mundo (BRASIL, 1997).

Imagem

Figura 1  – Distribuição de profissionais da ESF, de acordo com à percepção sobre o  acolhimento para com a pessoa idosa no município de Sousa, PB, 2009
Figura  2  –  Distribuição  das  Ações  desenvolvidas  por  profissionais  da  ESF,  de  acordo com o atendimento a pessoa idosa, Sousa, PB, 2009
Figura  3 –Distribuição  das  categorias  geradas  dos  Profissionais  que  realizam  Acolhimento ao idoso na ESF, de acordo com as facilidades, Sousa, PB, 2009
Figura 4 –Distribuição dos Profissionais que realizam acolhimento ao idoso na ESF, de  acordo com as dificuldades, Sousa, PB, 2009

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